segunda-feira, 27 de julho de 2015

MISSA DO VAQUEIRO( SERRITA PERNAMBUCO )

Serrita é um município brasileiro localizado no sertão do estado de Pernambuco.

História[editar | editar código-fonte]

Serrita surgiu da ocupação das margens do Riacho Traíras por retirantes das secas da região do Cariri (Ceará), durante o século XIX. O povoado teve início a partir da ocupação de Miguel Torquato de Bulhões, à margem do referido riacho, onde ergueu uma capelinha, na qual o vigário de Salgueiro vinha celebrar amissa.
Em 1892 foi criado o distrito, pelo Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio, denominado de Serrinha devido à pequena serra localizada nas proximidades. O distrito pertencia ao município de Salgueiro.
Em 11 de setembro de 1928 Serrinha foi elevada à categoria de município. Cinco anos depois, o município foi extinto e retornou à categoria de distrito de Salgueiro. Em 27 de junho de 1934 retorna à condição de município. Em 31 de dezembro de 1943 passa a chamar-se Serrita.
O Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio deixou o seu legado político ao filho Francisco Filgueira Sampaio conhecido como Coronel Chico Romão que governou Serrita por mais de 50 anos.

Geografia[editar | editar código-fonte]

Localiza-se à latitude 07º56'00" sul e à longitude 39º17'45" oeste, estando à altitude de 419 metros. Sua população em 2010 era de 18.331 habitantes.
Possui área de 1.604 km².

Relevo[editar | editar código-fonte]

O município localiza-se na unidade geoambiental da Depressão Sertaneja. Apresenta uma variação de plano e montanhoso. Esse relevo e clima variado faz com que a região seja caracterizada tanto por áreas de sequeiro com chuvas escassas e mal distribuídas, vegetação caatinga xerófita e rios temporários; como por áreas de altitude com temperatura amena e bons índices pluviométricos e floresta caducifólia.

Clima[editar | editar código-fonte]

Serrita tem um clima tropical Semi-Árido e a sua temperatura média anual é de 25 °C. A precipitação Pluviométrica do Município varia de 450 a 600 mm por ano, sendo os meses mais chuvosos de Dezembro a Março.

Fundador[editar | editar código-fonte]

O Coronel ROMÃO PEREIRA FILGUEIRA SAMPAIO, progênito de portugueses da família Sampaio fundou o município de Serrinha, posteriormente Serrita, no fim do século 19 mais precisamente em 1892 quando chegou ao povoado com seus familiares vindos de Jardim/Ceará, tornou-se o chefe político do povoado. Foi prefeito de Jardim no Ceará e o primeiro prefeito eleito de Salgueiro. Já próximo de sua morte em 30 de abril de 1918 passou o comando político para um dos seus filhos, Francisco Filgueira Sampaio conhecido como Coronel Chico Romão, que já executava estas funções em Serrinha. Governou o município de Serrinha, posteriormente Serrita por mais de 50 anos.
A família Sampaio embora tenha muitas ramificações, sua origem é uma só, Vila Flor, região de Portugal e de lá se espalhou, inclusive para o Brasil em duas regiões, Nordeste e Sudeste.
A Origem dos Sampaio de Barbalha veio do português JOSÉ QUEZADO FILGUEIRA LIMA, PAI DOS CAPITÃES-MOR JOSÉ PEREIRA FILGUEIRA e ROMÃO PEREIRA FILGUEIRA e cujos descendentes se uniram mais tarde A FAMÍLIA SAMPAIO.
PAIS do Coronel Romão Pereira Filgueira Sampaio: JOAQUIM MANOEL SAMPAIO E FRANCISCA QUEZADO MARTINS FILGUEIRA. O coronel teve 25 filhos com 4 mulheres.* Consulte Fichário

Bandeira[editar | editar código-fonte]

Foi criada na gestão do Prefeito Hildeberto Sampaio Angelim – 1968/1971 A COR BRANCA representa a PAZ AZUL representa a céu do sertão com o Sol sempre brilhante e quente. O MANDACARU representa a resistência do homem sertanejo à seca A COR MARRON representa a terra.
Confecção: A primeira bandeira foi confeccionada em tecido de cetim e pintada à mão por Ângela Dalle.

Hino de Serrita[editar | editar código-fonte]

LETRA: RÔMULO SAMPAIO DE ARAUJO MARCOS FREIRE MACHADO.
Das algemas do sol rara luz; Desce a terra num canto de amor; E no seio do Brígida conduz; Sua semente é nascida uma flor.
Onde o vale repousa no oeste; Vê-se a serra serena a embalar; No seu braço, serrita que cresce, Com esplendor, uma jóia a brilhar.
REFRÃO: Bênçãos, descem em ti Serrita; Da senhora imaculada conceição; Doce terra que em seu povo o amor habita; No mais terno e hospitaleiro coração.
Bênçãos descem em ti, Serrita, E a teu filho, uma doce oração, Nobre herói de batalhas e conquistas; Teu fundador, o Coronel Romão.
Sob o solo a riqueza desponta; Num estojo dourado, tuas minas... E no alto da serra se encontra; O Cruzeiro a proteção divina.

Economia[editar | editar código-fonte]

Serrita tem um grande poder na agricultura extensiva. Os principais produtos agrícolas são: tomatecebolaalgodão herbáceo, milhobananafeijão e manga. Na agropecuária, destaca-sa na bovinocultura,caprinocultura e ovinocultura.

Esporte[editar | editar código-fonte]

Os seritenses possuem na cidade um time que vem crescendo a cada dia, o Serrita Esporte Clube. O time vai está presente nas disputas da Copa TV Grande Rio de Futsal.

Cultura[editar | editar código-fonte]

Em Serrita é celebrada anualmente desde 1971 a Missa do Vaqueiro, no quarto domingo do mês de julho, no Parque Nacional do Vaqueiro, na localidade de Sítio das Lajes, a 32 quilômetros do centro da cidade. Esta missa, celebração religiosa e festa popular, atrai vaqueiros de todo o Norte e Nordeste. A missa inicialmente era um protesto pelo assassinato impune de um humilde vaqueiro chamado Raimundo Jacó, que era primo de Luiz Gonzaga, ocorrido naquele sítio em 8 de julho de 1954. Foi idealizada pelo Padre João Câncio dos Santos (falecido), pelo compositor Luiz Gonzaga e pelo repentista Pedro Bandeira. Em 1976 foi criada a trilha do sonora da missa do vaqueiro, com as rezas de sol composta por Jandhuy Filizola com arranjos do Quinteto Violado.
Na semana anterior à missa, ocorre a feira e a festa do vaqueiro, com diversas manifestações como a vaquejada, banda de pífanoszabumbeirossanfoneiros tocando forró pé-de-serrabaiãoxotexaxado,cirandacoco, cantorias, repentistasaboiadores. Na feira são vendidos objetos artesanais e decorativos, comidas tradicionais à base de milho e mandioca, rapadura, caldo de cana, beijus, entre outras.
Para a missa, foi construído um altar de pedra em forma de ferradura. Durante o ofertório, as oferendas são objetos do cotidiano do vaqueiro: peças de sua indumentária de couro, arreios, e instrumentos usados no pastoreio do gado. Durante o ofertório eles improvisam versos de aboio sobre cada peça ofertada. A missa é uma homenagem aos vaqueiros e sua bravura diante das vicissitudes do sertão.
Durante todo o ano, em finais de semana, acontece na zona rural do município, Pegas de Boi no Mato, outra manifestação da cultura popular de Serrita.
No mês de dezembro é festejada a comemoração do dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do município. Ocorre entre os dias 29 de novembro até 8 de dezembro.

Turismo[editar | editar código-fonte]

  • Serrote do Cruzeiro que deu origem ao nome do município Serrinha e posteriormente Serrita
  • Estátua do Padre Cícero
  • Memorial Frei Damião
  • Vila de Ipueira, onde houve combate com o cangaceiro Lampião
  • Sítio Lajes, onde ocorre a Missa do Vaqueiro
  • Chalé Villa Maria - residência do Coronel Chico Romão, foi construída em homenagem a sua esposa Maria Maia Arraes Sampaio - Dona Maroca. É o prédio mais antigo da cidade,datado da década de 20 (propriedade particular)
  • Igreja Nossa Senhora da Conceição construída em 1920 pelo Coronel Chico Romão que era devoto da Santa, com a ajuda de toda comunidade. Curiosidade: o material da construção foi transportado pelas mãos do povo,principalmente nos finais de semana, era um verdadeiro mutirão. O prédio sofreu modificações na sua arquitetura e no seu interior, o altar de madeira foi substituído por uma mesa de mármore,a pia batismal foi retirada e substituída por outra. Essas alterações, infelizmente, foram feitas por padres que chegavam ao município para a evangelização do povo e muitas vezes não respeitavam os costumes e as tradições.
  • Centro Cultural do Vaqueiro
  • Romaria aos cruzeiros do Padre Ibiapina

Distritos[editar | editar código-fonte]

  • Ipueira
  • Mundo Novo
  • Ori
  • Santa Rosa

Referências

  1. ↑ Ir para:a b Divisão Territorial do Brasil Divisão Territorial do Brasil e Limites Territoriais Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1 de julho de 2008). Visitado em 11 de outubro de 2008.
  2. Ir para cima IBGE (10 out. 2002). Área territorial oficial Resolução da Presidência do IBGE de n° 5 (R.PR-5/02). Visitado em 5 dez. 2010.
  3. Ir para cima Estimativa Populacional 2014 Estimativa Populacional 2014 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (agosto de 2014). Visitado em 29 de agosto de 2014.
  4. Ir para cima Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil Atlas do Desenvolvimento Humano Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (2010). Visitado em 01 de outubro de 2013.
  5. ↑ Ir para:a b Produto Interno Bruto dos Municípios 2012 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Visitado em 11 dez. 2014.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Ícone de esboçoNão sabemos como se processou, nem como tudo começou, mas em meio à missa simples e tradicional de 1971, com todos os vaqueiros encourados presentes, foram realizadas as tomadas cinematográficas para um documentário. Intitulado “A Missa do Vaqueiro”, era um curta-metragem rodado em 16 m.m., colorido, com 25 minutos de duração e tinha a direção do baiano José Carlos Capinam e do carioca José Carlos Avellar.[14]
Repercussão no Sul do País
Em janeiro de 1972 vamos encontrar o padre João Câncio, os poetas e cantadores Pedro e João Bandeira, na casa de Luiz Gonzaga, na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro. Estavam na “Cidade Maravilhosa” para assistir a uma exibição do trabalho de Capinam e Avellar, mas concederam entrevistas para os periódicos locais “O Jornal” e “Jorna do Brasil”, onde o padre Câncio conseguiu chamar a atenção dos jornalistas cariocas tanto para o seu trabalho como para a incipiente e diferenciada celebração religiosa na zona rural de Serrita[15].
Os jornalistas se impressionaram com a simplicidade e a inteligência do padre Câncio. Afirmaram que ele poderia tanto comentar sobre problemas do sertão, como sobre a “crise de Bagladesh”[16].
Nos anos posteriores a Missa do Vaqueiro de Serrita se consolidou e foi notícia em inúmeros jornais do sul do país. Com a divulgação na mídia o evento cresceu em movimento e fluxo de pessoas, tornando-se uma dos mais importantes eventos do calendário turístico de Pernambuco.
Ao violão o poeta Bandeira, tendo ao seu lado o padre Câncio com seu chapéu de couro. Foto da edição de 12 de janeiro de 1972, do periódico carioca “O Jornal”
Se nos anos seguintes a celebração só cresceu, igualmente ocorreram criticas relativas a descaracterização da pequena e simples festa, da participação negativa das forças políticas regionais no evento.
Anos depois o padre Câncio decidiu deixar a batina, casou com Helena Câncio e veio a falecer no dia 10 de fevereiro de 1989. Não sei até quando o grande Luiz Gonzaga continuou a frequentar o evento. Mas indubitavelmente a Missa do Vaqueiro, mantendo ou não suas características iniciais, deve a estes dois homens, que tanto amavam o sertão, o seu sucesso.
Em 2012, o evento chegou a sua 42ª edição, homenageando o centenário do Rei do Baião, Luiz Gonzaga.

[1] Sobre dados estatísticos de Serrita na década de 1950, ver “Enciclopédia dos Municípios Brasileiros”, 18º Volume, IBGE, 1958, págs. 279 a 281.
[2] Este costume de muitos vaqueiros aboiadores colocarem o dedo no ouvido ao começar a cantar provem da necessidade da transformação da voz do rapsodo, de “voz do peito” em “voz da cabeça”, e à necessidade de manter o equilíbrio em face da vertigem que a cantiga provoca. Verhttp://www.cronopios.com.br/site/colunistas.asp?id=892
[3] Ver “O Jornal”, Rio de Janeiro, edição de quarta feira, 19 de janeiro de 1972, págs. 4 e 5. Pedro e João Bandeira de Caldas, salvo engano, são netos do afamado violeiro Manuel Galdino Bandeira e são naturais do Sítio Riacho da Bela Vista, município de São José de Piranhas, sertão da Paraíba, mas a vida artística destes respeitados violeiros se desenvolveu na cidade do Crato, Ceará.
[4] Ver o “Diário de Pernambuco”, edição de domingo, 20 de julho de 1975, págs. 12 e 13 e a edição de terça feira, 27 de agosto de 1996, págs. 10 e 11, existentes na hemeroteca do Arquivo Público do Estado de Pernambuco. O “Jornal do Commércio”, de Recife, na sua edição de quarta feira, 16 de julho de 1976, pág. 10, aponta que o corpo de Jacó foi encontrado um dia após o seu assassinato.
[5] A cidade de Exu se encontra a cerca de 70 quilômetros de Serrita. O conflito entre as famílias Alencar e Sampaio marcou profundamente a região do Sertão do Araripe, principalmente na década de 1970. Esta briga entre famílias tradicionais só acabou quando o próprio Governo Federal chegou a intervir na cidade, em parceria com outras instituições de Pernambuco, inclusive a igreja católica.
[6] “Diário de Pernambuco”, edição de terça feira, 20 de julho de 1976, página 9. Ver a reportagem sobre a Missa do Vaqueiro.
[7] Na edição de domingo, 27 de agosto de 1996, do “Diário de Pernambuco”, de Recife, trás a informação que José Miguel Lopes, ainda vivo a época da reportagem, jamais participou da celebração famosa, vivendo  praticamente recluso no distrito de Rancharia.
[8] Segundo site http://www.onordeste.com, Nelson Barbalho nasceu no dia 2 de junho de 1918, na cidade de Caruaru, Pernambuco. Não chegou a concluir o curso secundário no Colégio Americano Batista do Recife, regressando à terra natal para trabalhar. Aposentou-se como fiscal do IAPAS, função que lhe permitiu conhecer quase todas as cidades do interior pernambucano, recolhendo, assim, farto material para seus livros. Jornalista, historiador, pesquisador, lexicógrafo, compositor musical (parceiro em diversas músicas com Luís Gonzaga – o Rei do Baião), Nelson Barbalho sempre foi um escritor, autor de quase uma centena de livros, entre os quais destacamos Cronologia pernambucana (com vinte volumes publicados dos quase cinquenta que compõem a obra), perto de vinte livros sobre Caruaru (Meu povinho de Caruaru, Major Sinval, Caruaru do meu tempo, etc.) e outros trabalhos folclóricos como Dicionário da Cachaça, Dicionário do Açúcar, sem contar vários ensaios publicados em jornais e revistas especializadas, na qualidade de estudioso da história e costumes do povo do Nordeste. Faleceu na cidade do Recife, no dia 22 de outubro de 1993.
[10] Certas espécies de búzios marinhos possuem a capacidade de produzir sons fortes, que serviam para comunicação a distância e foram utilizados para esta prática em várias partes do mundo, por vários povos, através dos séculos. No sertão nordestino, de largas paragens, a utilização de búzios era uma forma de comunicação prática entre vaqueiros que tangiam gado no meio da caatinga. Vem daí o termo “buzar”, para tocar o instrumento.
[11] A foto comentada está na edição do periódico carioca “O Jornal”, de quarta feira, 19 de janeiro de 1972.
[12] Ver as páginas do periódico carioca “Jornal do Brasil”, edição de quinta feira, 1 de agosto de 1974, em reportagem realizada pela jornalista Leticia Lins, que seguiu para Serrita para realizar a cobertura da missa que acontecia pela terceira vez, onde temos informes do primeiro evento. Ainda sobre a primeira missa, ver o “Jorna do Commércio”, de recife, edição de terça feira , 18 de julho de 1978.
[13] Em entrevista concedida pelo padre João Câncio e Luiz Gonzaga, ao periódico carioca “O Jornal”, de 19 de janeiro de 1972, afirma que a missa teve a participação de “cinco mil vaqueiros”, número que considero exagerado.
[14] No site http://cinemateca.gov.br temos detalhes deste documentário, mas com o título “A Morte do Vaqueiro”. José Carlos Capinam Jose Carlos Capinam , poeta e compositor. É natural de Esplanada, Bahia, sendo considerado um dos grandes letristas de sua geração.  Poeta desde a adolescência mudou-se para Salvador aos 19 anos, onde iniciou o curso de Direito, na Universidade Federal da Bahia, onde conheceu os estudantes Gilberto Gil e Caetano Veloso, respectivamente dos cursos de Administração e Filosofia. Capinam participou ativamente do movimento tropicalista no fim da década de 60. Uma de suas músicas famosas é uma homenagem ao guerrilheiro Ernesto “Che” Guevara,” Soy loco por ti, América”, com parceria de Gilberto Gil. Também é compositor da música “Papel Marche”, junto com João Bosco, Em 2000, compôs a ópera Rei Brasil 500 Anos, ao lado de Fernando Cerqueira e Paulo Dourado, uma crítica as comemorações dos 500 anos de Descobrimento do Brasil. Capinam além de letrista, poeta, escritor, é publicitário, jornalista e médico!  Ver http://www.salvadorcomh.com.br. Já o carioca  José Carlos Avellar é Jornalista de formação, trabalhou por mais de vinte anos como crítico de cinema do Jornal do Brasil. Atualmente é integrante do conselho editorial da revista Cinemais e da publicação virtual El ojo que piensa, da Universidade de Guadalajara (México). É consultor dos festivais internacionais de cinema de Berlim (desde 1980), de San Sebastián (desde 1993) e de Montreal (desde 1995). Desde 2006 é também curador (com Sérgio Sanz) do Festival de Gramado e já publicou vários livros de ensaios sobre cinema. Ver http://bancocultural.com.br/cinema/?p=71.
[15] Descobri que o documentário “Missa do Vaqueiro” foi premiado na Jornada Nordestina de Curta-metragem, sendo exibido no MAM – Museu de Arte Moderna, no Rio de Janeiro, no inicio de outubro de 1973. Ver o “Diário de Notícias”, Rio de Janeiro, edição de domingo, pág. 16, 30 de setembro de 1973.
[16] Bangladesh, antigo Paquistão Oriental, é um país asiático, superpopuloso, que fica entre a Índia e o Golfo de Bengala. Independente do Paquistão em 1971 enfrentou uma sangrenta guerra pela sua liberdade e que durou nove meses, encerrando no dia 16 de dezembro de 1971. Bangladesh contou com o apoio da Índia, que se envolveu no conflito contra o Paquistão. Este conflito, devido ao alto número de mortos civis, as terríveis imagens de pessoas famintas em meio aos combates, chamou a atenção dos países ocidentais.
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comunicação, eletrônico ou impresso, desde que citada a fonte e o autor.ERRITA fazia parte do antigo município de salgueiro do qual se destacou em 1928, constituindo-se e primeira chegada por vários familiares cearenses, vindo do vale do Cariri, os quais vinham se localizando nestas zonas e aqui formando núcleo de populações rurais.

SERRITA originou-se do nome de SERRINHA, em virtude de uma pequena Serra ou Serrote do Cruzeiro, distante um (01) Km. da sede.

Serrinha hoje é Serrita em virtude dos dispositivos contidos no Decreto Lei n° 952, de 31 de dezembro de 1934, que estabeleceu a divisão territorial judiciária administrativa do estado, vigorando no qüinqüênio 1944-49, no qual a Comarca de Serrita, com termo único, de igual número desmembrando da Comarca de Salgueiro.

Não existia Tribos Indígenas no município, ignorando-se qualquer habitante que estivera nesta região antes do devastamento.

Com as famílias cearenses, negros vieram tomando parte do devastamento do município, sem elemento de valor no devastamento da terra.

Os negros que constituíram elementos de real valor no devastamento da terra, provinham do Vale do Cariri no Estado do Ceará, isto se deu no Século XVIII, não é possível mencionar e data certa. Sabe-se que o primeiro habitante da sede foi MIGUEL TORQUATO DE BULHÕES, cearense que aqui construiu a primeira casa.

Os primeiros edificadores construíram uma Capelinha Católica à Nossa Senhora da Conceição. onde veio o Padre de Salgueiro, vez por outra aparecia em desabrigo.

A cidade de Serrita foi fundada em 1898, pelo Cel. Romão Pereira Fìlgueira Sampaio, cidadão que se instalara com as graças do Governo Estadual do seu tempo.

Serrita foi elevada a município no dia 11 de setembro de 1928 pela Lei n° 1931, sendo extinta. A mesma foi restaurada em 01 de julho de 1934 por Decreto Lei n° 314 de 27 de junho de 1934.

Na data de sua emancipação Política, era Governador do Estado Dr. Estácio de Albuquerque Coimbra.

O território atual do município pertencia a diversos município como: Salgueiro, Parnamirim, Bodocó e Exu, dos quais foram desmembrados para constituir-se autônomo daí então seguir seu destino.


A Legislação que criou os Distrito tem data do ano de 1928, ou seja, os seguintes distritos: SEDE, IPUEIRA e ORÍ.

A freqüência foi criada em 1920. sob a Invocação de Padroeira Nossa Senhora da Conceição, sendo seu Primeiro Vigário o Padre Dr. Alfredo Guido Del Piazzo.

Informações sobre o Município:

Monumentos Históricos

Estátua do Vaqueiro Raimundo Jacó no Sitio Lajes, Sede (Missa do Vaqueiro = Vaquejada)

Monumento ao Padre Cícero Romão Batista, na Sede (Memorial Padre Cícero).

Igreja Matriz de Nossa Senhora da Conceição.

Em relação a sede do município fica às margens do Sitio Traíras.
SERTÃO: Central; REGIÃO: Nordeste; PAÍS:Brasil; MUNDO: Novo Continente(América do Sul); ZONA: Tórrida

Área: 1664 Km²
População(IBGE 2010): 18.238 Habitantes
Distância da Capital: 544 km
Altitude: 425m
Limites de cidades vizinhas: Limita-se ao norte com Jardim - CE, ao sul com Parnamirim - PE, ao leste com Salgueiro e Cedro - PE e ao oeste com Granito e Moreilândia - PE.


Agricultura: Cana-de-açúcar, algodão, mamona, Coentro, milho, feijão, arroz, plantes frutíferas como: bananeiras, laranjeiras, coqueiros e outros.

Riachos Periódicos: Traíras, Brígida - servindo de limites entre Serrita e Granito, Barra da Forquilha - servindo de limite entre Serrita e Moreilândia.

Açudes Públicos: Lagoinha, Luciana e Baixio do Chico, Caracol, Recanto, Açude do Padre (Umari)

Açudes Particulares: Branquinho, Ipueira e Tubibas.

Principais Fazendas: Branquinho, Varzinha, Algodões, Cacimbinha, Cacimba Nova, Sabonete, Tamanduá, Barra Verde, Negreiros, Tubibas, etc.

Colégio: Escola de 1° e 2º Graus Francisco Filgueira Sampaio. Dr. Miguel Arraes (Povoado do Caruá).

Escolas da Sede: Escola de 1° Grau Francisco Filgueira Sampaio, Escola Francisca Seilde, Dinâmica, Desembargador João Paes , Escola Menino Jesus.

CAE: Centro de Atividades Econômica.

Indústrias: Cerâmica para confecção de blocos.

Igreja: Matriz N. Srª. de Conceição, Betel Brasileira, Assembleia de Deus, Batista e Episcopal Carismática.

Praças: Cel. Chico Romão, João Batista Canêjo, Praça da Matriz, Praça Getúlio Vargas.

Hotéis e Pousadas: Hotel Serrita, Hotel Brasil, Pousada Sertaneja e Pousada Brilho do Sol.
Saúde: Hospital Geral Imaculada Conceição, PSFs na zona rural, contando com mais ou menos 20 médicos e enfermeiras.

Atividades Comerciais: Bares, Farmácias, Hotéis, Padarias. Postos de Gasolinas, Restaurantes e Lanchonetes, Mercearias, lojas, Granjas, Fábricas de Roupas em geral.

Bancos: O Banco do Brasil SA foi fundado em Serrita no ano de 1982. Hoje conta com essa atual agência. Agencia Bradesco:A agencia do Bradesco foi Inaugurada
em 2011.


Hino de Serrita
 LETRA: RÔMULO SAMPAIO DE ARAUJO / MARCOS FREIRE MACHADO.

Das algemas do sol rara luz
Desce a terra num canto de amor
E no seio do Brígida conduz
Sua semente é nascida uma flor.

Onde o vale repousa no oeste
Vê-se a serra serena a embalar
No seu berço Serrita que cresce,
Com esplendor, uma jóia a brilhar.

REFRÃO:
Bênçãos descem em ti Serrita.
Da senhora imaculada Conceição
Doce terra que em seu povo o amor habita
No mais terno e hospitaleiro coração.

Bênçãos descem em ti, Serrita,
E a teu filho, uma doce oração,
Nobre herói de batalhas e conquistas
Teu fundador, o Coronel Romão.

Sob o solo a riqueza desponta
Num estojo dourado, tuas minas...
E no alto da serra se encontra
O Cruzeiro a proteção divina.
REFRÃO:
Bênçãos descem em ti Serrita...A música “A Morte do Vaqueiro” foi (e ainda é) um hino de louvor de todos os vaqueiros nordestinos. Mas Luiz Gonzaga queria mais. Por isso, junto ao Padre João Câncio dos Santos, realizou a primeira Missa do Vaqueiro, no ano de 1971. O local escolhido para a celebração foi o Sítio Lages, onde o corpo de Raimundo Jacó havia sido encontrado. A data era 18 de julho. Desde então, anualmente, no terceiro domingo de julho, vaqueiros de todo o Nordeste se encontram em romaria para renovar sua fé.

Dois anos após a primeira missa, em 1973, Luiz Gonzaga e o Padre João Câncio construíram a estátua de Raimundo Jacó exatamente no local onde o vaqueiro foi morto. E assim, durante muitos anos, o momento era composto apenas pela missa religiosa, celebrada em frente ao monumento. As músicas entoadas na liturgia são todas de autoria do “Doutor do Baião”, Janduhy Finizola, como Gonzaga o chamava.

Mas já um ano depois, em 1974, a dupla inaugurou o Parque Nacional do Vaqueiro, hoje de propriedade da Empresa de Turismo de Pernambuco (Empetur). A partir de então, a cerimônia religiosa passou a ser um dos principais eventos do calendário turístico de Pernambuco e a principal atividade econômica de Serrita. 

A celebração se assemelha aos rituais católicos, mas com alguns toques especiais que caracterizam o espetáculo: no lugar da hóstia, os vaqueiros comungam com farinha de mandioca, rapadura e queijo, todos montados a cavalo. Mais de 1,5 mil vaqueiros participam da liturgia. Sobre a quantidade de visitantes, o número ultrapassa 60 mil pessoas.

Desde 2001, o evento é organizado pela Fundação Padre João Câncio, em parceria com o município de Serrita e o Governo do Estado, através da Empetur. Neste ano, quando foi realizada a 42ª Missa do Vaqueiro em homenagem ao centenário de Luiz Gonzaga, o orçamento da Empetur destinado à organizadora da festa foi de R$ 650 mil. “É um investimento pequeno em relação aos outros eventos. Só para comparar, o Governo do Estado investiu R$ 15 milhões este ano no FIG (Festival de Inverno de Garanhuns). Então, falta mais apoio, tendo em vista que a Missa do Vaqueiro carrega uma história belíssima que é de todo o Nordeste”, criticou a presidente da Fundação, Helena Câncio.

De acordo com ela, a Fundação se mantém através de parcerias. Em 2008, ganhou o prêmio Rodrigo de Melo, premiação concedida pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aos melhores projetos de preservação do patrimônio. “Trabalhamos o ano inteiro com o município (Serrita) para manter a classe unida, através de programas sociais e de confecção de peças de artesanato e de roupas, criadas com o couro de bovinos, caprinos e ovinos”, explica Helena, que é viúva do Padre João Câncio. 


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* Riqueza da Missa do Vaqueiro não é para todos
Este artigo sobre municípios do estado de Pernambuco é um esboço. Você pode ajudar a Wikipédia expandindo-o.AUTOR – ROSTAND MEDEIROS
A missa do vaqueiro, realizada no município de Serrita, a 536 km do Recife, surgiu em 1971, como uma homenagem ao vaqueiro Raimundo Jacó, sendo considerada atualmente uma das maiores e mais importantes festas do sertão nordestino.
Esse evento atrai anualmente cerca de 50 mil visitantes e é promovido pela Fundação João Câncio, em parceria com a Prefeitura Municipal de Serrita e a Associação de Vaqueiros de Pega de Boi na Caatinga do Alto Sertão de Pernambuco (Apega).
Vamos conhecer um pouco de sua história.
A Morte de Raimundo Jacó
Em 1954 o município pernambucano de Serrita, no Sertão do Araripe, próximo a cidade de Salgueiro, era bem maior em termos de área territorial e possuía uma população estimada em quase 23.000 habitantes. Mas em um Nordeste ainda prioritariamente agrário, na sede municipal daqueles tempos não viviam nem sequer 700 pessoas[1].
Vaqueiro do Nordeste, 1941, Percy Lau – Fonte –http://www.desenhandoobrasil.com.br
meio à caatinga fechada daquela região, à vegetação cortante e espinhenta que caracteriza este ecossistema, o vaqueiro encourado Raimundo Jacó se destacava na sua lide.
Conhecido pela sua dedicação ao trabalho era muito estimado pela população local. Ficou afamado pela coragem ao capturar, ou “pegar”, o boi no meio dos matos. Ele também era conhecido por saber no meio da caatinga fechada, onde descansava e bebia cada um dos animais que ele tomava conta.
De tão destemido, o vaqueiro tinha o apelido de “Raimundo Doido”. Era casado com Odília de Jesus e tinha como filhos Francisca e Vicente. Em Rancharia, atualmente distrito do município de Granito, era admirado pelo seu aboio afinado, daqueles vibrantes, cantado “com o dedo no ouvido” [2].
Sobre o vaqueiro Raimundo Jacó, os irmãos cantadores Pedro e João Bandeira de Caldas assim cantaram a sua fama;
“Não respeitava favela
Serra, facheiro, cipó
Sua calça era a perneira
Seu gibão o paletó
Fosse a cavalo ou a pé
Era uma coisa só” [3]
Raimundo Jacó trabalhava como vaqueiro para o fazendeiro José de Sá Barreto, conhecido como Seu “São” e Dona Tereza Teles, a Dona “Tetê”. Consta que ele cuidava do gado do patrão e seu colega de profissão, José Miguel Lopes era o responsável pelo plantel da patroa.
No dia 8 de julho de 1954, ano seco, os dois vaqueiros saíram pelo sertão em busca de uma rês arisca, já famosa pelas suas astúcias animais e que havia fugido.
Mas no fim do dia apenas Miguel retornou a sede da fazenda.
Contou que não havia encontrado Raimundo Jacó e a notícia se espalhou. Logo várias pessoas rasgavam a caatinga na busca pelo afamado vaqueiro.
Dois dias após seu desaparecimento, o cadáver de Jacó foi encontrado junto a um pé de Imbaúba, em um lugar conhecido como sítio Lajes. A pouca distância do corpo estava amarrado o garrote fugitivo, o seu cavalo e, guardando dos urubus, estava o fiel cachorro.
No crânio do vaqueiro havia duas marcas de ferimentos e não muito distante do seu corpo, uma pedra com sangue. Todo o cenário apontava para um possível assassinato[4].
Consta que Raimundo Jacó foi sepultado no local onde fora assassinado. Afirma-se que o seu fiel cachorro acompanhou todo o trajeto do enterro e que depois ficou no local, até morrer de sede e de fome, guardando o túmulo do seu amo.
O Nascimento de Um Mito
Logo, para a opinião pública e para a justiça local, Miguel Lopes surgiu como o mais provável suspeito da morte de Raimundo Jacó. Afirmavam que Miguel invejava o colega de profissão por suas habilidades como vaqueiro e que entre ambos havia uma rixa muito forte.
Para muitos o assassinato teria acontecido quando Miguel chegou às margens do açude do sítio Lajes e se deparou com Raimundo Jacó fumando tranquilamente um cigarrinho. Junto estava o seu cavalo, seu cachorro e a rês fugitiva, já devidamente amarrada. A cena deixou Miguel bastante alterado. Logo o ódio, motivado pela inveja, aflorou e de posse de uma pedra ele bateu fortemente na cabeça de Jacó.
Foi aberto um processo crime contra Miguel Lopes, que afirmava ser inocente e houve controvérsias e discursões em relação à morte de Jacó.
O Promotor Público da cidade, Clarisbalte Figueiredo Sampaio desistiu do processo contra Miguel Lopes. No calhamaço de papeis que compunha a peça processual havia declarações de cinco testemunhas, que nem mesmo assistiram o episódio da morte do vaqueiro.
Logo o processo foi arquivado por falta de provas e a morte de Raimundo Jacó até hoje não foi esclarecida.
Ocorre que desde 1949, os Alencar e os Sampaios, as duas mais poderosas famílias da cidade de Exu, mantinham uma luta fraticida entre seus membros. Estas famílias, como se diz na região oeste do Rio grande do Norte, “se acabavam na bala”. Miguel era então ligado a um dos clãs e para muitos na região, foi através desta ligação que ele não foi preso[5].
Vinte e dois anos depois da morte do vaqueiro, encontramos em um jornal pernambucano uma interessante e controversa declaração de Geraldo Teles, filho de Tereza Teles, a Dona “Tetê”, patroa de Raimundo Jacó e Miguel Lopes. Ele afirmou que a morte de Jacó poderia ter sido acidental, pois este “sofria do coração e bebia muito” e afirmava que Miguel, que ainda estava vivo na época da reportagem, seria “incapaz de fazer mal a alguém”. Geraldo Teles levantou a hipótese que Jacó poderia ter tido um colapso. Após o ataque, consequentemente o vaqueiro teria caído do cavalo, batido a cabeça na pedra e falecido sem assistência médica[6].
Mas se da justiça não teve castigo, de uma parte da população da região, o acusado da morte de Jacó só recebeu ódio e desprezo[7].
Em pouco tempo a notícia de sua trágica morte, a fidelidade do seu cão e do que ocorreu com seu suposto assassino, se espalhou em várias áreas do sertão.
Como ocorre em muitos locais do Nordeste, onde pessoas assassinadas em mortes trágicas eram enterradas, logo a cruz que marcava o túmulo de Raimundo Jacó passou a receber fitas, velas e pessoas, principalmente vaqueiros. Ao passarem pelo local, estes paravam, rezavam e pediam ao falecido que intercedesse por alguma causa.
Mas foi um primo legítimo do falecido, que empunhava uma sanfona e fazia sucesso no Rio de Janeiro, então a capital do país, que imortalizaria para sempre a figura de Raimundo Jacó em uma inesquecível canção.
A Morte do Vaqueiro na Voz de Luiz Gonzaga
Luiz Gonzaga do Nascimento nasceu na fazenda Caiçara, em 13 de dezembro, dia consagrado no catolicismo a Santa Luzia, no ano de 1912. Era filho de Januário José dos Santos e de Ana Batista de Jesus, mais conhecida como Santana. Além de agricultor, seu pai era um afamado tocador de acordeão e igualmente conhecido por concertar este tipo de instrumento musical.
Luiz Gonzaga no início da carreira – Fonte –http://blogln.ning.com
Foi com Januário que Luiz Gonzaga aprendeu a tocar ainda criança e passou a se apresentar acompanhando seu pai.
Em meio a muito talento, grande capacidade musical, inúmeras peripécias, aventuras e sorte, em 1963 nós vamos encontrar Luiz Gonzaga como um consagrado músico e cantor, com seu sucesso alcançando todo o Brasil e tendo se tornado um verdadeiro ícone da música nordestina.
Apesar de 1963 não ser um dos períodos mais felizes na carreira de Luiz Gonzaga, devido à concorrência com a Jovem Guarda e os rock vindos do exterior, naquele ano o músico pernambucano lançou pela empresa fonográfica RCA, o Long Play, ou “LP”, intitulado “Pisa no Pilão – Festa do Milho”.
Este disco de vinil tinha um acervo musical mais apropriada para ser tocado em festas juninas, pois possuía músicas intituladas “Festa do Milho”, “Festa de São João” e “Pisa no Pilão”.
Mas a quarta faixa do lado “A” do LP trazia uma toada diferente. Nomeada “A Morte do Vaqueiro”, é uma música marcante e de longe a mais importante deste disco de Luiz Gonzaga.
LP onde foi primeiramente divulgado a música “A morte do vaqueiro” – Fonte – discotecapublica.blogspot.com.br
Nas páginas 229 e 230 do livro “A vida do viajante: A saga de Luiz Gonzaga”, da francesa Dominique Dreyfrus, a música foi composta em uma única tarde na casa de Nelson Barbalho, amigo de Gonzaga[8].
O famoso cantador do Sertão do Araripe queria homenagear seu primo, o vaqueiro Raimundo Jacó. Ele narrou a Nelson como foi o episódio da morte do parente e em pouco tempo a “A Morte do Vaqueiro” ficou pronta.
A música se tornou um marcante sucesso da carreira de Luiz Gonzaga, imortalizando a morte de Jacó e se tornando um dos motores que impulsionaria um dos mais importantes eventos do sertão nordestino, a Missa do Vaqueiro de Serrita.
Mas toda missa precisa de um padre!
Um Padre Antes de Tudo Autêntico
Mesmo hoje em dia, em meio às modernidades televisivas e a velocidade da internet, que mostram toda uma plêiade de padres cantores, certamente chamaria a atenção de todos se fosse divulgado que um padre nascido no sertão de Pernambuco valorizasse tanto as tradições de sua terra, ao ponto de participar de corridas de vaquejada, utilizasse normalmente o gibão de couro e fosse conhecido como “Padre Vaqueiro”.
Padre João Câncio
Imagine isso então no final da década de 1960?
João Câncio dos Santos nasceu em Petrolina, Pernambuco, em 21 de outubro de 1936. Era filho de Francisco Avelino dos Santos e de Laudemira Carvalho Sales. Seguiu sua vocação sacerdotal logo cedo, tendo estudado no seminário do Crato, depois foi para Salvador e João Pessoa, onde se formou padre em 1965.
Sua primeira paróquia foi em Serrita, onde iniciava seu trabalho pastoral com a consciência de que a religião e a fé estão presentes em todas as pessoas. Segundo material produzido pela Fundação Padre João Câncio, o pároco não impôs a comunidade a sua oratória de seminário, mas buscou aproximar-se da comunidade, vivenciando e praticando seus hábitos, com o propósito de entendê-los melhor[9].
No livro “A vida do viajante: A saga de Luiz Gonzaga”, da francesa Dominique Dreyfrus, nas páginas 246 e 247, encontramos a informação que o padre Câncio estava à frente das paroquias de Serrita e Granito desde 1966. Em uma vaquejada realizada em Exu, no verão de 1970, ano de forte seca, conheceu Luiz Gonzaga e daí nasceu uma grande amizade.
O padre Câncio adorava a música “A Morte do Vaqueiro”, que escutava no toca fitas de sua Ford Rural, enquanto seguia para alguma obrigação sacerdotal no meio do sertão.
A autora francesa informa que em meio à seca de 1970, durante as celebrações que ocorriam nas frentes de emergência, que proporcionava aos trabalhadores rurais alguma renda (mínima) em meio à calamidade climática, alguém comentou que “existia missa para todo tipo de gente, mas não havia para vaqueiros”. Logo foi sugerido que uma missa dessas poderia ocorrer no local onde Raimundo Jacó foi assassinado.
1971-Primeiro ano da Missa do Vaqueiro de Serrita, Pernambuco
Como o padre Câncio era um vaqueiro, gostava da música e conhecia Luiz Gonzaga, estava pavimentado o caminho para a Missa do Vaqueiro de Serrita.
Entretanto, ao lermos o trabalho intitulado “Padres do interior II – Os padres da Paroquia de Nossa Senhora do Bom Concelho de Granito”, produzido pelo padre Francisco José P. Cavalcante, e publicado na internet em 2010, afirma que a ideia da famosa Missa do Vaqueiro de Serrita tem relação direta com a prática de celebrar a vida do vaqueiro, criada primeiramente na Diocese de Petrolina, no ano de 1941.
Segundo o padre Cavalcante, em dia 02 de agosto de 1941, com uma concentração na fazenda Lagoa Seca, realizou-se pela primeira vez o “Dia do Vaqueiro”, evento idealizado pelo padre Américo Soares.
Registros informam que os vaqueiros estavam com a indumentária de couro apropriada, dispostos em filas de quatro em quatro e assim entraram na cidade. Depois se dirigiram para a igreja matriz de Nossa Senhora Rainha dos Anjos. No primeiro templo religioso de Petrolina houve uma palestra preparando os vaqueiros para o sacramento da penitência. No dia seguinte, pela manhã, os vaqueiros participaram de missa, na Matriz, presidida por Dom Idílio José Soares. Após duas missas realizadas no mesmo dia, os vaqueiros se concentraram diante do Palácio Diocesano e em seguida partiram em passeata pela cidade.
No ano seguinte a festa se repetiu com cerca de 150 vaqueiros. A programação foi semelhante à apresentada acima, mas com a diferença que o pregador foi famoso e carismático frei Damião de Bozano.
Celebrações de vaqueiros pelo interior do Nordeste não eram incomuns nas décadas de 1940 e 1950. Aqui vemos um encontro de vaqueiros nas ruas de Icó, Ceará – Fonte –http://www.icoenoticia.com
No livro de tombo da Paróquia de Nossa Senhora Rainha dos Anjos, de Petrolina, há uma anotação informando que em 1946, continuava a ser celebrada a Festa do Vaqueiro. Em 21 de julho de 1951 o evento passou a ser presidido pelo padre José de Castro, Vigário Cooperador de Petrolina. Apesar das dificuldades padre José, conseguiu reunir uns 200 vaqueiros.
A ideia de celebrar a vida do Vaqueiro foi imitada em outras paróquias da Diocese, como foi o caso na cidade de Araripina, Pernambuco, onde nos eventos celebrados pelo padre Gonçalo Pereira Lima, os vaqueiros entravam na cidade tocando os seus búzios[10].
1971, A Primeira Missa
Os jornais pesquisados na hemeroteca do Arquivo Público do Estado de Pernambuco não são muito pródigos em relatos sobre a primeira Missa do Vaqueiro realizada em Serrita.
1971 – Luiz Gonzaga na primeira celebração
Ao folhear as velhas páginas, posso entender que o evento estava restrito a ser uma comemoração religiosa que ocorria em uma pequena cidade sertaneja, localizada a mais de 550 quilômetros da capital pernambucana.
Segundo o padre Câncio, a primeira missa contou com o apoio decisivo de Luiz Gonzaga, que patrocinou grande parte do evento. Vários vaqueiros (o número não é especificado) e cerca de “50 outras pessoas” atenderam ao chamamento do padre e do cantador e se fizeram presentes no sítio Lajes.
Os cavaleiros vieram a celebração montados em seus alazões, trajados a caráter e assistiram a missa montados. A comunhão foi celebrada não com hóstias tradicionais, mas com queijo de coalho e rapadura. A missa foi celebrada sobre um tablado de madeira e junto ao padre estavam os familiares de Raimundo Jacó.
Os poucos relatos que me forneceram sobre este primeiro evento mostram uma foto com o consagrado Luiz Gonzaga, de sanfona em punho, cantando o sermão da missa. A pesquisadora francesa Dominique Dreyfus informa em seu livro, página 248, que Gonzaga participou ativamente dos primeiros anos da Missa do vaqueiro de Serrita e apoiou financeiramente o evento até 1974.[11]
Os primeiros eventos foram caracterizados pela simplicidade
Não foi possível precisar a data, mas acredito ter sido no terceiro domingo de julho de 1971, 18 de julho, pois nos anos seguintes seria nesta data que normalmente o evento passaria a ocorrer.[12]
Mas percebemos através dos antigos periódicos que foi tudo muito simples, sem sofisticação, sem recursos eletrônicos, mas com muita fé e um positivo sentimento participativo de todos que ali estavam.[13]
Mas algo aconteceu.

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