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Forró |
Escultura em barro pintado de um sanfoneiro, um dos músicos que integram as bandas de forró.Caruaru, Pernambuco. |
Origens estilísticas | Polca, Contradança |
Contexto cultural | Início do século XIX, noSertão nordestino |
Instrumentos típicos | Sanfona, Triângulo,Zabumba |
Popularidade | Popular no Nordeste do Brasil, especialmente emSergipe, Pernambuco,Piauí, Paraíba e Ceará. |
Subgêneros |
xote, xaxado, baião, forró universitário, forró eletrônico |
Formas regionais |
Região Nordeste |
Forró, é um ritmo e dança típicos da
Região Nordeste do
Brasil, praticada nas
festas juninas e outros eventos. Diante da imprecisão do termo, é geralmente associado o nome como uma generalização de vários ritmos musicais do Nordeste, como
baião, a
quadrilha, o
xaxado, que têm influências holandesas e o
xote, que tem influência portuguesa. São tocados, tradicionalmente, por trios, compostos de um
sanfoneiro (tocador de acordeão, que no forró é tradicionalmente a
sanfona de oito baixos), um
zabumbeiro e um tocador de
triângulo. Também é chamado
arrasta-pé,
bate-chinela,
fobó.
O forró possui semelhanças com o
toré e o arrastar dos pés dos índios, com os ritmos binários portugueses e holandeses, porque são ritmos de origem europeia a
chula, denominada pelos nordestinos simplesmente "forró",
xote e variedades de
polcas europeias que são chamadas pelos nordestinos de arrasta-pé e ou quadrilhas. A dança do forró tem influência direta das danças de salão europeias, como evidencia nossa história de colonização e invasões europeias.
Além do forró tradicional, denominado
pé-de-serra, existem outras variações, tais como o
forró eletrônico, vertente estilizada e pós-modernizada do forró surgida no início da
década de 90 que utiliza elementos eletrônicos em sua execução, como a
bateria, o
teclado, o
contrabaixo e a
guitarra elétrica; e o
forró universitário, surgido na
capital paulista no final da década de 90, que é uma especie de revitalização do forró tradicional, que eventualmente acrescenta contrabaixo e violão aos instrumentos tradicionais, sendo a principal característica os três passos básicos, sendo um deles o "2 para lá 2 para cá", que veio da
polca.
Conhecido e praticado em todo o Brasil, o forró é especialmente popular nas cidades brasileiras de
Caruaru,
Campina Grande,
Mossoró e
Juazeiro do Norte, que sediam as maiores
Festa de São João do país. Já nas capitais
Aracaju,
Fortaleza,
João Pessoa,
Natal,
Maceió,
Recife, e
Teresina, são tradicionais as festas e apresentações de bandas de forró em eventos privados que atraem especialmente os jovens.
O termo "forró", segundo o filólogo pernambucano
Evanildo Bechara, é uma redução de
forrobodó, que por sua vez é uma variante do antigo vocábulo
galego-portuguêsforbodó,
corruptela do francês
faux-bourdon, que teria a conotação de
desentoação1 . O elo semântico entre
forbodó e
forrobodó tem origem, segundo
Fermín Bouza-Brey, na região noroeste da Península Ibérica (Galiza e norte de Portugal), onde "a gente dança a golpe de bumbo, com pontos monorrítmicos monótonos desse baile que se chama
forbodó"
2 3 .
Apesar da versão bem-humorada, não há nenhuma sustentação para tal etimologia do termo. Em
1912, estreou a
peça teatral "Forrobodó", escrita por
Carlos Bettencourt (1890-1941) e
Luís Peixoto (1889-1973), musicada por
Chiquinha Gonzaga5 e em 1937, cinco anos antes da instalação da referida base militar em território potiguar, a palavra "forró" já se encontrava registrada na história musical na gravação fonográfica de “Forró na roça”, canção composta por
Manuel Queirós e
Xerém3 .
Os bailes populares eram conhecidos em
Pernambuco por "forrobodó" ou "forrobodança" ou ainda "forrobodão"já em fins do
século XIX.
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O forró tornou-se um fenômeno
pop em princípios da década de 1950. Em 1949,
Luiz Gonzaga gravou "Forró de Mané Vito", de sua autoria em parceria com
Zé Dantas e em 1958, "Forró no escuro". No entanto, o forró popularizou-se em todo o Brasil com a intensa imigração dos nordestinos para outras regiões do país, especialmente, para as capitais:
Brasília,
Rio de Janeiro e
São Paulo. Nos anos 60 grandes forrozeiros fizeram sucesso, tais como
Luiz Wanderley,
Nino e Trio Paranoá,
Sebastião do Rojão,
Zé do Baião e muitos outros que, posteriormente, caíram no mais completo esquecimento. Uma possível causa para esse ostracismo vivido pelos cantores de forró dos anos 60 e 70 na atualidade pode ser o desinteresse do grande público pelo forró tradicional, aliado à falta de apoio por parte dos grandes artistas da MPB regional.
A década de 1980 foi de crise para o forró, o que fez com que grandes nomes do gênero carregassem na maliciosidade das letras para atrair a atenção do público. Foi a década do chamado "forró malícia" representado por nomes como
Genival Lacerda,
Clemilda,
Sandro Becker,
Marivalda entre outros. Foi nessa década que a bateria (esporadicamente utilizada nos anos 70) foi inserida oficialmente na instrumentação do gênero, assim como a guitarra, o contrabaixo e, mais raramento, os metais. A década de 1980 terminou sem que o gênero conseguisse recuperar o prestígio e, nos anos 1990, surgia um movimento que procurou dar novo fôlego ao forró, adaptando-o ao público jovem; era o nascimento do reinado das bandas de "forró eletrônico", surgidas no Ceará, cuja pioneira foi a
Mastruz com Leite. Outros grandes nomes desse movimento são
Calcinha Preta (que impulsionou o crescimento do forró pelo Brasil e pelo mundo a fora),
Cavalo de Pau,
Magníficos e
Limão com Mel.
O forró é dançado ao som de vários ritmos brasileiros tipicamente
nordestinos, entre os quais destacam-se: o
xote, o
baião, o
xaxado, a marcha (estilo tradicionalmente adotado em quadrilhas) e
coco.
O forró é dançado em pares que executam diversas evoluções, diferentes para o forró nordestino e o forró universitário:
O forró nordestino é executado com mais malícia e sensualidade, o que exige maior cumplicidade entre os parceiros. Os principais passos desse estilo são a levantada de perna e a testada (as testas do par se encontram), também conhecido pelo termo "Cretinagem".
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O forró universitário possui mais evoluções. Os passos principais são:
- atrás e ao lado - abertura lateral do par;
- caminhada - passo do par para a frente ou para trás;
- comemoração - passo de balançada, com a perna do cavalheiro entre a perna da dama;
- giro simples;
- giro do cavalheiro;
- oito - o cavalheiro e a dama ficam de costas e passam um pelo outro.
A modernização do forró teve início a partir do final da década de 1970, quando a bateria passou a ser utilizada de forma sutil em disco de artistas como
Trio Nordestino,
Os 3 do Nordeste,
Genival Lacerda e outros. Na década de 1980 a bateria, a guitarra e o contra-baixo já faziam parte oficialmente da instrumentação dos discos de forró.
Luiz Gonzaga passou a fazer uso constante desses instrumentos a partir do seu álbum de 1984, intitulado "Danado de Bom." A partir do início da década de 1990, com a saturação do forró tradicional conhecido como pé-de-serra, surgiu no Ceará um novo meio de fazer forró, com a introdução do teclado e a exclusão de zabumba e triângulo. Também as letras deixaram de ter como o foco o modo de vida dos nordestinos, e passaram a abordar conteúdos que atraíssem os jovens, tranformando o gênero numa espécie de música pop com influências de forró. O precursor do movimento foi o ex-
árbitro de futebol,
produtor musical e
empresário Emanuel Gurgel, responsável pelas bandas
Mastruz com Leite, Cavalo de Pau, Alegria do Forró e Catuaba com Amendoim. O principal instrumento de divulgação do forró na década de 1990 foi a a rádio Som Zoom Sat e a gravadora Som Zoom Estúdio pertencentes a Gurgel. Tal pioneirismo teve críticas de transformar o forró num produto. Em entrevista à revista Época, declarou Gurgel: "Mudamos a filosofia do forró:
Luiz Gonzaga só falava de fome, seca e Nordeste independente. Agora a linguagem é romântica, enfocada no cotidiano, nas raízes nordestinas, nas belezas naturais e no Nordeste menos sofrido, mais alegre e moderno(...)".
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Grande parte das bandas de forró fazem versões de clássicos do pop internacional, numa demonstração da real afinidade dessas bandas, qual seja, a música pop.
A banda de rock Raimundos fez muito sucesso nos anos 90 misturando o forró com o hardcore, desde a composição musical até as letras.
Referências
- Enciclopédia da Música Brasileira: Erudita, folclórica, popular. 2ª. ed. rev. e atual. Art Editora/Itaú Cultural, 1998.
- Alvarenga, Oneyda. Música Popular Brasileira. São Paulo. "Lundu e Danças Afins". P.177. 2ª Edição. Livraria Duas Cidades, 1942.
- Carvalho, Rodrigues de. Cancioneiro do Norte. Paraíba do Norte. 71. 2º Edição, 1928.
- Câmara Cascudo, Luís da. Vaqueiros e Cantadores. p. 143 (em Almeida RJ, José Alberto de. 1997. Os Cantadores de Cordel do Nordeste Brasileiro: Relentara de Uma Prática Medieval. p. 6. Universidade Estadual do Ceará. CNPq - PIBIC).
- Câmara Cascudo, Luís da. Dicionário do Folclore Brasileiro. 2ª ED. Rio de .Janeiro. Instituto Nacional do Livro. Ministério da Educação e Cultura, 1962.
- Câmara Cascudo, Luís da. Dicionário do Folclore Brasileiro. 6ª Edição. Belo Horizonte, Itatiaia - São Paulo. p. 95. Editora da Universidade de São Paulo, 1988.
- Enciclopédia Brasileira Globo. Vol.II - 14ª. Porto Alegre. Edição. Editora Globo, 1975.
- Buarque de Holanda Ferreira, Aurélio. Minidicionário da Língua Portuguesa. 1ª Ed. 5ª Impressão. Rio de Janeiro. p. 207. Editora Nova Fronteira, 1977.
- Phaelante, Renato. Forró: Identidade Nordestina. Fundação Joaquim Nabuco (Instituto de Pesquisas Sociais, Departamento de Antropologia). Recife, 1995.
- Artigo - Forró Universitário: a tradução do forró nordestino no Sudeste brasileiroHistória do Forró
Quem diria que um dia veríamos os jovens das grandes cidades brasileiras, acostumados a idolatrar artistas estrangeiros enlouquecidos por causa de um ritmo que até pouco tempo atrás sofria grande preconceito.....Pois, é isso o que está acontecendo com o forró, essa mistura “ altamente inflamável” de ritmos africanos e europeus que aportaram no Brasil no início do século. O nome “forró” já é controverso, pois, há quem diga que vem de “ for all” (em inglês “ para todos”) e que indicava o livre acesso aos bailes promovidos pelos ingleses que construíam ferrovias em Pernambuco no início do século; no entanto, há quem defenda a tese de que a palavra forró vem do termo africano “forrobodó”, que significa festa, bagunça. E se a própria palavra possui esta dupla versão para seu significado, imagine os ritmos que compõem o forró ! São tantos e tão diferenciados, que não deixam dúvida sobre de onde vem a extrema musicalidade do forró. Afinal, uma música que tem entre suas influências ritmos tão diversos como o baião, o xote, o xaxado, o coco, o vanerão e as quadrilhas juninas, só poderia mesmo originar uma dança que não deixa ninguém parado. O baião, por exemplo, era dançado em roda e nasceu no nordeste do Brasil no século XIX. Já o xote, tem sua origem no final do século XIX e é um ritmo de origem européia que surgiu nos salões aristocráticos da época da regência. E por aí, vai. Mas, se são muitas e diferenciadas as influências musicais que deram origem ao forró e se há controvérsias quanto ao surgimento da própria palavra, há um ponto no qual todos concordam: se não fosse Luiz Gonzaga, o forró não teria caído no gosto popular e não seria o sucesso que é hoje. O “Velho lua”, como era conhecido, foi quem tirou o forró dos guetos nordestinos e apresentou-o para o público das outras regiões do país. Isso aconteceu em 1941 quando ele se inscreveu e venceu um concurso da Rádio Nacional que procurava novos talentos. Mas, antes de tocar no rádio, o Velho Lua amargou uma fase de pouco dinheiro e prestígio, animando a noite em prostíbulos e bares do Rio de Janeiro. No entanto, depois de vencer o preconceito do diretor artístico da rádio, que o proibia até de usar as roupas típicas do caboclo nordestino e que seriam depois sua marca registrada, Luiz Gonzaga, foi aos poucos conquistando o país inteiro com seu forró. Por essas e outras, Luiz Gonzaga ficou conhecido nacionalmente como o “ Rei do Baião” consagrando de norte a sul do país e até no exterior, este ritmo que atualmente esquenta as noites de 9 entre 10 capitais do Brasil. Atualmente, o forró está novamente no auge do sucesso e vem conquistando adeptos entre os jovens e adolescentes de todo país. Esta procura por um ritmo que até pouco tempo, era visto com preconceito, está novamente mudando “ a cara ” do forró.
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