Poesia
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Nota: Para outros significados, veja Poesia (desambiguação).
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A poesia, ou texto lírico, é uma das sete artes tradicionais, pela qual a linguagem humana é utilizada com fins estéticos, ou seja, ela retrata algo em que tudo pode acontecer dependendo da imaginação do autor como a do leitor. "Poesia, segundo o modo de falar comum, quer dizer duas coisas. A arte, que a ensina, e a obra feita com a arte; a arte é a poesia, a obra poema, o poeta o artífice."1 O sentido da mensagem poética também pode ser, ainda que seja a forma estética a definir um texto como poético. A poesia compreende aspectos metafísicos e da possibilidade de esses elementos transcenderem ao mundo fático. Esse é o terreno que compete verdadeiramente ao poeta.2
Num contexto mais alargado, a poesia aparece também identificada com a própria arte, o que tem razão de ser já que qualquer arte é, também, uma forma de linguagem (ainda que, não necessariamente, verbal). É a arte de poetizar que nos permite exprimir aquilo que está dentro de nós.
Índice
[esconder]História[editar | editar código-fonte]
Ver artigos principais: História da poesia e Teoria literária
A poesia como uma forma de arte pode ser anterior à escrita.3 Muitas obras antigas, desde os vedas indianos (1700-1200 a.C.) e os Gathas de Zoroastro (1200-900 aC), até a Odisseia(800 - 675 a.C.), parecem ter sido compostas em forma poética para ajudar a memorização e a transmissão oral nas sociedades pré-históricas e antigas.4 A poesia aparece entre os primeiros registros da maioria das culturas letradas, com fragmentos poéticos encontrados em antigos monolitos, pedras rúnicas e estelas.
O poema épico mais antigo sobrevivente é a Epopeia de Gilgamesh, originado no terceiro milênio a.C. na Suméria (na Mesopotâmia, atual Iraque), que foi escrito em escrita cuneiforme em tabletes de argila e, posteriormente, papiro.5 Outras antigas poesias épicas incluem os épicos gregos Ilíada e Odisseia, os livros iranianos antigos Gathas Avestae Yasna, o épico nacional romano Eneida, de Virgílio, e os épicos indianos Ramayana e Mahabharata.
Os esforços dos pensadores antigos em determinar o que faz a poesia uma forma distinta, e o que distingue a poesia boa da má, resultou na "poética", o estudo da estética da poesia. Algumas sociedades antigas, como a chinesa através do Shi Jing (Clássico da Poesia), um dos Cinco Clássicos do confucionismo, desenvolveu cânones de obras poéticas que tinham ritual bem como importância estética. Mais recentemente, estudiosos têm se esforçado para encontrar uma definição que possa abranger diferenças formais tão grandes como aquelas entre The Canterbury Tales de Geoffrey Chaucer e Oku no Hosomichi de Matsuo Basho, bem como as diferenças no contexto que abrangem a poesia religiosa Tanakh, poesia romântica e rap.6
O contexto pode ser essencial para a poética e para o desenvolvimento do gênero e da forma poética. Poesias que registram os eventos históricos em termos épicos, comoGilgamesh ou o Shahnameh, de Ferdusi,7 serão necessariamente longas e narrativas, enquanto a poesia usada para propósitos litúrgicos (hinos, salmos, suras e hadiths) é suscetível de ter um tom de inspiração, enquanto que elegia e tragédia são destinadas a invocar respostas emocionais profundas. Outros contextos incluem cantos gregorianos, o discurso formal ou diplomático,8 retórica e invectiva políticas,9 cantigas de roda alegres e versos fantásticos, e até mesmo textos médicos.10
O historiador polonês de estética Władysław Tatarkiewicz, em um trabalho acadêmico sobre "O Conceito de Poesia", traça a evolução do que são na verdade dois conceitos de poesia. Tatarkiewicz assinala que o termo é aplicado a duas coisas distintas que, como o poeta Paul Valéry observou, "em um certo ponto encontram união. […] A poesia é uma arte baseada na linguagem. Mas a poesia também tem um significado mais geral […] que é difícil de definir, porque é menos determinado: a poesia expressa um certo estado da mente.11
Gêneros poéticos[editar | editar código-fonte]
Permitem uma classificação dos poemas conforme as suas características. Por exemplo, o poema épico é, geralmente, narrativo, de longa extensão, eloquente, abordando temas como a guerra ou outras situações extremas. Dentro do género épico, destaca-se a epopeia. Já o poema lírico pode ser muito curto, podendo querer apenas retratar um momento, um flash da vida, um instante emocional.
Poesia é a expressão de um sentimento, como por exemplo o amor. Vários poemas falam de amor. O poema, é o seu sentimento expressado em belas palavras, palavras que tocam a alma. Poesia é diferente de poema. O poema é a forma que se está escrito e a poesia é o que dá a emoção ao texto.
Licença poética[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Licença poética
A poesia pode fazer uso da chamada licença poética, que é a permissão para extrapolar o uso da norma culta da língua, tomando a liberdade necessária para recorrer a recursos como o uso de palavras de baixo-calão, desvios da norma ortográfica que se aproximam mais da linguagem falada ou a utilização de figuras de estilo como a hipérbole ou outras que assumem o carácter "fingidor" da poesia, de acordo com a conhecida fórmula de Fernando Pessoa ("O poeta é um fingidor").
A matéria-prima do poeta é a palavra e, assim como o escultor extrai a forma de um bloco, o escritor tem toda a liberdade para manipular as palavras, mesmo que isso implique romper com as normas tradicionais da gramática. Limitar a poética às tradições de uma língua é não reconhecer, também, a volatilidade das falas.
Poesia contemporânea[editar | editar código-fonte]
A poesia contemporânea está a ser produzida com palavras que pulam para “fora da página”. A nova corrente literária, que explora a plataforma da Web não apenas em termos de divulgação, mas também no que se refere à criação, tem chamado a atenção dos estudiosos. O professor Jorge Luís Antônio, autor do livro Poesia Digital: teoria, história, antologias, afirmou a um jornal brasileiro sobre esses artistas recentes: “Alguns fazem apresentações em público, na mesma linha dos dadaístas do Cabaret Voltaire, no começo do século XX. Outros fazem poesia ‘cíbrida’ [contração de ‘híbrido’ e ‘cibernético’], com uso de arte,design e tecnologia. O importante é que todos focam nos aspectos poéticos”.
Considerações semiológicas[editar | editar código-fonte]
A poesia digital é marcada pela natureza multimidiática. A palavra ganha novos valores ao interagir com recursos sonoros e de vídeo. Não raro é o uso da tridimensionalidade para efeitos de criação artística. Ela pode ser considerada resultado de negociações semióticas com a tecnologia; são elas a mediação, transmutação e intervenção. A mediação poeta-máquina possibilita a assimilação de neologismos e conceitos tecnológicos, ambos aplicados como temas e expressões poéticas. É quando o poeta realiza a semiose (no sentido peirciano) poesia-computador, tomando conhecimento do significado cultural da máquina, que passa a ter valor em sua arte verbal. Outro nível de mediação ocorre na mudança da função predominante da máquina – de pragmática, referencial e objetiva para poética. Isso se dá quando o poeta assimila a linguagem da máquina e intervém nela, lançando mão da criatividade de que dispõe.
Contexto histórico[editar | editar código-fonte]
A relação entre poesia e tecnologia assemelha-se a alguns conceitos da literatura na medida em que repete as teorias “imitativa” e “expressiva” da arte (o Realismo). A realidade interior e exterior é simulação para a tecnologia computacional e a expressão é uma recriação do mundo tecnológico através da arte da palavra. O tecnopoeta, ciente de tal tecnopólio, que é avassalador, encontra-se cercado de uma realidade tecnocentrista que se lhe serve como linguagem poética. Da mesma forma, o poeta romântico na Revolução Industrial criava um mundo subjetivo e idealizado como resposta à realidade extenuante da industrialização. A linguagem tecnológica se transforma em tecnopoética, sedo que a cultura não se rende à tecnologia, mas sofre a intervenção do poeta para fazer dela outra forma de comunicação.
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Poesia de Portugal
- Poesia do Brasil
- Literatura
- Poema
- Ode
- Elegia
- Écloga
- Rondó
- Soneto
- Madrigal
- Versificação
Referências
- ↑ ALMEIDA (sXVI) apud MUHANA, 2006
- ↑ ARISTÓTELES. Poética, IX-50
- ↑ Muitos estudiosos, particularmente aqueles que pesquisaram a tradição homérica e os épicos orais dos Balcãs, sugerem que a escrita antiga mostra traços nítidos de velhas tradições orais poéticas, incluindo o uso de frases repetidas como blocos construídos em grandes unidades poéticas. Uma forma rítmica e repetitiva poderia fazer uma longa história mais fácil de ser lembrada e recontada, antes da escrita estar disponível como uma ajuda para a memória.
- ↑ Para uma breve discussão recente, ver Frederick Ahl and Hannah M. Roisman. The Odyssey Re-Formed. Ithaca, New York: Cornell University Press, (1996), p. 1–26, ISBN 0-8014-8335-2. Outros sugerem que a poesia não necessariamente precedeu a escrita. Veja, por exemplo, Jack Goody. The Interface Between the Written and the Oral. Cambridge, England: Cambridge University Press, (1987), p. 98, ISBN 0-521-33794-1
- ↑ N.K. Sanders (Trans.). The Epic of Gilgamesh. London, England: Penguin Books, edição revisada (1972), p. 7–8
- ↑ Ver, por exemplo, Grandmaster Flash and the Furious Five. "The Message", Sugar Hill, (1982).
- ↑ Abolqasem Ferdowsi (Dick Davis, Trans.). Shahnameh: The Persian Book of Kings. New York, New York: Viking, (2006), ISBN 0-670-03485-1
- ↑ Por exemplo, no mundo árabe, a diplomacia foi muito executada através da forma poética, no século XVI.Veja Natalie Zemon Davis. Trickster's Travels. Hill & Wang, (2006), ISBN 0-8090-9435-5
- ↑ Exemplos de invectiva política incluem poesia difamatória e o epigramas de Marcial e Catulo
- ↑ Na Grécia Antiga, trabalhos médicos e acadêmicos muitas vezes eram escritos em forma de métricas. Um milênio e meio depois, muitos dos textos médicos de Avicena foram escritas em versos.
- ↑ Władysław Tatarkiewicz, "The Concept of Poetry, " Dialectics and Humanism, vol. II, nº 2 (primavera de 1975), p. 13
Bibliografia
- ALMEIDA, Manuel Pires de (1597-1655). Discurso sobre o poema heróico. Manuscrito depositado no Arquivo Nacional da Torre do Tombo (Lisboa), cota: Casa do Cadaval, vol.1, fls.629-37.
- ANTONIO, J. LUIZ. Poesia Digital: teoria, história, antologias. São Paulo: Navegar Editora, FAPESP e Luna Bisonts Prods, 2011.
- AQUILES, MÁRCIO. Novos poetas pulam para fora da página. Folha de S. Paulo, São Paulo, E3, 17 de setembro de 2011.
- HANSEN, João Adolfo. Alegoria: construção e interpretação da metáfora. São Paulo: Atual, 1986.
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
a origem da poesia
publicado originalmente no periódico Altofalante Cultural
Falar da origem da poesia é o mesmo que falar da origem do homem: visto que sem poesia não poderia haver o homem. Claro que essa afirmação vai contra tudo o que estamos acostumados a ouvir e entender por poesia e por origem, e só poderia ser minimamente aceita se questionarmos antes duas posturas que estão no cerne da nossa maneira de pensar: 1) a compreensão evolutiva do espaço, do tempo e da história, e 2) a noção, tão insistentemente fundamentada pela funcionalidade do sistema de produção e consumo, de que a arte é uma forma de entretenimento, um meio de expressão, uma válvula de escape, enfim, uma fantasia sem importância feita para embelezar o mundo.
Essa visão, da instrumentalidade da poesia, da linguagem e da história nos faz entrever o mundo como uma série de processos separados, onde arte nada tem a ver com a realidade, distante da história, da física, da biologia, da economia e da política. Na verdade, todas as coisas do homem surgem a partir de um mesmo princípio, que é o agir do homem enquanto agir-se. Na Grécia antiga, havia um termo para isso: Poiesis. Princípio pelo qual se dava a criação. Acontece que a instrumentalidade da linguagem acarreta uma instrumentalidade do homem, e este perde o que existe de essencial no fazer, que é o criar, tornando-se, assim, mero repetidor em função do sistema.
E dentre todas as coisas que o homem age, a poesia é a mais importante. Pois a poesia não é uma coisa entre outras coisas. A poesia não é um mero jogo que utiliza a linguagem como matéria prima a ser trabalhada; muito pelo contrário, é a poesia que tornou e torna a linguagem possível, sempre. A poesia é a linguagem primogênita de um povo, disse Heidegger. A poesia é o primeiro e o mais fundamental testemunho do homem, atestação de sua presença e de seu pertencimento à Terra. É assim que ele se manifesta enquanto linguagem e, então, enquanto homem.
Basta lembrar que os primeiros físicos do ocidente eram sobretudos poetas. Na verdade nem havia diferença entre ser poeta, físico, filósofo, matemático, pois em todas essas coisas havia a dimensão do sagrado. Estes eram homens espantados diante da complexidade da physis que se erguia com seus grandes milagres e tempestades. O mesmo espanto que, milhares de anos depois, acompanha o cientista de hoje diante da imprevisibilidade das partículas e da grandiosidade do cosmos. “O sol é do tamanho de um pé humano” disse Heráclito, numa afirmação que, antes de ser científica é poética e antes de ser poética é sagrada. Não é uma afirmação ingênua, como poderiam pensar alguns. Heráclito sabia da distância do sol, mas sabia também que o sol era sim, como ainda hoje é, a medida do homem. Esse sol adquiria uma dimensão poeticamente moldável como o horizonte de Manuel de Barros, onde se enfiam pregos, ou a florflamejante de Sousândrade. É a dimensão onde as coisas são e deixam de ser.
A nós, homens modernos, depois do cogito cartesiano, depois da metafísica kantiana, depois que o homem expulsou os deuses de seu convívio e se tornou seu próprio deus através da ciência em detrimento da poesia, isso tudo parece distante e absurdo. Não entendemos que o conhecimento científico é uma interpretação do mundo tão “fantástica” e falha quanto qualquer outra. A ciência explica que a lua é um satélite. Mas esta não é a lua, é uma das facetas da lua. A lua é isso e muito mais. A lua é a lua de Lin Sao, que pende madura na ponta de um galho, é a lua de São Jorge, é Selene, é a lua dos mitos, todas diferentes e a mesma. Os próprios cientistas hoje se dão conta do absurdo que é a realidade. Ilya Prigogine, prêmio Nobel de física, afirmou ser a realidade somente uma das realizações do possível.
O absurdo da poesia não é nada mais que o absurdo do real. A poesia e a arte não surgiram num momento específico, mas surgem a cada instante e com ela o homem, pois nisso consiste a cultura, a constante atualização do homem como homem. Pois o homem só pode ser sendo, homem, num constante processo de realização poética. Nos percebemos humanos e mortais a cada ato, e é disso que vem a poesia. Por isso, ao contrário da visão linear do senso comum, a arte não é um jogo subjetivo de gênios excêntricos. Sua essência sagrada está na física moderna e clássica, está nas habitações, na matemática, em todos nós. A poesia é a linguagem primordial de todo espanto e está na essência de tudo que produzimos, enquanto ato criador não alienado. A poesia é o que permite o real, ainda que hoje o real a oculte, entulhado na rotina dos sistemas.
História da Poesia Brasileira
Os versos, além de forma sublime da escrita, facilitam a memorização: nas obras do passado, a escrita era prescindível. E o foi até o século XVIII, quando explodiu finalmente com o surgimento dos romances ingleses.
Vinculada à escrita por sua extensão, a prosa só se tornou hegemónica com o surgimento e a consolidação do jornalismo. No Brasil a introdução da tipografia se deu em 1808, com a chegada da família real. Entre 1843 e 1844, devido à sua proliferação e à difusão dos jornais, surgiu no Brasil o romance.
Certamente o desenvolvimento literário no Brasil está relacionado às contingências económicas, políticas e sociais do país. Com os três séculos de subordinação colonial e a escravidão, nos interrogamos acerca de quando se iniciou uma literatura realmente nacional, que requereria a presença do povo não apenas como personagem, mas também como autor e público, fazendo e consumindo a arte que produz.
O Brasil deixou de ser colónia em 1822 e o período colonial da nossa literatura abrangeu o Quinhentismo, o Barroco e o Arcadismo.
BOSI, Alfredo. História concisa da literatura brasileira. São Paulo: Cultrix
SODRÉ, Nelson Werneck. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Graphia
ANDRADE, Mário de. O movimento modernista (1942) e A poesia em 1930. In: Aspectos da literatura brasileira. São Paulo: Martins Fontes.
SODRÉ, Nelson Werneck. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Graphia
ANDRADE, Mário de. O movimento modernista (1942) e A poesia em 1930. In: Aspectos da literatura brasileira. São Paulo: Martins Fontes.
Tópico Relacionados
- Quinhentismo (1500-1600)
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- Modernismo (1922 - 1945)
- Pós-Modernismo
- Parnasianismo e Simbolismo na Poesia, Realismo na Prosa
A historia da poesia e a poesia da história: crítica literária e história intelectual nos ensaios de Octavio Paz
Ival de Assis Cripa
UNIFIEO
UNISA
UNICAMP
UNISA
UNICAMP
I – Poesia e Engajamento
De uma certa maneira, a trajetória intelectual de Octavio Paz reproduz a tensão e o confronto entre ''vanguarda política'' e ''vanguarda artística'' e que é apontada por Jorge Schwartz (1995, p.36) em seu livro sobre asVanguardas Latino-Americanas. Partidário apaixonado dos republicanos, Paz esteve na Espanha em 1937, num encontro de escritores antifascistas (entre eles Pablo Neruda e Rafael Alberti) em Valência, quando afirmou, ''não descobri a Espanha: a reconheci, me reconheci''. Mas, quanto mais se envolvia com os acontecimentos políticos de seu tempo, o conflito entre suas convicções estéticas e políticas se tornariam uma constante em sua obra. Por volta de 1936, no auge da gestão presidencial de Lázaro Cárdenas (1934-1940), sua geração vivia a dupla influência do movimento comunista internacional e viam a proclamação da República espanhola como o nascimento de uma da nova era. Por outro lado, acompanhavam os movimentos modernistas na França, através das revistas literárias como Sur, Contemporâneos, Cruz y Raya e tomavam contato com Paul Valery, André Gide e o movimento surrealista e liam autores espanhóis como García Lorca. Por esses anos, afirma Paz,''comecei a viver um conflito que se agravaria mais e mais com o tempo: a contraposição entre minhas idéias políticas e minhas convicções estéticas'' (PAZ, 1993,53). O conflito entre a necessidade do engajamento e a livre criação poética o fará descobrir que a ''revolução era filha da crítica e que a ausência da crítica havia matado a revolução'', presenciando em Valência a condenação de André Gide pelos comunistas, por criticar o regime soviético. Paz era contra os ataques dos comunistas aos escritores da Revista Hora da Espanha e a repressão aos outros grupos de esquerda como os anarquistas.
O engajamento do poeta em defesa da República espanhola, manifesta-se na participação da fundação do jornalEl Popular, que se converteu em órgão de difusão da esquerda mexicana (PAZ, 1993, p.69). Na Revista Futuro,Paz se negou escrever um artigo encomendado pelo editor que ligasse Trotski com grupos nazistas. A conseqüência foi o seu afastamento da Revista,
''Um pouco depois, em 23 de Agosto de 1939, se firmava o pacto germano-soviético (...) Senti que nos haviam cortado não só a língua'' (PAZ, 1993, p.69).
O primeiro atentado a vida de Trotski aprofundou seu conflito existencial. Em 1943, Octavio Paz partiu para mais um ''exílio'', ficando mais dez anos nos EUA. Quando começou a guerra fria, Paz partiu para Paris como funcionário do Serviço diplomático, em 1945, num momento em que a cidade se convertera em centro do debate intelectual no pós-guerra. Entre Breton e a rebeldia, Camus e a Revolta, acercou-se da rebeldia de Breton: ''O rebelde é quase sempre um solitário, seu arquétipo é Lucifer, cujo pecado foi preferir-se a si mesmo. A Revolta é coletiva e seus seres são homens comuns. Mas a revolta como as tormentas do verão, se dissipa rápido'' (PAZ, 1993, p.69).
Entre os anos trinta e quarenta, apesar de sentiu uma grande simpatia pela revolução Russa, já tomava conhecimento dos campos de concentração na URSS. O fenômeno da ''burocratização'' do Leste Europeu chamara-lhe a atenção para a versão mexicana do partido único, encarnada na hegemonia do Partido Revolucionário Institucional. Mas, ao fazer oposição ao PRI, foi colocado sob suspeita perante a maioria dos escritores latino-americanos que estavam encantados com o ''socialismo real''1. Paz estava entre os poucos que, após 1945, defendiam ''a instauração de uma democracia autêntica, com um Estado de Direito e com garantias para os indivíduos e para as minorias, permitindo que o México não naufragasse no oceano da história universal, infestado de Leviatãs'' (PAZ, 1993,P.40).
Em 1952, Paz foi transferido para a Índia e para o Japão, pelo serviço diplomático, tendo voltado ao México em 1953 e permanecido até 1962, para retornar neste ano à Índia e permanecer por mais seis anos. Tomou contato com as revoltas do ''mal denominado terceiro mundo'' no Ceilão, Afeganistão, Nepal, e no Sudeste Asiático2. Em Outubro de 1968, Octavio Paz demitiu-se do serviço diplomático mexicano em protesto contra a morte de mais de trezentos estudantes na Praça de Tlatelolco na cidade do México, durante os jogos Olímpicos. Tornou-se, então por um breve momento, um modelo de intelectual para a esquerda latino-americana.
Entre 1968 e 1970, Octavio Paz deu cursos em algumas universidades norte-americanas e européias antes de começar a publicar, em 1971, na revista Plural e depois Vuelta. Ambas eram primordialmente literárias e artísticas, mas, ''abertas ao ar e ao tempo'' (diz Paz) e atentas aos problemas culturais e aos assuntos públicos. As críticas das revistas estavam dirigidas ao sistema político mexicano, fundado em um excessivo presidencialismo e na hegemonia de um partido de Estado.
II. Literatura e história
Literatura e sociedade, nos escritos de Paz, compõem uma totalidade a partir de uma relação contraditória:
''A literatura expressa a sociedade; ao expressá-la, ela a muda, contradiz ou nega. Ao retratá-la, inventa-a, ao inventá-la, revela-a. A sociedade não se reconhece no retrato que lhe apresenta a literatura; não obstante, esse retrato fantástico é real: é o desconhecido que caminha ao nosso lado desde a infância e do qual não sabemos nada a não ser que é nossa sombra (ou seremos a sua?)''(PAZ, 1986, p 209).
Ele definiu da seguinte maneira a trajetória dos poetas modernos e a sua:
''A história da poesia moderna retrata um contínuo desgarramento do poeta (grifo nosso), dividido entre a moderna concepção do mundo e a presença às vezes intolerável da inspiração. Os primeiros a padecerem deste conflito foram os românticos alemães. Mesmo assim, foram os únicos que enfrentaram com plenitude e lucidez o problema e os únicos – até o movimento surrealista – que não se limitam a sofrê-lo mas tentaram transcendê-lo'' (PAZ, 1946, p. 165).
A poesia romântica, para Paz, seria revolucionária frente às revoluções modernas e manifesta-se na oscilação entre o entusiasmo e a decepção dos poetas e escritores românticos com relação à Revolução Francesa, e na mesma atitude das vanguardas estéticas com relação à revolução Russa, ou mesmo de Paz com relação à Revolução Mexicana. A crise das vanguardas seria a expressão de um processo mais generalizado da crise da Modernidade ou da tão propalada pós-modernidade: crise de nossa concepção linear de tempo e da história; crise da noção do progresso; consciência do desastre ecológico; crise do conceito clássico de Revolução; ressurgimento das ideologias nacionalistas (STANTON, 1994, p.23). Em Los signos en Rotación ele interroga os descaminhos da modernidade ao perguntar: Para onde vamos? Em que tempo vivemos?
''Não creio que alguém possa responder com certeza a esta pergunta. A aceleração do acontecer histórico, sobretudo a partir da Primeira Guerra Mundial, e a universalidade da técnica, que transformou a terra num espaço homogêneo, se revelam por fim, como uma frenética imobilidade, num lugar que são todos os lugares ao mesmo tempo'' (PAZ, 1996, p. 265).
As reflexões de Paz sobre a história acabam por desaguar na visão desta como tecido de imagens. A modernidade, por sua vez, ''seculariza o tempo e o transforma em história, concebida como transcorrer infinito e identificada à noção de tempo linear.''(DE ALMEIDA, 1997, p.40). A consciência histórica da modernidade, é consciência de que o homem, trazendo em si mesmo o tempo, é o agente das mudanças temporais, o sujeito transformador da temporalidade em história.
A linguagem está marcada social e historicamente, mas o poema rompe os limites da própria linguagem ultrapassando-a, ou dito de outra maneira, o poema é histórico e ultrapassa a história. Ao ser ultrapassado, o tempo histórico transfigura-se em arquétipo, em tempo da origem, tempo anterior a qualquer história, ''O nexo entre palavra de origem e fundação de uma sociedade, de outra parte, evidencia, nas relações da poesia da modernidade e história, a indagação ao mesmo tempo poética e histórico social: é possível a reconciliação entre as palavras e as coisas, entre os signo e a vida, entre a arte e a sociedade?'' (DE ALMEIDA, 1997, p.42).
Tal problema foi colocado pelos poetas românticos, retomado pelos surrealistas e por Paz, implicando na identificação entre a prática social e a poética. Em uma entrevista realizada por Gilles Bataillon, para o jornal francês Liberatión, ele explica a relação entre poesia e política em sua obra:
''para minha geração a poesia esteve ligada à história. Não se esqueça que nasci em 1914 e que sou contemporâneo das grandes comoções do século XX: a ascensão do nazismo e do fascismo, a Guerra espanhola, a segundo guerra mundial, a Independência das antigas colônias européias. (...)Quando comecei a escrever estava possuído pela idéia da profunda afinidade entre poesia e revolução. As via como a duas caras de um mesmo fenômeno''3.
Se o romantismo inaugura uma concepção crítica da arte, a literatura moderna é, na verdade, antimoderna e a relação da poesia moderna com temas como a religião e a revolução são ambíguos, ''A poesia romântica é revolucionária não com, mas frente às revoluções do Século; e sua religiosidade é uma transgressão às religiões'' ( PAZ, 1197, p. 27). Como os românticos, que oscilaram entre o fervente apoio aos ideais da Revolução Francesa e o posterior desencanto, os poetas vanguardistas oscilaram entre o entusiasmo e o desencanto para com a Revolução Russa.
Se a consciência poética nasce junto com os movimentos revolucionários, ambas tentam abolir o tempo da história e inaugurar um outro tempo, ''A ação poética se superpõe a ação revolucionária. Mas as relações entre elas são tensas''(DE ALMEIDA, 1997, p. 43). Algo que implica na oposição entre tempo linear da racionalidade crítica e revolucionária e o tempo circular, mítico do poema. Se tanto os poetas da modernidade, como os revolucionários visam romper com a ordem estabelecida e com os símbolos mais caros da cultura cristã ocidental, os primeiros estão em desacordo com os últimos na substituição destes símbolos por outros, também ideológicos, colocando o mito da Revolução e suas imagens, no lugar de Deus e das antigas imagens sagradas da cultura ocidental.
A proximidade da criação poética e da interpretação histórica dá-se, segundo Paul Ricoeur, apesar da ruptura epistemológica entre narrativa e história. Ao nível dos procedimentos, a ruptura ocorre porque historiografia pressupõe conceitualização, o estabelecimento de uma objetividade e uma discussão dos limites dessa objetividade. Mas, apesar dessa ruptura,
''há, no entanto, um laço indireto entre história e narrativa. A história se caracteriza por seuenfoque poético, uma vez que: utiliza o recurso de reconstituição imaginária e provável do curso dos acontecimentos, com a finalidade de compará-la depois com o real, atuando de modo análogo ao da construção probabilista e imaginária do mythos, trabalha com entidades que funcionam de modo semelhante ao das personagens na narrativa.'' (CESAR, 1998).
Se a narrativa trabalha com ações vinculadas a sujeitos individuais, a história assinala as ações de civilizações e sociedades como ''entidades anônimas.'' Isso não permite criar, porém, um abismo entre as duas. Segundo Paul Ricoeur ''cada sociedade (...) se comporta na cena histórica como um grande indivíduo''4 e são consideradas temporalidades múltiplas que remetem à dialética temporal da narrativa.
Em ''O Labirinto da Solidão'', Paz interpreta a história do México pela crítica de uma série de mitos nacionais. Embaralha os domínios da poesia e da história ao desentranhar os mitos do México e interpretar sua história. O livro é composto de oito ensaios. ''Ao contrário de um tratado acadêmico, por exemplo, cuja coerência retórica requer a antecipação explícita de seus propósitos, seu método e seus alcances'' (SANTI, 1997, p. 170), o ensaio pensa descontinuamente, estilhaçando em vários fragmentos a percepção do real. Valendo-se, não da hermenêutica mas da psicanálise, ele analisa os conflitos da personalidade do ''Pachuco'' (mexicano emigrado que é assim designado por sua condição nos EUA). A repetição do passado seria um drama não somente do mexicano, mas da humanidade, com suas neuroses, conflitos e angústias e que buscam um equilíbrio que nunca se concretiza. A mesma idéia será novamente retomada mais tarde em Vuelta: ''a persistência de traumas e estruturas psíquicas infantis na vida adulta, equivale a persistência de certas estruturas sociais''(SANTI, 1997, p. 175). Enquanto que a memória do passado liberta os agentes da história, o esquecimento condena-os à repetição. Como se o movimento da história seguisse uma espiral.
''uma linha que continuamente regressa ao ponto de partida e que continuamente se distancia mais e mais. A espiral jamais regressa. Nunca voltamos ao passado e por isso todo o regresso é um começo. As perguntas que me fiz, são as mesmas que agora me faço (....) e são distintas. Melhor dizendo: não só as formulo em um tempo diferente, senão que ante elas se abre um espaço desconhecido.'' (PAZ, 1993, p. 139).
III. A questão dos Intelectuais na América Latina
Seguindo o movimento da espiral, que é o movimento de sua escrita, as idéias expressas em ''O Labirinto da Solidão'' são retomadas na reflexão sobre outros acontecimentos e sobre outros tempos históricos. No livro''Tempo Nublado'', originalmente uma série de artigos sobre o passado recente, publicados em alguns jornais da Espanha, Brasil e da América Hispânica, durante os primeiros meses do ano de 1980, ele chama a atenção para o fato de que suas reflexões não constituem uma teoria da história, mas expressam as reações e os sentimentos de um escritor independente da América Latina diante do mundo moderno, sob a forma de umtestemunho. Na Segunda parte do livro ele ocupa-se da situação da América Latina nos anos oitenta, mas recupera um tema anteriormente discutido em ''O Labirinto da Solidão'', o tema da condição da América Latina diante da Europa e dos Estados Unidos:
''Há cerca de dois séculos se acumulam os equívocos sobre a realidade histórica da América Latina. Nem sequer os nomes com que pretendem designá-la são exatos: América Latina, América Hispânica, Ibero-América, Indo-América? Cada um desses termos deixa de nomear parte da realidade'' (PAZ, 1986, p. 211).
Entre os elementos que diferenciam América Latina e Europa, destacam-se os núcleos indígenas; os negros e o caráter peculiar da colonização espanhola e portuguesa. Dois países com uma forte influência do Islã, em que a fusão entre o político e o religioso e a noção de cruzada é mais expressiva que em outros países da Europa. Mas, entre todas as diferenças entre Europa e América Latina, em que as particularidades da história Ibérica foram decisivas, Octavio Paz ressalta a experiência da Contra Reforma Católica, ''A idéia da missão universal do povo espanhol, defensor de uma doutrina reputada justa e verdadeira, era uma sobrevivência medieval e árabe; enxertada no corpo da monarquia hispânica'' (PAZ, 1986, p.214).
Segundo Paz, a América Latina não teve nem revolução intelectual; nem revolução democrática da burguesia, pois o fundamento filosófico da monarquia foi dado pelos discípulos da Companhia de Jesus, que renovaram o tomismo e o converteram em uma fortaleza filosófica. O neotomismo, segundo Paz, teria sido a base ideológica de sustentação do imponente edifício político, jurídico e econômico a que denominamos Império Espanhol e foi a escola dos intelectuais na América Latina. A influência do neotomismo, não como filosofia, mas como atitude mental, subsistiria até hoje entre os intelectuais. O tema dos intelectuais na América Latina, é recorrente em toda a obra de Paz, mas foi aprofundado no livro Sor Juana Inés de La Cruz, o las trampas da fé (1988). Segundo Enrico Mario Santí, Sor Juana é, também, um tema recorrente entre os intelectuais mexicanos da década de vinte, principalmente Afonso Reys e alguns intelectuais do grupo dos contemporâneos e aparece emPrimeras Letras (1931 e 1943); no Labirinto de la Soledad (1950) e em Libertad Bajo Palabra. Paz ao abordar a obra de Sor Juana (''Libertad Bajo Palabra'') deu ênfase na crise intelectual de vivida por Sor Juana e na sua condição de dissidente silenciada, muito influenciada pela história intelectual de seu tempo: a revelação da existência dos campos de concentração soviéticos
''En la Revista 'Les temps modernes', Jean Paul Sartre e Merleau-Ponty assumiram uma posição curiosa (...) Os dois filósofos não negaram os fatos os fatos nem minimizaram sua gravidade, mas se recusaram em tirar as conclusões que tal fato impunha à crítica: Até que ponto o totalitarismo stalinista era resultado – mas que do atraso econômico e social da Rússia e de seu passado autocrático – da concepção leninista de Partido ?'' ( PAZ, 1990, p. 241).
Merleau Ponty só respondeu estas questões anos mais tarde em ''As Aventuras da Dialética'', fazendo autocrítica, algo que não ocorrera com Sartre, diz Paz. Sua revisão da interpretação da obra de Sor Juana foi motivada pela cegueira de intelectuais como Sartre e Merleau Ponty com relação ao que acontecia na URSS, pois ele – dez anos antes das denúncias sobre os campos de concentração soviéticos – tinha se afastado dos comunistas após o pacto entre Hitler e Stalin e o assassinato de Trotski, no México, em Agosto de 1940 (SANTI, 1997, p. 278).
BIBLIOGRAFIA
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PAZ, O. México en La Obra de Octavio Paz, I El Peregrino en su Patria, História Y Política de México. 3a. ed. México, D. F : Letras Mexicanas, Fondo de Cultura Económica; 1992. 805 p.
------------ITINERÁRIO. México, D. F : Fondo de Cultura Económica, 1993. 274 p.
----------- A América Latina e a Democracia, A Tradição Antimoderna. In: Tempo Nublado. Rio de Janeiro : Guanabara, 1986. p. 271 p.
------------ El Arco Y La Lira. 1a. ed. México, D. F. : Fondo de Cultura Económica, 1946.p.305
----------- El Ogro Filantrópico. Barcelona, España: Seix Barral, 1990. 348 p.
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SANTÍ, E. M. El Acto de Las Palabras, estudio y diálogos con Octavio Paz. 1a. ed. México, D. F. : Fondo de Cultura Económica, 1997. 406 p.
SCHWARTZ, J. VANGUARDAS LATINO-AMERICNAS, Polêmicas, manifestos e textos críticos. São Paulo : ILUMINURAS\EDUSP, 1995. 639 p.
STANTON, A. et. allii. OCTAVIO PAZ en sus 'Cbras Completas'. México, D. F. : Fondo de Cultura Económica, 1994. 79 p.
1 Por intermédio de Kostas Papaioannou, Paz conheceu outro Grego, Cornelius Castoriadis, ''que después seria mi amigo y al que debemos invaluables esclarecimentos en matéria de filosofia y de política''. PAZ, Octavio. Itinerário. Op. cit., p. 93.
2 ''Filho da Revolução Mexicana, aquelas revoltas mais pareceram uma confirmação de nosso movimento. Nesses anos se via com certo desdém nossa Revolução; para os marxistas era apenas um episódio na história universal da luta de classes, uma revolução democrático-burguesa, nacionalista e anti-feudal (...) na medida em que desvanecia a figura da Revolução proletária nos países desenvolvidos, aparecia outra na Ásia, na América Latina e na África. Marx e seus discípulos haviam previsto uma revolução nos países mais avançados e na realidade havia se dissipado esta previsão'', PAZ, Octavio. Itinerário. Op. cit., p. 101.
3 Entrevista concedida à Gilles Bataillon em 6 de Janeiro de 1985. In: México en La Obra de Octavio Paz, I El Peregrino en su Patria, História Y Política de México. 3a. ed. Letras Mexicanas, ed. Fondo de Cultura Económica; México, D. F, 1992.
4 RICOEUR, Paul. Temps et Récit I, citado por Constança Marcondes Moura op. cit. p. 30
2 ''Filho da Revolução Mexicana, aquelas revoltas mais pareceram uma confirmação de nosso movimento. Nesses anos se via com certo desdém nossa Revolução; para os marxistas era apenas um episódio na história universal da luta de classes, uma revolução democrático-burguesa, nacionalista e anti-feudal (...) na medida em que desvanecia a figura da Revolução proletária nos países desenvolvidos, aparecia outra na Ásia, na América Latina e na África. Marx e seus discípulos haviam previsto uma revolução nos países mais avançados e na realidade havia se dissipado esta previsão'', PAZ, Octavio. Itinerário. Op. cit., p. 101.
3 Entrevista concedida à Gilles Bataillon em 6 de Janeiro de 1985. In: México en La Obra de Octavio Paz, I El Peregrino en su Patria, História Y Política de México. 3a. ed. Letras Mexicanas, ed. Fondo de Cultura Económica; México, D. F, 1992.
4 RICOEUR, Paul. Temps et Récit I, citado por Constança Marcondes Moura op. cit. p. 30
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