Cerrado é um bioma do tipo savana que ocorre no Brasil, constituindo-se num dos seis grandes biomas brasileiros.1
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[esconder]Definição[editar | editar código-fonte]
- Cerrado sensu lato, ou simplesmente cerrado: é um tipo vegetacional (também chamado tipo de vegetação ou fitocório, que é um conceito florístico, que leva em conta a composição dos grupos taxonômicos das plantas de uma comunidade, isto é, a flora). Corresponde à Oreades de Martius. É composto por três biomas(que é um conceito fisionômico-funcional, e que apesar de englobar tanto as plantas quanto os animais e microorganismos de uma comunidade, na prática, se define pela fisionomia ou aparência geral das plantas da comunidade, isto é, a vegetação - não confundir com o conceito "tipo de vegetação") e seis fisionomias (subtipos de um bioma): o bioma campo tropical (fisionomia campo limpo), o bioma savana (fisionomias campo sujo, campo cerrado e cerrado sensu stricto) e o bioma floresta estacional (fisionomia cerradão).
- Cerrado sensu stricto: uma das fisionomias do bioma savana, e parte do tipo vegetacional cerrado sensu lato.
- Cerrado, com inicial maiúscula: trata-se de um domínio fitogeográfico (área do espaço geográfico, com dimensões subcontinentais, em que predominam características morfoclimáticas - de clima e relevo - semelhantes e um certo tipo vegetacional, mas onde pode haver vários tipos vegetacionais). Nele, incluem-se o tipo vegetacional cerrado sensu lato (com seus vários biomas), além de outros tipos vegetacionais (como a floresta ripícola, o campo rupícola, a floresta estacional semidecídua, a floresta estacional decídua, o campo úmido) e outros biomas (mata ciliar, mata de galeria, mata seca, parque do cerrado, palmeiral, vereda e campo rupestre).4
Pode-se observar, então, que embora o cerrado sensu lato ou o Cerrado sejam comumente referidos, até mesmo em certos documentos oficiais do IBGE ou da Embrapa, como um bioma (que é definido a partir de características fisionômicas e ambientais, independentemente da composição taxonômica da comunidade), de acordo com o uso internacional do conceito de bioma, o correto é dizer que o cerrado (seja o tipo vegetacional ou o domínio morfoclimático) contém biomas, e não que é um bioma.
Características do cerrado[editar | editar código-fonte]
As "savanas brasileiras" — o Cerrado e a Caatinga — são uma forma de vegetação que tem diversas variações fisionômicas ao longo das grandes áreas que ocupam o território do país. É uma área zonal, como as savanas da África, e corresponde grosso modo ao Planalto Central.[carece de fontes]
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro, estendendo-se por uma área de 2.045.064 km² , abrangendo oito estados do Brasil Central: Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Bahia, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí e o Distrito Federal.
Cortado por três das maiores bacias hidrográficas da América do Sul, tem índices pluviométricos regulares que lhe propiciam sua grande biodiversidade.
- Ecossistemas do bioma cerrado do Brasil:
Há também os ecossistemas de transição com os outros biomas que fazem limite com o Cerrado.
O Cerrado possui alta biodiversidade, embora menor que a mata atlântica e a floresta amazônica. Pouco afetado até a década de 1960, está desde então crescentemente ameaçado, principalmente os cerradões, seja pela instalação de cidades e rodovias, seja pelo crescimento das monoculturas, como soja e o arroz, a pecuária intensiva, a carvoaria e o desmatamento causado pela atividade madeireira e por frequentes queimadas, devido às altas temperaturas e baixa umidade, quanto ao infortúnio do descuido humano.
Nas regiões onde o cerrado predomina, o clima é quente e há períodos de chuva e de seca, com incêndios espontâneos esporádicos, com alguns anos de intervalo entre eles, ocorrendo no período da seca.
A vegetação, em sua maior parte, é semelhante à de savana, com gramíneas, arbustos e árvores esparsas. As árvores têm caules retorcidos e raízes longas, que permitem a absorção da água - disponível nos solos do cerrado abaixo de 2 metros de profundidade, mesmo durante a estação seca do inverno.
Dependendo de sua concentração e das condições de vida do lugar, pode apresentar mudanças diferenciadas denominadas de cerradão, campestre e cerrado (latu sensu), intercalado por formações de florestas, várzeas, campos rupestres e outros. Nas matas de galeria aparecem por vezes as veredas.
Outros ecossistemas: Campo Sujo, Campo Cerrado, Cerrado Rupestre, Mata Seca ou Mata Mesofítica e Parque Cerrado.
Grande parte do Cerrado já foi destruída, em especial para a instalação de cidades e plantações, o que o torna um bioma muito mais ameaçado do que a Amazônia.5
Clima[editar | editar código-fonte]
O clima predominante no Cerrado é o Tropical Sazonal, com inverno seco. A temperatura média anual é de 25°C, podendo chegar a marcações de até 40°C na primavera. As mínimas registradas podem chegar a valores próximos de 10°C ou até menos, nos meses de maio, junho e julho.
A precipitação média anual fica entre 1 200 e 1 800 milímetros, com estação chuvosa compreendida entre outubro e abril, sendo dezembro e janeiro os meses mais chuvosos. Curtos períodos de seca, chamados de veranicos, podem ocorrer no meio da primavera e do verão. No período de maio a setembro os índices pluviométricos mensais reduzem-se bastante, podendo chegar a zero.
Nos períodos de estiagem, o solo se resseca muito, mas somente em sua parte superficial (1,5 a 2 metros de profundidade). Mas vários estudos já demonstraram que, mesmo durante a seca, as folhas das árvores perdem razoáveis quantidades de água por transpiração, evidenciando a disponibilidade deste mineral nas camadas profundas do solo. Outra evidência é a floração do ipê-amarelo na estação da seca, porém a maior demonstração deste fato é a presença de extensas plantações de eucaliptos, crescendo e produzindo plenamente, sem necessidade de irrigação e adubação .
Ventos fortes e constantes não são características gerais do Cerrado. Normalmente a atmosfera é calma e o ar fica, muitas vezes, quase parado. Em agosto costumam ocorrer algumas ventanias, levantando poeiras e cinzas de queimadas a grandes alturas, através de redemoinhos que se podem ver de longe.
A radiação solar é bastante intensa, podendo reduzir-se devido à alta nebulosidade nos meses excessivamente chuvosos do verão.
Relevo[editar | editar código-fonte]
Os pontos mais elevados do Cerrado estão na cadeia que passa por Goiás em direção sudeste-nordeste. O Pico Alto da Serra dos Pireneus, com 1 385 metros de altitude, aChapada dos Veadeiros, com 1 250 metros e outros pontos com elevações consideradas , que se estendem em direção noroeste; a Serra do Jerônimo e outras serras menores, com altitudes entre 500 e 800 metros.
O relevo é um tanto acidentado, com poucas áreas planas. Nos morros mais altos são encontrados pedregulhos, argila com inclusões de pedras e camadas de areia.
Outra formação é constituída por aflorações e rochas calcárias, com fendas, grutas e cavernas em diferentes tamanhos. Por cima das rochas há uma vegetação silvestre. Possui campos e vales com vegetação bem característica e há ainda uma floresta-galeria rodeando riachos e lagoas.
Os solos apresentam-se intemperizados, devido à alta lixiviação e possuem baixa fertilidade natural. Apresenta pH ácido, variando de 4,3 a 6,2. Possui elevado conteúdo dealumínio, baixa disponibilidade de nutrientes, como fósforo, cálcio, magnésio, potássio, matéria orgânica, zinco, argila, compondo-se de caulinita, goethita e gibbsita. O solo é bem drenado, profundo e com camadas de húmus.
Há estruturas do solo bem degradadas, devido às atividades agrícolas e pastagens, inclusive o chamado reflorestamento com Eucalyptus na década de 1960. A recuperação é muito difícil, principalmente nos cerradões, devido às características do solo e ao regime de chuvas. Pode ser tentada a revegetação associado com plantio de milho, feijão,café, freijó, maniçoba, buriti ou dendê, no sistema de agrofloresta.
Vegetação[editar | editar código-fonte]
Quem já viajou pelo interior do Brasil, através de estados como Minas Gerais,Goiás, Tocantins, Bahia, Mato Grosso ou Mato Grosso do Sul, certamente atravessou extensos chapadões, cobertos por uma vegetação de pequenas árvores retorcidas, dispersas em meio a um tapete de gramíneas - o cerrado.
Durante os meses quentes de verão, quando as chuvas se concentram e os dias são mais longos, tudo ali é muito verde. No inverno, ao contrário, o capim amarelece e seca; quase todas as árvores e arbustos, por sua vez, trocam a folhagem senescente por outra totalmente nova. Mas não o fazem todos os indivíduos a um só tempo, como nas caatingas nordestinas. Enquanto alguns ainda mantém suas folhas verdes, outros já as apresentam amarelas ou pardacentas, e outros já se despiram totalmente delas.
Assim, o cerrado não se comporta como uma vegetação caducifólia, embora cada um de seus indivíduos arbóreos e arbustivos o sejam, porém independentemente uns dos outros. Mesmo no auge da seca, o cerrado apresenta algum verde no seu estrato arbóreo-arbustivo. Suas espécies lenhosas são caducifólias, mas a vegetação como um todo não. Esta é semicaducifólia.
Flora[editar | editar código-fonte]
Mesmo que não totalmente conhecida, a flora do Cerrado é bastante diversificada. Sua cobertura vegetal é a segunda maior do Brasil, abrangendo uma área de 20% do território nacional. Apresenta as mais diversas formas de vegetação, desde campos sem árvores, ou arbustos, até o cerrado lenhoso denso com florestas-galeria. Reconhecido como a segunda savana mais rica do mundo em biodiversidade (a primeira é a savana africana que tem 10.750 espécies de plantas; 205 espécies demamíferos; 741 espécies de aves; 151 espécies de répteis; 163 de anfíbios, e é a maior formação savânica e o terceiro maior bioma do mundo com área de 8.246.082 Km²), com a presença de diversos ecossistemas, riquíssima flora com 7.000 espécies de plantas, sendo 4.000 endêmicas desse bioma.
Os campos cobrem a maior parte do território. É essencialmente coberto por gramíneas, com árvores e arbustos. É subdividido em campo de cerrado e campo limpo, que se diferenciam na formação do terreno e na composição do solo, com declives ou plano.
As árvores mais altas do Cerrado chegam a 15 metros de altura e formam estruturas irregulares. Apenas nas matas ciliares as árvores ultrapassam 25 metros e possuem normalmente folhas pequenas. Nos chapadões arenosos e nos quentes campos rupestres estão os mais exuberantes e exóticos cactos, bromeliáceas e orquídeas, contando com centenas de espécies endêmicas. E ainda existem espécies desconhecidas, que devido à ação do homem podem ser destruídas antes mesmo de serem catalogadas.
Plantas Comuns[editar | editar código-fonte]
A vegetação do Cerrado apresenta diversas paisagens florísticas diferenciadas, como os brejos, os campos alagados, os campos altos, os remanescentes de mata atlântica. Mas as fitopaisagens predominantes são aquelas dos Cerrados, como o cerrado típico, o cerradão e as veredas. Nestas, há desde palmeiras, como babaçu (Orbignya phalerata), bacuri (Platonia insignis), brejaúba (Toxophoenix aculeatissima), buriti (Mauritia flexuosa), guariroba (Syagrus oleracea), jussara (Euterpe edulis) e macaúba(Acrocomia aculeata)6 até plantas frutíferas como araticum-do-cerrado (Annona crassiflora), araçá (Psidium cattleianum), araçá-boi (Eugenia stipitata), araçá-da-mata (Myrcia glabra), araçá-roxo (Psidium myrtoides), bacuri (Scheelea phalerata), bacupari (Rheedia gardneriana), baru (Dipteryx alata), café-de-bugre (Cordia ecalyculata), figueira(Ficus guaranítica), lobeira (Solanum lycocarpum), jabuticaba (Myrciaria trunciflora), jatobá (Hymenaea courbaril), marmelinho (Diospyros inconstans), pequi (Caryocar brasiliense), goiaba (Psidium guajava), gravatá (Bromeliaceae), marmeleiro (Croton alagoensis), jenipapo (Genipa americana), ingá (Inga sp), mama-cadela (Brosimum gaudichaudii), mangaba (Hancornia speciosa), cajuzinho-do-campo (Anacardium humile), pitanga-do-cerrado (Eugenia calycina), guapeva (Fervillea trilobata), veludo-branco(Gochnatia polymorpha); Madeiras, tais quais angico-branco (Anadenanthera colubrina), angico (Anadenanthera spp), aroeira-branca (Lithraea molleoides), aroeira-do-sertão(Myracrodruon urundeuva), cedro-rosa (Cedrela fissilis), monjoleiro (Acacia polyphylla), vinhático (Plathymenia reticulata), bálsamo-do -cerrado (Styrax pohlii), pau-ferro(Caesalpinia ferrea), ipês(Tabebuia spp.), além de plantas características dos cerrados, como amendoim-do-campo (Pterogyne nitens), araticum -cagão (Annona cacans),aroeira-pimenteira (Schinus terebinthifolius), capitão-do-campo (Terminalia spp.), embaúba (Cecropia spp), guatambu-de-sapo (Chrysophyllum gonocarpum), maria-pobre(Dilodendron bipinnatum), mulungu (Erythrina spp), paineira (Ceiba speciosa), pororoca (Rapanea guianensis), quaresmeira roxa (Tibouchina granulosa), tamboril(Enterolobium spp), pata-de-vaca (Bauhinia longifólia), algodão-do-cerrado (Cocholospermum regium), assa-peixe (Vernonia polyanthes), pau-terra (Qualea grandiflora),pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), gameleira (Ficus rufa), sem falar em uma grande variedade de gramíneas, bromeliáceas, orquidáceas e outras plantas de menor porte.7
Fauna[editar | editar código-fonte]
O Cerrado apresenta grande variedade em espécies em todos os ambientes, que dispõem de muitos recursos ecológicos, abrigando comunidades de animais com abundância de indivíduos, alguns com adaptações especializadas para explorar o que fornece seu habitat.
No ambiente do Cerrado são conhecidos até o momento mais de 1.500 espécies de animais, entre vertebrados (mamiferos, aves, peixes,repteis e anfíbios) e invertebrados(insetos, moluscos, etc). Cerca de 161 das 524 espécies de mamíferos (pertencentes a 67 gêneros) estão no Cerrado. Apresenta 837 espécies de aves, 150 deanfíbios (das quais 45 são endêmicas), 120 espécies de répteis (das quais 40 são endêmicas). Apenas no Distrito Federal há 90 espécies de cupins, 1.000 espécies deborboletas e 500 de abelhas e vespas.
Devido à ação do homem, o Cerrado passou por grandes modificações, alterando os diversos habitats e, consequentemente, apresentando espécies ameaçadas de extinção. Dentre as que correm risco de desaparecer estão o tamanduá-bandeira, a anta, o lobo-guará, o pato-mergulhão, o falcão-de-peito-vermelho, o tatu-bola, o tatu-canastra, ocervo, o cachorro-vinagre, a onça-pintada, a ariranha e a lontra.
Mastofauna[editar | editar código-fonte]
Especificamente no que tange à fauna de mamíferos do cerrado, em que pesem as áreas devastadas para a agropecuária e a mineração, ela é ainda bastante diversificada, com representantes de:
- Marsupiais – gambá (Didelphis ssp.), cuíca (Gracilinanus microtarsus), cuíca-d'água (Chironectes minimus) e jaritataca (Conepatus semistriatus)
- Mustelídeos – ariranha (Pteronura brasiliensis), irara (Eira barbara), lontra (Lontra longicaudis),
- Xenartros – tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla), preguiça (Bradypus sp), tatus (Dasypodidae)
- Felídeos – gato-palheiro (Oncifelis colocolo), jaguatirica (Leopardus pardalis), jaguarundi (Herpailurus yaguarondi), onça-pintada (Panthera onca) e onça-parda (Puma concolor),
- Canídeos – cachorro-do-mato (Lycalopex gymnocercus), raposa-do-campo (Lycalopex vetulus), lobo-guará (Chrysocyon brachyurus)
- Cervídeos – veado-mateiro (Mazama americana), veado-campeiro (Mazama gouazoupira)
- Primatas – macaco-prego (Cebus apella), macaco-aranha (Ateles paniscus), saguis (Callitrichinae)
- Procionídeos - quati (Nasua spp.), mão-pelada (Procyon cancrivorus)
- Artiodáctilos- queixada (Tayassu pecari), caititu (Tayassu tajacu)
- Roedores – preá (Cavia spp), porco-espinho (Erethizontidae Hystricidae fam.), capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), cutia (Dasyprocta spp), paca (Agouti paca), ratos (Cricetidae)
- Leporídeos – tapiti (Sylvilagus brasiliensis)
- Quirópteros – morcegos (Chiroptera)
Avifauna[editar | editar código-fonte]
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Ictiofauna[editar | editar código-fonte]
Sobretudo pelo fato de ser em áreas de Cerrado que nascem rios das mais importantes bacias hidrográficas brasileiras, como as bacias Amazônica, Tocantínea, Platina e São-Franciscana, a ictiofauna é extremamente rica e diversificada. Nos rios do Cerrado, há um número bastante relevante de espécies de mariscos,e uma grande variedade de peixes, desde aqueles que são comuns até em pequenos córregos, como Piabas (Astyanax spp.); Lambaris (Deuterodon spp., Moenkhausia spp), Cará (Aequidens spp,Mesonauta spp), Bagres e Mandis (Pimelodus spp.), Mussum (Synbranchus marmoratus), Tuvira (Eigenmannia spp), até aqueles que são encontrados quase que apenas em rios e ribeirões, tais como Caranha (Piaractus spp., Pygocentrus spp.); Pacu (Colossoma spp.; Mylossoma spp.; Chaetobranchopsis spp.), Piau (Leporinus spp.), Traíra(Hoplias spp.), Piranha (Catoprion spp.), Corimbatá (Cyphocharax spp.), Dourado (Salminus spp.), Cascudo (Hypostomus spp.; Pterygoplichthys spp), Peixe-cachorro(Roeboides spp.), além de Cachorra (Hydrolycus scomberoides), Peixe cigarra (Oligosarcus hepsetus), Pirapitinga (Brycon microlepis), Abotoado (Pterodoras granulosus),Timburé (Schizodon borellii), Taguara ou Sardinha-de-água-doce (Triportheus angulatus), e espécies maiores, de couro, como Cachara (Pseudoplatystoma fasciatum), Jaú (Paulicea luetkeni), Barbado (Pinirampus pinirampus), Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) e Surubim (Sorubimichthys planiceps). Há outras espécies menos significativas numericamente, inclusive a muito rara e quase extintaPiracanjuba12 (Brycon orbignyanus).
Ameaças[editar | editar código-fonte]
Originalmente com cobertura de pouco mais de 1/5 do território brasileiro, o Cerrado sofre diversas ameaças à sua biodiversidade, principalmente por conta da profusão das atividades econômicas do agronegócioa partir da década de 1970 e que se intensificaram nos últimos anos.13 14 15 16
Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o ecossistema brasileiro que mais alterações sofreu com a ocupação humana.13 14 O bioma é considerado um dos 25 ecossistemas do planeta com alto risco de extinção.17
Um dos primeiros impactos ambientais graves na região foi causado por garimpos e a atividade mineradora em grande escala, que contaminaram os rios com mercúrio, provocaram o assoreamento dos cursos de água e, em alguns casos, chegou até mesmo a impossibilitar a própria extração do ouro rio abaixo.14 Contudo, a expansão da monocultura intensiva de grãos e da pecuária extensiva de baixa tecnologia representam a principal ameaça à biodiversidade do Cerrado.13 14 16
Segundo cálculos realizados em 1998 pelo INPE, restavam apenas 34,22% das áreas nativas remanescentes do Cerrado.16
Para estudiosos do bioma, a destruição do Cerrado é irreversível.15 Elder Dias (Outubro de 2014). Altair Sales Barbosa: “O Cerrado está extinto e isso leva ao fim dos rios e dos reservatórios de água” (emportuguês) Jornal Opção. Visitado em 28 de janeiro de 2015.</ref>16 18 Previsões apontam a extinção do bioma até o ano de 2030.16 19 A extinção do Cerrado comprometeria também o abastecimento potável em todo o Brasil, já que o fim do bioma representará a extinção dos grandes mananciais de água que abastecem as grandes bacias hidrográficas do país.15
Apesar do reconhecimento de sua importância biológica, o Cerrado é o que possui a menor porcentagem de áreas sobre proteção integral, tendo apenas 2,85% são unidades de conservação de proteção integral e 5,36% de unidades de conservação de uso sustentável, incluindo RPPNs (0,07%).13
Referências
- ↑ Os domínios de natureza no Brasil: potencialidades paisagísticas. Aziz Ab.Sáber. - São Paulo: Ateliê Editorial, 2003. ISBN 978-85-7480-355-5
- ↑ BATALHA, M.A. The Brazilian cerrado is not a biome. Biota Neotrop. 11(1):http://www.biotaneotropica.org.br/v11n1/en/abstract?inventory+bn00111012011.t
- ↑ JOLY, C.A., AIDAR, M.P.M., KLINK, C.A., McGRATH, D.G., MOREIRA, A.G., MOUTINHO, P., NEPSTAD, D.C., OLIVEIRA, A.A.; POTT, A.; RODAL, M.J.N. & SAMPAIO, E.V.S.B. 1999. Evolution of the Brazilian phytogeography classification systems: implications for biodiversity conservation. Ci. e Cult. 51: 331-348.
- ↑ http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/Agencia16/AG01/arvore/AG01_23_911200585232.html
- ↑ - O Cerrado Brasileiro -.
- ↑ Palmeiras do Cerrado
- ↑ Sobre as árvores do Cerrado
- ↑ Avifauna de um município da região dos Cerrados
- ↑ Avifauna de Catalão, na área do Cerrado
- ↑ Anseriformes do Cerrado
- ↑ Avifauna do Vale do Paranaíba, uma área de Cerrado
- ↑ Sobre a Piracanjuba
- ↑ a b c d Bioma Cerrado (em português) Ministério do Meio Ambiente. Visitado em 28 de janeiro de 2015.
- ↑ a b c d Ameaças ao Cerrado (em português) WWF. Visitado em 28 de janeiro de 2015.
- ↑ a b c Elder Dias (Outubro de 2014). Altair Sales Barbosa: “O Cerrado está extinto e isso leva ao fim dos rios e dos reservatórios de água” (em português) Jornal Opção. Visitado em 28 de janeiro de 2015.
- ↑ a b c d e Iberê Thenório (14 de agosto de 2006). Ser “celeiro do Brasil” devasta o Cerrado (em português)Repórter Brasil. Visitado em 28 de janeiro de 2015.
- ↑ Cerrado é um dos 25 ecossistemas com alto risco de extinção (em português) Terra (22 de maio de 2013). Visitado em 28 de janeiro de 2015.
- ↑ Ana Paula Marra (20 de agosto de 2006). Cerrado pode desaparecer em 30 anos, afirma biólogo (emportuguês) Agência Brasil. Visitado em 28 de janeiro de 2015.
- ↑ Ana Paula Marra (20 de agosto de 2006). Cerrado pode desaparecer em 30 anos, afirma biólogo (emportuguês) Agência Brasil. Visitado em 28 de janeiro de 2015.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- G. Gottsberger, I. Silberbauer-Gottsberger: Life in the Cerrado Reta Verlag, Ulm 2006, ISBN 3-00-017928-3 Volume 1, ISBN 3-00-017929-1 Volume 2
- OLIVEIRA, Paulo S.; Marquis, Robert J. The Cerrados of Brazil: Ecology and Natural History of a Neotropical Savanna (2002) New York City: Columbia University Press ISBN 0-231-12043-5
- BRANDÃO, M.; GAVILANES, M. L. (1992). Espécies árboreas padronizadoras do Cerrado mineiro e sua distribuição no Estado. Informe Agropecuário 16 (173): 5-11.
- BRANDÃO, M.; CARVALHO, P. G. S.; JESUÉ, G. (1992). Guia Ilustrado de Plantas do Cerrado. CEMIG.
- CASTRO, A. A. J. F., MARTINS F. R., TAMASHIRO, J. Y., SHEPHERD G. J. (1999). How rich is the flora of Brazilian Cerrados? Annals of the Missouri Botanical Garden 86 (1): 192-224.
- COUTINHO, L. M. Cerrado São Paulo: USP.
- RATTER, J.A.; RIBEIRO,J.F. & BRIDGEWATER, S. (1997) The Brazilian Cerrado vegetation and Threats to its Biodiversity. Annals of Botany, 80: pp. 223–230.
- LEITÃO FILHO, H.F. (1992). A flora arbórea dos Cerrados do Estado de São Paulo. Hoehnea 19 (1/2): 151-163.
- MENDONÇA, R. C.; FELFILI, J. M.; WALTER, B. M. T.; SILVA, M. C.; REZENDE, FILGUEIRAS, T. S.; NOGUEIRA, P. E. Flora vascular do bioma Cerrado. ("Vascular flora of Cerrado biome") IBGE
Ver também[editar | editar código-fonte]
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Frutas do Cerrado (em português)
- Plantas do Cerrado (em português)
- EMBRAPA: Bioma Cerrado (em português)
- ISPN: O Cerrado (em português)
- Herbário Digital de Plantas do Cerrado (em português)
- Ambiente Brasil (em português)
- Ibama (em português)
- Fotos do Cerrado (em português)
- "2006 World Food Prize winners opened Brazil's 'closed lands'" (em inglês)
- Cerrado (World Wildlife Fund) (em inglês)
- Cerrado biodiversity Hotspot (Conservation International) (em inglês)
- Nature Conservancy in Brazil - Cerrado (em inglês)
- The Biodiversity of the Brazilian Cerrado (em inglês)
- Educação Meio Ambiente (em português)
Podemos encontrar a vegetação de cerrado, principalmente, na região centro-oeste do Brasil, ou seja, nos estados do Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás e Tocantins. Está presente também nas seguintes regiões: oeste de Minas Gerais e sul do Maranhão e Piauí.
O cerrado é uma vegetação típica de locais com as estações climáticas bem definidas (uma época bem chuvosa e outra seca) e regiões de solo de composição arenosa.
Características do Cerrado:
- presença marcante de árvores de galhos tortuosos e de pequeno porte;
- as raízes destes arbustos são profundas (propriedade para a busca de água em regiões profundas do solo, em épocas de seca);
- as cascas destas árvores são duras e grossas;
- as folhas são cobertas de pêlos;
- presença de gramíneas e ciperáceas no estrado das árvores.
Animais do Cerrado
As principais espécies de animais encontradas no Cerrado são: anta, cervo, onça-pintada, cachorro-vinagre, lobo-guará, lontra, tamanduá-bandeira, gambá, ariranha, gato-palheiro, veado-mateiro, cachorro-do-mato, macaco-prego, quati, queixada, porco-espinho, capivara, tapiti e preá.
Desmatamento do Cerrado
Infelizmente, em função do avanço da agricultura nesta região, principalmente de soja, o cerrado vem diminuindo de tamanho com o passar dos anos. O crescimento da pecuária de corte também tem colaborado para a diminuição deste tipo de vegetação. Ambientalistas afirmam que, nos últimos 50 anos, a vegetação do cerrado diminuiu para a metade do tamanho original. De acordo com dados de 2010, 49,1% da vegetação nativa (original) do cerrado já havia sido desmatada. Dos 2.038.953 km² da área original do cerrado, apenas 1.038.605 km² (50,9%) encontra-se preservada.
Curiosidades:
- Os principais arbustos encontrados no cerrado são: pau-santo, pequi e lixeira.
- É comemorado em 11 de setembro o Dia do Cerrado.O cerrado é a segunda maior formação vegetal do Brasil. Sua ocupação original, antes de ser devastada, ocupava uma área aproximada de 2 milhões de km², atualmente restam apenas 20% desse total. É o bioma que mais sofreu impacto em razão da ocupação humana.
Formado por tipos fitofisionômicos característicos de regiões tropicais: cerradão, cerrado limpo, cerrado sujo, campo rupestre, veredas e matas ciliares, abriga plantas arbóreas de aparência seca com caules retorcidos e revestidos por casca espessa, entre outras espécies de arbustos e gramíneas.
O clima desse ecossistema é bem regular, caracterizado por duas estações climáticas bem definidas: verão chuvoso e inverno seco. Por esse motivo e em virtude da profundidade do solo e do lençol freático, o sistema radicular passou por adaptação e se desenvolveu para uma maior captação de água.
Estima-se que esse bioma, com tamanha riqueza biológica, apresente uma biodiversidade com mais de 10 mil espécies de vegetais, além de uma fauna bem distinta e exótica, com 837 espécies de aves e 161 de mamíferos.
No entanto, todo esse espetáculo de vida, onde muitos imaginam o oposto, vem sendo seriamente afetado pela caça predatória, o comércio ilegal de animais, a intensa atividade garimpeira e o desmatamento com fins econômicos voltados para a pecuária extensiva e agricultura mecanizada, restringindo o cerrado a parques e reservas.
Por Krukemberghe Fonseca
Graduado em Biologia
Equipe Brasil EscolaA palavra Cerrado tem origem no Espanhol significando “fechado”. Ela vem tentar traduzir a característica geral do bioma, de uma vegetação densa de arbustos e gramíneas, com árvores baixas e tortuosas que ali ocorrem. É um termo de múltiplos sentidos: além de nomear o bioma, também designa seus tipos de vegetação, as formas de vegetação que o compõe, bem como pode qualificar características estruturais ou florísticas particulares de determinadas regiões. Esta pluralidade de sentidos pode dificultar uma conceituação única, mas reflete a imensa diversidade da região.
Graduado em Biologia
Equipe Brasil EscolaA palavra Cerrado tem origem no Espanhol significando “fechado”. Ela vem tentar traduzir a característica geral do bioma, de uma vegetação densa de arbustos e gramíneas, com árvores baixas e tortuosas que ali ocorrem. É um termo de múltiplos sentidos: além de nomear o bioma, também designa seus tipos de vegetação, as formas de vegetação que o compõe, bem como pode qualificar características estruturais ou florísticas particulares de determinadas regiões. Esta pluralidade de sentidos pode dificultar uma conceituação única, mas reflete a imensa diversidade da região.
De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Cerrado ocupa uma área de 2.036.448 km², cerca de 22% do território nacional. Isto faz dele o segundo maior bioma do Brasil e da América do Sul, perdendo apenas para a Amazônia. Esta imensa área encobre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos porções no Amapá, Roraima e Amazonas. As três maiores bacias hidrográficas do continente encontram suas nascentes nesta área: Bacias Amazônica, do São Francisco e do Prata, o que favorece a sua biodiversidade.
A maior parte do bioma do Cerrado se distribui em área de clima tropical sazonal de inverno seco - semelhante à savana do continente africano (daí o apelido de "savana brasileira"). É um clima quente e quase sem ventos: a temperatura média anual varia entre 21ºC e 27ºC, podendo chegar a marcações de até 40°C na primavera. As mínimas registradas podem chegar a valores próximos de 10°C ou até menos, nos meses de maio, junho e julho. A região apresenta uma divisão bem definida em relação ao clima e ao regime de chuvas. Entre maio e setembro o Cerrado permanece seco, de outubro a abril, chuvoso.
Em razão de fatores ambientais tais como regime de fogo, clima, a fertilidade e drenagem solo, relevo e, inclusive, interferência humana, a vegetação não possui uma fisionomia única em toda a sua extensão. Pelo contrário, ela é bem diversificada, apresentando desde formas campestres bem abertas, os campos limpos de cerrado, até formas relativamente densas, florestais, como os cerradões.
Esta diversidade também se verifica na flora e fauna do bioma: o Cerrado abriga 11.627 espécies de plantas nativas, com 4.400 endêmicas (exclusivas) dessa área. Cerca de 199 espécies de mamíferos e 837 espécies de aves. São 1200 espécies de peixes, 180 espécies de répteis (28% endêmicas) e 150 espécies de anfíbios (17% endêmicas). Ainda é refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos.
Mesmo assim, o risco de extinção é presente para várias espécies de plantas e animais. Novamente baseado em dados do MMA, estima-se que 20% das espécies nativas e endêmicas já não ocorrem em áreas protegidas e que pelo menos 137 espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de extinção. A ocupação humana exerceu, e exerce, grande pressão sobre o bioma, com a abertura de novas áreas para a expansão da fronteira agrícola e a exploração predatória de seu material lenhoso para produção de carvão.
Embora o risco e importância biológica sejam conhecidos, dentre os biomas brasileiros o Cerrado é o que possui a menor porcentagem de áreas sobre proteção integral. Apenas 8,21% de seu território legalmente protegido porunidades de conservação.
Saiba Mais
Ministério do Meio Ambiente (MMA)
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
Cerrado (Wikipedia)
Ferreira, Idelvone Mendes. 2009. Bioma Cerrado: Um estudo das paisagens do cerrado.
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Cerrado no ((o))ecoO Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território nacional. A sua área contínua incide sobre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas. Neste espaço territorial encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em um elevado potencial aquífero e favorece a sua biodiversidade.
Ministério do Meio Ambiente (MMA)
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis.
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz)
Cerrado (Wikipedia)
Ferreira, Idelvone Mendes. 2009. Bioma Cerrado: Um estudo das paisagens do cerrado.
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Cerrado no ((o))ecoO Cerrado é o segundo maior bioma da América do Sul, ocupando uma área de 2.036.448 km2, cerca de 22% do território nacional. A sua área contínua incide sobre os estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo e Distrito Federal, além dos encraves no Amapá, Roraima e Amazonas. Neste espaço territorial encontram-se as nascentes das três maiores bacias hidrográficas da América do Sul (Amazônica/Tocantins, São Francisco e Prata), o que resulta em um elevado potencial aquífero e favorece a sua biodiversidade.
Considerado como um hotspots mundiais de biodiversidade, o Cerrado apresenta extrema abundância de espécies endêmicas e sofre uma excepcional perda de habitat. Do ponto de vista da diversidade biológica, o Cerrado brasileiro é reconhecido como a savana mais rica do mundo, abrigando 11.627 espécies de plantas nativas já catalogadas. Existe uma grande diversidade de habitats, que determinam uma notável alternância de espécies entre diferentes fitofisionomias. Cerca de 199 espécies de mamíferos são conhecidas, e a rica avifauna compreende cerca de 837 espécies. Os números de peixes (1200 espécies), répteis (180 espécies) e anfíbios (150 espécies) são elevados. O número de peixes endêmicos não é conhecido, porém os valores são bastante altos para anfíbios e répteis: 28% e 17%, respectivamente. De acordo com estimativas recentes, o Cerrado é o refúgio de 13% das borboletas, 35% das abelhas e 23% dos cupins dos trópicos.
Além dos aspectos ambientais, o Cerrado tem grande importância social. Muitas populações sobrevivem de seus recursos naturais, incluindo etnias indígenas, quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos, babaçueiras, vazanteiros e comunidades quilombolas que, juntas, fazem parte do patrimônio histórico e cultural brasileiro, e detêm um conhecimento tradicional de sua biodiversidade. Mais de 220 espécies têm uso medicinal e mais 416 podem ser usadas na recuperação de solos degradados, como barreiras contra o vento, proteção contra a erosão, ou para criar habitat de predadores naturais de pragas. Mais de 10 tipos de frutos comestíveis são regularmente consumidos pela população local e vendidos nos centros urbanos, como os frutos do Pequi (Caryocar brasiliense), Buriti (Mauritia flexuosa), Mangaba (Hancornia speciosa), Cagaita (Eugenia dysenterica), Bacupari (Salacia crassifolia), Cajuzinho do cerrado (Anacardium humile), Araticum (Annona crassifolia) e as sementes do Barú (Dipteryx alata).
Contudo, inúmeras espécies de plantas e animais correm risco de extinção. Estima-se que 20% das espécies nativas e endêmicas já não ocorram em áreas protegidas e que pelo menos 137 espécies de animais que ocorrem no Cerrado estão ameaçadas de extinção. Depois da Mata Atlântica, o Cerrado é o bioma brasileiro que mais sofreu alterações com a ocupação humana. Com a crescente pressão para a abertura de novas áreas, visando incrementar a produção de carne e grãos para exportação, tem havido um progressivo esgotamento dos recursos naturais da região. Nas três últimas décadas, o Cerrado vem sendo degradado pela expansão da fronteira agrícola brasileira. Além disso, o bioma Cerrado é palco de uma exploração extremamente predatória de seu material lenhoso para produção de carvão.
Apesar do reconhecimento de sua importância biológica, de todos os hotspots mundiais, o Cerrado é o que possui a menor porcentagem de áreas sobre proteção integral. O Bioma apresenta 8,21% de seu território legalmente protegido por unidades de conservação; desse total, 2,85% são unidades de conservação de proteção integral e 5,36% de unidades de conservação de uso sustentável, incluindo RPPNs (0,07%).
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