quarta-feira, 22 de julho de 2015

DEUS

O que é Deus? Quem é Deus? Existe? Ou é mera invenção humana? O que significa Deus?
Se algum desconhecido me perguntar diretamente se eu acredito em Deus e exigir apenas Sim ou Não como resposta, eu não saberia o que dizer. Pelo simples fato de que eu não saberia sobre que Deus essa pessoa estaria falando.

Sinceramente não creio que haja uma palavra mais mal compreendida, confusa e multi signficativa do que Deus.

A palavra "deus" deriva da palavra grega "teo", que por si só pode significar não apenas um tipo específico de deus monoteísta, mas também qualquer tipo de divindade ou "princípio" divino.

Quando um brasileiro usa a palavra Deus, não há como saber superficialmente se ele está se referindo a uma concepção de Deus Panteísta como o da maioria das religiões espiritistas, a um específico deus de um panteão qualquer, ao Deus monoteísta ao estilo Judáico-Cristão, ou mesmo a alguma idéia mais abstrata tal como uma simples Consciência Universal, uma Inteligência Oculta ou mesmo as simples leis de causa e efeito da natureza.

Para deixar logo de imediato minha opinião sobre o assunto declaro que:
ACREDITO QUE POSSA EXISTIR UMA "INTELIGÊNCIA" SUPREMA NO UNIVERSO. INCOGNOSCÍVEL E NÃO INTERFERENTE DE FORMA DIRETA EM NOSSAS VIDAS
Mas agora, apenas para mostrar o quão complexa é a questão, verifiquemos o significado de diversas palavras diretamente relacionadas ao termo Deus.

DEUS: Qualquer entidade cujos atributos estão acima das capacidades humanas.

TEÍSMO: Qualquer idéia de que há um Deus supremo ou vários deuses que se relacionam diretamente com o Universo

DEÍSMO: Idéia de que há um Deus, mas este não se relaciona diretamente com o Universo, tendo-o criado e depois se afastado, eliminando a possibilidade de haver revelações divinas ou qualquer comunicação com tal divindade.

ATEÍSMO: Concepção de que não há qualquer forma de Deus, mas que não necessariamente invalida um plano transcendente.

AGNOSTICISMO: Posição que declara não ser possível "Nenhum conhecimento" confiável a respeito de Deus. Seus partidários embora em geral não neguem a existência de Deus, não seguem qualquer religião.

PANTEÍSMO: "Pan" significa Natureza. Idéia de que Tudo é Deus. Que todos os elementos e coisas existentes são o próprio "corpo" de Deus, e mesmo que possua uma dimensão invisível, transcendente, está intimamente ligado a natureza e relacionado a todos os eventos.

PANENTEÍSMO: Variação do Panteísmo Transcendente onde a "alma" do universo porém excede em muito o "corpo", de modo que Deus e a Natureza não são a mesma coisa, mas Deus é ONIPRESENTE em tudo, característica que pode gerar confusão com o Monoteísmo.

POLITEÍSMO: Idéia de que existem vários deuses independentes, que geralmente representam aspectos específicos da natureza, mas não são a própria natureza, e que geralmente se sucedem através de gerações.

HENOTEÍSMO: Concepção de que existem vários deuses mas que um possui a qualidade suprema.

MONOTEÍSMO: Idéia de que existe um único Deus supremo sobre todas as outras criaturas, que é princípio e fim de todas as coisas e que criou o Universo estando separado dele. Pode confundir-se com Henoteísmo, e por vezes com o Politeísmo, por admitir a existência de outras criaturas divinas como Anjos, mas que nesse caso, não são chamadas de deuses, e estão claramente subordinados a entidade máxima que é Eterna e Imutável.

TEOCRACIA: Sistema de governo subordinado a uma religião, através de uma classe sacerdotal e, ou, um código de leis sagradas.

METAFÍSICA: Parte da Filosofia que aborda questões que transcendem o plano físico e a natureza sensível, embora mais num sentido de fundamentação do conhecimento.

SOBRENATURAL: Qualquer coisa que, teoricamente, esteja além da natureza, quer por ser inexplicável em termos naturalistas, ou por não estar restrita a fenômenos naturais.

TEOLOGIA: Parte da Filosofia que estuda a idéia e concepção de Deus.

Palavras secundariamente relacionadas:
MONISMO: Idéia de que todo o Universo pode ser visto através de uma única substância, reduzido a uma única essência, que pode estar associado à idéia de Deus e mais aproximadamente de um Deus Panteísta.
DUALISMO: Concepção de que o Universo é composto fundamentalmente por duas forças primárias, princípios complementares, substâncias equivalentes e distintas, que podem se harmonizar ou não dependendo de suas proporções estarem ou não em equilíbrio. Só poderiam ser reduzidas a uma, se puderem, num plano transcendente.
MANIQUEÍSMO: Religião fundada na Pérsia no século III que propunha de que o Universo é constituído de dois princípios fundamentais opostos que se repelem e não podem se harmonizar, no caso o Bem e o Mal. Nome também usado para designar qualquer concepção de Dualismo desarmônico e conflitivo.
MONOLATRIA: Adoração centrada num único ponto. Geralmente no Politeísmo, onde ocorre a adoração de uma só divindade embora não implique sempre em Henoteísmo. Muitas vezes o foco da adoração se desloca para uma figura humana, um Governante, Rei, Imperador, ao qual se atribuem qualidades divinas.
NIILISMO: Crença que não há qualquer forma de deus, transcêndencia, ética ou moral superiores. Descrença absoluta.
MATERIALISMO: Forma de MONISMO onde a substância é a Matéria, reduzindo todo o universo e os fenômenos a causas materiais.
ESPIRITUALISMO: DUALISMO onde além da Matéria, haveria uma substância sutil adicional, que constituiria inclusiva nossa mente, ou parte dela, e um plano imaterial imperceptível pelos sentidos.
FISICALISMO: Doutrina que visa explicar todos os fenômenos existentes pelo ponto de vista unicamente físico, sem apelar para qualquer conteúdo Metafísico.
HEDONISMO: Modo de vida que se ocupa unicamente da busca do prazer e satisfação pessoal.
CETICISMO: Posição crítica que rejeita alegações sem uma boa fundamentação e apresentação de evidências convincentes, principalmente se de caráter extraordinário.
SOLIPSISMO: Proposição de que o Eu é a única realidade comprovada, e todas as demais coisas podem ser projeções da mente individual.
EXISTENCIALISMO: Doutrina que prega que o ser humano é quem determina todos os eventos a partir de sua própria escolha, sendo totalmente livre para fazer o que quiser, não havendo qualquer impedimento de ordem divina, moral ou ética. Nesta concepção a Existência precede a Essência do Ser, que na verdade é um Não-Ser, um vazio.
Creio que este simples glossário possa evidenciar a complexidade dessa questão que ao longo da história vem sendo abordada das mais diversas formas possíveis. Há muitas proposições que visam comprovar ou reprovar a existência de um princípio divino no Universo, porém, pelo meu ponto de vista, o estabelecimento de uma certeza com relação a essa questão é praticamente impossível.

É evidente que sob qualquer concepção séria, Deus não pode ser diretamente percebido pelos sentidos, e mesmo que o pudesse, a simples inconfiabilidade dos sentidos seria suficiente para que qualquer certeza nesse campo estivesse anulada. Sendo assim, Deus está fora do escopo da Ciência enquanto atividade Empírica.

Dessa forma a única maneira de se abordar a questão é pela Filosofia. Antes de fazê-lo porém, gostaria de estabelecer algumas proposições que auxiliam na questão.
AUSÊNCIA DE EVIDÊNCIA NÃO É EVIDÊNCIA DE AUSÊNCIA.

Esta frase famosa diz que o fato de não podermos perceber algo não significa que este não exista, isso deveria ser óbvio, todavia inúmeras pessoas declaram a inexistência de algo apenas por nunca a terem experienciado.

NÃO EXISTEM PROVAS DE NÃO-EXISTÊNCIA.

Significa que não se pode provar definitivamente que algo não exista. Mais provável é o contrário. Eu só preciso provar um único fenômeno para demonstrar que o mesmo existe, mas não tenho como demonstrar sua não existência a não ser negando alegações mal fundamentadas.

Exemplificando: Para provar que existe um Coelho Verde basta apresentar um, mas eu não posso vasculhar o mundo inteiro em cada metro quadrado para mostrar que o mesmo não exista em algum lugar. Eu poderia entretando demonstrar que um suposto Coelho Verde seja uma fraude, mas isso mostra apenas que não se provou a existência de tal Coelho, não garante que ele não exista em algum outro lugar.

Por essas duas proposições anteriores, fica claro que é mais provável provar alguma coisa, inclusive Deus, positivamente do que negativamente. Entretanto podemos sim demonstrar a inconsistência de determinadas proposições Teístas, principalmente a mais difundida de todas, a Monoteísta Judaíco-Cristã-Islâmica.

Para prosseguir nessa abordagem só me resta estebelecer alguns nomes para evitar confusões. A palavra Deus será usada sempre da forma mais genérica possível, não significando então nenhum Deus específico. Quanto aos Deuses das diversas religiões, todos podem ser chamados por nomes específicos, como se segue no caso das religiões monoteístas.

Bhramanismo
BHRAMA
Cristianismo
IAVÉ, ou JEOVÁ
Zoroastrismo
AHURA MAZDA
Islamismo
ALÁ
Judaísmo
YHWH
Sikhismo
NAM
Na maioria dos casos tais nomes não possuem um significado muito específico. ALÁ por exemplo é apenas a palavra "Deus" em árabe, o tetragrama impronunciável YHWH, geralmente corrupetalado para IAVÉ, e do qual decorre a grosseira falha de tradução que resulta em JEOVÁ, significa basicamente "EU SOU". Além do Deus cristão, o bhramane é o único que também possui uma natureza Trinitária.
Quando ao Espíritismo Kardecista, ao qual resisto em classificar como Monoteísta e que apresenta a meu ver uma das mais convincentes proposições Teístas, ocorre o problema de não haver um nome específico para a divindade, por tanto sempre me referirei a ela como "Deus Kardecista" ou algo parecido.
O INSUSTENTÁVEL MONOTEÍSMO TRADICIONAL DO OCIDENTE
A crítica que se segue tem como alvo o Monoteísmo Cristão, e em menor grau o Judáico e Islâmico, não afetando outras formas de monoteísmo. É importante lembrar que tal crítica em si não invalida por completo todas as teologias desenvolvidas por essas religiões, mas apenas aquelas mais disseminadas, o que infelizmente corresponde a maioria esmagadora. O fato de, diferente da Trindade do Cristianismo, Judaísmo e Islamismo não aceitarem qualquer subdivisão da unicidade de Deus, também não é aqui relevante.
O problema desse tipo de Monoteísmo já vem sendo abordado de várias formas há milhares de anos, e sua mais famosa expressão é objeto de estudo de uma das partes da Teologia, a TEODICÉIA.
Uma vez que se propõe que JEOVÁ é ONIPRESENTE, ONISCIENTE e ONIPOTENTE, além de ETERNO e IMUTÁVEL, fica claro que absolutamente nada está fora de seu poder e conhecimento, sendo assim, por que existe aquilo que esse mesmo monoteísmo classifica como sendo o Mal?
Por que JEOVÁ criou os anjos e os humanos já sabendo que um deles se rebelaria e que disso resultaria toda a saga do mundo após a queda do homem? Se ele não pudesse prever o que ocorreria, então não seria ONISCIENTE, pois ONISCIÊNCIA absoluta incluiu o conhecimento pleno do Futuro e do Passado, se ele sabendo não pudesse evitar, não seria ONIPOTENTE.
Sendo assim é inevitável aceitar que tudo o que ocorre no universo, inclusive todas as mazelas do mundo, são responsabilidade direta deste Deus. E não adianta utilizar o velho Sofisma Agostiniano de que o Livre Arbítrio humano é o responsável pela existência do Mal, pois isso não remove a responsabilidade de JEOVÁ se ele tem poder absoluto acima de tudo. (Este tema é analisado em detalhes na monografia DEUS ME LIVRE (2003), onde faço uma análise sistemática da obra 'O Livre Arbítrio' de Santo Agostinho.)
Na realiade sequer existiria Livre Arbitrio, pois todo o destino já estaria traçado dentro da "mente" de JEOVÁ, e os humanos e mesmo os anjos não teriam poder para alterá-lo, portanto tudo o que fazemos não é realmente resultado de nossas vontades e escolhas, mas sim, é predeterminado por JEOVÁ.
Além disso, um Livre Arbítrio que exige uma conduta específica que do contrário resultaria numa pena severíssima, é um falso Livre Arbítrio.
O problema porém surge quando se propõe um dos pontos chaves e clássicos da Doutrina Cristã, o da Justiça Divina, que se relaciona com a premiação e punição dos Anjos e Humanos devido as suas escolhas. Em geral a SOTERIOLOGIA, parte da Teologia que estuda a doutrina da salvação, compartilha a visão do julgamento divino e da sorte diferenciada dos seres, onde alguns receberão o gozo perpétuo e outros a aflição perpétua.
Fica impossível contestar o fato de que então, desde o princípio, JEOVÁ planeja, cria, dá a vida, e dá como destino a bilhões de seres humanos um indizível sofrimento infinito num plano existencial infernal, deliberadamente. Não há como negar que Ele é o responsável por tudo isso. Portanto:
JEOVÁ CRIA HUMANOS PARA SEREM LANÇADOS NO INFERNO INTENCIONALMENTE SEM QUALQUER POSSIBILIDADE DESTES EVITAREM ISSO.
Esta á a Doutrina da PREDESTINAÇÃO, proposta inicialmente pelo protestante João Calvino, e que influencia a maior parte das designações protestantes cristãs. Afirma que JEOVÁ cria o Ser Humano e lhe concede Livre Arbítrio, mas já sabe de antemão quais serão as escolhas dele e qual será seu destino. Sendo assim, bem poderia não tê-lo criado, ou o criar com um natureza diferente, um Livre Arbítrio inclinado para a salvação. Se ele não puder fazer isso, não será Onipotente.
O FATOR LÓGICO
Até aqui na verdade, não há de fato nenhuma contradição lógica em si, mas já fica impossível atribuir a JEOVÁ qualquer conceito de Justiça e Bondade humanamente aceitável. Ou seja, pelos parâmetros humanos, JEOVÁ é infinitamente Cruel!
Tentando atenuar isso, já se produziram várias Teodicéias que em geral não encontram outra solução que estabelecer um Dogma que afirma a impossibilidade de se compreender o desígnio divino, ou que tenta relativizar o conceito de Mal, ou então romper com a Soteriologia tradicional do Cristianismo.
Se aceitarmos o Dogma da Incognoscibilidade, colocamos a Teologia em xeque. Ela seria uma atividade inútil. De nada valeria então toda a nossa elaboração teórica para compreender as revelações divinas. Dessa forma, todas as doutrinas perdem sua base como atividade humana, inutiliza-se então a religião como algo praticável, pois tudo estaria apoiado sobre algo que afinal não compreendemos em essência. Por que então haveria a revelação? Se esta não pode ser compreendida. Para quê Leis trazidas por profetas? Se nada do que fizermos mudará nosso destino. Toda a religião não passaria de um engodo, um abissal amontoado de supertições.
Pode-se no máximo argumentar que os Dogmas ocupam apenas alguns aspectos da doutrina, ainda que os mais importantes, mas fica inegável a característica de irracionalidade, ainda que com o nome de Fé ou Graça, e a constatação que toda a demais teologia compreensível é no máximo um passatempo sem qualquer valor prático.
Se aceitarmos a relativização do conceito de Mal, como entender que na realidade não exista o Mal em si, e sim apenas uma ilusão, então os preceitos clássicos da religião ficam abalados. Não haveria então o pecado, e sem o tal nem mesmo qualquer forma de punição, ou mesmo sofrimento. O próprio Inferno seria ilusório assim como o sofrimento. Isso retira por completo a força argumentativa da doutrina.
A única saída a meu ver, será como veremos mais adiante, romper com certos estabelecimentos tradicionais do Cristianismo.
Mas a grande contradição não está na verdade, nesse conteúdo emotivo da doutrina, que coloca a existência de todas as desgraças, todos os sofrimento, como sendo resultado da ação direta, intencional e plenamente consciente de JEOVÁ.
A contradição está na verdade na alteração de estado da criação em relação aos atributos de IMUTABILIDADE e ETERNIDADE divinas.
É inegável que o Universo logo após a criação é diferente do que virá logo após o Dia do Juízo. Ou seja, há duas realidades distintas completamente diferentes separadas por um certo intervalo de tempo.
Se esse Deus é então ONIPRESENTE a toda a sua criação, é inegável que ele se relaciona com a mesma, então como poderia ele ser IMUTÁVEL?
Simplificando, se JEOVÁ é ETERNO e IMUTÁVEL, ou seja, pleno em todas as suas perfeições, por que então ele criaria um Universo temporal que é mutável? Não se pode produzir algo intencionalmente sem um propósito, qual seria então o proposito de um SER absolutamente perfeito?
Qual a função da Criação? Se nada falta a JEOVÁ?
Se a Criação tivesse apenas um objetivo em si própria, o papel então de sua expressão máxima, o Ser Humano, deveria ser muito mais independente da natureza divina do Deus. Então por que não permitir a este Ser Humano uma verdadeira liberdade de ação em um Universo que só tem sentido para ele próprio?
Como aceitar que o JEOVÁ da recém criação, que convive, intereage, delega, e se relaciona apenas com seres quase perfeitos, os anjos, num universo perfeito, o mundo recém-criado, e o primeiro casal ainda no Éden, seja o mesmíssimo JEOVÁ que convive, interage, delega e se relaciona com um universo onde há uma parte da humanidade vivendo no Paraíso, e parte sofrendo no Inferno, incluindo um ou dois terços dos anjos no lago de fogo e enxofre, seres que antes foram quase perfeitos?
Fazendo a comparação, uma pessoa que vive numa belíssima casa não o faz da mesma forma que se vivesse numa casa de péssimas condições, suas impressões, sentimentos, atitudes, mudariam, ela mudaria, a não ser que ela ignorasse por completo a casa. Da mesma forma a não ser que JEOVÁ ignorasse por completo sua criação, não há como aceitar que sendo o Universo uma expressão de seu poder, irá existir em tempos distintos de formas tão distintas, sem afetar de alguma forma as caracteristicas deste Deus.
Sintetizando:
SE JEOVÁ EXISTIA ETERNAMENTE ANTES DA CRIAÇÃO, E ENTÃO DEU ORIGEM A UMA CRIAÇÃO, ENTÃO NÃO É IMUTÁVEL, SUFICIENTE EM SI MESMO, E PERFEITO.
A SOLUÇÃO PARA O IMPASSE
Esse problema já era exposto desde os primórdios do Cristianismo, e uma de suas formas era com a pergunta: "O que Deus fazia antes de criar o Universo?"
Seria ingenuidade crer que isso é suficiente para neutralizar a teologia cristã. Com quase dois mil anos de elaboração e tendo em sua tradição brilhantes mentes ao longo da história, não são simples perguntas e raciocínios aparentemente inescapáveis que irão demolir a trabalho milenar de filósofos que remontam até o helenismo.
As duas contradições citadas acima, entre os ONI atributos de JEOVÁ e o Livro Arbítrio, e entre a Imutabilidade e a criação temporal, costumam receber o nome de ANTINOMIA, um paradoxo que só pode ser aceito pela fé.
Orígenes de Alexandria, no século II dC, já propunha uma resposta que, infelizmente, jamais foi muito aceita na doutrina cristã. Trata-se da APOCATÁSTASE (Restauração), ou UNIVERSALISMO, também conhecida como ORIGENISMO.
Segundo essa proposição, ao final de todos os eventos apocalípticos previstos nas escrituras, todo o Universo seria revertido ao estado de perfeição original. Essa restauração eliminaria todas as divisões, inclusive entre o Inferno, a Terra e o Céu, e todos os seres seriam reintegrados à divindade. Enfim, mesmo Satan seria perdoado.
Com essa idéia, e acentuando essa reversão, a Criação seria desfeita até o estado onde antes só houvera JEOVÁ e o vazio. Tendo isto, fica aberta a idéia de que a Criação poderá ocorrer novamente da estaca zero, para depois ser encerrada de novo, e de novo. É evidente de que houveram infinitas criações anteriores e haverão posteriores. Sendo assim, o Universo seria infinitamente criado e desfeito, num ciclo eterno.
Essa idéia elimina o problema da contradição entre a existência eterna, perfeição e imutabilidade divina, e a criação temporal isolada no tempo. Pois deus recriaria o Universo incessantemente, e esse ciclo faria parte de sua natureza, essa constante atividade estaria inclusa na sua imutabilidade, que não seria um estado em si, mas um processo imutável.
Essa idéia é parte integrante de duas outras religiões monoteístas. O Bhramanismo e o Shikismo indianos, e abre espaço para várias outras elaborações, inclusive a que permite uma maior veracidade do Livre Arbítrio.
A APOCATÁSTASE exige também um conceito que embora não maioritário na doutrina cristã, é de bem maior aceitação, o ANIQUILACIONISMO, que diz que os condenados ao Inferno não sofrerão perpétuamente e sim serão aniquilados, deixarão de existir após um certo período de tempo. Algumas designações cristãs como os ADVENTISTAS DO 7o DIA e os TESTEMUNHAS DE JEOVÁ são adeptos dessa doutrina.
Porém é muito grande a insistência das maioria das teologias cristãs em manter um doutrina completamente insustentável racionalmente, o da Punição e Graça Pérpetuas.
PUNIÇÃO "ETERNA"
A crença no tormento eterno para os infiéis é uma das mais notáveis, marcantes, incômodas, e sem dúvida a mais execrável de todas as proposições das teologias monoteístas tradicionais.
Ela elimina qualquer possibilidade de se defender a idéia de que JEOVÁ seja um ser bondoso, amoroso ou piedoso em qualquer parâmetro humanamente compreensível. Pior, ela torna impossível defender a idéia sequer de que Ele seja um ser Justo e Inteligente.
Isso pode ser facilmente demonstrável por uma alegoria. Sabemos que os delitos podem ser punidos com penas diferentes de acordo com a gravidade da infração, como por exemplo:
O Roubo de um pão: - 1 Dia de prisão
Crime Hediondo Brutal: - 50 Anos de prisão.
Está implícito que de certa forma, o Crime Hedindo Brutal é cerca de 18.262 vezes e meia mais grave que o roubo do pão, pois para o mesmo é aplicado 50 x 365,25 dias de prisão. Isso sem dúvida é algo que podemos considerar como justiça pelos parâmetros humanos, ainda nos padrões do senso comum.
Seria justo porém, que a punição para os dois crimes acima fosse a mesma?
Se considerarmos que não, então não temos como aplicar qualquer concepção humana de justiça à idéia de "Punição Eterna", pois pela maioria das teologias convencionais, não são apenas os mais hediondos e brutais crimes imagináveis que serão punidos com o tormento infinito.
Segundo o Islamismo, uma pessoa, por mais íntegra, caridosa, sensível e justa que seja, será atirada ao ignominioso castigo interminável se simplesmente não acreditar na existência de ALÁ. Segundo a Teologia da maior parte das designações protestantes, a mesma pessoa terá o mesmo destino se não aceitar o dogma de que todos os humanos são inerentemente pecadores e só se salvam pela fé em Jesus Cristo.
Por outro lado, mesmo após praticar crimes extremamente terríveis, o indivíduo poderia obter a Graça Infinita se realizar sua conversão e abraçar a fé.
Dessa forma, se torna possível igualar um Ser Humano que só cometa um leve delito, ao mais horrendo dos psicopatas de todo os tempos. Ao mesmo tempo que esse psicopata extremo possa ser subitamente igualado ao mais louvável dos Seres Humanos, se ele cumprir, ao final de toda uma vida de crimes, as exigências de uma conversão religiosa.
Se considerarmos praticamente todos os parâmetros humanos de justiça, é impossível considerar justos esses procedimentos de punição e premiação, entretanto ainda podemos apelar para o super relativismo, de que tais parâmetros de justiça não são humanos, ou ainda os inúmeros recursos racionais possíveis para se fazer valer um ponto de vista específico contra os tradicionais pontos de vista da ótica humana.
O único ponto entretanto que não pode ser superado pela razão é o conteúdo "Eterno" desta Punição ou Salvação divinas. Esse peculiar elemento torna a doutrina racionalmente incompreensível.
Trata-se da incoerência lógica de se relacionar diretamente um evento temporal com um evento supra temporal, "Eterno". Como veremos a seguir.
(Deve-se considerar, porém, que a graça divina não se relaciona à idéia de justiça retributiva, mas simplesmente à escolha de certas qualidades psicológicas presentes ignorando o contexto passado. Ora, uma pessoa pode cumprir integralmente a pena para um crime que cometeu, e continuar disposta a praticá-lo. A punição não garante a purificação. Por outro lado, alguém pode jamais ser punido por um crime mas terminar por se aperfeiçoar interiormente até o ponto de jamais ser capaz de cometê-lo de novo. Ou seja, as pessoas podem mudar, e essa mudança é difícil de ser prevista, e quase nunca poder ser forçada. Infelizmente, a maioria dos cristãos e seus brados por "justiça divina" não ajudam a ver a questão dessa forma mais promissora. - Adendo de 11/11/11)
O TEMPO E A ETERNIDADE
O próprio termo "Punição Eterna" já é contraditório. 'ETERNO' significa o que está "fora do tempo", não tendo tido começo nem fim, 'PUNIÇÃO', por outro lado, é um conceito claramente temporal, algo que se aplica a partir de um determinado momento devido a um evento ocorrido na linha do tempo. Portanto o termo correto na verdade seria PUNIÇÃO PERPÉTUA, pois Perpétuo é o que mesmo tendo início não teria fim, o que acrescenta um problema talvez ainda maior, pois sendo o Perpétuo uma espécie de "Metade de Eternidade", como compreender a idéia de que a Eternidade permita ser dividida?
Faria sentido dividir o infinito? A idéia do Perpétuo, ou do "Retro-Perpétuo", que seria o que nunca teve começo mas teria fim, seria então equivalente a Eternidade? Ou aceitaríamos a "Meia-Eternidade"?

Antes de observarmos a ilustração abaixo, é bom lembrar que a idéia de que o ETERNO possa ser representado por uma Linha de Tempo Infinita é em si errônea. O ETERNO não seria um "tempo" interminável para o passado e para o presente, mas sim uma ausência de tempo. Porém na impossibilidade racional de se trabalhar com esse Não-Tempo, usemos enfim a ilustração na forma de "Tempo Infinito".
Até agora não vimos um meio de driblar esse paradoxo da "Semi-Eternidade", que caracterizaria o Perpétuo, mas o mais importante no momento é compreender a diferença desses conceitos com o conceito Temporal.
Tudo o que existe no tempo, só pode ser relacionado com outras coisas temporais, a relação direta entre o temporal e o Eterno ou Perpétuo é como já vimos, no mínimo duvidosa.
Sabemos que tudo o que existe no nosso plano temporal não pode perpetuar-se indefinidadamente. É preciso antes de tudo se livrar da idéia de que o Perpétuo seria um período de tempo muito grande, não é, seria uma forma de escapar do Temporal.
Se imaginarmos que existe um tipo de "barreira" entre o Eterno e o Temporal, perceberemos que nada temporal pode adentrar a "Dimensão do Eterno", o que passou a existir não pode se tornar ETERNO, isso é completamente absurdo. Isso nos leva então a duas possibilidades:
Se o PERPÉTUO equivaler ao ETERNO, no sentido de que metade de Infinito continua sendo Infinito, então nada temporal pode se perpetuar infinitamente, portanto, a idéia de que algo temporal possa ser de um modo ou de outro "eternizado" é insustentável. O temporal não pode se tornar ETERNO, portanto nesse sentido, Punição Perpétua seria o mesmo que Punição Eterna, ou seja, uma contradição.
Se o PERPÉTUO pertencer a uma dimensão diferente do ETERNO, resta então verificar a viabilidade de tal possibilidade. O PERPÉTUO como algo em especial, diferente do Temporal e do Eterno. Consideremos o seguinte esquema:
Podemos notar que em relação aos TEMPORAIS, um PERPÉTUO é como um ETERNO, a não ser que sua interrupção ocorra dentro do período decorrido do TEMPORAL.
Mas o detalhe é que se existe o Perpétuo FUTURO, porque não existiria o Perpétuo PASSADO? Ou Retro-Perpétuo?
Seria válido considerar apenas o "sentido" PASSADO-FUTURO como passível de produzir PERPÉTUOS? O que impediria que algo tivesse pré-existência Perpétua e então cessasse de existir?
Se for esse o caso, então a criação de Perpétuos se daria ao infinito, porém jamais fariam parte do ETERNO. Para os temporais entretanto equivaleriam ao ETERNO. A questão de se o Perpétuo é possível, é no mínimo duvidosa.
Mas como ficaria o Retro-Perpétuo? Como poderia ser desfeita um coisa que sempre existiu no Passado?
É evidente que o problema em si está fora do escopo da razão humana, mas podemos apresentar possibilidades.
Uma delas é a de que não existiria o Perpétuo em si, mas o SUPER TEMPORAL. Esse estaria acima dos temporais normais para os quais equivaleria ao ETERNO, ou seria Perpétuo caso sua interrupção se desse no decorrer desse temporal. Sendo assim o Pérpetuo e o Retro-Perpétuo formariam um Super Temporal.
Outra é considerar que exista uma "dimensão" diferenciada para o Perpétuo, o que o tornaria possível, porém isso acrescenta um discussão ainda mais complicada. Uma vez que os Perpétuos podem ser criados, eles iriam aumentar incessante e exponencialmente o "conteúdo" de existência? Como um Universo se expandindo indefinidamente? Ou o fim dos Retro-Perpétuos compensaria? Sendo assim, a não ser que o ETERNO não se relacione como os demais Universos, como manter sua característica de IMUTABILIDADE?
Além de tudo isso, observe como uma diagramação diferenciada, circular, do esquema parece tornar a característica do Perpétuo ainda mais desafiadora.
Nesse caso fica claro que no Eterno, no centro, não há movimento, ao contrário do Perpétuo onde ocorreria um ciclo fechado de movimento, aparentemente com eventos repetitivos. Os Temporais e Super-Temporais seriam ciclos abertos. Outra forma de visualizar a questão seria:
Colocando o Eterno num plano "externo" à dinâmica.
Na melhor das hipóteses, essas possibilidade desafiam a concepção cosmodinâmica do Monoteísmo Tradicional, acrescentando problemas e mais problemas de racionalidade cuja única saída satisfatória seria aceitar os Dogmas incognoscíveis. Mas sendo assim, porque aceitar como dogma a possibilidade de existência do Perpétuo e não sua impossibilidade?
Além disso há o problema da categorização do estado de ETERNIDADE. No Eterno, ou no Perpétuo, não existe movimento, pois não existe tempo e logo espaço. Não há dinâmica, mas sim uma essência, pode haver um SER, nunca um DEVIR, ou este não seria imutável, e logo estaria fadado a transformação, e invariavelmente ao fim.
Sendo assim, como aceitar conceitos tão necessariamente dinâmicos como Sofrimento ou Gratificação num plano que sendo Perpétuo, iria invalidar tais estados de movimento? Seria mais fácil crer num plano de "congelamento" da existência, onde sequer haveria consciência do acontecimento.
CONCLUSÃO
Sendo assim, a idéia de uma Punição ou Premiação Perpétuas é inaceitável tanto Ética, Moral, Emocional ou Lógica e Racionalmente. É, pois, sendo empurrada na forma de Dogma, uma forma arbitrária de forçar um coquetel de conceitos como se fossem um único, quando este em si não possui qualquer sentido.
Dessa forma, admite-se que a Teologia Monoteísta Tradicional é indefensável racionalmente, assumindo um caráter de irracionalidade, o que não necessariamente ocorre com outras possibilidade Monoteístas como a cíclica, ou Panteístas.
A questão é: SE ESSE MONOTEÍSMO TRADICIONAL É INCOERENTE TANTO EMOCIONAL QUANTO RACIONALMENTE, E SE NÃO APRESENTA QUALQUER EVIDÊNCIA MATERIAL, POR QUE ACEITÁ-LO?
Baseando-se apenas na autoridade de um Livro Sagrado? Que sequer conseque provar ser a Palavra de Deus. Porque crer numa proposição que se baseia unicamente numa obra literária sem acuidade racional, de cunho ético e moral discutível e claramente cultural, e que comete flagrantes erros na concepção do mundo físico?
Por tudo isso considero que a adição de soluções como a APOCATÁSTASE e consequentemente o ANIQUILACIONISMO, longe de serem prejudiciais à crença, fazem é elevar em muito sua qualidade argumentativa, tornando-as competitivas racionalmente e emocionalmente com doutrinas bem mais elaboradas.
PANTEÍSMO
Bastante diferente é a concepção Panteísta de divindade. Trata-se de considerar que Deus é o próprio Universo, a Natureza, de modo que ele estaria em toda parte. Sendo assim, Deus seria um ser Físico, Dinâmico, Perpétuo ainda que sujeito a mudanças cíclicas. Deus seria então, IMANENTE à Natureza, intrínseco, ou seja, não Transcendente.

Já o Panenteísmo, que também pode ser entendido como um "Panteísmo Transcendente", concebe-se o Universo como sendo o Corpo de Deus, mas tendo este um Espírito, havendo então uma dualidade, Imanência e Transcendência, Corpo e Alma.

A mais significativa diferença com relação ao Monoteísmo é a Impessoalidade de Deus, ou seja, Deus não é um ser antropomórfico nem mesmo psicológicamente, mas sim uma entidade totalmente distinta dos humanos, cuja natureza, meios e intenções não são expressáveis como comumente o são nas religiões monoteístas.

Um Deus Panteísta não tem uma intenção clara, e por isso no Panteísmo não ocorrem revelações.Deus é desde suas origens a divindade central nas religiões abraâmicas, preponderantes na cultura ocidental e na lusófona, da qual derivam-se, entre outras, três das mais influentes religiões da atualidade, explicitamente o cristianismo, o judaísmo e o islã. Deus é notoriamente definido em modernidade segundo as perspectivas de tais religiões monoteístas, sobretudo no ocidente.
Contudo, nas religiões não abraâmicas, com destaque nas religiões orientais, a ideia de existência; as definições e formas de compreensão dos deuses - deus em uma perspectiva monoteísta quando presente - por vezes assumem formas significativamente distintas; encontrando-se tais distinções também em praticamente todas sociedades e grupos pré-abraâmicos já existentes bem como em grupos contemporâneos contudo daquele isolados; variando desde as primitivas formas de crença pré-clássicas provenientes das tribos da Antiguidade ou das formas oriundas de culturas ameríndias pré-colombianas até os dogmas de várias religiões modernas menos expressivas contudo igualmente difundidas.
Segundo as perspectivas abraâmicas, as doravante enfocadas1 , Deus é muitas vezes expressado como o Criador e Senhor do Universo. Teólogos têm relacionado uma variedade de atributos utilizados para estabelecer as várias concepções de Deus. Os mais comuns entre essas incluem onisciênciaonipotênciaonipresençabenevolênciaou bondade perfeita, simplicidade divinazelosobrenaturalidadetranscendentalidadeeternidade e existência necessária.
Deus também tem sido compreendido como sendo incorpóreo, um ser intangível com personalidade divina e justa; a fonte de toda a obrigação moral; em suma, o "maior existente".2
Tais atributos foram todos anteriormente defendidos e suportados em diferentes graus pelos filósofos teológicos judeuscristãos e muçulmanos, incluindo-se entre elesRambam,3 Agostinho de Hipona3 e Al-Ghazali,4 respectivamente. Muitos filósofos medievais notáveis desenvolveram argumentos para a existência de Deus,4 intencionando entre outros elucidar as "aparentes" contradições decorrentes de muitos destes atributos quando justapostos.

Etimologia e uso

Tanto a forma capitalizada do termo Deus quanto seu diminutivo - que simboliza divindades, deidades em geral - têm origem no termo latino "deus", significando divindade ou deidade. O português é a única língua românica neolatina que manteve o termo em sua forma nominativa original, com o final do substantivo em "us", diferenciando-se assim do espanhol dios, francês dieu, italiano dio, e da língua romena, onde se distingue o criador monoteísta, Dumnezeu, de zeu, um ser idolatrado.
Os termos latinos Deus e divus, assim como o grego διϝος = "divino", descendem do Proto-Indo-Europeu *deiwos = "brilhante/celeste", termo esse encerrando a mesma raiz que Dyēus, a divindade principal do panteão indo-europeu, igualmente cognato do grego Ζευς (Zeus).
Na era clássica o vocábulo em latim era uma referência generalizante a qualquer figura endeusada e adorada pelos pagãos. Em um mundo dominado pelas religiões abraâmicas, com destaque para o cristianismo, o termo é usada hodiernamente com sentido mais restrito - designando uma e a única deidade - em frases e slogans religiosos tais como: Deus sit vobiscum, variação de Dominus sit vobiscum, "o Senhor esteja convosco"; no título do hino litúrgico católico Te Deum, proveniente de Te Deum Laudamus, "A Vós, ó Deus, louvamos". Mesmo na expressão que advém da tragédia grega Deus ex machina, de Públio Virgílio,Dabit deus his quoque finem, que pode ser traduzida como "Deus trará um fim à isto", e no grito de guerra utilizado no Império Romano Tardio e no Império Bizantinonobiscum deus, "Deus está conosco", assim como o grito das cruzadas Deus vult, que em português traduz-se por "assim quer Deus", ou "esta é a vontade de Deus", verifica-se tal sentido restrito.
Em latim existiam as expressões interjectivas "O Deus meus" e "Mi Deus", delas derivando as expressões portuguesas "(Oh) meu Deus!", "(Ah) meu Deus!" e "Deus meu!".
Dei é uma das formas flexionadas ou declinadas de "Deus" no latim. É usada em expressões utilizadas pelo Vaticano, como as organizações católicas apostólicas romanas Opus Dei (Obra de Deus, sendo obra oriunda de opera), Agnus Dei (Cordeiro de Deus) e Dei Gratia (Pela Graça de Deus). Geralmente trata-se do caso genitivo ("de Deus"), mas é também a forma plural primária adicionada à variante di. Existe o outro plural, dii, e a forma feminina deae ("deusas").
A palavra Deus, através da forma declinada Dei, é a raiz de deísmopanteísmopanenteísmo, e politeísmo, e ironicamente referem-se todas a teorias na qual qualquer figura divina é ausente na intervenção da vida humana. Essa circunstância curiosa originou-se do uso de "deísmo" nos séculos XVII e XVIII como forma contrastante do prevalecente "teísmo". Teísmo é a crença em um Deus providente e interferente.
Seguidores dessas teorias, e ocasionalmente seguidores do panteísmo, podem vir a usar em variadas línguas, especialmente no inglês, o termo "Deus" ou a expressão "o Deus" (the God), para deixar claro de que a entidade discutida não trata-se de um Deus teísta. Arthur C. Clarke usou-o em seu romance futurista, 3001: The Final Odyssey. Nele, o termo "Deus" substituiu "God" no longínquo século XXXI, pois "God" veio a ser associado com fanatismo religioso. A visão religiosa que prevalece em seu mundo fictício é o Deísmo.
São Jerônimo traduziu a palavra hebraica Elohim (אֱלוֹהִים, אלהים) para o latim como Deus.
A palavra pode assumir conotações negativas em algumas conotações. Na filosofia cartesiana, a expressão "Deus deceptor" é usada para discutir a possibilidade de um "Deus malévolo" que procura iludir-nos. Esse personagem tem relação com um argumento cético que questiona até onde um demônio ou espírito mau teria êxito na tentativa de impedir ou subverter o nosso conhecimento. Outra é deus otiosus ("Deus ocioso"), um conceito teológico para descrever a crença num Deus criador que se distancia do mundo e não se envolve em seu funcionamento diário. Um conceito similar é deus absconditus ("Deus absconso ou escondido") de São Tomás de Aquino. Ambas referem-se a uma divindade cuja existência não é prontamente reconhecida nem através de contemplação nem via exame ocular de ações divinas in loco. O conceito de deus otiosus frequentemente sugere um Deus que extenuou-se da ingerência que tinha neste mundo e que foi substituído por deuses mais jovens e ativos que efetivamente se envolvem, enquanto deus absconditus sugere um Deus que conscientemente abandonou este mundo para ocultar-se alhures.
A forma mais antiga de escrita da palavra germânica Deus vem do Codex Argenteus cristão do século VI. A própria palavra inglesa é derivada da Proto-Germânica "ǥuđan". A maioria dos lingüistas concordam que a forma reconstruída da Proto-Indo-Europeia (ǵhu-tó-m) foi baseada na raiz (ǵhau(ə)-), que significa também "chamar" ou "invocar".5
A forma capitalizada Deus foi primeiramente usada na tradução gótica Wulfila do Novo Testamento, para representar o grego "Theos". Na língua inglesa, a capitalização continua a representar uma distinção entre um "Deus" monoteísta e "deuses" no politeísmo6 . Apesar das diferenças significativas entre religiões como o CristianismoIslamismoHinduísmo, a Fé Bahá'í e o Judaísmo, o termo "Deus" permanece como uma tradução inglesa comum a todas. O nome pode significar deidades monoteísticas relacionadas ou similares, como no monoteísmo primitivo de Aquenáton e Zoroastrismo.

Nome

A palavra latina Deus, em inglês God, bem como suas traduções em outras línguas, a exemplo Θεός em grego, Бог em eslavo, Ishvara em sânscrito, ou Alá em árabe, são normalmente usadas para toda e qualquer concepção. O mesmo acontece no hebraico El, mas no judaísmo, Deus também é utilizado como nome próprio, o Tetragrama YHVH, que acredita-se referir-se à origem henoteística da religião. Na Bíblia, quando a palavra "Senhor" está em todas as capitais, isto significa que a palavra representa o tetragrama específico.7
Deus também pode ser reverenciado por nomes próprios que enfatizem a natureza pessoal desse em correntes monoteísticas do hinduísmo, alguns remontando a referências primitivas como Krishna-Vasudeva naBhagavata, posteriormente Vixnu e Hari,8 , ou mesmo mais recentementes, caso do termo Shakti.
É difícil desenhar uma linha entre os nomes próprios e epitetas de Deus, como os nomes e títulos de Jesus no Novo Testamento; os nomes de Deus no Qur'anAlcorão ou Corão; e as várias listas com milhares de nomes de Deus, a citar-se a lista de títulos e nomes de Krishna, no Vixnuísmo.
Nas religiões monoteístas atuais, a citarem-se o Cristianismojudaísmozoroastrismoislamismosikhismo e a Fé Bahá'í, o termo "Deus" refere-se à ideia de um ser supremo, infinito, perfeito, criador do universo, que seria a causa primária e o fim de todas as coisas. Os povos da mesopotâmia o chamavam pelo Nome, escrito em hebraico como יהוה (o Tetragrama YHVH), que quer dizer "Yahweh", que muitos pronunciam em português como "Jeová" . Mas com o tempo deixaram de pronunciar o seu nome diretamente, apenas se referindo por meio de associações e abreviações, ou através de adjetivos como "O Senhor", "O Salvador", "O Todo-Poderoso", "O Deus Altíssimo", "O Criador" ou "O Supremo", "O Deus de Israel", ou títulos similares.
Um bom exemplo desse tipo de associação entre Deus e suas características ou ações, bem como da expressão do relacionamento dos homens com deus, ainda fazem-se explícitas em alguns nomes e expressões hebraicas, como Rafael, "curado - (Raf) - por Deus - (El)"; e árabes, por exemplo em "Abdallah", "servo - (abd) - de Deus - (Allah)".
Muitas traduções das Bíblias cristãs grafam a palavra, opcionalmente, com a inicial em maiúscula, ou em versalete (DEUS), substituindo a transcrição referente ao tetragrama, YHVH, conjuntamente com o uso de SENHOR em versalete, para referenciar que se tratava do impronunciável nome de Deus, que na cultura judaica era substituído pela pronúncia Adonay.
As principais características deste Deus-Supremo seriam:
  • a Onipotência: poder absoluto sobre todas as coisas;
  • a Onipresença: poder de estar presente em todo lugar; e:
  • a Onisciência: poder de saber tudo.
  • a Onibenevolência: poder da bondade infinita.
Essas características foram reveladas aos homens através de textos contidos nos Livros Sagrados, quais sejam:
Esses livros relatam histórias e fatos envolvendo personagens escolhidos para testemunhar e transmitir a vontade divina na Terra ao povo de seu tempo, tais como:

A existência de Deus

Há milênios, a questão da existência de Deus foi levantada dentro do pensamento do homem. As principais correntes filosóficas que investigam e procuram dar respostas para a questão são:
  • Deísmo – Doutrina que considera a razão como a única via capaz de nos assegurar da existência de Deus, rejeitando, para tal fim, o ensinamento ou a prática de qualquer religião organizada. O deísmo é uma postura filosófica-religiosa que admite a existência de um Deus criador, mas rejeita a ideia de revelação divina.
Percentagem de pessoas que, na Europa, afirmaram acreditar em Deus. Os países da Europa Oriental de maioria ortodoxa (como Grécia eRoménia) ou muçulmano (Turquia) apresentam percentagem mais elevadas.
  • Teísmo – O teísmo é um conceito que surgiu no século XVII.9 Contrapõe-se ao ateísmo, deísmo e panteísmo. O teísmo sustenta a existência de um Deus (oposto ao ateísmo), ser absoluto transcendental (contra o panteísmo), pessoal, vivo, que atua no mundo através de sua providência, mantendo-o (contra o deísmo). No teísmo a existência de um Deus pode ser provada pela razão e por evidências empíricas, prescindindo da revelação; mas não a negando, contudo. Seu ramo principal é o teísmo Cristão, que fundamenta sua crença em Deus e na Sua revelação sobrenatural através da Bíblia.
  • Teísmo agnóstico - Existe ainda o teísmo agnóstico, que é a filosofia que engloba tanto o teísmo quanto o agnosticismo. Um teísta agnóstico é alguém que admite não poder ter conhecimento algum acerca de Deus, mas decide acreditar em Deus mesmo assim. A partir do teísmo se desenvolve a Teologia, que é encarada principalmente, mas não exclusivamente, do ponto de vista da . Embora tenha suas raízes no teísmo, pode ser aplicada e desenvolvida no âmbito de todas as religiões. Não deve ser confundida com o estudo e codificação dos rituais e legislação de cada credo.
  • Agnosticismo – Dentro da visão agnóstica, não é possível provar racional e cientificamente a existência de Deus, como também é igualmente impossível provar a sua inexistência. O agnóstico pode ser teísta ou ateísta, dependendo da posição pessoal de acreditar (sem certeza) na existência ou não dedivindades.
  • Ateísmo – O ateísmo engloba tanto a negação da existência de divindades quanto a simples ausência da crença em sua existência.
Em resumo, podem-se distinguir três linhas centrais de pensamento:
Entre os teístas, além das revelações oriundas de livros considerados sagrados, como a Bíblia, muitos argumentam que pode-se conhecer Deus e suasqualidades observando a natureza e suas criações. Argumentam que existem evidências científicas suficientes que inequivocamente implicam uma fonte deenergia ilimitada, e que esta seria o criador da substância do universo. Alegam que, observando a ordem, o poder e a complexidade da criação, tanto macroscópica quanto microscópica, podem inequivocamente concluir pela existência de Deus. Como exemplo, uma das correntes cristãs que defendem tal posição é a dos protestantes norte-americanos engajados no movimento do Desenho InteligenteWilliam Dembski é um dos defensores dessa linha de pensamento.
Para vários ateístas e agnósticos a situação é diferente. Para a maioria desses, a definição de Deus, conforme proposta pelos teístas, se faz por sentença não testável frente ao mundo natural, que segue seu curso seguindo regras inexoráveis; e nesses termos Deus é sustentado apenas por , não havendo razão física natural que permita decisão racional ou a favor ou contra Sua existência. Citam não raramente, a fim de corroborar seu posicionamento, a postura similar adotada pela ciência moderna; a de que deus(es) transcende(m) aos "tubos de ensaio"; e que por tal não se pode entrar empiricamente nos "métiros daqEle(s)". Adotam em essência o posicionamento definido pela ciência, sendo Marcelo Gleiser um dos defensores dessa linha de pensamento.
Há ainda os que vão além, e afirmam que a situação inicial se inverte. Para alguns ateístas a análise fria do universo e do que nele e na Terra ocorrem mostra-nos claramente que não há um Deus ou mesmo outra deidade onipotente qualquer atrelados. Segundo essa corrente de pensamento, o universo, se fosse projetado e concebido por um ser onipotente, onisciente, justo e paternal - como geralmente definido pelos teístas - teria certamente características muito distintas das cientificamente observadas. Richard Dawkins é um dos mais famosos defensores dessa linha de pensamento.

Concepções de Deus

Detalhe da Capela sistina frescoCriação do sol e da lua porMichelangelo (completada em 1512).
As concepções de Deus variam amplamente. Filósofos e teólogos têm estudado inúmeras concepções de Deus desde o início das civilizações, focando-se sobretudo nas concepções socializadas ou institucionalizadas, já que concepções de Deus formuladas por pessoas individuais usualmente variam tanto que não há claro consenso possível sobre a natureza de Deus.
  • As concepções abraâmicas de Deus incluem a visão cristã da Trindade, a definição cabalística de Deus do misticismo judaico, e os conceitos islâmicos de Deus.
  • As religiões indianas diferem no seu ponto de vista do divino: pontos de vista de Deus no hinduísmo variam de região para região, seita, e de casta, que vão desde as monoteístas até as politeístas; sendo o ponto de vista sobre Deus no budismo praticamente não teísta.
  • Nos tempos modernos, mais alguns conceitos abstratos foram desenvolvidos, tais como teologia do processo e teísmo aberto10 . O filósofo francês contemporâneo Michel Henry tem proposto entretanto uma definição fenomenológica de Deus como a essência fenomenológica da vida.
  • Doutrina espírita – Considera Deus a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas, eterno, imutável, imaterial, único, onipotente e soberanamente justo e bom. Reconhecem a inexorabilidade das leis naturais, contudo todas as leis da natureza são leis divinas, pois Deus é seu autor.
  • Martinismo – Nesta doutrina, podemos encontrar no livro Corpus Hermeticum a seguinte citação: "vejo o Todo, vejo-me na mente… No céu eu estou, na terra, nas águas, no ar; estou nos animais, nas plantas. Estou no útero, antes do útero, após o útero - estou em todos os lugares."
  • Teosofia, baseada numa interpretação não-ortodoxa das doutrinas místicas orientais e ocidentais, afirma que o Universo é, em sua essência, espiritual, e o homem é um ser espiritual em progresso evolutivo cujo ápice é conhecer e integrar a Realidade Fundamental, que é Deus.
  • Algumas pessoas especulam que Deus ou os deuses são seres extra-terrestres. Muitas dessas teorias sustentam que seres inteligentes provenientes de outros planetas visitaram a Terra no passado e influenciaram no desenvolvimento das religiões. Alguns livros, como o livro "Eram os Deuses Astronautas?" de Erich von Däniken, propõem que tanto os profetas como também os messias foram enviados ao nosso mundo com o objetivo exclusivo de ensinar conceitos morais e encorajar o desenvolvimento da civilização.
  • Especula-se também que toda a religiosidade do homem criará no futuro uma entidade chamada Deus, a qual emergirá de uma inteligência artificial. Arthur Charles Clarke, um escritor de ficção científica, disse em uma entrevista que: "Pode ser que nosso destino nesse planeta não seja adorar a Deus, mas sim criá-Lo".
  • Vários pensadores de renome e muitos não tão conhecidos especulam que as religiões e mitos são derivados do medo. Medo da morte, medo das doenças, medo das calamidades, medo dos predadores, medo de um "inferno eterno", ou mesmo medo do desconhecido. Com o passar do tempo, essas religiões foram subjugadas sob a tutela das autoridades dominantes, as quais se transformaram em governantes divinos ou enviados pelos deuses. Nessa linha de raciocínio, a religião é vista simplesmente como um meio para se dominar a massa que valhe-se das fraquezas humanas intrínsecas. Napoleão Bonaparte disse: "o povo não precisa de Deus, mas precisa de religião"; afirmando em essência que a massa necessita de uma doutrina que lhe discipline e lhe estabeleça um rumo, sendo que Deus é um detalhe meramente secundário, o meio para um fim.

Abordagens teológicas

Teólogos e filósofos atribuíram um número de atributos para Deus, incluindo onisciênciaonipotênciaonipresençaamor perfeito, simplicidade, e eternidade e de existência necessária. Deus tem sido descrito comoincorpóreo, um ser com personalidade, a fonte de todos as obrigações morais, e concebido como o melhor ser existente.2 Estes atributos foram todos atribuídos em diferentes graus por acadêmicos judeus,cristãos e muçulmanos desde épocas anteriores, incluindo Santo Agostinho,3 Al-Ghazali4 e Maimonides.3
Muitos argumentos desenvolvidos por filósofos medievais para a existência de Deus4 buscaram compreender as implicações precisas dos atributos divinos. Conciliar alguns desses atributos gerou problemas filosóficos e debates importantes. A exemplo, a onisciência de Deus implica que Deus sabe como agentes livres irão escolher para agir. Se Deus sabe isso, a aparente vontade deles pode ser ilusória, ou o conhecimento não implica predestinação, e se Deus não sabe, então não é onisciente.11
Nos últimos séculos tem-se visto na filosofia vigorosas perguntas acerca dos argumentos para a existência de Deus, essas propostas por filósofos tais como Immanuel KantDavid Hume e Antony Flew. Mesmo Kant, embora considerasse que o argumento de moralidade era válido, fez várias críticas aos usuais argumentos empregados.
A resposta teísta tem sido usualmente fundada em argumentos, como os de Alvin Plantinga, que afirmam que a fé é "adequadamente básica", ou em argumentos, como Richard Swinburne, fundados na posiçãoevidencialista.12 Alguns teístas concordam que nenhum dos argumentos para a existência de Deus são vinculativos, mas alegam que a  não é um produto da razão, mas exige risco. Não haveria risco, dizem, se os argumentos para a existência de Deus fossem tão sólidos quanto as leis da lógica, uma posição assumida por Pascal bem ao estilo: "O coração tem razões que a razão não conhece."13
A maior parte das grandes religiões consideram Deus não como uma metáfora, mas um ser que influencia a existência de cada um no dia-a-dia. Muitos fiéis acreditam na existência de outros seres espirituais, e dão-lhes nomes como anjossantosdjinnidemônios, e devas.

Teísmo e deísmo

teísmo sustenta que Deus existe realmente, objetivamente, e independentemente do pensamento humano, sustenta que Deus criou tudo; que é onipotente e eterno, e é pessoal, interessado, e responde às orações. Afirma que Deus é tanto imanente e transcendente, portanto, Deus é infinito e de alguma forma, presente em todos os acontecimentos do mundo.
A teologia católica sustenta que Deus é infinitamente simples, e não está sujeito involuntariamente ao tempo. A maioria dos teístas asseguram que Deus é onipotente, onisciente e benevolente, embora esta crença levante questões acerca da responsabilidade de Deus para com o mal e sofrimento no mundo. Alguns teístas atribuem a Deus uma auto-consciência ou uma proposital limitação da onipotência, onisciência, ou benevolência.
Teísmo aberto, pelo contrário, afirma que, devido à natureza do tempo, a onisciência de Deus não significa que a divindade pode prever o futuro. O "Teísmo" é por vezes utilizado para se referir, em geral, para qualquer crença em um Deus ou deuses, ou seja, politeísmo ou monoteísmo.14 15
Deísmo afirma que Deus é totalmente transcendente: Deus existe, mas não intervém no mundo para além do que era necessário para criá-lo. Em vista desta situação, Deus não é antropomórfico, e não responde literalmente às orações ou faz milagres acontecerem. É comum no deísmo a crença de que Deus não tem qualquer interesse na humanidade e pode nem sequer ter conhecimento dela.
pandeísmo e o panendeísmo, respectivamente, combinam as crenças do deísmo com o panteísmo ou panenteísmo.

Posições científicas e críticas a respeito da ideia de Deus

Stephen Jay Gould propôs uma abordagem dividindo o mundo da filosofia no que ele chamou de "magistérios não sobrepostos". Nessa visão, as questões do sobrenatural, tais como as relacionadas com aexistência e a natureza de Deus, são não-empíricas e estão no domínio próprio da teologia. Os métodos da ciência devem ser utilizadas para responder a qualquer questão empírica sobre o mundo natural, e a teologia deve ser usada para responder perguntas sobre o propósito e o valor moral.
Nessa visão, a percepção de falta de qualquer passo empírico do magistério do sobrenatural para eventos naturais faz da ciência o único ator no mundo natural.16
Outro ponto de vista, exposto por Richard Dawkins, é que a existência de Deus é uma questão empírica, com o fundamento de que "um universo com um deus seria um tipo completamente diferente de um universo sem deus, e poderia ser uma diferença científica ".17
Carl Sagan argumentou que a doutrina de um Criador do Universo era difícil de provar ou rejeitar e que a única descoberta científica concebível que poderia trazer desafio seria um universo infinitamente antigo.18
Stephen Hawking argumenta que, em vista das recentes descobertas e avanços da ciência, sobretudo na área da cosmologia, a existência de um deus responsável pela existência e pelos eventos do universo mostra-se não apenas desnecessária mas também altamente improvável, para não dizer incompatível.

Antropomorfismo

Pascal Boyer argumenta que, embora exista uma grande variedade de conceitos sobrenaturais encontrados ao redor do mundo, em geral seres sobrenaturais tendem a se comportar tanto como as pessoas. A construção de deuses e espíritos como as pessoas é um dos melhores traços conhecidos da religião. Ele cita exemplos de mitologia grega, que é, na sua opinião, mais como uma novela moderna do que outros sistemas religiosos.19 Bertrand du Castel e Timothy Jurgensen demonstram através de formalização que o modelo explicativo de Boyer corresponde ao que a epistemologia física faz ao trabalhar com entidades não diretamente observáveis como intermediários.20
antropólogo Stewart Guthrie afirma que as pessoas projetam características humanas sobre os aspectos não-humanos do mundo porque isso os torna mais familiares e por tal "compreensíveis". Sigmund Freudtambém sugeriu que os conceitos de Deus são projeções de um pai.21
Da mesma forma, Émile Durkheim foi um dos primeiros a sugerir que os deuses representam uma extensão da vida social humana para incluir os seres sobrenaturais. Em linha com esse raciocínio, o psicólogoMatt Rossano afirma que quando os humanos começaram a viver em grupos maiores, eles podem ter criado os deuses como um meio de garantir a moralidade. Em pequenos grupos, a moralidade pode ser executada por forças sociais, como a fofoca ou a reputação. No entanto, é muito mais difícil impor a moral usando as forças sociais em grupos muito maiores. Ele indica que, ao incluir sempre deuses e espíritos atentos, os humanos descobriram uma estratégia eficaz para a contenção do egoísmo e a construção de grupos mais cooperativos.22
O anarquista Mikhail Bakunin faz uma crítica à ideia de Deus posicionando-O como sendo uma ideia criada pelas elites - reis, senhores de escravos, senhores feudais, sacerdotes, capitalistas, etc. - que busca justificar a sociedade autoritária projetando ideologicamente as relações de dominação para o universo como um todo: Deus como senhor ou rei, e o universo como escravo ou súdito. A ideia de Deus serviria, segundo ele, como um mero instrumento de dominação cuja função seria fazer os dominados aceitarem sua exploração como se fosse um fato natural, cósmico e eterno, ou seja, um fato do qual não podem fugir, restando-lhes apenas a opção de resignarem-se.23

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