terça-feira, 7 de julho de 2015

DORES NO OMBRO

O que é Dor no ombro?

A dor no ombro diz respeito à qualquer dor nas articulações do ombro ou ao seu redor.

Causas

A articulação do ombro, como todas as articulações dos membros superiores, se desenvolveram e se adaptaram para ser uma articulação de função e não de carga, como é o caso de articulações dos membros inferiores. Para isso, os músculos e tendões presentes no ombro desempenham um papel importantíssimo para o bom funcionamento destas articulações. A causa mais comum de dor no ombro é quando os tendões são acometidos inicialmente por uma inflamação. Os tendões ficam inflamados ou danificados, configurando, assim, uma condição chamada de tendinite do manguito rotador. A dor no ombro por tendinite pode ocorrer por:
  • Desgaste natural devido ao envelhecimento
  • Atividade esportiva, em especial aquelas que envolvem movimentos de lançamento, como beisebol, tênis, natação, etc.
  • Atividades de trabalho em que é preciso levantar o ombro
  • Trauma direto ou queda sobre o ombro
A dor no ombro também pode ser causada por:
  • Artrite nas articulações ao redor do ombro (estreitamento gradual das articulações e perda de cartilagem de proteção, em geral, relacionado ao envelhecimento ou ao desgaste da articulação)
  • Bursite é o termo mais comum utilizado para se referir à dor no ombro, muito embora essa ideia seja equivocada. O termo bursite significa única e exclusivamente uma inflamação da glândula bursa, que pode ser encontrada em algumas articulações, e serve para facilitar o deslizamento dos tendões durante os movimentos da articulação
  • Fraturas dos ossos do ombro
  • A síndrome do ombro congelado, conhecida também como capsulite adesiva, é uma lesão inflamatória de origem desconhecida, que, na fase aguda ou inflamatória pode gerar muita dor. Depois, ocorre uma retração da cápsula do ombro provocando perda de movimentos. A dor, no entanto, tende a melhorar. Esta doença desaparece espontaneamente, evoluindo para a cura total entre seis e 12 meses, aproximadamente
  • Tendinite do bíceps
  • Deslocamento do ombro, ou luxação do ombro, quando o osso do braço (úmero) desencaixa da articulação, em geral, após um trauma.
Outras possíveis causas para a dor no ombro incluem:
  • Necrose avascular
  • Radiculopatia cervical
  • Ataque cardíaco
  • Entorses e distensões
  • Polimialgia reumática
  • Síndrome do desfiladeiro torácico

 sintomas

Sintomas de Dor no ombro

A dor, em geral, é o primeiro sintoma que aparece quando existe algum problema no ombro. Pode ser consequência de alterações inflamatórias nos casos de lesão recente, ou de alterações degenerativas (envelhecimento biológico das estruturas articulares, natural da idade, ou de atividades que exigem um trabalho excessivo do ombro durante anos, como ocorre em atletas de alto nível ou trabalhadores braçais), quando os tendões ou outras estruturas articulares estão “desgastadas”.

 diagnóstico e exames

Buscando ajuda médica

Existem alguns problemas de saúde que podem simular ou irradiar dor para o ombro. Por exemplo, sabe-se que uma dor no peito, aguda, de grande intensidade, com irradiação para o ombro esquerdo, sugere um infarto do coração; alguns problemas no estômago ou no baço, também podem gerar dor irradiada para o ombro. Portanto, na presença de dor que não é controlada facilmente com cuidados simples, é importante procurar o seu médico ou se dirigir a um Pronto-Atendimento para ser avaliado e orientado.
Em caso de traumas ou ferimento na região do ombro que causem dor e dificuldade de movimentos, é importante se dirigir a um serviço que tenha atendimento de urgência para ser orientado pelo médico.

Na consulta médica

Entre as especialidades que podem diagnosticar a dor no ombro estão:
  • Clínica médica
  • Ortopedia
  • Traumatologia
  • Reumatologia
  • Cardiologia
Estar preparado para a consulta pode facilitar o diagnóstico e otimizar o tempo. Dessa forma, você já pode chegar à consulta com algumas informações:
  • Uma lista com todos os sintomas e há quanto tempo eles apareceram
  • Histórico médico, incluindo outras condições que o paciente tenha e medicamentos ou suplementos que ele tome com regularidade
Atualmente, a especialidade de Ortopedia e Traumatologia se desenvolveu muito, em relação as técnicas de tratamento, os equipamentos utilizados com altíssima tecnologia agregada, e, por isso, surgiram as subespecialidades. Nas subespecialidades, o médico pode se dedicar a tratar e diagnosticar as doenças relacionadas as diversas articulações em questão de forma mais precisa e eficaz. Portanto, quando tiver um problema no ombro, procure se consultar com um médico especialista nesta articulação, ou seja, o especialista em “ombro e cotovelo”.
Na consulta, o especialista saberá conduzir as perguntas, no sentido de esclarecer o problema articular: características da dor, como intensidade, localização, frequência, etc.; mobilidade: dor durante determinados movimentos, perda de movimento, movimentos mais difíceis ou relacionados com determinadas atividades, etc.; possíveis causas para o aparecimento do problema; relação com alguma atividade de trabalho ou do esporte; etc.

Diagnóstico de Dor no ombro

O médico, com as informações obtidas com a conversa com seu paciente e com o exame físico, necessitará, também, complementar as informações obtidas com exames complementares de imagem, que podem ser radiografias, ultrassonografia, tomografia computadorizada, ressonância magnética, entre outros. Ele poderá, ainda, poderá solicitar exames laboratoriais, de sangue, por exemplo, para auxiliar na definição de m diagnóstico preciso.

 tratamento e cuidados

Tratamento de Dor no ombro

O tratamento para os problemas do ombro devem ser indicados sempre após uma investigação precisa e detalhada, por meio de exames complementares se estes forem necessários.
O tratamento pode ser conservador, também chamado de não cirúrgico, que consiste na prescrição de anti-inflamatórios, analgésicos, fisioterapia, educação postural, exercícios assistidos e orientados por pessoas especializadas quando necessário, aplicação local de gelo, repouso, entre outras medidas.
Quando o tratamento conservador falha, ou em casos mais graves de rupturas de tendão, deslocamentos do ombro ou fraturas, o tratamento pode exigir a correção cirúrgica. Entre os métodos cirúrgicos mais modernos de tratamento, em alguns casos, pode-se fazer o tratamento por artroscopia, que é um método pouco invasivo para tratamento das lesões do ombro.

DOR NO OMBRO

Sérgio Luiz Cecchia é médico. Professor de ortopedia, chefia o grupo de especialistas em ombro e cotovelo na Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo.
Depois da dor na coluna, dores no ombro talvez sejam a queixa mais frequente ouvida por ortopedistas. Elas não respeitam sexo nem idade. Ocorrem em crianças, adultos e idosos, homens e mulheres, esportistas ou sedentários. São especialmente desagradáveis, porque limitam movimentos simples, como erguer e abaixar os braços, e têm o mau hábito de piorar durante a noite, depois que a pessoa se deita.
Em grande parte dos casos, dores no ombro são sintomas de lesões provocadas pela repetição de movimentos que machucam os tendões e por processos crônico-degenerativos que ocorrem depois dos 40, 50 anos de idade.
O tratamento da dor no ombro evoluiu muito nos últimos anos. Pode ser clínico ou cirúrgico. Neste caso, a artroscopia representou um avanço considerável, porque evita complicações inerentes ao ato cirúrgico a céu aberto.
ANATOMIA DO OMBRO
Drauzio – Quais são as principais características anatômicas do ombro?
Sérgio Luiz Cecchia – O ombro é uma das articulações (ponto onde os ossos se encontram) que têm mais movimento. Por causa desse ângulo exagerado de movimento em relação às outras articulações do organismo, pode sofrer lesões, como deslocamentos e tendinites.
Fazem parte da articulação do ombro a clavícula (osso fino e em forma de S), a omoplata ou escápula (termo adotado pela nova nomenclatura médica), que tem vários músculos a seu redor, e o úmero, osso do braço com cabeça arredondada e coberta de cartilagem, o que amplia as possibilidades de movimento.

Numa das extremidades da clavícula, há articulação com o esterno (um dos ossos que constituem o esqueleto do tórax) e, na outra, articulação com o osso acrômio, que se liga também à escápula. Na verdade, existem no ombro duas articulações diferentes: a da clavícula com o acrômio e a do ombro propriamente dito com o osso do braço. Não se pode esquecer de mencionar, ainda, a falsa articulação produzida pela omoplata que gira no tórax durante o movimento de elevação do braço.
A articulação do ombro é coberta por tendões que comandam os movimentos. Entre eles e o osso acrômio, há um espaço ocupado pela bursa (palavra de origem latina que significa bolsa), que secreta um líquido lubrificante. As pessoas costumam chamar de bursite a dor que sentem no ombro. Bursite não é doença. É uma inflamação provocada por problema mecânico – atrito ou inflamação dos tendões, por exemplo – que obriga a bursa a produzir mais líquido a fim de facilitar o deslizamento da articulação.
Drauzio – Não se pode esquecer de que a presença de líquido nas articulações é absolutamente fundamental para seu funcionamento.
Sérgio Luiz Cecchia – É fundamental para que haja deslizamento. Por isso, na tentativa de facilitá-lo, a bursa produz mais líquido sempre que o deslizamento está prejudicado por algum motivo.
Drauzio – A clavícula tem também ligamentos importantes, ou seja, cordões fibrosos que ligam ossos articulados.
Sérgio Luiz Cecchia – A clavícula possui dois ligamentos importantes: o coracoclavicular, que une a clavícula à escápula e o coracoacromial, que fecha e dá apoio à parte superior que forma a abóbada da articulação.
Drauzio – O que justifica o fato de o ombro provocar tantos problemas?
Sérgio Luiz Cecchia – A repetição exagerada e intensa de alguns movimentos que provocam atrito do osso no tendão é responsável pelo aparecimento das tendinites, um dos problemas que mais acometem o ombro. Jogadores de vôlei e nadadores, por exemplo, estão mais sujeitos a esse tipo de lesão.
Outra razão é que, a partir dos 50 anos, principalmente o tendão supraespinhal passa a sofrer pressão da cabeça do úmero, o que diminui sua vascularização. Popularmente conhecido como bursite do ombro, talvez esse processo degenerativo possa ser explicado por falha na adaptação do ser humano à postura que o mantém com os braços para baixo e faz tracionar esse tendão o tempo todo. Os japoneses têm um nome especial para definir esse tipo de dor: “godilo cata”, ou “ombro dos 50 anos”.
Drauzio – Isso acontece por perda de elasticidade do tendão?
Sérgio Luiz Cecchia – Não, ocorre por um processo crônico-degenerativo precoce do tendão, que acaba sofrendo rupturas com mais frequência. É comum ouvir a seguinte queixa dos pacientes: “Eu sentia um pouquinho de dor quando deitava em cima do braço. Um dia, porém, o ônibus em que eu estava deu uma brecada que me obrigou a puxar o braço com mais força”, ou “Eu estava jogando tênis, dei um saque mais puxado e senti uma dor intensa que reaparece mais à noite ou quando levanto o braço”. Esses dois sintomas, dor noturna e ao levantar o braço, são indicativos de que o tendão pode ter rompido.
DIAGNÓSTICO E SINTOMAS
Drauzio – Como se faz o diagnóstico de problemas na articulação?
Sérgio Luiz Cecchia – Em geral, quando o problema é a Síndrome do Impacto ou Lesão do Manguito Rotador (conjunto de quatro tendões que cobre e fecha a articulação do ombro), a história clínica é bastante típica. Se o paciente não sofreu nenhum trauma e a tendinite é mais degenerativa, a dor aparece quando levanta o braço para pegar alguma coisa. Como ela se irradia para o meio do braço, às vezes, é difícil convencê-lo de que o problema está localizado na articulação do ombro e não no próprio braço. Muitos trazem até radiografias e ressonâncias magnéticas feitas no meio braço que, é óbvio, não esclarecem o quadro.
Repetindo, dor noturna e dor que se irradia para o braço e aumenta com sua elevação são queixas importantes para estabelecer o diagnóstico de problemas na articulação do ombro.
Drauzio – Quais são os sinais de que a articulação está comprometida? 
Sérgio Luiz Cecchia – Como já disse levantar a história clínica é sempre muito importante. Quase todos os pacientes se referem a uma dor noturna quando deitam em cima do ombro ou levantam o braço, dor que foi aumentando de intensidade e irradia-se para o braço. Eles contam que, sentados no banco da frente do automóvel, têm dificuldade para esticar o braço quando querem pegar um objeto no banco de trás ou colocar o cartão na catraca do estacionamento, ou que não conseguem pegar uma garrafa mais pesada ou outro objeto qualquer com a mão do lado que dói.
No exame clínico, por meio de manobras simples, como levantar o braço segurando a escápula para o ombro não subir, ou contra uma resistência para forçar o movimento do ossinho saliente da clavícula contra o tendão, a dor aparece, sinal claro de que a articulação está comprometida.
Drauzio – O que aconteceu na articulação do ombro que justifica o aparecimento desses sintomas?
Sérgio Luiz Cecchia – As doenças variam mais ou menos de acordo com a faixa de idade do paciente. Dos 30 e poucos aos 45, 50 anos, uma das que mais acometem a articulação do ombro é a calcificação. Por algum motivo até hoje ignorado, forma-se um depósito de cálcio nos tendões que funciona como verdadeiro abscesso. Sua localização inadequada acaba por exigir a expulsão da bolinha de cálcio o que provoca dor violenta, mas seguida de cura espontânea. Quando isso não acontece espontaneamente, o médico é obrigado a intervir, às vezes com cirurgia, para remover o aglomerado de cálcio.
A partir dos 45, 50 anos, o osso acrômio pode formar um gancho, um esporão, na parte da frente do ombro, que machuca o tendão e é responsável pela dor ao erguer o braço. Muitas vezes, essa agressão contínua ocasiona rupturas no tendão supraespinhal que podem ser extensas e acometer vários outros tendões. Dependendo do grau e do tempo em que o problema está instalado ou da associação com trauma resultante de queda ou esforço, uma ruptura pequena pode ocasionar rasgos em todos os tendões.
Drauzio – Nesse caso, ocorre limitação dos movimentos?
Sérgio Luiz Cecchia – Se a ruptura for lenta e progressiva, o paciente pode não ter perda funcional muito grande, porque os músculos acabam desempenhando a função dos tendões por um mecanismo chamado de vicariância. Nos traumas, há agudização do quadro e pode ocorrer uma pseudoparalisia. Nesse caso, para levantar o braço comprometido o paciente precisa ajudar com a outra mão.
Drauzio – Esses processos não acontecem da noite para o dia. São lentos e tornam-se crônicos sem as pessoas lhes darem a devida atenção, porque se acostumam com as limitações… 
Sérgio Luiz Cecchia – As pessoas vão se acostumando com as limitações. Quando deixam de levantar o braço na altura suficiente para pegar um cabide no armário, instintivamente passam a usar o outro membro e não procuram tratamento.
Drauzio – Quais são as consequências dessa limitação de movimentos?
Sérgio Luiz Cecchia – São duas. Uma é a perda da amplitude completa do movimento por retração dos ligamentos, da cápsula articular dos tendões ao redor. A outra é sentir dor no outro ombro, porque ele passa a exercer a função praticamente sozinho. Em geral, trata-se do membro não dominante e o ombro não está preparado para suprir tal demanda. É muito frequente ouvirmos durante as consultas: “Doutor, eu tinha uma dor num dos ombros. Agora estou preocupado porque o outro ombro está doendo também”.
Na maioria dos casos, quando se trata o ombro primariamente sintomático, o não dominante melhora sem tratamento por baixa da demanda funcional.
GRUPOS DE RISCO
Drauzio – Quais são os grupos populacionais ou atividades de risco para os problemas articulares no ombro? 
Sérgio Luiz Cecchia – Na juventude, são os atletas e a tendinite é provocada por problema mecânico. Jogadores de vôlei e nadadores apresentam lesões no ombro com frequência, porque movimentam muito o braço para cima. Obviamente, todo esporte que requeira o uso do membro superior pode provocar lesão no ombro, mas os que exigem movimentos repetitivos, como bater na bola acima da rede de vôlei ou nadar quatro, cinco, seis quilômetros por dia, sobrecarregam mais a articulação.
Acima dos 50, por causa da posição do braço, costumam apresentar problemas articulares os atletas de fim de semana que jogam tênis ou golfe, esporte que atualmente está sendo mais praticado em nosso país.
Dos 35 aos 45 anos, calcificação é a causa mais comum. Já, por volta dos 60, 70 anos, problemas na articulação do ombro acometem mais as mulheres. Ninguém sabe dizer se isso acontece por processo degenerativo precoce dos tendões ou por alteração hormonal, o fato é que elas são mais vulneráveis nessa idade.
Drauzio – Alguma profissão em especial favorece o aparecimento de dor no ombro?
Sérgio Luiz Cecchia – Os dentistas têm muito problema no ombro, porque ficam com o braço levantado por horas e horas a fio. Datilógrafos e pessoas que digitam no computador, às vezes em posição inadequada, diante de mesas muito altas que as obriga a levantar os braços, devem tomar alguns cuidados. O correto é apoiar o cotovelo para deixar a musculatura relaxada e não sobrecarregar o tendão.
ARTROSCOPIA
Drauzio – Gostaria que você falasse sobre a artroscopia, um recurso moderno para diagnóstico e tratamento das articulações do ombro.
Sérgio Luiz Cecchia – Artroscopia, palavra que vem do grego e significa olhar dentro da articulação, é uma técnica que permite corrigir lesões no ombro fazendo apenas pequenos orifícios na pele.
A ótica artroscópica é constituída por cânula cilíndrica, jogo de lentes, fonte de luz e câmara filmadora que transmite as imagens para uma tela de vídeo. Introduzida por uma incisão pequena na pele, permite enxergar dentro da cavidade articular que foi distendida com solução de soro fisiológico. Através dessa ótica, é possível introduzir alguns instrumentos, como a broca artroscópica que, ligada a um motor, permite desbastar um osso proeminente. Nos casos de ruptura do tendão, são utilizados instrumentos para sutura introduzidos também através de pequenos cortes na pele.
A artroscopia possibilita fazer tudo o que se fazia antes com a cirurgia aberta: desbastar o osso, tratar a junta da clavícula, costurar tendões sem o inconveniente de grandes cortes e longas internações hospitalares.
Drauzio – Os médicos operam olhando para uma tela de televisão como as crianças quando brincam com videogame.
Sergio Luiz Cecchia – Operamos o ombro olhando para uma tela que está a nosso lado. A artroscopia é uma técnica de difícil aprendizado e que exige muito treinamento. Movimentar a mão no espaço tridimensional do ombro enquanto se olha para a imagem bidimensional projetada numa tela é complicado e requer uma noção de profundidade que precisa ser bem desenvolvida.

Drauzio
 – Qual a diferença entre o pós-operatório dessa técnica e o da cirurgia clássica?
Sergio Luiz Cecchia – A diferença é da água para o vinho. Primeiro, porque os pacientes não sentem dor no pós-operatório. Muitos dizem que sabem que foram operados porque veem uns furinhos na pele do ombro.
Os resultados do tratamento também são melhores. Recentemente, ao proceder a reavaliação dos pacientes que tinham sido operados por cirurgia aberta, por técnica mista que consistia em desbastar o osso por artroscopia e, depois, abrir o campo para suturar a céu aberto e por técnica totalmente artroscópica, constatamos que esta última apresentou número muito menor de complicações, uma vez que desapareceram as complicações com o músculo e com a pele inerentes ao ato cirúrgico.
Drauzio – Em que casos deve ser indicado o tratamento cirúrgico e quais podem ser tratados clinicamente?
Sergio Luiz Cecchia – Embora o tratamento fisioterápico seja o indicado quando há ruptura do tendão, é preciso colocar na balança fatores como dor, função e idade. No passado, era comum as pessoas com mais de 60 anos quererem fazer apenas fisioterapia. Hoje, a situação é outra. Pessoas com 60, 70 anos estão fazendo esporte. Minha mãe tem 81 anos, joga tênis três vezes por semana e, com certeza, não gostaria de parar por causa de uma lesão que pode ser corrigida através de buraquinhos na pele. Por isso, é a demanda funcional que determina o tipo de tratamento.
Drauzio – As rupturas do tendão nunca cicatrizam sozinhas?
Sérgio Luiz Cecchia – Não cicatrizam nem diminuem. Ao contrário, aumentam com o tempo, porque o músculo está sempre puxando o tendão para executar o movimento do osso. Se, por acaso, o tendão se afastou do osso e o músculo continua puxando-o, a tendência é aumentar o afastamento. Há trabalhos que provam essa evolução com clareza. Por isso, pacientes por volta dos 50, 60 anos ou mais jovens merecem ser tratados por cirurgia artroscópica. Dessa forma, poderão evitar a ocorrência de problemas mais sérios no futuro que requerem a indicação de cirurgia aberta.
MASSAGEM E ACUPUNTURA
Drauzio – Qual sua opinião sobre massagem e acupuntura no tratamento de problemas no ombro?
Sérgio Luiz Cecchia – Toda a vez que temos uma lesão ou sentimos dor, o organismo reage com uma contratura muscular que acaba provocando outras dores. Nesses casos, métodos coadjuvantes podem auxiliar no tratamento. Massagens ajudam a soltar os músculos e a acupuntura, além do poder analgésico, relaxa a musculatura. Nenhuma dessas técnicas, porém, consegue fechar ou costurar o tendão nem desbastar o esporão ósseo.
Sempre recomendo a meus pacientes que optam por tratamentos alternativos a não abandonarem a fisioterapia para reabilitação. É preciso conseguir ganho na amplitude do movimento e fortalecer outros músculos para que exerçam a função, por vicariância, daquele que não está trabalhando direito.
INFILTRAÇÕES DE CORTISONA
Drauzio – No passado, as infiltrações com cortisona eram muito usadas para tratamento da dor articular.
Sérgio Luiz Cecchia – Não adianta acabar somente com a dor com infiltrações de cortisona, como se fazia no passado. A cortisona diminui a dor, desinflama, ou seja, transforma um problema clínico num problema subclínico, sem sintomas. Quase invariavelmente, porém, depois de certo tempo, ele volta, mais complicado e difícil. Por isso, raramente utilizo infiltrações de cortisona, uma vez que o trabalho fisioterápico é indispensável para o futuro da articulação.
Drauzio – Essas infiltrações ainda têm alguma indicação hoje em dia?
Sérgio Luiz Cecchia – Às vezes, têm. Pacientes com problemas clínicos para os quais a cirurgia é contraindicada, ou que já fizeram todo o trabalho fisioterápico e continuam sentindo dor, podem precisar de infiltração de cortisona. Com menos dor, terão sono mais tranquilo e se sentirão melhor.
PREVENÇÃO
Drauzio – Como se deve usar a articulação do ombro para não ter problemas?
Sérgio Luiz Cecchia – Como já dissemos repetidas vezes, a articulação do ombro é de movimento. Por isso, exercícios de alongamento que favoreçam a amplitude do movimento e exercícios que fortaleçam a musculatura da escápula são essenciais. Por outro lado, devemos evitar movimentos repetitivos com o braço acima da linha do horizonte por tempo prolongado.
Drauzio – Quais são os exercícios indicados para trabalhar bem a musculatura da escápula?
Sérgio Luiz Cecchia – Se puxarmos os ombros para trás, para cima e para baixo, segurando-os um pouco nessas posições antes de soltá-los, estaremos trabalhando a musculatura da escápula e melhorando a postura. O alongamento dos músculos peitorais evita que os ombros sejam projetados para frente e o acrômio exerça atrito sobre os tendões, uma vez que esse choque mecânico pode provocar a Síndrome do Impacto do Ombro.
Drauzio  De que maneira deve ser feito o alongamento?
Sergio Luiz Cecchia – O exercício mais importante é o alongamento das estruturas posteriores do ombro. Ele consiste em colocar a mão nas costas e erguê-la, o máximo possível, em direção ao pescoço, ou juntar as duas mãos nas costas e erguer os braços.
Drauzio – Pessoas saudáveis também devem fazer esses exercícios?
Sergio Luiz Cecchia – Antes da atividade física, todas as pessoas devem alongar bem as articulações do ombro. A partir dos 45, 50 anos, alongamentos para proteger a articulação do ombro devem virar rotina na vida das pessoas.
Drauzio  Qual a melhor posição para a pessoa que está sentada, vendo televisão, por exemplo? 
Sergio Luiz Cecchia – As pessoas devem procurar manter a cintura escapular (ou as escápulas) na posição o mais ereta possível. Ficar com os braços levantados, mesmo que 

Saiba como identificar, tratar e evitar dores no ombro provocadas por tendinite

Movimentos mal feitos e excesso de carga são as causas mais frequentes, afirma ortopedista

Fisgadas, câimbras e fraqueza ao levantar qualquer objeto são os principais sintomas da tendinite, uma inflamação do tendão que pode acometer regiões do corpo como calcanhares, cotovelos, joelhos, ombros ou pulsos. Segundo o ortopedista Luiz Alberto Nakao Iha, da clínica paulista Healthme, a tendinite pode ser o resultado do uso excessivo dos tendões e dos músculos.
— A tendinite surge quando ocorre um desequilíbrio na força muscular. Realizar movimentos de forma errada ou levantar pesos além da sua capacidade são as causas mais frequentes — conta o médico.
:: Fatores de risco
As profissões mais afetadas pelas tendinites de ombro são aquelas em que o indivíduo executa atividades com o braço acima da cabeça como professores, trabalhadores braçais, pintores e esportistas que realizam movimentos de arremesso.
Outro fator de risco é a perda de massa muscular e elasticidade dos tecidos com a idade. Por isso que pessoas acima dos 60 anos tendem a apresentar mais problemas do tipo.
:: Como saber se a dor no ombro é tendinite?
Quem apresenta tendinite no ombro pode sentir dor durante a movimentação da articulação —  ao levantar o braço acima da cabeça ou durante a prática de algum esporte. A dor geralmente ocorre na parte superior do ombro, mas também pode aparecer atrás da articulação.
:: Tratamento
Pode ser feito inicialmente com compressas de gelo (três ou quatro vezes ao dia). Além disso, medicamentos também podem ser utilizados para controle da inflamação e alívio da dor.
Já as sessões de fisioterapia irão ajudar a manter ou recuperar o movimento e a força do membro afetado. Com relação aos exercícios físicos, devem ser moderados e não devem causar dor até a recuperação total do tendão lesionado. A prática de alongamentos e de fortalecimento muscular ajuda a prevenir novas lesões.
:: Livre-se da dor no ombro
É preciso manter cuidado ao realizar movimentos repetitivos. Eles exigem pausas prolongadas, ou seja, é importante parar e alongar para não forçar os tendões e os músculos.
Outra dica importante é beber muito líquido, pois ajuda a preservar as articulações. O ortopedista explica quais os movimentos certos para prevenir a tendinite.
— Com os braços soltos faça movimentos circulares para soltar a musculatura e aliviar os tendões nessa área. Depois leve o braço esquerdo em direção ao direito e com a mão direita pressione levemente o braço até que consiga sentir a musculatura se esticando. Repita esses movimentos três vezes ao dia — recomenda o médico.
VIDA E SAÚDE
    estejam apoiados no espaldar da poltrona ou nos ombros da namorada por tempo prolongado, acaba machucando um pouco o tendão. Da mesma forma, ficar com os braços caídos e os ombros arcados, não é bom para a articulação do ombro.

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