Calendário é um sistema para contagem e agrupamento de dias que visa atender, principalmente, às necessidades civis e religiosas de uma cultura. A palavra deriva do latimcalendarium ou livro de registro, que por sua vez derivou de calendae, que indicava o primeiro dia de um mês romano. As unidades principais de agrupamento são o mês e o ano.1
A palavra calendário é usada também para descrever o aparato físico (geralmente de papel) para o uso do sistema (por exemplo, calendário de mesa), e também um conjunto particular de eventos planejados.
Índice
[esconder]Conceitos[editar | editar código-fonte]
A unidade básica para a contagem do tempo é o dia, que corresponde ao período de tempo entre dois eventos equivalentes sucessivos: por exemplo, o intervalo de tempo entre duas ocorrências do nascer do Sol, que corresponde, em média (dia solar médio), a 24 horas.
O mês lunar corresponde ao período de tempo entre duas lunações, cujo valor aproximado é de 29,5 dias.
O ano solar é o período de tempo decorrido para completar um ciclo de estações (primavera, verão, outono e inverno). O ano solar médio tem a duração de aproximadamente 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 47 segundos (365,2422 dias).2 Também é conhecido como ano trópico. A cada quatro anos, as horas extra acumuladas são reunidas no dia 29 de Fevereiro, formando o ano bissexto, ou seja, o ano com 366 dias.
Os calendários antigos baseavam-se em meses lunares (calendários lunares) ou no ano solar (calendário solar) para contagem do tempo.
Etimologia[editar | editar código-fonte]
Antes de Júlio César criar, com a ajuda do astrônomo Sosígenes, o calendário dito juliano, os romanos tinham meses lunares, que começavam em cada lua nova. No primeiro dia da lua nova, chamado dia das calendas (“calendae”), um dos pontífices convocava o povo no Capitólio para informar as celebrações religiosas daquele mês. O pontífice mencionava um por um os dias que transcorreriam até as nonas, repetindo em voz alta a palavra “calo”, eu chamo.3
A partir do calendário juliano, que não era lunar, as nonas foram o quinto dia nos meses de trinta dias e o sétimo nos meses de trinta e um. De “calendae”, os romanos criaram o adjetivo “calendarius”, relativo às calendas, e o substantivo “calendarium”, com o qual designavam o livro de contas diárias e, mais tarde, o registro de todos os dias do ano.
Em nossa língua portuguesa, até o século XIII, a palavra calendas era empregada, no entanto, para denominar o primeiro dia de cada mês e calendário a lista dos dias do ano com suas correspondentes festividades religiosas. O calendário dos gregos não tinha calendas, e assim os romanos conceberam a expressão “Ad calendas graecas”, para as calendas gregas, para referir-se a algo que não iria ocorrer nunca.
Classificação[editar | editar código-fonte]
Calendários em uso na Terra são frequentemente os lunares, solares, luni-solares ou arbitrários. Um calendário lunar é sincronizado com o movimento da Lua; um exemplo disso é o calendário islâmico. Um calendário solar é sincronizado com o movimento do Sol; um exemplo é o calendário persa. Um calendário luni-solar é sincronizado com ambos os movimentos do Sol e da Lua; um exemplo é o calendário hebraico. Um calendário arbitrário não é sincronizado nem com o Sol nem com a Lua. Um exemplo disso é ocalendário juliano usado por astrônomos. Há alguns calendários que parecem ser sincronizados com o movimento de Vênus, como o calendário egípcio; a sincronização com Vênus parece ocorrer principalmente em civilizações próximas ao equador.
Praticamente todos os sistemas de calendário utilizam uma unidade coloquialmente chamada de ano, que se aproxima do ano tropical da Terra, ou seja, o tempo que leva um completo ciclo de estações, visando facilitar o planejamento de atividades agrícolas. Muitos calendários também usam uma unidade de tempo chamada mês baseado nas fases da Lua no céu; um calendário lunar é aquele no qual os dias são numerados dentro de cada ciclo de fases da Lua. Como o comprimento do mês lunar não se encaixa em um divisor exato dentro do ano tropical, um calendário puramente lunar rapidamente se perde dentro das estações. Os calendários lunares compensam isso adicionando um mês extra quando necessário para realinhar os meses com as estações.
Atual[editar | editar código-fonte]
No ocidente, o calendário juliano baseado em anos foi o adotado. Ele numera os dias dentro dos meses, que são mais longos que o ciclo lunar, por isso não é conveniente para seguir as fases da Lua, mas faz um trabalho melhor seguindo as estações. Infelizmente, o ano tropical da Terra não é um múltiplo exato dos dias (é de aproximadamente 365,2422 dias), então lentamente cai fora de sincronia com as estações. Por essa razão, o calendário gregoriano foi adotado mais tarde na maior parte do ocidente. Por usar um recurso matemático de ano bissexto (os anos centenários são bissextos somente se puderem ser divididos por 400 e seu resultado for sem fração, logo, quando for, por exemplo, 2.100, 2.200, 2.300, 2.500 e 2.600, estes anos não serão bissextos), pode ser ajustado para fechar com as estações como desejado.
Completude[editar | editar código-fonte]
Calendários podem definir outras unidades de tempo, como a semana, para o propósito de planejar atividades regulares que não se encaixam facilmente com meses ou anos. Calendários podem ser completos ou incompletos. Calendários completos oferecem um modo de nomear cada dia consecutivo, enquanto calendários incompletos não.
Finalidade[editar | editar código-fonte]
Podem ser pragmáticos, teóricos ou mistos. Um calendário pragmático é o que é baseado na observação; um exemplo é o calendário religioso islâmico. Um calendário teórico é aquele que é baseado em um conjunto estrito de regras; um exemplo é o calendário hebraico. Um calendário misto combina ambos. Calendários mistos normalmente começam como calendários teóricos, mas são ajustados pragmaticamente quando algum tipo de assincronia se torna aparente; a mudança do calendário juliano para o calendário gregoriano é um exemplo, e o próprio calendário gregoriano pode ter que receber algum ajuste próximo ao ano 4000 (como foi proposto por G. Romme para o calendário revolucionário francês revisado). Houve algumas propostas para a reforma do calendário, como o calendário mundial ou calendário perpétuo. AsNações Unidas consideraram a adoção de um calendário reformado por um tempo nos anos 50, mas essas propostas perderam muito de sua popularidade.
O calendário gregoriano, como um exemplo final, é completo, solar e misto.
Calendários lunares[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Calendário lunar
Nem todos os calendários usam o ano solar como uma unidade. Um calendário lunar é aquele em que os dias são numerados dentro de cada ciclo das fases da lua. Como o comprimento do mês lunar não é nem mesmo uma fração do comprimento do ano trópico, um calendário puramente lunar rapidamente desalinha-se das estações do ano, que não variam muito perto da linha do Equador. Permanece constante, no entanto, em relação a outros fenômenos, especialmente as marés. Um exemplo é o calendário islâmico. Alexander Marshack, em uma obra controversa,4 acreditava que as marcas em um bastão de osso (cerca de 25.000 a.C.) representavam um calendário lunar. Outros ossos marcados também podem representar calendários lunares.5 Da mesma forma, Michael Rappenglueck acredita que as marcas de uma pintura rupestre de 15 mil anos de idade representam um calendário lunar.6
Calendários fiscais[editar | editar código-fonte]
Um calendário fiscal (como um calendário 4-4-5) fixa para cada mês um determinado número de semanas, para facilitar as comparações de mês para mês e de ano para ano. Janeiro sempre tem exatamente 4 semanas (de domingo a sábado), fevereiro tem quatro semanas, março tem cinco semanas etc. Note-se que este calendário vai precisar adicionar uma 53ª semana a cada 5 ou 6 anos, que pode ser adicionada a dezembro ou pode não ser, dependendo de como a organização utiliza essas datas. Existe um modo padrão internacional para fazer isso (a semana ISO). A semana ISO começa na segunda-feira e termina no domingo. A semana 1 é sempre a semana que contém 4 de janeiro no calendário gregoriano.
Calendários fiscais também são usados pelas empresas. Neste caso o ano fiscal é apenas um conjunto qualquer de 12 meses. Este conjunto de 12 meses pode começar e terminar em qualquer ponto do calendário gregoriano. É o uso mais comum dos calendários fiscais.
Curiosidades[editar | editar código-fonte]
Embora não houvesse comunicações e nem os povos antigos conhecessem outros modelos mais precisos para a contagem do tempo, foram os calendários mais simples como a lunação e os sete dias da semanaque permitiram aos historiadores refazer em tempo real todos os eventos históricos.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ UFMG. Calendários. Visitado em 2 de março de 2012.
- ↑ Boczko, Roberto. Conceitos de Astronomia. São Paulo: Edgard Blücher, 1984. p. 34.
- ↑ UOL Educação. Calendário juliano, calendário gregoriano e ano bissexto. Visitado em 2 de março de 2012.
- ↑ James Elkins, Our beautiful, dry, and distant texts (1998) 63ff.
- ↑ How Menstruation Created Mathematics by John Kellermeier
- ↑ Oldest lunar calendar identified
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Nova Enciclopédia Barsa. vol. 3. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações. 2000.
- DUNCAN, David E. Calendário: a epopéia da humanidade para determinar um ano verdadeiro e exato. Rio de Janeiro: Ediouro. 1999.
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Calendário Sazonal com datas comemorativas, pontos facultativos e feriados brasileiros
- Calendário com feriados de todas as cidades brasileiras
- Calendário Astronômico
- Medidas to Tempo
- Calendário perpétuo - saiba que os dias 5 a 14 de outubro de 1582 inexistiram!
Você já deve ter se perguntado sobre a origem do calendário que utilizamos no mundo ocidental. Dessa forma, qual seria realmente sua origem? Como ele era calculado? Abaixo segue uma pequena história do calendário gregoriano, que é utilizado hoje em dia na maior parte do mundo.
O calendário gregoriano surgiu em virtude de uma modificação no calendário juliano, realizada em 1582, para ajustar o ano civil, o do calendário, ao ano solar, decorrente do movimento de elipse realizado pela Terra em torno do Sol. Antes de Júlio César (100 a.C. – 44 a.C.), o calendário que vigorava em Roma era dividido em 355 dias e 12 meses, o que causava um grande desajustamento ao longo do tempo, pois as estações do ano passavam a ocorrer em datas diferentes. Quando se tornou ditador da República romana, Júlio César resolveu reformar o calendário para adequá-lo novamente ao tempo natural.
Para isso, foi necessário criar, em 46 a.C., um ano com 15 meses e 455 dias para compensar a defasagem, este ano ficou conhecido como o “ano da confusão”. A reforma de Júlio César instituiu o ano depois de 45 a.C. com 365 dias e seis horas, divididos em 12 meses, o que conseguiu resolver o problema durante um tempo. As seis horas que sobravam de cada ano seriam compensadas a cada quatro anos com a inclusão de mais um dia em fevereiro, os dias bissextos.
No entanto, ainda persistiu a defasagem entre o ano do calendário e o ano natural, sendo que durante a Idade Média foram várias as tentativas de resolvê-la. O Concílio de Trento, realizado em 1545, decidiu pelas alterações no calendário da Igreja, cabendo a Gregório XIII instituir o novo calendário, que passaria a se chamar calendário gregoriano em sua homenagem. Para adequar a data da Páscoa com o equinócio de primavera no Hemisfério Norte, o papa Gregório XIII ordenou que o dia seguinte a 4 de outubro de 1582 passasse a ser o dia 15 de outubro. Um salto de 11 dias! Para diminuir a defasagem, os dias bissextos não ocorreriam nos anos centenários (terminados em 00), a não ser que fossem divisíveis de forma exata por 400.
A maior parte do mundo católico aceitou a mudança, mas foram vários os países que rejeitaram a alteração, fazendo com que mais de um calendário existisse no mundo cristão. Os últimos países a adotarem o calendário gregoriano na Europa foram a Grécia, em 1923, e a Turquia, em 1926.Calendário é todo sistema de cômputo de um intervalo de tempo relativamente longo, cujos fundamentos são astronômicos (daí a necessidade do estudo anterior) e cujas divisões (estações, meses, semanas, dias, horas e suas subdivisões) procuram atender às necessidades da vida civil e religiosa. Pode ser definido também como o conjunto de regras usadas com a finalidade de agrupar os dias em diversos períodos que possibilitem um fácil cômputo do tempo.
Cada conjunto de diferentes regras dá origem a um calendário diferente. Vale ressaltar que qualquer calendário que siga as regras preestabelecidas é correto, sendo impróprio, portanto, dizer que um calendário é melhor que outro. Alguns calendários, no entanto, se aproximam mais de um ideal definido na sua concepção do que outros. Por exemplo, o melhor calendário solar é aquele cuja estrutura é tal que sua duração média mais se aproxime do valor 365,242190 dias, que é a duração do ano solar.
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