Cangaço é o nome dado ao movimento armado de nômades nordestinos que teve seu auge entre o final do século XIX e início do XX. O cangaço ficou marcado pela intensidade de crimes violentos e cruéis no Nordeste do Brasil, movidos principalmente pela vingança, revolta e disputa de terras.
Formados por sertanejos, jagunços, empregados de latifúndios, capangas e pistoleiros, os grupos do cangaço espalhavam terror e medo por onde passavam. Os cangaceiros - nome atribuído aos membros desses grupos - eram considerados os bandidos mais perigosos do sertão brasileiro.
A figura do cangaceiro era caracterizada como a de um homem do sertão que usava roupas de couro com diversos ornamentos, um chapéu de abas largas, punhais e armas de fogo penduradas na cintura. Aliás, originalmente o termo "cangaço" surgiu a partir da palavra "canga", nome dado à uma peça de madeira utilizada nos animais para transportar utensílios. Assim sendo, a palavra "cangaceiro" faz alusão à canga, devido a grande quantidade de objetos e armas que esses bandidos andarilhos carregavam.
Durante os primeiros anos da República Oligárquica, o poder do cangaço no nordeste do Brasil era imenso. A crueldade durante os ataques despertava o medo da polícia estadual, que necessitava de reforços da polícia militar na tentativa de impedir os cangaceiros. Devido à bravura e audácia desses bandidos, muitas vezes eram vistos como heróis entre a população das pequenas cidades e vilas do sertão, que enfrentavam o descaso das autoridades e viviam em extrema pobreza.
Existiam três principais categorias de grupos de cangaço no sertão: o defensivo, que funcionava à serviço de grades latifundiários, com o objetivo de defender propriedades de terra da invasão de índios e de demais inimigos; o político, que defendiam os interesses dos grandes fazendeiros locais e recebiam, por conta disso, certa "proteção" das autoridades; e os independentes, que tinham característica do banditismo, ou seja, eram os temidos cangaceiros que roubavam viajantes, estupravam mulheres indefesas, matavam e saqueavam cidades inteiras, atacavam lideres governamentais, fazendeiros e outras pessoas com grandes posses.
Os cangaceiros viviam na região da caatinga, sendo exímios conhecedores deste tipo de vegetação, o que facilitava a sua fuga das autoridades que estavam sempre perseguindo esses bandidos. Os homens do cangaço atuavam nas cidades dos estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe e Bahia.
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As histórias sobre o cangaço perpetuaram pelo imaginário popular do brasileiro, criando uma imagem heroica dos cangaceiros, que foram representados através da arte, pelo teatro, cinema, música e literatura.
A literatura de Cordel, típica no nordeste, tinha como um dos temas mais recorrentes a vida e luta no cangaço.
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Lampião, o rei do Cangaço
Virgulino Ferreira da Silva, mais conhecido como Lampião, foi o cangaceiro mais famoso da história do sertão brasileiro. Suas ações de ousadia e crueldade fizeram com que fosse temido em todo o Nordeste, onde também era chamado de Rei do Cangaço ou Senhor do Sertão.
Lampião nasceu no sertão de Pernambuco e era filho de uma família bastante pobre. A história conta que a origem da vida de Lampião no cangaço foi por causa da revolta que sentiu devido a condição de extrema miséria, da perda da propriedade da família e pelo assassinato de seu pai pela polícia.
Lampião era companheiro de Maria Gomes de Oliveira, vulgo Maria Bonita, considerada a primeira mulher a fazer parte de um grupo de cangaço.
Lampião, Maria Bonita e vários cangaceiros de seu grupo foram assassinados em uma emboscada em junho de 1938, sendo decapitados e suas cabeças espalhadas por várias cidades do interior do nordeste, como forma de afugentar os cangaceiros remanescentes.O Cangaço foi um fenômeno nordestino integrado por nômades que usavam violência para cometer crimes na região.
O termo Cangaço é proveniente de canga, uma peça de madeira utilizada em pescoços de boi para transporte. Como os chamados cangaceiros tinham que carregar todos seus pertences junto ao corpo, deu-se o nome a partir da associação. O primeiro homem a ter agido como cangaceiro teria sido José Gomes ou Cabeleira, como era chamado. Diz-se que ele aterrorizava a região de Recife na segunda metade do século XVIII. Mas o movimento só ganhou corpo mesmo no final do século XIX. Nesta época, o nordeste passava por momentos difíceis e homens criminosos espalhavam o terror com suas vidas nômades. Já o primeiro grupo propriamente dito foi o de Jesuíno Alves de Melo Calado, chamado de Jesuíno Brilhante, que também praticou seus atos criminosos na segunda metade do século XVIII.
As origens do movimento estão nas próprias questões sociais e fundiárias do Nordeste. Para enfrentar tal panorama, homens isolados ou em bandos assaltavam fazendas, sequestravam e matavam coronéis e saqueavam o que podiam. Os cangaceiros, em geral, viviam cometendo crimes, fugindo e se escondendo. Mas havia três grupos no Cangaço. Um deles prestava serviço aos próprios latifundiários, logo, não eram tão fugitivos assim. Havia um segundo grupo que representava mais ainda os poderes locais dos fazendeiros, tanto que eram conhecidos como “políticos”. Estes, consequentemente, gozavam até de certa proteção. Somente um terceiro grupo que era independente e que praticava uma vida bandida por conta própria. Todos eles, contudo, conheciam bem a natureza do cerrado brasileiro e, por isso, tinham ampla vantagem na hora de fugir das autoridades. Era da natureza também que tiravam todos os recursos para enfrentar as adversidades.
O cangaceiro mais famoso da história, sem dúvidas, foi Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Sua importância para o movimento é tamanha que, por vezes, é chamado de Senhor do Sertão ou Rei do Cangaço. Suas ações são bem mais recentes, junto com seu grupo, atuou nas décadas de 1920 e 1930 em quase todo o nordeste do país. Lampião tinha uma personalidade dúbia. Para as autoridades era um criminoso brutal que precisava ser eliminado. Para a população da região era o símbolo de bravura e de honra.
O Cangaço permaneceu vivo por tanto tempo na história do Brasil porque os próprios latifundiários desejavam. Eles o mantinham ativo, pois era alternativa para cobrança de dívida e uma possibilidade para formar os exércitos mercenários em caso de disputas de famílias. O fenômeno só foi atacado definitivamente por ação do Estado no governo de Getúlio Vargas. Este determinou que qualquer foco de desordem no território deveria ser eliminado e empreendeu uma caçada por Lampião, símbolo do Cangaço. Todos os cangaceiros que não se rendiam eram mortos pelo governo, o que aconteceu com Virgulino no dia 28 de julho de 1938. Vários cangaceiros foram degolados e suas cabeças foram conservadas para exposição no nordeste, como forma de demonstração do que aconteceria com os não cumpridores da ordem.
Depois do fim de Lampião, chefes de outros bandos se entregaram. O último grupo famoso foi o de Cristino Gomes da Silva Cleto, conhecido como Corisco, que chegou ao fim no dia 25 de maio de 1940 com a morte de seu líder.No sertão do Nordeste brasileiro, as violentas disputas entre famílias poderosas e a falta de perspectivas de ascensão social numa região de grande miséria levaram ao surgimento de bandos armados, gerando o fenômeno do cangaço. Cangaço é a denominação dada ao tipo de luta armada ocorrida no sertão brasileiro, do fim do século XVIII à primeira metade do século XX. Cangaceiro era o homem que se dedicava a essa atividade, trazendo sempre atravessada nos ombros sua espingarda, como um boi debaixo da canga. Já no começo do século XIX, o cangaceiro trazia a tiracolo ou dependurada no cinturão toda sorte de armas suplementares, como longos punhais que batiam na coxa e cartucheiras de pele ou de couro, praticamente a mesma indumentária de Lampião, cem anos mais tarde.
Existiram três tipos de cangaço na história do sertão: o defensivo, de ação esporádica na guarda de propriedades rurais, em virtude de ameaças de índios, disputa de terras e rixas de famílias; o político, expressão do poder dos grandes fazendeiros; e o independente, com características de banditismo. No primeiro caso, após realizarem sua missão de caçar índios no sertão do Cariri e em outras regiões, a soldo dos fazendeiros, os cangaceiros se dissolviam e voltavam a trabalhar como vaqueiros ou lavradores. As rixas entre famílias e as vinganças pessoais mobilizavam constantemente os bandos armados. Parentes, agregados e moradores ligados ao chefe do clã por parentesco, compadrio ou reciprocidade de serviços compunham os exércitos particulares.
O cangaço político resultou, muitas vezes, das rivalidades entre as oligarquias locais, e se institucionalizou como instrumento dessas oligarquias, empenhadas na disputa para consolidar seu poder. Mas no final do século XIX surgiram bandos independentes que não se subordinavam a nenhum chefe local, tendo sua origem no problema do monopólio da terra. Esse tipo de cangaço já existira no passado, em função das secas, mas não conseguira perdurar, eliminado pelos potentados locais, assim que se restabeleciam as condições normais de vida.
O primeiro dos grandes bandos independentes foi o de Antônio Silvino (1875), pernambucano que, desde jovem, na última década do século XIX, se dedicara ao cangaço a serviço da família Aires. A partir de 1906, afastou-se das lutas políticas e dos conflitos entre famílias, passando a lutar pela dominação armada de áreas do sertão. Atuou em Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, espancando, assassinando, cobrando tributos e saqueando. Ferido em 1914, durante combate, foi preso e condenado a trinta anos de prisão em Recife, sendo indultado em 1937.
Virgulino Ferreira, o Lampião, o mais famoso de todos os cangaceiros, assumiu a chefia de seu bando em 1922. Por causa da organização e disciplina que impunha seus cabras, raramente era derrotado, além do fato de aparecer perante a população sertaneja como um instrumento de justiça social, procurando, dessa forma, justificar seus crimes, que atingiam pobres e ricos indistintamente. Morreu em combate em 1938. Outros cangaceiros famosos foram Jesuíno Brilhante (1844-1879), cearense, morto em luta com a polícia; Lucas da Feira, baiano, enforcado em 1849; José Gomes Cabeleira, pernambucano, e Zé do Vale, piauiense, igualmente enforcados nas últimas décadas do século XIX.
Os três tipos de cangaço muitas vezes coexistiram. O defensivo e o político ocorreram por todo o país e sobrevivem, a bem dizer, até os dias atuais. O independente, porém, tem localização certa no tempo, pois surgindo em fins do século XIX, praticamente desapareceu em 1939, com a morte de Corisco, o Diabo Louro, o mais famoso chefe de bando depois de Lampião.
A extinção desse fenômeno social foi conseqüência sobretudo da mudança das condições sociais no país, das perspectivas de uma vida melhor que se abriam para as massas nordestinas com a migração para o Sul, e das maiores facilidades de comunicação, entre outros fatores. Mais de dez anos antes da morte de Corisco já os nordestinos começavam a migrar para as fazendas paulistas de café, em longas viagens a pé; de 1930 em diante, a industrialização no Sul, a abertura de novas frentes agrícolas, como a do norte do Paraná, e a interrupção da imigração estrangeira tornaram mais intensa a demanda de braços do Nordeste, trazendo, como conseqüência, uma intensa migração para o Rio de Janeiro e São Paulo.
Extensa é a bibliografia sobre o cangaço, de estudos sociológicos à reportagem documental. Na literatura, destacam-se o romance O Cabeleira (1876) de Franklin Távora, e as obras de José Lins do Rego, Jorge Amado, Raquel de Queiroz e Guimarães Rosa, este último autor de Grande sertão, veredas, considerado o maior romance já escrito sobre os cangaceiros. No cinema, sobressaíram O cangaceiro (1953) de Lima Barreto e Deus e o diabo na terra do sol (1964) de Gláuber Rocha. Entre o final do século XIX e começo do XX (início da República), surgiu, no nordeste brasileiro, grupos de homens armados conhecidos como cangaceiros. Estes grupos apareceram em função, principalmente, das péssimas condições sociais da região nordestina. O latifúndio, que concentrava terra e renda nas mãos dos fazendeiros, deixava as margens da sociedade a maioria da população.
Entendendo o cangaço
Portanto, podemos entender o cangaço como um fenômeno social, caracterizado por atitudes violentas por parte dos cangaceiros. Estes, que andavam em bandos armados, espalhavam o medo pelo sertão nordestino. Promoviam saques a fazendas, atacavam comboios e chegavam a seqüestrar fazendeiros para obtenção de resgates. Aqueles que respeitavam e acatavam as ordens dos cangaceiros não sofriam, pelo contrário, eram muitas vezes ajudados. Esta atitude, fez com que os cangaceiros fossem respeitados e até mesmo admirados por parte da população da época.
Os cangaceiros não moravam em locais fixos. Possuíam uma vida nômade, ou seja, viviam em movimento, indo de uma cidade para outra. Ao chegarem nas cidades pediam recursos e ajuda aos moradores locais. Aos que se recusavam a ajudar o bando, sobrava a violência.
Como não seguiam as leis estabelecidas pelo governo, eram perseguidos constantemente pelos policiais. Usavam roupas e chapéus de couro para protegerem os corpos, durante as fugas, da vegetação cheia de espinhos da caatinga. Além desse recurso da vestimenta, usavam todos os conhecimentos que possuíam sobre o território nordestino (fontes de água, ervas, tipos de solo e vegetação) para fugirem ou obterem esconderijos.
Existiram diversos bandos de cangaceiros. Porém, o mais conhecido e temido da época foi o comandado por Lampião (Virgulino Ferreira da Silva), também conhecido pelo apelido de “Rei do Cangaço”. O bando de Lampião atuou pelo sertão nordestino durante as décadas de 1920 e 1930. Morreu numa emboscada armada por uma volante, junto com a mulher Maria Bonita e outros cangaceiros, em 29 de julho de 1938. Tiveram suas cabeças decepadas e expostas em locais públicos, pois o governo queria assustar e desestimular esta prática na região.
Depois do fim do bando de Lampião, os outros grupos de cangaceiros, já enfraquecidos, foram se desarticulando até terminarem de vez ,no final da década de 1930.Definição
Os cangaceiros eram homens que andavam armados e em bandos pelo sertão nordestino nas primeiras décadas do século XX.
Regras
Tinham suas próprias regras de conduta e suas próprias leis. Vagavam de um local para o outro (não possuíam residência fixa), vivendo de saques e doações. Eles eram temidos pelas pessoas e espalhavam o medo por onde passavam. Freqüentemente enfrentavam as forças policiais do governo.
Roupas
Os cangaceiros usavam roupas e chapéus de couro, pois andavam muito pela catinga. Este tipo de vegetação possui muitos espinhos e esta roupa fornecia proteção aos cangaceiros.
Bandos e líderes
Existiram vários bandos de cangaceiros, porém o mais conhecido foi o liderado por Lampião (conhecido como o "rei do cangaço"). Outros cangaceiros conhecidos deste período foram Antônio Silvino e Corisco.
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