segunda-feira, 31 de agosto de 2015

CUICA

cuíca ou puíta (em Angola pwita) é um instrumento musical, semelhante a um tambor, com uma haste de madeira presa no centro da membrana de couro, pelo lado interno. O som é obtido friccionando a haste com um pedaço de tecido molhado e pressionando a parte externa da cuíca com dedo, produzindo um som de ronco característico. Quanto mais perto do centro da cuíca mais agudo será o som produzido.
Outras denominações para o instrumento: roncador, tambor-onça, porca, quica, adufe, omelê.[1]
O instrumentista da cuíca é chamado de cuiqueiro.[2] [3] [4] [5]

Classificação[editar | editar código-fonte]

A classificação da cuíca é ambígua. Algumas classificações (por exemplo, Hornbostel–Sachs) dão a cuíca como exemplo de um membranofone friccionado. Outras qualificam-na como um idiofone friccionado, sendo a vibração da haste transmitida à membrana por contato.

Origens[editar | editar código-fonte]

A cuíca é um instrumento cujas origens são menos conhecidas do que os outros instrumentos afro-brasileiros. Em sua descrição sobre o interior Angolano no século XVI, o viajante inglês Andrew Battell descreve o encontro com um senhor africano de Ingombe que utiliza da Kipuita para anunciar sua chegada[6] . Ela pode ter sido trazida ao Brasil por escravos africanos bantos, mas ligações podem ser traçadas a outras partes do nordeste africano, assim como à península Ibérica, a exemplo da sarronca. A cuíca era também chamada de "rugido de leão" ou de "tambor de fricção". Em suas primeiras encarnações era usada por caçadores para atrair leões com os rugidos que o instrumento pode produzir.[carece de fontes]
Seu uso é muito difundido na música popular brasileira. Por volta de 1930, passou a fazer parte das baterias das escolas de samba.

Atualmente[editar | editar código-fonte]

Depois de integrada no arsenal percussivo brasileiro, a cuíca foi tradicionalmente usada por escolas de samba no carnaval e grupos de congo capixaba, mas atualmente é também encontrada no jazzcontemporâneo e em estilos de funk,[7] disco music e ritmos latinos, como a salsa[8] .

Características[editar | editar código-fonte]

Cuíca com suporte.
Existem muitos tamanhos de cuíca, e embora seja geralmente considerada um instrumento de percussão ela não é percutida. Encaixada na parte de baixo da pele está uma haste de bambu. A extensão tonal da cuíca pode chegar a duas oitavas. Os tons produzidos tentam imitar a voz na forma de grunhidos, gemidos, soluços e guinchos, e podem estabelecer assim um ostinato rítmico.
A colocação da haste no interior da caixa é que a difere, fundamentalmente, dos tambores de fricção europeus e reforça a hipótese de ter sido introduzida no Brasil pelos negros bantos.[carece de fontes]

Técnica[editar | editar código-fonte]

O polegar, o indicador e o dedo médio seguram a haste no interior do instrumento com um pedaço de pano úmido, e os ritmos são articulados pelo deslizamento deste tecido ao longo do bambu. A outra mão segura a cuíca e com os dedos exerce uma pressão na pele. Quanto mais forte a haste for segurada e mais pressão for aplicada na pele mais altos serão os tons obtidos. Um toque mais leve e menos pressão irão produzir tons mais baixos.

Exemplos de áudio[editar | editar código-fonte]

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Na música popular[editar | editar código-fonte]

Música brasileira
  • Jorge Ben usa a cuíca em muitas de suas canções.
Jazz
Trabalho posterior de Miles Davis, onde é tocada por Airto Moreira, como em Black Beauty: Live at the Fillmore West, Miles Davis at Fillmore: Live at the Fillmore East, Live at the Fillmore East, 7 de Março de 1970: It's About That Time albums e a faixa "Feio" na versão em CD de Bitches Brew (1999)
Pop e Rock

Soul e R&B
Reggae

Referências

  1. Ir para cima FRUNGILLO, Mário D. Dicionário de percussão. São Paulo:Unesp, 2003. pag. 90
  2. Ir para cima Oswaldinho da Cuíca Dicionário Cravo Albin da MPB. Visitado em 15/3/2013. "Músico. Cuiqueiro. Compositor. Cantor. Produtor e pesquisador musical."
  3. Ir para cima Luis Turiba: Cuiqueiros da Ribalta O DIa (7/2/2013). Visitado em 15/3/2013. "Cuiqueiro já foi uma raça rítmica em extinção no início deste século."
  4. Ir para cima Bandeira, Alexandre (nº 3, s/data). Entrevista com o demônio Revista Raiz. Visitado em 15/3/2013. "“Música de amorzinho”, para o cuiqueiro, parece resumir todo arremedo de samba."
  5. Ir para cima Mendes, Wilson (4/2/2012). Mestre Quirino, o último grande cuiqueiro, diz que falta amor ao carnaval e mostra mocidade, aos 88 anos Extra (jornal). Visitado em 15/3/2013.
  6. Ir para cima P.14. The strange adventures of Andrew Battell of Leigh, in Angola and the adjoining regions (1901). Disponível em: http://archive.org/details/strangeadventure00battrich
  7. Ir para cima Ed Uribe. The Essence of Brazilian Percussion and Drum Set: Book and CD. [S.l.]: Alfred Music Publishing, 1994. 52 p. 9780769220246
  8. Ir para cima John Storm Roberts. The Latin Tinge: The Impact of Latin American Music on the United States. [S.l.]: Oxford University Press, 1999. 261 p. 9780195121018

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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