segunda-feira, 31 de agosto de 2015

SECA

seca ou estiagem é um fenómeno climático causado pela insuficiência de precipitação pluviométrica, ou chuva numa determinada região por um período de tempo muito grande[1] [2] .
Existe uma pequena diferença entre seca e estiagem pois estiagem é o fenômeno que ocorre num intervalo de tempo, ou seja, a estiagem não é permanente, já a seca é permanente.
Este fenômeno provoca desequilíbrios hidrológicos importantes. Normalmente a ocorrência da seca se dá quando a evapotranspiração ultrapassa por um período de tempo a precipitação de chuvas.
A diminuição do volume de água no Mar de Aral é considerado um dos maiores desastres ambientais e humanos da história, que produziram uma situação de seca.

Tipos de secas[editar | editar código-fonte]

As secas podem ser geradas pelos mais diversos fenómenos climatológicos, em função disto, criou-se uma tipologia da seca:
Solo seco
  • Seca permanente: É caracterizada pelo clima desértico, onde a vegetação se adaptou às condições de aridez, inexistindo cursos de água. Estes só aparecem depois das chuvas que normalmente são fortíssimas tempestades. Este tipo de seca impossibilita a agricultura sem irrigação permanente.
  • Seca sazonal: A seca sazonal é uma particularidade de regiões onde o clima é semiárido. Nestas a vegetação reproduz-se porque os vegetais adaptados geram sementes e morrem em seguida, ou mantêm a vida em estado latente durante a seca. Nestas regiões os rios só sobrevivem se a sua água for oriunda de outras regiões onde o clima é úmido.Mas Este tipo de seca possibilita a plantação em períodos de chuvas, ou por irrigação.
  • Seca irregular e variável: A seca irregular pode ocorrer em qualquer região onde o clima seja húmido ou sub-húmido e é caracterizado por apresentar uma variabilidade climática do ponto de vista estatístico. Estas, são secas cujo período de retorno é breve e incerto. Normalmente são limitadas em áreas, e não em grandes regiões, não ocorrem numa estação definida e a sua ocorrência é imprevisível, isto é, não há um ciclo bem definido. Trata-se de um fenômeno estatístico (ou estocástico), cuja estrutura de eventos pode ser descrita por uma teoria mais geral que o cálculo de médias e desvios, por exemplo pela teoria da Cadeia de Markov, aplicando ordem superior e um grupo de quantis: extremamente seco, muito seco, seco, normal, húmido, muito úmido, extremamente úmido, separando classes de mesma probabilidade de ocorrência. Acredita-se que a estação de verão favoreça as secas pois existe um grande aumento da evapotranspiração devido ao incremento da irradiância solar incidente, sobretudo quando as taxas de precipitação estão abaixo do quantil seco ou muito seco. Assim, várias variáveis meteorológicas devem ser consideradas na definição da ocorrência das secas, não somente a taxa de precipitação, mas também a temperatura, a humidade do solo, o grau de verdejamento da vegetação, a radiação solar incidente etc. A Região Nordeste do Brasil apresenta variabilidade climática.
  • Seca "invisível": De todos, este tipo de seca é o pior, pois a precipitação não é interrompida, porém, o índice de evapotranspiração é maior que o índice pluviométrico, causando um desequilíbrio da humidade regional. Este desequilíbrio gera uma redução da humidade do ar que por sua vez aumenta o índice de evapotranspiração, que resulta na perda de humidade subterrânea para a atmosfera, que devolve esta em forma de chuva, porém não é suficiente para aumentar a humidade do solo.
Geralmente, a precipitação está relacionada com a sua quantidade e ponto de orvalho [determinada pela temperatura do ar] de vapor de água transportado pela atmosfera regional e com a força ascendente da massa de ar que contém vapor de água. Se estes factores combinados não suportam volumes de precipitação suficientes para atingir a superfície, o resultado é uma seca. Isso pode ser provocado pelo elevado nível de luz reflectida, [alto albedo], e uma prevalência média de elevados sistemas de pressão; ventos que transportam massas de ar continentais, em vez de oceânicas (isto é, conteúdo de água reduzido); e cumes de áreas de alta pressão a partir de condutas que impedem ou restringem o desenvolvimento de tempestades ou de chuva, numa determinada região. Ciclos climáticos oceânicos e atmosféricos como o El Niño- Oscilação Sul (ENOS) fazem uma seca característica regular recorrente das Américas ao longo do Centro-Oeste e Austrália. Guns, Germs, and Steel autor Jared Diamond vê o impacto de forma dramática a ENSO multi-ano ciclos sobre os padrões climáticos na Austrália como um dos principais motivos que aborígenes australianos permaneceram uma sociedade de caçadores-coletores , em vez de adotar a agricultura. [36] Outra oscilação climática conhecida como a Oscilação do Atlântico Norte foi relacionado a secas no nordeste da Espanha. [37]

Causas[editar | editar código-fonte]

A atividade humana pode desencadear acontecimentos graves, como sobre a agricultura, irrigação excessiva, [38] o desmatamento e erosão afetam negativamente a capacidade da terra para capturar e reter a água. [39] Enquanto estes tendem a ser relativamente isolados em seu âmbito, estas atividades resultam numa mudança climática global. São esperados para provocar secas com um impacto substancial sobre a agricultura [40] em todo o mundo, e especialmente nos países em desenvolvimento . [41] [42] [43] No geral, o aquecimento global vai resultar em chuvas maiores. [ 44] Junto com a seca em algumas áreas, inundações e erosão vai aumentar em outras. Paradoxalmente, algumas propostas de soluções para o aquecimento global com foco em técnicas mais ativas, gestão de radiação solar através do uso de um guarda-sol espaço para um, também podem levar com eles um aumento das chances de seca. [45]

Secas na Índia[editar | editar código-fonte]

  • 1877 - Seca seguinte à falha no regime de Monção.
  • 1899 - Nova seca que igualmente seguiu à falha no regime de Monção. Milhões morreram famintos em consequência das secas de 1877 e 1899 na Índia, o que trouxe a consciência da inter-relação entre vida e morte da população, a agricultura e a Monção. O famoso meteorologista Gilbert Walker investigou estas secas, sua relação com a monção, causas locais e externas. Descobre a Oscilação Sul no início do século XX, descrita como o balanço da pressão entre Pacifico oeste e leste, muitos anos depois reconhecida como Southern-Oscillation El Niño (ENSO), cujo impacto é global. Interessante que a seca na Índia, mote inicial da investigação de Walker, apresenta pequena correlação negativa com o ENSO, enquanto este tem enorme impacto, seis meses depois, sobre o inverno e verão seguintes, em muitas outras partes do globo via teleconexőes.[3]

Referências

  1. Ir para cima GASPAR, Lúcia. Seca no Nordeste brasileiro. Pesquisa Escolar On-Line, Fundação Joaquim Nabuco, Recife. Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br>. Acesso em:5 de Fevereiro de 2010
  2. Ir para cima Centro integrado de informações agrometeorológicas: Definição de seca. Visitado em 5 de Fevereiro de 2010.
  3. Ir para cima Cox, J. D., Storm Watchers - The turbulent history of weather prediction from Franklin's kite to El Nino. Wiley. Chapiter 16, 252 pp.ISBN 0-471-38108-X

Ver também[editar | editar código-fonte]

A seca é uma catástrofe natural com propriedades bem características e distintas dos restantes tipos de catástrofes. De uma maneira geral é entendida como uma condição física transitória caracterizada pela escassez de água, associada a períodos extremos de reduzida precipitação mais ou menos longos, com repercussões negativas significativas nos ecossistemas e nas actividades sócio-económicas.

Distingue-se das restantes catástrofes por o seu desencadeamento se processar de forma mais imperceptível, a sua progressão verificar-se de forma mais lenta, a ocorrência arrastar-se por um maior período de tempo, poder atingir extensões superficiais de muito maiores proporções e a sua recuperação processar-se de um modo também mais lento.

O conceito de seca não possui uma definição rigorosa e universal. É interpretado de modo diferente em regiões com características distintas, dependendo a sua definição da inter-relação entre os sistemas naturais, sujeitos a flutuações climáticas, e os sistemas construídos pelo homem, com exigências e vulnerabilidades próprias. Conforme a perspectiva de análise, ou vulnerabilidade considerada, este fenómeno pode ser distinguido entre secas meteorológicas (climáticas e hidrológicas), agrícolas e urbanas.

Se, por um lado, o conceito de seca depende das características climáticas e hidrológicas da região abrangida, por outro, depende do tipo de impactes inerentes. Assim, em regiões de clima húmido, um período relativamente curto sem precipitação pode ser considerado uma seca, enquanto que em regiões áridas considera-se normal uma prolongada estação sem precipitação.

A ausência prolongada de precipitação não determina obrigatoriamente a ocorrência de uma seca. Se a situação antecedente de humidade no solo for suficiente para não esgotar a capacidade de suporte dos ecossistemas agrícolas, ou se existirem medidas estruturais com capacidade de armazenamento superficial ou subterrâneo suficiente para colmatar as necessidades de água indispensáveis às actividades sócio-económicas, não se considera estar perante uma seca. Na perspectiva da Protecção Civil, a seca caracteriza-se pelo défice entre as disponibilidades hídricas do País e as necessidades de água para assegurar o normal abastecimento público.

Na perspectiva da Protecção Civil, a seca caracteriza-se pelo défice entre as disponibilidades hídricas do País e as necessidades de água para assegurar o normal abastecimento público
Causas de uma Seca
As secas iniciam-se sem que nenhum fenómeno climático ou hidrológico as anuncie, e só se tornam perceptíveis quando está efectivamente instalada, ou seja, quando as suas consequências são já visíveis.

As causas das secas enquadram-se nas anomalias da circulação geral da atmosfera, a que correspondem flutuações do clima numa escala local ou regional, gerando condições meteorológicas desfavoráveis, com situações de nula ou fraca pluviosidade, durante períodos mais ou menos prolongados.

As condições para que uma seca se instale estão também relacionadas com outros factores como, por exemplo, o incorrecto ordenamento do território, insuficientes infra-estruturas de armazenamento de água, uma sobre-utilização das reservas hídricas subterrâneas, uma gestão incorrecta do consumo de água, e até a desflorestação incontrolada do território.
Duração de uma Seca
A duração de uma seca corresponde ao tempo que a variável seleccionada para a caracterizar (precipitação, escoamento, humidade do solo, água armazenada nas albufeiras, etc.) se encontra em défice relativamente a um nível de referência (limiar da seca). Ou seja, corresponde ao intervalo de tempo em que os problemas de escassez de água são críticos para determinados fins.



Assim, se em termos climatológicos a seca tiver início no semestre seco, em termos agrícolas, por exemplo, ela só é reconhecida se persistir no período crítico, determinado em função do tipo de cultura. Sob outra perspectiva, pode-se considerar como período crítico, por exemplo, a época turística de Verão para os sistemas de abastecimento das regiões de veraneio.

Um sistema de recursos hídricos só recupera de uma situação de escassez de água quando uma fracção do défice total é compensada por um excedente, estimado em relação ao nível de recuperação (limiar da seca).

Assim, complementar ao conceito de duração de uma seca é o conceito de resiliência, que traduz uma medida do tempo de recuperação de um sistema desde o seu colapso, durante a crise, até um estado aceitável de operacionalidade. Um exemplo pode ser o volume de armazenamento de uma albufeira, que se considera recuperado quando atinge o nível médio anual e não apenas quando ultrapassou o limiar da seca.

A questão da duração de uma seca coloca-se pela severidade dos seus efeitos em caso de persistência. Os impactes acumulados resultantes de períodos cíclicos de seca afectam significativamente o tecido sócio-económico da região, podendo promover a redução progressiva da produção de culturas, da indústria, de energia hidroeléctrica e do próprio bem-estar das populações.

Desde que existem registos meteorológicos em Portugal (há 140 anos) que não se observam mais de três anos consecutivos de seca.
Podemos prever uma Seca?
A previsão de uma seca é essencialmente climatológica.

Existem dois métodos reconhecidos para a previsão de secas: Estatísticos, baseados no estudo da interacção oceano-atmosfera e Dinâmicos, baseados em modelos de circulação global da atmosfera.

Apesar de serem bem conhecidos os mecanismos atmosféricos que dão origem às secas, a sua previsão atempada é geralmente difícil, uma vez que se relaciona com a previsão meteorológica a longo prazo.

O mesmo se passa na análise de situações de seca, em que a previsão das suas durações e intensidades é complicada, dada a enorme aleatoriedade existente.

No âmbito da Protecção Civil, a possibilidade de ocorrência de secas em Portugal Continental começa, geralmente, a ser analisada a partir dos meses de Fevereiro ou Março, e o planeamento das operações de apoio às populações, caso seja necessário, abrange todos os meses da estiagem, geralmente até ao final do mês de Setembro, altura em que, normalmente, se inicia o período húmido em Portugal.

Métodos Estatísticos e Dinâmicos de Previsão de Secas

Os métodos estatísticos baseiam-se no estudo da interacção oceano-atmosfera, relacionando a variabilidade atmosférica com a variabilidade da temperatura superficial dos oceanos. Trata-se de um método empírico que apresenta correlações típicas de 0,6 a 0,8 para antecipações sazonais de 3 meses.

Os métodos dinâmicos apoiam-se na utilização de modelos de circulação global da atmosfera para vastas áreas, com integrações espaciais de semanas a meses, permitindo a incorporação de padrões climáticos de larga escala, gradualmente variáveis, que escapam à detecção nas cartas sinópticas diárias.

Consumo de água

Um dos factores de origem antropogénica de maior relevância resulta do aumento da procura e do consumo de água que, genericamente, se pode atribuir ao crescimento socio-económico e demográfico, verificado um pouco por todo o mundo. Dele resultou uma maior procura de água para consumo doméstico, a que há que acrescer a racionalização das actividades do sector primário, cada vez mais exigente de irrigação, o crescimento dos ramos industriais, que têm a água como componente subsidiária dos seus processos de produção, e ainda a degradação dos cursos de água causado pelo aumento do volume de efluentes. Estes aspectos contribuem para a diminuição das margens de flexibilidade entre as disponibilidades e as necessidades de água, tornando as populações vulneráveis à carência de recursos hídricos e à formação de condições de seca.

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