Miguel Arraes de Alencar (Araripe, 15 de dezembro de 1916 — Recife, 13 de agosto de 2005) foi um advogado, economista e político brasileiro.
Foi prefeito da cidade de Recife, deputado estadual, deputado federal e por três vezes governador do estado de Pernambuco.
Índice
[esconder]Origem e família[editar | editar código-fonte]
Nasceu em Araripe, interior do Ceará, primogênito e único filho homem de Maria Benigna Arraes de Alencar e José Almino de Alencar e Silva, empreendedores rurais[1] .
Arraes casou-se pela primeira vez com Célia de Sousa Leão, de tradicional família pernambucana, descendente do Barão de Vila Bela, com quem teve oito filhos: José Almino de Alencar e Silva Neto (n. 1946), Ana Lúcia Arraes de Alencar (n. 1947), Carlos Augusto Arraes de Alencar (n. 1950), Miguel Arraes de Alencar Filho (n. 1953), Marcos Arraes de Alencar (n. 1956), Maurício Arraes de Alencar (n. 1956), Carmen Sílvia Arraes de Alencar (n. 1957) e Luís Cláudio Arraes de Alencar (n. 1959)[1] .
Sua primeira esposa morreu em 1961. Casou-se novamente com Maria Magdalena Fiúza Arraes de Alencar, com quem teve mais dois filhos Mariana Arraes de Alencar (n. 1963) e Pedro Arraes de Alencar (n. 1966)[1] .
Entre seus inúmeros netos, destacam-se Eduardo Campos, também governador de Pernambuco e que foi candidato à Presidência da República, morto em um acidente aéreo em 13 de agosto de 2014), Antônio Campos (advogado, escritor e membro da Academia Pernambucana de Letras) e Marília Arraes (vereadora no Recife).
Juventude[editar | editar código-fonte]
Durante a juventude Arraes mudou-se para a cidade do Crato, no sul do Ceará, com o objetivo de concluir o ginásio (segunda etapa do atual ensino fundamental). Nesses anos, um fato marcou muito a sua personalidade: flagrou um curral com três flagelados presos simplesmente por tentarem fugir da seca para Fortaleza. A respeito, afirmou: "É uma lembrança que guardo para sempre. Era um horror difícil de compreender e marcou meu jeito de ver as coisas".
Em 1932, aos dezessete anos, foi aprovado no vestibular da Faculdade de Direito da Universidade do Brasil (atual UFRJ). Simultaneamente, também foi aprovado no concurso público de escriturário do Instituto do Açúcar e do Álcool (IAA), sendo enviado ao Recife. Após a posse no cargo, conseguiu a transferência para aFaculdade de Direito do Recife (incorporada posteriormente à UFPE). Formou-se em 1937. No ano seguinte, foi promovido a assistente do diretor de Fiscalização, cargo no qual permaneceu até 1941, quando passou a ser chefe de Secretaria. Em 1943 ascendeu a delegado regional.
Carreira política antes do golpe militar de 1964[editar | editar código-fonte]
Deixou essa ocupação em 1947[1], ao assumir a Secretaria de Fazenda do Estado de Pernambuco, por indicação de Barbosa Lima Sobrinho, que havia sido eleito governador do estado naquele ano e com quem havia trabalhado no IAA.
Em 1959, de novo secretário da Fazenda no governo Cid Sampaio, foi também eleito prefeito do Recife, ocupando o cargo de 1960 até 1962.[2]
Elegeu-se governador em 1962, com 47,98% dos votos, pelo Partido Social Trabalhista (PST), apoiado pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) e setores do Partido Social Democrático (PSD), derrotando João Cleofas (UDN) - representante das oligarquias canavieiras de Pernambuco. Seu governo foi considerado de esquerda, pois forçou usineiros e donos de engenho da Zona da Mata do Estado a estenderem o pagamento do salário mínimo aos trabalhadores rurais (o Acordo do campo) e deu forte apoio à criação de sindicatos, associações comunitárias e às ligas camponesas.
Com a deflagração do golpe militar de 1964, tropas do IV Exército cercaram o Palácio das Princesas (sede do governo estadual). Foi-lhe proposto que renunciasse ao cargo para evitar a prisão, o que prontamente recusou para, em suas palavras, "não trair a vontade dos que o elegeram". Em consequência, foi preso na tarde do dia 1º de abril.
Deposto, foi encarcerado em uma pequena cela do 14º Regimento de Infantaria do Recife, sendo posteriormente levado para a ilha de Fernando de Noronha, onde permaneceu por onze meses. Posteriormente, foi encaminhado para as prisões da Companhia da Guarda e do Corpo de Bombeiros, no Recife, e da Fortaleza de Santa Cruz, no Rio de Janeiro.
Seu pedido de habeas corpus (HC) no Supremo Tribunal Federal foi protocolado em 19 de abril, sob o número 42.108. Foi concedido, por unanimidade, fundamentado em questões processuais (foro privativo de governadores e necessidade de autorização da Assembleia Legislativa). A exceção foi o voto do ministro Luís Galloti, que concedeu o HC em função do flagrante excesso de prazo da prisão. O então procurador-geral da República, Oswaldo Trigueiro, opinou pela manutenção de sua prisão. Libertado em 25 de maio de 1965, exilou-se na Argélia.
O exílio[editar | editar código-fonte]
Concedido o habeas corpus, Arraes foi orientado por seu advogado, Sobral Pinto, a exilar-se, sob pena de voltar a ser preso pela ditadura. Após recusa da França em recebê-lo, Arraes cogitou pedir asilo ao Chile - onde, alguns anos depois, houve em 1973 o golpe militar de Pinochet. Assim, Arraes tomou a Argélia como destino. Parecia até proposital, pois a Argélia tinha problemas sociais parecidos com os do Brasil.
Durante o exílio, foi condenado à revelia, no dia 2 de março de 1967, pelo Conselho Pernambucano de Justiça da 7ª Região Militar. A pena, de 23 anos de prisão, pelo crime de "subversão".
Carreira política após a anistia[editar | editar código-fonte]
Em 1979, com a anistia, volta ao Brasil e à política. Cerca de 50 mil pessoas estiveram presentes no bairro de Santo Amaro para o comício de boas-vindas [2] . É recepcionado por várias lideranças de esquerda que permaneceram no Brasil, inclusive Jarbas Vasconcelos, aliado que se tornará a partir da década de 1990 seu principal adversário político.
Elegeu-se deputado federal em 1982, pelo PMDB. Em 1986 vence as eleições para governador de Pernambuco, ainda pelo PMDB, derrotando o candidato do PFL e do governo, José Múcio Monteiro. Seu governo foi caracterizado por programas voltados ao pequeno agricultor, como o Vaca na corda, que financiava a compra de uma vaca e o Chapéu de palha, que empregava canavieiros, no período de entressafra, na construção de pequenas obras públicas. Outro ponto central foi a eletrificação rural.
Em 1990, filia-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). É eleito mais uma vez governador em 1994, aos 78 anos, sendo um dos principais opositores ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso - posição esta que lhe custou caro, politicamente. Seu último governo é marcado pela grave crise financeira do estado e pela greve das polícias civil e militar.Perde a reeleição em 1998 para seu ex-aliado e ex-prefeito do Recife Jarbas Vasconcelos, que obteve mais de 64% dos votos válidos.
Em 2002, com 86 anos, vence sua última eleição, elegendo-se o quarto deputado federal mais votado do Estado de Pernambuco, mas desta vez apoia como candidato à presidência o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, que fica na terceira colocação na eleição presidencial do primeiro turno. Uma candidatura própria à Presidência da República foi de grande importância para o crescimento do partido do qual era cacique (PSB). No segundo turno apoia o candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aliado seu nas outras eleições presidenciais.
Neste seu último mandato como deputado federal fez parte, junto com os integrantes de seu partido, o PSB, da base aliada do governo do presidente Lula, sendo responsável pela indicação de ministros que iriam ocupar o Ministério da Ciência e Tecnologia no primeira gestão de Lula, destacando-se na função seu neto e herdeiro político Eduardo Campos, também pelo PSB.
Internação e morte[editar | editar código-fonte]
Arraes foi internado no dia 16 de junho de 2005, com uma suspeita de dengue. Sua saúde piorou no dia 19, quando, vitimado por uma arritmia e a consequente queda de pressão, foi entubado e passou a respirar por aparelhos. Também foi detectada uma infecção pulmonar.
Teve uma ligeira melhora nos dias seguintes. Foi submetido a hemodiálises e no dia 2 de julho todos os aparelhos foram retirados. Arraes conversava com parentes e amigos e assistia à TV, opinando sobre a situação caótica em que se encontrava a política. Nos dias seguintes, foi diagnosticada uma pneumonia. No dia 20, recebeu a visita do presidente Lula.
Em 29 de julho, uma artéria do pulmão esquerdo se rompeu, provocando uma hemorragia e ocasionando uma cirurgia de emergência. Apesar da sobrevida, os rins e o fígado apresentaram falhas e novamente precisou ser submetido a sessões de hemodiálise, diariamente.
Ainda assim, deu sinais de recuperação, mantendo a consciência. No dia 12 de agosto, foi anunciado que deixaria a unidade de tratamento intensivo. Porém, durante a madrugada do dia 13, piorou e o quadro era o de uma infecção generalizada, pela terceira vez. No fim da manhã daquele dia, faleceu depois de 59 dias de internação na UTI do Hospital Esperança, no Recife. A causa mortis foi um choque séptico causado por infecção respiratória, agravada por insuficiência renal.
Seu corpo foi velado no Palácio do Campo das Princesas, sede do governo estadual, a partir do início da noite do dia 13 de agosto. O cortejo fúnebre saiu no final da tarde do dia 14 de agosto em direção aoCemitério de Santo Amaro no Recife, onde foi sepultado, seguido por milhares de pessoas que cantavam antigos jingles das suas campanhas políticas.
Na ocasião o presidente Lula divulgou a seguinte nota, após decretar luto oficial por três dias: "A morte do deputado federal e ex-governador Miguel Arraes é uma enorme perda para o povo brasileiro. Arraes foi, sem dúvida, uma das maiores lideranças das lutas populares que marcaram a segunda metade do século 20 no Brasil. Por isso, o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, quer manifestar não só seu pesar pessoal pela perda de um amigo, mas também grande tristeza pela ausência de um companheiro que com sua experiência, sabedoria e capacidade de resistência fará muita falta no trabalho em favor da justiça social em nosso país".
Pouco mais de um ano após sua morte, no dia 15 de dezembro de 2006, data que se comemoraria os 90 anos de seu nascimento, a jornalista pernambucana Teresa Rozowykwiat lançou na Livraria Cultura doRecife o livro Arraes, a primeira biografia autorizada sobre a vida do ex-governador. A autora contou com informações exclusivas repassadas pela viúva, Magdalena Arraes, principalmente sobre o período em que viveu no exílio após o golpe militar de 1964. O livro aborda fatos que apenas a família tinha conhecimento e detalhes sobre sua personalidade, que só os mais íntimos conheciam.
No final de 2008, a viúva, Magdalena Arraes, criou o Instituto Miguel Arraes com o objetivo de preservar a memória do ex-governador. Nessa ocasião o jornalista e chargista do jornal Diário de Pernambuco, Lailson de Holanda, selecionou mais de 500 charges feitas por ele durante mais de 30 anos sobre o governador Miguel Arraes, representando-o em diferentes momentos da história política recente de Pernambuco, desde da sua chegado do exílio político. O mesmo jornalista também lançou um livro com a coleção de suas melhores charges sobre o ex-governador, chamado de Arraestaqui.
Futuramente a viúva do ex-governador também pretende disponibilizar para o público, através do novo instituto, cartas, fotografias e anotações feitas por Arraes.
Breve cronologia[editar | editar código-fonte]
- 1916 – Miguel Arraes de Alencar nasce em Araripe, no Ceará.
- 1932 – Conclui o curso secundário em Crato. Muda-se para o Rio de Janeiro para estudar direito.
- 1937 – Gradua-se em direito pela Universidade Federal de Pernambuco, Recife.
- 1947 – É designado para a Secretaria da Fazenda de Pernambuco.
- 1950 a 1954 – Deputado estadual pelo Partido Social Democrático (PSD), em Pernambuco.
- 1954 a 1958 – Deputado estadual pelo Partido Social Democrático (PSD), em Pernambuco.
- 1959 – Assume novamente a Secretaria da Fazenda.
- 1959 a 1962 – Prefeito do Recife, Pernambuco, pelo PSD.
- 1963 a 1964 – Governador do Pernambuco, pelo PST, com apoio do PCB.
- 1964 – Cassado pelo Governo Militar, fugiu para Argélia.
- 1979 – Retorno ao Brasil.
- 1983 a 1987 – Deputado federal, pelo PMDB.
- 1987 a 1990 – Governador do Pernambuco, pelo PMDB
- 1990 – Ingressa no PSB.
- 1991 a 1995 – Deputado federal (Congresso Revisor), pelo PSB
- (Renunciou ao mandato para assumir o Governo de Pernambuco)
- 1995 a 1998 – Governador do Pernambuco, pelo PSB
- 2003 a 2005 – Deputado federal, pelo PSB.
- 2005 - Morre no dia 13 de agosto no Recife.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- ARRAES, Miguel. A democracia e a questão nordestina. Recife: Editora ASA, 1985. 76 p.
- ARRAES, Miguel. A nova face da ditadura brasileira. Lisboa: Seara Nova, 1974. 142 p.
- ARRAES, Miguel. A questão nacional e a crise. Brasília : Câmara dos Deputados, 1993.
- ARRAES, Miguel. A questão nacional e os problemas do nordeste. Brasília : Câmara dos Deputados, 1984. 8 p.
- ARRAES, Miguel. Brazil:the people and the power (trad. do francês por Lancelot Sheppard, de Brésil, le pouvoir et le people). Harmondsworth: Penguin, 1972. 232 p.
- ARRAES, Miguel. Conversações com Arraes. (Entrevistadores: Cristina Tavares e Fernando Mendonça). Belo Horizonte : Vega, 1979. 131 p.
- ARRAES, Miguel. Le Brésil: Le peuple et le pouvoir. François Maspéro, 1970. 259 pp
- ARRAES, Miguel. O jogo do poder no Brasil. São Paulo: Alfa-Ômega, 1981.
- ARRAES, Miguel. O jogo do poder no Brasil. 2. ed. rev. São Paulo: Alfa-Ômega, 1982.
- ARRAES, Miguel. Palavra de Arraes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1965.
- ARRAES, Miguel. Palavra de Arraes. Textos de Miguel Affaes; depoimentos de Antônio Callado et al. Carta de François Mauriac. Rio de Janeiro: Editora Civilização Brasileira, 1965. 165 p.
- ARRAES, Miguel. Pensamento e ação política. (apresentação de Antônio Callado; organização de Jair Pereira et al. Rio de Janeiro: Topbooks, c1997. 514 p.
- LIMA, Haroldo. Privatização da CHESF e transposição do rio São Francisco. (com artigos de Miguel Arraes, Josaphat Marinho e Luiz Flávio Cappio). Brasília: Câmara dos deputados, 2000.
- MORAES, Eldenor. Arraes : o mito pelo avesso. Recife : Editora Comunicarte, 1994. 142 p.
- TCHAKHOTINE, Serge. A mistificação das massas pela propaganda política. Trad. Miguel Arraes. Rio de Janeiro: Civilização brasileira, 1967. 609 p.
- ZAMORA, Pedro (Jocelyn Brasil). Arraes, um ano de governo popular. Rio de Janeiro: Edições Opção, 1980. 107 p.
Notas[editar | editar código-fonte]
- ↑ Dados do Deputado (camara.gov.br)
- ↑ [3] (Prefeitura do Recife)
Referências
- ↑ ab c Genealogia Pernambucana: Miguel Arraes
- ↑ Assembleia Legislativa do Estado de Pernambuco - Proposição ALPE (25 de março de 2009). Visitado em 14/10/2014.
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Diário de Pernambuco: Especial Arraes (pernambuco.com)
- Miguel Arraes de Alencar - 90 anos de nascimento: Artigo
- Cearense que fez carreira política em Pernambuco, Miguel Arraes de Alencar foi um dos maiores expoentes da esquerda brasileira. Formado em direito, Miguel Arraes foi deputado estadual, federal e governador de Pernambuco por três vezes. Em seu primeiro mandato como governador, foi deposto pelos militares e teve de se exilar na Argélia em 1965, de onde somente retornou para o Brasil 14 anos depois, beneficiado pela Lei da Anistia.
- A sua carreira política começou em 1948, quando foi nomeado secretário da Fazenda de Pernambuco pelo então governador Barbosa Lima Sobrinho. Dois anos depois, foi eleito deputado estadual suplente pelo PSD (Partido Social Democrático) e, em 1950, tomou posse na Prefeitura de Recife, após vencer as eleições municipais.
- Em 1961, um ano antes de vencer o governo estadual pela primeira vez, Miguel Arraes ficou viúvo de Célia de Souza Leão, sua primeira mulher, com quem teve oito filhos. No dia 7 de outubro de 62, já um político muito popular em todo o Brasil, foi eleito governador de Pernambuco. No mesmo ano, casou-se com Maria Madalena Fiúza, com quem teve dois filhos.
- Mitificado em praticamente todo o interior de Pernambuco, onde sempre foi considerado defensor intransigente dos pobres, Miguel Arraes foi deposto no dia 1º de abril de 1964, após anunciar publicamente que não renunciaria ao cargo de governador. Preso, foi levado para a ilha de Fernando de Noronha, onde permaneceu quase um ano, antes do exílio.
- No dia 15 de setembro de 1979, aconteceu o retorno triunfal de Miguel Arraes ao Brasil. Ao desembarcar em Recife, foi carregado por uma multidão pelas principais ruas da capital pernambucana. Em 1982, foi eleito deputado federal pelo PMDB pernambucano e apoiou o ex-senador Tancredo Neves no Colégio Eleitoral. No ano seguinte, pela segunda vez, Arraes venceu as eleições para o governo pernambucano, derrotando José Múcio Monteiro. Em 94, retornou ao poder pela terceira vez, ganhando a eleição de Gustavo Krause, que à época era do PFL, assim como José Múcio Monteiro.
- Ao tentar a reeleição em 98, Miguel Arraes foi derrotado por Jarbas Vasconcelos, que era do PMDB, seu ex-aliado. Antes, em 1990, deixou o PMDB e filiou-se ao PSB (Partido Socialista Brasileiro). Em 2002, o ex-governador disputou pela última vez um cargo público e se elegeu deputado federal por Pernambuco. Quando morreu, no dia 13 de agosto de 2005, de infecção generalizada, Miguel Arraes era presidente nacional do PSB. O parlamentar ficou internado durante 57 dias na Unidade de Terapia Intensiva do Hospital Esperança. O seu velório, realizado no Palácio das Princesas, sede do governo de Pernambuco, reuniu políticos de todas as tendências. Entre eles, estava o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
- Fumante por 72 anos, Miguel Arraes foi hospitalizado no dia 17 de julho de 2005, inicialmente com suspeita de dengue. No hospital, o ex-governador apresentou problemas cardíacos e renais e foi submetido a uma traqueoscopia e duas cirurgias para conter hemorragias no duodeno e no pulmão esquerdo. Submetido a vários tratamentos, não resistiu e morreu no dia 13 de agosto de 2005, sendo enterrado em Recife.Miguel Arraes de Alencar (*1916 +2005) foi eleito pela primeira vez governador de Pernambuco pelo Partido Social Trabalhista (PST), em 1962, apoiado pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB) e setores do Partido Social Democrático (PSD), derrotando João Cleofas (UDN) - representante das oligarquias canavieiras de Pernambuco.
Seu governo foi considerado de esquerda, pois forçou usineiros e donos de engenho da Zona da Mata do Estado a estenderem o pagamento do salário mínimo aos trabalhadores rurais (o Acordo do Campo) e deu forte apoio à criação de sindicatos, associações comunitárias e às ligas camponesas. Com o golpe militar de 1964, tropas do IV Exército cercaram a sede do governo estadual, o Palácio das Princesas. Foi-lhe proposto que renunciasse ao cargo para evitar a prisão. Com sua recusa, foi preso na tarde de 1º de abril. Libertado em 25 de maio de 1965, exilou-se na Argélia. Em 1979 com a anistia Miguel Arraes voltou ao Brasil e à política.
Em 1986, venceu as eleições para governador de Pernambuco, ainda pelo PMDB, derrotando o candidato do então PFL - e do governo - José Múcio Monteiro. Seu governo foi caracterizado por programas populares voltados ao pequeno agricultor, como o Vaca na Corda, que financiava a compra de uma vaca, e o Chapéu de Palha, que empregava canavieiros, no período de entressafra, na construção de pequenas obras públicas.
Em 1990, filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Foi eleito mais uma vez governador em 1994, aos 78 anos, realizando no Estado o maior programa de eletrificação rural da história de Pernambuco, o Luz que Produz, que anos mais tarde serviu de modelo para o programa federal Luz Para Todos, criado durante a gestão do presidente Lula.
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