A lenda de São Cipriano - O Feiticeiro - confunde-se com um outro célebre Cipriano imortalizado na Igreja Católica, conhecido como Papa Africano. Apesar do abismo histórico que os afasta, as lendas combinam-se e os Ciprianos, muitas vezes, tornam-se um só na cultura popular. É comum encontrarmos fatos e características pessoais atribuídas equivocadamente. Além dos mesmos nomes, os mártires coexistiram, mas em regiões distintas.
Cipriano – O Feiticeiro - é celebrado no dia 2 de Outubro. Foi um homem que dedicou boa parte de sua vida ao estudo das ciências ocultas. Após deparar-se com a jovem (Santa) Justina, converteu-se ao catolicismo. Martirizado e canonizado, sua popularidade excedeu a fé cristã devido ao famoso Livro de São Cipriano, um compilado de rituais de magia.
A fantástica trajetória do Feiticeiro e Santo da Antioquia, representa o elo entre Deus e o Diabo, entre o puro e o pecaminoso, entre a soberba e a humildade. São Cipriano é mais que um personagem da Igreja Católica ou um livro de magia; é um símbolo da dualidade da fé humana.
O Feiticeiro
Filho de pais pagãos e muito ricos, nasceu em 250 d.C. na Antioquia, região situada entre a Síria e a Arábia, pertencente ao governo da Fenícia. Desde a infância, Cipriano foi induzido aos estudos da feitiçaria e das ciências ocultas como a alquimia, astrologia, adivinhação e as diversas modalidades de magia.
Após muito tempo viajando pelo Egito, Grécia e outros países aperfeiçoando seus conhecimentos, aos trinta anos de idade Cipriano chega à Babilônia a fim de conhecer a cultura ocultista dos Caldeus. Foi nesta época que encontrou a bruxa Évora, onde teve a oportunidade de intensificar seus estudos e aprimorar a técnica da premonição. Évora morreu em avançada idade, mas deixou seus manuscritos para Cipriano, dos quais foram de grande proveito. Assim, o feiticeiro dedicou-se arduamente, e logo se tornou conhecido, respeitado e temido por onde passava.
A Conversão Cristã
Vivia em Antioquia a bela e rica donzela Justina. Seu pai Edeso e sua mãe Cledonia, a educaram nas tradições pagãs. Porém, ouvindo as pregações do diácono Prailo, Justina converteu-se ao cristianismo, dedicando sua vida as orações, consagrando e preservando sua virgindade.
Um jovem rico chamado Aglaide apaixonou-se por Justina. Os pais da donzela (também convertidos à fé Cristã) concederam-na por esposa. Porém, Justina não aceitou casar-se. Aglaide recorreu a Cipriano para que o feiticeiro aplicasse seu poder, de modo que a donzela abandonasse a fé e se entregasse ao matrimônio.
Cipriano investiu a tentação demoníaca sobre Justina. Fez uso de um pó que despertaria a luxúria, ofereceu sacrifícios e empregou diversas obras malignas. Mas não obteve resultado, pois Justina defendia-se com orações e o Sinal da Cruz.
A ineficácia dos feitiços fez com que Cipriano se desiludisse profundamente perante sua fé e se voltasse contra o demônio. Influenciado por um amigo cristão de nome Eusébio, o bruxo converteu-se ao cristianismo, chegando a queimar seus manuscritos de feitiçaria e distribuir seus bens entre os pobres.
Os Fantasmas
Em um capítulo de seu livro, Cipriano narra um episódio ocorrido após sua conversão:
"Numa noite de sexta-feira, caminhava por uma rua deserta quando se deparou com quatorze fantasmas. Essas aparições eram bruxas que imploravam ajuda. Cipriano respondeu-lhes que havia se arrependido de sua vida de feiticeiro, e que havia se tornado temente a Jesus Cristo. Logo depois caiu em sono profundo, e sonhou que a oração do Anjo Custódio o livraria daqueles fantasmas. Ao despertar teve uma breve visão do Anjo. Assim, auxiliado pela oração de São Gregório e do Anjo Custódio, esconjurou e livrou a alma atormentada das bruxas."
A Morte
As notícias da conversão e das obras cristãs de Cipriano e Justina, chegaram até o imperador Diocleciano que se encontrava na Nicomédia. Assim, logo foram perseguidos, presos e torturados. Frente ao imperador, viram-se forçados a negar a fé cristã. Justina foi chicoteada, e Cipriano açoitado com pentes de ferro. Não cederam.
Irritado com a resistência, Diocleciano ainda lançou Cipriano e Justina numa caldeira fervente de banha e cera. Os mártires não renunciaram, e tampouco transpareciam sofrimento. O feiticeiro Athanasio (que havia sido discípulo de Cipriano) julgou que as torturas não surtiam efeito devido a algum sortilégio lançado por seu ex-mestre. Na tentativa de desafiar Cipriano e elevar a própria moral, Athanasio invocou os demônios e atirou-se na caldeira. Seu corpo foi dizimado pelo calor em poucos segundos.
Após este fato, o imperador Diocleciano finalmente ordenou a morte de Justina e Cipriano. No dia 26 de Setembro de 304, os mártires e um outro cristão de nome Teotiso, foram decapitados às margens do Rio Galo da Nicomédia. Os corpos ficaram expostos por 6 dias, até que um grupo de cristãos recolheu e os levou para Roma, ficando sob os cuidados de uma senhora chamada Rufina. Já no império de Constantino, os restos mortais foram enviados para a Basílica de São João Latrão.
O Livro
O famoso Livro de São Cipriano foi redigido antes de sua conversão, mas o mistério que envolve a vida do Santo interfere também em seu livro. Uma parte dos manuscritos foi queimada por ele mesmo. A questão é que não se sabe quando, e por quem os registros foram reunidos e traduzidos do hebraico para o latim, e posteriormente levados para diversas partes do mundo.
No decorrer dos anos, o conteúdo sofreu alterações significativas. Houve uma adaptação de acordo com as necessidades e possibilidades contemporâneas; além da adequação necessária na tradução para os vários idiomas. Esses fatores colocam em dúvida a fidelidade das versões recentes, se comparadas às mais antigas.
Atualmente, não é possível falar do Livro, mas sim dos Livros de São Cipriano. As edições capa preta e capa de aço; ou aquelas intituladas como o autêntico, o verdadeiro, ou o único, enfatizam um mesmo acervo mágico central, e ainda exaltam o cristianismo e a vitória do bem sobre o mal. Porém, existem grandes diferenças no conteúdo. Enquanto alguns exemplares apresentam histórias e rituais inofensivos, outros apelam para campos negativistas e destrutivos da magia.Muito se falou sobre São Cipriano ao longo dos anos. Se para uns ele é uma figura assustadora, para outros é um Santo que quando invocado vem em nosso auxílio. São Cirpiano tornou-se numa lenda não só em Portugal como no Brasil e países latino-americanos. Durante muitos anos reinou a superstição que quando se começava a ler o Livro de São Cipriano não se podia parar e tinha de se ler até ao fim. Outros diziam que quem o lêsse do final para o principio veria Lúcifer em carne e osso e enlouqueceria para sempre.
Mas quem foi este homem?
São Cipriano, de cognome "O Feiticeiro", desde sempre foi considerado o padroeiro das bruxas e dos ocultistas.
Segundo as fontes, viveu am Antioquia (hoje província de Antália - Turquia), numa região montanhosa da Ásia Menor, no século III d.C. mas há quem afirme que, apesar de ele ter passado a maior parte da sua vida em Antioquia de Pisídia, ele nasceu em Cartago.
Cipriano é sinónimo de Cipriota em português, uma ilha a sul da Turquia no Mar Egeu. Isto também nos pode levar a pensar que afinal nasceu no Chipre e não nos locais que citámos anteriormente. Portanto, podemos dizer que não há certezas quanto á sua nacionalidade.
Nascido no seio de uma família abastada de crenças pagãs, Cipriano foi consagrado a Apolo desde o dia em que nasceu e foi incentivado desde cedo a ter formação completa nas ciências mágicas. Diz-se que os seus estudos, patrocinados por seus pais, o levaram a conhecer diferentes países, culturas e formas de magia.
Foi iniciado com apenas sete anos de idade e aos dez foi levado para o Monte Olimpo (morada dos deuses) onde se realizavam numerosos cultos. Não nos deixemos enganar pelo famoso Monte Olimpo da mitologia grega. No leste europeu existem pelo menos sete (numero curioso, não?) "Montes Olimpos", sendo que um deles se localiza no Chipre. Muitos autores apontam como sendo neste ultimo local que ele iniciou os seus estudos que o levaram a mago. Outros referem que ele se iniciou no Monte Olimpo grego durante uma passagem por Atenas.
Foi nesse monte que o jovem mago aprendeu todo o tipo de encantamentos: invocar trovões, ventos, chuvas, formando tempestades na terra e nomar. Aprendeu a amaldiçoar jardins e lavouras, a adoecer pessoas e animais, a ver demónios, espectros e fantasmas, e a conjura-los para que servissem os seus propósitos
Quando tinha quinze anos, a sua formação foi dada por sete poderosos feiticeiros. Anos mais tarde, foi para Argos servir a deusa Juno e iniciou-se nos seus mistérios. Passou mais uns tempos num templo dedicado a Diana em Taurapolis e, em Esparta, estudou e praticou a conjuração dos mortos fazendo-os falar através de encantamentos. Aos vinte anos foi para o Egipto, estabeleceu-se em Mênfis e enriqueceu a sua cátedra de mago.
Com trinta anos de idade este na Babilónia para aprofundar os seus estudos em Astrologia e outras ciências dos magos caldeus. Foi nesse local que se tornou discípulo da mítica Bruxa de Évora, cartomante, quiromante e oniromante.
Mas quem era esta Bruxa de Évora? O nome remete-nos logo para Portugal, mas sabe-se que o encontro entre ambos foi mesmo na Babilónia (actual Iraque). Quer Cipriano, quer a Bruxa de Évora fazem parte de um acervo de crenças e figuras mitológicas que chegaram á Península Ibérica em épocas diferentes: primeiro chega São Cipriano e logo a seguir a sua Mestra Yeborath.
Anos mais tarde, com as invasões mouras (715 d.C.), chegaram a Portugal as bruxas misteriosas do Oriente: umas mulheres quase ciganas, as bruxas das Yeborath ouIebora, das encruzilhadas, das agulhas. Não existem registos históricos sobre a famosa Bruxa de Évora a não ser como o arquétipo de São Cipriano em documentos sobre a conversão dele.
Ela seria claramente versada no tipo magia característica da cultura Mesopotâmica: a magia das trevas, da mão esquerda, magia negra: Goecia, necromancia, vidência, evocações, parcerias com demônios, envultamentos(Vudus) e oráculos.
Após obter poderes sobrenaturais e de se tornar num mestre de Necromancia, oráculos, encantamentos e evocações, Cipriano firmou um pacto com o Diabo para ter ainda mais poderes do que aqueles que já possuía.
A biblioteca de Cipriano tinha não só os seus livros de estudo como também apontamentos que ele próprio fazia sobre tudo e em todo o lado. Diz-se que quando a sua mestra morreu (Bruxa de Évora), ele recebeu os seus cadernos, pergaminhos, memórias, poções, enfim... tudo o que ela tinha. Cipriano sentia-se bem com as suas crenças e desfrutava de todos os prazeres que o dinheiro e prestígio lhe proporcionavam.
Mas a sua vida estava prestes a mudar.
Foi nesse momento que se deparou com o famoso "Caso Justina".
Justina era uma jovem cristã rica e bela. Apesar de ter sido educada no paganismo ela tornou-se cristã e converteu os pais, Edeso e Cledónia. Muito devota, consagrou-se totalmente ao Cristo Jesus, manteve a virgindade e recusou casar. Vivia em retiro, mas mesmo assim um homem apaixonou-se por ela: o seu nome era Aglaide.
Sentindo-se rejeitado pela bela donzela, Aglaide apelou à feitiçaria e procurou Cipriano a fim de obter a simpatia de Justina através das forças ocultas. O bruxo, que desprezava o cristianismo e gostava de ridicularizar os seus símbolos, sacerdotes, chegou mesmo a perseguir os fiéis.
Perante o problema de Aglaide, aceitou prontamente fazer o "trabalho" empregando todos os seus conhecimentos e auxiliares diabólicos para enfraquecer e dominar a vontade determinada de Justina. Mas nada resultava e os recursos iam-se esgotando. Cipriano ficou incomodado e achou que não era suficientemente poderoso, ou não tanto quanto se achava ser.
Começou por atormentar a jovem com todas as aremadilhas de sedução mental. Como falhou, resolveu atacá-la enviando demónios que provocavam terríveis visões. Mas Justina não se intimidou, sempre protegida por uma infinita fé na proteção de Jesus. Contra o mago, Justina apenas fazia o Sinal da Cruz. Furioso com o seu fracasso, Cipriano pediu contas ao Demónio e questionou:
«– Pérfido, já vejo a tua fraqueza, quando não podes vencer a uma delicada donzela, tu, que tanto de jactas do teu poder de obrar prodigiosas maravilhas! Diz-me logo de onde procede esta mudança, e com que armas se defende aquela virgem para deixar inúteis os teus esforços?»
Foi então que o Diabo confessou que nada podia fazer contra a donzela devido ao Sinal da Cruz que ela usava com uma fé profunda e inabalável. Justina não tinha medo e ripostava contra qualquer ataque em nome de Jesus.
«– Pois se isso assim é – replicou Cipriano – eu sou bem louco em não me dar ao serviço de um senhor mais poderoso do que tu. E assim, se o sinal da cruz, em que morreu o Deus dos cristãos, te faz fugir, não quero mais servir-me dos teus prestígios, antes renuncio inteiramente a todos os teus sortilégios, esperando na bondade do Deus de Justina que haja de me admitir por seu servo.»
Sentindo-se rejeitado pela bela donzela, Aglaide apelou à feitiçaria e procurou Cipriano a fim de obter a simpatia de Justina através das forças ocultas. O bruxo, que desprezava o cristianismo e gostava de ridicularizar os seus símbolos, sacerdotes, chegou mesmo a perseguir os fiéis.
Perante o problema de Aglaide, aceitou prontamente fazer o "trabalho" empregando todos os seus conhecimentos e auxiliares diabólicos para enfraquecer e dominar a vontade determinada de Justina. Mas nada resultava e os recursos iam-se esgotando. Cipriano ficou incomodado e achou que não era suficientemente poderoso, ou não tanto quanto se achava ser.
Começou por atormentar a jovem com todas as aremadilhas de sedução mental. Como falhou, resolveu atacá-la enviando demónios que provocavam terríveis visões. Mas Justina não se intimidou, sempre protegida por uma infinita fé na proteção de Jesus. Contra o mago, Justina apenas fazia o Sinal da Cruz. Furioso com o seu fracasso, Cipriano pediu contas ao Demónio e questionou:
«– Pérfido, já vejo a tua fraqueza, quando não podes vencer a uma delicada donzela, tu, que tanto de jactas do teu poder de obrar prodigiosas maravilhas! Diz-me logo de onde procede esta mudança, e com que armas se defende aquela virgem para deixar inúteis os teus esforços?»
Foi então que o Diabo confessou que nada podia fazer contra a donzela devido ao Sinal da Cruz que ela usava com uma fé profunda e inabalável. Justina não tinha medo e ripostava contra qualquer ataque em nome de Jesus.
«– Pois se isso assim é – replicou Cipriano – eu sou bem louco em não me dar ao serviço de um senhor mais poderoso do que tu. E assim, se o sinal da cruz, em que morreu o Deus dos cristãos, te faz fugir, não quero mais servir-me dos teus prestígios, antes renuncio inteiramente a todos os teus sortilégios, esperando na bondade do Deus de Justina que haja de me admitir por seu servo.»
Foi a primeira vez que Cipriano viu os seus esforços e magias serem em vão e caírem por terra.
Mas obviamente que o Diabo não ia deixar um servo seu partir e tentou apoderaer-se do corpo de Cipriano. Pela primeira vez o mago fez o Sinal da Cruz e invocou a protecção do Deus de Justina. Nesse momento o pacto com o Diabo foi quebrado e Cipriano iniciou um novo caminho com duras provas que confirmaram a sua fé em Cristo. Quando se converteu definitivamente confessou o seguinte:
«Eu vi o próprio príncipe das trevas depois de oferecer a ele os sacrifícios. Ele apareceu. Cumprimentei-o e à corte que o seguia, formada por diabos muito antigos. Ele gostava de mim. Elogiou minha inteligência e disse: Aqui está um novo JAMBRES, sempre pronto para a obediência, digno de comunhão conosco. E prometeu fazer de mim um príncipe depois da minha morte e durante minha vida terrena, dispôs-se a ajudar-me em tudo. E concedeu uma legião de demônios para me servir.
Sua aparência era semelhante a uma flor: a cabeça coroada por uma tiara espectral dourada como ouro e ornada com pedras brilhantes. Como resultado, o espaço à sua volta resplandecia... Me entreguei totalmente a seu serviço naquela época, obedecendo a seu comando todos os dias.»
Sua aparência era semelhante a uma flor: a cabeça coroada por uma tiara espectral dourada como ouro e ornada com pedras brilhantes. Como resultado, o espaço à sua volta resplandecia... Me entreguei totalmente a seu serviço naquela época, obedecendo a seu comando todos os dias.»
Sendo então um cristão convertido, queimou todos os seus cadernos de feitiçaria e distribuiu os seus bens pelos pobres.
O facto de existirem registos de que São Cipriano queimou todos os cadernos e livros que possuía lleva-nos a questionar a autenticidade de tudo o que nos chegou até hoje. Há quem diga que ele escondeu um exemplar, enterrando-o na terra, para que a sua memória não se perdesse.
Mais tarde, sendo cristão convertido, ele foi perseguido, preso e julgado pelo imperador Diocleciano (Gaius Aurelius Valerius Diocletianus), imperador romano que era contra o Cristianismo.
Cipriano e Justina foram mortos em 26 de setembro de 304 em Antioquia, degolados após um terrível martírio.
Frequentemente, o cristão considerado teimoso e arrogante era submetido a duras penas antes do desfecho fatal: assados vivos, cozidos em fornos ou caldeiras. Foi o que aconteceu com Cipriano e Justina. Primeiro, foram chicoteados com açoites guarnecidos com ponteiras de ferro.
Irritado com a indiferença dos condenados à dor dos açoites, o imperador mandou executá-los lentamente, sob tortura, com requintes de maldade imergindo-os, cozinhando-os numa caldeira com banha e cera quentes. Mas sem resultado. Cipriano e justina permaneciam impassíveis e vivos. Nesse momento foi apelado que lhes cortassem as cabeças.
Cipriano e Justina foram enterrados lado a lado, em Roma, na Basílica de São João de Latrão, perto do Batistério.
Pela sua história, conversão e suplício, Cipriano tornou-se no célebre São Cipriano que se conhece hoje. Textos remanescentes do seu período satânico foram recuperados e reunidos nos famosos Livros de São Cipriano. São simpatias e bruxedos para obter sorte no amor, sucesso nos negócios, etc.
Como Santo Católico, e com o seu nome sempre associado a Justina, ele tinha a sua festa no calendário da Igreja Romana desde o século XIII. No entanto, em 1969, este São Cipriano foi retirado do calendário de festividades por falta de evidências históricas da sua existência. Em 2001 o seu nome foi retirado do martirólogo Romano após revisão científica e académica. Hoje contém cinco santos de nome Cipriano.
Somos da opinião que ele existiu sim e que devia ser incómodo para o Vaticano ter um Santo padroeiro de Bruxas e do Oculto. No entanto, esperamos que um dia ele regresse ao seu lugar merecido entre os Santos Martirizados.
O PORQUÊ DO LIVRO DE SÃO CIPRIANO SE TORNAR TÃO FAMOSO: PARA O SEU ENQUADRAMENTO HISTÓRICO
O Livro de São Cirpiano enquadra-se na perfeição na categoria dos livros de necromãncia, dedicando-se quase exclusivamente à magia negra. Existem pequenas coisas de magia branca, mas rapidamente somos levados para o lado negro.
A linha entre a magia negra e a magia branca é muito ténue, sendo que o que diferencia uma da outra é a energia e o fim que utilizamos para um certo fim.
Há quem diga que a magia que tem por fim beneficiar o mago e que corta a liberdade do próximo pela invocação de espíritos malignos para os colocar ao seu serviço é a magia negra. Trabalhos de amarrações põe em causa o livre arbítrio do próximo e ninguém deve estar com ninguém contra a sua vontade. Acima de tudo é preciso consciência quando se recorre aos meios espirituais para alcançar um fim. E não esperem pedir, receber e nada dar em troca. Tudo é cobrado um dia (e nesta vida) e a Lei do Divino Retorno existe e cumpre-se quando menos esperamos.
São livres de ler o Livro de São Cipriano. Todos somos. Mais não seja para termos conhecimento e para o analisarmos á luz da época em que supostamente foi escrito. Falamos do carácter histórico-cultural. Mas antes de tentar fazer alguma coisa para prejudicar o próximo pare e reflicta: Vale a pena correr riscos desnecessários para conseguir vergar o próximo à nossa vontade?
O conteúdo do livro articula-se com o conceito de pacto com potências sobre-humanas. Esta ideia de pacto difundiu-se pela Europa a partir do século IX. A necromância divide-se em três partes: preparação do próprio necromante e dos utensílios mágicos (que implicava muitas vezes o uso de materias primas muito difíceis de conseguir como partes de animais, metais preciosos, etc.), a realização do círculo mágico para se defenderem das entidades que invocavam e, por fim, colocar em prática o ritual e receitas mágicas.
Os necromantes combinam a magia astral, típicamente árabe e de origem grega e persa (actua através do poder dos astros celestes e depende dos signos, dias, horas, posições planetárias), com os exorcismos (típicamente cristãos e judaicos - ver post sobre o exorcismo), a magia natural e a magia diabólica. Tudo isto não era facil de fazer e levou os eruditos medievais a discutirem entre eles se o tipo de práticas mágicas eram malignas ou não.
Voltando aos necromantes (sim, o Livro de São Cipriano é um manual de necromancia), a sua origem é incerta. Sabe-se que no Antigo Egipto já existiam livros e copiavam-se esconjuros. Os seus antecedentes claros procedem da magia babilónica, a qual infkuenciou a magia judaica. Nos últimos séculos de existÑecia do Império Romano, circularam várias obras de magia, muitas delas possivelmente de origem judaica, que deixaram a sua marca nos grimórios medievais.
Na Europa, a sua difusão começou a partir do século XII com as ligações entre o mundo cultural e intelectual europeu, com o florescimento das Cortes de das Universidades como centros culturais, a margem dos Mosteiros. Isto promoveu uma sede intelectual de busca em fontes fora da ortodoxia ou do conhecimento clássico estimado pelo mundo islâmico.
O Islão herdou da Antiguidade clássica, juntamente com o saber clássico, a astrologia e a alquimia, também o saber árabe.
No século XIV já aparecem mencionados alguns livros mágicos e no século seguinte, com a chegada do Renascimento, com a queda do Império Bizantino e com a invasão de Constantinopla pelos turcos e expulsão dos judeus da Península Ibérica, deu-se uma divulgação do saber clássico e dos conhecimentos mágicos judaicos. A época de esplendor da prática da magia ritual foi entre 1480 e 1680 com a edição de muitas obras clássicas de magia. Mas o uso dos mesmos foi sempre dentro do âmbito eclesiástico, já que a população nao sabia ler e existem registos históricos da condenação de frades, monges e clérigos por os possuírem.
Circulavam nas cidades, copiados à mão em segredo, dado o evidente perigo que existia por se terem estes livros, o que fez com que, com o passar do tempo, as várias versões de um mesmo grimório (livro de necromancia) fossem diferentes.
A difusão e popularização deste tipo de livro deu-se sobretudo em França durante os séculos XVII e XVIII, quando foram para às mãos de alguns mestres impressores que decidiram publicá-los para ver a sua rentabilidade económica. No entanto, ocultavam o editor, título da obra e tinha locais de impressão falsos.
A partir do século XVIII, os grimórios entraram em descrença recuperando apenas a sua fama no século XIX, quando houve um "boom" de literatura sobre magia e ocultismo em geral. Nesta época reeditaram-se os grimórios mais famosos dos sécculos anteriores e publicaram-se novos livros de necromancia fantásticos (de ficção). Isto fez com que se tivesse de procurar materiais inéditos em antigas bibliotecas e tinham de ser editados em compilações com os mais variados títulos pela falta de fontes. Foi aqui que apareceu o Livro de São Cipriano, que não é mais do que uma compilação de factos, histórias e magia.
Na Península Ibérica existem referências a grimórios desde os tempos mais remotos, como o Livro de Salomão e a Clavícula de Salomão. As condenações aumentaram drásticamente nos séculos XVI e XVII por se possuir este último livro, assim como o "Alma de Salomonis" e o "Picatrix: Liber Imaginibus Salomonis". Na Península Ibérica a corrente dos grimórios não foi tão forte como no resto da Europa devido à perseguição feroz e implacável da Inquisição.
No final do século XIX e início do século XX houve um grande número de edições dos grimórios, nomeadamente o Livro de São Cipriano
SÃO CIPRIANO E UMBANDA
a Linha das Almas ou Linhas dos Pretos-Velhos também é conhecida como Linha de Yorimá ou Linha de São Cipriano e que dentro dessa linha de trabalho encontram-se pretos-velhos com o nome simbólico de Pai Cipriano
A Vibração de Yorimá é a Potência da Palavra da Lei, Ordem Iluminada da Lei, Palavra Reinante da Lei. Esta Linha ou vibração é composta pelos primeiros espíritos que foram ordenados a combater o mal em todas as suas manifestações, são verdadeiros magos que usam da roupagem fluídica de Pretos Velhos, ensinando as verdadeiras “mirongas” sem deturpações. São os Mestres da Magia e experientes devido às seculares encarnações.
Esta Linha, conhecida como linha dos Pretos-velhos, dos Africanos, de São Cipriano ou das Almas, tem como Chefes principais Pai Guiné, Pai Tomé, Pai Arruda, Pai Congo de Aruanda,Mãe Maria Conga, Pai Benedito e Pai Joaquim.
São entidades muito evoluídas que há vários milénios encarnaram e desencarnaram adquirindo, assim, muita experiência no dia a dia da humanidade.
Os Preto-Velhos da Umbanda representam a força, a resignação, a sabedoria, o amor e a caridade. São um ponto de referência para todos aqueles que necessitam pois curam, ensinam, educam pessoas e espíritos sem luz. Eles representam a humildade, não têm raiva ou ódio pelas humilhações, atrocidades e torturas a que foram submetidos no passado.
Com seus cachimbos, fala pausada, tranquilidade nos gestos, eles escutam e ajudam aqueles que necessitam, independentes de sua cor, idade, sexo e religião.
Não se pode dizer que todos esses espíritos são diretamente os mesmos pretos-velhos da escravidão. Pois, no processo cíclico da reencarnação passaram por muitas vidas anteriores onde foram negros escravos, filósofos, médicos, ricos, pobres, iluminados e outros. Mas, para ajudar aqueles que necessitam, escolheram ou foram escolhidos para voltar à Terra em forma incorporada de preto-velho.
É por isso que para se falar com um preto-velho se deve ser humilde, saber escutar, não querer milagres ou que ele resolva todos os problemas com um sopro mágico. Toda a solução tem o princípio dentro de nós próprios pelo que devemos ter fé, acreditar em nós, e amar a Deus, ao próximo e a nós mesmos.
“Cada um colherá aquilo que plantou. Se tu plantaste vento colherás tempestade, mas se tu entenderes que com luta o sofrimento pode tornar-se alegria vereis que deveis tomar consciência do que foste teu passado aprendendo com teus erros e visando o crescimento e a felicidade do futuro. Não sejais egoísta, aquilo que te fores ensinado passai aos outros e aquilo que recebeste de graça, de graça tu darás. Porque só no amor, na caridade e na fé é que tu podeis encontrar o teu caminho interior, a luz e DEUS” - Pai CiprianoORAÇÃO A SÃO CIPRIANO: contra bruxarias e feitiçarias
Em nome do Pai, do Filho, e do Espírito Santo
São Cipriano, que pela graça divina vos convertestes à Fé de Nosso Senhor Jesus cristo. Vós que possuístes os mais altos
segredos da magia, construí agora um refúgio para mim contra meus inimigos e suas ações nefastas e malignas.
Pelo merecimento que alcançastes, perante deus criador do céu e da terra, anulai as obras malignas, fruto do ódio,
os trabalhos que os corações empedernidos tenham feito ou venham a fazer contra a minha pessoa e contra a minha casa.
Com a permissão do altíssimo senhor deus, atendei à minha prece e vinde em meu socorro.
Pelo sangue de nosso senhor Jesus cristo. Assim seja.
Rezar um Creio em Deus Pai e uma Salve Rainha.
ORAÇÃO A SÃO CIPRIANO:Oração para abrir os caminhos urgentemente
São Cipriano saiu eu saí.
São Cipriano andou eu andei,
São Cipriano achou eu achei.
Assim como à Nossa Senhora não faltou leite para o seu bento filho,
Assim como à Nossa Senhora não faltou leite para o seu bento filho,
pois a mim não faltará o que eu quero arranjar.
Pelo sangue que São Cipriano derramou no calvário
Pelo sangue que São Cipriano derramou no calvário
e pelas lágrimas que vós derramastes ao pé da cruz,
não ha de faltar o que sair a procurar.
No fim desta oração, rezam-se um Pai-Nosso, uma Avé-Maria.
No fim desta oração, rezam-se um Pai-Nosso, uma Avé-Maria.
E ficamos por aqui. Tudo o resto é o leitor que deve procurar tendo sempre o discernimento de distinguir o que se deve e o que não se deve fazer. Lembre-se: o retorno divino existe e consoante os fins das suas orações e práticas rituais, assim terá o reverso da medalha. Vale a pena?
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