quarta-feira, 16 de setembro de 2015

secularidade

Secularidade (qualidade ou característica de secular) é a condição de quem vive no século, isto é, entre as coisas do mundo e da vida. Opõe-se ao estado religioso, próprio dos que fizeram votos.
Segundo Boaventura de Sousa Santos, do ponto de vista da sociologia política, há distinção entre secularismo e secularidade. Secularismo, segundo ele, implica restringir a religião ao espaço privadoexclusivamente. Já a secularidade supõe a permissão das expressões religiosas no espaço público como afirmação da própria liberdade de todos os cidadãos.[1]

Interpretação teórica cristã[editar | editar código-fonte]

A palavra "secular" vem do latim saeculāris,e e significa 'secular, relativo a século. No latim eclesiástico, significa secular, profano, mundano, relativo ao mundo.
Teologicamente, o termo latino saeculum traduz o uso bíblico do grego αἰών[2] (ciclo temporal da história da salvação), isto é, a "era", originalmente de sentido temporal, mais tarde estendida também à noção espacial[3] . Nesse sentido, o Antigo Testamento fala de séculos[4] : passado (tempo antes da Criação), presente (desde o pecado original até o Dia de YAHWEH[5] ) e futuros (após o Dia de YAHWEH os "séculos dos séculos"). São Paulo, porém, introduz uma dilação: o Dia de YAHWEH já começou com a Encarnação do Verbo, mas antes da Parusia de Jesus Cristo o século futuro só está presente de forma incoada[6] : Satanás detém o império no tempo presente, ainda que sua derrota esteja irremediavelmente decretada[7] . Por isso, o "século presente", na Bíblia, reveste-se às vezes de caráter pejorativo, especialmente em alguns textos juninos.

Posições dos católicos: secularidade absoluta ou relativa[editar | editar código-fonte]

O processo de secularização pode ser compreendido de dois modos: forte e brando. A secularização forte refere-se a uma afirmação da autonomia absoluta do homem. Tal secularidade seria uma reedição da visão prometeica do homem, presente entre os românticosmarxistas e nietzschianos. Essa visão está na base do laicismo.
A secularização branda, por sua vez, refere-se a uma afirmação da autonomia relativa do temporal. É uma desclericalização da visão de mundo, uma abertura ao diálogo tolerante. Nem sempre tal abertura foi realizada por alguns católicos no respeito à sua própria identidade cristã, ocasionando a reação de personagens ou grupos ditos tradicionalistas. Não obstante, a Igreja Católica defende o diálogo com aModernidade sob a égide da liberdade religiosa[8] . Inclusive, viram grande desenvolvimento os movimentos laicos dentro da Igreja e espiritualidades compatíveis com a condição secular da franca maioria dos fiéis católicos, tanto leigos quanto clérigos seculares[9] .
Segundo a visão católica, as vertiginosas mudanças sociais dos últimos séculos criaram um campo amplíssimo de atuação, que constitui o mais radical desafio da história. Esse pluralismo é bom, mas necessita de instrumentos de união e diálogo para não cair na falsa disjunção público – privado. Nesse sentido, um patamar a ser conquistado é a autonomia integrada das esferas religiosa e estatal: a secularidade significa ser do mundo e responsabilizar-se por ele; mas a fé acolhida, pensada e vivida também faz-se necessariamente cultura. São Josemaria Escrivá de Balaguer, fundador da Opus Dei, sugeria: "Com a tua conduta de cidadão cristão, mostra às pessoas a diferença que há entre viver triste e viver alegre; entre sentir‑se tímido e sentir‑se audaz; entre agir com cautela, com duplicidade – com hipocrisia! —, e agir como homem simples de uma só peça. — Numa palavra, entre ser mundano e ser filho de Deus"[10] . Assim, segundo a Igreja Católica, secularidade, é amor ao mundo redimido; mundanismo, porém, é amor ao pecado.[11] .

Usos do conceito[editar | editar código-fonte]

A noção de secularidade tem sido usada de forma muito elástica, nem sempre de maneira precisa. Alguns exemplos:
  • Autoridade secular, qualquer tipo de autoridade não eclesiástica nem monacal.
  • Educação secular, escolas sem inspiração religiosa.
  • Estado secular, estado não teocrático, regido por leis civis emanadas pelo povo ou por seus representantes.
  • Cultura secular judaica, manifestações culturais dos judeus sem conotação religiosa.
  • Música secular, composta para uso profano, em oposição à música sacra.
  • Organizações seculares de abstinência, organizações de abstinência sem vínculo com organizações religiosas.

Referências

  1. Ir para cima 'Dilma tem grande insensibilidade social', diz guru da esquerda. Entrevista com Boaventura de Sousa Santos. Folha de S. Paulo, 26 de outubro de 2013.
  2. Ir para cima É o termo utilizado para traduzir o hebraico עוֹלַם ("era, futuro").
  3. Ir para cima Segundo o Bem-aventurado João Paulo II "à primeira vista, falar de ‘espaços’ determinados em relação a Deus poderia gerar alguma perplexidade. Não está porventura o espaço, tal como o tempo, integralmente sujeito ao domínio de Deus? De fato, tudo saiu das suas mãos e não há lugar onde Ele não se possa encontrar: Do Senhor é a terra e tudo o que nela existe, o mundo e quantos nele habitam. Ele a fundou sobre os mares e a consolidou sobre as ondas (Sl 24,1s). Deus está igualmente presente em todos os cantos da terra, pelo que o mundo inteiro pode considerar-se templo da sua presença." "Mas, isto não impede que, tal como o tempo pode ser marcado pelos kairói, momentos especiais de graça, analo-gamente também o espaço possa ficar assinalado por particulares intervenções salvíficas de Deus. Aliás, esta intuição acha-se presente em todas as religiões, que têm não apenas templos mas também espaços sagrados, onde se pode experimentar o encontro com o divino de forma mais intensa do que habitualmente se verifica na imensidão do mundo” (Carta sobre a peregrinação aos lugares relacionados com a Historia da Salvação, n. 2, 1999).
  4. Ir para cima Sob a figura de um incontável número de séculos a Bíblia indica de um modo mais simples o conceito filosófico de eter-nidade. A eternidade é a fonte viva que alimenta o arroio do tempo; definiu-a Boécio como "possessão total e simultânea de uma vida que nunca termina". O Deus Eterno se dá como promessa de futuro — "Deus que É, que Era e que Vem" (Ap 4,8) — e se comunica com o homem para que se renove decidindo-se a avançar ao futuro, construindo-o no presente; em definitivo, com espirito profético.
  5. Ir para cima O Dia de YAHWEH (Am 5,18.20) é no Antigo Testamento a incidência definitiva (Is 29,18-24), terrível (Jr 30,7) e salvífica (Jl 3,5) de Deus na história que inaugurará o tempo futuro; no Novo Testamento sofre a dilação entre a primeira e a segunda vinda de Cristo (cf. 2Pd 3,8).
  6. Ir para cima O tempo da paciência divina já se concluiu (Rm 3,26) e o tempo da salvação já está presente (2Cor 6,2). Mas ainda não chegou a consumação final (Hb 6,5). A Igreja está pois já na última hora, pelo que o tempo que resta se deve santificar, através dos Tempos Litúrgicos e da tradição dos jubileus (cf. BEM-AVENTURADO JOÃO PAULO II, Carta Ap. Tertio Millennio Adveniente, n. 10, 1994).
  7. Ir para cima Cf. Rm 12,2; 2Cor 4,4; 2Tm 4,9.
  8. Ir para cima Vide a Constituição Pastoral Gaudium et Spes (http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_const_19651207_gaudium-et-spes_po.html) e a Declaração Dignitatis Humanae(http://www.vatican.va/archive/hist_councils/ii_vatican_council/documents/vat-ii_decl_19651207_dignitatis-humanae_po.html), ambas do Concílio Vaticano II.
  9. Ir para cima Destaca-se, por exemplo, o espírito de santificação do trabalho proposto do São Josemaria Escrivá, fundador da Opus Dei.
  10. Ir para cima Sulco, n.º 306
  11. Ir para cima Cf. BENTO XVI, Homilia, 8/12/2005: “Manifesta-se em nós a suspeita de que uma pessoa que não peque de modo algum, no fundo, seja tediosa; que falte algo na sua vida: a dimensão dramática do ser autônomo; que faça parte do verdadeiro ser homem, a liberdade de dizer não, o descer às trevas do pecado e o desejar realizar sozinho; que somente então seja possível desfrutar até ao fim toda a vastidão e a profundidade do nosso ser homens, do ser verdadeiramente nós mesmos; que devemos pôr à prova esta liberdade também contra Deus, para nos tornarmos realmente nós próprios. Em síntese, pensamos que o mal no fundo seja bem, que dele temos necessidade, pelo menos um pouco, para experimentar a plenitude do ser. Julgamos que Mefistófeles, o tentador, tem razão, quando diz que é a força “que deseja sempre o mal e realiza sempre o bem” (J.W. v. Goethe, Fausto I, 3). Pensamos que pactuar com o mal, reservando para nós mesmos um pouco de liberdade contra Deus, em última análise, seja um bem, talvez até necessário. Contudo, quando olhamos para o mundo à nossa volta, podemos ver que não é assim, ou seja, que o mal envenena sempre, que não eleva o homem mas o rebaixa e humilha, que não o enobrece, não o torna mais puro nem mais rico, mas o prejudica e faz com que se torne menor.”

Ver também[editar | editar código-fonte]

  • Separação Igreja-Estado
  • AnticlericalismoEstado secular é um país ou nação que possui umposicionamento político imparcial em relação à religião, não apoiando, nem se opondo a nenhuma crendice religiosa. O Estado secular também é conhecido por Estado laico
    A principal característica do Estado secular é a de não possuir uma religião oficial no país, sendo reconhecidas e permitidas qualquer tipo de manifestação de fé, seja cristã, judaica, ortodoxa, espírita, hindu, etc. 
    Por norma, os Estados seculares criam e executam leis que promovam a boa coexistência entre a diversidade religiosa, lutando contra o preconceito e discriminação entre os grupos de religiões diferentes. 
    Brasil é considerado oficialmente um país laico, ou seja, caracterizado como um Estado secular, pois garante na Constituição Brasileira o livre culto religiosa, sem perseguições de qualquer gênero. O artigo nº 5 da Constituição Nacional de 1988 garante que:
    "VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias;”
    No entanto, na prática, o Brasil é considerado um país bastante religioso, com predominância do cristianismo. Uma das principais evidências da presença da religião no Estado brasileiro, é a obrigação da disciplina de "Ensino Religioso" na maioria das grades curriculares das escolas do país. 
    Um Estado secular difere-se totalmente de um Estado ateu (como era na extinta União das Repúblicas Socialistas Soviéticas - URSS), sendo que este último é caracterizado por abolir e perseguir qualquer tipo de manifestação de caráter religioso. O Estado secular, assim como permite todos os tipos de religiões, também protege o direito a descrença religiosa. 

    Estado teocrático

    O Estado teocrático é considerado o oposto do Estado secular ou laico, pois representa um país ou nação que possui uma religião única e oficial, impedindo a existência de outros tipos de cultos não-oficiais.
    A religião exerce poder sobre as decisões governamentais em um Estado teocrático, ou seja, todas as questões políticas precisam estar de acordo com a doutrina religiosa oficial deste país.
    O Irã (República Islâmica), o Vaticano (Igreja Católica) e Israel (Estado Judeu) são alguns exemplos de Estados teocráticos existentes atualmente.

    Veja também:


Tudo dito anteriormente, refere-se a opinião de pessoas. Não acredite em tudo que foi dito acima, nem em lugar algum. Há vários tipos de opiniões e pensamentos diferentes. Cabe ao leitor querer acreditar em algum destes.Também conhecido como Estado Secular, o Estado Laico é aquele que não possui uma religião oficial, mantendo-se neutro e imparcial no que se refere aos temas religiosos. Geralmente, o Estado laico favorece, através de leis e ações, a boa convivência entre os credos e religiões, combatendo o preconceito e a discriminação religiosa. 

Características

Desta forma, no Estado laico, a princípio, todas as crenças são respeitadas. Não há perseguição religiosa.

Em alguns países laicos, o governo cria normas para dificultar manifestações religiosas em público.

O caso brasileiro 

O Brasil é um país com Estado laico, pois em nossa Constituição há um artigo que garante liberdade de culto religioso. Há também, em nosso país, a separação entre Estado e Igreja.
Você já deve ter pensado o quanto é confuso saber em que século se localiza determinado ano. O ano de 1789 faz parte do século XVII ou do século XVIII? O século XXI se iniciou no ano 2000 ou em 2001? Há umcálculo fácil de ser feito para localizar os anos em seus respectivos séculos. É o que mostraremos nas linhas abaixo.
O motivo disso tudo é que os historiadores necessitam de trabalhar com períodos de tempo mais longosque os utilizados pelas pessoas em seu cotidiano. No dia a dia, usamos muito mais os dias, semanas, meses e anos que os séculos ou os milênios. Para estudar história é necessário dividir o tempo em séculos ou milênios, já que a história humana tem mais de 5 mil anos!
Vamos ao cálculo:
A primeira coisa que precisamos saber é que para indicar os séculos os historiadores geralmente utilizam os algarismos romanos (X, II, V etc.), e não os algarismos arábicos (1, 10, 357 etc.). Dessa forma, o século 12 d.C. é representado como século XII d.C.
Se a data que estiver sendo examinada terminar com dois zeros, o século então corresponde ao(s) primeiro(s) algarismo(s) que estiver à esquerda desse número. Exemplos:
Ano 300 a.C.: O ano 300 a.C. está inserido no século III a.C., já que cortando os dois zeros, 300, resta o número 3.
Ano 1700 d.C.: O ano 1700 d.C. está inserido no século XVII d.C., já que cortando os dois zeros, 1700, resta o número 17.
Ano 2000 d.C.: O ano 2000 d.C. está inserido no século XX d.C., já que cortando os dois zeros, 2000, resta o número 20.
Mas quando o número não termina em dois zeros é só eliminar a unidade e a dezena que o compõe, somando o(s) algarismo(s) restante(s) ao número 1. Exemplos:
Ano 1450 a.C.: O ano 1450 a.C. está inserido no século XV a.C., já que eliminando a unidade e a dezena, 1450, e somando o resto com 1, teremos 14+1=15.
Ano 736 d.C.: O ano 736 d.C. está inserido no século VIII d.C., já que eliminando a unidade e a dezena, 736, e somando o resto com 1, teremos 7+1=8.
Ano 1895 d.C.: O ano 1895 d.C. está inserido no século XIX d.C., já que eliminando a unidade e a dezena, 1895, e somando o resto com 1, teremos 18+1=19.
Ano 2001 d.C.: O ano 2001 d.C. está inserido no século XXI d.C., já que eliminando a unidade e a dezena, 2001, e somando o resto com 1, teremos 20+1=21.
Isso ocorre porque não contamos o ano zero em nosso calendário, iniciando a datação a partir do ano 1. Dessa forma, o século I d.C. só se completou no ano 100 d.C., e não no ano 99 d.C. O século XX d.C. se encerrou em 31 de dezembro de 2000 d.C., e não em 31 de dezembro de 1999 d.C.
Para finalizar, as siglas a.C. e d.C. significam, respectivamente, antes de Cristo e depois de Cristo, pois o calendário que utilizamos, o calendário cristão, tem como divisão o ano de nascimento de Jesus Cristo.

Por Tales Pinto
Graduado em História
Avaliação
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