O piolho que infesta os cabelos de muitas pessoas é um inseto que se alimenta do sangue dos mamíferos e se reproduz com grande rapidez. Esses animaizinhos podem ser encontrados em todas as regiões do mundo e podem parasitar as cabeças de pessoas de todas as idades, raças e classes sociais. São encontrados mais comumente nas cabeças de crianças, principalmente aquelas que frequentam escolas e estão em contato com outras crianças.
Qualquer pessoa, seja criança ou adulta, pode ser infectada por piolhos
O piolho é transmitido principalmente de uma pessoa para a outra pelo contato direto, mas também podemos pegá-lo através do uso compartilhado de bonés, capacetes, tiaras de cabelo, escovas e pentes. Uma vez em nossa cabeça, o piolho se instala na base de nosso cabelo e é lá que ele coloca seus ovos, muito conhecidos como lêndeas. As lêndeas têm cor branca e ficam grudadas nos fios de cabelos.
Na figura podemos observar uma lêndea presa a um fio de cabelo
Ao picar o couro cabeludo da sua vítima para se alimentar, o piolho libera algumas substâncias na sua saliva que entram em contato com a nossa pele, o que causa uma sensação de coceira. Por isso, quando estamos com piolho há uma coceira muito intensa na cabeça e, em razão do ato de coçar, podem surgir feridas no couro cabeludo.
Geralmente, poucos piolhos infestam o couro cabeludo, por isso é um pouco difícil encontrá-los entre os cabelos, mas se a pessoa tiver maus hábitos de higiene, os poucos piolhos começam a se reproduzir e a infestação de piolhos piora, podendo causar anemias e até infecções.
O piolho é transmitido de uma pessoa para outra pelo contato direto
O tratamento para piolho é feito com a aplicação nos cabelos de medicamentos específicos, próprios para acabar com os piolhos, como xampus e loções, ou também na forma de comprimidos. É importante lembrar que qualquer um desses medicamentos deve ser prescrito por um médico para evitar qualquer tipo de complicação.
Outra forma de se acabar com os piolhos é utilizando produtos encontrados em casa, como condicionador, azeite de oliva ou óleo de cozinha. Para isso, basta lavar os cabelos com xampu e embebedá-los completamente com um dos ingredientes acima. Feito isso, coloque uma touca nos cabelos e deixe-a por no mínimo duas horas. Passado o tempo, retire a touca, lave os cabelos, seque e penteie com o pente fino para verificar se restou algum piolho.
Passar o pente fino nos cabelos é uma forma de encontrar piolhos e lêndeas
O tratamento feito em casa mata os piolhos por sufocamento, mas eles costumam ficar grudados nos cabelos, mesmo mortos. O uso do condicionador e do óleo facilita a retirada das lêndeas, mas somente esse tipo de tratamento, assim como o feito com produtos da farmácia, não consegue matá-las, sendo por isso necessário repeti-lo mais vezes.
É importante lembrar que piolhos também gostam de cabelos limpos, portanto manter os cabelos lavados não mudará em nada o risco de contaminação. Uma forma de se prevenir desses insetos é evitando o uso de pentes, tiaras de cabelos, bonés, capacetes, lenços, presilhas de cabelo, etc. de outras pessoas.
Nas aves também podemos encontrar piolhos, mas ao contrário dos piolhos que parasitam os mamíferos, eles não se alimentam de sangue, e sim das penas das aves.
Por Paula LouredoOs piolhos (ou ftirápteros do nome da ordem Phthiraptera, do grego phthirus=achatado; a=sem; ptera=asas) constituem uma ordem de insetos que contém mais de três mil espécies. Estes insectos não têm asas e são parasitas externos (ectoparasitas) de mamíferos (com exceção dos monotremados e morcegos) e das aves. Os piolhos são actualmente classificados em quatro subordens:
- Anoplura: piolhos sugadores/picadores, parasitam exclusivamente mamíferos, onde se inclui o piolho humano
- Rhyncophthirina: parasitas de facóqueros e elefantes
- Ischnocera: piolhos mastigadores de aves e mamíferos
- Amblycera: piolhos mastigadores de aves e mamíferos
Em classificações mais antigas, eles eram divididos em duas ordens: Mallophaga (piolhos mastigadores) e Anoplura (piolhos sugadores).
Os piolhos habitam o cabelo ou penas do hospedeiro, onde se alimentam de sangue, resíduos da epiderme ou de penas e secrecções sebáceas. Cada espécie tem uma relação exclusiva com um determinado tipo de hospedeiro, o que significa que, por exemplo, um piolho de ave não afecta humanos e vice-versa. Esta característica torna os piolhos muito dependentes do sucesso da espécie do hospedeiro. Calcula-se que tenham desaparecido três espécies de iscnocerídeos quando os últimos vintecondores da Califórnia foram trazidos para cativeiro e desinfestados.
Os piolhos têm entre 0,5 e 8 mm de comprimento, corpo achatado e garras que lhes permitem a fixação ao hospedeiro. Os ovos do piolho, ou lêndeas, são esbranquiçados e postos na pelagem ou penas dos hospedeiros. Em humanos, a infestação por piolhos é denominada pediculose.
Índice
[esconder]Tratamento[editar | editar código-fonte]
Antigamente, o combate à pediculose dava-se através de xampus (escabin e outros) com agentes antiparasitários e a coleta de lêndeas e piolhos com o uso de pentes finos. Esse tratamento era doloroso, em especial para as crianças. Hoje esse tratamento ainda existe, mas geralmente complementar ao uso da Ivermectina (medicamento "tarja vermelha", ou seja, deve-se usá-lo sob recomendação médica). Também são usados dispositivos que utilizam apenas ar aquecido para desidratar e matar os piolhos e pentes que dão pequenos choques elétricos.
A Academia Americana de Pediatria afirma que o tratamento para piolhos nunca deve ser iniciado a menos que haja um diagnóstico claro para piolhos, porque todos os tratamentos têm alguns efeitos colaterais.
Leia atentamente as instruções antes de usar qualquer produto antipiolho. Durante o tratamento, é particularmente importante notar a hora de início do tratamento do cabelo, para o período exacto especificado no manual de instruções. Segure uma toalha sobre o rosto para evitar o contato do produto com os olhos da pessoa infestada, e, se o produto entrar em contato com os olhos, lavar bem com água. Enquanto o cabelo ainda está molhado, use um pente para piolhos cada 3-4 minutos, para remover os piolhos e ovos.
Ar aquecido[editar | editar código-fonte]
Dispositivos de sopro de ar quente sobre o couro cabeludo foram testados quanto à eficácia em matar piolhos e seus ovos e demonstraram 98% de mortalidade dos ovos e 80% de mortalidade dos ovos chocados. O piolho perde a umidade do corpo e, dentro do período de tratamento, desidrata-se e morre. [1]
Pente eletrônico[editar | editar código-fonte]
O pente eletrônico usa uma pequena carga elétrica para matar o piolho. Os dentes do pente são de metal e têm dentes carregados alternadamente com corrente positiva e negativa, que são alimentados por uma bateria pequena. Quando o pente é usado no cabelo seco, os piolhos fazem contato com vários dentes do pente, fechando o circuito e recebendo uma carga elétrica.
Pentes eletrônicos são considerados uma maneira segura e eficaz para matar piolhos, o mecanismo de ação é fundamentalmente electrocussão.
Piolho como fonte de alimento para os nativos das Américas[editar | editar código-fonte]
Embora sejam considerados uma praga, os piolhos serviam de alimento para os nativos do Novo Mundo[2] .
Os índios macuxis da região dos rio Branco e rio Rupununi, compreendendo Brasil e Guiana, e os crixanás de Roraima eram grandes apreciadores de piolhos[3] . .
Índias do Rio de Janeiro do século XVI(16) comiam os piolhos à medida que os tirava das cabeças dos seus filhos, como relatou o padre franciscano, cosmógrafo, explorador e escritor francês André Thevet:
- “Existe, também a bicharia que nasce sobre os homens, como grandes piolhos vermelhos que têm por vezes na cabeça. Apanham-nos com tamanho desdém, quando mordidos ou picados, que se vingam deles com risadas. Conversando com esses bárbaros, via, certas ocasiões, as mulheres que catavam os insetos na cabeça de suas filhas e demais crianças, tantos quanto podiam encontrar, e os comiam em seguida, além de zombarem de mim quando me punha a rir de tal vilania.”[4] .
Referências
- ↑ Goates, Brad M.; Atkin, Joseph S; Wilding, Kevin G; Birch, Kurtis G; Cottam, Michael R; Bush, Sarah E. and Clayton, Dale H. (5 November 2006). "An Effective Nonchemical Treatment for Head Lice: A Lot of Hot Air". Pediatrics (American Academy of Pediatrics) 118 (5): 1962–1970. doi:10.1542/peds.2005-1847. PMID 17079567. Retrieved 2010-08-01.
- ↑ CAVALCANTE, Messias S. Comidas dos Nativos do Novo Mundo. Barueri, SP. Sá Editora. 2014, 403p.ISBN 9788582020364
- ↑ BASTOS, Abguar. A pantofagia ou as estranhas práticas alimentares da selva: Estudo na região amazônica. São Paulo, Editora Nacional; Brasília DF, INL. 1987, 153 p.
- ↑ THEVET, André (1502-1590). A cosmografia universal de André Thevet, cosmógrafo do Rei. Coleção Franceses no Brasil – Séculos XVI e XVII, vol. II. Rio de Janeiro, Batel; Fundação Darci Ribeiro. 2009, 186p.
- Gratz, N. (1998). Human lice, their prevalence and resistance to insecticides. Geneva: World Health Organization (WHO).
- American Academy of Pediatrics. Council on School Health and Committee on Infectious Diseases., BL; Frankowski BL, Bocchini JA Jr (August 2010). "Head Lice (October 1, 2010 Clinical Report)". Pediatrics. 2010 Aug;126(2): 126 (2): 392–403. doi:10.1542/peds.2010-1308. PMID 20660553. Retrieved 11/7/2010.
- Mumcuoglu, Kosta (2006). "Effective Treatment of Head Louse with Pediculicides". Journal of Drugs in Dermatology 5 (5): 451–452. PMID 16703782.
- Mumcuoglu, Kosta Y.; Barker CS, Burgess IF, Combescot-Lang C, Dagleish RC, Larsen KS, Miller J, Roberts RJ, Taylan-Ozkan A. (2007). "International Guidelines for Effective Control of Head Louse Infestations". Journal of Drugs in Dermatology 6 (4): 409–414. PMID 17668538.
Graduada em Biologia
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