Ximba é uma expressão brasileira que significa se esforçar muito por algo e não acontecer o desejado. Ximbar significa se dar mal, se ralar, se ferrar. É uma palavra muito usada na Região Norte do Brasil..
Ximba pode ser o movimento que o cavalo faz como se estivesse espirrando, faz um barulho soltando ar pela boca e pelo nariz, porém ele não está relinchando já que não sai nenhum som, é apenas um movimento estranho.
Ximba Uchyama é um grande baixista da musica instrumental brasileira, tendo já atuado ao lado de grandes cantores brasileiros, como Gal Costa, Caetano Veloso, Djavan, Zizi Possi entre outros.
Ximba é também em Angola uma língua falada por uma tribo do grupo tyihrero.Ximba é uma gíria brasileira e significa se esforçar muito e a coisa não acontecer. Ximbar significa se dar mal, se ralar, se ferrar. Esta é uma gíria muito utilizada na região nordeste e região leste, porém o sentido pode não ser o mesmo.
Ximba pode ser o movimento que o cavalo faz como se estivesse espirrando, faz um barulho com os lábios e o nariz, porém ele não está relinchando já que não sai nenhum som, é apenas um movimento estranho.
No candomblé a ximba é um tipo de punição ou castigo que o Òòrísá inflige em seu róprio iniciado, quando extrapola em demasia as proibições. São castigos aplicados em quem não observa e não respeita as ordens. Geralmente não advêm do/a sacerdote/tisa, que geralmente tenta evita-los. As divindades não necessitam consultar ninguém para aplicar um corretivo em quem merece. Este castigo agirá como freio e vai ensinar o infrator a raciocinar antes de oferecer e magoar sua divindade. A ximba não é aplicada particularmente, em locais restritos ou reservados. Estes castigos são feitos para que toda a comunidade veja. Esta é uma forma de as divindades mostrarem o seu poder e conseguir a conscientização de que essa experiência poderá ser aplicada a qualquer um.
Mãe Beata define bem a condição de submissão da iaô, particularmente notável nos candomblés antigos. Privadas de acesso ao conhecimento, estavam nas mãos de seus pais ou mães de santo, e deviam confiar inteiramente neles. Como crianças eram sujeitas à punição caso não se comportassem conforme as expectativas e, algumas vezes, eram castigadas pelos seus próprios orixás. Nestes casos os orixás eram chamados para punirem, por meio de possessões violentas, as chamadas ximbas, os filhos faltosos. Ao contar casos do seu passado, a mãe de santo tece uma avaliação interessante da situação atual. Vê positivamente o fato de que, atualmente, não há mais lugar para alguns dos excessos que marcavam a relação dos pais e mães de santo com seus filhos. Entretanto, também percebe que a maior tolerância dos pri-meiros pode ter repercussões negativas sobre o aprendizado dos mais novos. Livres de controles mais rígidos, as iaôs acabam por não aprender a desempenhar corretamente e com responsabilidade de suas obrigações. Ao descrever o estilo de mando de seu pai de santo, ressalta como seu aprendizado no candomblé dependeu da postura rígida do pai. Se os filhos de santo novos aprendem sob o comando mais ou menos rígido dos mais velhos, também são instruídos e disciplinados pelas próprias entidades. Já vimos, nas falas das ialorixás Beata e Raimunda, como os pais e mães de santo costumavam chamar os orixás das iaôs faltosas para castigarem-nas com ximba. Todavia, não raro o castigo é promovido pela própria entidade sem a intermediação de outro humano. O relato de Raimunda é bem ilustrativo: “Mas quem me pega mais é Boiadeiro e Sultão (caboclos). Quem me castiga mais é Sultão. (...) Mas apanhar também só foi mesmo uma vez, mas tinha razão de apanhar, pois nas festas eu era sempre a primeira a virar no terreiro e nunca via nada, aí que eu fiz, tomei dois dedos de cachaça com vinho pra não receber o santo, isso eu já arrumada, e fui dançar o candomblé. E todo mundo chamando e nada de meu santo vir e nada de ele aparecer, quando foi de madrugada, quando já tinha passado o efeito da cachaça, o caboclo me pegou e me quebrou toda a cara ate me acabar, nesse dia eu apanhei. Mas já passei por muitas além dessa, você nem imagina, teve uma certa vez mesmo que eu fui dizer que caboclo só comia coisa ruim, foi justamente no dia que eu tava dando comida pros meus caboclos. Nesse dia mesmo eu tava organizando a aldeia dos caboclos, aí de repente me deu aquela fome de uma pessoa que não come dois dias, e eu não via mais nada além do cansanção com fumo que o caboclo me fez comer pra eu aprender a nunca mais dizer que eles só comiam coisa ruim. Mas eu devo agradecer muito a esses caboclos, porque foram eles que me doutrinaram e que me ajudaram na minha natureza, porque eu lhe confesso, quando eu era mais nova dava traba-lho. Só tenho a agradecer a esses caboclos... (Mãe Raimunda) Raimunda sugere que as entidades não apenas castigam, mas disciplinam, dobram a natureza de seus filhos. Conforme se ouve dizer entre o povo de santo, na medida em que a pessoa adentra o mundo do candomblé, e principalmente depois da feitura, ela torna-se cada vez mais parecida com seu orixá. É como se este modelasse em seu corpo suas próprias características e inclinações.”
(Notas sobre o aprendizado no candomblé Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 20, n. 35, p. 00-00, jan./jun. 2011 -Miriam C. M. Rabelo e Rita Maria Brito Santos).
Muitas das histórias contadas no candomblé sobre o processo de circulação e aquisição de conhecimento contrastam os terreiros de antigamente aos de hoje. Naqueles o conhecimento era mantido firmemente nas mãos dos mais velhos e a iaô sabia bem seu lugar. Nos relatos abaixo duas mães de santo iniciadas há muitos anos apontam para estas diferenças:
“Iaô não tinha direito a conversar muito nem perguntar nada naquele tempo. (...) no meu tempo: iaô não sabia o dia que entrava [na camarinha, para ser recolhida], iaô não sabia o dia que saía, iaô não sabia de nada, iaô aceitava. Ela entrava e o pai de santo era responsável por tudo. Hoje não, a gente já vem vestido de santo, você é de tal santo, seu juntó é santo tal, essas coisa ta mais esclarecida, né? Mas naquele tempo não, eu vim saber [o meu orixá] depois do nome que eu era de Logun Edé, depois do nome do santo.” (Mãe Beata, “Xaluga”, 39 anos de feita) Beata: – Que eu [fiz o santo] sem saber de nada, mas graças a Deus, eu fiquei bem, porque eu [sô muito controlada]... não era fácil... naquele tempo, qualquer coisa virava no santo, qualquer coisa... tinha ximba, né, essas coisas todas. Agora não tem mais isso. Miriam: – Não tem mais não? Beata: – Não. Ninguém bate mais em iaô. (...) E se a gente errasse, mandava fazer o santo dá ximba na gente.
Miriam: – Ela mandava?
Beata: – Mandava.
Miriam: – E o santo dava?
Beata: – Dava, é claro! No meu tempo existia a disciplina, realmente a nossa religião é um mundo civil, a pessoa tem que abraçar a posição que lhe foi dada no axé cuidando e respeitando. Sendo que iaô que errasse era punido... era como escolinha, né? E hoje não tem mais isso. (...) E iaô respeitava. O povo da hierarquia transmitia a autoridade pelo olhar e se a gente errava era punido. (...) O tempo do meu aprendizado passou muito rápido, mas como sou filha de Tempo, que era orixá do meu pai de santo Miguel Arcanjo Paiva, “Deuandá”, colhi bons resultados: retorno de saúde, tranquilidade e consciência que estava exercendo uma grande missão para cumprir com pulso forte e com a autoridade de uma sacer-dotisa. A minha aprendizagem com a minha mãe Alaíde Pereira dos Santos, “Lukeran”, foi de dominar com habilidade e ter capacidade de dar garantias no mundo civil. Minha meta é continuar servindo aos orixás com amor e respeito, peço a Olodumaré para direcionar meus filhos biológicos, meus filhos de santo, irmãos e amigos do axé, pois Olodumaré é o dono do destino, tem o saber do passado e do presente, e o futuro aos orixás pertence. Sigo firmea minha missão com a ajuda dos ministros do axé da minha comunidade: ogãs, equedes, babakekerê, yaotum, yagebé, yamorô, yacidagan, babaefum, enfim, todos os filhos. (Mãe Beata, “Xaluga”). Naquele tempo o candomblé era muito diferente do de hoje. A própria Federação de Candomblé condena a gente se fizermos alguma coisa... Antigamente filho de santo apanhava e apanhava muito, e quando não apanhava deixava de erê ou de santo o dia todo, e hoje que tá mudado, somos nós que apanhamos dos filhos de santo. Se a gente for agir de qualquer jeito, correm logo pra Federação. Ai hoje temos que deixar, eles fazerem o que querem, eu mesmo deixo eles fazerem o que querem. (Mãe Raimunda de Oxossi, 50 anos de feita).
Mãe Beata refere-se aqui ao fato de que as iaôs de hoje detêm um conhecimento que não era acessível às noviças dos terreiros antigos. Sabem, por exemplo, antes de entrar no roncó, a identidade de seu orixá de frente e mesmo do seu segundo orixá, ou juntó. (Miriam C. M. Rabelo; Rita Maria Brito Santos Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 20, n. 35, p. 00-00, jan./jun. 2011
No candomblé a ximba é um tipo de punição ou castigo que o Òòrísá inflige em seu róprio iniciado, quando extrapola em demasia as proibições. São castigos aplicados em quem não observa e não respeita as ordens. Geralmente não advêm do/a sacerdote/tisa, que geralmente tenta evita-los. As divindades não necessitam consultar ninguém para aplicar um corretivo em quem merece. Este castigo agirá como freio e vai ensinar o infrator a raciocinar antes de oferecer e magoar sua divindade. A ximba não é aplicada particularmente, em locais restritos ou reservados. Estes castigos são feitos para que toda a comunidade veja. Esta é uma forma de as divindades mostrarem o seu poder e conseguir a conscientização de que essa experiência poderá ser aplicada a qualquer um.
Mãe Beata define bem a condição de submissão da iaô, particularmente notável nos candomblés antigos. Privadas de acesso ao conhecimento, estavam nas mãos de seus pais ou mães de santo, e deviam confiar inteiramente neles. Como crianças eram sujeitas à punição caso não se comportassem conforme as expectativas e, algumas vezes, eram castigadas pelos seus próprios orixás. Nestes casos os orixás eram chamados para punirem, por meio de possessões violentas, as chamadas ximbas, os filhos faltosos. Ao contar casos do seu passado, a mãe de santo tece uma avaliação interessante da situação atual. Vê positivamente o fato de que, atualmente, não há mais lugar para alguns dos excessos que marcavam a relação dos pais e mães de santo com seus filhos. Entretanto, também percebe que a maior tolerância dos pri-meiros pode ter repercussões negativas sobre o aprendizado dos mais novos. Livres de controles mais rígidos, as iaôs acabam por não aprender a desempenhar corretamente e com responsabilidade de suas obrigações. Ao descrever o estilo de mando de seu pai de santo, ressalta como seu aprendizado no candomblé dependeu da postura rígida do pai. Se os filhos de santo novos aprendem sob o comando mais ou menos rígido dos mais velhos, também são instruídos e disciplinados pelas próprias entidades. Já vimos, nas falas das ialorixás Beata e Raimunda, como os pais e mães de santo costumavam chamar os orixás das iaôs faltosas para castigarem-nas com ximba. Todavia, não raro o castigo é promovido pela própria entidade sem a intermediação de outro humano. O relato de Raimunda é bem ilustrativo: “Mas quem me pega mais é Boiadeiro e Sultão (caboclos). Quem me castiga mais é Sultão. (...) Mas apanhar também só foi mesmo uma vez, mas tinha razão de apanhar, pois nas festas eu era sempre a primeira a virar no terreiro e nunca via nada, aí que eu fiz, tomei dois dedos de cachaça com vinho pra não receber o santo, isso eu já arrumada, e fui dançar o candomblé. E todo mundo chamando e nada de meu santo vir e nada de ele aparecer, quando foi de madrugada, quando já tinha passado o efeito da cachaça, o caboclo me pegou e me quebrou toda a cara ate me acabar, nesse dia eu apanhei. Mas já passei por muitas além dessa, você nem imagina, teve uma certa vez mesmo que eu fui dizer que caboclo só comia coisa ruim, foi justamente no dia que eu tava dando comida pros meus caboclos. Nesse dia mesmo eu tava organizando a aldeia dos caboclos, aí de repente me deu aquela fome de uma pessoa que não come dois dias, e eu não via mais nada além do cansanção com fumo que o caboclo me fez comer pra eu aprender a nunca mais dizer que eles só comiam coisa ruim. Mas eu devo agradecer muito a esses caboclos, porque foram eles que me doutrinaram e que me ajudaram na minha natureza, porque eu lhe confesso, quando eu era mais nova dava traba-lho. Só tenho a agradecer a esses caboclos... (Mãe Raimunda) Raimunda sugere que as entidades não apenas castigam, mas disciplinam, dobram a natureza de seus filhos. Conforme se ouve dizer entre o povo de santo, na medida em que a pessoa adentra o mundo do candomblé, e principalmente depois da feitura, ela torna-se cada vez mais parecida com seu orixá. É como se este modelasse em seu corpo suas próprias características e inclinações.”
(Notas sobre o aprendizado no candomblé Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 20, n. 35, p. 00-00, jan./jun. 2011 -Miriam C. M. Rabelo e Rita Maria Brito Santos).
Muitas das histórias contadas no candomblé sobre o processo de circulação e aquisição de conhecimento contrastam os terreiros de antigamente aos de hoje. Naqueles o conhecimento era mantido firmemente nas mãos dos mais velhos e a iaô sabia bem seu lugar. Nos relatos abaixo duas mães de santo iniciadas há muitos anos apontam para estas diferenças:
“Iaô não tinha direito a conversar muito nem perguntar nada naquele tempo. (...) no meu tempo: iaô não sabia o dia que entrava [na camarinha, para ser recolhida], iaô não sabia o dia que saía, iaô não sabia de nada, iaô aceitava. Ela entrava e o pai de santo era responsável por tudo. Hoje não, a gente já vem vestido de santo, você é de tal santo, seu juntó é santo tal, essas coisa ta mais esclarecida, né? Mas naquele tempo não, eu vim saber [o meu orixá] depois do nome que eu era de Logun Edé, depois do nome do santo.” (Mãe Beata, “Xaluga”, 39 anos de feita) Beata: – Que eu [fiz o santo] sem saber de nada, mas graças a Deus, eu fiquei bem, porque eu [sô muito controlada]... não era fácil... naquele tempo, qualquer coisa virava no santo, qualquer coisa... tinha ximba, né, essas coisas todas. Agora não tem mais isso. Miriam: – Não tem mais não? Beata: – Não. Ninguém bate mais em iaô. (...) E se a gente errasse, mandava fazer o santo dá ximba na gente.
Miriam: – Ela mandava?
Beata: – Mandava.
Miriam: – E o santo dava?
Beata: – Dava, é claro! No meu tempo existia a disciplina, realmente a nossa religião é um mundo civil, a pessoa tem que abraçar a posição que lhe foi dada no axé cuidando e respeitando. Sendo que iaô que errasse era punido... era como escolinha, né? E hoje não tem mais isso. (...) E iaô respeitava. O povo da hierarquia transmitia a autoridade pelo olhar e se a gente errava era punido. (...) O tempo do meu aprendizado passou muito rápido, mas como sou filha de Tempo, que era orixá do meu pai de santo Miguel Arcanjo Paiva, “Deuandá”, colhi bons resultados: retorno de saúde, tranquilidade e consciência que estava exercendo uma grande missão para cumprir com pulso forte e com a autoridade de uma sacer-dotisa. A minha aprendizagem com a minha mãe Alaíde Pereira dos Santos, “Lukeran”, foi de dominar com habilidade e ter capacidade de dar garantias no mundo civil. Minha meta é continuar servindo aos orixás com amor e respeito, peço a Olodumaré para direcionar meus filhos biológicos, meus filhos de santo, irmãos e amigos do axé, pois Olodumaré é o dono do destino, tem o saber do passado e do presente, e o futuro aos orixás pertence. Sigo firmea minha missão com a ajuda dos ministros do axé da minha comunidade: ogãs, equedes, babakekerê, yaotum, yagebé, yamorô, yacidagan, babaefum, enfim, todos os filhos. (Mãe Beata, “Xaluga”). Naquele tempo o candomblé era muito diferente do de hoje. A própria Federação de Candomblé condena a gente se fizermos alguma coisa... Antigamente filho de santo apanhava e apanhava muito, e quando não apanhava deixava de erê ou de santo o dia todo, e hoje que tá mudado, somos nós que apanhamos dos filhos de santo. Se a gente for agir de qualquer jeito, correm logo pra Federação. Ai hoje temos que deixar, eles fazerem o que querem, eu mesmo deixo eles fazerem o que querem. (Mãe Raimunda de Oxossi, 50 anos de feita).
Mãe Beata refere-se aqui ao fato de que as iaôs de hoje detêm um conhecimento que não era acessível às noviças dos terreiros antigos. Sabem, por exemplo, antes de entrar no roncó, a identidade de seu orixá de frente e mesmo do seu segundo orixá, ou juntó. (Miriam C. M. Rabelo; Rita Maria Brito Santos Revista da FAEEBA – Educação e Contemporaneidade, Salvador, v. 20, n. 35, p. 00-00, jan./jun. 2011
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