Estética (do grego aisthésis: percepção, sensação, sensibilidade) é um ramo da filosofia que tem por objetivo o estudo da natureza da beleza e dos fundamentos daarte. Ela estuda o julgamento e a percepção do que é considerado beleza, a produção das emoções pelos fenômenos estéticos, bem como: as diferentes formas de arte e da técnica artística; a ideia de obra de arte e de criação; a relação entre matérias e formas nas artes. Por outro lado, a estética também pode ocupar-se do sublime, ou da privação da beleza, ou seja, o que pode ser considerado feio, ou até mesmo ridículo. [1]
Índice
[esconder]Na antiguidade[editar | editar código-fonte]
Aristóteles e Platão - a estética era estudada e fundida com a lógica e a ética. O belo, o bom e o verdadeiro formavam uma unidade com a obra. A essência do belo seria alcançada identificando-o com o bom, tendo em conta os valores morais.[2] Na Idade Média surgiu a intenção de estudar a estética independente de outros ramos filosóficos.
No âmbito do Belo, dois aspectos fundamentais podem ser particularmente destacados:
- a estética iniciou-se como teoria que se tornava ciência normativa às custas da lógica e da moral - os valores humanos fundamentais: o verdadeiro, o bom, o belo. Centrava em certo tipo de julgamento de valor que enunciaria as normas gerais do belo (ver cânone estético);
- a estética assumiu características também de uma metafísica do belo, que se esforçava para desvendar a fonte original de todas as belezas sensíveis: reflexo do inteligível na matéria (Platão), manifestação sensível da ideia (Hegel), o belo natural e o belo arbitrário (humano), etc.
Mas este caráter metafísico e conseqüentemente dogmático da estética transformou-se posteriormente em uma filosofia da arte, onde se procura descobrir as regras da arte na própria ação criadora (Poética) e em sua recepção, sob o risco de impor construções a priori sobre o que é o belo. Neste caso, a filosofia da arte se tornou uma reflexão sobre os procedimentos técnicos elaborados pelo homem, e sobre as condições sociais que fazem um certo tipo de ação ser considerada artística.
Para além da obra já referida de Baumgarten - infelizmente não editada em português -, são importantes as obras Hípias Maior, O Banquete e Fedro, de Platão, a Poética, de Aristóteles, a Crítica da Faculdade do Juízo, de Kant e Cursos de Estética de Hegel.
Estéticas na história e na filosofia[editar | editar código-fonte]
Embora os pensadores tenham ponderado a beleza e a arte por milhares de anos, o assunto da estética não foi totalmente separado da disciplina filosófica até o século XVIII.
Grécia Antiga[editar | editar código-fonte]
Sócrates, um dos mais notórios pensadores gregos, foi um dos primeiros a refletir sobre as questões da estética. Nos diálogos de Sócrates com Hípias, há uma refutação dos conceitos tradicionalmente atribuídos ao belo, ele não irá definir o que é belo julgando-se incapaz de explicar o belo em si.
Platão entendeu que os objetos incorporavam uma proporção, harmonia, e união, buscou entender estes critérios. O belo para Platão estava no plano do ideal, mais propriamente a ideia do belo em si era colocada por ele como absoluto e eterno, não dependeria dos objetos, ou seja, da materialidade, era a própria ideia de perfeição, estava plenamente completo, restando ao mundo sensível apenas a imitação ou a cópia desta beleza perfeita.
Platão dissociava o belo do mundo sensível, sua existência ficava confinada ao mundo das ideias, associando-se ao bem, a verdade, ao imutável e a perfeição.
Para Platão somente a partir do ideal de beleza suprema é que seria possível emitir um juízo estético, portanto definir o que era ou não belo, ou o que conteria maior ou menor beleza. Por estar fora do mundo sensível o belo platoniano está separado também da intromissão do julgamento humano cujo estado é passivo diante do belo. Ele estabelecia uma união inseparável entre o belo, a beleza, o amor e o saber.
O belo em Platão serviria para conduzir o homem à perfeição, ao qual restaria a cópia fiel e a simulação, estas concepções filosóficas vão permear a arte grega e ocidental por um longo período, até o século XVIII, com momentos históricos de maior ou menor ênfase no fazer artístico.
Aristóteles, discípulo de Platão, ao contrário de seu mestre, concebeu o belo a partir da realidade sensível, deixando este de ser algo abstrato para se tornar concreto, o belo materializa-se, a beleza no pensamento aristotélico já não era imutável, nem eterna, podendo evoluir.
Aristóteles dará o primeiro passo para a ruptura do belo associado à ideia de perfeição, trará o belo para a esfera mundana, colocará a criação artística sob a égide humana, já não mais separado do homem mas intrínseco a ele.
Com Aristóteles abrem-se às perspectivas dos critérios de julgamento do fazer artístico, conferindo ao artista a possibilidade de individuação. O belo aristotélico seguirá critérios desimetria, composição, ordenação, proposição, equilíbrio.
As concepções do belo de Aristóteles ficam por um longo período esquecidas, sendo somente retomadas ao final da Idade Média.
Modernidade[editar | editar código-fonte]
Filosofia do belo na arte é a designação aplicada a partir do século XVIII, por Baumgarten, à ciência filosófica que compreendeu o estudo das obras de arte e o conhecimento dos aspectos da realidade sensorial classificáveis em termos de belo ou feio.
Os conceitos do belo seguem o rumo da apreciação, da fruição e da busca pelo juízo universal, pela verdade última de sua definição. A revolução francesa traz novos ares ao mundo, e o engatinhar da revolução industrial traz novas luzes ao pensamento humano. Vários filósofos se preocuparam com o belo durante este período, entre eles cita-se Hume e Burke, que deixaram, cada um contribuições valiosas na tentativa de definição dos conceitos e parâmetros do belo, mas nenhum foi tão importante quanto Kant, cuja contribuição foi decisiva nas tentativas de explicação do belo.
A maioria dos autores das teorias estéticas tomam Kant como referencial principal em suas obras: após Kant apresentar suas teorias, nenhum outro filósofo depois dele deixou de o citar - refutando ou concordando, todos o mencionam. Os conceitos sobre o belo elaborados por Kant transformaram em definitivo o juízo estético. Kant irá mudar as bases do juízo estético ocidental que até ele vinculavam as obras de arte e a beleza natural ao sobrenatural. A beleza até então era algo que a razão não poderia compreender, a arte era quem transpunha o incognoscível absoluto e pelos símbolos trazia o ideal para o real. O que tornava a arte apreciável até então era o prazer do deleite com o belo, a influência moral que exercia sobre natureza humana.
Para Kant, o juízo estético é oriundo do sentimento e funciona no ser humano como intermediário entre a razão e o intelecto. A função da razão é prática já função do intelecto é elaborar teorias sobre os fenômenos. Os fenômenos que são percebidos pelos sentidos através da intuição, transformam-se em algo compreensível o que permitiria a emissão de um juízo estético. Tal juízo não conduziria a um conhecimento intrínseco do objeto, portanto não teria um valor cognitivo, nem tampouco seria um juízo sobre a perfeição do objeto ou fenômeno, sendo correto independentemente dos conceitos ou das sensações produzidas pelos objetos.
Os sentimentos de prazer e desprazer em Kant estão ligados as sensações estéticas e pertencem ao sujeito, são estes sentimentos subjetivos, não lógicos que emitem o conceito do belo, são eles que formam o juízo do gosto. A percepção de um objeto ou fenômeno que instiga a sensação de prazer provoca a fruição ou gozo e a essas sensações damos os nomes de belo, bonito e beleza. A questão do belo seria então algo subjetivo, e por ser subjetivo é livremente atribuído, sem parâmetro, fundado na “norma pessoal”. São os sentimentos oriundos das sensações agradáveis que emitem o juízo do belo, induzindo o desejo de permanecer usufruindo tais sensações. O interesse imediato diante das sensações prazerosas é a continuidade.
Kant afirmava ser impossível encontrar regras teóricas para a construção de belos objetos. E é impossível porque, quando julgam que um objeto se inclui em certo princípio geral ou se conforma com esta ou aquela regra, estão fazendo um juízo intelectual dessa ordem, não podendo “inferir que ele é belo”. A beleza não dependeria de provas intelectivas, mas sim do senso de prazer gerado. O prazer é a ligação principal que Kant faz com o belo, por ser um prazer subjetivo, ele é desprovido do sentido de conhecimento, não está vinculado à realidade de um objeto ou fenômeno, o prazer que o belo proporciona vem apenas das representações sensivelmente apreendidas.
Hegel foi outro grande filósofo que, após Kant, dedicou-se ao estudo do belo. Hegel parece concordar de certa maneira com Platão, ao abordar a questão do ideal e do belo. Sobre a beleza Hegel diz que “a beleza só pode se exprimir na forma, porque ela só é manifestação exterior através do idealismo objetivo do ser vivente e se oferece à nossa intuição e contemplação sensíveis”
Uma profunda análise sobre o ideal é um dos focos de Hegel, ao ideal ele atribui todos os conceitos morais e espirituais, pertencentes à natureza humana que são transfigurado pelo imaginário em formas atribuídas a deuses ou seres superiores a si mesmo, tal ideal segundo ele seria uma tentativa de transpor a realidade dura e cruel da vida cotidiana e ao mesmo tempo projetar para si mesmo exemplos a serem seguidos. A beleza funciona para Hegel como a expressão máxima do Ideal. O ideal clássico “só representa o modo de ser do espírito, o que nele há de sublime funde-se na beleza, é diretamente transformado em beleza”.
Para Hegel o belo é algo espiritual, para definir o belo como algo espiritual, parte da premissa da inexistência material do belo, colocando-o na categoria de conceito sem realidadefísica, portanto, pertencente ao plano espiritual, ao plano da imaginação do sujeito.
Hegel definiu a estética como a ciência que estuda o belo, conferindo a estética à categoria de ciência filosófica. Sua análise do belo é basicamente em cima do belo artístico, relegando o belo natural a um segundo plano. “para justificar esta exclusão, poderíamos dizer que a toda a ciência cabe o direito de se definir como queira”. Uma análise detalhada das diferenças do belo artístico e do belo natural, foi feita por Hegel, privilegiando o belo artístico por considerá-lo superior, tecendo explicações sobre tal superioridade.
Hegel vai tomar como base o belo em si, e deixa de lado os objetos belos, que segundo ele são tidos como belos por motivos diversos. “Não nos perturbam, portanto, as oposições entre os objetos qualificados de belos: estas oposições são afastadas, suprimidas(…). Nós começamos pelo belo como tal”. Acaba por determinar que “só é belo o que possui expressão artística”.[3]
Referências
- ↑ Abbagnano, Nicola. Diccionário de Filosofia. Ciudad del México, Fondo de Cultura Económica. 1966 p. 452a
- ↑ Bayer, Raymond, História da Estética. Lisboa: Editorial Estampa, Tradução: José Saramago, 1995, pág. 27.
- ↑ HEGEL, George W. F. Curso de estética: o belo na arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Aristóteles. Poética. São Paulo. Ed. Ars Poética. 1993.
- Burke, Edmund. Uma investigação filosófica sobre a origem de nossas ideias do sublime e do belo. Campinas: Papirus, 1993.
- Hegel, G. W. Cursos de Estética. São Paulo: Edusp, 2001/06. 4 vols.
- Hegel, George W. F. Curso de estética: o belo na arte. São Paulo: Martins Fontes, 1996.
- Jimenez, Marc. Estética, o que é estética. São Leopoldo: Editora Unisinos, 1999.
- Kant, Immanuel. Crítica da faculdade do juízo. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1993.
- Osborne, Harold. Estética e teoria da arte. São Paulo: Cultrix, 1993.
- Suassuna, Ariano. Iniciação á Estética. Rio de Janeiro. Ed. José Olympio, 2004Estética é uma palavra com origem no termo grego aisthetiké, que significa “aquele que nota, que percebe”. Estética é conhecida como a filosofia da arte, ou estudo do que é belo nas manifestações artísticas e naturais.A estética é uma ciência que remete para a beleza e também aborda o sentimento que alguma coisa bela desperta dentro de cada indivíduo.Como está intimamente ligada ao conceito de beleza, existem vários centros ouclínicas de estética, onde as pessoas podem fazer vários tratamentos com o objetivo de melhorar a sua aparência física.
Estética na filosofia
A estética também é conhecida como a filosofia do belo e na sua origem era uma palavra que indicava a teoria do conhecimento sensível (estesiologia).O significado que é atribuído atualmente à estético foi introduzido por A.G. Baumgarten, para descrever aquilo que na sua altura se chamava de "crítica do gosto".Ao longo dos tempos, a filosofia sempre se interrogou a respeito da essência do belo, o tópico central da estética.Segundo Platão, o belo se identifica com o bom, e toda a estética idealista tem como origem essa noção platônica. No caso de Aristóteles, a estética tem como base dois princípios realistas: a teoria da imitação e a catarse.A estética neoplatônica, defendida por Plotino, ressurge no Renascimento, particularmente com A.A.C. Shaftesbury (escola inglesa do sentimento moral) e também em algumas noções do idealismo romântico, que contemplam o belo como manifestação do espírito.O classicismo francês (Descartes e Boileau-Despréaux) mantém as ideias de Aristóteles, apesar de serem introduzidos pelo racionalismo os conceitos de "claridade" e "distinção" como os critérios de beleza.Saiba mais sobre o significado do Renascimento.No século XVIII, a história da estética atinge o seu auge. Os ingleses analisaram a impressão estética e estabeleceram a diferença entre a beleza experimentada de forma imediata e a beleza relativa. Também foi feita a separação entre o belo e o "sublime" (E. Burke).Na Crítica do Juízo, Kant determinou o caráter a priori do juízo estético, identificando o belo como uma "finalidade sem fim" e nomeando a "ciência de todos os princípios a priori da sensibilidade" como estética transcendental. O classicismo alemão foi potenciado pelos fundamentos de Kant, como é possível verificar com Schiller, Goethe, W. Von Humboldt.No século XIX, G.T. Fechner criou a estética indutiva ou experimental, uma oposição a estética especulativa.Na estética contemporânea, é importante destacar duas tendências: a ontológica-metafísica, que muda radicalmente a categoria do belo, e a substitui pela vertente do verdadeiro ou do verídico; e a tendência histórico-sociológica, que contempla a obra de arte como um documento e como uma manifestação do trabalho do homem, analisada no seu próprio âmbito sócio-histórico.
Nenhum comentário:
Postar um comentário