sábado, 12 de dezembro de 2015

CELIBATO

celibato (do latim cælibatus, estado daquele que não é casado ou que é célibe) é, na sua definição literal, o estado de uma pessoa que se mantém solteira[1] , sem obrigação de manter a virgindade, podendo ter relações sexuais. No entanto, o termo é popularmente usado para descrever uma pessoa que escolhe abster-se de atividades sexuais.

Motivações[editar | editar código-fonte]

  • do latim cælibatus "sem estar casado", em oposição a coniugalem, conjugal, com jugo, espécie de forca por baixo da qual desfilavam (perante os Romanos) os inimigos vencidos.
  • Crenças religiosas - celibato clerical;
  • Para concentrar-se em outras questões, como carreira profissional;
  • Falta de apetite sexual
  • Celibato involuntário - uma pessoa que devido à sua solidão e isolamento social mantenha involuntariamente um celibato, contra sua vontade;
  • Como uma tentativa de obter um senso de identidade e independência dos outros;
  • Por problemas de saúde - celibato médico;
  • Evitar os riscos de contaminação por doenças sexualmente transmissíveis;
  • Evitar se decepcionar emocionalmente;
  • Como um meio de controle de natalidade;

Cristianismo[editar | editar código-fonte]

O Celibato é visto de forma diferente por diferentes grupos cristãos. A Bíblia ensina que o celibato é um estado de honra. O apóstolo Paulo escreve em 1 Coríntios 7, "É bom para um homem não ter relações sexuais com uma mulher." Mas, devido à tentação de imoralidade sexual, cada homem deve ter a sua própria mulher e cada mulher seu próprio marido." (versículos 1-2); "Eu desejo que todos sejam como eu sou. Mas cada um tem o seu próprio dom de Deus, um de uma espécie e uma de outro. Para os solteiros e as viúvas digo que é bom para eles permanecer como eu sou. Mas se eles não podem exercer auto-controle, devem casar. Por isso é melhor casar do que queimar com paixão." (versículos 7-9); "Quero que você seja livre de medos. Solteiro o homem está preocupado com as coisas do Senhor, a forma de agradar ao Senhor. Porém, o homem casado está preocupado com as coisas mundanas, como agradar à sua esposa, e seus interesses estão divididos. E a mulher solteira está preocupada com as coisas do Senhor, como ser santa no corpo e espírito. Mas a mulher casada está preocupada com as coisas mundanas, como para agradar o marido. Digo isto para seu próprio benefício, para não estabelecer qualquer restrição sobre você, mas para promover a boa ordem e para garantir o seu indiviso devoção ao Senhor." (versículos 32-35)[2]

Perspectiva católica[editar | editar código-fonte]

Para a Igreja Católica Apostólica Romana, a castidade antes do casamento é uma forma de conhecer o parceiro. A Igreja aceita que o desejo pelo prazer sexual faz parte da natureza humana, mas que a felicidade e o prazer não são sinônimos. O prazer poderia transformar o parceiro sexual em um meio, em um ato egoísta, enquanto o verdadeiro conhecimento do parceiro (amor) poderia estar sendo camuflado.
Embora no passado fosse aceite o matrimônio de padres ordenados (tendo incluso São Paulo recomendado a fidelidade matrimonial aos bispos [3] ), na atualidade, exceptuando em casos referentes aos diáconose a padres ordenados pelas Igrejas orientais católicas e pelos ordinariatos pessoais para anglicanos, todo o clero católico latino é obrigado a observar e cumprir o celibato.[4] [5] [6] Nas Igrejas orientais, o celibato é apenas obrigatório para os bispos, que são escolhidos entre os sacerdotes celibatários.[7]
O celibato acabou por se impôr no Ocidente: o Código de Direito Canónico impõe o celibato a todos os sacerdotes da Igreja Latina (em 1123). Porém, há várias exceções de sacerdotes casados na Igreja Latina, houve alguns papas casados (Adriano IIHonório IV), bispos casados (nas diocese da Islândia até à Reforma protestante; o bispo Salomão Barbosa Ferraz no Brasil) e vários padres casados ordenados nos Estados Unidos, Canadá, Austrália, Reino Unido e Escandinávia, sob autorização especial.
A Igreja Católica de rito latino, sinteticamente, dá as seguintes principais razões de ordem teológica para o celibato dos sacerdotes e religiosos de vida consagrada:[8]
  • com o celibato os sacerdotes entregariam-se de modo mais excelente a Cristo, unindo-se a Ele com o coração indiviso;
  • o celibato facilita ao sacerdote a participação no amor de Cristo pela humanidade uma que vez que Ele não teve outro vínculo nupcial a não ser o que contraiu com a sua Igreja;
  • com o celibato os clérigos dedicariam-se com maior disponibilidade ao serviço dos outros homens;
  • a pessoa e a vida do sacerdote são possessão da Igreja, que faz as vezes de Cristo, seu esposo;
  • o celibato dispõe o sacerdote pare receber e exercer com generosidade a paternidade que pertence a Cristo.

História[editar | editar código-fonte]

A recomendação de celibato clerical na igreja latina possui sua primeira menção pelo Concílio de Elvira (295-302), mas, como este concílio era apenas um concílio provincial espanhol (Elvira era uma cidade romana, junto a Granada), as suas decisões não foram cumpridas por toda a Igreja cristã [9] [10] . O Concílio de Elvira assim legislou: "Bispos, presbíteros, diáconos e outros que ocupem uma posição no ministério devem abster-se totalmente de relações sexuais com suas esposas e da procriação de filhos. Se alguém desobedecer, seja ele privado do estado clerical" (XXXIII cânon). O Primeiro Concílio de Niceia (323) decretou apenas que "todos os membros do clero estão proibidos de morar com qualquer mulher, com excepção da mãe, irmã ou tia" (III cânon) [9] . Apesar disso, no final do século IV, a Igreja Latina promulgou várias leis a favor do celibato, que foram geralmente bem aceites no Ocidente no pontificado de São Leão Magno (440-461) [10] . Aliás, o Concílio de Calcedónia (451) proibiu o casamento de monges e virgens consagradas (XVI cânon), impondo por isso o celibato ao clero regular.[11]
Porém, apesar disso, houve vários avanços e recuos na aplicação desta prática eclesiástica, nomeadamente entre o clero secular, chegando até mesmo a haver alguns Papas casados, como por exemplo o Papa Adriano II (867-872).[12] No século XI, vários Papas, especialmente Leão IX (1049-1054) e Gregório VII (1073-1085), esforçaram-se novamente por aplicar com maior rigor as leis do celibato, devido à crescente degradação moral do clero, causada em parte pela confusão instaurada pelo desmembramento do Império Carolíngio. Naquele período, houve padres e bispos que chegaram a mostrar publicamente que tinham esposas ou concubinas.[10] Segundo fontes históricas, durante o Concílio de Constança (1414-1418), 700 prostitutas atenderam sexualmente os participantes.[13] [14] [15] .
Por fim, o Primeiro Concílio de Latrão (1123) e o Segundo Concílio de Latrão (1139) condenaram e invalidaram o concubinato e os casamentos de clérigos, reforçando assim o celibato clerical, que já era na altura uma prática frequente e aceite pela maioria como necessária.[16] [17] O celibato é defendido porque os celibatários eram mais livres e disponíveis, daí que, com o tempo, o clero regular se foi destacando em relação ao clero secular.
O celibato clerical voltou ainda a ser defendido em força pelo Quarto Concílio de Latrão (1215) e pelo Concílio de Trento (1545-1563), que impôs definitivamente o celibato obrigatório a todo o clero da Igreja Latina, incluindo o clero secular.[10]

Magistério da Igreja Católica[editar | editar código-fonte]

Verifica-se pelos documentos da Igreja que há de sua parte uma vontade decidida de manter esta praxis antiqüíssimaPio XII abordou o tema na encíclica Sacra virginitas. Em 1965 dois documentos do Concílio Vaticano II trataram do tema do celibato sacerdotal: Presbyterorum ordinis, n. 16 e Optatam totius, n. 10.
Sobre este tema o Papa Paulo VI, em 24 de junho de 1967, editou uma encíclica denominada Sacerdotalis Caelibatus, sobre o celibato sacerdotal, neste documento lembra a apologia que os Padres Orientaisfizeram da virgindade: Ainda hoje faz eco no nosso coração, por exemplo, a voz de São Gregório Nisseno, quando nos recorda que "a vida virginal é a imagem da felicidade que nos espera no mundo que virá".
Em 1971, o II Sínodo dos Bispos preparou um novo documento no mesmo sentido, depois aprovado pelo Papa Paulo VI, denominado De sacerdotio ministeriali, de 30 de novembro.
Também João Paulo II afirma: Fruto de equívoco — se não mesmo de má fé — é a opinião, com frequência difundida, de que o celibato sacerdotal na Igreja Católica é apenas uma instituição imposta por lei àqueles que recebem o sacramento da Ordem. Ora todos sabemos que não é assim. Todo o cristão que recebe o sacramento da Ordem compromete-se ao celibato com plena consciência e liberdade, depois de preparação de vários anos, profunda reflexão e assídua oração. Toma essa decisão de vida em celibato, só depois de ter chegado à firme convicção de que Cristo lhe concede esse «dom», para bem da Igreja e para serviço dos outros. Só então se compromete a observá-lo por toda a vida. (Carta Novo incipiente a todos os sacerdotes da Igreja na Quinta-feira Santa -8 de abril de 1979).
Bento XVI, recentemente, em Mariazell, disse: Para comprender bem o que significa a castidade devemos partir do seu conteúdo positivo, explicando que a missão de Cristo o levava a um dedicação pura e total para com os seres humanos. Nas Sagradas Escrituras não há nenhum momento de sua existência donde em seu comportamento com as pessoas se vislumbre pegadas de interesse pessoal. (…) Os sacerdotes, religiosos e religiosas, (…) com o voto de castidade no celibato, não se consagram ao individualismo ou a uma vida isolada, mas sim prometem solemente por totalmente e sem reservas ao serviço do Reino de Deus as relações intensas das quais são capazes. (Da homilia na Basílica de MariazellÁustria8 de setembro de 2007).
Segundo a revista La Civiltà Cattolica, desde o Concílio Vaticano II (1962-65) perto de 60 mil padres deixaram a Igreja.[18] .

Perspectiva islâmica[editar | editar código-fonte]

Islão não promove o celibato, pelo contrário, promove o casamento. De fato, de acordo com o Islão o casamento é um forma que permite à pessoa chegar ao mais elevado nível de justiça espiritual e sagrado.
Houve incidentes em que pessoas indagaram ao Profeta Maomé que eles preferiam viver em oração, celibato e jejum para alcançar o amor de Deus. No entanto, Maomé disse-lhes que, apesar desta escolha ser boa, é também uma bênção levantar uma família. Porém o Islão respeita aqueles que escolhem conduzir a sua vida dessa maneira.

Referências

  1. Ir para cima Minidicionário Ruth Rocha. Editora Scipione. 2001ISBN 85-262-2768-8
  2. Ir para cima [1]
  3. Ir para cima Primeira Carta a Timoteu:
    Cquote1.svgConvém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, ...;Cquote2.svg
  4. Ir para cima IGREJA CATÓLICA. Catecismo da Igreja Católica (em português). Coimbra: Gráfica de Coimbra, 2000. N. 1579 e 1580 p. ISBN 972-603-208-3
  5. Ir para cima PAPA BENTO XVI (2009). Anglicanorum Coetibus (em português) Santa Sé. Visitado em 4 de Outubro de 2010.
  6. Ir para cima Normas Complementares à Constituição Apostólica Anglicanorum coetibus (em português) Santa Sé (2009). Visitado em 4 de Outubro de 2010.
  7. Ir para cima Celibato (em português) Enciclopédia Católica Popular. Visitado em 4 de Outubro de 2010.
  8. Ir para cima SADA, Ricardo e MONROY, Alfonso. Curso de Teologia dos Sacramentos. Lisboa: Rei dos Livros, 1991, pgs. 160-161.
  9. ↑ Ir para:a b CATHOLIC ENCYCLOPEDIA (1913). The First Council of Nicaea (em inglês) Newadvent.org. Visitado em 26 de Setembro de 2010.
  10. ↑ Ir para:a b c d CATHOLIC ENCYCLOPEDIA (1913). Celibacy of the Clergy (em inglês) Newadvent.org. Visitado em 26 de Setembro de 2010.
  11. Ir para cima CATHOLIC ENCYCLOPEDIA (1913). Council of Chalcedon (em inglês) Newadvent.org. Visitado em 26 de Setembro de 2010.
  12. Ir para cima CATHOLIC ENCYCLOPEDIA (1913). Pope Adrian II (em inglês) Newadvent.org. Visitado em 3 de Outubro de 2010.
  13. Ir para cima Cfr. pág 98 de Jerry Brotton. El bazar del Renacimiento: sobre la influencia de Oriente en la cultura occidental
  14. Ir para cima E. Miret Magdalena: «La azarosa historia del celibato clerical», jornal El País, 26 de março de 2002.
  15. Ir para cima Daniel-Rops (Henri Petiot), Histoire de l'Eglise du Christ (Historia de la Iglesia de Cristo) (1948-1963)
  16. Ir para cima CATHOLIC ENCYCLOPEDIA (1913). First Lateran Council (1123) (em inglês) Newadvent.org. Visitado em 26 de Setembro de 2010.
  17. Ir para cima CATHOLIC ENCYCLOPEDIA (1913). Second Lateran Council (1139) (em inglês) Newadvent.org. Visitado em 26 de Setembro de 2010.O celibato sacerdotal é uma disciplina que a Igreja segue desde a sua origem, ou seja, desde a época apostólica. Portanto, não é verdade que tenha se iniciado com o Concílio de Trento ou que seja uma invenção medieval do Concílio de Latrão.
    A obra mais indicada para o estudo dessa disciplina da Igreja é o livro "Les origines apostoliques du célibat sacerdotal", do Padre Chistian Cochini, jesuíta francês que estudou profundamente o tema. O grande teólogo e Cardeal Henri de Lubac, renomado estudioso da patrologia afirmou sobre a obra de Cochini que ela é de importância fundamental por ter sido baseada em pesquisas notáveis, longas e metódicas e que na literatura atual sobre o tema nada se pode comparar a ela, nem mesmo de longe. Trata-se de uma obra revolucionária, profunda e inigualável que dificilmente será superada.
    Para o Pe. Cochini existe uma diferença entre o celibato sacerdotal e a ordenação de homens solteiros. A Igreja sempre exigiu o celibato de seus clérigos, mas também sempre ordenou homens casados. Isso parece ser uma contradição, mas não é. A partir da ordenação sacerdotal, os homens casados e escolhidos pela Igreja para serem sacerdotes deixavam o uso do matrimônio e passavam a viver em continência. Esta prática foi fartamente confirmada pela documentação reunida pelo Padre Cochini. Apenas como exemplo, pode ser citado o decreto publicado no Sínodo de Elvira, em 25 de outubro de 304:
    "Cânon 33: Ficou plenamente decidido impor aos bispos, aos presbíteros e aos diáconos, como a todos os clérigos no exercício do ministério, a seguinte proibição: que se abstenham das suas esposas e não gerem filhos; quem, porém, o fizer deve ser afastado do estado clerical." (DH 117) Interessante também é a Carta "Directa ad decessorem", de Sirício ao bispo Himério de Tarragona, em 10 de fevereiro de 385:
    "...Chegou ao nosso conhecimento que muitos sacerdotes de Cristo e levitas, onho tempo depois de sua consagração, geraram prole, quer do próprio matrimônio como também do coito torpe, e se defendem das incriminações com a desculpa de que no Antigo Testamento se lê que aos sacerdotes e aos ministros é concedida a faculdade de gerar.
    A essa argumentação o Papa opõe: Por qual motivo se mandava aos sacerdotes no ano do seu ministério que habitassem no templo, longe até de casa? Sem dúvida para que não pudessem ter encontros carnais nem mesmo com as esposas, para oferecer a Deus um dom agradável no esplendor da integridade da consciência.
    Por isso também o Senhor Jesus, tendo-nos iluminado com a sua vinda, afirma, no Evangelho, ter vindo para completar a Lei e não para a abolir. Por isso quis que a figura da Igreja, da qual é o Esposo, emane o esplendor da castidade, para que no dia do juízo, quando virá de novo, a pessoa encontrar ‘sem mancha nem ruga’... Todos, os sacerdotes e levitas, estamos ligados pela lei indissolúvel destas disposições, para que, desde dia de nossa ordenação, entreguemos tantos nossos corações como nossos corpos à sobriedade e à pureza, para agradar ao Senhor nosso Deus nos sacrifícios que diariamente oferecemos." (DH 185)
    Assim, o que se vê é que a Igreja, desde os seus primórdios, adotou o celibato para os seus sacerdotes. O Catecismo da Igreja Católica explica que: "Todos os ministros ordenados da Igreja latina, com exceção dos diáconos permanentes, normalmente são escolhidos entre os homens fiéis que vivem como celibatários e querem guardar o celibato ‘por causa do Reino dos Céus’. Chamados a consagrar-se com indiviso coração ao Senhor a ‘cuidar das coisas do Senhor’, entregam-se inteiramente a Deus e aos homens. O celibato é um sinal da nova vida da qual o ministro da Igreja é consagrado; aceito com coração alegre, ele anuncia de modo radiante o Reino de Deus. (...) No Oriente como no Ocidente, aquele que recebeu o sacramento da Ordem não pode mais casar-se." (1579-1580)
    O livro "Celibato Eclesiástico: História e Fundamentos Teológicos", escrito pelo Cardeal Alfons M. Stickler é uma excelente obra sobre o tema, na qual o seu autor apresenta a fundamentação do celibato sacerdotal com sua origem apostólica sob os pontos de vista canonístico e teológico. De forma clara, ele fundamenta a realidade teológica da disciplina do celibato como algo que está vinculado à própria identidade do sacerdote.
    Para ele, é a atual crise de identidade sacerdotal que tem como consequência a crise no celibato e não o contrário. Infelizmente, os detratores do celibato creem que a crise sacerdotal se resolverá com a liberação da disciplina do celibato, mas isto não é verdade.
    O Padre Thomas Mcgovern, em seu estudo "Priestly Celibacy Today", afirma que no período de 1964 até 1992, deixaram o ministério sacerdotal 54.432 padres, o que corresponde a duas vezes e meia o número de sacerdotes do Brasil hoje ou 13% dos padres do mundo. Para ele, esse número se explica pela crise de identidade sacerdotal pois, antes, o sacerdote era compreendido como um homem que oferecia o sacrifício oferecendo-se também em sacrifício. Porém, quando passou a ser visto como um funcionário da Igreja, uma espécie de professor, de assessor, de facilitador, um sujeito que ensina o caminho para uma engenharia social e a transformação da realidade, o celibato perdeu o sentido, pois não exige o sacrifício. É isto que o sacerdote representa na visão dos teólogos modernos.
    O celibato sacerdotal não é exigido pela natureza do sacerdócio, ou seja, a pessoa pode ser sacerdote e não ser celibatário, no entanto, duas realidades devem ser levadas em conta:
    1) historicamente, sacerdócio e celibato sempre andaram juntos, desde o tempo dos apóstolos;
    2) teologicamente, a concepção de padre enquanto homem do sagrado que se oferece e sacrifício e celibato, complementam-se. E é a consciência da Igreja desde sempre.
    Os teólogos liberais trabalham para dissociar o sacerdócio católico do celibato dizendo que o sacerdócio católico é diferente no Novo Testamento e que ele nada tem a ver com o do Antigo Testamento, pois agora o padre é apenas um ministro da palavra. Essa é uma visão protestante e herética (marcionita, pois quer evitar qualquer ligação com o AT). No entanto, o Antigo Testamento sempre iluminou a realidade do sacerdote católico. Na carta aos Hebreus, Jesus é apresentado como o Sumo e Eterno Sacerdote, que realizou as profecias contidas e todas as prescrições sacerdotais do Antigo Testamento e as realizou até a plenitude, oferecendo-se a si mesmo em sacrifício.
    Quando Jesus escolhe os seus apóstolos e pede que deixem casa, campo, pai, mãe, mulher e filhos por amor ao Reino dos Céus, Ele está imprimindo no coração, na identidade do ministro da Igreja não somente a missão de pregar a palavra, mas um estilo de vida. Ainda hoje a Igreja pede que os seus sacerdotes deixem tudo porque, ao fazê-lo, estarão se sacrificando e o sacrifício é a primeira pregação que o sacerdote - Homem da Palavra - deve realizar.

    Referência

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