A história do Mangalarga Marchador confunde com a formação de tropas de cavalos de elite no século XIX; Começa em 1750 quando o empreendedor português João Francisco Junqueira adquiriu da coroa de Portugal uma faixa extensa de terras do Brasil no período colonial; localiza-se na região sul de Minas Gerais. Como no Brasil não existiam tropas de cavalos no começo do século XV ,cada viagem que os colonizadores faziam para Península Ibérica trazia de lá tropas de equinos geralmente de origem comum que após séculos de seleção natural tornou-se crioulos.Em meados século XVIII era intenso o comércio de tropas equinas no Brasil colonial ,com vista nesse comércio João Francisco Junqueira aprimorou o negócio contando com tropas de cavalos crioulos marchadores selecionados para ser uma fonte lucrativa de recursos. OMangalarga Marchador, também conhecido como Mangalarga Mineiro, é uma raça de cavalo brasileira, descendente dos animais da coudelaria Alter-Real, que chegaram ao Brasil no início do século XIX por meio da Corte portuguesa, e que depois foram cruzados com cavalos crioulos marchadores formados pelos fazendeiros da região sul de Minas Gerais.
Segundo a tradição, em 1812, Gabriel Francisco Junqueira (o barão de Alfenas) filho de João Francisco Junqueira ganhou de D. João VI, um garanhão da raça Alter-Real e iniciou sua criação de cavalos cruzando este garanhão com as éguas marchadoras selecionadas na Fazenda Campo Alegre que era herança de seu pai, situada no Sul de Minas entre os municípios de Cruzília e Luminárias. Como resultado desse cruzamento, surgiu um novo tipo de cavalo que acreditamos foi denominado Sublime ou Junqueira pelo seu andar macio que foi selecionado pelo seu sobrinho João Frausino Junqueira na Fazenda Favacho perto da Fazenda Campo Alegre, exímio caçador de veados selecionava cavalos refinados mas que mantinham o andar macio, comodidade e resistência para as longas distâncias nas caçadas que eram em desfiladeiros e serras que geralmente nenhum cavaleiro conseguiria ir se o seu cavalo fosse de trote. Esses cavalos cômodos chamaram muito a atenção, e logo o proprietário da Fazenda Mangalarga trouxe alguns exemplares para seu uso em Paty do Alferes, próximo à Corte no Rio de Janeiro. Rapidamente tiveram suas qualidades notadas na sede do Brasil Império - principalmente o porte e o andamento - e foram apelidados de cavalos Mangalarga numa alusão ao nome da fazenda onde foram criados.
Em 1934 foi fundada a Associação Brasileira de Criadores de Cavalo da Raça Mangalarga (ABCCRM). Anteriormente, No começo do Século XX houve uma notável migração de parte da família Junqueira para São Paulo trouxe com consigo cavalos Mangalargas Marchadores alazães. Chegando em novo solo onde é conhecido atualmente como o Município de Orlândia, com topografia diferente, cultura diferente, onde a caçada ao veado era diferente, Orlando Diniz Junqueira experimentou cruzar suas éguas com reprodutores da raça Puro Sangue Inglês, Árabe, Anglo Árabe e o American Saddlebred Horse (Cavalo de Sela Americano) para se adaptar a uma nova topografia tendo a necessidade de um cavalo de melhor galope mais resistente e veloz por isto foi mais valorizado a marcha trotada que tem apoios bipedal de dois tempos com tempo mínimo de suspensão que cumpria as novas exigências do animal sem perder a comodidade, pois os animais de tríplice apoio apesar de serem mais cômodos não conseguiam acompanhar o ritmo alucinante das caçadas e a lida com gado em campo aberto que eram as duas maiores funcionalidades do cavalo mangalarga no estado de São Paulo. Tanto o Mangalarga Marchador como o Mangalarga ouMangalarga Paulista, são duas raças genuinamente brasileiras, sendo esta última desenvolvida no estado de São Paulo, daí seu nome.
Devido à inevitável diferença que estava surgindo entre os criadores de mangalarga de São Paulo e de Minas, foi fundada em 1949 uma nova Associação, a ABCCMM. Esta Associação teve origem a partir de uma dissidência de criadores que não concordavam com os preceitos estabelecidos pela ABCCRM e teve como objetivo principal a manutenção da marcha tríplice apoiada.
A ABCCMM é hoje a maior associação de equinos da América Latina, com mais de 300 mil animais registrados e mais de 20.000 sócios registrados, com cerca de dez mil ativos. Durante o período de meados de 70 ao final da década de 1990 o Marchador teve uma ascensão astronômica no segmento da equinocultura, batendo recordes de animais expostos, registrados, e de preços em leilões oficiais.
Índice
[esconder]Padrão da raça[editar | editar código-fonte]
Aparência geral[editar | editar código-fonte]
Porte médio, ágil, estrutura forte e bem proporcionada, expressão vigorosa e sadia, visualmente leve na aparência, pele fina e lisa, pelos finos, lisos e sedosos, temperamento ativo e dócil.
Altura[editar | editar código-fonte]
- Para machos a ideal é de 1,52 m, admitindo-se para o registro definitivo a mínima de 1,47 m e a máxima de 1,57 m.
- Para fêmeas a ideal é de 1,46 m, admitindo-se para o registro definitivo a mínima de 1,40 m e a máxima de 1,54 m.
Cabeça[editar | editar código-fonte]
- Forma: triangular, bem delineada, média e harmoniosa, fronte larga e plana;
- Perfil: retilíneo na fronte e de retilíneo a sub-côncavo no chanfro;
- Olhos: afastados e expressivos, grandes, salientes, escuros e vivos, pálpebras finas e flexíveis;
- Orelhas: médias, móveis, paralelas, bem implantadas, dirigidas para cima, de preferência com as pontas ligeiramente voltadas para dentro;
- Garganta: larga e bem definida;
- Boca: de abertura média, lábios finos, móveis e firmes;
- Narinas: grandes, bem abertas e flexíveis;
- Ganachas: afastadas e descarnadas.
Pescoço[editar | editar código-fonte]
De forma piramidal, leve em sua aparência geral, proporcional, oblíquo, de musculatura forte, apresentando equilíbrio e flexibilidade, com inserções harmoniosas, sendo a do tronco no terço superior do peito, admitindo-se, nos machos, ligeira convexidade na borda dorsal - como expressão de caráter sexual secundário - crinas ralas, finas e sedosas.
Tronco[editar | editar código-fonte]
- Cernelha: bem definida, longa, proporcionando boa direção à borda dorsal do pescoço;
- Peito : profundo, largo, musculoso e não saliente;
- Costelas: longas, arqueadas, possibilitando boa amplitude torácica;
- Dorso: de comprimento médio, reto, musculado, proporcional, harmoniosamente ligado à cernelha e ao lombo;
- Lombo: curto, reto, proporcional, harmoniosamente ligado ao dorso e à garupa, coberto por forte massa muscular;
- Ancas: simétricas, proporcionais e bem musculadas;
- Garupa: longa, proporcional, musculosa, levemente inclinada, com a tuberosidade sacral pouco saliente e de altura não superior à da cernelha;
- Cauda: de inserção média, bem implantada, sabugo curto, firme, dirigido para baixo, de preferência com a ponta ligeiramente voltada para cima quando o animal se movimenta. Cerdas finas, ralas e sedosas.
Membros anteriores[editar | editar código-fonte]
- Espáduas: longas, largas, oblíquas, musculadas, bem implantadas, apresentando amplitude de movimentos;
- Braços: longos, musculosos, bem articulados e oblíquos;
- Antebraços: longos, musculosos, bem articulados, retos e verticais;
- Joelhos: largos, bem articulados e na mesma vertical do antebraço;
- Canelas: retas, curtas, descarnadas, verticais, com tendões fortes e bem delineados;
- Boletos: definidos e bem articulados;
- Quartelas: de comprimento médio, fortes, oblíquas e bem articuladas;
- Cascos: médios, sólidos, escuros ou claros e arredondados.
- Aprumos: corretos.
Membros posteriores[editar | editar código-fonte]
- Coxas: musculosas e bem inseridas;
- Pernas: fortes, longas, bem articuladas e aprumadas;
- Jarretes: descarnados, firmes, bem articulados e aprumados;
- Canelas: retas, curtas, descarnadas, verticais, com tendões fortes e bem delineados;
- Boletos: definidos e bem articulados;
- Quartelas: de comprimento médio, fortes, oblíquas e bem articuladas;
- Cascos: médios, escuros e arredondados;
- Aprumos: corretos.
Ação[editar | editar código-fonte]
- Passo: andamento marchado, simétrico, de baixa velocidade, a quatro tempos, com apoio alternado dos bípedes laterais e diagonais, sempre intercalados por tempo de tríplice apoio.
Características ideais: regular, elástico, com ocorrência de sobrepegada; equilibrado, com avanço sempre em diagonal e tempos de apoio dos bípedes diagonais pouco maiores que laterais; suave movimento de báscula com o pescoço; boa flexibilidade de articulações.
- Galope: andamento saltado, de velocidade média, assimétrico, a quatro tempos, cuja sequência de apoios se inicia com um posterior, seguido do bípede diagonal colateral e se completa com o anterior oposto.
Características ideais: regular, justo, com boa impulsão, equilibrado, com nítido tempo de suspensão, discreto movimento de báscula com o pescoço, boa flexibilidade de articulações.
Andamento[editar | editar código-fonte]
- Marcha: andamento marchado, simétrico, a quatro tempos, com apoio alternado dos bípedes laterais e diagonais, sempre intercalados por momentos de tríplice apoio.
- São dois os andamentos do Mangalarga Marchador, a marcha batida e a marcha picada. A primeira mais cômoda para o animal, é dividida em quatro tempos onde seus membros de locomovem de forma intercalada, ou seja, o anterior esquerdo avança junto com o posterior direito e vice e versa. Já na marcha picada os membros de locomovem por similaridade, onde o anterior direito avança junto do posterior direito e vice e versa, lembrando que o posterior sempre deve tocar o solo primeiro nos dois andamentos para assim o animal nunca perder o contato com o solo, o que é a essência da marcha.
- Características ideais: regular, elástico, com ocorrência de sobrepegada ou ultrapegada, equilibrado, com avanço sempre em diagonal e tempos de apoio dos bípedes diagonais maiores que laterais, movimento discreto de anteriores, descrevendo semicírculo visto de perfil, boa flexibilidade de articulações.
Expressão e caracterização[editar | editar código-fonte]
O que exprime e caracteriza a raça em sua cabeça, aparência geral e conformação.
Homenagem[editar | editar código-fonte]
Em 2013, a espécie do cavalo foi mostrado, cantado e homenageado pela escola de Samba carioca Beija Flor de Nilópolis com o enredo: "Amigo Fiel: Do cavalo do amanhecer ao Mangalarga Marchador" conquistando o título de vice-campeã do carnaval
Lei Nº 12.975, de 19 de Maio de 2014[editar | editar código-fonte]
Em 19 de Maio de 2014, a Presidente Dilma Rousseff sancionou a Lei Nº 12.975/14 de autoria do deputado federal Arthur Oliveira Maia (SD/BA) que declara a raça de cavalos Mangalarga Marchador raça nacional.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Garanhões Mangalarga Marchador 1997/1998, s/l.: s/e., 1998
- Garanhões Mangalarga Marchador 2000/2001, Belo Horizonte, MG: Top 2000 Editora, 2001
- Garanhões Mangalarga Marchador 2008, Belo Horizonte, MG: Top 2000 Editora, 2008
- Grandes Fêmeas Mangalarga Marchador 1999/2000, Belo Horizonte, MG: Top 2000 Editora, 2000
- Grandes Fêmeas Mangalarga Marchador 2003/2004, Belo Horizonte, MG: Top 2000 Editora, 2004
- Grandes Fêmeas Mangalarga Marchador 2009, Belo Horizonte, MG: Top 2000 Editora, 2009
- Larousse dos Cavalos, São Paulo, SP: Larousse do Brasil, 2006
- Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador: A História do Cavalo Mangalarga Marchador, Rio de Janeiro, RJ: Editora Nova Fronteira, 1991
- Lúcio Sérgio de Andrade: Criação e Adestramento de Cavalos Marchadores, Recife, PE: edição do autor, 1984
- Lúcio Sérgio de Andrade: Mangalarga Marchador: A Difícil Trajetória de um "Cavalo sem Fronteiras", Contagem, MG: Editora Littera Maciel, 1992
- C. G. Barbosa: Estudo Morfométrico na Raça Mangalarga Marchador: Uma Abordagem Multivariada, Belo Horizonte, MG: Escola de Veterinária da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais, 1990
- Sérgio de Lima Beck: O Mangalarga Marchador: Caracterização, História, Seleção Brasília, DF: edição dos autores, 1992
- Rosaldo F. Bortoni: Mangalarga Marchador e os Outros Cavalos de Sela no Brasil, Uberaba, MG: Grupo Rotal, 1991
- Ricardo Luís Casiuch: O Romance da Raça: Histórias do Cavalo Mangalarga Marchador, São Paulo, SP: Empresa das Artes, 1997
- M. D. Costa: Caracterização Demográfica e Estrutura Genética da Raça Mangalarga Marchador, Belo Horizonte, MG: UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais, 2002
- M. C. G. R. Lage: Caracterização Morfométrica, dos Aprumos e do Padrão de Deslocamento de Eqüinos da Raça Mangalarga Marchador e suas Associações com a Qualidade da Marcha, Belo Horizonte, MG: Escola de Veterinária da UFMG – Universidade Federal de Minas Gerais, 2001
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Associação Brasileira dos Criadores do Cavalo Mangalarga Marchador (ABCCMM)
- Pedigree da Raça
- CVMM - Clube Virtual Mangalarga Marchador
- ABRECAM - Associação Brasileira dos Exportadores do Cavalo de Marcha
- US Mangalarga Marchador Association
- Mangalarga Marchador Deutschland
- Brazilian Saddle Horse
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