domingo, 8 de maio de 2016

NICETE BRUNO

Nicete Xavier Miessa,[1] mais conhecida como Nicette Bruno, (Niterói7 de janeiro de 1933) é uma consagrada atriz brasileira e empresária teatral. Nicette começou muito jovem sua carreira, atuando em Romeu e Julieta, de William Shakespeare, em 1945. Com um currículo extenso em várias produções de teatro, cinema e televisão.
É uma das referências na história da teledramaturgia do país. Nicette também foi uma pioneira da televisão. Estreou na TV Tupi tão logo foi inaugurada, em 1950, fazendo participações esporádicas em recitais e teleteatros, como em A Corda.[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Única filha de Sinésio Campos Xavier e da atriz Eleonor Bruno. Nicette começou a carreira artística em influência da própria família, em que praticamente todos os parentes se dedicaram à arte. Quando Nicette tinha apenas quatro anos, declamava e cantava no programa infantil do Alberto Manes, na Rádio Guanabara. Aos cinco anos, começou a estudar piano, no Conservatório Nacional, e a se apresentar como pianista, no mesmo programa, e aos seis, ingressou no balé no Teatro Municipal do Rio de Janeiro.[3]
Quando tinha onze anos, entrou para o grupo de teatro da Associação Cristã de Moços. Depois, passou pelo Teatro Universitário, de Jerusa Camões, e pelo Teatro do Estudante, dirigido pelo Paschoal Carlos Magno e Maria Jacintha. Aos catorze anos, já era profissional de teatro, contratada pela Companhia Dulcina-Odilon, da atriz Dulcina de Morais.[3]
Em 1952, Nicette conheceu o ator Paulo Goulart, durante a peça Senhorita Minha Mãe, de Louis Verneuil, com quem se casa em 26 de fevereiro de 1954, uma sexta-feira véspera de Carnaval, na Igreja de Santa Cecília, em São Paulo. A cerimônia foi seguida de festa no Teatro Íntimo Nicette Bruno (TINB).[4] Eles tiveram três filhos: Beth GoulartBárbara Bruno e Paulo Goulart Filho – que seguiram a carreira dos pais. Com 56 anos de casamento, tinham sete netos e dois bisnetos.[5]Junto com o marido, a atriz conheceu o kardecismo há mais de quatro décadas, em virtude da morte de um parente seu. A doutrina, que eles transmitiram aos três filhos, os ajudou a superar a perda.[6] Ficou viúva em 2014, quando Paulo Goulart faleceu em decorrência de câncer.[7]

Vida profissional[editar | editar código-fonte]

Em 1945, atuou como Julieta na peça Romeu e Julieta, de William Shakespeare.[3] Sua estreia oficial aconteceu em 1947, na peça A Filha de Iório, de Gabriel D’Annunzio. Sua atuação lhe valeu a medalha de ouro de Atriz Revelação pela ABCT (Associação Brasileira de Críticos Teatrais). Durante sua adolescência, participou de diversas peças de destaque, como Anjo Negro, de Nelson Rodrigues e O Fantasma de Canterville, baseado em Oscar Wilde.
Aos dezessete anos, fundou, em São Paulo, o Teatro de Alumínio, na Praça das Bandeiras, edifício sede do Teatro Íntimo Nicette Bruno (TINB), companhia criada em 1953. Paulo e Nicette inauguraram o TINB com a peça Ingênua Até Certo Ponto, de Hugh Herbert, com direção de Armando Couto. Em 1958, atuou na premiada criação de Aparecida, em Pedro Mico, de Antônio Callado. Durante as décadas de 1950 e 1960, integrou praticamente todas as principais companhias de teatro do país.[2]
Em 1959, na TV Continental ganhou um papel da destaque, interpretando a personagem-título no seriado ao vivo Dona Jandira em Busca da Felicidade. Sua primeira telenovela foi Os Fantoches (1967), de Ivani Ribeiro, na TV Excelsior. Nos anos 1960 nas extintas emissoras TV Excelsior e Tupi, atuou em novelas de sucesso na época como A MuralhaO Meu Pé de Laranja LimaRosa-dos-VentosPapai CoraçãoÉramos Seis e Como Salvar Meu Casamento. Depois, ao transferir-se para a Rede Globo encarnou ainda personagens célebres em novelas como Sétimo Sentido,Louco AmorSelva de PedraBebê a BordoRainha da SucataMulheres de Areia, entre outros sucessos.[8]
Em 1962, Nicette e seu marido, a convite de Cláudio Corrêa e Castro, moraram em Curitiba, trabalhando no Teatro Guaíra, lecionando artes cênicas para o projeto Curso Permanente de Teatro e fazendo parte doTeatro de Comédia do Paraná (TCP), em que produziram diversas montagens, como Um Elefante no Caos, de Millôr FernandesA Megera Domada, de Shakespeare e O Santo Milagroso, de Lauro César Muniz.[9]
Sua primeira participação no cinema foi no filme Querida Susana (1947), sob a direção de Alberto Pieralisi. Participou também dos filmes Canto da Saudade (1952),[10] Esquina da Ilusão (1953), A Marcha (1972),[11]Vila Isabel (1998), Zoando na TV (1999), Seja o que Deus Quiser! (2002), A Guerra dos Rocha (2008) e A Casa das Horas (2010), porém sem nunca deixar o teatro.[12]
Em 2001, após ter se afastado por um bom tempo da televisão, encarnou Dona Benta durante quatro anos na segunda versão para a TV do Sítio do Pica-Pau Amarelo, ganhando grande notoriedade com este papel.[13] Em 2005, volta às telenovelas interpretando Ofélia em Alma Gêmea. Em 2006, faz uma breve porém significativa participação especial no primeiro capítulo de O Profeta como Tia Cleide. Em 2007, é a vez da humilde e bondosa Dona Juju em Sete Pecados.
Em 2010, dá vida à personagem Júlia Spina em Ti Ti Ti.[14] No ano seguinte, interpreta Iná, em A Vida da Gente.[15] Em 2012, interpreta a matriarca Dona Leonor em Salve Jorge.[16] Em 2013, Nicette trabalhou na novela Joia Rara, interpretando a personagem Santinha.[17] No mesmo ano, Nicette e a sua filha Beth Goulart foram as apresentadoras da cerimônia de premiação da 25ª edição do Prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro.[18] Em 2014, a atriz estreou a peça Perdas e Ganhos. O monólogo da escritora Lya Luft, com direção da filha da atriz, Beth Goulart, é uma homenagem ao marido, o ator Paulo Goulart.[19] Em 2015, na novela I Love Paraisópolis, de Alcides Nogueira e Mário Teixeira, Nicette foi Izabelita, uma viúva, acionista majoritária da Pilartex e sofre do Mal de Alzheimer.[20]

Teatro[editar | editar código-fonte]

AnoTítuloPapelPrêmios e Indicações
1945Romeu e JulietaJulieta
O Fantasma de Canterville
1947A Filha de IórioOrdellaPrêmio ABCT - Atriz revelação
Dias Felizes
Já é Manhã no Mar
3200 Metros de Altitude
1948Anjo Negro
O Balão Que Caiu no Mar
1949O Sorriso de Gioconda
Os Homens
1952Senhorita Minha Mãe
Amor Versus Casamento
1953Ingênua Até Certo Ponto
Week-end
É Proibido Suicidar-se na Primavera
1954Ingenuidade
1955Bife, Bebida e Sexo
1957Os Amantes
Paixão da Terra
A Vida Não É Nossa
1958Pedro MicoAparecida[21]Prêmio ABCT - Melhor atriz
Prêmio Governo do Estado do Rio de Janeiro - Melhor atriz
Inimigos Íntimos
1962Zefa entre os HomensZefa[22]
1963Um Elefante no Caos
1964A Megera Domada
1965O Santo Milagroso
1967Boa Tarde, Excelência
1968Os Últimos
O Olho Azul da Falecida
1974O Efeito dos Raios Gama Sobre as Margaridas do CampoPrêmio Molière - Melhor atriz
O Prisioneiro da Segunda Avenida
1976Classe Média, Televisão Quebrada
1980Dona Rosita, a Solteira
Mãos ao Alto, São Paulo!
1982Agnes de Deus
1984Boa Noite, MãeMãe
1986Trilogia da Louca
1987Aviso Prévio
1988À Margem da Vida
1989Meu Reino por um Cavalo
1990Flávia, Cabeça, Tronco e Membros
1991Céu de Lona
1994Enfim sós
1996Gertrude Stein, Alice Toklas & Pablo Picasso
1997Roque Santeiro
1998Somos IrmãsPrêmio Shell - Melhor atriz
Troféu APCA - Melhor atriz
2000Crimes Delicados
2003Sábado, Domingo e Segunda
2005As Alegres Canções da Montanha
2006O Homem InesperadoMarta[23]
2014Perdas e Ganhos

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Televisão[editar | editar código-fonte]

AnoTítuloPapelPrêmios e Indicações
1952A Corda
1958Suspeita
1959
-
1963
Dona Jandira em Busca da FelicidadeDona Jandira
1967Os FantochesEstela
1968A MuralhaMargarida Olinto
Legião dos Esquecidos
1969Sangue do Meu SangueClara
1970A GordinhaMônica
O Meu Pé de Laranja LimaCecília
1971A FábricaClara
1972Signo da Esperança
Camomila e Bem-me-querMargot
1973Divinas & MaravilhosasHelena
Rosa-dos-ventosMadre Maria das Neves
1976Papai CoraçãoSílvia
1977Éramos SeisLolaTroféu APCA - Melhor atriz
1978Salário MínimoZilda
1979Como Salvar Meu CasamentoDorinhaTroféu APCA - Melhor atriz
1981Obrigado Doutorirmã Júlia
1982Sétimo SentidoSara
1983Louco AmorIsolda
1984Meu destino é pecarClara Castro
1985Tenda dos MilagresJoana
1986Selva de PedraFanny
1988Bebê a BordoBranca
1990Rainha da SucataNeiva Pereira
1992Perigosas PeruasVivian Bergman
1993Mulheres de AreiaJulieta Sampaio (Juju)
1994Incidente em AntaresLanja Vacariano
1995A Próxima VítimaNina Giovanni
Engraçadinha... Seus Amores e Seus PecadosZezé
1997O Amor Está no ArÚrsula
1998LabirintoEdite
1999Andando nas NuvensJudite Mota
2000Aquarela do BrasilGlória
2001
-
2004
Sítio do Picapau AmareloDona Benta
2005Alma GêmeaOféliaTroféu Leão Lobo - Melhor atriz coadjuvante
2006O ProfetaTia Cleide (participação especial)
2007Sete PecadosJulieta Verona (Dona Juju)
2008Dicas de Um SedutorRosa
Nada FofaDona Nice
2010Ti Ti TiJúlia Spina
2011A Vida da GenteIná
2012As BrasileirasIsaura
Salve JorgeLeonor Flores Galvão
2013Joia RaraSantinha
2015I Love ParaisópolisIzabelita[24]

Cinema[editar | editar código-fonte]

AnoTítuloPapel
1947Querida Susana
1952O Canto da SaudadeA Própria
1953Esquina da Ilusão
1972A Marcha
1998Vila Isabel
1999Zoando na TVDona Xênia
2002Seja o que Deus Quiser!Velha maluca
2008A Guerra dos RochaNonô
2010A Casa das HorasDona Celeste

Obras[editar | editar código-fonte]

Em 2010, Nicette lançou o livro Grandes pratos e pequenas histórias de amor em parceria com o seu marido Paulo Goulart. Este livro de culinária traz receitas que o casal criou ou simplesmente testou em seus almoços de domingo, ao lado da família e dos amigos.[25]

Prêmios e indicações[editar | editar código-fonte]

Entre os prêmios e homenagens que coleciona, está Prêmio ABCT de Atriz Revelação na peça A Filha de Iório (1947), Prêmio ABCT e o Prêmio Governo do Estado do Rio de Janeiro de Melhor Atriz no espetáculo teatral Pedro Mico (1958), Prêmio Molière de Melhor Atriz na peça O Efeito dos Raios Gama Sobre as Margaridas do Campo (1974).[26] Nicette foi três vezes premiada com o Troféu APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), como Melhor Atriz na peça Somos Irmãs (1998), nas novelas Éramos Seis (1978) e Como Salvar Meu Casamento (1980). Em 1998, ganhou o Prêmio Shell de Melhor Atriz pelo trabalho na peça teatral Somos Irmãs.[27]
Em 2006, a família Goulart foi homenageada na 18.ª edição do prêmio Shell de Teatro do Rio de Janeiro. Paulo Goulart, Nicette Bruno e seus filhos Beth GoulartBárbara Bruno e Paulo Goulart Filho receberam um Troféu Especial, pela união e trabalho desenvolvidos nos palcos em mais de vinte anos de carreira.[28] No mesmo ano, Nicette ganhou o Troféu Leão Lobo na categoria de Melhor Atriz Coadjuvante pela atuação em Alma Gêmea.[29] Foi homenageada na 21ª edição do Cine Ceará - Festival Ibero-Americano de Cinema, onde recebeu o Troféu Eusélio Oliveira pelo conjunto da obra, em 2011.[30] Na 8ª edição do Festival de Cinema da Lapa, a atriz recebeu o Troféu Tropeiro, uma homenagem que contempla profissionais da dramaturgia de destaque nacional que tenham nascido ou atuado no Paraná, em 2015.[31] Em maio de 2016, Nicette recebeu o prêmio Lifetime Achievement Award no 19º Brazilian International Press Awards.[32]

Referências

  1. Ir para cima Conheça os nomes reais dos famosos Terra
  2. ↑ Ir para:a b NICETTE BRUNO MemóriaGlobo.
  3. ↑ Ir para:a b c «Biografia de Nicette Bruno». Netsaber.
  4. Ir para cima Família de Paulo Goulart e Nicette Bruno domina palcos paulistanos Veja São Paulo. (Setembro, 2009).
  5. Ir para cima "A brasa não apaga" IstoÉ Gente.
  6. Ir para cima Eles são espíritas IstoÉ Gente.
  7. Ir para cima Velório de Paulo Goulart será no Theatro Municipal, em São Paulo UOL entretenimento. (Março, 2014).
  8. Ir para cima Bruno, Nicette (1933) Itaú Cultural.
  9. Ir para cima Paulo Goulart e Nicette Bruno viveram em Curitiba na década de 60 - Casal trabalhou no Teatro de Comédia do Paraná Site Bem Paraná
  10. Ir para cima Canto da Saudade (A Lenda do Carreiro) UOL entretenimento.
  11. Ir para cima Afonso Schmidt - Filme de A Marcha (1) Novo Milenio.
  12. Ir para cima Participação de Nicette Bruno em curta-metragem tem mais impacto do que filme dedicado a Pelé O Globo. (Junho, 2011).
  13. Ir para cima «Fotos das personagens vividas por Nicette Bruno». Conta Mais.
  14. Ir para cima «Ti Ti Ti: Nicette Bruno está confirmada». Estrelando.
  15. Ir para cima «A Vida da Gente: Nicette Bruno se destaca como a avó mais fofa da TV». Extra.
  16. Ir para cima Nicete Bruno será a milionária muquirana em 'Salve Jorge' IG. (Setembro, 2012).
  17. Ir para cima Joia Rara Gshow.
  18. Ir para cima Prêmio 'Shell' de Teatro anuncia vencedores da 25ª edição do Rio de Janeiro Jornal do Brasil. (Março, 2013).
  19. Ir para cima Espetáculo 'Perdas e Ganhos' traz Nicette Bruno a Campinas RAC. (Novembro, 2014).
  20. Ir para cima No papel de personagem com mal de Alzheimer em ‘I love Paraisópolis’, Nicette Bruno diz como lida com suas lembranças Extra. (Julho, 2015).
  21. Ir para cima Fruto da Terra: Nicette Bruno Guia de Niterói.
  22. Ir para cima “Zefa entre os homens”: coronéis usam a fé para explorar o povo Funarte.
  23. Ir para cima Paulo Goulart e Nicette Bruno apresentam "O Homem Inesperado" Gazeta do Povo. (Novembro, 2011).
  24. Ir para cima «Conheça o apartamento de Izabelita, um dos cenários luxuosos da nova novela». GShow. 14 de abril de 2015.
  25. Ir para cima Grandes pratos e pequenas histórias de amor Travessa.
  26. Ir para cima Nicete Bruno Genética de artista IstoÉ Gente.
  27. Ir para cima Nicette Bruno Itaú Cultural.
  28. Ir para cima Família Goulart é homenageada no Prêmio Shell ofuxico. (Abril, 2006).
  29. Ir para cima Ceará do Pânico comemora prêmio nos braços da namorada terra. (Abril, 2006).
  30. Ir para cima Nicette Bruno vive solitária em filme e é homenageada em festival terra. (Junho, 2011).
  31. Ir para cima Nicette Bruno é homenageada em festival de cinema em Curitiba CARAS. (Novembro, 2015).
  32. Ir para cima Guilherme Arantes e Nicette Bruno no Press Awards 2016 Acontece. (Abril, 2016).

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Elaine Guerini (2004). Nicette Bruno e Paulo Goulart: tudo em familia 1ª ed. Imprensa Oficial do Estado de São Paulo [S.l.] p. 256. 12.0.812.953.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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