terça-feira, 19 de julho de 2016

ARTRITE REUMATOIDE

A artrite reumatoide é uma doença inflamatória crônica que geralmente afeta as pequenas articulações das mãos e dos pés. A artrite reumatoide afeta o revestimento de suas articulações, causando um inchaço doloroso que pode, eventualmente, resultar em erosão óssea e deformidade articular.
Uma doença autoimune, a artrite reumatoide ocorre quando o sistema imunológico ataca erroneamente os tecidosdo seu próprio corpo. Além de causar problemas de articulações, a artrite reumatoide, por vezes, pode afetar outros órgãos do corpo – tais como pele, olhos, pulmões e vasos sanguíneos.
Embora a artrite reumatoide seja mais comum em pessoas entre 35 e 55 anos, ela pode acontecer em qualquer faixa etária, da infância à terceira idade. A doença é mais prevalente entre mulheres, sendo de quatro a cinco vezes mais comum no sexo feminino. Ocorre em cerca de 1% da população, ou seja, uma em cada 100 pessoas pode ter a doença.
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Causas

A causa da artrite reumatoide é desconhecida. É uma doença autoimune, o que significa que o sistema imunológico do corpo ataca os tecidos saudáveis por engano. Infecções, genes, mudanças hormonais e fatores ambientais, como o cigarro, podem estar relacionados com a doença.

Fatores de risco

O aparecimento da artrite reumatoide decorre de vários fatores, incluindo predisposição genética, exposição a fatores ambientais e possivelmente infecções.
A causa mais importante é a tendência genética. Acredita-se que alguns genes possam interagir com os outros fatores causais da doença. Mas não é nada absoluto - existe apenas uma chance maior de se ter a doença comparando-se com alguém que não tem nenhum caso na família.
É sabido que pessoas que fumam tem grande chance de desenvolver a doença, a qual pode ocorrer mesmo com fumantes passivos. Outros fatores de exposição ambiental, como os poluentes do tipo sílica, também podem predispor à doença.
Fatores hormonais também estão relacionados com artrite reumatoide e isso justifica o fato da doença ocorrer mais em mulheres e apresentar melhora clínica no período dagravidez.

 sintomas

Sintomas de Artrite reumatoide

A artrite reumatoide pode iniciar com apenas uma ou poucas articulações inchadas, quentes e dolorosas, geralmente acompanhada de rigidez para movimentá-las (artrite e sinovite). Isso ocorre principalmente pela manhã e que pode durar horas até melhorar.
Artrite corresponde à inflamação de algum dos componentes da estrutura articular (cartilagem articular, osso sub condral ou membrana sinovial). Sinovite é a inflamação da membrana sinovial, uma estrutura que envolve a articulação por dentro. E, geralmente, se manifesta por vermelhidão, inchaço, calor, dificuldade de movimento e dor. O cansaço (fadiga) também é uma manifestação frequente.
Artrite reumatoide tende a afetar as articulações menores em primeiro lugar - especialmente as articulações que unem os dedos para as mãos e os dedos dos pés. Conforme a doença progride, os sintomas muitas vezes se espalham para os joelhos, tornozelos, cotovelos, quadris e ombros. Na maioria dos casos, os sintomas ocorrem nas mesmas juntas em ambos os lados do seu corpo. As mãos são acometidas em praticamente todos os pacientes.
Fique atento:
  • Dor, inchaço e aumento da temperatura nas articulações
  • Rigidez matinal, que pode durar horas
  • Caroços firmes de tecido sob a pele em seus braços (nódulos reumatoides)
  • Fadiga, febre e perda de peso.
Sinais e sintomas de artrite reumatoide podem variar em termos de gravidade e podem ser intermitentes (aparecer e desaparecer). Períodos de maior atividade da doença, chamados crises, se alternam com períodos de remissão relativa - quando o inchaço e a dor desaparecem ou ficam menos frequentes.

 diagnóstico e exames

Na consulta médica

Quando você discutir seus sintomas com o médico, ele ou ela pode encaminhá-lo para um reumatologista, que é um especialista no tratamento de artrite e outras condições inflamatórias, para uma avaliação mais aprofundada. Você pode chegar ao consultório com uma lista contendo alguns tópicos importantes, como:
  • Descrições detalhadas de seus sintomas
  • Informações sobre problemas de saúde que você teve no passado
  • Informações sobre os problemas de saúde de seus pais ou irmãos
  • Todos os medicamentos e suplementos dietéticos que você toma
  • Perguntas que você quer fazer ao médico.
O seu médico pode pedir algumas das seguintes perguntas:
  • Quando os sintomas começaram?
  • Eles sofreram alterações ao longo do tempo?
  • Que articulações são afetadas?
  • Quais atividades tornam seus sintomas melhores ou piores?
  • Seus sintomas interferem nas tarefas diárias?

Diagnóstico de Artrite reumatoide

O diagnóstico da artrite reumatoide é clínico, ou seja, se baseia na história clínica e no exame físico feito pelo médico. Mas, alguns exames complementares, de sangue ou de imagem, podem ser úteis, incluindo as provas que medem atividade inflamatória, fator reumatoide, anticorpo antipeptídeos citrulinados cíclicos (anti-CCP), radiografias das articulações acometidas e, eventualmente, ultrassonografia ou ressonância das juntas, em caso de dúvida. Outros exames podem ser necessários para afastar outras doenças, dependendo de cada caso.
No paciente com artrite reumatoide existe uma reação do organismo contra ele mesmo em algum momento da doença. Na maioria dos pacientes com artrite reumatoide é possível identificar anticorpos dirigidos contra componentes do próprio organismo (autoanticorpos) que acabam servindo como marcadores da doença. Os dois mais importantes são chamados "fator reumatoide" e "anti-CCP". Existem pacientes que apresentam os dois autoanticorpos, outros apresentam apenas um dos dois e há aqueles pacientes que são negativos para estes autoanticorpos - cerca de 20 a 30% dos pacientes são negativos para estes dois autoanticorpos e, em geral, apresentam uma doença mais benigna.
A classificação da artrite reumatoide era essencialmente baseada nos critérios introduzidos pelo Colégio Americano de Reumatologia (ACR) em 1987(tabela 1), que não apresentavam bom desempenho na doença em seu estágio inicial. Os critérios classificatórios para artrite reumatoide do ACR foram desenvolvidos com base em indivíduos com AR de longa duração, e eram considerados até então o padrão para a seleção de pacientes para estudos clínicos:
  • Rigidez matinal: rigidez matinal com duração de pelo menos uma hora até a melhora máxima
  • Artrite de três ou mais áreas articulares: ao menos três áreas articulares simultaneamente afetadas, observadas pelo médico (interfalangeanas proximais, metacarpofalangeanas ou “nós dos dedos das mãos”, punhos, cotovelos, joelhos, tornozelos e metatarsofalangeanas ou “nós dos dedos dos pés”)
  • Artrite das articulações das mãos: artrite em punhos ou metacarpofalangeanas (nós dos dedos da mãos) ou interfalangeanas proximais (entre as falanges da mão)
  • Artrite simétrica: envolvimento simultâneo de áreas de ambos os lados do corpo
  • Nódulos reumatoides: nódulos subcutâneos sobre proeminências ósseas, superfícies extensoras ou em regiões justa-articulares
  • Fator reumatoide sérico positivo: presença de quantidades anormais de fator reumatoide
  • Alterações radiográficas: radiografias póstero-anteriores de mãos e punhos demonstrando rarefação óssea justa-articular ou erosões.
Os critérios listados acima incluem características menos frequentes na artrite reumatoide de início recente, como alterações radiográficas (erosões) e nódulos reumatoides. Dessa forma, as diretrizes do Colégio Americano de Reumatologia são consideradas sub ótimas para a identificação de indivíduos com artrite reumatoide inicial.
Por isso, tornou-se necessário o estabelecimento de novos critérios de classificação para a artrite reumatoide, enfocando, de maneira especial, a fase precoce da doença. Os novos critérios classificatórios ACR/EULAR (Liga Europeia contra o Reumatismo) podem ser aplicados a qualquer paciente, desde que dois requisitos básicos estejam presentes:
  • Deve haver evidência de sinovite clínica ativa (inflamação que se manifesta por vermelhidão, inchaço, calor, dificuldade de movimento e dor) no momento do exame em pelo menos uma articulação
  • Pacientes para os quais a sinovite não possa ser melhor explicada por outros diagnósticos, como lúpus eritematoso sistêmico, artrite psoriática e gota. Se houver dúvidas quanto aos diagnósticos diferenciais relevantes um reumatologista deve ser consultado.
Os critérios propostos na tabela abaixo se baseiam em um sistema de pontuação por meio de um escore de soma direta. As manifestações são divididas em quatro domínios: acometimento articular, sorologia, duração dos sintomas e provas de atividade inflamatória. A contagem de articulações acometidas pode utilizar métodos de imagem (ultrassonografia e ressonância magnética), em caso de dúvida. Uma pontuação maior ou igual a seis classifica um paciente como tendo artrite reumatoide.
É importante frisar que, se o paciente apresentar uma história compatível com AR, mesmo que não documentada, e erosões radiográficas típicas, pode-se proceder diretamente a classificação como artrite reumatoide, independente do preenchimento dos critérios.
Os novos critérios 2010 não são diagnósticos, e sim classificatórios. Sua função é basicamente definir populações homogêneas para finalidade de estudo. O diagnóstico clínico é extremamente complexo, e inclui diversos aspectos que dificilmente poderiam ser resumidos na forma de um escore de critérios. Eventualmente, os critérios formais podem servir como um guia para o estabelecimento do diagnóstico clínico.
Para o diagnóstico da artrite reumatoide, o paciente deve satisfazer a pelo menos quatro dos sete critérios. Os critérios um até o quatro devem estar presentes por, no mínimo, seis semanas - essa informação está deslocada - ela se refere aos critérios de 1987. Segundo os critérios 2010, uma pontuação superior a seis classifica o indivíduo como tendo artrite reumatoide. Os critérios classificatórios para artrite reumatoide de 2010 pela ACR/EULAR são:

Acometimento articular (0-5)

  • 1 grande articulação
  • 2-10 grandes articulações
  • 1-3 pequenas articulações (grandes não contadas)
  • 4-10 pequenas articulações (grandes não contadas)
  • >10 articulações (pelo menos uma pequena).

Sorologia (0-3)

  • Fator Reumatoide negativo E ACPA negativo
  • FR positivo OU ACPA positivo em baixos títulos
  • FR positivo OU ACPA positivo em altos títulos .

Duração dos sintomas (0-1)

  • abaixo de 6 semanas
  • igual ou mais do que 6 semanas.

Provas de atividade inflamatória (0-1)

  • PCR normal E VHS normal
  • PCR anormal
  • VHS anormal.

 tratamento e cuidados

Tratamento de Artrite reumatoide

Não há cura para a artrite reumatoide. Os medicamentos podem reduzir a inflamação nas articulações, a fim de aliviar a dor e prevenir ou retardar o dano articular. Terapia ocupacional e fisioterapia pode ensiná-lo a proteger suas articulações, que podem precisar de cirurgia se forem muito danificadas.

Medicamentos

Muitos medicamentos usados para tratar a artrite reumatoide têm efeitos colaterais potencialmente graves. Os médicos geralmente prescrevem medicamentos com menos efeitos colaterais em primeiro lugar. Você pode precisar de medicamentos mais fortes ou uma combinação de drogas conforme a sua doença progride.
  • Antiinflamatórios não esteroides: esses medicamentos podem aliviar a dor e reduzir a inflamação. O ideal é ministralos apenas com indicação médica. Os efeitos colaterais podem incluir um zumbido nos ouvidos, irritação do estômago, problemas cardíacos e do fígado e danos nos rins
  • Esteroides: medicamentos corticosteroides, como a prednisona, podem reduzir a inflamação, dor e lesões articulares. Os efeitos colaterais podem incluir redução da densidade dos ossos, catarata, ganho de peso e diabetes. Os médicos prescrevem frequentemente um corticosteroide para aliviar sintomas agudos, com o objetivo de, gradualmente, diminuir a medicação. O uso prolongado de esteroide é evitado, em função dos graves eventos adversos decorrentes do uso prolongado
  • Drogas antirreumáticas sintéticas: esses medicamentos podem retardar a progressão da artrite reumatoide e guardar as articulações e outros tecidos de danos permanentes. Os mais comuns incluem metotrexato, leflunomida, hidroxicloroquina e sulfassalazina. Os efeitos secundários variam, mas podem incluir danos no fígado, supressão da medula óssea e infecções pulmonares graves
  • Drogas antirreumática biológicas: são utilizadas em situações específicas, em que não há resposta adequada com o uso de drogas sintéticas. Nessa classe, há as drogas inibidoras do fator de necrose tumoral alfa (TNF-alfa), que é uma substância inflamatória produzida pelo organismo. Inibidores de TNF-alfa podem ajudar a reduzir dor, rigidez matinal e inchaço nas articulações. Exemplos incluem o etanercepte, infliximabe, adalimumabe, golimumabe e certolizumabepegol. Há ainda outras drogas biológicas, com outros mecanismos de ação, como o abatacepte e rituximabe. Os potenciais efeitos colaterais incluem risco aumentado de infecções graves
  • Imunossupressores: esses medicamentos são utilizados em caso de manifestações extra-articulares, incluindo manifestações pulmonares e vasculites.

Fisioterapia

Você pode fazer tratamento com um fisioterapeuta ou fisiatra, que lhe ensinará exercícios para ajudar a manter as articulações flexíveis. O profissional pode também sugerir novas maneiras de fazer tarefas diárias, para aliviar as articulações. Por exemplo, se seus dedos estão doloridos, você pode pegar um objeto usando os antebraços.
Existem também dispositivos auxiliares que podem tornar as atividades mais fáceis e evitar a dor nas articulações. Por exemplo, uma faca de cozinha equipada com uma alça de serra ajuda a proteger seus dedos e articulações do pulso.

Cirurgia

Se os medicamentos não conseguem prevenir ou retardar o dano articular, você e o médico podem considerar a cirurgia para reparar articulações danificadas. Ela também pode reduzir a dor e corrigir deformidades. A cirurgia da artrite reumatoide pode envolver um ou mais dos seguintes procedimentos:
  • Substituição total da articulação: quadril e joelho são as articulações mais frequentemente substituídas em pessoas com artrite reumatoide. As estruturas danificadas são levadas para fora e uma articulação artificial ou prótese é colocada no lugar com os devidos cuidados e, dependendo de fatores como a condição da pessoa física, nível de atividade e peso corporal, a vida de uma articulação substituída pode ser mais 20 anos. Após este ponto, uma segunda cirurgia é necessária (cirurgia de revisão), que é mais difícil. Portanto, o momento da cirurgia de substituição articular é fundamental
  • Sinovectomia: é a remoçãodo revestimento do conjunto anormal para impedi-la de corroer a cartilagem e osso. Apesar de eficaz, eventualmente, o revestimentodas articulações (membrana sinovial) pode voltar a crescerea cirurgiapode ter de serrepetido
  • Artrodese: é a cirurgia que une dois ou mais ossos para que as articulações não possam maisse mover. Felizmente hoje a cirurgia é cada vez mais rara e já praticamente em desuso, diante das novas modalidades terapêuticas. O procedimento é indicado apenas para aqueles pacientes com gravidade que estão respondendo aos tratamentos utilizados.

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