República Popular da China (RPC; chinês simplificado: 中华人民共和国; chinês tradicional: 中華人民共和國; pinyin: ), também conhecida simplesmente como China, é o maior país da Ásia Oriental e o mais populoso do mundo, com mais de 1,36 bilhão de habitantes, quase um quinto da população da Terra. É uma república socialista, governada pelo Partido Comunista da China (PCC) sob um sistema unipartidário[5] e que tem jurisdição sobre vinte e duas províncias, cinco regiões autônomas (Xinjiang, Mongólia Interior, Tibete, Ningxia e Guangxi), quatromunicípios (Pequim, Tianjin, Xangai e Chongqing) e duas Regiões Administrativas Especiais com grande autonomia[6] (Hong Kong e Macau). A capital da RPC é Pequim.[7]
Com aproximadamente 9,6 milhões de quilômetros quadrados, a República Popular da China é o terceiro (ou quarto) maior país do mundo em área total e o terceiro maior em área terrestre.[8] Sua paisagem é variada, com florestas de estepes e desertos (como os de Gobi e de Taklamakan) no norte seco e frio, próximo da Mongólia e da Sibéria (Rússia), e florestas subtropicais no sul úmido e quente, próximo ao Vietnã, Laos e Mianmar. O terreno do país, a oeste, é de alta altitude, com o Himalaia e as montanhas Tian Shan formando fronteiras naturais entre a China, a Índia e a Ásia Central. Em contraste, o litoral leste daChina continental é de baixa altitude e tem uma longa faixa costeira de 14 500 quilômetros, delimitada a sudeste pelo Mar da China Meridional e a leste peloMar da China Oriental, além dos quais estão Taiwan, Coreia (Norte e Sul) e Japão.
A nação tem uma longa história, composta por diversos períodos distintos. A civilização chinesa clássica — uma das mais antigas do mundo — floresceu na bacia fértil do rio Amarelo, na planície norte do país.[9] O sistema político chinês era baseado em monarquias hereditárias, conhecidas como dinastias, que tiveram seu início com a semimitológica Xia (aproximadamente 2000 a.C.) e terminaram com a queda dos Qing, em 1911. Desde 221 a.C., quando a dinastia Qin começou a conquistar vários reinos para formar um império único, o país expandiu-se, fraturou-se e reformulou-se várias vezes. A República da China, fundada em 1911 após a queda da dinastia Qing, governou o continente chinês até 1949. Em 1945, a república chinesa adquiriu Taiwan do Império do Japão, após o fim da Segunda Guerra Mundial. Na fase de 1946-1949 da Guerra Civil Chinesa, o Partido Comunista derrotou o nacionalista Kuomintang no continente e estabeleceu a República Popular da China, em Pequim, em 1 de outubro de 1949, enquanto o Partido Nacionalista mudou a sede do seu governo para Taipei. Desde então, a jurisdição da República da China está limitada à Taiwan e algumas ilhas periféricas (incluindo Penghu, Kinmen e Matsu) e o país recebe reconhecimento diplomático limitado ao redor do mundo.
Desde a introdução de reformas econômicas em 1978, a China tornou-se em uma das economias de mais rápido crescimento no mundo,[10] sendo o maior exportador e o terceiro maior importador de mercadorias do planeta. A industrialização reduziu a sua taxa de pobreza de 53% (em 1981) para 8% (em 2001).[11] O país tem sido considerado uma superpotência emergente por vários acadêmicos,[12] analistas econômicos[13] e militares.[14] A importância da China[15] [16] como uma grande potência é refletida através de seu papel como segunda maior economia do mundo (ou segunda maior em poder de compra) e da sua posição como membro permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas e de várias outras organizações multilaterais, incluindo a Organização Mundial do Comércio, Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, Grupo dos Vinte, BRICS e da Organização para Cooperação de Xangai. Além disso, o país é reconhecido como uma potência nuclear, além de possuir o maior exército do mundo em número de soldados e o segundo maior orçamento de defesa.
Índice
[esconder]Etimologia[editar | editar código-fonte]
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A palavra "China" é derivada do persa Cin (چین), que por sua vez é derivado do sânscrito Cina (चीन).[17] O termo é registrado pela primeira vez em 1516 no diário do explorador português Duarte Barbosa.[18] A palavra sânscrita foi usada para se referir à China já em 150 d.C.[19] Há várias teorias acadêmicas sobre a origem desta palavra. A teoria tradicional, proposta no século XVII por Martino Martini, é a de que a palavraChina é derivada de Qin (秦), o mais ocidental dos reinos chineses durante a dinastia Zhou, ou a partir do sucesso da dinastia Qin (221–206 a.C.).[20] A palavra Cina é usada em duas escrituras hindus – o Mahābhārata, do século V a.C., e no Código de Manu, do século II a.C. – referindo-se a um país localizado na fronteira tibetana-birmana no leste da Índia.[21] [22]
Na China, os nomes comuns para se referir ao país incluem Zhōngguó (chinês simplificado: 中国, literalmente ‘O(s) Estado(s) do Meio’) e Zhonghua (chinês simplificado: 中华), embora o nome oficial do país tenha sido alterado inúmeras vezes por sucessivas dinastias e governos modernos. O termo Zhongguoapareceu em vários textos antigos, como o Shujing do século VI a.C,[23] e em tempos pré-imperiais ele foi muitas vezes usado como um conceito cultural para distinguir o Huaxia dos bárbaros. O termo, que pode ser singular ou plural, se refere ao grupo de Estados na planície central da China. Foi só no século XIX que a expressão surgiu como o nome formal do país. Os chineses não eram os únicos a definir a sua nação como "central", já que outras civilizações tinham a mesma opinião sobre si mesmas.[24]
História[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: História da China
Ver também: China (civilização)
Pré-história[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Pré-história chinesa
Evidências arqueológicas sugerem que os primeiros hominídeos habitaram a China entre 250 mil a 2,24 milhões de anos atrás.[25] Uma caverna emZhoukoudian (próximo da atual Pequim) continha fósseis datados entre 300 mil e 780 mil a.C.[26] [27] Os fósseis da caverna são do Homem de Pequim, um exemplo de Homo erectus que manipulava o fogo. Há também restos de Homo sapiens que datam de 18 mil a 11 mil a.C. encontrados no local do Homem de Pequim.[28]
Primeiras dinastias[editar | editar código-fonte]
Ver também: Dinastias chinesas
A tradição chinesa indica a Dinastia Xia como a primeira dinastia imperial, mas ela era considerada mítica até que escavações científicas encontraram os primeiros sítios daCultura Erlitou, da Idade do Bronze, na província de Henan em 1959. Os arqueólogos já descobriram sítios urbanos, implementos de bronze e túmulos em locais citados como pertencentes aos Xia em antigos textos históricos, mas é impossível verificar se esses restos são dessa época sem registros escritos do período.[29]
A primeira dinastia chinesa que deixou registros históricos foi a vagamente feudal Dinastia Shang (Yin), que estabeleceu-se ao longo do rio Amarelo, no leste da China, do século XVII ao XI a.C. A escrita oráculo em ossos dessa dinastia representa a forma mais antiga de escrita chinesa já encontrada e é uma ancestral direta dos caracteres chineses modernos usados em todo o leste da Ásia. Os Shang foram invadidos pelo oeste pela Dinastia Zhou, que governou entre os séculos XII e V a.C., até que a sua autoridade centralizada foi lentamente corroída por senhores de guerra feudais. Vários Estados independentes finalmente emergiram do enfraquecido governo Zhou e entraram em guerra constantemente uns contra os outros durante o chamado Período das Primaveras e Outonos, que durou 300 anos, sendo apenas ocasionalmente interrompido pelo imperador Zhou. Até o momento do Período dos Reinos Combatentes, durante os séculos V e III a.C., havia sete poderosos Estados soberanos no que é agora é a atual China, cada um com seu próprio rei, ministério e exército.[30]
China Imperial[editar | editar código-fonte]
Ver artigos principais: Império Chinês e Imperador da China
O primeiro Estado unificado chinês foi estabelecido por Qin Shi Huang, do Estado Qin, em 221 a.C. Qin proclamou-se o "Primeiro Imperador" (始 皇帝) e impôs muitas reformas em toda a nação, principalmente a normalização forçada da língua, medidas, comprimento de eixos e da moeda chinesa. A Dinastia Qin durou apenas quinze anos, caindo logo após a morte de Qin Shi Huang, que com o duro legalismo e políticas autoritárias levou a uma rebelião generalizada no país.[31] [32]
A subsequente Dinastia Han governou a China entre 206 a.C. e 220 d.C. e criou uma duradoura identidade cultural entre a população, fator que resiste até os dias atuais.[31][32] Essa dinastia expandiu consideravelmente o território do império através de campanhas militares que atingiram Coreia, Vietnã, Mongólia e Ásia Central, além de também ter ajudado a criar a Rota da Seda no centro da Ásia. A China foi por grande parte dos últimos dois milênios a maior economia do mundo. No entanto, na parte final da Dinastia Qing, o desenvolvimento econômico chinês começou a declinar e o rápido desenvolvimento da Europa durante a Revolução Industrial permitiu-lhe ultrapassar a nação chinesa (ver Grande Divergência).[33]
Após o colapso dos Han, um outro período de desunião seguiu-se, que incluiu a época chamada de Três Reinos.[34] Os Estados independentes chineses deste período, como o Wu Oriental, estabeleceram relações diplomáticas com o Japão,[35] introduzindo o sistema de escrita chinês por lá. Em 581, a China foi reunificada sob o governo da Dinastia Sui.[36] No entanto, essa dinastia recuou após sua derrota na Guerra Goguryeo-Sui (598-614).[37] [38]
Durante as dinastias Tang e Song, a tecnologia e a cultura chinesa entraram em uma idade de ouro.[39] O Império Tang esteve no auge do poder até meados do século VIII, quando a Rebelião de An Lushuan destruiu a prosperidade do reino.[40] A dinastia Song foi o primeiro governo na história do mundo a emitir papel-moeda e a primeira entidade política chinesa a estabelecer uma marinha permanente. Entre os séculos X e XI, a população da China dobrou de tamanho. Esse crescimento se deu por meio do cultivo de arroz, expandido na China central e austral, e à produção de excedentes abundantes de alimentos.[41]
Dentro das suas fronteiras, a dinastia Song do Norte tinha uma população de cerca de 100 milhões de habitantes. O governo dessa dinastia foi um período culturalmente rico para a filosofia e as artes da nação. A pintura de paisagem e de retrato foram trazidas para novos níveis de maturidade e complexidade após o reinado dos Tang e as elites sociais se reuniram para apreciar e partilhar a sua própria arte, além de negociar obras preciosas. Filósofos como Cheng Yi e Zhu Xi revigoraram o confucionismo, infundido ideais budistas, e destacaram uma nova organização de textos clássicos que levaram à doutrina central do neoconfucionismo.[41]
Em 1271, o líder mongol e quinto Khagan do Império Mongol, Kublai Khan, estabeleceu a Dinastia Yuan, com o último remanescente da Dinastia Song caindo para os Yuan em 1279. Antes da invasão mongol, as dinastias chinesas teriam tido cerca de 120 milhões de pessoas sob seu comando; após a conquista ter sido concluída em 1279, o censo de 1300 estimou cerca de 60 milhões de habitantes.[42]
Um camponês chamado Zhū Yuánzhāng derrubou a Dinastia Yuan em 1368 e fundou a Dinastia Ming.[44] Sob essa dinastia, a China entraria em outra era de ouro, com o desenvolvimento de uma das mais fortes marinhas do mundo e uma economia rica e próspera em meio a um florescimento artístico e cultural. Foi durante este período queZheng He liderou explorações em todo o mundo, chegando até ao continente africano. Nos primeiros anos da dinastia Ming, a capital da China foi transferida de Nanquimpara Pequim.[45]
Durante a Dinastia Ming, pensadores como Wang Yangming criticaram e ampliaram o neoconfucionismo através dos conceitos do individualismo e da moralidade inata, o que teria um impacto enorme sobre o posterior pensamento japonês. A Coreia Joseon também se tornou um Estado vassalo da China Ming e adotou a maior parte de sua estrutura burocrática neoconfucionista.[45]
Em 1644, Pequim foi saqueada por uma coalizão de forças rebeldes lideradas por Li Zicheng, um oficial Ming inferior que liderou a revolta camponesa. O último imperador Ming, Chongzhen, cometeu suicídio quando a cidade caiu. A Dinastia Qing, de origem manchu, então aliou-se ao general Ming Wu Sangui e derrubou a dinastia Shun, de Li, e depois assumiu o controle de Pequim, que se tornou a nova capital dos Qing. No total, o custo da conquista manchu da China foi de mais de 25 milhões de vidas.[46]
Declínio dinástico e guerras[editar | editar código-fonte]
A Dinastia Qing, que durou até 1912, foi a última dinastia imperial da China. No século XIX, essa linhagem adotou uma postura defensiva em relação ao imperialismo europeu, embora estivesse envolvida em uma expansão imperialista particular para a Ásia Central. Neste momento, o país começou a perceber a importância do resto do mundo, em particular do Ocidente. Como a China se abriu ao comércio exterior e à atividade missionária, o ópio produzido pela Índia britânica foi forçado a entrar no Império Qing. Duas Guerras do Ópio com a Grã-Bretanha enfraqueceram o controle do Imperador. O imperialismo ocidental revelou-se desastroso para o país:
O fim da Guerra do Ópio marcou o início do imperialismo ocidental na China. Tratados desiguais, impostos no final da guerra, forçaram a China a ceder Hong Kong, abrir 'Tratados dos Portos' para o comércio exterior, pagar indenizações a seus vencedores e permitir que os estrangeiros que vivessem e trabalhassem em solo chinês ficassem livres da jurisdição da lei local (extraterritorialidade). Ao longo dos anos, novas guerras com as potências ocidentais expandiram essas imposições sobre a soberania nacional da China, que culminou com o Tratado de Shimonoseki, que encerrou o Guerra Sino-Japonesa de 1894-95.O enfraquecimento do regime Qing e a humilhação aparente dos tratados desiguais aos olhos do povo chinês levou à crescente desordem social doméstica. No final de 1850, o sul chinês entrou em ebulição com a Rebelião Taiping, uma violenta guerra civil que durou até 1864. A rebelião foi liderada por Hong Xiuquan, que foi parcialmente influenciado por uma interpretação idiossincrática do cristianismo. Hong acreditava ser ele o filho de Deus e o irmão mais novo de Jesus. Embora as forças de Qing tenham sido vitoriosas, essa guerra civil foi uma das mais sangrentas da história da humanidade, custando pelo menos 20 milhões de vidas (mais do que o número total de mortes da Primeira Guerra Mundial), com algumas estimativas chegando até 40 milhões de mortos. Outras rebeliões custosas seguiram a Rebelião Taiping, como Guerras do Clã Punti-Hakka (1855-1867), Rebelião Nien (1851-1868), Rebelião Miao (1854-1873), Revolta dos Panthay (1856-1873) e aRevolta Dungan (1862-1877).[48] [49]
Cada uma dessas rebeliões resultou em uma perda estimada de vários milhões de vidas e teve um impacto devastador sobre a já frágil economia do país.[50] [51] [52]O fluxo do ópio britânico apressou ainda mais a queda do império. No século XIX, a era do colonialismo estava no auge e a grande diáspora chinesa começou, sendo que hoje cerca de 35 milhões de chineses vivem no sudeste da Ásia.[53] As taxas de emigração foram reforçadas por catástrofes nacionais, como a Fome do Norte da China de 1876-1879, que custou entre 9 e 13 milhões de vidas.[54] De 108 a.C. até 1911, a China passou por 1 828 períodos de fome[55] (um por ano) em algum lugar do território do império.[56]
Enquanto a China era destruída por contínuas guerras, o Japão Meiji conseguia rapidamente modernizar suas forças armadas e definir suas ambições sobre a conquista daCoreia e da Manchúria. A pedido do imperador coreano, o governo Qing enviou tropas para ajudar a suprimir a Rebelião Tonghak em 1894. No entanto, o Japão também enviou tropas para a Coreia, levando à Primeira Guerra Sino-Japonesa, o que resultou no fim da influência da China Qing na península coreana, bem como a cessão deTaiwan (incluindo as Ilhas Pescadores) para o Japão em 1895.[57]
Após esta série de derrotas, um plano de reforma para o império para se tornar uma moderna monarquia constitucional ao estilo Meiji foi elaborado pelo imperadorGuangxu em 1898, mas encontrou resistência e foi parado pela imperatriz Tseu-Hi, que colocou imperador sob prisão domiciliar em um golpe de Estado. O malfadadolevante dos boxers de 1898-1901, cujo principal alvo eram os ocidentais em Pequim, resultou em cerca de 115 mil mortes.[58]
No início do século XX, uma massiva desordem civil havia começado e apelos por reformas e revolução eram ouvidos em todo o país. O imperador Guangxu de 38 anos de idade morreu em prisão domiciliar em 14 de novembro de 1908, curiosamente um dia antes antes da morte da própria Tseu-Hi. Com o trono vazio, ele foi sucedido pelo herdeiro escolhido a dedo pela imperatriz, seu sobrinho de dois anos de idade Pu Yi, que se tornou o imperador Xuantong. A consorte de Guangxu tornou-se a imperatriz viúva Longyu. Em outro golpe de Estado em 1912, Yuan Shikai derrubou Pu Yi e forçou Longyu a assinar o decreto de abdicação como regente, terminando mais de dois mil anos de domínio imperial na China. Longyu morreu, sem filhos, em 1913.[59]
República (1912-1949)[editar | editar código-fonte]
Ver artigos principais: República da China (1912–1949) e História da República da China
Ver também: Taiwan
Em 1 de janeiro de 1912, a República da China foi estabelecida, anunciando o fim da China Imperial.[60] Sun Yat-sen do Kuomintang (Partido Nacionalista ou KMT) foi proclamado o presidente provisório da República.[61] No entanto, a presidência foi dada mais tarde a Yuan Shikai, um ex-general Qing, que tinha assegurado a deserção de todo o Exército de Beiyang do império Qing à revolução. Em 1915, Yuan proclamou-se Imperador da China, mas foi forçado a abdicar e restabelecer a república em face da condenação popular, não só da população em geral, mas também do próprio Exército de Beiyang e de seus comandantes.[62]
Após a morte de Yuan Shikai em 1916, a China estava politicamente fragmentada, com um governo reconhecido internacionalmente, mas virtualmente impotente no âmbito doméstico e assentado em Pequim. Senhores da guerra regionais exerciam controle real sobre seus respectivos territórios.[63] [64] No final dos anos 1920, o Kuomintang nacionalista de Chiang Kai-shek foi capaz de reunificar o país sob seu próprio controle através de uma série de hábeis manobras políticas e militares, conhecidas popularmente como a Expedição do Norte.[65] [66]
O Kuomintang mudou a capital do país para Nanquim e implementou a "tutela política", um estágio intermediário de desenvolvimento político delineado no programa San-min, de Sun Yat-sen, para transformar a China em um Estado democrático moderno. Efetivamente, a tutela política significou um governo unipartidário comandado pelo Kuomintang, mas o partido dividiu-se politicamente em facções concorrentes.[67] [68] Esta divisão política tornou difícil para Chiang combater os comunistas, com quem o Kuomintang guerreava desde 1927, na Guerra Civil Chinesa. Esta guerra continuou com êxito para o Kuomintang, especialmente depois que os comunistas se retiraram na Grande Marcha, até que oIncidente de Xi’an e a agressão japonesa forçaram Chiang a enfrentar o Japão Imperial.[69] [70]
A Segunda Guerra Sino-Japonesa (1937-1945), uma parte da Segunda Guerra Mundial, forçou uma aliança entre o Kuomintang e os comunistas. A "Política dos Três Tudos" do Japão no norte da China—"matar todos, queimar tudo e destruir tudo"—levou a inúmeras atrocidades de guerra cometidas contra a população civil pelos soldados japoneses; ao todo, mais de 20 milhões de civis chineses morreram.[71] [72] Estima-se que 200 mil chineses foram massacrados apenas na cidade de Nanquim durante a ocupação japonesa.[73] O Japão se rendeu incondicionalmente para a China em 1945. Taiwan, incluindo as Ilhas Pescadores, foi colocada sob o controle administrativo da República da China, que imediatamente reivindicou sua soberania. A China emergiu vitoriosa, com o auxílio da invasão soviética em agosto de 1945,[74] mas foi devastada e financeiramente drenada pela guerra. A desconfiança permanente entre o Kuomintang e os comunistas levou à retomada da guerra civil. Em 1947, a lei constitucional foi estabelecida, mas por causa da contínua agitação muitas disposições da Constituição da República da China nunca foram implementadas na China continental.[75] [76] [77]
República Popular (1949-presente)[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: História da República Popular da China
Os conflitos da Guerra Civil Chinesa terminam em 1949, quando o Partido Comunista tomou o controle da China continental e o Kuomintang recuou para o mar, reduzindo seu território para apenas Taiwan, Hainane suas ilhas vizinhas. Em 1 de outubro de 1949, Mao Tsé-Tung proclamou a criação da República Popular da China,[78] que ficou conhecida no ocidente como "China comunista" ou "China Vermelha" durante o período da Guerra Fria. Em 1950, o Exército de Libertação Popular (ELP) teve sucesso na recaptura de Hainan da República da China, ocupou o Tibete e derrotou a maioria das forças remanescentes do Kuomintang nas províncias de Yunnan e Xinjiang, apesar de alguns redutos do Partido Nacionalista ainda tiverem sobrevivido por muito mais tempo.[79]
Mao encorajou o crescimento da população e, sob a sua liderança, a população chinesa quase duplicou, passando de cerca de 550 milhões para mais de 900 milhões de habitantes.[80] No entanto, o "Grande Salto Adiante" de Mao, um projeto de larga escala de reforma econômica e social, resultou em um número estimado de 45 milhões de mortes entre 1958 e 1961, principalmente por causa da fome.[81] Entre 1 e 2 milhões de proprietários de terra foram executados sob a acusação de serem "contra-revolucionários".[82] Em 1966, Mao e seus aliados lançaram a Revolução Cultural, que duraria até a morte do líder comunista uma década depois. Essa Revolução, motivada por lutas de poder dentro do partido e pelo medo da União Soviética, levou a uma grande reviravolta na sociedade chinesa. Em outubro de 1971, a República Popular da China substituiu a República da China na Organização das Nações Unidas e tomou seu lugar como membro permanente do Conselho de Segurança. No mesmo ano, pela primeira vez, o número de países que reconheciam a República Popular da China superou os que reconheciam a República da China, com sede em Taipei, como o governo legítimo do país. Em fevereiro de 1972, no auge da ruptura sino-soviética, Mao e Zhou Enlai encontraram o então presidente americano Richard Nixon em Pequim. No entanto, os Estados Unidos só foram reconhecer oficialmente a República Popular como o único governo legítimo da China em 1 de janeiro de 1979.[83]
Após a morte de Mao em 1976 e a prisão do Bando dos Quatro, que foram responsabilizados pelos excessos da Revolução Cultural, Deng Xiaoping rapidamente arrebatou o poder do sucessor de Mao, Hua Guofeng. Embora ele nunca tenha se tornado o chefe do partido ou do Estado, Deng foi o "líder supremo" de fato da China na época e sua influência dentro do Partido levou o país a importantes reformas econômicas. Posteriormente, o Partido Comunista afrouxou o controle governamental sobre a vida dos cidadãos e as comunas populares foram dissolvidas, sendo que muitos camponeses receberam múltiplos arrendamentos de terra, com o aumento de incentivos e da produção agrícola. Estes eventos marcaram a transição da China de uma economia planejada para uma economia mista com um ambiente de mercado cada vez mais aberto, um sistema chamado por alguns de "socialismo de mercado" e que o Partido Comunista da China oficialmente descreve como "socialismo com características chinesas". A China adotou a sua atual constituição em 4 de dezembro de 1982.[84] Outras fontes, no entanto, interpretam as reformas impostas pelo governo chinês como um abandono do sistema econômico socialista.[85] [86]
A morte do oficial pró-reforma Hu Yaobang ajudou a desencadear o Protesto na Praça da Paz Celestial em 1989, durante o qual estudantes e outros civis fizeram campanha por vários meses, pedindo o combate contra a corrupção e uma maior reforma política, que incluísse os direitos democráticos e a liberdade de expressão. No entanto, eles foram finalmente dispersos em 4 de junho, quando as tropas e veículos do ELPentraram à força e abriram a praça, resultando em várias vítimas. Este evento foi amplamente divulgado e trouxe condenação mundial e sanções contra o governo chinês.[87] [88] O incidente conhecido como "O Rebelde Desconhecido" tornou-se particularmente famoso na época.[89]
O presidente Jiang Zemin e o primeiro-ministro Zhu Rongji, ambos ex-prefeitos da cidade de Xangai, lideraram a nação na década de 1990. Sob os dez anos de administração de Jiang e Zhu, o desempenho econômico do país retirou cerca de 150 milhões de camponeses da pobreza e manteve uma taxa média anual de crescimento do produto interno bruto (PIB) de 11,2%. O país aderiu formalmente à Organização Mundial do Comércio (OMC) em 2001.[90] [91]
No entanto, o rápido crescimento econômico que tornou a economia chinesa a segunda maior do mundo, também impactou severamente os recursos naturais e o meio ambiente do país.[92] Outra preocupação é que os benefícios do crescimento da economia não foram distribuídos uniformemente entre a população, resultando em uma ampla lacuna de desenvolvimento entre as áreas urbanas e rurais. Como resultado, com o presidente Hu Jintao e o primeiro-ministro Wen Jiabao, o governo chinês iniciou políticas para abordar estas questões de distribuição equitativa de recursos, embora o resultado continue a ser observado.[93] Mais de 40 milhões de agricultores foram deslocados de suas terras,[94] em geral para o desenvolvimento econômico, contribuindo para as 87 mil manifestações e motins que aconteceram por toda a China apenas em 2005.[95] Os padrões de vida melhoraram significativamente, mas os controles políticos se mantiveram estáveis.[96] Embora a China tenha, em grande parte, conseguido manter a sua rápida taxa de crescimento econômico, apesar da recessão no final da década de 2000, sua taxa de crescimento começou a diminuir no início da década de 2010 e a economia continua excessivamente centrada no investimento fixo.[97] [98] [99] Além disso, os preparativos para uma grande mudança de liderança no Partido Comunista no final de 2012 foram marcados por disputas entre facções e escândalos políticos.[100] Durante a mudança da liderança da China em novembro de 2012, Hu Jintao e Wen Jiabao foram substituídos como presidente e primeiro-ministro por Xi Jinping e Li Keqiang, que assumem tais cargos em 2013.[101] [102]
Geografia e clima[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Geografia da República Popular da China
A República Popular da China é o terceiro maior país do mundo em área terrestre[103] e é considerado o terceiro ou quarto maior em relação à área total.[104] A incerteza sobre o tamanho do país está relacionada com a validade de certos territórios reivindicados pela China, como Aksai Chin e Vale de Shaksgam (ambos os territórios também são reivindicados pela Índia), e com a forma como a área territorial é calculada.[105]
A China tem fronteiras com quatorze nações, mais do que qualquer outro país do mundo; no sentido horário, a partir do sul: Vietnã, Laos, Myanmar, Índia, Butão, Nepal,Paquistão,[106] Afeganistão, Tajiquistão, Quirguistão, Cazaquistão, Rússia, Mongólia e Coreia do Norte. Além disso, a fronteira entre a República Popular da China e aRepública da China (Taiwan) está localizada em águas territoriais. A China tem uma fronteira terrestre de 22.117 km, a maior do mundo.[107]
O território da China possui uma grande variedade de paisagens. No leste, ao longo da costa do Mar Amarelo e do Mar da China Oriental, há extensas planícies aluviaisdensamente povoadas, enquanto que nas bordas do planalto da Mongólia Interior, no norte, campos podem ser vistos. O sul da China é dominado por colinas e cordilheirasbaixas.[107]
No centro-leste estão os deltas dos dois maiores rios chineses, o rio Amarelo e o rio Yangtzé (Chang Jiang). Outros rios importantes são o Xi-Jiang, o Mekong, oBrahmaputra e o Amur. Para o oeste, estão cordilheiras importantes, especialmente o Himalaia, com o ponto mais alto da China na metade oriental do monte Everest, e caracterizado por altos planaltos entre as paisagens mais áridas, como o Taklamakan e o deserto de Gobi.[107]
Uma questão importante é a contínua expansão dos desertos, principalmente o deserto de Gobi.[108] Embora as linhas de barreira de árvores, plantadas desde 1970, tenham reduzido a frequência de tempestades de areia, secas prolongadas e resultados negativos nas práticas agrícolas, tempestades de poeira ainda assolam o norte da China a cada primavera e então se espalham para outras partes do leste da Ásia, incluindo Japão e Coreia. De acordo com a fiscalização ambiental da China, a SEPA, a República Popular da China perde cerca de 4000 km² por ano para a desertificação.[109]
Água, erosão e controle da poluição têm se tornado questões importantes nas relações da China com outros países. O derretimento das geleiras no Himalaia, também pode levar à escassez de água para centenas de milhões de pessoas.[110]
A China tem um clima dominado principalmente por estações secas e monções úmidas, o que leva a diferenças de temperatura no inverno e no verão. No inverno, os ventos do norte, provenientes de áreas de altas latitudes, são frios e secos; no verão, os ventos do sul, de zonas marítimas em baixa latitude, são quentes e úmidos. O clima na China é diferente de região para região por causa da extensa e complexa topografia do país.[111]
Flora e fauna[editar | editar código-fonte]
Um dos dezessete países megadiversos,[112] a China encontra-se em duas das biorregiões mais importantes do mundo, a paleártica e a indomalaia. Na zona paleártica, são encontrados mamíferos como o cavalos, camelos, jerboas e tigres. Entre as espécies encontradas na região indomalaia, estão o gato-leopardo, o tigre Amoy, o rato-de-bambu, tupaias e várias espécies de macacos e símios. Algumas sobreposições existem entre as duas regiões, por causa da dispersão natural e da migração, como veados,antílopes, ursos, lobos, porcos e roedores. O famoso panda-gigante é encontrado somente em uma área limitada ao longo do rio Yangtzé. Há um problema com o comércio de espécies ameaçadas, embora já existam leis que proíbem tais atividades.[113]
A China também contém uma variedade de tipos de floresta. O nordeste e o noroeste do país contêm montanhas e florestas de coníferas, suportando espécies animais que incluem alces e ursos-negros-asiáticos, juntamente com cerca de 120 tipos de aves. As úmidas florestas de coníferas podem ter moitas de bambu como um sub-bosque, sendo substituído por rododendros. As florestas subtropicais, que dominam a região central-sul da China, abrigam 146 mil espécies de plantas. Florestas tropicais e florestas tropicais sazonais, embora confinadas em Yunnan e na ilha de Hainan, na verdade, contêm um quarto de todas as espécies vegetais e animais encontradas na China.[114]
Problemas ambientais[editar | editar código-fonte]
Nas últimas décadas, a China sofreu com a grave deterioração ambiental e poluição de seu território.[115] Embora algumas legislações, tais como a Lei de Proteção Ambiental de 1979, sejam bastante rigorosas, elas são mal aplicadas, já que são frequentemente desconsideradas pelas comunidades locais e funcionários do governo em favor do rápido desenvolvimento econômico. Como resultado, os protestos públicos e distúrbios por questões ambientais têm se tornado cada vez mais comum no país.[116]
Ativistas ambientais, tais como Ma Jun advertiram sobre o perigo de que a poluição da água representa para a sociedade chinesa.[117] De acordo com o Ministério chinês de Recursos Hídricos, cerca de 300 milhões de chineses não têm acesso à água potável e 40% dos rios do país estavam poluídos por resíduos industriais e agrícolas no final de 2011.[118] Esta crise é agravada pelo problema perene da escassez de água, sendo que 400 das 600 cidades chinesas pesquisadas apresentavam poucos recursos de água potável.[119] [120] Além disso, várias grandes cidades costeiras do país, incluindo Xangai, são consideradas altamente vulneráveis a inundações de larga escala.[121]
No entanto, a China é investidor mundial líder em tecnologias de energias renováveis, com 52 bilhões dólares investidos apenas em 2011.[122] [123] [124] O país produz maisturbinas eólicas e painéis solares do que qualquer outro[125] e projetos de energia renovável, como o aquecimento solar de água, são amplamente adotados, em nível local.[126] Em 2009, mais de 17% da energia da China foi obtida a partir de fontes renováveis, principalmente de usinas hidrelétricas, das quais a China tem uma capacidade total instalada de 197 GW.[127] Em 2011, o governo chinês anunciou planos de investir quatro trilhões de yuans (618,55 bilhões de dólares) em projetos de infraestrutura de água ao longo de um período de dez anos e para completar a construção de um sistema de prevenção de inundações e anti-secas até 2020.[128]
Demografia[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Demografia da República Popular da China
O censo nacional de 2010 estimou a população da República Popular da China em 1 338 612 968 habitantes. Cerca de 21% da população (145 461 833 homens; 128 445 739 mulheres) tinha 14 anos ou menos, 71% (482 439 115 homens; 455 960 489 mulheres) tinha entre 15 e 64 anos de idade e 8% (48 562 635 homens; 53 103 902 mulheres) tinha mais de 65 anos de idade. A taxa de crescimento populacional em 2006 foi de 0,6%.[129]
Ao final de 2010, a proporção de pessoas do continente chinês com quatorze anos ou mais era de 16,60%, enquanto o número com sessenta anos ou mais cresceu para 13,26% da população, dando uma proporção total de dependentes de 29,86%. A proporção da população em idade de trabalho era de cerca de 70%.[130]
Embora seja um país de renda média para os padrões ocidentais, o rápido crescimento do país tem tirado centenas de milhões de pessoas da pobreza desde 1978. Hoje, cerca de 10% da população chinesa vive abaixo da linha de pobreza (com 1 dólar por dia), uma queda de 64% em relação aos níveis de 1978. O desemprego urbano na China caiu para 4% no final de 2007, embora o desemprego global real seja de cerca de 10%.[131]
Com uma população de mais de 1,3 bilhões e escassez de recursos naturais, a China está muito preocupada com seu crescimento populacional e tentou, com resultados diversos,[132] implementar uma política rigorosa de planejamento familiar, conhecida como "política do filho único". A meta do governo é de uma criança por família, com exceções para as minorias étnicas e com certo grau de flexibilidade nas áreas rurais. Espera-se que o crescimento populacional da China estabilize-se nas primeiras décadas do século XXI, embora algumas projeções estimam uma população entre 1,4 bilhões e 1,6 bilhões até 2025. O Ministro de Planejamento Familiar da China indicou que a política do filho único será mantida pelo menos até 2020.[133] No entanto, essa estratégia do governo encontra resistência, particularmente nas áreas rurais do país, por causa da necessidade de trabalho agrícola e de uma tradicional preferência por meninos (que mais tarde podem servir como herdeiros do sexo masculino). As famílias que não respeitam essa política frequentemente mentem durante os censos.[134]
A decrescente confiança das estatísticas demográficas da China desde o início do planejamento familiar no final dos anos 1970 torna a avaliação da eficácia dessa política difícil.[134] Os dados do censo de 2010 indicam que a taxa de fecundidade total pode agora ser em torno de 1,4 filhos por mulher.[135] O governo está particularmente preocupado com o desequilíbrio na proporção entre os sexos no nascimento, aparentemente um resultado de uma combinação da tradicional preferência por meninos e da pressão do planejamento familiar, o que levou à proibição de utilização de dispositivos de ultrassonografia para situações não emergenciais, em uma tentativa de se evitarabortos seletivos.[136]
Segundo o censo de 2010, havia 118,06 meninos nascidos para cada 100 meninas, o que é 0,53 pontos menor do que o índice obtido em uma pesquisa por amostragem populacional realizada em 2005.[137] No entanto, a razão de sexo de 118,06 ainda está além da faixa normal de cerca de 105% e os especialistas alertam para uma crescente instabilidade social se esta tendência continuar.[138] Para a população nascida entre os anos de 1900 e 2000, estima-se que poderia haver 35,59 milhões mulheres a menos do que homens.[139] Outros demógrafos argumentam que os desequilíbrios de gênero observados podem surgir a partir do sub-registro dos nascimentos de meninas.[140] [141][142] [143] Um estudo recente sugere que até três milhões de bebês chineses sejam escondidos pelos seus pais a cada ano.[143] De acordo com o censo de 2010, os homens representavam 51,27% do total da população, enquanto as mulheres compunham 48,73% do total.[137]
Composição étnica e idiomas[editar | editar código-fonte]
Ver artigos principais: Etnias da China e Língua chinesa
A China reconhece oficialmente 56 grupos étnicos distintos, sendo o maior deles os chineses da etnia han, que constituem cerca de 91,51% da população total do país. Os han, o maior grupo étnico único do mundo, superam outros grupos étnicos chineses em cada província, município e região autônoma, exceto no Tibete e em Xinjiang. Eles são descendentes de antigas tribos huaxia que viviam ao longo do rio Amarelo.[144]
As minorias étnicas representam cerca de 8,49% da população chinesa, de acordo com o censo de 2010. Em comparação com o censo populacional de 2000, a população han aumentou em 66 537 177 pessoas, ou 5,74%, enquanto a população das 55 minorias nacionais combinadas aumentou 7 362 627 de pessoas, ou 6,92%.[144]
O censo de 2010 registrou um total de 593 832 cidadãos estrangeiros que viviam na China. Os maiores desses grupos eram provenientes da Coreia do Sul (120 750), dosEstados Unidos (71 493) e do Japão (66 159).[145]
Os idiomas mais falados na China pertencem à família linguística sino-tibetana. Há, também, vários grandes grupos linguísticos dentro da língua chinesa. As variedades mais faladas são o mandarim (nativamente falado por mais de 70% da população), o wu (inclui o xangainês), o yue (inclui o cantonês e o taishanês), o min (inclui hokkien e teochew), o xiang, o gan e o hakka. Línguas não-sínicas faladas amplamente por minorias étnicas incluem o zhuang, o mongol, o tibetano, o uigur, o hmong e o coreano. Omandarim padrão, uma variedade do mandarim baseada no dialeto de Pequim, é a língua oficial nacional e é usado como uma língua franca entre as pessoas de diferentes origens linguísticas.[146]
Urbanização[editar | editar código-fonte]
Ver também: Lista de cidades na China e Lista de cidades da República Popular da China por população
Desde 2000, as cidades chinesas têm se expandido a uma taxa média de 10% ao ano. Estima-se que a população urbana do país irá aumentar para 400 milhões de pessoas em 2025,[147] quando suas cidades irão abrigar uma população de mais de um bilhão de habitantes.[148] A taxa de urbanização do país aumentou de 17,4% para 46,6% entre 1978 e 2009, uma escala sem precedentes na história humana.[149] Entre 150 e 200 milhões de trabalhadores migrantes trabalham em tempo parcial nas grandes cidades, voltando para o campo periodicamente com os seus ganhos.[150] [151]
Hoje, a China tem dezenas de cidades com um milhão ou mais de habitantes, incluindo as três cidades globais de Pequim, Hong Kong e Xangai. Em 2025, estima-se que o país terá 221 cidades com mais de um milhão de habitantes.[148]
Religião[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Religião na China
Na China, o governo permite um grau limitado de liberdade religiosa, porém a tolerância oficial só é estendida aos membros de organizações religiosas aprovadas pelo Estado e não para aqueles que são adeptos de outras religiões. É difícil se obter o número exato de seguidores de grupos religiosos devido à falta de dados oficiais, mas há um consenso geral de que a religião no país está passando por um tipo de "ressurgimento" nos últimos 20 anos.[158] Uma pesquisa de Phil Zuckerman, no site Adherents.com, concluiu que em 1998, 59% (mais de 700 milhões de pessoas)[159] da população era irreligiosa. Enquanto outra pesquisa de 2007 constatou que existem 300 milhões de pessoas (23% da população) religiosas, divergindo do número oficial de 100 milhões.[158]
Apesar dos resultados de diferentes pesquisas, a maioria concorda que as religiões tradicionais —budismo, confucionismo, taoismo e a religião tradicional chinesa — são as religiões dominantes. De acordo com várias fontes, o budismo na China possui entre 660 milhões (50%) a 1 bilhão de membros (80%),[160] enquanto que o número de taoistas é de 400 milhões de pessoas (~30%).[161] [162] No entanto, devido ao fato de que uma pessoa pode participar de duas ou mais destas crenças tradicionais e, ao mesmo tempo, pela dificuldade em diferenciar claramente o budismo, o confucionismo, o taoismo e a religião tradicional chinesa, o número de adeptos dessas religiões podem ser sobrepostos. Além disso, os seguidores do budismo e do taoismo não são considerados necessariamente religiosos por aqueles que seguem tais filosofias.[163] [164] [165]
Das religiões minoritárias, o cristianismo tem sido particularmente destacado como uma das de mais rápido crescimento (especialmente desde os últimos 200 anos) e, hoje, possui entre 40 milhões (3%)[158] [166] a 54 milhões (4%) de seguidores,[167] de acordo com pesquisas independentes, enquanto as estimativas oficiais sugerem que há apenas 16 milhões de cristãos no país.[168] O islamismo também está presente no país, porém estatísticas sobre o tema são difíceis de serem encontradas e os valores que a maioria das estimativas fornecem ficam em torno de 20 e 30 milhões de muçulmanos (1,5% a 2% da população).[169] [170] [171] [172] Existem também seguidores de outras religiões minoritárias, como o hinduísmo, odongbaismo, o bön e uma série de novas religiões e seitas. Em julho de 1999, a prática espiritual da seita Falun Gong foi oficialmente proibida pelas autoridades[173] e vários organismos internacionais têm criticado o tratamento do governo a esse grupo.[174]
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