Em 16 de dezembro de 1944, a Alemanha tentou sua última e desesperada medida para obter sucesso na Frente Ocidental, usando a maior parte das suas reservas restantes para lançar uma grande contra-ofensiva nas Ardenas para tentar dividir os Aliados ocidentais, cercar grandes porções de tropas aliadas e tomar a sua porta de alimentação primária na Antuérpia, com o objetivo de levar a uma solução política.[230] Em janeiro, a ofensiva tinha sido repelida sem cumprir os seus objetivos estratégicos.[230] Na Itália, os Aliados ocidentais ficaram num impasse na linha defensiva alemã. Em meados de janeiro de 1945, os soviéticos atacaram na Polônia, movendo-se do Vístula ao rio Oder, na Alemanha, e invadiram a Prússia Oriental.[231] Em 4 de fevereiro, os líderes norte-americanos, britânicos e soviéticos se encontraram na Conferência de Yalta. Eles concordaram com a ocupação da Alemanha no pós-guerra[232] e sobre quando a União Soviética iria se juntar à guerra contra o Japão.[233]
Em fevereiro, os soviéticos invadiram a Silésia e a Pomerânia, enquanto Aliados ocidentais entraram na Alemanha Ocidental e aproximaram-se do rio Reno. Em março, os Aliados ocidentais atravessaram o norte do Reno e o sul do Ruhr, cercando o Grupo de Exércitos B alemão,[234] enquanto os soviéticos avançaram para Viena. No início de abril, os Aliados ocidentais finalmente avançaram na Itália e atravessaram a Alemanha Ocidental, enquanto as forças soviéticas invadiram Berlim no final de abril; as duas forças encontraram-se no rio Elba em 25 de abril. Em 30 de abril de 1945, o Reichstag foi capturado, simbolizando a derrota militar do Terceiro Reich.[235]
Várias mudanças de liderança ocorreram durante este período. Em 12 de abril, o então presidente dos Estados Unidos, Roosevelt, morreu e foi sucedido por Harry S. Truman. Benito Mussolini foi morto por partisans italianos em 28 de abril.[236] Dois dias depois, Hitler cometeu suicídio e foi sucedido pelo Grande Almirante Karl Dönitz.[237]
Na Itália, a rendição assinada em 29 de abril pelo comando das forças alemãs naquele país, se efetivou em 2 de maio.[238] O tratado de rendição alemão foi assinado em 7 de maio em Reims[239] e ratificado em 8 de maio em Berlim.[240] O Grupo de Exércitos Centro alemão resistiu em Praga até o dia 11 de maio.[241]
No Pacífico, as forças estadunidenses acompanhadas por forças da Comunidade das Filipinas avançaram no território filipino, tomando Leyte até o final de abril de 1945. Eles desembarcaram em Luzon em janeiro de 1945 e ocuparam Manila em março, deixando-a em ruínas. Combates continuaram em Luzon, Mindanao e em outras ilhas das Filipinas até o final da guerra.[242]
Em maio de 1945, tropas australianas aterraram em Bornéu. Forças britânicas, estadunidenses e chinesas derrotaram os japoneses no norte da Birmânia em março e os britânicos chegaram a Yangon em 3 de maio.[243] Forças estadunidenses também chegam ao Japão, tomando Iwo Jima em março e Okinawa até o final de junho.[244] Bombardeiros estadunidenses destroem as cidades japonesas e submarinos bloqueiam as importações do país.[245]
Em 11 de julho, os líderes Aliados se reuniram em Potsdam, na Alemanha. Lá eles confirmam acordos anteriores sobre a Alemanha[246] e reiteram a exigência de rendição incondicional de todas as forças japonesas, especificamente afirmando que "a alternativa para o Japão é a rápida e total destruição."[247] Durante esta conferência, o Reino Unido realizou a sua eleição geral e Clement Attlee substitui Churchill como primeiro-ministro.[248]
Como o Japão continuou a ignorar os termos de Potsdam, os Estados Unidos lançam bombas atômicas sobre as cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki em agosto. Entre as duas bombas, os soviéticos, em conformidade com o acordo de Yalta, invadem a Manchúria, dominada pelos japoneses e rapidamente derrotam o Exército de Guangdong, que era a principal força de combate japonesa.[249][250] O Exército Vermelho também captura a ilha Sacalina e as ilhas Curilas. Em 15 de agosto de 1945 o Japão se rende, sendo os documentos de rendição finalmente assinados a bordo do convés do navio de guerra americano USS Missouri em 2 de setembro de 1945, o que pôs fim à guerra.[239]
Consequências
Ver artigos principais: Zonas ocupadas pelos Aliados na Áustria, Zonas ocupadas pelos Aliados na Alemanha, Expulsão dos alemães após a Segunda Guerra Mundial, Plano Marshall, Organização das Nações Unidas e Guerra Fria
Os Aliados estabeleceram administrações de ocupação na Áustria e na Alemanha. O primeiro se tornou um estado neutro, não alinhado com qualquer bloco político. O último foi dividido em zonas de ocupação ocidentais e orientais controlada pelos Aliados Ocidentais e pela União Soviética, respectivamente ( ver: Conselho de Controlo Aliado). Um programa de "desnazificação" da Alemanha levou à condenação de criminosos de guerra nazistas e à remoção de ex-nazistas do poder, ainda que esta política tenha se alterado para a anistia e a reintegração dos ex-nazistas na sociedade da Alemanha Ocidental.[251] A Alemanha perdeu um quarto dos seus territórios pré-guerra (1937); os territórios orientais: Silésia, Neumark e a maior parte da Pomerânia foram assumidos pela Polônia; a Prússia Oriental foi dividida entre a Polônia e a URSS, seguida pela expulsão de 9 milhões de alemães dessas províncias, bem como de 3 milhões de alemães dos Sudetos, na Tchecoslováquia, para a Alemanha. Na década de 1950, um em cada cinco habitantes da Alemanha Ocidental era um refugiado do leste. A URSS também assumiu as províncias polonesas a leste da linha Curzon (das quais 2 milhões de poloneses foram expulsos),[252] leste da Romênia,[253][254] e parte do leste da Finlândia[255] e três países Bálticos.[256][257]
Em um esforço para manter a paz,[258] os Aliados formaram a Organização das Nações Unidas (ONU), que oficialmente passou a existir em 24 de outubro de 1945,[259] e aprovaram a Declaração Universal dos Direitos Humanos em 1948, como um padrão comum para todos os Estados-membro.[260] A aliança entre os Aliados Ocidentais e a União Soviética havia começado a deteriorar-se ainda antes da guerra,[261] a Alemanha havia sido dividida de facto e dois Estados independentes, a República Federal da Alemanha e a República Democrática Alemã,[262] foram criados dentro das fronteiras das zonas de ocupação dos Aliados e dos Soviéticos, respectivamente. O resto da Europa também foi dividido em esferas de influência ocidentais e soviéticas.[263] A maioria dos países europeus orientais e centrais ficaram sob a esfera soviética, o que levou à criação de regimes comunistas, com o apoio total ou parcial das autoridades soviéticas de ocupação (ver: Ocupações soviéticas). Como resultado, Polônia, Hungria,[264]Tchecoslováquia,[265] Romênia, Albânia,[266] e a Alemanha Oriental tornaram-se Estados satélite dos soviéticos. A Iugoslávia comunista realizou uma política totalmente independente, o que causou tensão com a URSS[267] (ver: Ruptura Tito-Stalin).
A divisão pós-guerra do mundo foi formalizada por duas alianças militares internacionais, a Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), liderada pelos Estados Unidos, e o Pacto de Varsóvia, liderado pela União Soviética;[268] o longo período de tensões políticas e militares proveniente da concorrência entre esses dois grupos, a Guerra Fria, seria acompanhado de uma corrida armamentista sem precedentes e guerras por procuração.[269]
Na Ásia, os Estados Unidos ocuparam o Japão e administraram as antigas ilhas japonesas no Pacífico Ocidental, enquanto os soviéticos anexaram a ilha Sacalina e as ilhas Curilas.[270] A Coreia, anteriormente sob o domínio japonês, foi dividida e ocupada pelos Estados Unidos no Sul e pela União Soviética no Norte entre 1945 e 1948. Repúblicas separadas então surgiram em ambos os lados do paralelo 38 em 1948, cada uma afirmando ser o governo legítimo de toda a Coreia, o que levou à Guerra da Coreia.[271] Na China, forças nacionalistas e comunistas retomaram a guerra civil em junho de 1946. As forças comunistas foram vitoriosas e estabeleceram a República Popular da China no continente, enquanto as forças nacionalistas refugiaram-se na ilha de Taiwan em 1949 e fundaram a República da China.[272] No Oriente Médio, a rejeição árabe ao Plano de Partilha da Palestina da ONU e à criação de Israel, marcou a escalada do conflito árabe-israelense. Enquanto as potências coloniais europeias tentaram reter parte ou a totalidade de seus impérios coloniais, a sua perda de prestígio e de recursos durante a guerra fracassou seus objetivos, levando à descolonização da Ásia e da África.[273][274]
A economia mundial sofreu muito com a guerra, embora os participantes da Segunda Guerra Mundial tenham sido afetados de forma diferente. Os Estados Unidos emergiram muito mais ricos do que qualquer outra nação; no país aconteceu o "baby boom" e em 1950 seu produto interno bruto (PIB) per capita era maior do que o de qualquer outra potência e isso levou-o a dominar a economia mundial.[275][276] O Reino Unido e os Estados Unidos implementaram uma política de desarmamento industrial na Alemanha Ocidental entre os anos de 1945 e 1948.[277] Devido à interdependência do comércio internacional, este levou à estagnação da economia europeia e o atraso, em vários anos, da recuperação do continente.[278][279]
A recuperação começou com a reforma monetária de meados de 1948 na Alemanha Ocidental e foi acelerada pela liberalização da política econômica europeia, que o Plano Marshall (1948-1951) causou tanto direta quanto indiretamente.[280][281] A recuperação pós-1948 da Alemanha Ocidental foi chamada de milagre econômico alemão.[282] Além disso, as economias italiana[283][284] e francesa também se recuperaram.[285] Em contrapartida, o Reino Unido estava em um estado de ruína econômica[286] e entrou em um relativo declínio econômico contínuo ao longo de décadas.[287]
A União Soviética, apesar dos enormes prejuízos humanos e materiais, também experimentou um rápido aumento da produção no pós-guerra imediato.[288] O Japão passou por um crescimento econômico incrivelmente rápido, tornando-se uma das economias mais poderosas do mundo na década de 1980.[289] A China voltou a sua produção industrial de pré-guerra em 1952.[290]
Impactos
Mortos e crimes de guerra
Ver artigos principais: Crimes de guerra do Japão Imperial, Crimes de guerra dos Aliados, Julgamentos de Nuremberg e Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente
Ver também: Mortos na Segunda Guerra Mundial
As estimativas para o total de mortos na guerra variam, pois muitas mortes não foram registradas. A maioria sugere que cerca de 60 milhões de pessoas morreram no conflito, incluindo cerca de 20 milhões de soldados e 40 milhões de civis.[291][292][293] Somente na Europa, houve 36 milhões de mortes, sendo a metade de civis. Muitos civis morreram por causa de doenças, fome, massacres, bombardeios e genocídios deliberados. A União Soviética perdeu cerca de 27 milhões de pessoas durante a guerra,[294] quase metade de todas as mortes da Segunda Guerra Mundial.[295] Um em cada quatro cidadãos soviéticos foram mortos ou feridos nesse conflito.[296]
Do total de óbitos na Segunda Guerra Mundial cerca de 85 por cento, na maior parte soviéticos e chineses, foram do lado dos Aliados e 15 por cento do lado do Eixo. Muitas dessas mortes foram causadas por crimes de guerra cometidos pelas forças alemãs e japonesas nos territórios ocupados. Estima-se que entre 11[297] e 17[298] milhões de civis morreram como resultado direto ou indireto das políticas ideológicas nazistas, incluindo o genocídio sistemático de cerca de seis milhões de judeus durante o Holocausto, juntamente com mais cinco milhões de ciganos, eslavos, homossexuais e outras minorias étnicas e grupos minoritários.[299] Aproximadamente 7,5 milhões de civis morreram na China durante a ocupação japonesa[300] e os sérvios foram alvejados pela Ustaše, organização croata alinhada ao Eixo.[301]
A atrocidade mais conhecida cometida pelo Império do Japão foi o Massacre de Nanquim, na qual centenas de milhares de civis chineses foram estuprados e assassinados.[302] Entre 3 milhões e 10 milhões de civis, a maioria chineses, foram mortos pelas forças de ocupação japonesas.[303] Mitsuyoshi Himeta registrou 2,7 milhões de vítimas durante a política conhecida como Sanko Sakusen. O general Yasuji Okamura implementou a política em Heipei e Shandong.[304]
As forças do Eixo fizeram uso de armas biológicas e químicas. Os italianos usaram gás mostarda durante a conquista da Abissínia,[305] enquanto o Exército Imperial Japonês usou vários tipos de armas biológicas durante a invasão e ocupação da China e nos conflitos iniciais contra os soviéticos.[306] Tanto os alemães quanto os japoneses testaram tais armas contra civis e, em alguns casos, sobre prisioneiros de guerra. A Alemanha nazista e o Império Japão realizaram experiências utilizando seres humanos como cobaias (ver: Experimentos humanos nazistas [307] e Unidade 731 [308][309]) Temendo punições, vários criminosos de guerra fugiram da Europa após término do conflito. As rotas de fuga usadas por estes criminosos ficaram conhecidas como as "linhas de ratos" (Ratlines).
Embora muitos dos atos do Eixo tenham sido levados a julgamento nos primeiros tribunais internacionais,[310] muitos dos crimes causados pelos Aliados não foram julgados. Entre os exemplos de ações dos Aliados estão as transferências populacionais na União Soviética e o internamento de estadunidenses-japoneses em campos de concentração nos Estados Unidos; a Operação Keelhaul,[311] a expulsão dos alemães após a Segunda Guerra Mundial, os estupros em massa de mulheres alemãs pelo Exército Vermelho Soviético; o Massacre de Katyn cometido pela União Soviética, para o qual os alemães enfrentaram contra-acusações de responsabilidade. O grande número de mortes por fome também pode ser parcialmente atribuído à guerra, como a fome de 1943 em Bengala e a fome de 1945 no Vietnã.[312]
Também tem sido sugerido como crimes de guerra por alguns historiadores o bombardeio em massa de áreas civis em território inimigo, incluindo Tóquio e mais notadamente nas cidades alemãs de Dresden, Hamburgo e Colônia pelos Aliados ocidentais,[313] que resultou na destruição de mais de 160 cidades e matou um total de mais de 600 mil civis alemães.[314]
Campos de concentração e escravidão
Ver artigos principais: Holocausto, Gulag, Campo de concentração, Campo de extermínio, Gueto e Triângulos do Holocausto
Ver também: Lista dos campos de concentração nazistas
Os nazistas foram responsáveis pelo Holocausto, a matança de cerca de seis milhões de judeus (esmagadoramente asquenazes), bem como dois milhões de poloneses e quatro milhões de outros que foram considerados "indignos de viver" (incluindo os deficientes e doentes mentais, prisioneiros de guerra soviéticos, homossexuais, maçons, testemunhas de jeová e ciganos), como parte de um programa de extermínio deliberado. Cerca de 12 milhões, a maioria dos quais eram do Leste Europeu, foram empregados na economia de guerra alemã como trabalhadores forçados.[315]
Além de campos de concentração nazistas, os gulags soviéticos (campos de trabalho) levaram à morte de cidadãos dos países ocupados, como a Polônia, Lituânia, Letônia e Estônia, bem como prisioneiros de guerra alemães e até mesmo cidadãos soviéticos que foram considerados apoiadores ou simpatizantes dos nazistas.[316] Sessenta por cento dos prisioneiros de guerra soviéticos dos alemães morreram durante a guerra.[317] Richard Overy aponta o número de 5,7 milhões de prisioneiros de guerra soviéticos. Destes, cinquenta e sete por cento morreram ou foram mortos, um total de 3,6 milhões.[318] Ex-prisioneiros de guerra soviéticos e civis repatriados foram tratados com grande suspeita e como potenciais colaboradores dos nazistas e alguns deles foram enviados para gulags no momento da revista pelo NKVD.[319]
Os campos de prisioneiros de guerra do Japão, muitos dos quais foram utilizados como campos de trabalho, também tiveram altas taxas de mortalidade. O Tribunal Militar Internacional para o Extremo Oriente concluiu que a a taxa de mortalidade de prisioneiros ocidentais foi de 27,1 por cento (para prisioneiros de guerra estadunidenses, 37 por cento),[320] sete vezes maior do que os prisioneiros de guerra dos alemães e italianos.[321] Apesar de 37.583 prisioneiros do Reino Unido, 28.500 da Holanda e 14.473 dos Estados Unidos tenham sido libertados após a rendição do Japão, o número de chineses foi de apenas 56.[321]
Segundo o historiador Zhifen Ju, pelo menos cinco milhões de civis chineses do norte da China e de Manchukuo foram escravizados pelo Conselho de Desenvolvimento da Ásia Oriental, ou Kōain, entre 1935 e 1941, para trabalhar nas minas e indústrias de guerra. Após 1942, esse número atingiu 10 milhões.[322] A Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos estima que, em Java, entre 4 e 10 milhões de romushas (em japonês: "trabalhadores braçais") foram forçados a trabalhar pelos militares japoneses. Cerca de 270.000 destes trabalhadores javaneses foram enviados para outras áreas dominadas pelos japoneses no Sudeste Asiático e somente 52.000 foram repatriados para Java.[323]
Em 19 de fevereiro de 1942, Roosevelt assinou a Ordem Executiva 9066, internando milhares de japoneses, italianos, estadunidenses, alemães e alguns emigrantes do Havaí que fugiram após o bombardeio de Pearl Harbor durante o período da guerra. Os governos dos Estados Unidos e do Canadá internaram 150.000 estadunidenses-japoneses,[324][325] bem como cerca de 11.000 alemães e italianos residentes nos EUA[324] (ver: Campos de concentração nos Estados Unidos).
Em conformidade com o acordo Aliado feito na Conferência de Ialta, milhões de prisioneiros de guerra e civis foram usados em trabalhos forçado por parte da União Soviética.[326] No caso da Hungria, os húngaros foram forçados a trabalhar para a União Soviética até 1955.[327]
Produção econômica e militar
Na Europa, antes da eclosão da guerra, os Aliados tinham vantagens significativas em termos populacionais e econômicos. Em 1938, os aliados ocidentais (Reino Unido, França, Polônia e os Domínios Britânicos) tinham uma população e um produto interno bruto (PIB) 30% maior do que os do Eixo Europeu (Alemanha e Itália); se as colônias fossem incluídas, a vantagem dos Aliados seria ainda maior, de 5:1 em população e quase 2:1 em PIB.[328] Ao mesmo tempo na Ásia, a China tinha cerca de seis vezes a população do Império do Japão, mas um PIB apenas 89% mais elevado, o que seria reduzido a três vezes em termos populacionais e apenas 38% do PIB mais elevado se as colônias japonesas fossem incluídas.[328]
Apesar das vantagens econômicas e populacionais dos Aliados terem sido amplamente mitigadas durante os primeiros ataques rápidos da blitzkrieg da Alemanha e do Japão, elas se tornaram um fator decisivo em 1942, depois que os Estados Unidos e a União Soviética juntaram-se aos Aliados, quando a guerra em grande parte resolveu-se em conflitos.[329] Embora a maior capacidade de produção dos Aliados em relação ao Eixo muitas vezes seja atribuída aos maiores acessos à recursos naturais, outros fatores, como a relutância da Alemanha e do Japão em empregar as mulheres em sua força de trabalho,[330][331] o bombardeio estratégico feito pelos Aliados[332][333] e a transformação tardia da Alemanha para uma economia de guerra[334] também contribuíram de forma significativa. Além disso, nem a Alemanha nem o Japão planejavam lutar em uma guerra prolongada e, portanto, não se prepararam para isso.[335][336] Para melhorar a sua produção, Alemanha e Japão utilizaram milhões de trabalhadores escravos;[337] a Alemanha usou cerca de 12 milhões de pessoas, principalmente da Europa Oriental,[315] enquanto o Japão escravizou mais de 18 milhões de pessoas no Extremo Oriente da Ásia.[322][323]
Ocupações
Ver artigos principais: Europa ocupada pela Alemanha Nazista, Esfera de Coprosperidade da Grande Ásia Oriental e Grande Itália
Na Europa, a ocupação se deu sob duas formas muito diferentes. Na Europa Ocidental, do Norte e Central (França, Noruega, Dinamarca, Países Baixos e as porções anexadas da Checoslováquia) a Alemanha estabeleceu políticas econômicas através das quais recolheu cerca de 69,5 bilhões de reichsmarks (27,8 mil milhões de dólares) até o final da guerra; este valor não inclui o considerável saque de produtos industriais, equipamentos militares, matérias-primas e outros bens.[338] Assim, a renda das nações ocupadas era superior a 40 por cento da renda alemã recolhida através de impostos, um número que aumentou para quase 40 por cento da receita total da Alemanha com a continuação da guerra.[339]
No Leste Europeu, a tão esperada recompensa que seria trazida pela conquista do Lebensraum nunca foi alcançada por causa das fronteiras instáveis durante os conflitos e pela política soviética de "terra arrasada", que impediu a posse dos recursos pelos invasores alemães.[340] Ao contrário do Ocidente, a política racial nazista incentivou a brutalidade excessiva contra o que considerava Untermensch ("povos inferiores") de descendência eslava; a maior parte dos avanços alemães foram seguidos de execuções em massa.[341] Embora certos grupos de resistência (Partisans) tenham se formado na maioria dos territórios ocupados, eles não prejudicaram de forma significativa as operações alemãs tanto no Oriente[342] quanto no Ocidente até o final de 1943.[343] Também na Alemanha, alguns grupos e indivíduos em ações isoladas fizeram oposição ao regime. Este movimento de oposição interna, pouco expressivo e disperso, ficou conhecido como a resistência alemã.
Na Ásia, o Império do Japão denominou as nações sob a sua ocupação como sendo parte da "Esfera de Coprosperidade da Grande Ásia Oriental", o que, essencialmente, era uma hegemonia japonesa que se dizia ser a libertadora dos povos colonizados.[344] Embora as forças japonesas tenham sido originalmente recebidas como libertadoras da dominação dos impérios europeus em muitos territórios, sua excessiva brutalidade pôs a opinião pública local contra eles dentro de semanas.[345] Durante a sua conquista inicial, o Japão capturou 4.000.000 barris (640 mil m³) de petróleo (~5,5 × 105 toneladas) deixados para trás durante a retirada das forças aliadas e, em 1943, foi capaz de obter a produção das Índias Orientais Holandesas de até 50 milhões de barris (~ 6,8 × 106 t), 76 por cento de sua taxa de produção de 1940.[345]
Desenvolvimento tecnológico e militar
Mais informações: Ciência militar
Vários aviões foram usados para reconhecimento, como caças, bombardeiros e aeronaves de apoio no solo, sendo que cada uma dessas funções avançou consideravelmente durante o conflito. A inovação incluiu o transporte aéreo tático (a capacidade de mover rapidamente suprimentos, equipamentos e pessoal limitados e de alta prioridade);[347] e o bombardeio estratégico (o bombardeio de áreas civis para destruir a indústria e o moral).[348] O armamento anti-aéreo também avançou, incluindo defesas como o radar e a artilharia superfície-ar, tais como o canhão alemão de 88 milímetros. O uso de aviões a jato foi pioneiro e embora a sua introdução tardia ter tido pouco impacto na guerra, levou esse tipo de aeronave a se tornar padrão nas forças aéreas em todo o mundo.[349]
Avanços também foram feitos em quase todos os aspectos da guerra naval, principalmente com os porta-aviões e submarinos. Embora, no início da guerra a aeronáutica tenha tido relativamente pouco sucesso, as ações em Taranto, Pearl Harbor, Mar da China Meridional e Mar de Coral estabeleceram o porta-aviões como o principal navio dominante no lugar do couraçado.[350][351][352]
No Atlântico, os porta-aviões de escolta tornaram-se uma parte vital de comboios aliados, ao aumentar eficazmente o raio de proteção e ao ajudar a fechar a "lacuna mesoatlântica".[353] Os porta-aviões eram também mais econômicos do que os navios de guerra devido ao custo relativamente baixo das aeronaves[354] e de não necessitarem ser tão fortemente blindados.[355] Os submarinos, que tinham provado ser uma arma eficaz durante a Primeira Guerra Mundial[356] foram fortemente usados pelos dois lados nesse conflito. O desenvolvimento britânico focou-se em armamento e táticas antissubmarinos, como o sonar e os comboios navais, enquanto a Alemanha concentrou-se em melhorar a sua capacidade ofensiva, com projetos como os submarinos tipo VII, Tipo XXI e táticas rudeltaktik.[357]
A guerra terrestre mudou das linhas de batalha estáticas da Primeira Guerra Mundial para uma maior mobilidade e o uso de armas combinadas. O tanque, que tinha sido utilizado predominantemente para apoio da infantaria na Primeira Guerra Mundial, tinha evoluído para a arma principal.[358] No final dos anos 1930, os projetos de tanques estavam consideravelmente mais avançados do que durante a Primeira Guerra Mundial e os avanços continuaram durante a guerra em aspectos como o aumento da velocidade, blindagem e poder de fogo.[359]
No início do conflito, a maioria dos comandantes pensava que os tanques inimigos tinham especificações superiores.[360] Esta ideia foi contestada pelo fraco desempenho das armas relativamente leves dos primeiros tanques contra a blindagem e pela doutrina alemã de evitar combates entre tanques. Isto, juntamente com o uso de armas combinadas pela Alemanha, estava entre os elementos-chave de suas bem-sucedidas táticas de blitzkrieg em toda a Polônia e França.[358] Muitas armas antitanque, como artilharia indireta, minas, armas de infantaria de curto alcance e outros tipos de tanques foram utilizados.[360] Mesmo com a grande mecanização, a infantaria permaneceu como a espinha dorsal de todas as forças,[361] e durante a guerra muitas delas foram equipadas de forma semelhante à da Primeira Guerra Mundial.[362]
As metralhadoras portáteis se espalharam, sendo um exemplo notável a alemã MG42 e várias submetralhadoras que foram adaptadas para o combate próximo em ambientes urbanos e de selva.[362] O rifle de assalto, um desenvolvimento de guerra recente que incorporou muitas características do fuzil e da metralhadora, tornou-se a arma de infantaria padrão do pós-guerra para a maioria das forças armadas.[363][364]
A maioria dos grandes beligerantes tentou resolver os problemas de complexidade e de segurança apresentados utilizando grandes livros-códigos para criptografia com o uso de máquinas de cifra, sendo a máquina alemã Enigma a mais conhecida.[365] O SIGINT era o processo contrário de descriptografia, sendo que o exemplo mais notável de aplicação foi a quebra dos códigos navais japoneses pelos Aliados.[366] O britânico Ultra, que era derivado da metodologia dada ao Reino Unido pelo Biuro Szyfrów polonês, tinha decodificado a Enigma sete anos antes da guerra.[367] Outro aspecto da inteligência militar era o processo de desinformação, que os Aliados usaram com grande efeito, como nas operações Mincemeat e Bodyguard.[366][368] Outras proezas tecnológicas e de engenharia alcançadas durante ou como resultado da guerra incluem os primeiros computadores programáveis do mundo (Z3, Colossus e ENIAC), mísseis guiados e foguetes modernos, o desenvolvimento do Projeto Manhattan de armas nucleares, as pesquisas operacionais e o desenvolvimento de portos e oleodutos artificiais sob o Canal da Mancha.[369]
Ver também
- Brasil na Segunda Guerra Mundial
- Cronologia do Brasil durante a Segunda Guerra Mundial
- Portugal na Segunda Guerra Mundial
- Vaticano durante a Segunda Guerra Mundial
- Auschwitz-Birkenau
- Gueto de Varsóvia
- Muralha do Atlântico
- Logística na Segunda Guerra Mundial
- Segunda Guerra Mundial na cultura contemporânea
Referências
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