A colheita é uma das etapas mais importantes para o rendimento final do sistema produtivo do gergelim, pois perdas de sementes de 50%, ou mais, podem ocorrer em decorrência da abertura dos frutos depois da maturação completa. Além disso, a qualidade das sementes também pode ser afetada caso haja chuvas nos frutos abertos. A colheita do gergelim deve ser programada para a época de estiagem e em sincronia com o ciclo da cultivar que, na maioria, é de 90 a 110 dias.
A operação de colheita deve ser feita assim que as hastes, folhas e frutos atinjam o amarelecimento completo e antes que os frutos estejam totalmente abertos. Em cultivares deiscentes, os frutos da base abrem-se mais cedo, o que indica o momento exato para se iniciar a colheita.
Normalmente, a colheita do gergelim é feita de forma manual, com rendimento de 0,2 a 0,3 ha/hora/homem. As plantas devem ser cortadas na base, a uma distância de 20 cm do solo, e amarradas com barbante, cipó ou embira, em feixes pequenos de 30 cm de diâmetro, que são empilhados no campo em forma de meda ou encostados em cercas, com os ápices para cima (Fig. 1) para secagem ao sol, durante 10 dias, aproximadamente. Quando as hastes estiverem secas, faz-se a batedura para separar as sementes dos frutos. Por ser a etapa mais trabalhosa, representa cerca de 60% a 70% do custo total de produção.
Batedura, limpeza e ventilação
A batedura deve ser feita sobre lona ou pano de algodão, a fim de facilitar a coleta das sementes, a limpeza e ventilação, bem como a exposição ao sol para completar a secagem. Para batedura, pode-se usar um pedaço de madeira ou bater plantas contra outras. Para limpeza e ventilação, normalmente são utilizadas duas peneiras: uma de malha grossa (Ref. 60), para pré-limpeza, deixando passar o gergelim e retendo os restos culturais, e uma segunda de malha fina (Ref. 35), para remoção de materiais bem pequenos. A maturação do gergelim não é uniforme porque os frutos na planta apresentam idades diferentes, afetando a eficiência do processo de colheita. Dependendo da cultivar, são necessárias até três bateduras para soltar todas as sementes.
Na colheita mecanizada devem ser usadas cultivares indeiscentes, que hoje é restrito a países como Estados Unidos, Venezuela e Colômbia onde foram desenvolvidas cultivares aptas para colheita mecânica e simultaneamente a adaptação de máquinas e implementos para esta finalidade. Pode-se ainda, usar o sistema alternativo, com o uso de cultivares deiscentes de maturação uniforme, fundamental para garantir a eficiência da operação de colheita, no que diz respeito a perda de sementes ocasionada pela abertura dos frutos. Uma opção seria o uso de herbicidas dessecantes, como diquat e paraquat antes da abertura dos frutos. Mazzani (1983) recomenda o uso do herbicida diquat para dessecação das plantas, na dosagem de 1 kg i.a/ha e Bolivar & Bonilla (1999) relatam o uso de 2 a 3 litros (produto comercial) do paraquat dependendo do porte e do momento da maturação fisiológica das plantas.
No Estado de Goiás, onde o gergelim vem sendo cultivado em grande escala, produtores efetuaram adaptação para colheita mecânica parcial, em que as plantas são cortadas manualmente e deixadas para secar no campo em forma de meda (Fig. 2) em seguida é efetuado batimento das plantas através de uma colheitadeira de cereal adaptada. As adaptações consistem na feitura de uma plataforma totalmente em chapa para recebimento das plantas do gergelim (Fig. 3). Da plataforma, as plantas são direcionadas para a boca de alimentação da máquina (Fig. 4), que as conduzem por meio de correias alimentadoras até o cilíndro batedor e côncavo. A rotação do cilíndro batedor deve ser ajustada para a cultura do gergelim. A seguir o material batido passa por peneiras, que devem se específicas para sementes miúdas, para separar estas do restante da planta. Uma vez limpa as sementes, estas são conduzidas ao depósito da máquina para posteriormente serem descarregadas em sacos de polipropileno (Figuras 5 e 6).
Fig. 2. Medas de gergelim secando no campo
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Fig. 3. Colheitadeira de cereal adaptada para cultura do gergelim
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Fig. 4. Detalhe da boca de alimentação
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Fig. 5. Detalhe da saída de sementes de gergelim, após trilhagem e batedura.
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Fig. 6. Sementes de gergelim ensacadas.
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A ventilação, que pode ser natural ou artificial, auxilia na eliminação de impurezas por diferença de densidade. Sujeiras, terra, pedras, pedaços de pau desvalorizam e prejudicam a comercialização do produto final.
Depois da colheita e da secagem das sementes, faz-se a limpeza definitiva (abanação e retirada de folhas e pedaços de galhos) e, em seguida, o ensacamento e armazenamento, obedecendo às normas gerais de armazenamento, como local ventilado, sobre estrado de madeira, proteção contra chuvas e orvalho etc.
Comercialização
No Nordeste, a comercialização do gergelim é bastante pulverizada e de difícil organização, principalmente por ser proveniente de pequenos agricultores, onde se concentra a maior parte da produção. Nessa situação, o ideal é que os agricultores se organizem em cooperativa e associações para fomentar o cultivo em comunidade visando um planejamento antecipado E a partir desse sistema de organização, explorar a agregação de valores à produção, seja através da extração de óleo ou pelo processamento dos grãos para uso na alimentação, pois existe um mercado potencial em expansão para a indústria óleoquímica e alimentícia (bolos, pães, biscoitos, doces, etc.), podendo constituir-se em fontes de alimentos e renda que irão contribuir significativamente para melhorar a dieta alimentar e desenvolvimento com sustentabilidade, principalmente pelo fato de o consumo nacional apresentar-se superior à oferta da matéria prima. para maior eficiência e rentabilidade da exploração do gergelim, principalmente pelo fato de o consumo nacional apresentar-se superior à oferta do produto.
No setor industrial existem algumas firmas compradoras tradicionais, como a Istambul e a Sesamo Real, ambas de SP, e outras pequenas empresas como a COOPERNUT e a Produtos do SOL na Paraíba que processam o gergelim para a produção de concentrados protéicos e fazem esmagamento para obter óleo vegetal.
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