terça-feira, 16 de setembro de 2014

E AGORA A VIDA E HISTORIA DE FREI DAMIAO

História de Frei Damião


Enquanto faz absoluto silencio sobre o processo de reabilitação do Padre Cícero, o Santo do Nordeste, o Vaticano acelera o processo de canonização de Frei Damião(foto), o Missionário do Nordeste. “Cremos que dentro de dois anos já teremos a beatificação de Frei Damião, penúltimo passo mais importante para a sua santificação” . É o que afirma em entrevista exclusiva ao Juanorte, o responsável pela Causa de Frei Damião no Brasil, frei Jociel Gomes, do Convento de Nossa Senhora da Penha, no Recife. Para isso, segundo ele, a Igreja Católica vai investigar a comprovação de três milagres atribuídos a Frei Damião. Se ao menos um for aceito Frei Damião será beatificado.Depois de nove anos de pesquisa e recolhimento de relatos no Nordeste brasileiro, o Vaticano recebeu, exatamente há um mês, a documentação para análise do processo de beatificação e canonização de frei Damião, o chamado “Andarilho de Deus” e considerado um verdadeiro santo pelos católicos do Nordeste, região onde passou toda a sua vida fazendo missões. Documentação foi entregue ao prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, cardeal Ângelo Amato, durante missa na Basílica de São Paulo, em Roma, pelo vice-postuladro da Causa de Frei Damião, o frade capuchinho do Recife, Frei Jociel Gomes, que esteve acompanhado do postulador geral da Ordem Franciscana, Fei Florio Tessari. De acordo com Frei Jociel Gomes, falando ao Juanorte desde o Recife, a partir de agora, comissões da Congregação irão analisar toda a documentação entregue, o que será feito com atenção especial e prioritária, conforme prometeu o cardeal Âsngelo Amato. “Para Frei Damião ser beatificado, será necessário que a Igreja aceite um milagre por sua intercessão após a morte dele. Depois, será necessária a confirmação de um milagre após a sua beatificação. Estamos confiantes na santidade de Frei Damião e na sua rápida canonização”, assegura Frei Jociel Gomes, entusiasmado com a causa. O processo de canonização de frei Damião foi aberto oficialmente em 31 de janeiro de 2003, cinco anos após sua morte, como determina o direito canônico. Após a licença da Igreja para iniciar os estudos, começou a fase diocesana do processo no Recife com recolhimento de depoimentos de testemunhas de pessoas que relataram milagres graças à intersessão do frei. Essa fase é a mais importante do processo, já que inclui a pesquisa completa sobre vida e obras do postulante a santo. Durante esses nove anos, desde 2003, duas comissões (uma histórica e outra teológica) estiveram viajando em busca de relatos da vida pessoal e religiosa do frei pelo Nordeste. Dezenas de testemunhos de supostos milagres foram ouvidos e analisados. Ao final, três dos milagres, ocorridos no Nordeste, foram escolhidos como principais e apresentados como mais significativos ao Vaticano como prova da santidade do Frei Damião. Os relatos serão mantidos em sigilo. “A Igreja pede a apresentação de um milagre comprovado, alcançado através da intercessão do candidato à beatificação. Só valem milagres acontecidos após a morte dele. No decorrer da primeira etapa, recolhem-se relatos de graças ou curas extraordinárias. Forma-se outro tribunal canônico. Convocam-se testemunhas e médicos, para examinar as curas apresentadas", explicou frei Jociel Gomes. Segundo ele, caso seja reconhecido um milagre do frei Damião após sua morte, ele será beatificado. “Se uma cura for declarada inexplicável pela medicina atual e aprovada pela comissão dos teólogos, o candidato pode ser proclamado “beato” ou “bem-aventurado” e ser venerado na região onde viveu. Atualmente basta um milagre para a beatificação. Sendo constatado mais um milagre, depois da beatificação, o candidato é canonizado, ou seja, incluído no cânone ou lista dos santos oficiais da Igreja. Esta proclamação feita pelo Papa significa que o candidato levou vida santa aqui na terra, está no céu e pode ser cultuado no mundo inteiro como santo”. Frei Damião nasceu em Bozzano, na Itália, em 5 de novembro de 1898. Aos 33 anos de idade, deixou o país europeu para ser missionário no Nordeste brasileiro. dedicou os 66 anos de vida no Brasil para percorrer as cidades nordestinas, realizar missas e orações e ouvir confissões. Ao frei são atribuídas muitas graças alcançadas e milagres. Ele morreu no dia 31 de maio de 1997, no Recife, após sofre um AVC (acidente vascular cerebral). Seu enterro, também na capital pernambucana, foi marcado pelas demonstrações de fé de milhares de fiéis, que foram ao sepultamento para se despedir do "andarilho de Deus". Atualmente, o convento São Félix de Cantalice (onde estão os restos mortais do frei), no bairro do Pina, no Recife, abriga o Memorial de Frei Damião de Bozzano, contendo capela com o túmulo, museu com objetos que pertenceram ou fazem referência a ele e salão de apoio aos romeiros. O local é alvo de romarias todos os anos, principalmente no final do mes de maio, que marca a lembrança pela morte do religioso. No domingo, 27 de maio deste 2012, celebrando os 15 anos da morte de Frei Damião, foi realizada no Recife a sessão de encerramento da fase diocesana com aprovação de toda a documentação conseguida e enviada para a Causa dos Santos Roma, onde o Vaticano apreciará as virtudes heróicas do Missionário do Nordeste. Frei Damião chegou ao Recife em 17 de junho de 1931, vindo da Itália, para integrar, como missionário, a nova Província dos Capuchinhos no Nordeste, criada em Pernambuco em 1930 e instalada sob a direção de frei Félix de Olívola. Assim que chegou ao Brasil, Frei Damião teve como residência o Convento de Nossa Senhora da Penha, no centro do Recife, de onde partiu para as Santas Missões pelo Nordeste. Começou pelo sítio Ricaho do Mel, município de Gravatá, a 35 quilômetros da capital pernambucana. Desde então, carregando consigo o nome de sua cidade natal, durante 66 anos, Frei Damião de Bozzano percorreu as terras secas e férteis nordestinas, enfrentando sol e poeira nas estradas, celebrando, pregando, confessando e convidando a todos para a conversão e para a mudança de vida. Passou esse tempo todo em andanças, sem parar, de cidade em cidade. Sua agenda esteve sempre cheia com muitos anos de antecedência. Assim, ele desenvolveu seu próprio estilo de evangelização com as Santas Missões. Onde ele chegava era recebido em festa, com carreatas, explosão de fogos, muita alegria e muito carinho. E a Santa Missão constiuia-se do seguinte: de manhã cede, 4h30m, Frei Damião acordava a população com uma campanhia convidando a todos para a caminhada da Penitência, seguida do canto do Ofício de Nossa Senhora, celebração da missa e o primeiro sermão do dia; depois de missa, iniciavam-se as confissões. Frei Damião dedicava mais de 12 horas por dia às confissões. Com carinho paterno, geralmente muito terno e às vezes muito severo, ele orientava os fiéis para o Perdão de Deus e a mudança de vida. No começo da noite, rezava o terço com o povo, fazia o grande sermão do dia, seguido da Bênção do Santíssimo. Depois, novamente, confissões até o início da madrugada. Só descansava durante pequenas refeições, invariavelmente acompanhadas de água de coco. Onde Frei Damião fazia Santas Missões, a cidade ou sítio parava para ouvi-lo. Formado em Teologia Dogmática, Filosofia e Direito Canônico pela Universidade Gregoriana de Roma, o frade italiano conquistou o Nordeste com seu carisma e sua simplicidade. Um lugar onde ele gostava de pregar anualmente era o Sitio da Família Genaro, nos arredores de Juazeiro do Norte, terra do Padre Cícero. Com sua inconfundível voz rouca e seu acentuado sotaque italiano, Frei Damião tinha uma pregação de conteúdo moral e apologético falando quase sempre sobre os mesmos temas: importância das orações, o mal dos pecados, a morte, o fim do mundo, o juízo final, o céu e o inferno. E tinha uma frase preferida para o fácil entendimento dos nordestinos: “No inferno o calor é bilhões de vezes pior que no Nordeste. As labaredas sobem e queimam sem parar o corpo dos adúlteros, das prostitutas, dos afeminados, dos ladrões e dos criminosos”. Desde 1993 a saúde de Frei Damião, que tinha problemas respiratórios, começou a ficar mais debilitada, o que o levou a diversas hospitalizações até à sua morte, no dia 27 de maio de 1997 com 98 anos, depois de ter dedicado 66 anos de sua vida a perigrinar pelas regiões mais pobres do Nordeste. O seu sepultamento foi no Convento dos Capuchinhos, no bairro de Pina, no Recife. Em 2002, ao completar cinco anos de sua morte, o Vaticano deu início ao processo de sua canonização. Mas, como disse frei Jociel Gomes ao Juanorte, assim como Padre Cícero, no coração dos nordestinos Frei Damião já tem um altar, pois sua santidade é reconhecida por todos na Nação Romeira do Nordeste brasileiro. 

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