quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

AUMENTO DAS TEMPERATURAS

AQUECIMENTO GLOBAL  E A DESTRUIÇÃO EM MASSA PRA NOS , EU VENHO COM CADA ANO A TER MEDO DO SOL NOSSA MAIOR ESTRELA NA CONSTELAÇÃO DO UNIVERSO EM SE  AQUI PRA NOS POVO NORDESTINO TA QUE CADA DIA E UM PROBLEMA MAIOR O CALOR EM SE QUE MIM DEIXA MAL COM TANTA SENSAÇÃO RUIM  ATE AS DEZ TEMOS A IMPREÇAO QUE NOSSO CORPO ESTA DERRETENDO EM  SUOR E APOS ESSE PERÍODO E COMO SE O MUNDO  ACASE EM SUOR E MAL ESTARO aquecimento do planeta é uma realidade e, se nada for feito, ele trará consequências catastróficas para a biodiversidade e para o ser humano. É por isso que o Greenpeace trabalha para pressionar governos e empresas a diminuir as emissões de gases de efeito estufa o mais rápido possível. Por isso pedimos que eles deixem de lado o carvão e o petróleo e invistam em fontes renováveis de energia, conservem suas florestas, repensem práticas agropecuárias, invistam em mobilidade e protejam seus oceanos. Essa é uma estratégia não só para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, mas para consolidar um crescimento econômico baseado em tecnologias que não prejudicam o planeta. .A Nasa (Administração Nacional da Aeronáutica e do Espaço, na sigla em inglês) anunciou no início de 2010 que a década que terminou em 31 de dezembro de 2009 foi a mais quente já registrada desde 1880, ano em que a moderna medição de temperaturas ao redor do planeta começou. A mesma década também teve os dois anos de maior intensidade de calor em mais de um século – 2005, o mais quente do período, e 2009, o segundo mais quente.
Já foi constatado pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da ONU que o aumento da temperatura do planeta é consequência de ações humanas, especialmente tomadas a partir da Revolução Industrial, no século 18. Ela promoveu um salto tecnológico e o crescimento das civilizações como nunca vistos antes. Por outro lado, impulsionou também uma taxa inédita e perigosa de poluição e degradação da natureza. 
A indústria floresceu baseada na queima de carvão e petróleo, duas fontes de energia encontradas na natureza cujo calor movimenta usinas, indústrias e economias. Acontece que, com a queima, o carvão e o petróleo liberam no ar volumes gigantescos do gás dióxido de carbono (CO2). A exploração sem controle das florestas também jogou outros milhões de toneladas desse gás no ar.
O CO2, também chamado de gás carbônico, é parte da atmosfera terrestre e forma uma capa ao redor da Terra, que ajuda a manter a temperatura do planeta adequada para a manutenção da vida – inclusive a humana. Esse processo se chama efeito estufa. O problema, portanto, não é o mecanismo natural em si, mas a interferência do homem. O volume extra de CO2 e de outros gases, como o metano, que foram para a atmosfera a partir da Revolução Industrial, engrossou a capa, de forma que a temperatura passou a subir perigosamente.
Um planeta mais quente desequilibra o ultrassensível sistema climático da Terra. Como consequência, o gelo dos polos derrete e eleva o nível médio dos oceanos, ameaçando populações costeiras; tempestades se tornam mais frequentes, intensas e perigosas, assim como ondas de frio ou calor extremos; biomas como a Amazônia são ameaçados pela alteração no sistema de chuvas. Populações já vulneráveis ficam com a corda no pescoço, sofrendo impactos na produção de alimentos, fornecimento de água e moradia.
Aquecimento global: o desafio da geração
Podemos voltar atrás? Em determinado grau, não, pelo menos em curto prazo. Mas o custo do desenvolvimento feito de qualquer jeito é alto demais para as próximas gerações, e uma resposta deve ser dada imediatamente. Precisamos deixar essa capa que cobre a Terra mais fina – ou pelo menos mantê-la do jeito que ela está hoje.
Quanto mais tempo o homem demorar para implantar as soluções, pior será o futuro – lidar com as mudanças climáticas será mais caro e muito mais difícil. É por isso que o Greenpeace trabalha para pressionar governos e empresas a diminuir as emissões de gases de efeito estufa o mais rápido possível. Por isso pedimos que eles deixem de lado o carvão e o petróleo e invistam em fontes renováveis de energia, conservem suas florestas, repensem práticas agropecuárias, invistam em mobilidade e protejam seus oceanos.
O sol, o vento, os oceanos e a biomassa são as fontes mais promissoras de energia hoje. O mundo não precisa investir em mais usinas a carvão e nucleares e deve investir em alternativas para diminuir o consumo de petróleo por carros, aviões e navios. O mundo precisa de uma matriz elétrica diversificada, planejada em observância aos direitos humanos e ambientais, e de eficiência energética, para que deixemos de jogar energia e dinheiro fora e aproveitemos o máximo da energia produzida. 
As cidades também têm um papel importantíssimo nesse jogo. Elas precisam de sistemas de transporte inteligentes e eficientes, com transporte coletivo de qualidade e restrição ao uso de transporte individual motorizado. Hoje, o setor de transportes representa um quarto do total de consumo de energia global. Por isso é importante também que os carros que ainda rodam nas ruas emitam o mínimo possível de CO2, contribuindo também para o microclima das cidades.

Toda a pressão do consumo crescente de combustíveis fósseis já chegou até ao ar condicionado do planeta, o Ártico. Com as mudanças climáticas, o aquecimento na região acontece duas vezes mais rápido que no resto do mundo. Nos últimos 30 anos, 75% do gelo ártico desapareceu. Como se não bastasse a ameaça a esse frágil ecossistema, as grandes empresas petrolíferas estão em uma irresponsável missão de prospecção de petróleo em suas águas, aproveitando-se do seu derretimento e acelerando a destruição do Ártico.

Os governos precisam mover todos os seus esforços para manter as florestas em pé e preservar os oceanos, dois importantes sumidouros de CO2 que estão sob forte ameaça.
O mundo precisa, acima de tudo, que as pessoas queiram fazer a mudança, do cidadão comum aos engravatados que dirigem países e empresas. O momento da ação é agora. Os próximos bilhões de habitantes da Terra agradecerão.
Soluções:
- Investir em uma política energética inteligente: segundo estudo encomendado pelo Greenpeace, as novas fontes renováveis podem suprir metade da demanda mundial até 2050
- Incentivar o setor de novas energias: a indústria de geração e de eficiência energética tem capacidade de abrir 8 milhões de empregos no mundo até 2030
- Zerar o desmatamento: no mundo, a derrubada e a queimada das florestas tropicais jogam 5,1 bilhões de toneladas de carbono por ano na atmosfera; só no Brasil, o volume é de 1,26 bilhão de toneladas por ano
- Conservar os oceanos: os mares absorvem CO2 da atmosfera, mas eles têm um limite. Destinar 40% dos oceanos para unidades de conservação ajuda a mantê-los saudáveis, de forma a cumprirem essa tarefa
- Adaptar a mobilidade das cidades para que elas proporcionem transporte público eficiente e deslocamentos seguros e confortáveis às pessoas, de modo a reduzir a dependência do uso de automóveis e da queima de combustíveis fósseis

- A frota brasileira de automóveis cresce a cada ano, mas os veículos que são vendidos aqui consomem mais combustível e emitem mais gases de efeito estufa em relação aos europeus. Aumentar os padrões de eficiência dos veículos que circulam no Brasil, defasados em relação à Europa, origem de grande parte das montadoras que atuam no País
- O Ártico é responsável por manter a temperatura do mundo estável. Criar um santuário na área não-habitada do Ártico e banir a exploração de petróleo e a pesca industrial são as únicas ações capazes de impedir uma catástrofe na região

Aquecimento global

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Temperaturas globais na década de 1880 e 1980, comparadas à média no período entre 1951 e 1980.
Aquecimento global é o processo de aumento da temperatura média dos oceanos e do ar perto da superfície da Terra causado pelas emissões humanas de gases do efeito estufa, amplificado por respostas naturais a esta perturbação inicial, em efeitos que se autorreforçam em realimentação positiva. Esse aumento de temperatura vem ocorrendo desde meados do século XIX e deverá continuar no século XXI.1 2
Segundo o Quinto Relatório de Avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), que deve aparecer na íntegra até fins de 2014, elaborado sob os auspícios da Organização Meteorológica Mundial e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, e que representa a síntese científica mais ampla, atualizada e confiável sobre o assunto, a mudança na temperatura da superfície terrestre vem ocorrendo com certeza no último século, com um aumento médio de 0,78 °C quando comparadas as médias dos períodos 1850–1900 e 2003–2012. A média teve uma variação de 0,72 a 0,85 ºC. Cada uma das tês últimas décadas bateu o recorde anterior de ser a mais quente desde o início dos registros. É virtualmente garantido que os extremos de temperatura têm aumentado globalmente desde 1950, e que desde 1970 a Terra acumulou mais energia do que perdeu.3 A maior parte do aumento de temperatura se deve a concentrações crescentes de gases do efeito estufa, emitidos por atividades humanas como a queima decombustíveis fósseis, o uso de fertilizantes e o desmatamento. Esses gases atuam obstruindo a dissipação do calor terrestre no espaço.4
Por várias questões práticas, os modelos climáticos referenciados pelo IPCC normalmente limitam suas projeções até o ano de 2100, são análises globais e por isso não oferecem grande definição de detalhes. Embora isso gere mais incerteza para previsão das manifestações regionais e locais do fenômeno, as tendências globais já foram bem estabelecidas e têm se provado confiáveis. Os modelos usam para seus cálculos diferentes possibilidades (cenários) de evolução futura das emissões de gases estufa pela humanidade, de acordo com tendências de consumo, produção, crescimento populacional, aproveitamento de recursos naturais, etc, cenários que são todos igualmente plausíveis, mas não se pode ainda determinar qual deles se materializará, pois muitas coisas podem mudar no caminho. As probabilidades estimadas com razoável segurança atualmente indicam que as temperaturas globais subirão entre 1,1 °C e 6,4 °C até aquela data, uma faixa de variação que depende do cenário selecionado e da sensibilidade dos modelos utilizados nas simulações. Em geral espera-se uma elevação em torno de 4 °C até o fim do século. Projeções mais além são mais especulativas, mas não é impossível que o aquecimento progrida ainda mais, desencadeando efeitos devastadores.5 6

O declínio do gelo flutuante do Ártico é um dos sinais mais evidentes do aquecimento global. A animação mostra a redução entre 1979 e 2010.
O aumento nas temperaturas globais e a nova composição da atmosfera desencadeiam várias alterações decisivas nos sistemas da Terra. Afetam os mares, provocando a elevação do seu nível e mudanças nas correntes marinhas e na composição química da água, verificando-se acidificação,dessalinização e desoxigenação. Prevê-se uma importante alteração em todos os ecossistemas marinhos, com impactos na sociedade humana em larga escala.7 8 Afetam irregularmente o regime de chuvas, produzindo enchentes e secas mais graves e frequentes; tendem a aumentar a frequência e a intensidade de ciclones tropicais e outros eventos meteorológicos extremos como as ondas de calor e de frio; devem provocar a extinção de grande número de espécies e desestruturar ecossistemas em larga escala, e gerar por consequência problemas sérios para a produção de alimentos, o suprimento de água e a produção de bens diversos para a humanidade, benefícios que dependem da estabilidade do clima e da riqueza dos ecossistemas.5 9 O aquecimento e as suas consequências serão diferentes de região para região, mas a natureza destas variações regionais ainda é difícil de determinar de maneira exata, mas sabe-se que nenhuma região do mundo será poupada de mudanças, e muitas serão penalizadas pesadamente, especialmente as mais pobres. O Ártico é a região que está aquecendo mais rápido, verificando-se progressivo derretimento dopermafrost e do gelo marinho, temperaturas recorde, secas mais intensas e profunda modificação em seus biomas, com desaparecimento de espécies nativas e invasões em massa por espécies exóticas. Gelos de montanha em todo o planeta estão também em recuo acelerado, modificando seus respectivos ecossistemas e reduzindo a disponibilidade de água potável.5 9 10 Mesmo que as concentrações de gases estufa cessem imediatamente, certas reações já foram desencadeadas e seus efeitos não podem mais ser evitados, de forma que, se já existem muitos problemas, inevitavelmente eles vão piorar em alguma medida por um efeito cumulativo retardado. É evidente que a mudança para um modelo econômico de baixa emissão não acontecerá de imediato, por isso a sociedade deve preparar-se para enfrentar em breve dificuldades maiores do que as que vive hoje. Ao mesmo tempo, isso diz que as mudanças devem se acelerar o quanto antes para que dificuldades ainda mais dramáticas não se concretizem, o que lançaria um pesado fardo para as futuras gerações, provavelmente impossível de ser suportado, que levaria ao colapso da civilização.511 12 13 6
Apesar de a maioria dos estudos ter seu foco até 2100, já se sabe também que o aquecimento e suas consequências deverão continuar por séculos adiante, e algumas consequências, graves, serão irreversíveis dentro dos horizontes da atual civilização.5 11 Os governos do mundo em geral trabalham hoje para evitar uma elevação da temperatura média acima de 2ºC, considerada o máximo tolerável antes de se produzirem efeitos globais em escala catastrófica.6 14 Num cenário de elevação de 3,5 °C a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) prevê a extinção provável de até 70% de todas as espécies hoje existentes.15 16 Se a elevação chegar ao extremo de 6,4°C, que não está descartada, e de fato a cada dia parece se tornar mais plausível, pode-se prever sem dúvidas mudanças ambientais em todo o planeta em escala tal que comprometerão irremediavelmente a sobrevivência da civilização como hoje a conhecemos, bem como da maior parte de toda a vida na Terra.5 6 Com um modelo de vida predatório e imprevidente, a sociedade já está esgotando mais de 60% das riquezas naturais da Terra, produzindo taxas de emissão de gases estufa em elevação contínua. Considerando que a população mundial está em crescimento rápido, devendo chegar a 9 bilhões de pessoas em 2050, e que lá suas necessidades de recursos naturais serão muito maiores do que as atuais, entende-se assim por quê, se a geração presente não fizer nada para mudar as tendências em vigor de seu modo de vida, deixará de herança um planeta à beira da exaustão e com um clima profundamente perturbado, tornando a sobrevivência das gerações futuras necessariamente muito mais difícil. Neste sentido, esperam-se importantes desafios sociais se agravando em larga escala, como a fome, a pobreza e a violência.12 13 8 Muitas pesquisas mais recentes trouxeram novas evidências de que as projeções do IPCC, por mais preocupantes que já sejam, foram conservadoras, e que as medidas preventivas e mitigadoras adotadas pela sociedade estão acontecendo num ritmo lento demais e são pouco ambiciosas, aumentando, portanto, a probabilidade de que o resultado da inação seja desastroso num futuro próximo.17 18 19 20 21 22 23 24 9
Embora a imprensa ainda alimente muitas controvérsias, frequentemente mal informadas, tendenciosas ou distorcidas, e haja grande pressão política e econômica para se negar ou minimizar as fortes evidências já reunidas,25 26 27 28 29 30 31 o consenso científico é de que o aquecimento global está a acontecer inequivocamente, e precisa ser contido com medidas vigorosas sem nenhuma demora, pois os riscos da inação, sob todos os ângulos, são altos demais.5 11 31 32 33 9 O Protocolo de Quioto, bem como inúmeras outras políticas e ações nacionais e internacionais, visam a estabilização da concentração de gases de efeito estufa para evitar uma interferência antrópica perigosa no ambiente.34 Em novembro de 2009 eram 187 os Estados que assinaram e ratificaram o protocolo.35 Está prevista para 2014 a publicação da quinta atualização do relatório do IPCC, que deve sintetizar o resultado de novas pequisas com modelos teóricos mais avançados e novos dados observacionais.23 24 36 Seu esboço aprovado do Sumário para Criadores de Políticas, no entanto, já foi divulgado, e segundo declaração do IPCC o novo relatório deve confirmar com ainda maior segurança a origem humana do problema, e enfatizar que os riscos da inação se tornaram maiores.37 38

Terminologia

O termo "aquecimento global" é um tipo específico de mudança climática à escala global. O termo "mudança climática" também pode se referir ao esfriamento global. No uso comum, o termo se refere ao aquecimento ocorrido nas décadas recentes, e subentende-se uma influência humana.39 A Convenção Quadro das Nações Unidas para Mudança do Clima usa o termo "mudança climática" para mudanças causadas pelo homem, e "variabilidade climática" para outras mudanças.40
O termo "alteração climática antrópica" equivale às mudanças no clima causadas pelo homem. O termo "antrópico" parece ser mais adequado do que "antropogênico", um cognato do inglês "anthropogenic", bastante usado neste assunto, inclusive em textos em português. Porém, segundo os dicionários PriberamAulete e Michaelis, em português "antropogênico" refere-se especificamente à antropogênese, a geração e reprodução humanas e às origens e desenvolvimento do homem como espécie41 42 43 44 (do grego ánthropos, homem + genesis, origem, criação, geração).45
Já "antrópico" é referente àquilo que diz respeito ou procede do ser humano e suas ações, de maneira mais genérica (do grego anthropikos, humano).46 47 O dicionário Michaelis define como "pertencente ou relativo ao homem ou ao período de existência do homem na Terra".48 O dicionário Houaiss traz até mesmo, em uma de suas definições deste verbete, como "relativo às modificações provocadas pelo homem no meio ambiente" — daí a preferência pelo termo "antrópico", neste artigo, para designar as mudanças causadas pela influência humana.

História do clima


Comparação de 10 curvas procurando estimar a variação de temperatura na Terra nos últimos 2000 anos. O IPCC faz notar que os valores anteriores a 1860 são muito incertos porque os dados referentes ao Hemisfério Sul são insuficientes.

Variação de temperatura na Terra de 1860 até 2004.
Terra, em sua longa história, já sofreu muitas mudanças climáticas globais de grande amplitude. Isso é demonstrado por uma série de evidências físicas e por reconstruções teóricas. Já houve épocas em que o clima era muito mais quente do que o de hoje, com vários graus centígrados acima da média atual, tão quente que em certos períodos o planeta deve ter ficado completamente livre de gelo. Entretanto, isso aconteceu há milhões de anos, e suas causas foram naturais. Também ocorreram vários ciclos de resfriamento importante, conduzindo às glaciações, igualmente por causas naturais. Entre essas causas, tanto para aquecimentos como para resfriamentos, podem ser citadas mudanças na atividade vulcânica, na circulação marítima, na atividade solar, no posicionamento dospolos e na órbita planetária. A mudança significativa mais recente foi a última glaciação, que terminou em torno de 11 mil anos atrás, e projeta-se que outra não aconteça antes de 30 mil anos.49
Este último período pós-glacial, chamado Holoceno, também sofreu várias mudanças notáveis e às vezes abruptas, mas as evidências levam a crer que foram localizadas, e acredita-se que a temperatura média global tenha permanecido relativamente estável durante os 1000 anos que antecederam 1850, com flutuações regionais, como o período de calor medieval ou a pequena idade do gelo, que são melhor explicadas por causas naturais. Muitas dessas mudanças, especificamente os períodos de aquecimento, são em alguns aspectos comparáveis e até mais intensas do que as que hoje se verificam, mas em outros aspectos o aquecimento contemporâneo é distinto, e, se as projeções de aumento de cerca de 5 °C até 2100 se confirmarem, será uma alteração inédita nos últimos 50 milhões de anos da história do planeta, em particular no que diz respeito à velocidade do aquecimento.50
A temperatura global aumentou em média 0,78 °C quando comparada às médias dos períodos 1850–1900 e 2003–2012, com uma faixa de variação de 0,72 a 0,85 ºC.3 Esse aumento não pode ser explicado satisfatoriamente sem levarmos em conta a influência humana.51 A elevação na temperatura não foi, porém, linear, com várias oscilações para mais e para menos. Variações desse tipo são naturais e esperadas, mas a tendência geral é claramente ascendente, e isso as observações têm provado. De fato, há fortes evidência indicando que o aquecimento antrópico tem sido tão importante que reverteu uma tendência natural dos últimos 5 mil anos de resfriamento do planeta.3 Não só os gases estufa vêm aumentando. O aumento das concentrações de aerossóis atmosféricos, que bloqueiam parte da radiação solar antes que esta atinja a superfície da Terra e tendem a provocar o resfriamento, também retardou em parte o processo de aquecimento global.5 Desde 1979, as temperaturas em terra aumentaram quase duas vezes mais rápido que as temperaturas no oceano (0,25 °C por década contra 0,13 °C por década. As temperaturas na troposfera mais baixa aumentaram entre 0,12 e 0,22 °C por década desde 1979, de acordo com medições de temperatura via satélite.52 As variações registradas para o período 1979-2005 foram:
  • global: 0,163 ± 0,046 °C/ década, CRU/UKMO (Brohan et al., 2006),53
  • global: 0,174 ± 0,051 °C/ década, NCDC (Smith and Reynolds, 2005),54
  • global: 0,170 ± 0,047 °C/ década, GISS (Hansen et al., 2001).55
  • Hemisfério Sul, 0,092 ± 0,038 °C/ década, CRU/UKMO (Brohan et al., 2006),53
  • Hemisfério Sul, 0,096 ± 0,038 °C/ década, NCDC (Smith and Reynolds, 2005)54
  • Hemisfério Norte, sobre terra: 0,328 ± 0,087 °C/ década, CRU/UKMO (Brohan et al., 2006),53
  • Hemisfério Norte, sobre terra: 0,344 ± 0,096 °C/ década, NCDC (Smith and Reynolds, 2005),54
  • Hemisfério Norte, sobre terra: 0,294 ± 0,074 °C/ década, GISS (Hansen et al., 2001),55
  • Hemisfério Norte, sobre terra: 0,301 ± 0,075 °C/ década, (Lugina et al., 2006).56 57
Emissões antrópicas de outros poluentes - em especial aerossóis de sulfato – podem gerar um efeito refrigerativo através do aumento do reflexo da luz incidente. Isso explica em parte o resfriamento observado no meio do século XX, apesar de que o resfriamento pode ter sido em parte devido à variabilidade natural.
O paleoclimatologista William Ruddiman argumentou que a influência humana no clima global iniciou-se por volta de 8.000 anos atrás, com o início do desmatamento florestal para o plantio e 5.000 anos atrás com o início da irrigação de arroz asiática. A interpretação que Ruddiman deu ao registro histórico com respeito aos dados de metano tem sido disputado.

Bases técnicas para medição e avaliação do aquecimento

Determinação da temperatura global à superfície

A determinação da temperatura global à superfície é feita a partir de dados recolhidos em terra, sobretudo em estações de medição de temperatura em cidades, e nos oceanos, por meio de navios ebatitermógrafos. É feita uma seleção das estações a considerar, que são as tidas como mais confiáveis, e é feita uma correção no caso de estas se encontrarem perto de urbanizações, a fim de compensar o efeito de "ilha de calor" criado nas cidades. As tendências de todas as seções são então combinadas para se chegar a uma anomalia de temperatura global – o desvio apurado a partir de uma determinada temperatura média de referência.58
O método de cálculo varia segundo os procedimentos de cada instituição de pesquisa. Por exemplo, no Met Office do Reino Unido, o globo é dividido em seções (por ex., quadriláteros de 5º latitude por 5ºlongitude) e é calculada uma média ponderada da temperatura mensal média das estações escolhidas em cada seção. As seções para as quais não existem dados são deixadas em branco, sem as estimar a partir das seções vizinhas, e não entram nos cálculos. A média obtida é então comparada com a referência para o período de 1961-1990, obtendo-se o valor da anomalia para cada mês. A partir desses valores é então calculada uma média pesada correspondente à anomalia anual média global para cada Hemisfério e, a partir destas, a anomalia global. Às vezes a acurácia e a confiabilidade dessas medições são contestadas, ou se diz que há poucos dados, mas segundo o Met Office, existem imprecisões, certamente, mas elas são pequenas. Mesmo utilizando-se de métodos diferentes, as várias instituições de pesquisa que calculam este dado regularmente encontram valores similares.58
Desde janeiro de 1979, os satélites da NASA passaram a medir a temperatura da troposfera inferior (de 1000m a 8000m de altitude) através da monitoração das emissões de microondas por parte das moléculas de oxigénio (O2) na atmosfera. O seu comprimento de onda está diretamente relacionado com a temperatura (estima-se uma precisão de medida da ordem dos 0.01°C). Não são, portanto, diretamente comparáveis à temperatura de superfície, mas a tendência de aquecimento apresentado por nas séries históricas de temperatura por satélite são bastante similares àquelas medidas por termômetros na superfície: enquanto os dados de superfície da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) mostram aquecimento de 0,154 °C por década, os dados da Universidade de Huntsville, Alabama, tomados a partir dos satélites da NASA, indicam 0,142ºC no mesmo período entre 1979 e 2012.59 60

Sensibilidade Climática


Várias estimativas de sensibilidade climática, a partir de diferentes abordagens. O círculo representa o valor mais provável de cada estimativa. A faixa representa a margem de incerteza abrangendo mais de 66% da probabilidade.
Mudanças nas concentrações de gases estufa e aerossois, na cobertura dos solos e outros fatores interferem no equilíbrio energético do clima e provocam mudanças climáticas. Essas interferências afetam as trocas energéticas entre o Sol, a atmosfera e a superfície da Terra. O quanto um dado fator tem a capacidade de afetar este equilíbrio é a medida da sua forçante radiativa. A sensibilidade climática, por sua vez, é como o sistema climático responde a uma certa forçante radiativa sustentada, e é definida praticamente como o quanto a temperatura média sobe em função da duplicação da quantidade de gás carbônico na atmosfera.61 Vários fatores podem alterar a resposta da natureza à forçante radiativa. Por exemplo, as emissões de gases e poeira em uma grande erupção vulcânica causam maior reflexão da luz solar de volta ao espaço, provocando resfriamento do sistema climático. Variações na concentração de vapor d'água também alteram o equilíbrio, ou a diminuição da calota polar ártica, assim como outros fatores.5 61
O primeiro estudo desse tipo data de 1896, feito pelo sueco Svante Arrhenius.62 Daí em diante, inúmeros outros foram feitos, a partir de diversos conjuntos de dados e abordagens metodológicas, em países e épocas diferentes. Neles incluem-se tanto levantamentos empíricos, realizados a partir de dados paleoclimáticos ou medições instrumentais recentes, quanto cálculos teóricos baseados em simulações de computador – os modelos climáticos.63 O 5º Relatório do IPCC indica uma sensibilidade climática entre 1,5 e 4,5 °C, se a concentração de CO2 subir para o dobro dos níveis pré-industriais, isto é, de 280 ppm para 560 ppm. Uma elevação acima de 4 ºC foi considerada improvável em quase todos os modelos do IPCC. Uma elevação maior que 6 °C não foi excluída mas é muito improvável, e valores abaixo de 1 °C são extremamente improváveis. (vide nota 64 ) Nenhum dos cenários matemáticos é otimista quanto à perspectiva oficial de conseguirmos manter o aquecimento em torno de 2 ºC - isso se as metas oficiais forem atingidas -, e nenhum deu a esta possibilidade uma chance maior do que 50%.3 Em janeiro de 2013, a concentração do CO2 atmosférico atingiu 395 ppm, e continua em ascensão.65 Projeções conservadoras apontam para mais de 700 ppm até 2100. A evolução das emissões, mantidas como vêm se mostrando até aqui, sugerem mais de 1000 ppm até o final do século.66
Nenhum dos efeitos produzidos pelas forçantes climáticas é instantâneo. Devido à inércia térmica dos oceanos terrestres e à lenta resposta dos outros efeitos indiretos, o sistema climático da Terra leva mais de três décadas para se estabilizar sob novos parâmetros.67 Estudos de comprometimento climático indicam que, por esse motivo, ainda que os gases estufa se estabilizassem nos níveis do ano 2000, um aquecimento adicional de aproximadamente 0,5 °C ainda ocorreria devido a um efeito cumulativo retardado. Este aquecimento adicional é inevitável.68 Quaisquer que sejam os níveis atingidos em 2100 na concentração de gás carbônico, seus efeitos perdurarão por muitos séculos, pois o gás permanece na atmosfera por muito tempo.3

Modelos climáticos

Um modelo climático é uma representação matemática de cinco componentes do sistema climático: atmosferahidrosferacriosfera, superfície continental e biosfera.69 Estes modelos se baseiam em princípios físicos que incluem dinâmica de fluidos, termodinâmica e teoria de transporte radiativo. Podem incluir componentes que representam o movimento do ar, sua temperatura, nuvens, e outras propriedades atmosféricas; temperatura oceânica, salinidade, e circulação; cobertura de gelo continental e oceânica; a transferência de calor e umidade do solo e vegetação para a atmosfera; processos químicos e biológicos; entre outros. Porém, o comportamento natural destes elementos não foi suficiente para explicar as mudanças climáticas recentes. Apenas quando os modelos incluem influências humanas, como o aumento da concentração de gases estufa ou a mudança no uso da terra, é que eles conseguem reproduzir adequadamente o aquecimento recente. É significativo que nenhum dos modelos que excluem os fatores humanos pôde reproduzir as observações com fidelidade, enquanto apenas os que os incluíram conseguiram se aproximar satisfatoriamente das temperaturas observadas.3
Para provar sua confiabilidade os modelos que estabelecem previsões futuras precisam reproduzir as observações reais registradas historicamente. Os modelos mais usados são globais, notoriamente imprecisos no que diz respeito a detalhamentos localizados, e certamente têm limitações e margens de erro, mas eles reproduzem com grande aproximação as mudanças do clima em escala global observadas no passado e atestadas por registros de vários tipos. Se a checagem com as séries históricas se confirma, pode-se usar o mesmo modelo de maneira reversa para prever o futuro com bom grau de confiabilidade. Mas, pelas suas limitações, os modelos não podem chegar ao nível do detalhe regional microscópico, e também porque não se pode saber antecipadamente como a sociedade responderá no futuro próximo a este desafio. Essa resposta, ainda incerta, introduzirá possivelmente novos fatores na equação, podendo mudar os cenários de longo prazo radicalmente para melhor ou para pior. De qualquer modo, para minimizar as incertezas, os modelos vêm sendo constantemente aperfeiçoados.70 71 72 73 74 75
Apesar dos pesquisadores procurarem incluir tantos processos quanto possível, simplificações do sistema climático real são inevitáveis, uma vez que há limitações quanto à capacidade de processamento e disponibilidade de dados. Resultados dos modelos podem variar devido a diferentes projeções de emissões de gases, bem como à sensibilidade climática do modelo. Por exemplo, a margem de erro nas projeções do Quarto Relatório do IPCC de 2007 deve-se a (1) o uso de diversos modelos com diferentes sensibilidades à concentração de gases estufa,76 (2) o uso de diferentes estimativas das emissões humanas futuras de gases estufa,77 e (3) outras emissões provindas de feedbacks climáticos que não foram incluídas nos modelos constantes no relatório do IPCC, como a liberação de metano quando derrete o permafrost.78 .
Os modelos não tomam o aquecimento como premissa, mas calculam, segundo as leis da física conhecidas, como os gases estufa vão interagir quanto ao transporte radiativo e outros processos físicos. Apesar de haver divergências quanto à atribuição de causas do aquecimento ocorrido na primeira metade do século XX, eles convergem no tocante ao aquecimento recente, a partir da década de 70, ter sido causado por emissões humanas de gases estufa. O realismo físico dos modelos é testado através da simulação do clima presente e passado, a partir dos dados conhecidos.79 80 De fato, as principais projeções do IPCC, quando comparadas às observações subsequentes, mostram-se precisas. Em alguns casos, como o aumento do nível do mar81 e a retração da calota polar Ártica,18 estas projeções mostraram-se conservadoras demais, com os eventos observados ocorrendo em ritmo bem mais rápido que o previsto.

As primeiras projeções e as observações subsequentes

A expressão "aquecimento global" não era conhecida até a década de 1970; ela só foi cunhada em 1975, num artigo do geoquímico Wallace Broecker publicado na revista Science.82 Nesta altura ainda não havia sido despertada a atenção geral para o fenômeno que a expressão descreve, e embora os cientistas há bastante tempo já soubessem que o homem poderia teoricamente afetar as condições climáticas do planeta, e que certos gases como o dióxido de carbono deviam estar envolvidos num efeito estufa, não se podia discernir exatamente como as mudanças aconteceriam.83 John Tyndall e Svante Arrhenius fizeram os estudos pioneiros no século XIX.84 Guy Stewart Callendar, baseando-se nas pesquisas deles, deixou outra contribuição fundamental em 1938. Analisando registros históricos mundiais, foi o primeiro a demonstrar documentalmente a atual tendência de elevação nas temperaturas, descobrindo que o mundo havia esquentado aproximadamente 0,3°C nos 50 anos anteriores, e foi o primeiro a associar essa elevação às emissões de carbono derivadas das atividades humanas. Suas conclusões foram recebidas com bastante ceticismo e seu estudo caiu na obscuridade, em parte porque este campo de pesquisas recém começava a ser desbravado e havia muita incerteza, mas também porque ele era apenas um climatologista amador,85 84 86 87 mas seus gráficos se aproximam notavelmente das análises mais recentes,85 e em meados do século XX vários especialistas já chegavam a resultados semelhantes.86 84 Um deles, Roger Revelle, escreveu em 1965: "Em torno do ano 2000 a elevação nos níveis atmosféricos de CO2 pode ser suficiente para produzir mudanças mensuráveis e talvez marcantes no clima, que quase certamente causarão mudanças significativas na temperatura e em outras propriedades da estratosfera", previsão que, na data apontada, havia se confirmado.73

Nuvem de poluição sobre Kuala Lumpur. Além de causarem a maior parte do aquecimento global, as emissões gasosas derivadas da combustão de combustíveis fósseis, usados por exemplo em automóveis, indústrias e usinas termoelétricas, são uma das maiores causas da poluição atmosférica.88
O primeiro trabalho que enfocou claramente o problema foi publicado em 1979 pela National Academy of Science dos Estados Unidos, conhecido como o Relatório Charney, onde declarou-se que "se o dióxido de carbono continuar a se elevar, não há razão para duvidar que resultarão mudanças climáticas, e não há razão para acreditar que elas serão desprezíveis".82 Nos anos 80, foram feitos outros estudos dos impactos das emissões humanas de gases estufa em projeções futuras de temperatura. Dois destes trabalhos89 90 foram realizados em 1981 e 1988 por James Hansen, da NASA, um dos principais climatologistas do mundo. Além das limitações da época quanto aos dados e capacidade computacional disponíveis, havia incertezas quanto à própria sensibilidade climática, bem como à evolução das emissões humanas de gases estufa. Mesmo assim, ambos os trabalhos, quando comparados às observações subsequentes, mostram bastante precisão. O primeiro deles projetou evolução de temperatura ligeiramente inferior ao observado, e se baseou em cálculos que incluíam uma sensibilidade climática de 2,8 °C. O segundo, por sua vez, superestimou o aumento de temperatura, se baseando em uma sensibilidade climática de 4,2 °C. Tais resultados corroboram o consenso em torno da sensibilidade climática de cerca de 3 °C.91 92
Em 1988 Hansen levou seus resultados a uma audiência com o congresso dos Estados Unidos, marcando a primeira tentativa da comunidade científica de alertar o poder público da necessidade de ação para limitar emissões de gases estufa.93 82 Sua representação recebeu larga divulgação na imprensa e o tema se tornou imediatamente popular, mas até a data havia grande cautela entre os cientistas na associação da elevação da temperatura com as atividades humanas. Desde então as pesquisas se multiplicaram, e a referida associação ganhou crescente grau de certeza com a compilação de numerosas evidências adicionais, embora ao mesmo tempo se levantasse grande polêmica sobre a confiabilidade dos achados e das previsões científicas.82 26 94 33
A partir de 1990 o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), organizado sob a chancela da Organização Meteorológica Mundial e do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, e coordenando uma equipe científica vasta composta de vários milhares dos melhores especialistas de todo o mundo, passou a publicar seus relatórios. O IPCC não produz pesquisa original, mas sintetiza o estado da arte neste tema.26 94 95 O relatório de 1990 já declarou que o efeito estufa já mantinha a Terra mais quente do que deveria, e previu que as emissões de gases estufa resultantes das atividades humanas, entre outras consequências, "vão amplificar o efeito estufa, resultando em média num aumento adicional na temperatura da superfície terrestre. O principal gás estufa, o vapor d'água, vai aumentar em resposta ao aquecimento global e fazer com que este também aumente".96 Em 2007 veio à luz oQuarto Relatório, apresentando a mais ampla e atualizada síntese do conhecimento científico sobre o aquecimento global, confirmando, com muito elevado grau de confiança, que o homem é responsável pelo aquecimento presente, e detalhando com profundidade as evidências disponíveis e as condições atuais nos vários ecossistemas e na vida humana, bem como os impactos potenciais futuros sob diferentes cenários de emissão, sugerindo adicionalmente formas de combate às origens e efeitos do problema.94 Vários estudos independentes que vêm sendo realizados nos últimos anos divulgaram observações que se aproximam das faixas mais pessimistas dos cenários previstos pelo IPCC em 2007, e sugerem que as projeções anteriores, por mais preocupantes que já tenham sido, podem na verdade ter sido conservadoras em vários aspectos importantes.17 18 19 20 21 22 9
Até fins de 2014 deve aparecer na íntegra o Quinto Relatório do IPCC, atualizando a situação e fazendo previsões com modelos mais sofisticados e dados observacionais novos.23 24 Neste ínterim, os esboços finais aprovados do Sumário para Criadores de Políticas e dos Volumes I, II e III, respectivamente sobre as bases científicas do aquecimento, sobre os impactos, vulnerabilidades e adaptação, e sobre a mitigação, já foram divulgados, permitindo apreciações preliminares. A bibliografia especializada sobre o tema mais que dobrou desde o último relatório, dando muito maior segurança sobre as conclusões da síntese do IPCC, e trazendo análises novas sobre dados antes não computados, que ampliaram consideravelmente o entendimento do fenômeno. Em essência, os resultados do novo documento aumentaram o nível de certeza sobre a origem humana do problema, confirmaram as tendências climáticas assinaladas nos relatórios anteriores e a gravidade das perspectivas futuras, e alertaram que os riscos da inação se tornam a cada dia maiores.97 98 99 100 Para Suzana Kahn, que fez parte do grupo de pesquisadores brasileiros que colaboram com o IPCC, "o grande ganho (do novo relatório) é a comprovação do que tem sido dito há mais tempo, com muito mais informação sobre o papel dos oceanos, das nuvens e aerossóis".37 Mercedes Bustamante, uma das coordenadoras do grupo de trabalho 3, sobre a mitigação, aponta que também houve mudanças importantes em relação ao relatório anterior no sentido de unir o estudo do uso da terra e das florestas com o da agricultura, em vista da maior atenção que vem sendo dada à relação entre conservação da natureza e segurança alimentar.101


Alguns estudos indicaram que o aquecimento observado no início do século XX pode ser atribuível pelo menos em parte a causas naturais, como a variabilidade climática natural e emissões vulcânicas de gases, mas eles concordam que a partir da segunda metade do século o maior impacto vem sendo dos gases do efeito estufa gerados pela atividade humana.145 146 147
Outras hipóteses sugeriram como possíveis influências naturais no aquecimento os raios cósmicos e alterações no campo magnético da Terra, afetando a formação das nuvens e de chuva,148 149 mas elas foram contestadas por outros estudos.150 151

Consequências

Ecossistemas e biodiversidade


Projeção do aquecimento global até meados do século XXI
Devido aos seus efeitos amplificados sobre a saúde humana, economia e meio ambiente, o aquecimento global tem sido fonte de grande preocupação. Importantes mudanças ambientais têm sido observadas e foram ligadas ao aquecimento global com grande nível de certeza.5 Os exemplos de evidências secundárias citadas abaixo (diminuição da cobertura de gelo, aumento do nível do mar, mudanças dos padrões climáticos) são exemplos das consequências do aquecimento global que influenciam não somente as atividades humanas, mas também os ecossistemas de todo o mundo. O aumento da temperatura global induz à mudança nas condições que mantém estáveis os ecossistemas. Algumas espécies podem ser forçadas a sair dos seushabitats, enquanto outras podem espalhar-se, invadindo outros ecossistemas.1 152 110 5 153
Uma consequência abrangente do aquecimento é a "contração latitudinal", na qual as zonas climáticas, bem como as áreas de ocorrência das espécies, tendem a migrar em direção aos polos e às altitudes mais elevadas. Este fenômeno já tem sido observado há algumas décadas, e tem impacto grave na manutenção dos ecossistemas. 109
Esses efeitos têm um grande impacto no atual ritmo de extinções; de fato o aquecimento está entre as principais causas do declínio recente da biodiversidade, e vem ganhando crescente importância relativa no total.154 155 O progressivo declínio faz com que as cadeias alimentares se rompam, o ciclo dos componentes inorgânicos se perturbe, e o processo entrópico se auto-reforça. Além de certo ponto, os ecossistemas tendem a entrar em colapso irreversível.61 8 156 Um estudo prevê que 18% a 35% de 1103 espécies de plantas e animais observadas serão extintas até 2050, baseado nas projeções do clima no futuro.157 Outro estudo indica que 34% dos animais e 57% das plantas do mundo devem perder cerca de metade de seus habitats até 2080 em virtude do aquecimento.158 A IUCN indica que um aquecimento em níveis elevados, acima de 3,5 °C, causará um empobrecimento generalizado na biodiversidade terrestre, com uma extinção provável de até 70% de todas as espécies conhecidas.159 Algumas projeções admitem um aquecimento de até 6 ºC. Segundo a pesquisadora Rachel Warren, da Universidade de East Anglia, "a mudança climática reduzirá em muito a biodiversidade, mesmo para animais e plantas comuns".158 Muitos outros estudiosos afirmam que as perdas em biodiversidade devem ser extensas,160 161 162 163uma posição referendada pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, cujo relatório Global Environment Outlook 4, de 2007, declarou:
"A mudança climática deve provavelmente desempenhar um papel crescente nas causas da perda de biodiversidade, com a distribuição e a abundância das espécies mudando em direção aos polos e altitudes mais elevadas, colocando em risco principalmente as espécies endêmicas dos polos e montanhas. Além disso, mudanças em espécies que são vetores de doenças podem afetar a disseminação de infecções que atacam o homem e outras espécies, como por exemplo, a malária e a doença fúngica dos anfíbios.... Como resultado da mudança climática, a distribuição geográfica e o comportamento das espécies está mudando, com consequências para o bem-estar do ser humano... inclusive abrindo oportunidade para a difusão de espécies invasoras. As espécies que mais devem ser afetadas são as que já estão ameaçadas ou são raras, as migratórias, as polares, as geneticamente empobrecidas, as populações periféricas e especializadas, incluindo as de zonas alpinas e insulares. Algumas espécies desaparecidas de anfíbios já tiveram sua extinção associada à mudança climática.... A mudança climática também está exercendo impacto nos ecossistemas em uma escala global. Em 2000, 27% dos recifes de coral do mundo já haviam sido degradados em parte por causa do aquecimento das águas marinhas".153
Embora isso já tivesse sido previsto antes, como citado acima, analisando volumosa bibliografia recente o IPCC em seu 5º Relatório admitiu pela primeira vez "com alto grau de confiança" a extinção de "significativo" número de espécies se a temperatura subir mais do que 2ºC, e se subir a 4ºC o número de extinções deve ser "extenso", apontando que isso deve produzir efeitos negativos para o homem em larga escala.164

Declínio na quantidade de gelo flutuante no oceano Ártico entre 2012 e 1984

O degelo do permafrost abalou as fundações desta casa na Sibéria.
Na região do Ártico, a que mais deve se aquecer,110 já foi observada uma migração de espécies exóticas arbóreas e arbustivas perenes para uma faixa de 4 a 7º de latitudeem direção ao norte nos últimos 30 anos, equivalendo a 9 milhões de km², invadindo sistemas de tundra e redefinindo as características e a biodiversidade de toda essa região. Dos 26 milhões de km² de área vegetada do Ártico, de 32 a 39% já sofreram um aumento nos índices de crescimento de vegetais no mesmo período. Prevê-se que uma faixa adicional de 20º possa ser invadida até o fim do século por causa do aquecimento global, se a tendência continuar. A região pode experimentar secura de lagos e fontes, maior frequência de incêndios e pragas, redução na área coberta por neve e gelo, e outros efeitos, inclusive com impacto econômico negativo para as comunidades que lá vivem.1 152 2 165 110 Isso já está acontecendo. Em 2012 a Groelândia experimentou uma taxa recorde de derretimento superficial em seu gelo terrestre; o oceano Árticoteve a menor cobertura mínima de gelo flutuante desde o início dos registros; o Alasca no mesmo ano teve recordes de temperaturas extremas e vem enfrentando grandes incêndios florestais, eventos relacionados ao aquecimento.166 119 167 168 Além disso, dados da NASA, em 2012, revelam que o gelo terrestre total perdido da Groenlândia,Antártida e das geleiras da Terra e calotas polares entre 2003 e 2010 totalizou cerca de 4,3 trilhões de toneladas, adicionando cerca de 12 milímetros ao nível do mar.169
Outro efeito preocupante nas regiões frias é o derretimento do permafrost, o solo permanentemente congelado que existe em vastas áreas do Hemisfério Norte e também, em menor extensão, no Sul. Cerca de 24% do solo exposto do Hemisfério Norte é de permafrost, que pode chegar a uma profundidade de até 700 m. Este solo preserva grandes quantidades de carbono fixado na forma de matéria orgânica, até agora congelada e inerte, e com níveis de carbono até duas vezes superiores aos encontrados atualmente na atmosfera. Calcula-se que haja mais de 1,6 gigatoneladas de carbono estocadas no permafrost global, concentradas, ao que parece, especialmente em seus 3 metros superficiais, exatamente onde fica mais exposto às variações do clima. Seu derretimento deve liberar muito gás carbônico e metano, amplificando o efeito estufa significativamente. Outros efeitos do derretimento são estruturais. Este solo congelado é frágil, é facilmente degradado pela erosão e pela intervenção humana, está sempre em movimento naturalmente, seja pela expansão do gelo subterrâneo, seja pelos derretimentos superficiais no verão, quando fica encharcado e fluido, e sua conservação está ligada a muitas variáveis, climáticas, biológicas, antrópicas, topográficas, etc. De firmeza sempre um tanto precária, o derretimento mais acelerado dos solos permafrostpode ter um impacto importante nas regiões onde há estruturas humanas construídas sobre ele, como oleodutos, estradas, represas, linhas de transmissão energética e cidades, como evidenciam diversos exemplos de desabamentos já ocorridos. Maiores alterações na estrutura do solo devem provocar aumento nos danos, que podem incluir perdas de vidas humanas, e nos custos de prevenção e de reparos a novos acidentes. Entre os impactos ecossistêmicos previstos do derretimento do permafrost estão a redistribuição e declínio de espécies, intensificação de incêndios florestais, alterações nos sistemas hidrológicos, incluindo assoreamento e secura de rios e lagos e erosão de suas margens. Monitoramento recente tem acusado nítida redução na área e na espessura do permafrost em muitas regiões, e espera-se uma redução ainda maior no futuro próximo, embora ainda haja grande discrepância entre as projeções, já que este tópico só há pouco vem sendo estudado em detalhe.170 171 3
Ao mesmo tempo, são previstos alguns benefícios menores para as regiões temperadas, como a provável redução no número de mortes devido à exposição ao frio.172 Outro efeito positivo possível deriva do fato de que aumentos de temperaturas e aumento de concentrações de CO2 podem aprimorar a produtividade de certos ecossistemas, já que o CO2 estimula a fotossíntese, o crescimento vegetal e o melhor aproveitamento da água pelas plantas.173 174 175 Múltiplas observações mostram que a atividade vegetal no Hemisfério Norte aumentou nas últimas décadas, mas ela ocorreu de forma irregular e pode reverter a longo prazo pela combinação de outros fatores envolvidos no aquecimento global, como a redistribuição geográfica de espécies e mudanças na umidade do solo, no regime de chuvas e nos ciclos das estações.176 177 178 179 180

O mapa à esquerda mostra a distribuição média do CO2 em 2011. Note-se como há grande variação regional. Os dois mapas pequenos à direita mostram as variações sazonais. O gráfico abaixo mostra a curva de elevação da concentração do CO2 atmosférico.
Os estudos que indicam aumento da produtividade por causa do aumento do CO2, embora autênticos, são feitos em geral em ambiente laboratorial controlado, analisando o efeito isolado do gás sobre as plantas,181 182 mas na natureza os fatores não podem ser tomados isoladamente, havendo sempre múltiplas interações que ainda não foram bem consideradas, de modo que os efeitos positivos da elevação de CO2 são duvidosos.176 180 181 182183 Pesquisas feitas em condições mais próximas do ambiente natural atestam um índice de produtividade 50% menor do que o acusado em ambientes controlados.182 Estudos mais recentes apontam uma redução na produtividade de vastas áreas boreais do Hemisfério Norte. Outro, avaliando 47 hot-spots de florestas tropicais de altitude em todo o mundo, indica que a produtividade vegetal era ascendente até meados dos anos 90, quando a tendência se inverteu de repente, sendo desde lá registrada a diminuição na sua atividade fotossintética e no total da biomassa produzida. Acredita-se que o fator limitante tenha sido a precipitação reduzida que acompanhou a elevação de temperatura.184 185 Um trabalho de 2013 realizado no Brasil, analisando os efeitos de maiores concentrações de CO2 sobre as pastagens, encontrou que o gás efetivamente aumentou a produtividade da gramínea mais utilizada na alimentação de gado no país, que é o maior produtor mundial de carne bovina, mas sua qualidade nutricional baixou, as folhas se tornaram mais fibrosas e continham mais componentes indigeríveis para os animais. Os pesquisadores sugerem que efeitos similares podem aparecer em outras culturas importantes, que passarão a exigir mais investimentos para compensar a queda qualitativa.186 Outro estudo, realizado nos Estados Unidos, obteve resultados comparáveis. Previu-se que as pastagens naturais terão seu teor nutritivo reduzido, fazendo com que as futuras gerações de bisões que delas se alimentarem tenham peso e tamanho reduzidos. Previu-se também que efeitos similares podem afetar o gado de corte.187 Os prejuízos podem vir a predominar em muitas áreas, como concluiu uma revisão dos estudos sobre os efeitos na agricultura europeia.188 Além disso, a diversidade biológica do mundo todo está em declínio acelerado em grande parte devido ao aquecimento, apesar de um pequeno número de espécies estar florescendo. Porém, essas espécies tendem a ser invasoras, e elas já causam documentadamente um prejuízo enorme todos os anos.189 Mesmo existindo efeitos positivos, provavelmente sejam anulados e ultrapassados por efeitos negativos derivados de outros mecanismos, como já foi observado em estudos de longo prazo.176 173 188 181 182 177 180

Clima


Projeção das mudanças no regime anual de chuvas até o fim do século XXI. As zonas mais azuis devem receber mais chuvas, e as mais alaranjadas devem experimentar a maior redução. O mapa mostra que praticamente toda a área de produção agropecuária do Brasil, e grandes biomas úmidos que dependem vitalmente de água e chuva abundantes, como o Pantanal e a Mata Atlântica, estão sob ameaça de tornarem significativamente mais secos. Outros que naturalmente têm menos precipitação, como o Cerrado e a Caatinga, também devem ter seu equilíbrio afetado negativamente. A Caatinga, que é naturalmente a região mais seca do Brasil, poderá receber até 50% menos de chuvas nas projeções mais pessimistas (6 °C de aquecimento). O Pampa, por outro lado, poderá ter sua precipitação aumentada em até 40%. Em ambos os casos, as mudanças que isso provocará no equilíbrio dos biomas provavelmente serão significativas.190 Vários estudos preveem a savanização de grandes áreas da Floresta Amazônica e a desertificação de outros ecossistemasbrasileiros, com extensa perda de biodiversidade e impacto socioeconômico.191 192 27 193 194 195 196 Portugal todo deve ficar sob influência semelhante.
O aquecimento da atmosfera aumenta sua capacidade de reter vapor d'água, bem como aumenta a evaporação das águas superficiais (oceanos, lagos e rios). Isso tem dois efeitos importantes: em primeiro lugar, aumenta a quantidade de água disponível na atmosfera, e em certas regiões, quando essa água em vapor se converte em chuva, tende a chover com mais intensidade porque há mais água a descarregar. Uma série de eventos extremos recentes associados ao ciclo das águas, como chuvas torrenciais, secas recorde e ciclones tropicais devastadores com pesada precipitação, vem sendo relacionada ao progressivo aquecimento global, e é prevista uma intensificação em sua gravidade, embora essas mudanças devam ocorrer de maneira irregular sobre o planeta, com zonas mais afligidas por precipitação excessiva e outras menos, e algumas até com tendência inversa, passando a sofrer secas mais fortes e prolongadas. Essa irregularidade é resultado da combinação de vários outros fatores influenciados pelo aquecimento, como a mudança no regime de ventos, nas correntes oceânicas e na linha de monções. O segundo efeito deriva do fato de que o vapor d'água é um gás estufa por si mesmo, e de todos o mais importante, porque existe em grande quantidade na nossa atmosfera naturalmente. Aumentando o calor, aumenta a quantidade de vapor d'água na atmosfera, dando importante acréscimo ao efeito estufa gerado pelos outros gases.3 103 197 61 198 97
Espera-se que essas alterações no regime de chuvas do mundo afetem negativamente de múltiplas maneiras a agricultura, as pastagens e a pecuária, asilvicultura e a produção de alimentos em geral, pois todas essas atividades humanas, que vêm sendo desenvolvidas há milênios, e que dependem essencialmente de outros seres vivos, dependem também das condições estáveis e previsíveis do clima às quais todas as espécies foram acostumadas há muito tempo. As mudanças atuais são rápidas e grandes demais para a natureza absorvê-las sem profundo abalo, e deverão alterar todo o conhecido equilíbrio das forças naturais, desorganizando e desestruturando grande parte dos sistemas produtivos da humanidade construídos sobre esse mesmo equilíbrio, cuja razoável estabilidade e previsibilidade possibilitou o desenvolvimento de sistemas de alta produtividade e em larga escala como os que existem hoje, dos quais depende a humanidade para sua sobrevivência e conforto. Em consequência, prevê-se que deverão crescer a pobreza, certas doenças e a fome, os conflitos violentos derivados da competição entre grupos e nações por recursos em declínio, e o uso de recursos tecnológicos,pesticidas e adubos nas criações e culturas para compensar a queda na produtividade, o que contaminará ainda mais o ambiente e elevará os custos de produção, prejudicando ambiente, produtores e consumidores de todo o mundo num efeito em cascata.97 7 8 199 200
O desregramento nas chuvas, junto com a redução acelerada de reservatórios naturais como os glaciares de montanha, deve provocar paralelamente a redução dos mananciais de água doce disponível em todo o mundo, afetando ecossistemas, a vida natural e o homem e seus sistemas produtivos.8Muito em função desse desequilíbrio hídrico, em algumas regiões subtropicais está indicada tendência à desertificação, perdendo-se áreas férteis necessárias às lavouras e diminuindo a superfície coberta por florestas, de onde o homem obtém madeira e vários outros produtos naturais valiosos, e que são responsáveis por boa parte da produção de oxigênio e da redução dos níveis de gás carbônico. Com a diminuição da capacidade da natureza de reciclar o gás carbônico, o efeito estufa se realimenta.7 8 199 61 200

O ciclone Nargis. O aumento da ocorrência ou intensidade de fenômenos de clima extremo como esses é uma consequência provável do aquecimento global
Também estão previstas, com certeza quase absoluta, mudanças no padrão dos ventos e o aumento na frequência e na intensidade das ondas de calor e frio extremos. Desde a década de 1950 a maior parte do mundo tem experimentado mais ondas de calor. Além disso, devem ficar mais fortes os ciclones tropicais, que frequentemente resultam em grandes perdas de vidas, impactos ambientais adicionais e significativa destruição de bens e propriedades, com vastos prejuízos econômicos e sociais.3 8 197 201Os ciclones tropicais são as catástrofes naturais que mais causam prejuízos nos países desenvolvidos, e são a maior causa de fatalidades e ferimentos decorrentes de catástrofes naturais nos países em desenvolvimento.202 Serve de exemplo o ciclone Nargis, que afligiu a Birmânia em 2008: pelo menos 85 mil pessoas morreram, um ano depois cerca 54 mil ainda eram dadas como desaparecidas (o número exato é controverso e pode ser muito maior; as Nações Unidas estimaram em mais de 300 mil entre mortos e desaparecidos), 1,5 milhão foram evacuadas, e um total de 3,2 milhões foram afetadas de diversas maneiras em torno do delta do rio Irauádi, a região mais atingida, e onde se localiza Yangon, a principal cidade do país. Cerca de 700 mil moradias foram destruídas, 3/4 das criações de animais pereceram, metade da frota pesqueira afundou, um milhão de acres de terras cultivadas foram salgadas por uma maré de tempestade de 3,5 metros que acompanhou o ciclone, os mananciais de água doce foram salgados e contaminados, e os sobreviventes sofreram com epidemias de febre tifoidecóleradisenteria e outras doenças, além de fome, sede e falta de assistência médica e abrigo.203 204 205 A recuperação das nações pobres atingidas por desastres tão graves às vezes leva anos, só para em pouco tempo serem sujeitas a novos desastres, muitas delas estando localizadas em áreas naturalmente propensas a eles, como no sudeste asiático e no Caribe. Com o crescimento constante da população do mundo e sua progressiva concentração nas cidades, que frequentemente não conseguem se adaptar a tempo para acompanhar o inchaço populacional e se tornam por isso particularmente vulneráveis, os impactos tendem a ser maiores pela maior exposição da população somada à maior intensidade dos fenômenos destrutivos.206 205
Embora seja esperado com grande grau de certeza que a intensidade dos eventos de clima extremo aumente, se o aquecimento vai elevar o número dessas ocorrências já é mais incerto. Mas, como observou o pesquisador sênior do National Center for Atmospheric Research dos Estados Unidos, Kevin Trenberth, mesmo que os eventos "extremos" não se multipliquem em número, até mesmo os eventos "normais" devem se intensificar em alguma medida, pois ocorrerão dentro de um ambiente climático que foi todo ele modificado, estando mais quente e mais úmido. Ainda há muita polêmica sobre este aspecto em particular, que ganha destaque regular nas mídias e é muitas vezes usado para desacreditar a realidade do fenômeno e a confiabilidade das previsões científicas, mas seria inconcebível pensar que esta "simples" mas importantíssima mudança nos fatores da equação, explicada pelas leis mais básicas da física, não vá necessariamente produzir efeitos substanciais.207
Mais umidade (vapor de água) no ar pode também significar uma presença de mais nuvens na atmosfera, o que, na média, poderia causar um efeito de arrefecimento. As nuvens têm de fato um papel importante no equilíbrio energético porque controlam a energia que entra e a que sai do sistema. Podem arrefecer a Terra ao refletirem a luz solar para o espaço, e podem aquecê-la por absorção da radiação infravermelha radiada pela superfície, de um modo análogo ao dos gases associados ao efeito de estufa. Variações regionais são esperadas e o efeito dominante depende de muitos fatores, entre eles a altitude e do tamanho das nuvens e das suas gotículas. Pesquisas recentes mostram que as nuvens interagem também com muitas outras alterações físicas e biológicas que ocorrem na Terra, como por exemplo o aumento nos níveis de aerossóis antrópicos, o aumento na umidade troposférica e as imprevisíveis emissões por vulcanismo, e teoriza-se que possam sofrer influências tão distantes quanto dos raios cósmicos, que poderiam ser capazes de afetar a formação dos núcleos primários de condensação das gotículas da chuva. Efeitos combinados de mudanças no tipo ou quantidade de nuvens, maior umidade e temperatura também devem afetar a produção de precursores biológicos do ozônio atmosférico, mas todo o papel das nuvens no aquecimento ainda é incerto.110 208

Efeitos sobre o mar

Elevação do nível do mar

Mapa indicando as variações regionais no nível do mar entre 1993 e 2010

Elevação recente do nível médio dos oceanos.
Uma outra causa de grande preocupação é a subida do nível do mar. O nível dos mares é sujeito a muitas variáveis naturais e, ao contrário do que se poderia imaginar, é bastante desigual nas diferentes regiões oceânicas. Sua medição é muito complexa, mas encontrou-se que entre 1961 e 2003 o nível médio aumentou 1,8 (±0,5) milímetros por ano, e entre 1993 e 2003 o ritmo foi de 3,1 (±0,7) mm por ano.209 Foi preciso ter em conta muitos fatores para se chegar a uma estimativa do aumento do nível do mar no passado. Mas diferentes investigadores, usando métodos diferentes, acabaram por confirmar o mesmo resultado. O cálculo que levou à conclusão não foi simples de fazer. Na Escandinávia, por exemplo, as medidas realizadas parecem indicar que o nível das águas do mar está a descer cerca de 4 milímetros por ano. No norte das Ilhas Britânicas, o nível das águas do mar está também a descer, enquanto no sul se está a elevar. Isso deve-se ao fato da Fennoscandia (o conjunto da Escandinávia, da Finlândia e da Dinamarca) estar ainda a subir, depois de ter sido pressionada por glaciares de grande massa durante a última era glacial. Demora muito tempo a subir porque é só muito lentamente que o magma consegue fluir para debaixo dela; e esse magma tem que vir de algum lado próximo, como os Países Baixos e o sul das Ilhas Britânicas, que se estão lentamente a afundar. Em Bangkok, por causa do grande incremento na extração de água para uso doméstico, o solo está a afundar-se e os dados parecem indicar que o nível das águas do mar subiu cerca de 1 metro nos últimos 30 anos.
O aquecimento global provoca subida dos mares principalmente por causa da expansão térmica das águas, um mecanismo pelo qual as águas se expandem ao aquecer, ocupando maior volume. Os oceanos absorvem cerca de 90% do calor gerado pelo efeito estufa, e por isso aquecem e se expandem.210 Segundo informa o IPCC, calcula-se que a expansão contribua com pelo menos 0,4 (±0,1) mm de elevação anual. O segundo fator mais importante é o derretimento decalotas polares e glaciares de montanha. Os glaciares parecem ser muito mais afetados pelas mudanças climáticas do que as camadas de gelo da Gronelândia e Antártica, as quais não se espera que contribuam significativamente para o aumento do nível do mar nas próximas décadas, por estarem em climas frios, com baixas taxas de precipitação e derretimento. O conhecimento da dinâmica marinha ainda é muito incompleto, mas já existe um consenso de que o nível do mar vai continuar a se elevar pelos séculos à frente, mesmo com a estabilização imediata das emissões de gases estufa.61 209

Colapso da banquisa antárticaLarsen B em 2002, relacionado ao aquecimento global. O gelo cobria uma área de c. 3.250 km2211 O contorno do estado de Rhode Island, nos Estados Unidos, foi sobreposto para comparação.
Se a camada de gelo polar e os glaciares montanhosos derreter significativamente, isso poderia representar um aumento do nível das águas oceânicas em muitos metros. No entanto, em geral não se espera um derretimento em tal proporção ao longo do século XXI, embora o recuo dos gelos esteja ocorrendo inequivocamente em virtualmente todas as regiões geladas do mundo, e esteja acelerando. A movimentação dos glaciares e seu papel na elevação do nível do mar apenas recentemente vêm sendo compreendidos em mais detalhe.209 212 213 Um estudo de 2011 realizado pela NASA apontou que o derretimento do gelo ártico e antártico está acontecendo muito mais rápido do que as projeções constantes no 4º Relatório do IPCC previam, e três vezes mais rápido do que a taxa registrada nos glaciares de montanha. A previsão é de que se a tendência continuar o derretimento polar passará a dar a contribuição principal na elevação do nível marítimo no século XXI, ultrapassando a causada pela expansão térmica.17 214 As perdas totais de gelo mundial entre 2005 e 2009 foram calculadas pelo 5º Relatório do IPCC em 301 gigatoneladas por ano (média), havendo grande consenso de que as perdas vão continuar grandes no futuro próximo mesmo se as temperaturas se estabilizarem imediatamente. Não há garantia de que a tendência será reversível. As projeções do IPCC indicam uma elevação média do nível do mar de aproximadamente 40 a 60 cm até 2100, com uma faixa de variação de 26 a 98 cm, e é virtualmente certo que a elevação continuará depois de 2100.3 Projeções independentes indicam níveis ainda maiores. Em qualquer dos cenários, os impactos sobre o homem serão seguramente vastos.21 22 215
Muitas ilhas e regiões litorâneas baixas, onde se concentra uma parte expressiva da população mundial e onde hoje florescem muitas megacidades, como Hong Kong, Nova Iorque, Rio de Janeiro, Buenos Aires, serão inundadas em graus variáveis, o que causará perdas materiais e culturais incalculáveis e provocará migrações em massa para regiões mais elevadas, gerando novos transtornos e despesas em larga escala.61 8 216 217 Pelo menos oito megacidades litorâneas são construídas sobre terrenos frágeis que estão afundando, aumentando ainda mais a rapidez do processo de inundação.218 215 Um estudo avaliou os custos para os Estados Unidos de uma elevação de um metro no nível do mar: isso inundaria até 30 mil km2 de costas, e cada proprietário de terreno habitacional típico junto à costa deveria gastar de mil a dois mil dólares em medidas de contenção das águas. No total, junto com outros custos, seriam gastos de 270 a 475 bilhões de dólares. Isso poderia ser viável economicamente, mas o estudo concluiu que as perturbações ambientais que a movimentação e alteração maciça do terreno costeiro causariam poderiam ser inaceitáveis.219 Outra pesquisa, analisando o caso do Senegal, calculou que a elevação de um metro significaria a inundação de 6 mil km2 de terra da região mais populosa do país, provocando um êxodo de até 180 mil pessoas e danos a propriedades que chegariam a 700 milhões de dólares, o que equivalia, na data do estudo, a 17% do PIB nacional.220

Muitas ilhas e arquipélagos de baixa altitude, como Tuvalu e Kiribati,micronações do Oceano Pacífico, são habitados por expressiva população e estão ameaçados pela elevação dos mares. Na imagem, foto de satélite doatol de Tarawa, em Kiribati, habitado por mais de 50 mil pessoas.
Já existem vários projetos destinados a obras de adaptação e a conter a subida do mar em alguns locais críticos, construindo-se canais, comportas, diques, ilhas artificiais, muros, estruturas flutuantes, terraços e outros métodos, como o reflorestamento costeiro e fixação de dunas. Os Países Baixos, que possuem grande parte de seu território muitos metros abaixo do nível do mar e construíram um eficiente sistema de grandes diques para protegê-lo, são frequentemente apontados como um modelo bem sucedido de ação. Mas os custos de erguer e manter obras desse tipo são altíssimos, elas geralmente desencadeiam outros impactos ambientais sérios pela escala monumental das intervenções na geografia e nos ecossistemas litorâneos, baixam o valor das propriedades costeiras e limitam seu uso recreativo. O muralhamento costeiro em escala mundial, por sua vez, além de ser em si mesmo indesejável, seria impraticável, especialmente se as previsões mais pessimistas se confirmarem. Assim, para muitos cientistas e administradores, tentar conter o avanço do mar na maior parte dos casos já mostrou ser uma batalha perdida, produzindo apenas benefícios efêmeros e ilusórios, valendo mais a pena iniciar uma retirada estratégica para o interior em larga escala em uma perspectiva de longo prazo, a qual, para ser bem sucedida, deve ser feita com muito planejamento. Porém, o tempo para isso está diminuindo, enquanto que a ameaça está aumentando.221 216 219 222 217 223 215 A simples elevação do mar também afetará os ecossistemas costeiros, causando sua degradação ou erradicação, com perdas ou modificações importantes de biodiversidade.8 216 224
Poluição e outros efeitos

Animais mortos por desoxigenação no fundo do mar Báltico, 2006.
Já se sabe também que os gases atmosféricos em alteração estão mudando a composição química dos oceanos, já que os gases se dissolvem nas águas a partir da atmosfera e voltam para o ar em um processo ininterrupto de intercâmbio e equilíbrio mútuo. Todos os ecossistemas marinhos dependem fortemente das condições do mar próximas da superfície, onde as águas são mais sujeitas à influência da atmosfera. O efeito é potencializado pelo aumento das temperaturas oceânicas e está relacionado a muitos outros efeitos secundários físicos e biológicos que por sua vez influem de volta sobre a atmosfera, sendo importantes reguladores naturais do clima. Os oceanos são os maiores sequestradores de CO2 atmosférico, mas sua capacidade de absorção parece estar sendo sendo saturada. Esta impregnação excessiva das águas pelo gás carbônico constitui uma forma de poluição química. Ao mesmo tempo em que aumentam as concentrações de CO2, fazendo com que as águas se tornem mais ácidasbaixam as de O2(oxigênio), que é vital para o sustento dos organismos.225 226
O conhecimento científico sobre as interações gasosas entre o ar e o mar ainda precisa ser muito aprofundado, mas vários estudos sugerem que deve haver mudanças biológicas em larga escala nos seres marinhos. Observações mais pontuais já indicaram que o metabolismo de vários grupos de criaturas aquáticas já foi afetado em alguma medida em várias regiões oceânicas, desde o plâncton, que está na base da cadeia alimentar, passando por corais e moluscos de concha, até grandes peixes, fazendo com que apresentem distúrbios de comportamento e de crescimento, ou diminuam suas populações.225 227 228 229 230 231 Segundo estudo publicado pela Royal Society, mesmo que a poluição química dos mares cesse imediatamente, a acidificação precisará de milênios para ser revertida por processos naturais, e não foi provado que o homem poderá revertê-la artificialmente.228
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Esses efeitos sobre o mar se complicam com outros. A combinação de aquecimento, derretimento dos gelos e elevação do nível do mar também modifica a circulação termoalina e as correntes marinhas.232 A Corrente do Atlântico Norte, por exemplo, é provocada por diferenças de temperatura entre os mares. E aparentemente ela está enfraquecendo à medida que a temperatura média global aumenta. Isso significa que áreas como a Escandinávia e a Inglaterra que são aquecidas pela corrente poderão apresentar climas mais frios a despeito do aumento do aquecimento global.
Já existem vários indícios de que a salinidade está diminuindo em vários mares do mundo, com impacto potencial mas indeterminado sobre a bioquímica marinha. Embora as evidências não sejam suficientes para indicar uma causa com segurança, parece provável a influência das mudanças climáticas globais, especialmente através do degelo deglaciares e banquisas polares e mudanças nas chuvas e na umidade atmosférica.233 Muitas espécies marinhas de grande valor comercial e alimentício já mostram acentuadas modificações regionais em suas populações por virtude de efeitos do aquecimento global, e outras sofrem redistribuição geográfica. Estudos já mostraram que peixes e invertebrados tendem a se mover para latitudes mais altas e águas mais profundas por influência do aquecimento.234 235 236 237 Acrescentando-se a isso o aumento da poluição marítima por outros contaminantes antrópicos, como o lixo marinho, os agrotóxicos e os fertilizantes, descarregados no mar pelos rios e pelas chuvas, espera-se que as mudanças sejam severas e venham a afetar virtualmente toda a vida marinha no longo prazo.228 238 231 225 239
Todos esses efeitos são agravados pela pesca excessiva. Cerca de 50% de todas as espécies de valor comercial já estão com suas populações no limite máximo de exploração, e cerca de 30% delas, incluindo a maioria das dez mais importantes, estão superexploradas e em declínio rápido, devendo estar completamente esgotadas em meados do século XXI se o declínio não for revertido.240 O International Programme on the State of the Ocean da Sociedade Zoológica de Londres afirmou que por causa dos impactos antrópicos combinados os oceanos estão sob o grave risco de entrarem em um período de extinções em massa.241 Já foram identificadas mais de 400 "zonas mortas" em mares de todo o mundo.238

Abastecimento e saúde

Uma consequência provável do somatório de todos os efeitos do aquecimento global é o sério comprometimento da produção de alimentos. Como foi assinalado, as mudanças nos mares devem significar uma importante ameaça aos estoques de peixes, moluscos e crustáceos para consumo, que constituem alimento básico ou importante para grande parte da população mundial.235 7 8 242 O aquecimento global também deve afetar a produção de outros alimentos, e as mudanças nas chuvas, a tendência à desertificação subtropical, provavelmente vão prejudicar a agricultura e as pastagens de grandes áreas produtoras em todo o mundo, afetando particularmente os países mais pobres. Hoje, quase um bilhão de pessoas sofre de fome crônica, e em 2050 a população mundial deve chegar a 9 bilhões de pessoas, fazendo necessariamente aumentar muito a pressão sobre os recursos naturais,183 8 243 244 dos quais cerca de 60% já estão superexplorados.245
Outras repercussões antecipadas incluem o aumento na incidência e mudanças na distribuição geográfica de várias doenças, especialmente as cardiorrespiratórias, as infecciosas e as ligadas à má nutrição, elevando significativamente os custos com a assistência médica e social.61 8 O aquecimento deve provocar a redistribuição geográfica de todas as doenças que de alguma forma são influenciadas pelo clima e pelas condições do tempo. A saúde geral das populações também deve ser afetada pelo aquecimento, pois depende do abastecimento alimentar, moradia, etc, e afeta sua capacidade de responder às novas doenças. O aumento nas concentrações atmosféricas de CO2 também deve favorecer a disseminação de diversos vegetais que provocam grandes incômodos para o homem na forma de alergias, e o gás também estimula a produção de pólen, outro alérgeno importante.164
Também estão sendo estudados os possíveis efeitos do aquecimento sobre a produtividade humana. Sabe-se há bastante tempo que temperaturas elevadas são inadequadas para a realização de esforço físico, mas esta interação em relação ao aquecimento global somente há pouco vêm sendo estudada, não foi avaliada nos relatórios do IPCC e se torna importante no estabelecimento de programas de adaptação. Uma pesquisa publicada em 2013 pelo NOAA indica que o aquecimento global deve aumentar em média até 50% os problemas de saúde relacionados ao estresse térmico no trabalho, reduzindo a capacidade de operários da construção civil, agricultores, esportistas e outros que exercem atividades físicas intensas a céu aberto. Esse tipo de estresse pode levar a crises cardíacas, cãibras, desconforto, desidratação e exaustão, entre outros efeitos, e se torna um agravante de outras moléstias pré-existentes. Outros estudos fazem projeções similares. As regiões tropicais devem ser as mais afetadas, com grande repercussão social e econômica provável, mas efeitos sensíveis podem se verificar em outras áreas e afetar outras atividades, como o turismo, o lazer e programas escolares.246 247 248 249

Impactos na Amazônia

Segundo vários estudos sobre impactos regionais, incluindo a avaliação do IPCC, a Amazônia pode sofrer importantes mudanças em 40% de sua área sob um aquecimento de 2 a 3 °C, com a substituição da floresta tropical por savanas, embora essas mudanças devam ser desiguais, mais intensas no nordeste e sul da Amazônia. Também foi projetada a extinção de 43% de 69 espécies arbóreas estudadas até o ano de 2100, com repercussões adicionais em termos de extinções de animais, amplas redistribuições de outras espécies e risco aumentado de incêndios e secas. Outros estudos projetam perdas ainda mais graves, supondo a desertificação de uma vasta parte da Amazônia até 2100.193 250 192 27 O acelerado desmatamento na Amazônia tem contribuído com importantes emissões de gases estufa, realimentando o aquecimento global.251

Balanço dos efeitos combinados e avaliações recentes


O aquecimento deve fazer aumentar a população que vive em condições sub-humanas. Na imagem, detalhe da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro, com uma população de quase 70 mil habitantes, a maior favela do Brasil.252

Crianças subnutridas em um orfanato da Nigéria na década de 1960. A fome, que sempre assombrou a humanidade, e que hoje ainda aflige mais de 800 milhões de pessoas,253deve piorar se o aquecimento global não for combatido.
Levando em conta que mais de 40% da economia mundial depende diretamente de produtos ou processos biológicos, e que todo ser humano precisa de sustento vindo diretamente da natureza, os efeitos no longo prazo do aquecimento global para a sociedade, combinados aos dos outros problemas ambientais que são associados ou derivados, como a poluição e o desmatamento, seriam catastróficos.12 13 Na realidade, como disse Michael Cutajar, ex Secretário-executivo da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima, já são: "A mudança climática não é só uma ameaça distante, mas um perigo atual — já estamos sentindo o seu impacto econômico". Um estudo recente desenvolvido por mais de 50 cientistas estimou que o aquecimento global custa diretamente mais de 1,2 trilhão de dólares, com impacto maior sobre os países pobres.254 O Sub-secretário-geral da ONU, Achim Steiner, afirmou que somente a perda e degradação de florestas gera um prejuízo anual de cerca de 4,5 trilhões.12 Os custos derivados das invasões de espécies exóticas representam mais 1,4 trilhão, conforme declaração do Secretariado da Convenção sobre a Biodiversidade.189 Se nada for feito para mitigá-lo significativamente, os custos do aquecimento podem corroer de 5 a 20% do Produto Mundial Bruto por ano, ao passo que o custo de mitigação ficaria em torno de apenas 1%, segundo informa o Relatório Stern,255 considerado a mais completa avaliação das tendências econômicas globais relativas ao aquecimento.256
Some-se a isso prejuízos culturais e sociais, e patenteia-se o imenso impacto prático e imediato dessas perturbações ecológicas para o homem. Um relatório produzido peloBanco Mundial em 2012 causou surpresa pelo tom incomumente dramático para uma organização caracterizada pela sisudez, juntando-se ao consenso dos cientistas e ambientalistas e prevendo um cenário assustador para o mundo, em termos de disrupção social e perturbações ambientais, se a temperatura média se elevar aos 4 °C, nível esperado pela maioria dos estudos se nada for feito em contrário. As primeiras palavras do presidente do Banco, Jim Yong Kim, na apresentação do estudo, foram: "Espero que este relatório nos choque, levando-nos à ação".257 258 Após considerar todos os riscos que se colocam, o relatório encerrou com a declaração: "Um mundo 4 °C mais quente apresentará para a humanidade desafios jamais vistos. E fica claro que danos e riscos em escala local e global provavelmente acontecerão bem antes deste nível de aquecimento ser atingido.... Simplesmente não podemos permitir que a projetada elevação de 4ºC aconteça".259 Em 2013 o presidente reiterou seu apelo a todas as nações, dizendo que "as mudanças climáticas devem estar no topo da agenda internacional, pois o aquecimento global põe em risco qualquer desenvolvimento que for conseguido em outros setores, inclusive o econômico".260 O Relatório de Desenvolvimento Humano 2013, elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, previu que o número de pessoas vivendo em pobreza extrema em 2050 como consequência do problema ambiental aumentaria em 2,7 bilhões. No cenário mais grave, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) médio global diminuiria 15% em 2050, mas os países mais pobres experimentariam índices de declínio ainda maiores.261 Um estudo mostrou que em 2010 o aquecimento global causou a morte de 5 milhões de pessoas,262 e Bekele Geleta, secretário-geral da Federação Internacional da Cruz Vermelha, relatou que no mesmo ano a organização fez mais de 30 milhões de atendimentos a vítimas de desastres naturais derivados do aquecimento global. Maiores mudanças no clima devem tornar a situação ainda pior. O problema da segurança alimentar é uma das maiores preocupações da Cruz Vermelha nos dias de hoje.263
Por fim, para o equilíbrio e saúde da natureza em geral e para a biodiversidade em si, cujo valor de existência ainda está para ser reconhecido, os danos são incalculáveis, e as espécies que se extinguirem em função do aquecimento representam perdas irreversíveis; um triste legado para as futuras gerações, que terão, se nada fizermos em contrário, a difícil tarefa de sustentar uma população provavelmente bem maior com os recursos generalizadamente empobrecidos de um planeta que terá, além de tudo, um clima bem mais imprevisível e hostil que complicará de maneira significativa o atendimento das crescentes demandas.12 153 13 9 61 8 254 Hoje vivem no mundo 7 bilhões de pessoas. Projeta-se para 2050 uma população de 9 bilhões, e recente relatório da ONU prevê para este século um aumento de 300 a 900% no consumo global. Se simplesmente manter o status quo socioeconômico significará um grande erro, este erro aumentado em 300 a 900% em taxas de consumo provavelmente deve ter repercussões negativas proporcionais.264 Por causa disso, é esperada também uma escalada nas migrações populacionais, nas guerras civis e nos conflitos internacionais violentos.265 266 Suzana Kahn explica: "A alteração no ambiente aumentará o fosso entre nações. Fugindo da seca e/ou de inundações, populações inteiras, com muito pouco a perder, se transformarão em refugiados climáticos. Eles serão recebidos com hostilidade, principalmente nos países mais ricos, que em sua maioria já sofrem com o aumento da densidade demográfica nas cidades".266 Isso se torna mais grave porque vários estudos recentes que analisam o desempenho das políticas climáticas das nações vêm indicando que sociedades instáveis e violentas e com problemas de governança crônicos tendem notoriamente a ser incapazes de gerir suas políticas de maneira eficiente e atender às crescentes demandas de suas populações num cenário climático em modificação, multiplicando as chances da ocorrência de falhas críticas em sistemas vitais.164 Nas palavras de Ban Ki-Moon, secretário-geral da ONU,
"As tendências atuais estão nos levando cada vez mais perto de potenciais pontos de ruptura, que reduziriam de maneira catastrófica a capacidade dos ecossistemas de prestarem seus serviços essenciais. Os pobres, que tendem a depender mais imediatamente deles, sofreriam primeiro e mais severamente. Estão em jogo os principais objetivos delineados nas Metas de Desenvolvimento do Milênio: segurança alimentar, erradicação da pobreza e uma população mais saudável".13
O recente progresso da humanidade gerou muitos benefícios, mas desencadeou efeitos negativos que não haviam sido previstos e para os quais o mundo não estava preparado, dada sua enorme amplitude e suas múltiplas consequências indiretas. O impacto ambiental antrópico pode ser sumarizado em cinco grandes ameaças: desequilíbrio do clima, declínio da biodiversidade, poluição, perda e degradação de ecossistemas e a explosão demográfica, todas intimamente ligadas entre si.9 Um estudo publicado em março de 2013 por pesquisadores da Universidade de Stanford e ratificado por mais de 500 outros especialistas de todo o mundo,267 afirmou:
"A vasta maioria dos cientistas que estudam as interações entre as pessoas e o resto da biosfera concordam em uma conclusão central: as cinco tendências perigosas citadas acima estão produzindo efeitos negativos, e, se continuarem, os efeitos negativos já aparentes sobre a qualidade de vida do homem se tornarão muito piores dentro de poucas décadas. A abundância de evidências científicas sólidas substanciando os prejuízos foi sumarizada em muitos estudos individuais e em declarações de consenso.... e foi documentada em centenas de artigos publicados na literatura científica sujeita à revisão por pares.... Assegurar um futuro para nossos filhos e netos que seja tão desejável para ser vivido como a vida que levamos hoje exigirá aceitarmos que já fizemos inadvertidamente o ecossistema global rumar em direções perigosas, e que temos o conhecimento e o poder de colocá-lo de volta em seus eixos - mas se agirmos agora. Esperar mais somente tornará mais difícil, se não impossível, termos sucesso, e produzirá custos substancialmente maiores, tanto em termos monetários como em sofrimento humano".9

A multidão nas ruas de Dhaka,Bangladesh. A superpopulação exerce crescente pressão sobre o meio ambiente, alimentando as causas do aquecimento.
É importante relembrar que diversos efeitos das emissões aumentadas de gases estufa só se manifestarão muitos anos depois de ocorrerem as emissões, e outros são de longa duração. A acidificação do oceano, por exemplo, exigirá milênios para ser revertida pelos processos naturais, e o nível do mar continuará a se elevar provavelmente por séculos, podendo chegar a 4 metros ou mais acima dos níveis pré-industriais no ano 2300.11 258 Alguns gases, além disso, têm um longo ciclo de vida, permanecendo ativos por muito tempo. De acordo com o IPCC, o ciclo de vida dos hidrofluorocarbonetos importantes industrialmente varia de 1,4 a 270 anos. O gás carbônico, o principal gás estufa antropogênico, pode permanecer ativo na atmosfera por até centenas de anos, e o óxido nitroso, até 114 anos. Outros gases, como os compostos perfluorados e ohexafluoreto de enxofre, embora em menores quantidades no total, mas muito potentes, têm ciclos ainda mais longos, que variam de mil a 50 mil anos, ultrapassando em muito os horizontes da presente civilização.268
Também importa compreender que para mantermos as concentrações atmosféricas de gases estufa simplesmente estáveis nos níveis atuais, precisaríamos na prática interromper quase que completamente as emissões, pois a maior parte dos gases que já foram lançados na atmosfera lá permanecerão muito tempo, sendo reciclados lentamente, como foi há pouco explicado. Se as emissões continuarem, mesmo que reduzidas, o resultado final será uma inevitável amplificação do aquecimento pelo efeito cumulativo. Sabe-se que a capacidade regenerativa da natureza há muito já foi ultrapassada, e a despeito deste fato os níveis de gases estufa elevam-se continuamente. Se houver muita demora na redução, a quantidade de gases lançados na atmosfera ultrapassará um ponto crítico, após o qual serão inevitáveis e irreversíveis efeitos cumulativos devastadores.269 270 271 272 Segundo Emilio La Rovere, pesquisador da UFRJ que contribui para o IPCC, seria necessário cortar 80% das emissões em comparação com 1990 para não serem ultrapassados os 2 °C de aquecimento até 2050, meta estabelecida na Convenção do Clima de 2009 e considerada o limite máximo tolerado para que não se instale um problema ambiental de proporções catastróficas. Mas ele acrescenta: "Os modelos matemáticos simulando evolução demográfica, economia mundial, demanda e oferta de energia, mostram que fica realmente quase impossível atingir este objetivo".37 Um relatório do PNUMA, com horizonte até 2100, chegou a conclusões similares, e revelou que mesmo que os países cumpram as metas de redução nos próximos anos, a quantidade de gás carbônico emitido deve ultrapassar em 8 a 12 gigatoneladas o limite calculado para impedir que a temperatura média global suba além dos 2 °C. O relatório também observou que após 2020 as medidas de prevenção e mitigação devem ser ainda mais custosas e de efeito mais incerto do que se fossem adotadas imediatamente.273 As emissões de CO2 continuam a crescer e chegaram a um recorde em 2013, ultrapassando a concentração atmosférica de 400 ppm. Outros gases do efeito estufa também estão aumentando, como o metano e o óxido nitroso.132
Vários estudos publicados após o último relatório do IPCC, realizados com modelos teóricos mais refinados e novas observações, indicam que há fatores ainda desconhecidos em jogo, que as causas e efeitos das mudanças climáticas estão se agravando bem mais rápido do que o IPCC previu e que os piores cenários estimados ficam cada vez mais perto de se concretizarem.120 274 275 19 276 20 277 278 279 214 280Adicionalmente, considerando que os esforços para combate ao aquecimento e outros agravos à natureza que atuam em sinergia têm sido até o momento pouco efetivos, o cenário futuro não pode ser senão sombrio.5 12 13 9 258 Muitos já foram os danos, e, segundo as previsões, muitos outros ainda devem se verificar num futuro próximo pela simples inércia das tendências atuais,5 mas segundo os estudiosos uma ampliação do problema e as suas piores sequelas ainda podem ser evitadas, desde que medidas radicais sejam tomadas nesta direção sem demora. A necessidade de mudanças em ampla escala é a cada dia um imperativo mais urgente, mas a sociedade continua a postergá-las, presa a modelos de pensamento e vida que levam a um progresso destrutivo e insustentável.5 281 282 283 284 11 154 12 13 9 Refletindo esse consenso, disse Paul Ralph Ehrlich, presidente do Center for Conservation Biology da Universidade de Stanford e co-fundador do projeto Millenium Alliance for Humanity and the Biosphere, que a raiz de todo este problema planetário é cultural:
"Enquanto que a mudança climática já está na agenda política, a maior parte dos outros desafios não está, e o entendimento do público sobre o que produz a degradação ambiental, ou dos fenômenos naturais em geral, é mínimo. Poucos leigos estão familiarizados com a ideia fundamental de que a degradação do ambiente é um produto do tamanho da população humana, do consumo per capita, e dos tipos de tecnologias e sistemas econômicos e sociais que suprem o consumo. No último século, aproximadamente, criou-se um vasto hiato cultural entre o que a sociedade como um todo sabe e o que cada indivíduo sabe — um hiato que se provou especialmente problemático no caso dos representantes eleitos e outros líderes que não possuem quase nenhum conhecimento de ciência.
"Infelizmente, levará muitas décadas até que as ações humanas produzam mudanças significativas na atual trajetória da população. Mesmo assim, sabemos que padrões de consumo mudam virtualmente da noite para o dia, como foi demonstrado pelas mobilizações e desmobilizações durante a II Guerra Mundial. Mudanças enormes na produção e no consumo aconteceram nos Estados Unidos em quatro ou cinco anos, e, durante esses anos, os americanos aceitaram racionamentos de gasolina, de açúcar e de carne. Se são dados incentivos adequados, a economia pode se transformar muito rapidamente.... (mas) é o comportamento humano, das próprias pessoas entre si e em relação ao planeta que sustenta a todos, o que requer modificação rápida".285
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