25 de dezembro de 2011, Erbon, Brasil.
narrando.
Às vezes eu me sinto meio vazia, meio mal agradecida, meio mimada, pelo simples fato de achar que falta alguma coisa. Bem, vamos lá, vou tentar explicar. Meu nome é ), eu tenho 16 anos, quase 17 e desde os meus 15 anos eu namoro com o Jorgito Gonçales. Ele é o típico garoto mais popular e desejado da escola e da cidade. No meu aniversário de 15 anos ele se declarou na festa pra mim e me pediu em namoro pra minha mãe e pro meu pai. Desde então formamos o que a alta sociedade juvenil de Riviella chama de “casal perfeito”. Sim, é perfeito. Estamos sempre rodeados de luxo, de dinheiro, ele me ama, eu o amo, nossos pais nos aceitam, nós não brigamos, saímos pra ir no cinema e jantar todos os sábados e nos domingos vamos a igreja e jantamos ou com os meus pais ou com os pais deles, é uma rotina. Alias, minha vida parece ser bem perfeita, é na verdade. Meu pai e minha mãe são casados e trabalham na empresa da nossa família, eles se dão bem, mas raras vezes tem tempo pra mim. Eu sou filha única, estudo na melhor escola do país, tenho ótimas notas e agora que vou entrar no último ano, cerca de cinco faculdades do país já começam a brigar por mim. Tenho uma melhor amiga desde os 10 anos de idade, null null, ela tem 17 anos e ela é a irmã que eu nunca tive.
Constantemente sou convidada pra festas, tenho uma agenda social teoricamente cheia e tenho bastante influência na escola que mais parece uma mini cidade dentro de Riviella. Eu disse teoricamente, não é? É. Eu não aceito metade dos convites que chegam a mim por causa dos meus pais e do Jorgito, uns não querem que o Jorgito vá, por que ele é meio que odiado por alguns setores da escola, por que ele é meio metido, enfim, e outras vezes por que meus pais me podam nessa questão. Tudo bem, talvez eu seja mesmo caseira. Eu sou bonita, tenho um corpo invejável e minha estima é ótima, eu adoro meu cabelo, não tenho inimigos, não que eu saiba, enfim, acho que minha vida é perfeita ou eu me contento com o que eu tenho, na verdade a vida de qualquer um pode ser perfeita desde que você aceite o que ela te dá. Só que no meu caso eu ainda acordo de manhã cedo olho no espelho e quando chega a noite, eu vou dormir cedo e me pergunto: “é só isso?”. Eu não sei, talvez pra mim, falte algo que eu não sei bem o que é. Então se você me pergunta se eu sou feliz, eu digo, “é, eu ... sou”, mas às vezes me bate um vazio e eu tenho vontade de me livrar de algo que eu não sei bem o que é. Está vendo? Eu me confundo demais em relação a isso.
Sobre o meu namoro com o Jorgito, eu já falei um pouco, nós namoramos a quase 2 anos. Ele é gentil, cavalheiro, educado, inteligente, tem um futuro promissor, não bebe, não fuma, é o genro que toda mãe sonha em ter. Poucas pessoas na escola gostam dele, porque ele é um tipo meio preconceituoso e não gosta de se misturar com outros grupos na escola, ele prefere os mauricinhos, os futuros advogados e empresários, ao pessoal mais largado, mais indie, mais... Divertido. Sobre nossa vida sexual, bem não existe vida sexual entre a gente. Nossos beijos já esquentaram, mas não me sinto segura apesar de está a dois anos com ele. Ele não é virgem e eu sou. Ele parece bem compreensivo com esse lance de eu o vetar quando ele tenta “avançar ao sinal”, mas sinto às vezes que ele está perdendo a paciência.
Hoje é noite do dia 24 de dezembro, e a família Gonçales sempre comemora o Natal na virada do dia. Nós moramos em Riviella, mas este natal, Jorgito me convidou para passar o natal com a família dele em Erbon, uma cidade do outro lado do país, e eu levei a null, fomos todos. Terminei de vestir meu vestido de renda cor lavanda, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo lateral, estava agora em frente o espelho do quarto de hospedes colocando os brincos de pérola, quando alguém começou a bater na porta.
- ? – era o Jorgito.
- Oi. – respondi enquanto terminava de por o brinco.
- Está vestida? – ele perguntou e eu ouvi um sorriso abafado.
- Sim. – respondi e sorri. Logo depois, ele abriu a porta e entrou, me observou por uns segundos. – Como estou? – dei uma volta.
- Está magnífica! – ele respondeu em um tom elegante, eu sorri como em agradecimento e me virei para o espelho afim de borrifar algumas gotas de perfume no meu pescoço desnudo. Senti a mão de Jorgito na minha cintura por trás e o olhei pelo reflexo do espelho, ele se aproximou lentamente do meu pescoço e o cheirou. – E cheirosa. - Sorri meio sem graça, quando Jorgito começou a passar a mão pela minha nuca e pelo meu pescoço, com gentileza, enquanto cheirava o meu cabelo e beijava minha nuca. – Eu te amo.
- Jorgito... – disse meio desconfortável. – Eu também te amo, mas tem algum problema? – me virei e o encarei, agora ele segurou meu rosto com as duas mãos, sorriu e me beijou na boca lentamente.
- Não, nenhum problema. – disse e me beijou novamente. – É só que... Seu cheiro e sua pele me deixam inebriado, você deveria ser punida pelo tamanho poder que tem sobre o meu corpo. – ele sorriu e continuou me beijando, eu estava o aceitando passivamente.
- O que houve querido? – falei numa tentativa frustrada de tentar me fazer de desentendida. É claro que eu sabia o que ele queria e de alguma forma ele conseguia me levar direto pela sua armadilha.
- Não houve nada, quer dizer, houve sim, eu já não aguento mais. Estou te desejando loucamente ! – continuou me beijando agora com mais intensidade e me levando até a cama de colchões brancos e confortáveis do elegante quarto da mansão dos Gonçales. Como falei, estava passiva apenas vendo e sentindo o que ele estava fazendo. Já o sentia excitado enquanto me beijava e me deitava na cama. Eu aceitei o seu beijo e o correspondia intensamente quando sinto sua mão procurando a alça do meu vestido e o abaixando, deixando a mostra meu sutiã cor-de-rosa. Sua mão depois passeou pela minha coxa enquanto ele beijava o meu torço, ignorando meu semblante meio inseguro. Logo sua mão chegou a minha parte intima e eu segurei em sua mão o vetando.
- Jorgito, para... – falei devagar. Ele parecia lutar contra a minha luta e continuava a me beijar. Repeti. – Jorgito, por favor, eu não... – ele beijou a minha boca depois de fazer um som de “shiiw” pra mim, continuou me beijando e ignorando o meu pedido.
- Amor, já fazem quase dois anos, já está na hora. – ele falava entre os beijos.
- Não Jorgito, eu não estou pronta... – falei.
- Confia em mim... – ele falou levando sua mão novamente pra minha par...
- Jorgito! Eu não quero! Você não entendeu o que eu disse?! – interrompi logo e falei em um tom mais exaltado. Ele me olhou com o cenho franzido de frustração.
- Mas já fazem dois anos, achei que o seu tempo já tinha chegado. – ele falou meio bravo.
- Pode deixar que quando o MEU tempo chegar, eu aviso. – falei olhando em seus olhos e ele apenas saiu de cima de mim visivelmente irritado e me deixou ali, jogada e seminua.
Depois de aproximadamente 10 minutos, desci as escadas e encontrei todos reunidos na sala de estar. Joguei um olhar pra Jorgito que conversava distraidamente com seu irmão mais velho e ele apenas assentiu com um sorriso cínico fazendo eu sentir um arrepio na espinha. Nem tive tempo pra pensar em nada quando a mãe dele, a dona Ruth Gonçales, me puxou pelo braço e me cumprimentou.
- Você está linda ! – disse em um tom amável para as outras mulheres do grupo.
- Obrigada dona Ruth, a senhora está adorável! – sorri simpática e logo dei uma olhada discreta ao redor da sala procurando pela null, é, ás vezes eu chamo a null de null, só pra irritar ela. Logo a vejo saindo da cozinha com um prato de quitutes. Arrumei um jeito de me desvencilhar das atenções daquele grupo de socyalites e corri até a minha melhor amiga.
- Você não sabe o que aconteceu? – falei baixinho segurando no antebraço dela e a levando pra grande janela da sala, quase na varanda.
- O quê? – disse em tom irônico. – O papai Noel já trouxe o Rodrigo Santoro pra mim? – depois riu comendo mais quitutes. Eu olhei pra ela com um olhar de aff e tentei contar o que houve quando Jorgito chegou por trás de mim me dando um susto.
- O jantar está na mesa. Vamos lá garotas? – ele disse em um tom amável para nós. A null saiu em disparada, senti Jorgito se aproximar do meu ouvido e cochichou – Já disse que você está linda?
Eu apenas assenti com um sorriso amarelo e logo depois das orações e as felicitações de feliz natal, começamos a ceia. A família do Jorgito parece bem falsa, com exceção da adorável mãe dele, o pai, ele e o irmão, parecem meio superficiais e não pouparam nem a ceia do natal para falarem de negócios. A família dele é dona de uma empresa de lacticínios bem polemica do país, recentemente demoliu um prédio onde funcionava um clube de skate com pista super legais onde frequentemente tinha campeonatos, oficinas de grafite e cursos de skate pra crianças carentes de Erbon. O pai do Jorgito mandou demolir o enorme galpão pra fazer um estacionamento privativo pra sua empresa (!). Houve muitos protestos contra isso, mas ganha quem tem mais dinheiro, não é? E o pai do Jorgito vivia alegando que o local era um antro de comercialização de drogas, acabou com aquela comunidade na TV o que deixou algumas pessoas bem revoltadas. Durante a ceia, sob os protestos ignorados da dona Ruth, os três comentavam sobre a festa de fim de ano da empresa.
- Esse ano vamos dá um golpe de marketing e tanto! – dizia o senhor Renato, pai do Jorgito. – Um baile de mascaras!
- Eu estou adorando a ideia, a alta sociedade de Erbon vai adorar isso, ok? É totalmente novo! – o irmão do Jorgito, Jorge, disse eufórico.
- E totalmente inesperado pra uma empresa de lacticínios! – Jorgito completou.
- Esta conversa está totalmente fora de hora! – dona Ruth piarregou. – Deixemos esta conversa pra depois da ceia. – fizeram um breve silêncio até o seu Renato ignorar dona Ruth, como sempre, e continuar.
- Faremos negócios milionários lá, além de uma alta exibição da empresa pela imprensa nacional. – finalizou dando uma gargalhada gananciosa.
null narrando.
Eu sou errado... Todo errado e estou absolutamente consciente disso e também tenho consciência que brinco demais com o coração delas. Ou talvez sejam elas que se enganam achando que o fato de eu abrir a porta pra dá passagem pra elas, seja eu dando um sinal de que quero compromisso. Ah doce Jéssica... Doce? Não. Gostosa! Jéssica? Ela é a Jéssica ou Catarina? Abri meus olhos e me dei conta de que estava em um quarto estranho, cor-de-rosa, ao lado de uma morena de cabelos lisos e enormes. Olhei pra mesinha de cabeceira, três horas da manhã e um porta-retrato da tal garota com mais algumas amigas e o nome dela na lateral do quadro: Catarina. É, o nome dela é Catarina. Tanto faz. Tantas Jéssicas, Catarinas, Katys, Julianas... Tanto faz. É só mais uma que eu levo pra cama pra de madrugada me fazer sair pela janela e sumir da sua vida. Eu provavelmente, amanhã, nem lembrarei o rosto dela, o nome acho que já esqueci. Estamos falando da Catarina, não é? Eu me confundi porque acabei de receber um SMS do null, o viado do meu melhor amigo, dizendo que a festa do Grundi ainda tá rolando solta.
Levantei, como de costume, sem fazer movimentos bruscos para não acordá-la e evitar aquele tipo de “nhem-nhem” de quem não acorda pra vida e sabe que eu nunca amanheço ao lado de uma garota. Eu sou um cara da madrugada, eu sempre saio nessa hora e me desligo delas, elas pelo contrário, arrumam um jeito de me encontrar e de me perseguir. Vesti minha camisa mangas-compridas cinza, a calça jeans preta e o All Star, peguei o celular, a carteira, a chave da moto e vazei. Pensei em ir dessa vez pela porta da frente, mas resolvi não arriscar e saltei da janela do segundo andar escalando-a. Subi na moto e parti pro Grundi, a noite ainda não tinha terminado, ainda tinha muita coisa pela frente. A Danie... Opa, a Catarina daqui um tempo vai perceber que eu não estou lá, fisicamente eu não permaneço por muito tempo, porque eu sou sinônimo de problema. Meu nome é null null, eu tenho 17 anos, quase 18. Moro em Erbon com minha tia Fausta, ela é irmã da minha mãe, minha mãe morreu há pouco mais de 1 ano, foi a pior experiência pela qual passei na minha vida e olha que eu já me meti em cada treta, em cada situação terrível que eu nem vou te contar, talvez com o tempo.
Enfim, minha mãe era a única mulher pela qual eu tinha um mínimo de consideração. Minha tia, irmã dela, me odeia, eu sei que me odeia, por que eu “dou trabalho pra ela”, “por que eu não presto”, “por que eu sou amigo de um maconheiro que rouba as cervejas dela na geladeira” (null, oi?). Ela é alcoólatra, belo exemplo. O fato é que ela me oferece um teto, um quarto e alguma gororoba que eu chamo de comida, por isso eu ainda digo que moro lá apesar de passar a maior parte do tempo ou em festas com o null ou na rua com o null ou em algum buraco entre o céu e a terra (às vezes no inferno também, porque tem cada lugar...) ... com o null, sempre com esse filho da puta que eu chamo de irmão, melhor amigo, parceiro e infinitos eticeteres. Escola? Não sei, não curto muito esse lance aí que tu chama de escola, eu chamo de prisão. Aliás, a prisão talvez seja mais legal. É, eu já fui preso, sempre rola com o pessoal com quem eu ando, mas eu sou legal, é só que... Eu disse que sou legal? Enfim, é só que acaba sobrando pra mim.
Em Erbon existem duas regras básicas pra um adolescente que quer viver a vida como a que eu levo, com adrenalina, perigo e diversão: a primeira é, ou você está com os Gaisos do Inferno ou você está contra eles. Gaisos do Inferno é a gangue mais perigosa de toda região e está sob o comando do Jackson. Digamos que eu não estou contra eles nem com eles, eu estou em cima do muro, só flertando com umas vadias que estão a disposição deles e usando umas “joinhas” que eles descolam. Joinhas igual a drogas, aprende essa aí. A segunda regra é... QUE AS MELHORES FESTAS ESTÃO SEMPRE EMBAIXO DA TERRA!!! (silêncio) Eu disse algo sobre algum lugar no inferno, não disse? É, as melhores festas, são as clandestinas, ou qualquer uma onde tenha comida grátis, essas festas costumam ficar em porões escondidos nos becos frios de Erbon. Pois é, deixei minha moto atrás de um contairner num beco e segui a pé até chegar a uma portinha null. Olhei pros dois lados, dei três toques com os nós dos dedos.
- Por que a gazela não tá comendo ovo? – eu sei, é ab-só-lu-ta-men-te ridículo, mas o Mau-mau, o porteiro da festa, insiste em inventar umas senhas podres só pra constranger os membros.
- Argh Mau-mau, “por que eu sou sinistro”. – revirei os olhos ao responder a senha. Ele abriu a porta se acabando de rir. Nós demos uns toques de mão e logo desci pelas escadas até chegar ao fervilhão de pessoas, confesso, pareciam canibais, suados, loucos e sedentos por sexo, bebidas e drogas. Dei uma olhada geral por cima enquanto algumas garotas passavam em mim passando a mão na minha barriga e me cumprimentando. Eu sorria e retirava a mão delas de lá.
- Ain Snake, você está cada vez mais gostoso. Quando esse corpo vai ser meu hein? – uma loira oxigenada... Turbinada, ow, falou quase gemendo.
- Desculpa, mas a embalagem não tem e nunca terá dona. – falei e logo sai. Coisas a explicar: na máfia, meu apelido é Snake, ninguém me conhece por null, falou? E a segunda coisa é, eu falo que meu corpo não vai possuir dona, por que é a única coisa que eu tenho. Não tenho nada por dentro, talvez dois pulmões e um estômago, muito estômago (to com fome, porra), mas coração... Não, isso é pros fracos.
- Cadê o Siriqueijo? – perguntei pra um cara lá. Siriqueijo é o apelido ri-di-cu-lo do sem-noção-provalmente-estava-drogado-ao-escolher-esse-apelido do meu melhor amigo.
- Tá no bar com umas cinco gurias – o cara babou de tão bêbado que tava. Fui até o bar me desvencilhando do pessoal e o encontrei usando drogas e rindo pra caralho com umas putas. - Vamos lá dentro então, eu faço direitinho, muito mais que isso. – ela falou mordendo minha orelha, depois levantou, joguei o cigarro no chão, pisei e segurei na mão dela. Fomos até o banheiro e ela começou a me beijar, fez um caminho de beijos entre minha boca e já descia, apenas a acompanhava com o olhar quando ouço uns gritos femininos, é a gente entrou escondido no banheiro feminino.
- Snake! – essa voz é do null, revirei os olhos pensando na ‘discrição’ do meu melhor amigo.
- O que você quer? – falei entre uma fenda da porta da cabine onde eu estava, ele babuciou algo até olhar pra baixo e ver a tal puta descendo minha calça junto com a cueca.
- Os tiras tão aí mano, ‘vamo’ cair fora! – ele disse com os olhos meio vermelhos.
- Cara, tu tá delirando por causa das drogas! – falei. – Ai caralho! – gemi ao sentir a garota tocando meu... é.
O null riu.
- É cara, eu to falando sério. Muito sério... – ele começou a rir. – Olha a minha seriedade. Essa droga é muito da hora velho, eu já vi a Megan Fox ali... e cara, eu fui seco na bunda dela e era um homem! – ele riu mais e eu não me contive. – Eu acho que delirei mesmo, não era os cara.
- É velho, me deixa agora. – fechei a portinha ainda escutando os risos dele. Logo em seguida escutei os tiros. – “ VÉI, CE NUM TAVA DELIRANDO NÃO, VAMO CAIR FORA!”
Sai correndo da cabine levantando minha calça, o null ainda ria. - Acho que ainda to delirando! – continuava rindo, eu tive que o puxar pra uma portinhola embaixo de uma estrutura de ferro que era uma “saída de emergência” que eu conhecia. Conseguimos sair nos arrastando e saímos correndo por um beco molhado. Devia ser uma cinco da manhã, os primeiros raios de sol já começavam a iluminar a Cid... Nossa, “primeiros raios de sol já começavam a iluminar a cidade”? que gay isso. Enfim, saímos correndo e percebemos que tinha umas viaturas rondando o quarteirão.
- Ok, disfarça, acabou de passar uma viatur... – falei respirando fundo até ouvir um latido humano, olho pra trás e o null tá latindo pra uma escultura de cachorro que tinha em frente um Pet Shop. Senhor, que vergonha que esse cara me faz passar.
- Ei vocês, podem parar! – um policial gritou virando o beco. Imediatamente eu e o null começamos a correr. É, eu disse, isso frequentemente acontece com a gente, só sobra pra nós.
- A gente não faz nada não mano, somos santos! – o null disse e caímos na gargalhada enquanto corríamos, ele atravessou a rua correndo e eu corri atrás dele quando um Pajero TR4 cinza buzinou a um metro de distância de mim freando bruscamente. Uma moça loira fez uma cara de assustada abrindo a boca fazendo seus olhos saltarem, lindos olhos azuis diga-se de passagem. Devo ter ficando uns três segundos encarando ela e ela me encarando. Fiquei... estático e sem reação. Hipnotizado, talvez... Eu? Hipnotizado? Argh, mulheres no volante. - EI, SEU FILHO DA PUTA, “CÊ” QUER SER PRESO, É? – o null gritou quase virando a esquina, acordei do transe e sai correndo.
- Da próxima vez passa por cima! – ainda gritei e sai correndo. Conseguimos escapar mais uma vez... Mas dessa vez quase fui preso por causa daqueles olhos. Não! Quer dizer, que ‘mina’ louca velho, nem tem cuidado com esse carro, será que ela não sabe que tamanha cinco horas da manhã ela pode deparar com um cara meio bêbado fugindo da policia? O quê? Super comum.
Narrando
- OMG! OMG! – gritei ao frear o carro bruscamente. Ouvi o grito da null que tinha se abaixado pra pegar o batom dela que tinha caído. Hoje eu acordei quatro e meia da manhã com insônia, a null também tava com insônia e morrendo de tédio com uma enorme vontade de comer cupcakes. “Cupcakes a essa hora null? Tu tá de brincadeira comigo, não é?”. Eu falei, ela não me ouviu, insistiu e me fez pegar o carro do Jorgito pra ir na rua procurar uma padaria pra satisfazer os desejos dela.
- Cara, eu não posso me abaixar por meio segundo que eu perco um babado desses! – ela falou levantando e arrumando o cabelo que tinha tapado o rosto. Eu estava estática e meio hipnotizada. Não acredito que quase atropelei um cara loiro, alto, malhado e com olhos azuis lindos, cinco horas da manhã?! – Quem você matou? O corpo deve tá embaixo do carro! Corre, vamos esconder.
Ignorei o que ela falava enquanto tirava o cabelo do rosto, o cara lindo saiu correndo gritando algo como “da próxima vez passa por cima!”. Que mal educado, é evidente que ele que atravessou a rua sem olhar!
- Não atropelei não, mas baseada na educação, ou melhor, na falta de educação desse cidadão erboniense, eu deveria ter atropelado mesmo. – falei segurando firme no volante e começando a dirigir de novo.
- Que cara? Que cidadão? Cara, eu perdi isso! – ela falou.
- Não null, ele simplesmente atravessou a rua sem... – comecei a falar histérica até ela me cortar.
- Olha só! Uma padaria aberta! Vamos lá! – até ela me interromper pra dizer isso.
Durante o dia todo fiquei pensando naqueles olhos azuilades que ficaram ainda mais brilhantes sob a luz dos faróis do carro. Ele era lindo... Mas o que tinha de lindo, tinha de mal educado e grosso, e idiota, argh.
Narrando
- Eu simplesmente não acredito que ele queria te forçar a transar com ele na noite de natal! – a null disse incrédula enquanto limpava o chanttily cor-de-rosa da boca. Resolvemos sentar e tomar café na padaria, queria evitar contato com o Jorgito depois da peça que ele me fez pagar a cinco dias atrás. Tava comendo uma torta de chocolate com suco de laranja e a null tava pendurada em um prato com uns 6 cupcakes. – E a magia do dia? Estragou tudo!
- O quê? – disse tirando minha mão do queixo e parando de mexer o suco. – A magia do dia? Do dia do Natal ou da minha primeira vez?
- Eu ia falar do natal, mas o da sua primeira vez também se encaixa. – ela disse e logo bebeu seu suco de acerola.
- Ok, vamos mudar de assunto. – disse mostrando a palma das mãos. – Eu não consigo tirar esse acidente de mais cedo da minha cabeça, sério. Foi inacreditável, o carinha que eu quase atropelei.
- O príncipe? O deus-grego? O loiro dos olhos azuis endemoniados? - ela disse fazendo ‘rawn’ com as mãos. Eu ri. – Eu sempre perco o melhor da festa!
- O melhor da festa null? – falei ainda rindo. – Eu quase atropelei ele!
- Nós ainda temos três dias nessa cidade. – ela disse piscando o olho. – Ainda dá tempo de revê-lo.
- O quê?! – falei quase engasgando. – Você enlouqueceu? Eu tenho namorado!
- Ai , é só uma aventurazinha de verão. – ela disse. – Você precisa de mais emoção na sua vida, sério. Precisa fazer algo inacreditável, algo inesperado, perigoso, com alguém menos entediante que o Jorgito.
- Ele não é entediante. Talvez seja eu a parte tediosa do namoro. – disse pensativa. Credo como minha vida é sem emoção. – Além do mais, não terei tempo pra procurar ninguém. Lembra da festa de mascaras da empresa do pai do Jorgito? Então, temos muita coisa pra arrumar até o dia da festa, pois no dia seguinte voltamos pra Riviella e começamos a nos preparar pro último ano na escola.
- Último ano! – ela disse vitoriosa. – Nem acredito, não vejo a hora de me vê livre daquilo ali.
- Você não gosta de estudar lá? – perguntei como se não soubesse a resposta, é sempre a mesma.
- Aquela escola é um tédio, parece uma escola de freiras, na verdade é mais chata e mais parada que uma escola de freiras, não tem gente interessante. – ela disse, depois se calou analisando o que tinha acabado de falar. – Com exceção de mim, de você e do Jason. – logo seus olhos brilharam. Jason é filho do padrasto dela, e ela, bem, tem uma queda, um tombo, um bang-jimp fracassado por ele.
- Ok, entendi null. – falei pegando minha carteira dentro da bolsa. – Vamos dá um pulo no shopping e procurar nossas máscaras? – coloquei o dinheiro em cima da mesa e chamei a garçonete.
- Vamos sim. – ela disse se levantando e arrumando a bolsa. – Então, bem que o nosso último ano na escola podia ser mais movimentado, não é?
Saímos e fomos ao shopping.
CAPITULO 2
null Narrando
Eu passo 90% do tempo fora de casa, mas os 10% que eu passo em casa, 2% é na cozinha e 8% no meu quarto. Me sinto culto falando por meio de porcentagens, mas vamos lá. Meu quarto é meu antro nisso que minha tia Fausta chama de casa. Sim minha filha, nunca te disseram nada sobre diarista, não? "Ow tia Fausta, essa casa tá fedendo e suas calcinhas tão amontoando no Box do banheiro! Ow, cadê a higiene?! Será que eu sou o único adulto responsável dessa porra?! Fudeu então" . Nessa hora alguns objetos costumam voar em minha direção. Tia Fausta é meio violenta, alcoólatra e fala muitos palavrões."Tia Fausta, vou denunciar a senhora pro Juizado de Menores, na boa, me sinto muito constrangido com essas palavras de baixo calão e minha adolescência está ameaçada com tanta garrafas de bebidas jogadas pela casa. Ow tia Fausta, eu tento estudar matemática pra manter minhas notas altas, mas eu não..."..."Cala a boca muleque! Prefiro ir direto pra delegacia se isso significa que eu criei coragem pra dá um fim na sua vida!!! Você tá me deixando louca!!" ... (risos meu) "Ow tia Fausta, a última mulher que disse isso pra mim enlouqueceu de verdade. Falta de sexo, sabe?"(ouvindo a tia Fausta se aproxima) (eu pulando a janela da cozinha).
Enfim... Onde eu estava? Ah, falando sobre o meu quarto. Eu estou nele agora, é azul e cheia de pôster de bandas e alguns skates pendurados. É, skates. Eu adoro andar de skate. Crianças normais ganham velocípedes, eu ganhei um skate verde de plástico, eu lembro três coisas dele: primeiro, o quanto eu fiquei feliz ao ganhá-lo, segundo, o quanto eu aprendi caindo e andando nele, e terceiro, que ele durou longos dois anos até o null descobri que era super hiper mágico bater meu skate na própria cabeça até quebrá-lo. Digo nada, sempre achei que colocavam algo na mamadeira dele. - Sinto falta do Tufan. – o null disse sentado no chão enquanto concertava as rodinhas do skate dele. Tufan era o galpão que tinha um monte de pistas iradas de skate, era o point da galera. Até que era de gente de paz, mas de vez em quando rolava uns pegas da policia com os Gaisos do Inferno por causa do tráfico de drogas, rolava briga também, mas de boa, era na minoria das vezes até a Gonçales Lacticinios destruir tudo pra fazer um estacionamento privativo (!) wtf! – De qualquer forma, isso não vai ficar barato.
- Cara, na boa... – falei respirando fundo e colocando meu skate do lado. – Tá que essa ideia é legal e tá que o Renato Gonçales merece uma lição, mas sabotar o baile de máscaras da empresa é perigoso pra caramba, primeiro que vai tá cheio de gente que não tem nada haver com isso e segundo que vai tá lotado de jornalistas lá.
- É cara, mas fala isso pro Jackson, o cara tá obcecado, já comprou tudo o que a gente vai precisar e tu sabe: ou a gente tá com eles ou contra eles. – null falou e logo continuou a arrumar as rodinhas.
- Não sei, sei que agora não dá pra ter crises de consciência. – eu falei cabisbaixo pegando meu skate.
- É, além do mais, vai ser só um susto. – ele falou.
- Não cara, ele quer explodir algumas áreas do salão, inclusive no segundo e terceiro andar. E o tumulto? E a bagunça? – perguntei.
- null, eu realmente não sei, mas nós estamos atolados nessa até as ceras dos ouvidos. – ele falou abrindo os braços. – Até as pontas duplas mais altas do cabelo. Eu tenho que pra casa me trocar e pegar a minha máscara. Já sabe, não é? Daqui duas horas no salão Alter. É, estávamos atados a isso e teríamos que seguir com o plano. Claro que eu e o null já nos metemos em varias dessas encrencas com os Gaisos do Inferno, mas era tudo por diversão, agora tinha um caráter de vingança que podia colocar a vida de pessoas em risco. Ok, não podia voltar atrás agora. Com eles ou contra eles.
Nos despedirmos com uns toques e logo fui pro banho. Sai, vesti o smoking que ficou perfeitamente alinhado, penteei meu cabelo de forma elegante, coloquei a máscara no bolso interno do smoking, passei perfume, estava gato, muito gato. Girei a maçaneta da porta e ela não abria.
- Mas que porra é essa? – continuei tentando abrir a porta e não conseguia.
- Pensa que eu não ouvi o plano do seu amigo maconheiro? – tia Fausta causando do outro lado da porta. – Eu não vou deixar você aprontar em mais uma festa seu marginalzinho! Vou exercer o resto de autoridade que eu tenho na porra dessa casa!!!
- Tia Fausta, deixa de ser exagerada, abre logo essa porta, eu fui convidado pra festa, eu não vou... – parei de falar ao ouvir os passos dela se afastando. Senti um repentindo alivio pela minha missão ter sido abortada.
Corri pra ligar a TV no canal de celebridades que tava transmitindo a entrada da festa ao vivo.
- Droga, já começou. – ao longe na tela eu via alguns dos nossos entrando a paisana. A câmera mudou de posição.
“A família Gonçales acabou de chegar!” Dizia a repórter eufórica. Observei sem nenhum comprometimento até vê, pelo o que eu sei, Jorgito Gonçales, o filho mais novo dá a mão pra alguém de dentro da limousine sair. Ela saiu. Com um vestido preto, logo e esvoaçante com algumas pedras brilhantes abaixo no peito. Um coque desalinhado com aqueles fios de ouro que brilhavam, não mais que seu sorriso, não mais que seus olhos azuis.
- Essa não! A garota do acidente! – sentei perto da TV impaciente até que ela sorridente colocou uma máscara dourada. Uau. Ela estava deslumbrante. Pegava ela fácil e de jeito, enfim... – Droga, o que ela tá fazendo aí? Sai dái minha filha se você tem amor a vida!
Não podíamos nos importar com a segurança daquelas pessoas, era entrar na festa usando mascaras e roupas elegantes e explodir as bombas de gás nos três andares do salão. Era isso, só isso, não haveria maiores complicações, não pra mim. Só devo e só vou garantir a segurança do meu pescoço. O resto que se foda... Argh garota loira que quase me matou, por que você está aí? Fui até a janela do meu quarto e comecei a escalar a parede, logo estava no jardim. É tia Fausta, eu tinha uma algo muito nobre pra fazer, um resgate de alguém que tentou me matar. Pontos no céu pra mim, ok? Ok. Peguei um táxi e rumei pra festa. Hoje a noite seria longa, muito longa.
Narrador Onipresente
O salão estava todo iluminado em tons de dourado. Já estava cheio e a cada minuto mais convidados passavam pelas portas ao som da música ao vivo. Os músicos trajando terno brando e gravatas douradas. Um enorme lustre pendia no alto e os três andares do local estavam decorados com lâmpadas douradas. Uma grande porta de vidro, dividia o interior do salão à um jardim pouco iluminado, de onde não se ouvia muito da festa, apenas alguns risos ao longe e o som da água batendo na bela fonte de mármore.
parecia ficar cada vez mais a vontade com Jorgito novamente, ele estava encantador esta noite, vestindo um smoking preto com uma gravata borboleta prateada e com uma máscara prateada. Traje quase que uniforme entre todos os cavalheiros do salão, já as mulheres davam um show a parte: com um belo tomara-que-caia preto com detalhes em pedras brilhantes, dona Ruth, mãe de Jorgito, trajando um elegante longo vermelho e null com um vestido nude que casava perfeitamente com o tom de sua pele entre outras socyalites finas e ricas que se movimentavam graciosamente pelo salão ao som da música com suas máscaras.
Alguns integrantes do Gaisos do Inferno já começavam a se misturar com os outros convidados. Todos eles, menos null. null já se entrosava com um grupo de patricinhas ricas e mimadas de quem sorrateiramente ele roubava os anéis. Não me pergunte como ele fazia isso, mas fazia melhor que ninguém e a julgar pela sua ótima conta bancária, o “Siriqueijo” só fazia isso por diversão mesmo, talvez pra matar o tédio, talvez pra provar que conseguia fazer isso. e null estavam alheias as conversas dos outros convidados na enorme mesa redonda onde foram alocadas.
- Mas olha só, todos os convidados homens parecem robozinhos, todos vestidos de smoking, a única coisa que muda é o modelo das máscaras e a cor das gravatas. – ela disse com a mão no queixo olhando o movimento em volta. que estava de frente pra porta de entrada logo avistou um grupo de quatro rapazes entrando trajando a mesma cor de gravata e mesmo modelo de máscara, pretas e texturizadas, muito elegantes por sinal. – Não dá pra escolher os melhores, mas tem uns que ficam com uma bunda que eu vou te contar. Talvez eu me interesse pelos os de gravata vermelha, o que acha?
- Olha aqueles que acabaram de entrar. – ela disse jogando um olhar discreto.
- Uaau! – null exclamou. – Aqui tem mesmo homens bonitos, pena que amanhã nós voltamos pra Riviella e eu não pego ninguém aqui e nem você acha o tal príncipe que você quase matou. Sério , você tendo sonhos eróticos com “os braços musculosos dele”, como você mesmo falou e ele provavelmente tendo pesadelos com você tentando matar ele.
- Shiiiw null! – bateu na mão dela. – Nós estamos na mesa da família do Jorgito, além do mais, eu não tenho sonhos eróticos com aquele pivete não. Por favor, meu nível é mais alto!
- O seu nível é altíssimo meu amor. – Jorgito se aproximou se curvando para dá um beijo no pescoço de . – Veja só quem você escolheu: Jorgito Gonçales! Claro que tem nível, não é null?
- É néh... – null concordou fracamente sorvendo um pouco de champagne.
- Vamos dançar ? – ele perguntou segurando na mão dela que prontamente levantou-se e os dois seguiram pro meio da pista, no centro, exatamente acima do lustre de cristais que pendia no alto do salão. Jorgito alinhou-se como um perfeito dançarino, colocou a mão direita em volta da cintura de enquanto a mão esquerda segurava a mão dela. Os dois se encaravam sorridentes através da máscara enquanto pousava a mão no ombro de Jorgito. Sentia que ele ia lhe beijar, portanto algo a tomou de assalto: desconforto? Mas ele era seu namorado, era normal querer beijá-la. sorriu fraco e aceitou o beijo de Jorgito, logo voltaram a dançar meio desajeitados, pois não era uma boa dançarina e Jorgito também não sabia muita coisa.
Sob os flash’s constantes dos fotógrafos afoitos, null conseguiu entrar no salão subindo as escadas. Já com sua bela máscara, o rapaz entrou sorridente no salão chamando a atenção de algumas senhoras e senhoritas que não deixavam de observar como o corpo dele fica alinhado e bem distribuído nos seus 1,90 e de altura naquele smoking, o sorriso e o cabelo penteado, e os brilhantes olhos azuis que faltavam saltar da máscara preta, o deixavam mais irresistível que o normal.null passeava tranquilamente pelo salão, cumprimentando com o olhar outros comparsas dos Gaisos do Inferno. Chegou a ver Jackson, totalmente concentrado e olhando discretamente para o alto. “ Essa não, ele já instalou as bombas.” Pensou. Logo deu um giro em torno de si olhando o salão e devolvendo sorrisos para algumas moças que passavam cochichando e olhando sorridentes pra ele. Parou o olhar em null, que ao longe bebia seguidas taças de champagnes rodeado de mulheres. null já seguia pra onde ele, quando um homem esbarrou nele o fazendo ficar de frente para a pista de dança.
- Desculpe senhor... – disse. Logo o homem saiu e null ficou estático ao ver o longo vestido de girar enquanto Jorgito fazia ela dá voltas, ela sorria, se divertindo. Logo Jorgito a puxou de vez para seu encontro, provocando uma tensão pré-beijo que fez algo nele pulsar. Colocou as mãos nos bolsos da calça e continuou observando os dois de longe. Ele não sabia o nome dela, nem quem era ela, nem por que estava tão perto de Jorgito. Seria ela a namorada dele? Ele pensava até ser interrompido por um pedido de desculpas típico do sue melhor amigo.
- IIhh foi mal tia. – olhou pro lado e null havia derrubado uma taça de champagne em uma senhorinha que saiu resmungando algo em inglês, provavelmente uma convidada estrangeira. null logo saiu despreocupado e ficou a frente de null. – Deu pra me reconhecer?
- Claro que deu, o seu jeito tonto e indiscreto é inconfundível. – null respondeu.
- É, não é? – null perguntou rindo.
- A gente tem que ser discreto mano.. – null quase cochichou pra null.
- Quer mais discrição que esbarrar em uma velha estrangeira e derramar champagne nela? Tipo, isso acontece em toda, toda festa! Pensa comigo. – ele disse olhando em volta e bebendo mais champagne.
De repente, o celular dele tocou com o toque ‘sou foda’ dos Avassaladores. Duas senhoras observaram o toque e se afastaram com cara de repugnância.
- Ok, esse é o sinal. Vamos. – null falou virando as costas.
- Calma. – null disse sem tirar os olhos de e Jorgito. – Preciso fazer uma coisa antes.
- Cara, eu sei que a adrenalina faz essas coisas com a gente mesmo, mas não dá tempo de fazer xixi não. Vamos logo. – null falou sério e null fez uma cara de ‘wtf’ pra ele.
- Me dá dez minutos, por favor...
- UUII esse smoking fez uma lavagem em você é? Dizendo ‘por favor’? que estranho. – null concluiu e saiu. – Ok, 10 minutos. null engoliu em seco, realmente precisava tirar de lá. “Por que eu to fazendo isso? Essa louca quase me matou atropelado!” . Deu meia volta resolvendo deixar que as coisas rolassem e que por um golpe de sorte escapasse da confusão que se instalaria ali daqui alguns instantes. Os músicos iniciaram uma nova música e null sentiu-se puxado por uma mulher que aparentava ter uns 40 anos. Usava uma mascara cor de vinho cheia de plumas e ao sorrir para o belo rapaz a sua frente, deixava a mostra os dente sujos de batom.
- Boa noite garotão... – ela disse sorrindo pretensiosamente. null assentiu com a cabeça e tentou forçar um sorriso olhando em volta atrás de socorro quando viu os dentes dela sujos de batom.
- Senhora... – ele disse meio desconfortável livrando uma das mãos pra apontar pros próprios dentes, perfeitos dentes brancos por sinal.
- Óh! – ela disse piscando. – Mas mal nos conhecemos e você já que me beijar?
- Não!!! – ele falou.
- Como é seu nome bonitão? – ela perguntou apertando na bunda de null indiscretamente. – Quando sairmos daqui vamos direto pra um motel, ok?
- Argh... – ele tentava se afastar. – Meu nome é null, pode me procurar depois da festa que a gente continua a festa no motel, ok gata?
Terminando de falar isso, alguns casais trocaram suas companhias, null que não é bobo nem nada, arrumou um jeito de se soltar da mulher. Jorgito esbarrou em uma senhora e soltou uma das mãos de , se virando para pedir desculpas, nesse momento, null segurou a mão solta de a pegando de surpresa e literalmente a roubando do seu parceiro.
- Ei! – Jorgito quis reclamar até que a senhora o puxou pra dançar.
- Você foi grosseiro. – disse sem fazer contato visual, apenas jogando um olhar de ‘tudo bem’ pra Jorgito, que não gostou nada nada do acontecido e tratou de dispensar a senhora e sair da pista de dança.
- Grosso? – null sorriu ironicamente. – Nós devemos dançar conforme a música e os cavalheiros vão até as damas trocando assim, os casais. – ele sorriu compreensivo olhando pra que continuava evitando o olhar dele. – Ai. – null retrucou apóster pisado em seu pé.
- Vistes? – falou se afastando, mas ainda segurando sua mão. – Não danço conforme a música por que não sei dançar, portanto não concordo com ... – ela fez contato visual e sentiu um arrepio na espinha ao olhar aqueles olhos azuis. Agora não conseguia mesmo soltar as mãos de null que sorriu ao ver o transe de .
- Não há problema null, eu te ensino a dançar conforme a minha música. – ele sorriu segurando na cintura de e a puxando pra mais perto. Os dois começaram a rodopiar na pista elegantemente. ignorou o sangue fervilhando ao ouvir o ‘null’. Não gostava que a chamassem assim, mas estava ocupada demais tentando entender essa obra do acaso, não tão acaso assim. – Você está gelada, seu coração tá acelerado. Dançar te faz ter descargas de adrenalina? De qualquer forma, mande toda essa energia pro seus pés e faça eles seguirem os meus, segure forte com a mão direita no meu ombro.
- E... a mão esquerda? – disse sem se dá conta do que estava dizendo. null sorriu. - Pode deixar que eu cuido dela. – ele disse apertando sua mão e a conduzindo pra dança. null sabia dançar, sua mãe era dançarina e fez questão de ensinar o filho a ser um cavalheiro pé de valsa, mas o rapaz apenas o aprendeu, disfarçava sendo o grosseirão galinha que preferia dançar funk, mas no fundo sabia levar uma doce garota as nuvens apenas com aquelas firmes mãos segurando em sua cintura. – Então, como é seu nome, null?
- É... – ainda estática iria dizer seu nome instantaneamente até ver por cima do ombro de null o olhar de reprovação de Jorgito. null soltou uma das mãos e pôs no queixo dela a fazendo olhar novamente em seus olhos.
– Hein? – reforçou.
- Com certeza ‘null’ é que não é! – falou recuperando a rispidez. Tentou se soltar com medo da reação de Jorgito. null a puxou de volta.
- Não terminamos a música. – disse seco. se soltou novamente e já saia da pista quando a primeira bomba de gás explodiu fazendo uma das mesas, que estavam perto da pista, virar. null puxou e ficou a sua frente como instinto de proteção recebendo os estilhaços de vidros das taças quebradas. Ouviam-se mulheres gritando e uma correria iniciou-se no salão. Mais uma bomba de gás explodiu fazendo as luzes do salão falharem. e null entrelaçaram as mãos sem nem ao menos perceberem. estava aflita e um filete de sangue escorria do rosto mascarado de null. O rapaz olhou pra e viu a agonia da garota. Ela tentou se soltar e saiu correndo, null continuou preso nas mãos dela.
- Me solta! – ela disse nervosa. – Eu tenho que sair daqui!
- Calma, eu vou te tirar daqui sã e salva! – null falou firme e logo saiu puxando . Mais uma bomba, desta fez no terceiro andar, explodiu fazendo um lado do lustre despencar, o pesado lustre estava preso apenas por um cabo agora.
- Não! Não vai conseguir me tirar, olha o tumulto! – falou nervosa olhando pra todo lado e já chorava. null soltou sua mão e segurou em seu rosto com as duas mãos
- Vou sim, eu prometo! - Nem se dava conta do que estava fazendo, ou melhor, estava completamente consciente, mas diferente. null null preocupado com a vida de alguém assim...
Continuaram andando entre a multidão até topar com outra pessoa, caindo, seu salto havia quebrado e seu tornozelo estava machucado. null olhou pro alto e se deu conta de que estava exatamente embaixo do lustre que ameaçava cair.
- Venha! – falou a pegando no colo e saiu imediatamente dali. Mais uma bomba explodiu e o lustre veio abaixo, as luzes pifaram de vez. Quando tudo se acalmou, null já estava pondo de pé no jardim fora do salão. Ambos de máscaras, atéretirar a sua ainda abismada com o que o belo rapaz havia feito.
- Quem é você? – perguntou. – Obrigada, você salvou minha vida!
- Como tá seu tornozelo? – perguntou preocupado olhando pros lados.
- Tá doendo muito, mas... – ela respondeu. – Mas quem é você? Eu preciso te agradecer, como eu posso te agradecer?
null parou instantaneamente e ainda com a máscara a encarou, num ato impulsivo segurou em seu rosto e a beijou.
- Assim... – disse, se virou e saiu correndo. Precisava achar os outros, Jackson devia está puto com ele. – E cuida desse tornozelo null, não vai arriscar agora que você sabe dançar! - gritou sorrindo de longe. sorriu e null sumiu na multidão.
Jackson arrancaria sua cabeça, mas sua null estava salva. Sua null, só ele não sabia disso. E ela não sabia disso, nem o nome dele, nem quando o veria novamente, nem se o veria novamente, nem se sobreviveria após a briga que teria com Jorgito por causa disso. Seu olhar diabólico ao longe quase a rasgou por dentro logo depois do acontecido.
CAPITULO 3
null Narrando
“Naquele mesmo jardim pouco iluminado, enquanto ao longe se ouvia ainda a correria das pessoas, a coloquei no chão. Ela ficou de pé sem tirar os olhos de mim, talvez ignorando a dor que devia sentir no tornozelo. Retirou a máscara dourada e eu pude olhar seu rosto por inteiro e de perto. - Mas quem é você? Eu preciso te agradecer, como posso te agradecer? – Ela falou sorridente, não resisti a minha impulsão. Seu rosto estava perto demais pra recuar e dá uma de bom moço agora... A beijei. Assim que a soltei a vi recuperando o fôlego enquanto eu fazia o mesmo, parecia que estávamos a horas nos beijando, mas assim que virei as costas e sumi, percebi o quão rápido tinha sido. Rápido e único, talvez a única oportunidade de beijar aquela doce garota que uns dias atrás tentou me matar...”
Ok null, pode acordar agora, vamos, acorda, isso ‘tá’ ficando meloso demais da conta. Acordei com um barulho estridente ao longe, ao longe mesmo, era quinta vez que meu despertador tocava ignorando a minha violência em atirá-lo pra longe de mim, mas não importava, continuava entrando pelo meu ouvido, dando alfinetadas no meu cérebro, mas que porra, eu nem bebi! Coloquei a cabeça embaixo do travesseiro tentando esquecer o barulho, estava morto e acabado, muito cansado. Levantei, peguei o despertador do chão, abri minha janela e o atirei na rua. Já voltava pra minha cama quando ouço um grito, volto e o Eric, o gordinho ruivo de 10 anos que mora no final da rua, tinha descido da bicicleta com a mão na cabeça. O despertador tinha acertado nele. Ele me pegou no flagra com uma cara assustada-rindo-pra-caralho na janela.
- VOCÊ ME PAGA !!!- gritou deixando a bicicleta no chão e correndo pra casa.
- EU NÃO TENHO CULPA, ESSE DESPERTADOR NEM É MEU, PROVAVELMENTE CAIU DE ALGUM AVIÃO!! – gritei e continuei a rir, depois lembrei que estava “morto e acabado, muito cansado” e me arrastei de volta pra cama. Cai como um peso morto, passei o dedo pelo machucado que tinha feito no meu rosto ontem, lembrei que doía, mas alguém como eu que já caiu, se machucou, apanhou, sofreu acidente e foi tão agredido por tantos bandidos, meninas recatadas, pela minha tia, pelo meu melhor a amigo e etc, aquele machucadinho nem era algo tão grave assim. Fechei os olhos tentando lembrar dos meus sonhos sobre a noite passada, aquela cena se fez e refez na minha cabeça durante a noite toda nos intervalos em que lutava com o despertador pra me deixar pensar nisso em paz. Meu celular tocou.
- MAS QUE... PORRA! – resmunguei e estiquei a mão até a cabeceira procurando ele. não o achei. – PORRA! – resmunguei de novo e ele não parava de tocar, sentei na cama e o procurei pelo chão bagunçado do quarto, estava dentro do bolso da minha calça, o peguei.
“- Quem me perturba?” – atendi visivelmente mau-humorado, mas que burro eu deveria ter verificado quem tava me olhando, se eu soubesse quem era, nem teria atendido.
“- Você tá ferrado comigo Snake, MUITO FERRADO!” – afastei o celular da orelha e falei pra mim mesmo “iih fudeu mano”. É, eu estava muito ferrado. Afastei o celular da orelha e falei pra mim mesmo “iih fudeu mano”. É, eu estava muito ferrado.
“- Jackson. – falei com os olhos fechados me sentando na cama tentando manter a calma pra saber o que viria a seguir. – Cara, o que eu fiz?”
“- O QUE TU FEZ SEU PUTO??!!! – começou a gritar muito irritado. – VOCÊ DEVIA TÁ AJUDANDO A GENTE NÃO SALVANDO A NAMORADA DO JORGITO GONÇALES!! ELA ERA A ISCA PERFEITA, MAS NÃO... ”
“- Ei, pêra aí, então ela é namorada do Jorgito?” – falei surpreso.
“- SIM CARALHO, ELES TÃO PRONTO PRA CASAR JÁ , FALOU? E NÃO VEM PERGUNTAR SE EU LEIO REVISTAS DE FOFOCAS POR QUE A Katy QUE LÊ E ME DISSE, OK? – ele continuou se esguelando lá e eu ainda submerso na minha descoberta. Quase se casando já? PORRA CARALHO, POR TODOS OS CULTIVADORES DE MACONHA DA JAMAICA, DA COLÔMBIA E DA BOLÍVIA JUNTOS, ela deve ser um cú de garota, típica socyalite rica e branquela dos olhos azuis que tem noginho de tudo e come metade da metade de um alface se casando com aquele desgraçado do Jorgito. Jackson continuava a gritar algumas coisas enquanto eu lembrava de quando os advogados da família Gonçales pintaram lá no Tufam com uma ordem de desocupação. Os irmãos Gonçales, Jorgito e Jorge, o mais velho, estavam atrás dos advogados rindo vitoriosos com seus ternos bem alinhados. Jorge e Jorgito balbuciaram alguma coisa nos ofendendo, eles nos chamaram de porcos fedorentos cheiradores de maconhas. Pow, cheiradores de maconha até vai, mas porcos fedorentos foi sacanagem. “- Ei mano, naquilo que eu chamo de casa tem um chuveiro, beleza? Até na minha casa na árvore tem um chuveiro!” – O null falou nessa ocasião enquanto parava no seu skate perto do motim e segurava um big copo de açaí. “- Não tão elegantes quantos os nossos, seu verme!” – o Jorge falou enquanto o Jorgito atendia o celular. Então o null disse: espera, to rindo ao lembrar, tá, ele disse fazendo voz de mulherzinha e mexendo as mãos como uma garota mimada e histérica: “- Ah, são muito elegantes o de vocês, os nossos são torneiras no esquema de um pingo sim, um pingo não!” – ele dizia, logo normalizou a voz e disse.”- Então volta pra tua casa e corre pro teu chuveiro pra tentar limpar isso aqui mano!”- então jogou o big copo de açaí no terno do Jorge, os seguranças deles começaram a correr atrás da gente, nós saímos doidos e nos acabando de rir, foi a última vez que pisamos no Tufan.
- “ TA MÉ OUVINDO?” – logo despertei da lembrança e voltei a prestar atenção ao que o Jackson berrava no telefone. –“ EU NÃO VOU DESCANSAR ATÉ ME VINGAR DE VOCÊ SNAKE! A POLICIA TÁ ATRÁS DA GENTE POR QUE NOS PEGOU BEM NA HORA QUE FOMOS ESTOURAR A ÚLTIMA BOMBA, SE TU TIVESSE COM ‘NÓIS’, ISSO NÃO TERIA ACONTECIDO E AINDA TERIAMOS MACHUCADO A PRINCESINHA VADIA PRA DÁ UMA LIÇÃO NOS GONÇALES” Dizendo isso, ele desligou. Fiquei virando o celular enquanto olhava pro nada. Com o Jackson, seriam quarenta e oito pessoas que me ameaçaram de morte em 17 anos de vida e existência.
- EI! – dei um estalo de consciência, uma ideia única me assaltou por completo dissipando todas as minhas preocupações. – Acho que tem açaí na geladeira! Deu vontade de tomar açaí.
Levantei, joguei o celular na cama e sai pelo corredor parando em cada espelho pra verificar o estado do meu rosto e do meu cabelo. O cabelo loiro bagunçado, eu estava sem camisa e descalço, vestido apenas uma calça de pijama cinza e no rosto, um band-aid estava no machucado no supercílio. Me aproximei da escada e vi a tia Fausta conversando com alguém. Me aproximei de fininho afim de investigar a origem da ligação.
- “É Richard, só que agora o problema vai ser seu, por que eu não aguento mais!” – ela falava andando de um lado pro outro.
Essa não, ela falou Richard? Ela falou problema? Ah não, null fudido parte dois. Richard null é o cara que eu devia chamar de pai, da última vez que eu soube, ele tava morando em Nova York. Eu bloqueio qualquer aproximação dele. E o ‘problema’, com certeza sou eu. Eu sempre sou o problema de todo mundo. Sentei no primeiro degrau esperando ela terminar a ligação. A escutei acertando a transferência da minha tutela pra ele. Maldita maioridade, por que você não chega logo? Minha vida estava Erbon, meus amigos, meu melhor amigo, minha pista de skate favorita, o laguinho da praça 8 de Março, ótimo lugar pra transar a meia-noite na graminha. A lanchonete do seu Tonhão, eu sempre comia três pastéis e pagava o preço só por um, por que o seu Tonhão dizia que eu e o null atraímos a clientela feminina. A ladeira do final da rua Urbano, nós descíamos de skate por ela e subíamos segurando a carroceria dos carros, fazíamos isso a tarde toda. Poxa, teria que mudar pra fria e cinzenta Nova York e praticar o meu inglês só por que a tia Fausta não sabe lidar comigo, na verdade, as coisas irão piorar, por que o Richard também não sabe lidar comigo, vai ser eu e eu mesmo em NY... Putz, sem meu melhor amigo. Mas de qualquer forma, seria uma ótima forma de me livrar o Jackson e das outras quarenta e sete pessoas que querem minha cabeça, meu rins, meu coração, meus pulmões e meu... é. Teria null pra todo mundo, era melhor sair daqui.
Estava com a cabeça baixa quando a levanto percebo que tia Fausta está no pé da escada.
- Viu o que você conseguiu? – ela falou. – Eu estava tentando ser o melhor pra você null, e você só se mostrou alguém frio, arrogante e mal agradecido como a ordinária da sua mãe.
Levantei a cabeça repentinamente e desci as escadas rapidamente. Empurrei a mulher e a imprensei na parede pelo pescoço. - Nunca mais ouse abrir essa boca nojenta e estúpida pra falar da minha mãe, sua vadia alcoólatra e fracassada! – de fato havia perdido o controle, a soltei observando seus olhos encherem de água, subi as escadas correndo. E a ouvi gritando.
- Não importa o que eu queira fazer com você null null, você não é mais problema meu seu marginal! – ela gritou. Eu já estava no quarto trocando de roupa e 10 minutos depois já estava cruzando o bairro de skate. Liguei pro null e logo ele estava dobrando a esquina também no seu skate, fomos pra ladeira da rua Urbana.
- O quê? – ele disse freando o skate repentinamente. Eu já havia dado a noticia a ele. – Como assim mano? Você vai morar em Nova York com o seu pai?
- É cara. – parei o skate e desci. Sentamos no meio-fio. Eu vou embora, morar com um estranho! Porra caralho, a única coisa boa nisso é que eu vou poder fugir do Jackson.
- O que tem o Jackson? – ele perguntou.
- Ele me ligou hoje cedo dizendo que ia me matar e etc. – respondi com cara de tanto faz.
- Caraca, a quadragésima oitava pessoa que te ameaça de morte. – null concluiu. – Então estamos ferrados!
- ‘Nós’ não estamos ferrados. – eu respondi olhando pra ele. – Tu ajudou ele, ele não tem do que se queixar, tu é um ótimo comparsa ‘Siriqueijo’. – disse forçando um sorriso. – Foi eu que me ferrei ajudando uma patricinha, eu preciso sair daqui imediatamente e sumir do radar.
- Mas e nós? – null falou. – Nossa, isso ficou gay... Cara, você é meu melhor amigo, como eu sobreviverei aqui sem você pra me lembrar de levantar o zíper da calça? Vai ser como piu-piu sem frajola, computador sem internet e puteiro sem puta.
- Também não sei. O Jackson tem problemas comigo e não com você. – falei e logo abaixei a cabeça. – Agora para de melodrama e descola logo uma festa de despedida pra ‘nóis’ ok? – me levantei tentando levantar o astral do null que muito raramente caia, só quando ele ia na geladeira e não tinha danoninho. Ele levantou ainda cabisbaixo e me deu um abraço. – Vou sentir sua falta irmão.
- Porra muleque, para de sentimentalismo... – disse o abraçando. – Não vai querer me vê chorar.
- HMMM BOIOLAS, EU SEMPRE SOUBE ! – o Eric, o gordinho ruivo da minha rua passou pedalando rápido e se acabando de rir. Eu e o null nos soltamos do abraço e mostramos o dedo do meio pra ele simultaneamente e com um sorriso irônico no rosto.
Narrando
Não devia e não podia, era totalmente inaceitável, mas eu não conseguia pensar em mais nada alem daquele beijo e de toda a adrenalina que antecedeu ele. Aquele rapaz loiro dos olhos azuis, era como se eu o conhecesse de algum lugar. Não sabia seu nome, nem sua feição total. Podia reconhecê-lo de máscara, mas sem... Não conseguira. Meus pensamentos sempre se dirigiam pra essa cena e eu esqueci do Jorgito, só sei que naquele dia eu corri pra encontrá-lo e ele havia sumido também, eu sabia que ele tinha visto o beijo, mas a questão é que desde esta noite eu não o vejo e tento me preparar para a reação dele.
- E o beijo dele tinha gosto de quê? – perguntas típicas de null null. Ela perguntou pulando em cima da cama cheia de roupas espalhadas, pois estávamos arrumando as malas.
- Tinha gosto de... de cereja. – disse lembrando com um sorriso no rosto. – Era muito bom, quer dizer, argh null para de me desconcentrar. Acredita, ainda tenho que encarar o Jorgito!!!
- Ah, essa o de menos, se o Jorgito fosse meu namorado, ele seria o cara mais chifrudo de Erbon e Riviella juntos. – ela falou em meio a risos. – Vem, quero voltar logo pra Riviella – ela levantou e começou a jogar as coisas dentro da mala dela, então parou repentinamente e falou. – A menos que você queira dá umas rondas pela cidade atrás do seu galã feat herói misterioso, hein? – ela piscou e continuou a rir. – De qualquer forma, aquela festa foi um verdadeiro estouro! Ainda bem que ninguém se machucou gravemente.
- É, a policia está investigando. Tomara que achem logo os culpados. – respondi dobrando algumas roupas e colocando dentro da mala. – Quem se mete com essas coisas com certeza não tem nenhum tipo de escrúpulos e caráter.
- Verdade. – ela concordou e logo sem seguida alguém bateu na porta.
- , precisamos conversar. - Jorgito falou do outro lado da porta. Eu e a null nos entreolhamos e ela reparou a tensão, eu falei pra ela que estava tudo bem. Ela pegou seu notebook, foi até porta, a abriu e saiu, em seguida o Jorgito entrou.
- Oi... – falei meio desconfortável me ajeitando na cama.
Ele apenas parou na minha frente e pôs as mãos nos bolsos.
- Odeio quando me olha assim como se fosse meu pai e eu tivesse feito algo errado. – disse cabisbaixa.
- Ah, e o que você fez foi certo? – ele perguntou já se irritando.- Muito certo não é ), me traiu na minha própria festa!!!
- Eu... – levantei impulsivamente tentando me defender, mas ele estava certo... Ou não. – Eu não te traí Jorgito, foi aquele garoto que me beijou a força!
- Mas você gostou ! – ele falou possesso. – Eu vi você sorrindo como nunca sorriu após receber um beijo meu! – ele disse gritando.
- Eu sorri por que... por que...- droga, por que eu sorri mesmo? – Por que ele salvou a minha vida, eu quase morri Jorgito!
- Ah você sorriu e aceitou o beijo dele por que ele salvou a sua vida? Eu também deveria agradecer a ele por ter salvado a sua vida e beijado a minha namorada?! – ele gritou quase partindo pra cima de mim, meus olhos já enchiam de lágrimas. – Vai se fuder ! Você e aquele filho da puta!
A essa hora eu já estava realmente assustada. O Jorgito nunca havia falado assim comigo, tampouco usava tanto palavrões em uma única frase.
- Calma Jorgito! – eu tentei acalmá-lo.
- Calma?! – ele continuou alterado. – Você me traiu , como pede pra que eu tenha calma depois de por um par de chifres em mim?!
- Por favor Jorgito, foi ele quem me beijou... – falei já com a voz trêmula juntando as mãos. – E eu sorri por que estava feliz em está viva!
- EU PREFERIA QUE AQUELE LUSTRE TIVESSE CAIDO EM VOCÊ EM VEZ DE TODA SOCIEDADE ERBONIENSE TER VISTO EU SER TRAIDO NA MINHA PRÓPRIA FESTA!! – ele disse depois se calou repentinamente.
- Eu... Não acredito que disse isso. – falei baixinho com olhar triste, algumas lágrimas já rolavam.
Ele se aproximou de mim juntando as mãos.
- Me... Desculpe , me desculpa tá? – ele se aproximou arrependido. – Eu não quis dizer... – ele pôs a mão no meu rosto.
- Não toca em mim. – eu disse assustada.
- , meu amor, é lógico que sua segurança está em primeiro lugar, eu só to nervoso ainda com aquela cena... – ele dizia confuso, se aproximou novamente e me abraçou, eu estava com medo e não retribuía. – Me perdoa, por favor.
- Ok, tudo bem. – perdoei. – Me desculpa pelo o que houve.
- Tudo bem. – ele disse segurando meu rosto com as duas mãos. – Nós vamos voltar pra Riviella e nunca mais veremos esse cara, ele não será um problema pra gente, vamos esquecer isso agora. – apenas assenti e tentei retribuir o sorriso dele. – Está pronta?
- Só falta uma mala. – respondi me virando em direção a cama.
- Ok, eu vou chamar a null pra te ajudar, quando terminar me avisa. – ele falou da porta e desceu.
Desabei no choro, aquela versão do Jorgito me deixou com muito medo, já não bastava as minhas recentes dúvidas sobre o sentido da vida e do nosso namoro, ele ainda tinha que se mostrar alguém tão violento, agressivo e possessivo. E aquele cara? Eu voltaria pra Riviella e realmente nunca mais o veria, não sabia nada sobre ele, nem seu nome, nem muito do seu rosto além dos olhos azuis e do cabelo loiro, e aquela sensação de que o conhecia de algum lugar. É, ele foi só uma daquelas aventuras mirabolantes que a null vive torcendo pra que eu vivencie... Mas acabou, vou voltar pra minha normalidade de sempre.
- E aí? Como foi? – a null entrou correndo e trancando a porta.
- Foi... Tudo bem. – falei de costas pra ela arrumando a mala e disfarçando o choro.
- Não , nem tenta, eu sou sua melhor amiga, você não pode esconder de mim quando não está bem, nem consegue. – ela falou e eu desabei, realmente não conseguia esconder nada dela.
- null, ele é um grosso e estúpido. – falei chorando até ela vim me dá um abraço. – Faltou me bater e me disse coisas horríveis!
- O que ele fez? – ela me soltou e me encarou. – Aquele filho da puta não vai sair vivo daqui!
Ela se soltou e já ia pra porta fumegando de raiva. Segurou o braço dela.
- Não! – falei séria limpando o rosto com a costa da outra mão. – Não faz nada, vai piorar as coisas! Vamos voltar pra Riviella e eu resolvo o que vou fazer.
- “Resolve o que vai fazer?” – ela perguntou incrédula. – Como se você tivesse muitas opções! Você tem que terminar com ele !
- Ok, vamos ver como as coisas vão ficar. – respondi. – Vai dá tudo certo. – forcei um sorriso, ela ainda me olhava preocupada e me deu outro abraço. Eu esperava que ficasse tudo bem, eu estava com medo de Jorgito agora.
CAPITULO 4
null Narrando
Não adianta, nem uma festa legal, com bebidas, joinhas e mulheres fáceis levantava o astral do null, ele realmente estava pra baixo. Mesmo assim ele descolou uma festa clandestina pra gente, escondida do pessoal dos Gaisos do Inferno, o que era praticamente impossível, mas ele conseguiu.
Devia tá tocando Rihanna – We found Love quando o null sumiu, acho que tinha ido buscar mais cerveja. Há um metro e meio de distância de mim tinha uma mulher com cabelo loiro Chanel, o cabelo dela se movimentava bastante e suas curvas eram perfeitas, ela era baixinha apesar do salto enorme, estava com um top de oncinha e uma saia bandage vermelha e dançava, dançava sensualmente de costas pra mim. A avistei depois de olhar em volta procurando o null. Resolvi me aproximar dançando, segurei em sua cintura discretamente a já acompanhava o seu ritmo, ela sorriu por cima do ombro.
- Meu Deus, como você é gostosa! – eu disse e ela sorriu, depois pôs a mão em cima da minha mão e fez minha mão descer mais ainda. Como eu sou bem mais alto que ela, tive que me curvar mais pra chegar até onde ela queria que eu pegasse, na coxa dela, coxa grossa.
- Você disse isso, que eu sou gostosa. – ela disse e deu um sorrisinho. Continuávamos dançando e eu tentei puxar da memória quando tinha dito isso pra ela especificamente. Opa, opa, figurinha repetida não completa o álbum null. Tentei me soltar, e ela se virou de uma vez e entrelaçou os braços no meu pescoço com dificuldade por causa da altura.
- Puta que pariu, o que tu tá fazendo aqui?! – falei olhando incrédulo pra ela.
Que bola fora null, quando ela resolve largar do teu pé, tu vai lá, confunde ela com uma ‘mina’ comestível e gostosa e logo ela gruda de novo. Bom, deixa eu explicar, essa é a Luíza, essa vadia tem 16 anos e quando ela tinha 15, nós transamos no banheiro masculino da escola. É, ela me perseguia sempre apaixonadinha, até que um dia ela me seguiu até o banheiro masculino e simplesmente tirou a roupa, bom, não neguei não é? Fiz o meu trabalho. Tudo estaria certo e dentro da rotina quando essa cachorra resolveu bater na porta da minha casa dizendo que tava grávida de mim, nessa época minha mãe estava doente e brigou a beça comigo. Eu neguei até o fim. “Mas eu usei camisinha caralho!!! E a porra da camisinha não furou!!”. Me defendia, camisinha sempre, não é? Só sei que ela passou seis meses me perseguindo e ainda pondo o pai dela pra me perseguir por causa dessa gravidez e eu estava com a consciência limpa, eu usei camisinha, o pirralho não era meu. Quando ela estava perto de ‘parir’, teve uma confusão na escola e descobriram que o filho na verdade, era do nosso professor de educação física. Cara, eu nunca ri tanto na minha vida. A Luiza com certeza queria me dá um golpe por causa, bom... Da minha condição financeira que não vem ao caso. De volta a festa, ela não largava do meu pescoço enquanto eu pedia educadamente pra ela me soltar e continuava a xingando por aquele dia.
- Não era e nunca foi por causa do dinheiro null... Foi por amor. – ela dizia meio bêbada.
- Shiw. – mandei ela calar a boca. – Não fale de amor comigo. Credo Luiza, você tá cada dia mais quenga, frustrada e mal amada, é? Se toca ‘ow’ garota!
Tentei me soltar novamente e ela avançou na minha boca mordendo o meu lábio.
- Isso, xinga mais null, xinga, me bate, seja grosso comigo, isso te deixa tãããão sexy! – ela disse quase gemendo já. Eu ri. Ah caralho, eu queria sexo, ela queria sexo e era meu último dia aqui...
- Cachorra... Eu vou acabar com você. – virei as costas e comecei a andar, ela me seguiu e fomos até uma área privativa, enquanto eu fechava a porta ela já começou a tira o top. Assim que me virei tirei a camisa, realmente ela estava bem mais gostosa. Obviamente e claramente eu coloquei a camisinha, ok? Ok. Nossa transa foi rápida simplesmente por que cai na tentação que devia evitar. Aquela vadia quase ferrou com a confiança que minha mãe tinha em mim e logo após minha mãe morrer, era justamente essa confiança que ela tinha comigo que me fazia ter um mínimo de respeito por que estava cuidando de mim, ou seja, é por ela, e por que ela pediu antes de morrer, que eu estou indo morar com o Richard, minha mãe odiaria se eu desse uma de rebelde agora e fosse fazer alguma besteira. Calma, 18 anos tá chegando.
Voltei pra festa e não consegui achar o null, já estava amanhecendo, eu precisava pegar a estrada logo. Ah é, esqueci de falar, descobri que meu pai não está morando em Nova York, ele já está morando no Brasil em uma cidade que eu esqueci o nome e que eu posso ir de carro. Continuando, fui andando em direção a saída me desvencilhando de algumas pessoas bêbadas e drogadas que estavam no mundo da lua, cheguei na rua e tentei ligar pra ele. Assim que peguei o celular tinha uma mensagem dele. “ To resolvendo umas paradas dos Gaisos... depois a gente talka”. Estranhei, no meu último dia aqui ele tá resolvendo umas coisas dos Gaisos? Fiquei com raiva, os Gaisos estão me ameaçando de morte e o null ainda está resolvendo coisas pra eles?! Putz null, que mancada.
Voltei pra casa e peguei minhas malas e as joguei no jardim pela janela do quarto, dava menos trabalho que ficar subindo e descendo a escada toda hora. Já estava amanhecendo, mas ainda estava meio escuro, alguns vizinhos idosos e chatos pra caralho saíram das suas casas vestindo roupões e com uma xícara de café, como de costume pra pegar o jornal. Já observavam contentes que o garoto-problema do bairro estava indo embora. Peguei as coisas mais frágeis e meu skate e desci as escadas, deixei na rampa da garagem e tirei o carro de lá. Bem, no dia que eu quase fui atropelado, eu esqueci minha moto em algum lugar obscuro nas redondezas e não consegui achar mais. O Richard acabou mandando esse carro pra mim, um Pajero Sport preto, já querendo me amansar, acontece que assim que eu chegar na tal cidade que ele mora, eu vou devolver o carro. Joguei todas as coisas no banco de trás do carro, já vestia uma camisa mangas compridas pretas e uma touca de lá cinza, droga, nem fiz a barba, minha barba loira estava cerrada, ah foda-se tava largado, mas tava gostoso. Tentei sorrir ironicamente pros vizinhos enquanto entrava no carro, isso mesmo, nem me despedi da Fausta. Antes de ligar o carro olhei novamente pro celular esperando uma ligação de despedida do meu melhor amigo, mas nada, fiquei chateado, eu o havia perdido mesmo. Tirei o carro da rampa e logo comecei a sair da rua com a janela do motorista aberta eu continuava tentando sorrir pra demonstrar como estava feliz em sair daquele bairro onde não se podia ouvir música alta nem dá humildes festas barulhentas e desorganizadas, essas são as melhores.
- Que bom que está indo embora daqui sem maiores problemas null null, finalmente vamos viver em paz! – disse a senhora Wilson, uma velha rabugenta com rolinhos no cabelo.
- Bom dia pra senhora também senhora Wilson... Tenha uma boa menopausa. – sorri e ela me mostrou o dedo do meio. Sorri, eu realmente estava saindo sem maiores problemas, até me amaldiçoar por contar vitória antes do tempo. Ouvir uns barulhos de tiros, barulhos de jipe e gritos cortando o silêncio.
Levei um susto e o carro dançou na rua. Apertei o botão pra levantar o vidro da janela, acelerava quando vi pelo espelho retrovisor um jipe laranja dobrando a esquina. O Jackson tava em pé com uma arma enorme, não deu pra identificar qual era.
- Essa não ‘carai’! – falei com o coração a mil. Puta que pariu tentava abaixar a cabeça e olhar pra rua ao mesmo tempo, já já estaria na rodovia, coloquei meu pé no acelerador até escutar um grito familiar.
- EI SEU CU DE GALINHA, ME ESPERA!!! – o escutei me gritando enquanto o Jackson gritava dizendo que ia nos matar. ‘Nos matar’? Espera.
- Pie... – já ia começar a gritá-lo pelo nome quando lembrei que estávamos sendo seguidos pelo Jackson. null vinha correndo pela calçada com uma camisa branca com um desenho do Bart Simpson mostrando as... nádegas. Ele também tava com uma mochila enorme nas costas e o skate debaixo do braço.
Desacelerei e ele continuava correndo sob as chuvas de tiros que atingiam o carro novíssimo do Richard e por um milagre não atingiam o null. Ele corria feito um louco, eu apertei no botão e abri o porta malas do carro.
- VEM ! – gritei olhando pra trás e dirigindo. – PULA CARNIÇA!
- PARA ESSA BAGAÇA CARALHO, EU NÃO SINTO MINHAS PERNAS, EU TO CORRENDO O BAIRRO TODO JÁ! – ele gritou e ainda conseguia rir. Eu ri mais ainda. Desacelerei mais um pouco e ele pulou de uma vez dentro do carro pelo porta-malas. Fechei imediatamente e continuava olhando pra trás sob os gritos do Jackson e os tiros dos Gaisos.
- O que tá fazendo aqui seu maluco?!! – eu perguntei eufórico.
- Agora o Jackson tá correndo atrás de mim também, eu precisava fazer alguma coisa pra ele me ameaçar de morte também pra eu poder está no mesmo nível do meu melhor amigo! Qual é cara? Acho que eu ia deixar você se divertir sozinho? – ele falou abrindo os braços enquanto passava por cima das malas pra sentar no banco da frente. – Quem é que vai me lembrar de verificar a validade do Danoninho antes de por uma bandeja inteira pra dentro, hein? - um tiro quebrou a janela do porta-malas, nós nos abaixamos e nos acabamos de rir. – TRÁS A SUA BAZUCA COR DE ROSA NA PRÓXIMA VEZ SEU VIADO COMEDOR DE URUBU! – o null gritou com metade do corpo pra fora da janela. – SUA PUTA NEM É TÃO GOSTOSA ASSIM!!! – depois voltou a se sentar.
- Epa! Como assim?! – perguntei incrédulo. – Não acredito...
- Isso mesmo cara, eu comi a putinha da Katy!!! – ele falou dando gargalhadas.
Katy era a puta do Jackson, era exclusiva. Já imaginou o tamanho da encrenca em que o null conseguiu se meter, não é? Pior que a minha. Esse filho da puta, putz, que alivio, ele tava se metendo em encrenca por mim.
- Acha que eu vou dispensar as novidades de Nova York? – ele falou num fingidamente sério. – Além do mais, essa cidade iria perder a graça depois que você fosse embora, ainda mais depois que o seu Tonhão disse que não ia me dá mais desconto. Atravessamos uma linha de trem, e assim que saímos da linha, o trem passou. A gangue do Jackson ficou preso do outro lado, vi ele descendo do jipe muito irritado. Passei o carro por uma trilha de seixo afim de cortar caminho pra chegar na rodovia.
- O que é isso? – null disse pegando uma papel dobrado que tinha em cima do porta-luvas.
- Mudança de planos. – eu respondi enquanto descia um morrinho pra entrar na rodovia, olhando pros lados pra ver se não tinha policiais rodoviários. – O Richard já está morando no Brasil, em uma cidade que eu não sei o nome.
- Foda-se, qualquer buraco pra gente se esconder tá bom? – ele falou enquanto abria o enorme mapa.
- É isso aê irmão! – eu disse batendo na mão dele. – Vamos tocar o terror nessa cidade.
- Que cidade é mesmo? – ele falou procurando no enorme emaranhado que tinha no mapa.
- Ann... tá destacado aí mano, faz alguma coisa? – eu disse.
null abriu o mapa inteiro tapando minha visão na frente do volante. Um caminhão buzinou na minha frente e tive que tirar o carro da reta imediatamente, levei um susto enquanto o beleza tava todo tranquilo e concentrado procurando o nome da maldita cidade.
- Riviella? – ele perguntou.
- ÉÉÉ, isso aí! Riviella, vamos morar lá... Seja o que Deus quiser. – eu disse revirando os olhos.
- Seja o que nós vamos querer também, vamos tocar o terror nela mano. – nós rimos e logo em seguida continuamos a viagem.
Estava bem mais leve agora que meu melhor amigo ia também. “Puteiro sem puta”, eu ri, era sim mesmo que um era sem outro.
CAPITULO 5
Narrador Onipresente
Cantarolando Red Hot e comendo porcarias, null e null atravessaram a distância que separava Erbon de sua nova cidade, Riviella. Sempre parando pra que null pudesse oferecer carona para as mulheres bonitas e da vida que passavam na beira da estrada. Elas sempre recusavam temendo pela sua vida, a julgar pelo jeito louco de null e pelo estado do carro, que por sinal, estava acabado depois do tiroteio. Já atravessavam uma longa ponte de aço pintada de vermelho e ao longe já podia se ter uma noção do quão rica e próspera era a cidade. Enquanto os dois amigos passavam pela cidade chamando atenção pelo estado do carro, null dava show de arrotos.
- Credo null, tá bom já, não acha? – null falou sorrindo.
- Tá bom, acabou. – null respondeu. – Preciso de mais refrigerante, dá pra gente parar em uma lanchonete pra eu fazer pipi e comprar alguma coisa pra comer?
- Claro chefinho, vamos lá. – null dirigiu mais três quarteirões até avistar uma lanchonete.null saiu do carro com uma enorme bolsa amarela e com seu casaco laranja e os enormes óculos escuros, bom, tudo em null era enorme apesar da pouca, pouquíssima estatura.
- “Eu to na lanchonete, eu vou comprar umas empadas e um pote de sorvete, depois eu te ligo e a gente termina de acertar isso.” – ela continuou andando até a porta da lanchonete meio desajeitada enquanto ouvia falando algo no telefone. – “ Não, você não vai desistir de me ajudar, você precisa se distrair!”
- Eu quero duas Coca-colas em lata e seis pacotes de Doritos apimentados. - null fazia o pedido com os dois braços cruzados em cima do balcão. null saia do banheiro e se encostou no balcão.- ‘Ow’ tia, eu quero brindes do Mc lanche feliz... –null disse e null bateu na testa.
- Aqui não é o Mc Donalds meu ‘sobrinho’. – a mulher respondeu meio ranzinza.
null fez uma cara de tanto faz, pegou sua lata de Coca-cola, a abriu, sorveu um gole e se virou dando mais um arroto.
- No-jen-to! – null disse fechando os olhos ao está poucos centímetros do arroto de null.
- Ow princesa, você não solta arroto não? – null perguntou enquanto null pagava no caixa. – Vai dizer que tu não peida também?
- Mas o que é isso? Que deselegante! – null disse incrédula olhando pros lados e depois com o peito estufado encarando null, muito mais alto que ela. – Olha como fala comigo seu porco! Mas que nível nós chegamos aqui hein!
Com sua pele bem branquinha e os enormes e destacados olhos verdes, ela já começava a ficar vermelha de raiva.
- null, vamos embora. – null o puxou pelo o antebraço.
- Ah não, veja só null, uma espécie em extinção: a garota que não arrota. – null disse em tom irônico e null se pôs a sorrir.
- Vamos embora cara. – disse já saindo da lanchonete. – Desculpa aí moça, ele fumou umas hoje de manhã.Os dois entraram no carro e dirigiram por mais algumas horas. Já se aproximava das duas da tarde quando avistaram os enormes portões cinzas ao lado de enormes muros cheios de verde. O bairro era de classe alto, só havia mansões por ali e carros importados. O Pajero já estava fazendo barulho de carro sendo desmontado, chegaram no portão e um segurança chegou todo desconfiado.
- Identifique-se. – ele disse com um tom autoritário pondo a mão na cintura onde já tinha uma pistola. null olhou e não pode conter o sorriso.
- Eu sou null null, o... – null penou em dizer isso, mas disse. – O meu pai está me esperando.
- O senhor é o herdeiro do senhor null?! – ele perguntou incrédulo depois deu uma olhada geral no carro, em mim, no null e na bagunça do carro. – Ok, o senhor null está te esperando. Seja bem vindo.
Ele deu um sinal no rádio e logo os longos portões foram abertos. null e null ficaram abismados com o tamanho da mansão e o jardim com algumas estátuas de deuses-gregos em mármore. A mansão tinha 3 andares e era toda adornada em janelas de vidro. As cercas que separavam dos vizinhos, outros podres de ricos, não era muito grande, dava pra perceber a continuidade de belas mansões.
Deram a volta na grande fonte que tinha na frente da mansão, desceram do carro e enquanto subiam as escadas tentavam dá um jeito no cabelo e na roupa. Chegaram na porta e null já ia tocar campainha.
- NÃAAO! – ele gritou pegando no braço do null.
- O que foi? – null fez cara de desentendido.
- Cara, olha essa camisa, o Bart tá mostrando as nádegas dele, vamos voltar pro carro e procurar uma mais decente. – null se virou e os dois já começavam a descer as escadas.
- Olha só quem fala: o rei da decência! – null falou mexendo as mãos no alto.
- Tudo bem, eu tenho a coleção completa dos Simpsons na minha biblioteca. – uma voz grossa e simpática falou e eles pararam de costas e se viraram devagarzinho, um homem no alto dos seus 40 anos estava com um short de malhar e uma camiseta branca e os cabelos impecavelmente penteados e brilhosos, ele saiu da porta e foi até eles abraçando null. – null, como você está grande, meu filho.- ‘Pow’ pai, eu to grandinho mesmo já, to precisando de um pajero novo... – null falou em tom de brincadeira.
- Eu sou o null. – null falou revirando os olhos.- Óh. – Richard disse de sobressalto avaliando null de cima abaixo. – Eu sabia, eu só estava fazendo uma brincadeira.
null e Richard começaram a sorrir e null permaneceu sério.
- Uhum senta lá, senta. – null disse. – Duvido que lembrava de mim Richard.
Richard abaixou a cabeça e pôs as mãos dentro dos bolsos do short.- Bem, não vai me dá um abraço? – Richard disse e null desviou o olhar.
- Não sou muito de abraços... – ele respondeu limpando a garganta.
- Bem, vamos entrar, tem um lanche especialmente feito pra vocês. – Richard disse os conduzindo pra dentro da casa.Foram para a cozinha enquanto alguns empregados faziam um grande esforço pra tirar todas as coisas do carro. Enquanto null e null eram servidos por uma cozinheira simpática e de meia idade, Richard falava.
- Hoje eu tirei só duas horas pra malhar, a academia fica do outro lado da piscina, aliás a Priscila, minha noiva, deve está por lá ou no shopping, não sei, vão lá conhecer ela depois. – disse. – Eu tenho que ir pro escritório agora.
Richard null era dono de uma empresa de engenharia, vivia ocupado. A cozinheira os deixou um instante sozinhos pra acompanhar Richard.
- Aposto que a noiva dele é uma daquelas peruas cheias de botox na cara. – null cochichou e depois os dois caíram na gargalhada.
- Ei tia, o que tem de bom pra fazer aqui depois do rango? – null perguntou sem cerimônia pra cozinheira.
- Tem a sala de jogos, a academia, tem a piscina, tem a piscina de ondas, tem o mini campo de golfe, tem a mini sala de cinema três ‘dê’... – ela falava sem parar enquanto null e null se entreolhavam. – Ah, tem uma cama elástica atrás da casa, tem uns jipes do outro lado da mansão, tem um helicóptero no heliporto, se vocês quiserem dá um passeio de helicóptero é só pedir e tem uma bola de futebol velha jogava em algum canto do jardim, fiquem a vontade.
- É. Eu quero jogar bola com essa bola velha aí. – null disse se levantando.
- Já é! – null concordou animado e os dois foram pro jardim. O jardim era extenso e tinha vista pra piscina, viam de longe que tinha alguém lá, eles não se aproximaram.- Pega aí mano! – null pegou achou a bola atrás de um arbusto e chutou pranull, ficaram lá trocando passes durante alguns momentos.
- Ei man, a tal da Priscila, noiva do seu pai... – null começou a falar.
- Noiva do Richard. – null jogou um olhar o corrigindo.
- Ok, noiva do Richard, deve está lá na piscina. – null deu a ideia e null devolveu a bola pra ele olhando pra piscina sem conseguir enxergar direito a mulher.
- A gente deveria ir lá fazer uma social com a ‘tiazona’ que ele deve ter arrumando. – null falou e começou a rir.
- Bom, se é ‘tiazona’ eu acho que fiquei meio anti-social agora.. – null disse sorrindo.
null ia devolver a bola pra null quando olhou pra piscina ainda rindo quando Priscila estava saindo da água.
- Uoooooou! – disse perdendo o sentindo da bola e a chutando forte em uma direção errada, acertando uma das estatuas da coleção de Richard. – Sua ‘tiazona’ tá mais pra ‘tiazinha’ null.null olhou pra Priscila, ela estava usando um mini mini mini mini² biquíni amarelo evidenciando todo o seu corpo sarado e malhado. O cabelo loiro oxigenado ia até a cintura estava colado as costas por conta da água. Ela sorriu ao olhar os meninos praticamente babando de longe, se curvou pra pegar uma toalha na cadeira e a colocou em forma de manta, depois foi ate eles.
- Será que ela tem um chicote? – null perguntou ainda sem tirar os olhos da mulher.
Priscila Castanhola tinha 22 anos, não estudava, nem trabalhava, passava o dia se divertindo na mansão de Richard ou gastando o dinheiro dele em shoppings sempre garantindo sua beleza e jovialidade. Sempre recebendo chuva de criticas da alta sociedade que julgavam o futuro casamento como um golpe, sempre a acusavam de está interessada nos milhões de Richard null. Ela sempre rebatia as criticas com demonstrações publicas de carinho.
“- Eu estou muito, muito, muito irritada .” – null falava no celular com os braços cruzados olhando pela janela os novos inquilinos da mansão ao lado, os mesmos que esbarraram com ela mais cedo. null olhou com cara de repulsa no exato momento em que null chutou a bola na estatua grega de Richard ao ver a ‘biscate’ da noiva do Richard, ela chama Priscila assim. – “- O nível desse bairro tá caindo cada dia mais! Eu te falei sobre os idiotas que esbarram em mim hoje de manhã cedo? Pois é, não, eles não saíram de uma favela ou de uma palafita do rio Tietê não. Eles estão morando na mansão vizinha a minha, na casa do Richard null e ainda ficam de gracinha com a biscate da Priscila”
Ela continuava a falar, enquanto isso, Priscila terminava de atravessar o jardim e chegou aos meninos.
- Oi gente, tudo bom com vocês? – perguntou sorridente se certificando de dá um beijo em casa lado do rosto de cada um dos meninos. null via tudo da janela e narrava o acontecimento pra . – Eu sou a Priscila, noiva do Richard.
- Tudo bem Priscila, eu sou o null, melhor amigo do null. - null respondeu.
- E eu sou o null e eu estou bem. – null disse meio desconfortável com os olhares que Priscila jogava pra ele.
- O Richard falou muito de você nos últimos meses, desde sempre ele tem uma foto sua na biblioteca de quando você tinha 14 anos, eu bem que imaginei que você ficaria bem mais bonito com 17. – ela disse e involuntariamente mordeu o lábio inferior.
Um momento de silêncio, null ficava passando a bola de uma mão pra outra e null não tirava os olhos da bunda de Priscila.
- “- Caramba, que descarado, além de nojento é descarado, o que eu te falei que ficou soltando arrotos não tira os olhos da bunda da biscate!” – null falou. – “- O outro parece ser mais comportado, eu não prestei muita atenção nele na lanchonete.”
Priscila se deu conta do tempo.
- Bom gente, eu preciso ir, tenho um compromisso importantíssimo agora e meu cabeleireiro não costuma aceitar atrasos. – ela disse e sorriu. – Fiquem a vontade e null, depois dá uma passadinha no quarto do seu pai mais tarde pra gente conversar sobre a sua infância longe do pai, talvez você tenha algo pra mostrar, ops, desabafar. – ela disse sorrindo e saiu.
- Ok Priscila, obrigada pelo apoio. – null sorriu e Priscila saiu.
- Alooow! – null falou assim que Priscila entrou na casa. – Eu estava aqui o tempo todo e só você não viu. Isso é uma música.
- Tu tava aqui o tempo todo e tu viu? – null falou. – Ela faltou me comer com os olhos, quase me despiu, parecia que tava doida pra possuir meu corpo nu.
- Ui, que menino santo. – null rebateu rindo. – Mas cara, cuidado, é a noiva do teu pai, pelo jeito ela vai te causar problemas se isso aqui foi só um cartão de apresentação.
- É, to resumindo, eu to fudido. Tem uma gostosa na minha casa doidinha pra me pegar e ela é noiva do meu pai. – null falou revirando os olhos.
- Cara, qual o seu problema? Tu só atrai treta! – null falou enquanto os dois saiam.- Ah claro, falou o menino santo parte dois. – null falou, os dois riram e entraram na casa.
“- Pronto, eles entraram em casa.” – null disse no telefone. – “- , amanhã eu vou na sua casa pra gente terminar de organizar a minha festa anual na piscina, ok? (...) Se eu vou convidar eles? tu tá me tirando ? Lógico que não, não é? AAAAAA O Jason acabou de chegar!! Ta tchau, depois a gente se fala, beijo”.
null desligou o celular e observou Jason Granneli, filho do padrasto dela, sair de um carro vermelho. Ela deixou passar a observação de que todos os dias ele chega em um carro diferente, não faz muita diferença, ele sempre sai sorridente e o mistério em torno dele, o faz cada vez mais sexy, como ela mesmo disse.
Jason Narrando
Não falo muito, sou o tipo de pessoa que faz em vez de falar. E faço muito, wow, muito mesmo. Sempre em segredo, não quero ninguém por aí espalhando o que eu faço e eles sempre tentam desvendar. Eu tenho 25 anos e moro com meu pai na casa da mulher dele, Anita null, meu pai se casou com ela, ganhei uma madrasta e de quebra um brinquedinho, um chaveirinho chamado null null. A guria tem 17 anos e desde os 15 invocou comigo. Eu tirei a virgindade dela e sempre que bate a vontade eu a provoco ou acabo caindo na provocação dela. Mas na maioria das vezes eu gosto de jogar com ela, a seduzir depois a humilhá-la chamando-a de criança. Qual é, são 8 anos de diferença, a pirralha, além de pirralha no tamanho e no rosto de bebê, ainda está no colegial! Pois bem, mas eu sempre uso pra satisfazer meus desejos quando estou entediado na casa dos null.Cheguei em casa depois de uma longa noite de trabalho e depois de por a minha vida em risco por causa do meu trabalho, eu resolvi tomar um banho. Entrei no meu quarto e deixei a porta encostada. Tirei o sapato e depois a roupa e fui pro banheiro, liguei o chuveiro e deixei o vapor da água subir, depois entrei.Minha mãe foi morar em Tókio quando eu tinha 15 anos, desde esse dia eu nunca mais a vi, só recebo os presentes dela e de vez em quando, mais precisamente em datas festivas, recebo uma ligação rápida dela. Isso não me afeta, até por que não me apego a ninguém. Sempre foi eu e meu pai, mas nem meu pai sabe o que eu faço. Quando ele se casou, ele pediu que eu viesse morar aqui com ele e por conta da mordomia do local, eu aceitei e adoro. A mulher dele me mima, os empregados me mimam e a null... Ow se mima! É um ótimo disfarce.
Escutei um suspiro e quando olhei pra porta do banheiro, null me observava tomando banho enquanto suspirava.
- Recebeu meu SMS? – ela perguntou sorridente.- Recebi sim, e já está confirmado: você voltou mesmo. – disse com desdenho e me virei de costas pra ela.
- Sentiu minha falta? – ela perguntou toda melosa.
- Não. – respondi seco. – Ultimamente tenho ficado muito tempo fora de casa.
- Ain Jason. –ela falou, já ouvia ela se aproximando de mim, segurei o riso. – Para de falar assim, tenho certeza que sentiu minha falta! Não sentiu?
Eu me virei com um sorriso maroto, ela estava usando um batom vermelho provocante.
- Talvez um pouco, por que é foda mais fácil que eu tenho. – eu respondi, ela sorriu sem graça. Talvez tenha gostado “talvez um pouco”, mas a “foda mais fácil que eu tenho”, deve ter magoado o coraçãozinho juvenil e apaixonado dela. Aff.
A beijei e logo aquela frustração se dissipou. A beijei mais intensamente enquanto desligava o chuveiro e fui empurrando ela pra fora do banheiro, continuava a beijando.
-Senhor Granneli? Tenho que recolher sua roupa suja.– parei de beijá-la. Puta que pariu ninguém podia pegar a null dentro do meu quarto comigo nessa situação.- Vem cá. – a puxei pelo braço.
- Ai, tá machucando. – ela reclamou.
- Fica aí e fica caladinha. – falei a empurrando pra dentro do armário do closet. Fechei, coloquei uma toalha em volta da cintura e fui abrir a porta.
- Oi Rosa. – falei abrindo passagem pra empregada.
- O ‘seu’ Jason. – ela respondeu entrando e indo direto pro banheiro. – A dona null já chegou. O senhor já viu ela por aí?- Não, não vi ela ainda, depois eu a procuro pra saber como foi a viagem. – eu respondi com serenidade pra não deixar ela desconfiar.
De repente um barulho veio do closet.
- Que barulho foi esse seu Jason? – ela perguntou olhando pra lá.
- Minha mala deve ter caído da cadeira Rosa, só isso, já termin... – eu respondi e ela me interrompeu.
- Ah claro, quer ajuda pra arrumá-las? – ela perguntou já indo pra lá.
- NÃO! – respondi prontamente e ela se assustou. – Eu quero me trocar, eu tenho um encontro já já, você poderia me dá... privacidade? – perguntei.
- Ah claro, perdão. – ela disse sorrindo e saiu.
Respirei aliviado quando ela saiu e eu a vi começar a descer as escadas.
- Um encontro? Que encontro? Encontro com quem? – null disse saindo estourada. Eu apenas abri a porta e disse.
- Cai. Fora. Pirralha. – disse na porta mandando ela sair. Ela saiu com raiva.
Eita null, você ainda vai me arranjar problemas.
Narrando
Salgados. Confirma. Refrigerantes. Confirma. Bebidas. Confirma. DJ. Confirma. Bom, a minha parte na organização da festa anual na piscina já estava certo. E claro, eu peguei a maior parte por que agora que a null voltou de viagem, quer tirar todo o atraso com o Jason. O Jason é um cafajeste, eu sinceramente não sei o que uma garota tão cheia de si como a null, foi escolher logo ele. tá que ele é gostoso e muuuito lindo, mas... Putz, null errou feio dessa vez apesar daquela cabecinha de ovo olhar mais pra corpo do que pra cérebro.Terminei de fazer umas ligações com fornecedores e de convidar algumas pessoas pela Internet e resolvi ir na cozinha. Estava morrendo de fome, precisava de um sanduiche e de um suco de acerola. Cheguei no alto da escada e escutei uma voz familiar.
- Eu estou muito empolgado, eu tenho certeza que isso fará muito feliz, não é Júlia?– mal podia acreditar, meu pai tinha parado pra falar com a minha mãe sobre a minha felicidade!
Desci a escada empolgada até sentir um arrepio na espinha ao ver meu pai e minha mãe conversando com Jorgito. O que ele estava fazendo aqui? Voltei dois lances de escada pra não ser vista.
-Eu tenho certeza absoluta que esse é o maior sonho da , senhor ).– Jorgito falou com convicção. Como ele sabe qual o meu maior sonho? Ei, qual é o meu maior sonho?Nossa, que confuso.
-Eu também sei que é Jorgito.– minha mãe confirmou sorridente. Até minha mãe sabe qual é o tal do meu maior sonho, até minha mãe que mal me vê e muito menos conversa comigo sabe, e nem eu sei.
Me sentei no degrau da escada confusa. O que seria? Uma viagem? Um carro? Mais roupas? Um encontro com meu ídolo? Meu ídolo? Eu tenho um ídolo? Nossa, como eu sou sem identidade.
- Ok, agora vamos só esperar a sua maioridade Jorgito, pra acertar o casamento.– escutei meu pai falando e segurei forte no corrimão. Meu coração acelerou e desci as escadas praticamente correndo. Eles estavam apertando as mãos, como se estivessem... fechando um contrato.
- O QUÊ?! – perguntei quase gritando. – Casamento? Quem falou em casamento? Quem disse que esse é o meu maior sonho? Ãh?
- E quem te ensinou a ficar escutando a conversa alheia escondida? – minha mãe falou.
- “A conversa alheia”, mãe, eram vocês decidindo sobre minha vida sem a minha presença! – falei muito irritada.
- Ei meu amor, calma. – Jorgito falou com um sorriso cínico. – Isso não é algo pra amanhã ou depois, mas o nosso amor é eterno, a gente já tem que planejar.
- Se quer planejar algo sobre a minha vida, lembre-se de me chamar. – eu falei séria com os braços cruzados.
- Eu vejo que ando passando muito tempo longe de você . – meu pai disse, pasmem, pondo a mão no cinto. – Cadê a sua educação? O Jorgito é seu futuro noivo e vamos acertar isso bem antes do casamento.
Não consegui juntar ideias pra formar uma frase. Estava quase cortando meu peito.
- Ok, não precisamos mais falar disso agora. – Jorgit disse e segurou no meu antebraço. – Fiquei sabendo da festa da null null, vamos lá pra cima conversar sobre isso?
Queria qualquer coisa que pudesse me tirar da frente dos meus pais. Pais? Ok. Mas também queria qualquer coisa que tirasse o Jorgito da minha frente. Não quis mais falar sobre casamento. Entrei rápido dentro do meu quarto e passei a mão no cabelo enquanto respirava fundo, Jorgito entrou logo em seguida e fechou a porta calmamente.
- Terminou de acertar as coisas da festa da null? – ele disse se sentando na minha cama e pegando o meu notebook.
- Sim, terminei. – disse ainda andando de um lado pro outro.
- E entregou pra ela? – ele perguntou e eu apenas assenti. – Que bom que se disponibilizou a ajudá-la mesmo sem se comprometer em aparecer por lá.
- O quê? – parei repentinamente e o encarei. – É lógico que eu vou aparecer por lá.
- Ah, , é melhor você ligar pra ela e cancelar sua presença. – ele disse serenamente. – Meu irmão chega no mesmo dia da festa. Eu e você vamos jantar com ele.
- Não. – respondi. – Eu vou pra festa da null, ela é minha melhor amiga e essa festa é importante pra ela. Ela precisa de mim.
- “Eu” preciso de você . – ele falou se aproximando de mim. – E “eu”, o seu namorado, vem em primeiro plano.- “Eu” irei pra festa da null e você saberá receber muito bem o seu irmão sozinho. – não sei de onde eu criei coragem pra dizer isso, mas disse convicta. Fui até a porta e a abri. – Eu me preciso me deitar, você se importa de voltar outra hora?
- Vai mesmo me contrariar ? – Jorgito disse parando na porta e me encarando.
- Deixa eu fazer as coisas como eu quero pelo menos uma vez na vida. – eu disse o olhando nos olhos.-- Faça como quiser, mas depois não diga que eu não avisei. – ele disse e saiu. Eu fechei a porta com força e bufei de raiva, mas que ódio!
Eu precisava falar com a null. Peguei meu celular e procurei nome dela. Liguei no celular dela e não atendia. Depois de tentar umas trinta vezes, tentei ligar pra casa dela.
- Ai, como é mesmo o número de lá? – dizia apertando alguns botões no celular. – 3,6,1...9.
Começou a chamar... chamar... chamar.
-“Quem é que ousa me perturbar?” – uma voz grossa disse do outro lado da linha.
- Nossa, isso é jeito de atender um telefone? – eu disse. – Que grosseria! Eu quero falar com a null e me diz o seu nome pra eu reclamar da qualidade de atendimento dos empregados da casa dela!
-“Nossa ‘fia’, tá com a macaca hoje hein?- o homem disse – “ Faz o seguinte, checa direitinho se tu ligou pra casa certa por que não tem nenhuma null aqui não. Eu sou o null e essa casa é minha, essa linha é minha, é tudo meu e foda-se a porra da grosseria por que eu atendo o telefone do jeito que eu quero, por que você fez o favor de me acordar na minha melhor soneca, aquela depois do Toddynho e o episodio de a Liga da Justiça, e ainda vem reclamar do modo como eu ajo no meu habitat natural. Falou? Bom dia pra você... Bom dia? Acho que é boa tarde, mas foda-se isso também.”
- Epa, epa, vamos pôr ordem nisso aqui! Foi um ledo engano confundir a fina e rica moradia da minha melhor amiga com o seu ‘habitat natural’ que provavelmente deve ser um ninho de homens da caverna sem um mínimo de educação! – eu disse. Hoje eu tava de TPM, estava todo mundo me estressando.
- “Ninho de homens da caverna não deve ser não, por que tem umas mina gostosa aqui, viu? Desculpe a grosseria, sono realmente me deixa de mau-humor, falou?” – ele disse com uma voz gostosa de sono. – “ Mas diz aí flor do campo, como foi seu dia? Já sorriu hoje? To sendo educado agora?”
Desliguei o telefone na cara dele, aff, além de grosso, é irônico e... argh. Eu preciso do meu sanduiche, de um suco de acerola, de um remédio pra cólica e de um remédio pra dormir. Mau-humor me deixa com a pele horrível, e a festa da null está bem aí, daqui três dias! Mais um movimento na minha vida, será que dessa vez eu vou só assistir como sempre?
Narrador Onipresente
Três dias depois...
O belo jardim da casa dos nulls estava decorado com postes que se interligavam através de linhas de energia com lâmpadas fluorescentes verdes, que não causavam nenhum impacto na decoração, pois as luzes da casa iluminavam todo o jardim. Na beira da piscina foram postos alguns puffs e uma banheira cheia de gelo onde foram enterradas algumas bebidas cuja embalagem eram cor-de-rosa e fluorescente. Provavelmente algum energético que a turma gostava de tomar. Dentro da casa, ficava a pista de dança e o DJ todo tatuado, tocava as melhores músicas. Dentro da casa também tinha o barzinho e assim como no jardim, havia uma mesa cheia de petiscos. A cozinha estava cheia para um estoque de adolescentes famintos. A mãe e o padrasto de null haviam viajado pra cidade vizinha, os empregados foram dispensados e o único “adulto” era Jason.
As pessoas chegavam aos poucos quando null resolveu subir. Estava com um vestido tomara que caia preto e brilhoso e enormes sapatos cor-de-rosa. Os cabelos estavam armados em cachos longos e brilhosos. Ela estava linda. Entrou sem cerimônias no quarto de Jason segurando uma bebida a mão. Ele estava deitado de na cama com um braço por trás da cabeça e o outro mexendo no notebook.
- Seus pais não te ensinaram a bater na porta não? – ele disse olhando pelo canto dos olhos.- Me ensinaram, claro. Mas eu sei que você deixa aberta estrategicamente pra eu entrar. – ela disse e sentou na cama ao lado dele. Jason soltou uma gargalhada.
- Tá assistindo muito filme da Disney princesinha. – ele disse sem dá maior atenção a ele. – O que você quer? Diz logo e vaza daqui.
- Eu vim te convidar pra ir pra festa. Vamos lá, é rapidinho! – ela dizia batendo o pé e segurando na mão dele.
- Ah foi mal, mas eu não curto festinha de pijama de crianças. – ele disse prestando atenção no computador.
- Não, não é festa de criança. Tem bebidas e tem camisinhas lá. Então, não, definitivamente não é uma festa pra crianças! – ela disse.
- Então você deveria ir dormir e deixar a festa correr lá pras ‘não-crianças’. – ele disse isso olhando pra ela e sorrindo.
- Para com isso Jason. Para de ficar me humilhando e me chamando de criança porra! Eu já tenho 17 anos. – ela disse séria.
- Foda-se, pra mim você é uma criança mimada e que cheira a leite e se tá achando ruim, a porta da saída é a mesma pela qual você entrou. – ele disse e se virou pro computador.- Ok então, engole esse computador e fica mofando aí com a sua ideia ridícula! – ela disse saiu batendo a porta e pisando forte. Mas logo que desceu as escadas e viu e Oliver entrando, abriu um sorriso e esqueceu tudo.- !!!! – ela gritou indo ao encontro da amiga. – Você tá muito linda! Vai roubar todos os holofotes!
estava realmente linda com um vestido colado e vermelho escuro, o cabelo estava completamente liso e somente a franja ganhava movimento. Oliver estava com uma calça jeans colada preta, uma camiseta rosa por dentro de um casaco branco.- E EU VADIA?! – Oliver disse. – Não roubo nada não?- Rouba minha filha. – null respondeu. – Roubar toda lantejoula que tiver nessa festa pra por na cocha da sua cama! – os três gargalharam.
- E roubo o namorado da Angélica, por que ela podre e pegou o último Activia que tinha no refeitório! – ele disse.
Oliver Vaz, tinha 17 anos e era gay, não o tipo de gay que assume, apenas pra e null, era o tipo que nem negava nem assumia. Preferia se auto-intitular como bi, mas no fundo seu lance mesmo era com homens. Amigo fiel das duas, as defendia com unhas e dentes, sempre nas festas da alta sociedade e exibindo suas extravagâncias na rua enquanto em casa tinha que se mostrar um verdadeiro homenzinho pra que seus pais, preconceituosos, não falassem nada. Ficava cada dia mais difícil disfarçar...
- Porra caralho, como é que em pleno século 20...
- 21 null. – null o corrigiu.
- Século 21, uma adolescente faz uma festa na vizinhança e não chama a gente? – null disse enquanto os dois estavam sentados no parapeito da janela do quarto de null espiando a festa na piscina na casa vizinha.
- O que isso tem haver com o século que estamos e com modernidade e etc? – null falou revirando os olhos enquanto tomava o resto de danoninho. Os dois estavam comendo uma bandeja de danoninhos com doritos e assistindo a festa correr.
- Isso quer dizer, que em festas do século 21, os portões ficam abertos pra toda massa participar! A massa, nesse caso, é a gente. – null falou com a boca suja.
- Cara, limpa sua boca. E essas festas aí, são festas de Erbon, as clandestinas, onde as ‘massas’ são traficantes, drogados e pobres esfomiados como a gente. – null disse. – Ei cara, você tá louco pra ir pra essa festa, não é?
- É. – null respondeu. – Por que eu sou um pobre esfomiado e aposto que os petiscos de festa de rico são gostosos pra caralho e ainda de graça!
- Tá vendo aquela banheira ali perto da piscina? – null disse apontando. – Aposto que tá cheia de energético classe A.
Os dois se entreolharam por um segundo. Minutos depois estavam correndo o jardim e se penduraram no pequeno muro que separava a casa dos nulls da casa dos nulls.
- Eu pego a comida e você pega a bebida. – null disse pulando o muro.- A gente se encontra aqui daqui 10 minutos! – null disse pulando o muro já do lado da casa de null. – Ah e null.
- Oi.
- Tenta não arrumar confusão tá? – null pediu e null saiu correndo escondido pro rumo da cozinha. null foi pro rumo da piscina.
repassava o discurso de Jorgito naquele dia mesmo tentando se concentrar na festa. Continuava sendo mera expectadora como sempre. Oliver e null estavam perto dela conversando algo do qual ela não conseguia dá atenção. Jason resolveu descer pra pegar um copo de água na cozinha, assim que o viu, null virou-se para Oliver.
- Vem Oliver, vamos dançar. – ela o puxou piscando e ele entendeu, os dois foram dançar. Os dois dançavam de forma engraçada, sempre tentando sensualisar de forma desajeitada. null flagrou o olhar atento de Jason nele, a garota pôs as mãos no peito de Oliver e dançou sensualisando até Oliver se separar e começar a fazer um show a parte. – Ei. – ela tentou o chamar de forma discreta, ele não escutou. – Oliver! – ela gritou puxando ele de volta. – Tu tá dançando que nem uma lagartixa na areia quente amigo, assim não tu fode com minha reputação!
Depois começaram a rir, as piadas internas deles eram sempre leves apesar de parecem pesadas. null jogou novamente um olhar pra Jason e ele já havia sumido. Fez uma cara de desânimo até reparar em um rapaz entrando na cozinha de forma suspeita. Era null.- Mas o que é isso? – null se soltou de Oliver que ainda tentou dançar com alguns caras e foi até a cozinha o seguindo.null entrou na cozinha onde tinha apenas dois convidados se pegando, ele pegou uns pedaços de torta que tinham em cima do balcão e comeu, deu mais uma olhada em torno da cozinha depois entrou em um corredorzinho e entrou na dispensa, onde havia sido estocada as bandejas de papel cheias de salgadinhos.
- ‘Ow’ beleza, é hoje que eu entupo minhas artérias. – falou isso e pegou um saco que tinha pego na cozinha e começou a enchê-la.
- Mãos para o alto novinho! – null apareceu na porta com uma faca na mão. Abriu a boca de susto ao reconhecer null da lanchonete e da casa vizinha. – EU. NÃO. ACREDITO. QUE. TEVE A AUDACIA DE INVADIR A MINHA CASA E A MINHA FESTA!
Disse gritando e entrando na dispensa.
- Ei, calma novinha! – null disse mostrando as mãos.Nesse momento alguém passou pela porta e esbarrou nela a fechando. null escutou o barulho e tentou abrir a porta.
- Ah não, isso não pode está acontecendo! – dizia girando a maçaneta.- A gente tá preso? – null perguntou enquanto continuava roubando salgadinhos.
- Sim! Não acredito que vou dividir o mesmo ar com essa máquina ambulante de arrotos. – ela se virou e foi pro rumo dele largando a faca. – E larga MEUS salgadinhos! Eu paguei por eles!
null se aproximava aos poucos da banheira de bebidas, a camada de gelo já estava pela metade e ainda havia cerca de 25 garrafas. null disfarçou e se aproximou se curvando sobre a banheira. Pegou uma garrafa e pôs dentro do casaco, olhou para os lados e já pegava outra quando...
- Pode pegar uma bebida pra mim, por favor? – falou pelas costas dele. null levantou a cabeça de costas pra ela reconhecendo a voz.null pensava, ‘Droga, não pode ser’ outras vezes pensava ‘Não posso ter tanta sorte de reecontrá-la’. Ele levantou, se virou e viu os olhos de se arregalarem.
- Aqui moça, sua bebida. – ele disse desviando o olhar e tentando sair. segurou em seu braço.
- Ei, espera. – ela disse olhando pra ele e tentando se lembrar. – Eu conheço você...
- Impossível, eu sou novo na cidade. – ele respondia olhando pros lados tentando disfarçar.
- Você não é daqui. Você é de Erbon? – ela perguntou sorridente, seus olhos brilhavam, estava o reconhecendo. null hesitou em responder. – Ah meu Deus, você é de Erbon! Você é o cara com quem eu dancei na festa dos Gonçales! Eu não acredit...
- Moça, eu sinto muito, mas eu não sou esse cara aí não. – null desconversou. – Eu morava em Erbon, mas não fui a festa dos Gonçalves.
- Gonçales. – o corrigiu já meio desapontada.
- Gonçales, muito menos sei dançar. – ele respondeu abrindo a garrafa pra disfarçar o estranho nervosismo. – Eu dançando? Imagina.
- Mas você... – ensaiou uma réplica quando null continuou.
- Existem centenas de caras loiro dos olhos azuis em Erbon, a senhorita deve ter me confundido. – ele falou enquanto bebia.
- Não me chama de senhorita, pode me chamar de . – ela disse se abraçando meio triste.
- ... – null repetiu olhando em seus olhos como se saboreasse o nome dela recém descoberto. – Que lindo nome.
- Obrigada e desculpe a confusão. – ela disse sorrindo fraco.
Jorgito e Jorge se aproximavam da piscina, pois Jorgito tinha resolvido dá uma esticada a festa pra vigiar . Apesar dos seus 25 anos, Jorge não perdeu a oportunidade e foi junto.- Ora ora ora ora. – Jorge disse se dirigindo à null. – Mas que surpresa desagradável. null null em Riviella.
- Jorge... – null disse com cara de desânimo, tinha se metido em um beco sem saída. Tinha entrado em uma festa escondido pra roubar bebida, tinha encontrado a garota com quem tinha dançado lhe enchendo de perguntas e ainda se encontra os terríveis irmãos Gonçales. – Jorgito.
- O que faz aqui seu verme? Cadê os outros porcos dos seus amigos do Tufam? – Jorge continuou.
- Provavelmente comendo o resto do seu cérebro que ficou lá. – null disse sorrindo ironicamente.
- Ei, você está no meu território agora. – Jorgito falou ao lado de e apontando pra null. – Olha bem como fala com o meu irmão!
- Jorgito, foi o Jorge que começou a provocar e aqui é casa da null e não o seu território. – defendeu null, os dois se entreolharam. Jorgito e estavam atrás da banheira que por sua vez estava na beira da piscina.
- Você tem que educar melhor essa vadia da sua namoradinha Jorgito. – Jorge falou. ficou incrédula e null o olhou.
- Vadia é a senhora sua... – null começou a falar e o interrompeu.
- Não null. – pronunciou o nome dele pela primeira vez segurando em seu braço o impedindo de avançar contra Jorge. – Não precisa de confusão aqui, ok? Olha como fala comigo Jorge!
- Cala a boca , você já me irritou hoje demais, vamos embora. – Jorgito disse segurando no braço dela.
null e null andavam em círculos sempre discutindo na dispensa.
- Você é uma fita adesiva daquelas irritantes que grudam na sola do sapato!
null não entendeu o xingamento e resolveu forçar a porta novamente.
- ALGUÉM ME AJUDA!!! – null gritou batendo na porta. – Um psicomaníaco me trancou junto com ele na dispensa pra roubar meus órgãos!
Ela disse e olhou pra null que escalava uma prateleira de madeira afim de chegar a uma janela que tinha la.
- Ei, onde você tá indo? Aí não tem nada seu imbecil, só o quadro de energia da festa! – null gritou.
- Qualquer lugar é melhor onde eu possa soltar arrotos e peidos em paz e não esteja acompanhado por sua presença... – ele pulou. – Quadro de quê?null pulou no corredorzinho onde tinha o quadro de energia e acabou tropeçando em uns fios que fizeram todas as luzes da casa se apagarem. A decoração agora ficou por conta dos pontos verdes fluorescentes do jardim. A música continuava alta e parece que aquilo propiciou mais animação pra festa.
- Me larga Jorgito, eu não quero ir embora agora. – disse tentando se soltar.
- Ei cara, larga ela. – null avisou.
- Cala a sua boca, seu verme. Ela é minha namorada e eu faço o que eu quiser! – Jorgito disse e Jorge se afastou incomodado com a iluminação.
- Larga ela ou não me responsabilizo pelos meus atos e os atos são meus e eu faço o que eu quiser com eles! – null disse convicto se aproximando de Jorgito.
- Tá me machucando Jorgito. – reclamou.
- Vamos embora. – Jorgito puxou mais uma vez.
- Ah não vão não. – null deu um soco em Jorgito com a mão direita, o fazendo soltar e cair dentro da banheira de gelo que por sua vez virou dentro da piscina. Jorgito estava na piscina no jardim escuro cheio de adolescentes loucos com gelo e garrafas fluorescentes rosa quando Jorge partiu pra cima de null o jogando na piscina.
- Seu filho da puta! – os três começaram a se socar dentro da piscina.
- PARA COM ISSO, ALGUÉM SEPARA ELES! – gritava na beira da piscina.- ALGUÉM ME AJUDA! EU TO PERDENDO MINHA PRÓPRIA FESTA! – null gritava dentro da dispensa.- SEU FILHO DA PUTA, ERA QUEM NÃO PODIA ME METER EM CONFUSÃO?! – null gritou correndo e se jogando de barriga na piscina. Começou a ajudar a socar Jorge enquanto null socava Jorgito.
- ALGUÉM AJUDA ELES! – continuava gritando.
Cerca de 15 convidados que estavam na beira da piscina pularam sobre os pontos verdes e rosas que as lâmpadas e garrafas fluorescentes davam a semi escuridão do jardim. Sob a música alta onde ninguém ouvia os gritos de null e de , null enull conseguiram sair da piscina antes de Jorgito e Jorge que confusos com a festa dentro da piscina não conseguiam achá-lo embora estivessem sangrando por que apanharam.
A festa de null rendeu e antes que conseguisse sair da dispensa, null e null já estavam dentro de casa.
CAPITULO 6
Narrando
Desde o dia da festa da null, Jorgito, por incrível que pareça, evita falar sobre o acontecido. Talvez eu queira falar mais desse assunto do que ele por conta do modo como Jorge me tratou e Jorgito não fez absolutamente nada além de continuar me tratando mal! Se bem que o null deixou o olho de Jorgito roxo, muito roxo e o amigo dele, não sei como é o nome, só sei que ele é muito doido, conseguiu quebrar o nariz do Jorge que foi direto pro pronto socorro naquele dia. null... Será que ele saiu muito machucado? Eu tive uma vontade enorme de ir na casa dele, a null me contou que eles moravam na casa ao lado, com certeza o veria mais vezes e teria oportunidade de perguntar se ele está bem... Ele e o amigo dele, é claro. Continuava pensando nisso enquanto me afundava no banco traseiro do carro que tava me levando pra escola. De longe já avistava a longa escadaria do Colégio San Sebastian. Sansão pros mais íntimos. Era uma escola antiga e rígida ao extremo. Meninas tinham que ir com saias no joelho, camisa de botões de mangas compridas, meias e sapatos pretos, rapazes de terno e gravata, tudo nas cores da escola, vermelho e branco! É, minha escola era rígida mesmo, mas a melhor do pais. Eu não usava muita maquiagem e sempre usava o cabelo natural, liso. Já nos aproximávamos da escola e eu já observava o movimento, os alunos chegavam em seus carrões, uns subiam direto pelas escadas, outros entravam pelos portões ao lado com seus carros e motos, onde também enchia de alunos.
Assim que estacionamos no meio fio, Jorgito já estava abrindo a porta do carro. O roxo no olho dele ainda não havia passado e o mau-humor também não.
- Até que enfim! – ele falou dando a mão para que eu pegasse. – Pensei que não viesse mais.
- Eu nunca falto no primeiro dia! – eu disse saindo e arrumando a mochila no ombro.Jorgito segurou minha mão antes mesmo que eu terminasse de arrumar minha bolsa e me puxou pra entrar pelo portão lateral.
- A mesma raça repugnante de sempre! – Jorgito dizia sob os olhares dos outros alunos que ainda encaravam o olho roxo dele segurando o riso. – O nível dessa escola continua descendo ladeira abaixo.Resolvi não falar nada.
- Ei Jorgito, a gente coloca pepino nos olhos, não é berinjela não. – alguém falou e um grupo começou a rir.
- Bem que o null podia ter socado os dois olhos! – ouvi alguém cochichando. Mas como sabiam que tinha sido o null?
- !!! – null me gritou e eu olhei pra ela com o ipad cor de rosa na mão com um grupo de mais 4 garotas e o Oliver. 5 garotas pra ser mais precisa então. – CORRE AQUI!
- Eu vou onde a null.. - tentei me soltar do Jorgito e ele não soltava minha mão.
- Não, não vai. É tradição, a gente tem que entrar na escola de mãos dadas, nós somos o melhor casal daqui, esqueceu? Há três consecutivos, a gente tem que mostrar quem é que manda. – o Jorgito falou.
- Mas a gente já tá na escola! – retruquei e me soltei dele. Sinceramente, não sei por que fico adiando o término do nosso namoro. Não tenho mais certeza se amo ele, e nem com todo amor eu seria capaz de aguentar tanta possessividade.
Atravessei o pátio.- O que houve? – perguntei logo. Ela tava com uma cara de suspense.
Ela não disse nada só me entregou o Ipad, eu comecei a ler, estava em uma página chamada Only The Truth, nas cores roxa e preto, mostrava fotos e noticias, ou melhor fofocas da alta sociedade de Riviella.
- O que é isso? Gossip Girl em Riviella? – perguntei. – Ah por favor, aqui não é ficção, é vida real!
- Não é Gossip Girl, filha. – Oliver falando mordendo o óculos escuro como de costume. – É a OTT, blog de fofocas. Ele tá bombando já e tem uma matéria sobre a festa da null aqui embaixo. Olha.
“E pela primeira vez depois de anos, a festa de null null rendeu alguma coisa e mereceu algum comentário de algum site de fofocas! Como sempre, a festa começou parada apesar dos esforços e gastos pra trazer a melhor bebida, o melhor DJ, a melhor comida e a melhor decoração, mas faltava a melhor lista de convidados, não é? Festa mais caída com um monte de convidados sem graças e o que terminou salvando a festa foi a entrada de dois convidados misteriosos, identificados apenas como null e null. Depois de uma confusão em volta da banheira de bebidas envolvendo a bonequinha sem sal da )..”
- Bonequinha sem sal?! – eu repeti furiosa. – Mas quem essa indigente pensa que é?
“... null terminou dando um murro nos lindos olhos de Jorgito que tomou um banho de água fria, literalmente KKKK, ao ser jogado dentro da banheira de gelo. Logo em seguida Jorge Gonçales partiu pra cima de null e caíram na piscina também, seguido por null, guarda-costas e melhor amigo de null, iniciando sim a verdadeira festa da “null”, que simplesmente sumiu no melhor da festa. Eita null, como você pode ter perdido o melhor da festa hein? Não esquece de por nullnull e null null na lista da próxima festa!”
- Nunca que eu vou por esses dois na minha lista de convidados! – null disse furiosa.
- Por que não? Eles salvaram sua festa! – Oliver disse.
- Salvaram minha festa e me trancaram na dispensa! – ela disse indignada. – Foi isso que eles fizeram.
null Narrando
Não sei o que eu fiz na noite passada, só sei que apaguei, minha mente desligou e só acordou quando eu senti algo mexendo no meu pé. Epa, Atividade Paranormal aqui não. Passei o pé esperando ser um mosquito, ou sei lá, um monstro S.A. quando senti uma mão. Levantei num susto e sentei na cama passando a mão na cabeça.
- Priscila! Mas que caralho, você me assustou! – falei pra ela que estava sentada na minha cama com um top de oncinha, uma calça jeans e uma sandália enorme, toda maquiada a essa hora da manhã.- Desculpa... – disse com voz de manhosa. Ei, o que é isso? Franzi o cenho assim que ela começou a passar dois dedos no meu pé e foi subindo devagar enquanto falava. – Seu pai tava comentando lá embaixo que você ia se atrasar pra alguma coisa, não lembro o quê... Então... – ela dizia olhando pra mim e subindo mais pela minha perna. – Eu disse que vinha te acordar, fazer esse enorme favor.
Eu ri meio sem graça e levantei pelo outro lado da cama deixando ela no vácuo. Maldita hora que eu resolvo dormir de cueca samba canção e sem camisa, eu levantei e fui pro closet e ela me acompanhou com o olhar meio debruçada na minha cama.
- Pra quê mesmo que eu to atrasado? – eu disse do outro lado da porta do closet tentando me lembrar.
- Seu pai disse que ouviu você comentando que geralmente escreve detalhes importantes na mão... – ela disse e eu avistei sua silhueta na porta do closet do outro lado. Mas que droga. Olhei pra minha mão esquerda e tinha escrito de caneta no pulso: “1° dia de aula. Don’t forget de tomar banho.” Tomar banho? Mas eu nunca esqueço de tomar banho! Que porquidão!
Flashback
- Nem vem null... – null falou morto de bêbado no balcão de um bar na noite passada. – Pior do que eu esquecer de tomar banho é você esquecer do seu aniversário. Tipo, hic – coisa de bêbado. – Como alguém em sã consciência esquece do próprio aniversário?
- Não é uma data muito importante. – null disse meio cabisbaixo bebendo sua tequila.
- Claro que é uma data importante! É quando você ganha desconto na banca de rosquinhas da dona Maritonha! Ela sempre dá 80% de desconto nas rosquinhas pra quem está aniversariando!
- E AINDA PÕE GLACÊ EXTRA CARALHOOO!!!! – os dois falaram altos apontando um pro outro lembrando ao mesmo tempo.
- Mas isso era quando nós tínhamos 10 anos cara! – null falou e em seguida bateu na própria testa. – PUTZ ´VÉI’! Amanhã tem aula!
- Isso é uma data importante! – null falou.
- Data importante? Ah? O que você fez com o null? – null falou incrédulo tendo um acesso de risos.
- Sim, amanhã é dia de conhecer o território e as fêmeas do nosso novo habitat! – null falou rindo e bebendo.
- Território? Fêmeas? – null repetia enquanto escrevia no pulso com uma caneta ‘1° dia de aula’. – Você parece um animal falando assim.
- Ah, quase me esqueço. – null disse e tomou a caneta de null. – Deixa eu anotar aqui pra não esquecer que amanhã o cachorrão tem que tomar banho.
- Ah é? – null falou olhando ele escrever ‘don1t forget de tomar banho’. – E tu faz o meu braço de agenda? Por que não faz no seu?
- Por que eu teria mais trabalho pra limpar amanhã na hora do banho. – null falou e os dois continuaram rindo e bebendo.”
Mas que droga! Abri a porta do guarda-roupa mais que rápido e procurei a porra do uniforme naquela bagunça.
- O que tem pra hoje? – Priscila disse abrindo a porta do closet de uma vez.Como é mesmo que se manda uma vadia ir pastar? Ah é...
- Tem escola. Maldita escola. Maldito tempo. Maldito uniforme! – senti ela se aproximar e me virei de uma vez. – Mal... – me calei e sorri sem graça. – Não comecei o dia muito bem Priscila, você poderia me dá um pouco de privacidade?
- Como assim não começou o dia bem? – ela disse se fazendo de desentendida e eu voltei a procurar meu uniforme. – Eu vim te acordar especialmente pro seu primeiro dia de aula!
- Isso não melhorou o meu dia, por que simplesmente hoje tem aula! A Megan Fox poderia ter me acordado só de calcinha e sutiã, mas eu ainda estaria de mau-humor. – falei sem dá muita bola pra ela.
- É uma ideia a considerar... – ela falou como quem não quer nada e eu levantei a cabeça de uma vez.
- O quê? – ah meu Deus, que louca, não acredito que... – A Megan Fox viria me acordar?
- Não seu bobo. – ela sorriu e pôs a mão no meu peito. Que vadia! Tá desejando meu corpo nu embaixo do teto do meu pai! – A outra parte... – ela piscou, sorriu e saiu.
Fiquei com cara de bobo tentando lembrar da outra parte enquanto a outra parte do meu cérebro procurava o uniforme.
- ACHEI MANO! – achei o uniforme e corri pro banho. O uniforme era estranho, terno azul null e gravatas vermelhas. Inferno!
15 minutos depois....
- null!!! – entrei correndo no quarto. – Cara, a gente tá atrasado pra caralho!De repente ele saiu do banheiro arrumando a gravata todo elegante, e pasmem, olho nesse lance, null null penteou o cabelo!
- Você penteou o cabelo?! – perguntei incrédulo e rindo.- Penteei. – ele disse com cara de sério. – Dá pra sentir meu perfume importado daí? Por que sabe, eu preciso ser sentido mesmo de longe, quero que todos saibam da minha presença real e pomposa mesmo de longe.
Eu olhei pra ele estranhando.
- Eu to usando cueca Armani e eu sinto minhas bolas serem massageadas pelo delicioso tecido desta peça. – ele disse e eu continuei encarando ele.
- null? ... – perguntei desconfiado.
- Que null o quê? – ele disse com cara de mano. – Eu sou Jorgito Gonçales e minhas cuecas de marca massageiam minhas bolas!
Caímos na gargalhada.
- Sério mano, o que é isso? – ele disse segurando as abas do terno. – Isso é muito ticotico, muito ‘uiui’, muito Jorgito!
- Cara, assim você me mata, assim como a ‘tia’ Priscila hoje quase me mata do coração. – eu disse e depois continuei. – Ela foi me acordar e sensualizou pra mim cara!
- O QUE É ISSO CARA?! – ele disse incrédulo.- É cara! Mas vamos embora, que a gente tá atrasado. – saímos do quarto.
- Onde eu reclamo por isso? – ele disse enquanto descíamos as escadas correndo. – Eu não recebo esse tratamento, to me sentindo inferiorizado!
- Cala a boca null, ela é louca e ainda vai me arranjar problemas. – falei e logo fomos pra garagem, pegamos nossas motos e saímos pra escola.
Narrador Onipresente
null e null nem estavam tão atrasados assim, considerando o fato de que no primeiro dia de aula era o único dia que a escola San Sebastian fechava os portões mais tarde. Os dois vinham em suas motos em alta velocidade, os ternos estavam retirados e as gravatas já estavam folgadas. Entraram em suas motos pelo portão lateral chamando atenção de alguns alunos. Eles eram novatos e já estavam na boca dos alunos por conta da festa de null. A garota logo cutucou que se virou pra vê-los entrando.null e null estacionaram suas motos ao mesmo tempo e desceram. null tirou o capacete primeiro e olhou em volta, todos os alunos olhavam pra eles discretamente.- To me sentindo um estranho no paraíso. – null falou. – Ou melhor no inferno.null terminou de guardar o capacete e pegar as coisas, olhou pelo espelho da moto e passou a mão no cabelo rapidamente e logo olhou em volta.
- Parecem um bando de robozinhos... – null disse olhando em volta. – To me sentindo estranho.
- É só uma questão de adaptação. – null disse enquanto eles iam até a porta de entrada com os ternos pendurados no ombro.
- Eu não acredito que eles vão estudar aqui! – null reclamou.
- O cabelo deles estão bagunçados, a gravata tá folgada e o terno tá no ombro! – Oliver reparava com os braços cruzados e um dedo no queixo.
- A barba não tá feita e o sapato do segundo garoto... – Daniela, uma garota ruiva que estava no grupo, continuou a analise até ser interrompida por .
- O do null. –ela falou com a cabeça no mundo da lua acompanhando com o olhar os dois amigos indo em direção a porta.- Tá desamarrado. – a ruiva completou.
null e null continuavam caminhando sobre os olhares dos outros alunos que permaneciam bem alinhados com o uniforme impecável.- É, você tem razão, é só uma questão de adaptação. – null concordou com null.
- Tenho certeza que a diretora vai amar a gente, até a inspetora vai amar a gente, e o cara da limpeza e a mulher do lanche principalmente. – null falou e os dois riram ao entrar na escola e seguirem pelos corredores, pararam repentinamente ao ouvir um apito.Fecharam os olhos com o som estridente e olharam pra trás.- Ei vocês! – uma voz feminina e grossa falou e os dois se viraram. – Vocês são novatos?
- Sim, tem alguma festa de boas vindas pra gente? – null disse tentando fazer uma piada.
- Só se for na diretoria. – a inspetora falou.
- Ah, nós já somos acostumados com festas na diretoria, elas são as melhores. – null disse irônico.- Eu sou a inspetora Aurora e vejo que vocês... –ela disse olhando-os da cabeça aos pés. – Não conhecem as regras do Colégio San Sebastian.
(...)
-Uniforme impecáveis, cabelo penteado, rapazes com a barba feita e moça sem maquiagem pesada, para as mulheres o cabelo não deve ser grande ultrapassando a altura do sutiã... – a diretora do colégio falava no microfone que vez ou outra dava interferência e fazia aquele som estridente que fazia os alunos colocarem as mãos no ouvido. O auditório estava cheio e enquanto a diretora ditava as regras da escola, null e null tentavam arrumar o uniforme para se adequarem. –É proibido.... blá blá blá e também não é permitido dentro da nossa escola...
- Blá blá blá.. – null cochichava enquanto null encostava a cabeça na cadeira afim de tentar dormir.
-Esse ano nossa escola participará de grandes eventos como projetos teatrais, gincanas, torneios esportivos e algumas viagens.– ela continuou falando e na hora que mencionou viagem, todos os alunos gritaram fazendo null pular da cadeira de susto. A diretora Fátima, lançou um olhar repressor para os alunos que logo se calaram.
Depois de mais um pouco de falatório, a diretora liberou os alunos para que procurassem suas respectivas salas. Jorgito já tinha percebido a presença de seus dois arquirivais em sua escola, tanto pela a atenção que os dois amigos chamaram mesmo sem querer, tanto pela noticia da festa de null, as piadas foram inevitáveis, o que o deixou com mais mau-humor possível. Jorgito também se incomodava da forma como estava dispersa e pensativa. Ele ainda não tinha engolido a defesa de na festa de null pro rumo de null e agora com todos sobre o mesmo teto escolar, as faíscas seriam mais comuns. Mas dentro do San Sebastian, Jorgito não se sentia tão sozinho e indefeso, alheio pela primeira vez à rigidez da escola, Jorgito tinha lá suas armas pra continuar controlando todos no Sansão.
- Esse ano vamos sentar na frente . – Jorgito falava com ela enquanto os dois passavam pelo corredor em direção as salas do terceiro ano.- A gente sempre senta na frente mesmo Jorgito. – disse revirando os olhos.- O que foi Jorgito? O murro que você levou no olho prejudicou sua visão? – null cochichou passando por eles no corredor. null disfarçou o sorriso, Jorgito parou de repente respirando fundo para não iniciar uma briga ali mesmo. null e null entraram em uma sala mais a frente, gelou, será que estariam na mesma sala de aula?- Não acredito que eu vou estudar na mesma sala que esses meliantes. – Jorgito reclamou e assim os dois entraram na sala o professor o barrou.
- Sinto muito Jorgito, mas você não está inscrito nessa sala. – o professor falou e Jorgito tentou rebater, mas o professor logo o cortou. – Não insista.
Jorgito saiu vermelho de tanta raiva. passou o olhar por toda a sala procurando um lugar pra sentar...
- Cheguei! – null falou espalhafatosa entrando na sala e passando o braço pelo ombro de . – Vem, vamos sentar...Parou de repente ao ver null e null sentados na ultima fileira, os dois a cumprimentaram como soldados, colocando os quatro dedos na testa e rindo. null sorriu ironicamente e logo revirou os olhos. As duas amigas sentaram nas cadeiras do meio, pela primeira vez estudaria nas cadeiras detrás e não nas da frente. O professor passou a aula falando alguma coisa, volta e meia disfarçava e olhava pra trás e null estava desenhando, ora no caderno ora na carteira. Ela sempre olhava pra frente meio decepcionada, os olhos de null a encantavam e a intrigavam muito. Olhou pela décima vez pra trás e dessa vez pra sua surpresa o olhar dela encontrou com o de null, seu coração disparou e ela olhou pra frente rapidamente.null sorriu e continuou desenhando no seu caderno uma garota com um vestido longo. Estava desenhando no dia do baile, volta e meia ficava olhando pra ela afim de capturar melhor alguns traços do rosto, mas ele lembrava de cada detalhe daquela noite.- Por que tá desenhando uma boneca Barbie? – null cochichou. – Tá desenhando a nova coleção... – null fechou o caderno rapidamente.- Eu não to desenhando a Barbie! – null disse e null começou a rir.
O sinal tocou e null bateu nas costas de null de brincadeira enquanto garoto escondia o caderno.
- Cof cof. – null forçou uma tossidinha pra chamar a atenção e assim que os dois olharam, ela desviou com o olhar com o nariz empinado.- null... – null disse meio desconfortável. – Acho que a gente te deve um pedido de desculpas...
- Não devemos não! – null disse em pé. – ‘Qualé’, o blog lá, OTT, disse que a gente “salvou sua festa”...- Ah é? – null disse olhando pra ele com as mãos na cintura. – Tu já viu essa noticia foi? No buraco de onde você veio tem internet então? Oh! – ela disse irônica.- Qual é meu, para de me ofender, tem duas semanas que eu troquei meu celular do jogo da cobrinha por um smartphone com internet! E eu só troquei por que me roubaram, alias o celular era roubado. Mas isso não é da sua conta! – null falou.
- Não é mesmo da minha conta... – null rebateu.- Celular do jogo da cobrinha é o melhor que tinha! – null disse rindo e null logo acompanhou.- Vocês dois são tão idiotas... – ela falou com os braços cruzados depois se deu por vencida. – Mas... Salvaram a minha festa e principalmente você null, defendeu minha melhor amiga do traste do namorado dela.- É... Os dois continuam namorando... – null disse e logo abaixou a cabeça tentando disfarçar. Isso não era da conta dele. Logo se levantou rapidamente. – O que tem agora?
Ainda saia faísca dos olhos de null quando olhava pra null, mas sua relação com null já era um pouco mais amigável. Apesar de estudarem na mesma sala, e null passaram a semana inteira apenas trocando aqueles olhares discretos, nenhum se aproximava.A sexta-feira chegou, e ambos estavam disfarçadamente ansiosos para uma aproximação. Educação física, a oportunidade perfeita.
Narrando
Já fazia uma semana que eu e o null topávamos na sala de aula, mas nada fluía alem dos olhares e sorrisos discretos. Ele era um conquistador nato, não precisa fazer nada além de... andar, que as garotas do San Sebastian já perdiam a compostura e distribuíam sorrisos. A fama de null não me incomodava tanto quanto a de null, devo confessar que todo aquele assanhamento já me irritava. Meu namoro com Jorgito seguia frio, eu seguia fria, meu corpo estava lá, mas minha mente estava em outro lugar tentando desvendar o mistério por trás daqueles olhos azuis. Eu conhecia null de algum lugar. E por que diabos ele parecia tão importante pra mim se não me dava nem um ‘oi’? Ele parece tão submerso de fãzinhas depois de ter virado o herói da escola por ter batido no Jorgito, que nem parece perceber minha presença.
- Quem não percebe sua presença? – droga, pensei alto e a null ouviu enquanto comia um rufles.- O quê? – tentei me fazer de desentendida. Estávamos sentadas na arquibancada da quadra de esportes. Uns grupos de meninas do terceiro ano estavam na arquibancada enquanto os garotos jogavam bola. A turma do Jorgito não foi. Algumas garotas estavam com fogo vendo os meninos jogando e eu ficava apertando as mãos tentando disfarçar pra null. Mas que droga, ela é minha melhor amiga! Por que eu tenho que tá escondendo isso dela? Espera... escondendo o que meu Deus? Ai que droga, por que eu sou tão confusa?
Eu olhei pra ela, ela olhou pra mim depois olhou pro null fazendo um gol e recebendo os gritos das garotas... Espera... ele olhou pra mim? Ele olhou pra mim! Não, ele não olhou pra mim, olhou pra Roberta no degrau acima.
- Eu provavelmente não te falei isso, mas... – ela começou a falar depois parou como se temesse algo. – Quando eu falei com o null e com ... o traste do amigo dele, eu agradeci por ele ter defendido você e ele pareceu um pouco descontente por você ser namorada do Jorgito. Não quero te dá...
- Esperanças? – cortei ela. – null, por favor, eu não estou atrás de esperanças. Ele odeia o Jorgito, foi por isso, além do mais, eu namoro com o Jorgito, não tenho que criar expectativas em cima de ninguém, ainda mais em cima do null, ele é arquirival do Jorgito...
- Então para... – ela falou baixinho.
- Parar com o quê? – perguntei.
- Toda vez que você se distrai seu olhar vai pro rumo dele. – ela disse e meu coração disparou.
- Cla-claro que não. – rebati.
- Não precisa fingir pra sua melhor amiga. – ela disse, sorriu, pegou sua garrafa de água e desceu as escadas.
O professor apitou e alguns alunos saíram da quadra e outros entraram. null saiu e sentou no banco perto do alambrado. Algumas... periguetes, já se aproximavam tentando puxar assunto, ele ficou conversando com elas por um tempo e uma hora olhou pro meu rumo, percebeu que eu estava olhando, desviei rápido... levantei e tentei arrumar minha bolsa o mais rápido possível. Como de costume minha bolsa estava cheia de docinhos, confesso, estava um pouco acima do meu peso normal, além de está com espinhas e sem muita maquiagem. Dias de estima baixa. O último saquinhos de jujubas caiu da minha bolsa enquanto eu jogava as coisas lá dentro rapidamente, caiu dois dregais abaixo, quando olhei vi um cabelo loiro se abaixando pra pegar. Ah. Meu. Deus.
- Peguei o fugitivo. – ele disse sorrindo e subiu as escadas. – Precisa de ajuda?
- N-não. – eu disse toda idiota e sem graça olhando pros olhos dele. – Obrigada null.
Segurei o saquinho de jujubas e tentei puxar, ele puxou de volta.- Ei, por que a pressa? – ele disse e sorriu. Puxou o saquinho de uma vez e se sentou na arquibancada. Eu não entendi bem o que ele queria, olhei em volta, algumas garotas já nos observavam. Olhei pra ele e ele tentava abrir o saquinho. – Como se abre isso aqui? tá cada dia mais difícil! Acho que meus níveis de açúcar estão me deixando mais lento. – ele sorriu de novo. Ain...- É... – falei meio sem jeito, sentando meio sem jeito ao lado dele. – Deixa eu fazer isso.Eu peguei o saquinho da mão dele e abri facilmente.- Me senti um idiota agora. – ele disse pegando o saquinho sem nenhuma cerimônia. – Um idiota não, um loiro idiota.
- Não fala assim, eu também sou loira. – eu disse e não segurei o riso. Ele parou de catar as jujubas de uva e olhou pra mim.
- Mas você não é idiota. – e sorriu. Sei lá, eu devo ter perdido a noção daqueles segundos ou minutos. – Se importa se eu pegar as jujubas de uva? Se importa se eu pegar algumas?Se importa se eu sair correndo daqui agora pra gritar dentro do banheiro?– Claro que não – respondi. – Fica a vontade.
Por que ele de repente veio falar comigo como se fosse meu amigo? Por que de repente ele resolveu me notar?
null Narrando
Argh... O que eu to fazendo aqui? O plano de ignorar a presença dela estava indo bem. Quatro dias, duas horas e uma aula de educação física e os malditos olhos azuis dela se encontrando com o meu pela milésima vez na semana. Seria assim pro resto do ano? Fui atraído pelo saquinho de jujubas ou pelos olhos azuis dela? O cabelo dela tá brilhante apesar da pouca maquiagem, ela não parece ter dormido bem. Será que o Jorgito fez alguma coisa com ela? Sei lá, o namoro deles não me cheira bem.
- Então... – tentei de alguma forma, puxar assunto com ela já que meu ímpeto masculino e impulsivo e idiota argh, me atraiu até ela. – Não te vi na quadra hoje... tipo, jogando ou correndo, ou... sei lá, fazendo alguma coisa. – passei a mão no cabelo um tanto nervoso.- Não gosto muito de correr ou sei lá, fazer alguma coisa... – ela repetiu o que eu disse e depois sorriu. Que gracinha. Eu sorri também... Depois me recompus, claro. Quando me dei conta de que estava sorrindo demais ao lado de uma, de uma patricinha do San Sebastian que ainda por cima era namorada do mulambento do Jorgito, eu levantei.
- Eu.. eu preciso ir. – eu disse me levantando e descendo os degraus rapidamente antes que ela pudesse fazer alguma coisa. Ela fez alguma coisa...
- null! – ela gritou o meu nome. Eu me virei três degraus abaixo do dela e a observei esperando que ela continuasse. – Não tive a oportunidade de te agradecer por ter me defendido no dia da festa... Obrigada.
- Não vou aceitar seu agradecimento. – eu disse a encarando, meu cenho já estava ficando franzido.
- Ah, por favor, não seja modesto. – ela disse do alto com um sorriso tímido. – Eu insisto.
- Eu não to sendo modesto, eu to sendo... realista. – eu disse meio revoltado. – Não aceito seu agradecimento, por que... – me dei conta de que não era da minha conta! Porra null!- Por que... – ela pressionou pela continuação.
- Por que você sabe o namorado que tem e se continua com ele nessas condições, você aceita isso e portanto tanto faz pra você eu tê-la defendido ou não. – eu disse num só tiro. – Pronto, é isso!
- Não precisa ser grosso assim, além do mais com quem eu namoro ou deixo de namorar, não é da sua conta e eu estava agradecendo pra ser educada. – ela tentou se defender.
- Não, agradeceu pra disfarçar sua proteção pelo seu namoradinho... – falei subindo os degraus.
- Tá passando do seu limite null! – ela disse e eu ignorei uns gritos que vinham da quadra. Já não conseguia entender o que a dizia quando resolvi virar irritado pra quadra quando me deparo com a cena – Ah meu Deus, null seu filho da puta, que é isso meu?
- Ah meu Deus! – a falou com a mão na boca.
Sob os gritos da galera, o null atravessou a quadra pelado... PELADO! E do vestiário vinham vinha uma fumaceira gigante. Eu ignorei minha discussão com a e desci as escadas correndo. Entrei na quadra e o null saia correndo e ainda conseguia rir enquanto tapava o acessório dele com as duas mãos. Não entendi o que aconteceu até ver a turma se dispersando, o null indo pra outro banheiro, caminhei até a porta do vestiário vazio e vi um desenho feito com um spray azul na parede, era uma estrela com uma espada encravada e tinha duas letras feitas uma de cada lado. Um ‘O’ e um ‘N’. é, não entendi porra nenhuma.
- Mas que merda isso significa? – perguntei em voz alta pra mim mesmo.
- ‘O’s ‘N’arcisos. – uma voz falou por trás de mim, eu me virei e o encarei. – Eu sou o Gabriel Hunter e você está na trilha dessa... “merda”. – ele falou todo irônico e logo saiu.
- Mas que merda isso significa? – perguntei de novo, depois ri ao entender a palhaçada. – Ok San Sebastian, nós vamos lidar com fraternidade aqui agora? Ok, vamos pra merda então.
Mexeram com meu melhor amigo, isso com certeza ia dá merda.
Narrador Onipresente
- Não sei o que houve cara, eu tava tomando banho e cantarolando uma música do Bro’z – null se explicada em pé na frente de null, que estava encostado na moto com o capacete na mão. Ambos estavam na porta do X-Tudo, a lanchonete mais frequentada pelo pessoal da idade deles.
- Bro’z mano?! – null perguntou segurando o riso. – Tu tá curtindo com a minha cara, não é?
-Você é minha prometida eu vou gritar pra todo mundo!– null começou a cantar e null começou a rir. – Qual é cara, isso marcou a nossa infância, nem vem!- Tá, você tava cantando tipo um fãnzinho gay e aí? – null falou rindo pedindo pra que ele continuasse explicando o que houve naquela tarde.
- E aí, eu sai do banheiro, peguei minha toalha, me enrolei e fui procurar minha roupa, tinha sumido, cara, eu fiquei muito puto! – ele falava e gesticulava. – Aí começou a sair umas fumaça do capeta e eu sai correndo!
- E o que aconteceu com a toalha que você tava usando? -null perguntando arqueando a sobrancelha.
- Ela... – null falou sorrindo maliciosamente. – Caiu acidentalmente no banheiro. – os dois ficaram se entreolhando e começaram a rir. – Eu consegui pensar nisso antes de sair, eu precisava dá uma dramatizada no evento, eu sabia que isso é obra de fraternidade e eles estão ferrados comigo, por que eles sumiram com minha cueca da sorte edição número 1.
- Ih cara, isso é coisa de uns tais de Narcisos... – null falou observando um carro buzinando e parando na frente da lanchonete. Os dois observaram null e saírem dele. null estava com uma blusa de mangas compridas, um short desfiado e botas texana. estava com um vestido branco com um cinto fino roxo na cintura e uma sapatilha cor de rosa. null estava sempre atenta a moda e chamava mais atenção que que preferia se vestir de modo mais discreto, deixando as grandes surpresas apenas pra festas. jogou um olhar rápido pra null e logo os dois desviaram.
- Cadê a patricinha número 3? – null perguntou com as mãos no bolso.
- Quem? Aquele tal de Oliver? – null perguntou.
- Não, o Jorgito! – os dois caíram na gargalhada embora null ainda olhasse pra entrada da lanchonete observando as duas amigas se sentando em uma mesa com outras garotas.- Ei manolos... – um cara com mais dois amigos se aproximou com um maço de cigarros na mão. – ‘Ces’ tem fogo aí?null socializou com eles, emprestou um isqueiro e logo estava fumando também, null recusou o cigarro.
- Vamos entrar, tá interessante lá dentro. – null disse segurando no braço de null.
- Espera, deixa eu terminar o meu cigarro. – null falou e null puxou o cigarro do amigo.
- Vamos logo. – ele falou e pisou no cigarro dele. Os dois entraram e alguns olhares já se dirigiam aos amigos, os dois se sentaram no balcão e volta e meia null jogava olhares discretos pra mesa de que tentava em vão ignorar a presença do garoto dos olhos azuis.
- , não dá pra você ser mais flexível? – null cochichava com que estava emburrada. – Ele tem razão, o Jorgito é um idiota, não sei por que tá com ele ainda.
- E você dá pra ser mais a minha melhor amiga e ficar do meu lado? – disse tirando a mão do queixo.- Tô sendo sua melhor amiga ! – null rebateu, as duas ficaram em silêncio.- Olha as pernas daquela null! – null falou olhando sem cerimônia alguma.- Qual é, achei que você odiasse ela. – null disse rindo e bebendo suco já que no X-Tudo eles não vendiam bebida alcoólica pra menores e eles não caíram no golpe da falsificação de null.- Não to falando de gostosura... – null respondeu meio confuso. – To falando dessa amostra ai que ela tá dando, tipo, ela é uma garota de sociedade, não é? Tipo, ela devia se cobrir mais, sei lá, só acho...null sorriu e balançou a cabeça, mas por dentro estava meio agoniado por conta do clima que estava com , cada dia mais frio por conta da briga de hoje de tarde, null estava tão distraído que nem percebeu o telefone tocar. Atendeu.-”Alô... O que tu quer?” – falou. – “ Tu tá aqui? no X-Tudo?” – disse olhando pra fora. – “ O que tu tá fazendo aqui? tá, to indo!”
null desligou o celular e saiu da lanchonete sem dizer pra null que estava distraído conversando com umas garotas. A noite fora do X-Tudo estava fria e escura. null saiu pondo as mãos dentro dos bolsos do casaco e logo avistou a pessoa que havia telefonado. Olhou pros lados disfarçando a impaciência.
- Qual o problema Priscila? – ele perguntou se aproximando da loira que estava encostada no carro. Priscila a cada dia mais vinha incomodando null, não que ela não fosse bonita e talvez um pouco legal, não que ela não fosse gostosa e comível, como o próprio null diz, mas ela era a noiva do seu pai e estava a semana inteira provocando o garoto com piadinhas sujas e mensagens subliminares e uma sensualidade escrachada.- Nenhum, desde que você seja menos entediante que seu pai. – ela disse sorrindo vestindo um mini vestido verde.- Entediante ou não, você deveria está lá com ele planejando o tal do casamento de vocês. – null foi curto e grosso já tentando cortar a onda de Priscila.
- Tenho a eternidade pra planejar o casamento com seu pai, mas só mais algumas horas da noite até seu pai perceber que eu sai a noite... – ela se aproximou e cochichou. – Sem a parte de baixo e só tenho mais alguns anos de juventude pra aproveitar.
null ficou por um momento digerindo aquilo. Tá que não tinha o melhor relacionamento com seu pai, mas isso já era sacanagem demais. O telefone de tocou e ela olhou no visor, era Jorgito.
- “ Alô... o quê? Não, eu não estou te ouvindo, o barulho aqui está grande” – ela disse se levantando e indo pro rumo da porta. – ‘ Eu vou lá pra fora, espera”
- Então vai aproveitar sozinha, por que eu já estou com minha turma. – null falou e deu meia volta.
- Ei, espera. – Priscila disse segurando no seu braço. – Não estou interessada na sua turma, estou interessada em você.- “ Pode falar agora.” – disse e logo em seguida viu null conversando com Priscila ao longe mais afastado encostados no carro. se escondeu e alheia ao que Jorgito tagarelava no telefone, observou os dois.
- O quê? – null perguntou sem entender, ou melhor, até entendia, mas não acreditava que Priscila faria isso.Priscila o puxou rapidamente e o beijou. null não conseguia se soltar e instintivamente estava aceitando e correspondendo o beijo de Priscila, que não se contentou com pouco e foi logo o encurralando no carro ao lado e passando a mão em seu membro por cima da calça. null já via que estava passando do limite e tentava se soltar, mas o esforço dele não estava visível aos olhos de que observava a cena horrorizada.
- Você tá louca Priscila?! – null disse segurando forte no braço de Priscila e a guiando até a porta do seu carro. Ele o abriu. – Vai pra casa vai, toma banho e cura esse teu fogo, eu não estou disponível!Ele disse assim que pôs Priscila no carro e bateu a porta com força. A garota abriu a janela e falou já ligando o automóvel.
- Não precisa se preocupar gato, esse é o nosso segredinho. – ela disse sorrindo, piscou e saiu. null ficou sozinho no estacionamento analisando a situação. a essa hora já tinha desligado o telefone e impulsivamente caminhou até o estacionamento com passos firmes e um olhar de raiva determinada. null se virou com ela a meio metro de distância, já começou a bater no seu peito com as mãos fechadas segurando as lágrimas de raiva.
- Ow, o que é isso? – null disse recuando. Era muito mais alto que , mas se assustou com aquela miniatura o desafiando assim.- Como você pode ser tão... – ela bufou de raiva. – Repugnante!
- Do que tu tá falando garota?! – ele disse segurando seus braços.- Como você pode ser tão baixo null?! É a noiva do seu pai!!! – ela gritou. null gelou e se calou a soltando. recuou. – Não, nunca imaginaria isso de você, você se mostrou tão... tão cavalheiro e legal quando me defendeu e mesmo que eu tenha tido uma rápida impressão de que você tinha sido alguém que me marcou no passado, eu... eu nunca imaginaria que você pudesse trair seu pai dessa maneira. Como pode ser tão errado e nojento?
- Escuta aqui, senhorita miss sociedade de Riviella. – ele disse alterando a voz. – Cavalheiro? Legal? Caralho, você não me conhece, ok? Não sei quem foi esse principizinho com quem você dançou e eu não tenho nada haver com ele assim como você não tem nada haver comigo e nem com o que eu faço com a porra da minha vida. Você não me conhece, eu sou todo errado mesmo, mas trair minha família, eu jamais faria, ok?
- VOCÊ TRAIU SEU PAI! – gritou. – Você beijou a noiva dele! Eu vi!
- Você não entenderia e eu não vou perder meu tempo te explicando nada, não foi você mesmo que disse que eu não tenho nada haver com suas decisões? Então não se meta na minha vida também e volte pro seu quartinho cor-de-rosa e pra sua coleção de Barbies, na vida real, caras como eu não perdem tempo mostrando o mundo pra pirralhas como você!null falou isso e saiu. Colocou as mãos na cabeça e percebeu que havia sido duro demais com , mas era da natureza dele... Tentava afastar pois sabia que estava próximo demais. Não olhou pra trás, mas a julgar pela imobilidade de no meio do estacionamento, ela ainda estava estarrecida com o que ouviu. Só a ouviu virar e gritar:
- VOCÊ VAI ENGOLIR O QUE DISSE ! – gritou com a voz embargada. A cabeça de null estava a mil, queria voltar e abraçá-la a força, mas lembrava que eram como gelo e fogo, não havia nada em comum, e não poderia haver nenhuma simples amizade.
null virou a esquina escura ainda caminhando sem direção, havia 10 minutos que tinha saído do X-Tudo e o seu celular tocou novamente. Não queria atender, mas podia ser o null. Olhou no visor e o número era desconhecido.
- “Quem tá falando?” – disse curto e grosso e ofegante, pois andava rápido mesmo sem ter direção.-“ Anota bem o que eu vou te dizer Snake:” – uma voz disse do outro lado da linha usando os codinomes fazendo null parar de repente. –“ Eu vou te achar onde quer que você esteja, você e o filho da puta do Siriqueijo e eu vou acabar com a raça de vocês!”
Jackson dizia pausadamente e logo em seguida desligou o celular. A tia de null havia sumido do mapa, logo que null foi embora, ela havia se mudado para França, não havia nenhum elo que pudesse levar Os Gaisos do Inferno a Riviella... null torcia pra que não, estavam seguros sobre o teto de seu pai e sobre os instintos de sobrevivência dele e de null... Por enquanto, o máximo que podia fazer era...
- Lembrete mental: trocar o número do meu celular. – ele disse pra si mesmo e continuou caminhando sem direção.
CAPITULO 7
2 meses depois...
Narrando
“– Então, como é seu nome null? – o garoto mascarado perguntou com um sorriso encantador no rosto. Mal conseguia juntar as letras que formavam o meu nome pra podê-lo dizer. Estava hipnotizada, a única coisa que conseguiu me despertar foi notar o outro rapaz loiro do outro lado do salão, Jorgito estava muito irritado. Cai na real e balbuciei alguma coisa, ele reforçou a pergunta com um ‘hein’, procurando o meu olhar perdido na fúria dos olhos de Jorgito.
- Com certeza ‘null’ é que não é! – falei recuperando a rispidez.
[...]
- Quem é você? – ele havia me salvado heroicamente! Ah meu Deus, e pensar que eu poderia está morta, quer dizer, eu não consegui pensar em mais nada, acho que perdi a consciência assim que me senti nos braços dele e só a retomei assim que estava naquele jardim pouco iluminado. – Obrigada, você salvou minha vida!
- Como tá seu tornozelo? – ele perguntou segurando os meus braços como se me segurasse pra que eu não caísse, como se pedisse minha atenção, como se precisasse pedir minha atenção.
- Tá doendo muito, mas... – eu respondi, estava eufórica demais. – Mas quem é você? Eu preciso te agradecer, como eu posso te agradecer?
Como eu posso te agradecer... da melhor forma possível, daquela forma que toda garota sonha ser beijada por um príncipe encantado, por um herói depois de um momento de adrenalina. Como os heróis dos filmes beijam a mocinha depois do perigo, antes do perigo, durante o perigo! ah meu Deus, foi o melhor beijo que já recebi... Foi rápido, mas quase fez meu coração saltar pela boca e parar nas mãos dele. E que mãos e que boca!
- Assim... – ele disse depois do beijo, não havia nada que o fizesse tirar a máscara e a única coisa que eu lembrava era do seu cabelo loiro, dos seus olhos azuis, das suas mãos segurando firme minha cintura e daqueles passos minuciosos que ele me ensinou sem tirar os olhos dos meus. Ele sumiu na multidão...”
O despertador tocou e abri os olhos. Estava sonhando dormindo ou acordada? Não sei, só sei que esses sonhos tinham me confundido, não sabia o que era fantasia ou se era realidade, nem tenho mais certeza se aquele momento mágico aconteceu.
- Mas que tola! – eu gritei pra mim mesma me sentando na cama. – Ele sumiu na multidão e provavelmente nem lembra de mim, ele provavelmente nem existe!
Deixei meu corpo cair sobre a cama novamente e fiquei olhando pro teto cor-de-rosa. Estava inerte, entediada e triste. Acordei com vontade de voltar a dormir, nos meus sonhos tudo dava certo, o tal cara mascarado aparecia pra mim, eu estava sempre linda como no dia do baile e o meu sorriso era sempre sincero como no dia do baile. Deitei de lado e fiquei observando a foto do dia da minha formatura da oitava série. Eu era a oradora, eu fui a melhor aluna, eu não fui de salto alto ou maquiagem pesada como outras garotas, por que eu tive que passar a noite estudando o meu discurso, não pude ir a festa de formatura por que o meu pai tinha que viajar pra uma reunião de negócios no mesmo dia e eu tinha que ir junto. A doce, inteligente, certinha e aparentemente popular ) não aproveitou metade da vida.
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto, era como se eu estivesse no piloto automático, tudo na minha vida era dentro do padrão, era cheio de certezas, eu tinha certeza que me casaria, que me formaria em medicina, que moraria em uma mansão em Riviella. Bom, meus pais, o Jorgito, a sociedade, o Barack Obama tinha certeza sobre o meu futuro, só eu quem não tinha... Talvez eu quisesse fazer artes plásticas e fazer um mochilão na Europa antes de entrar na faculdade, talvez eu quisesse morar em um sobrado perto do mar, talvez eu quisesse andar descalça dentro de casa e usar meus cabelos naturalmente cacheados. Chorei mais e mais, as lágrimas já não obedeciam meus comandos, só teimavam em cair. Minha vida aparentemente perfeita, era uma merda! Meu coração não disparava, eu não precisava lutar por nada, nem fugir de nada, nem me responsabilizar por nada, eu me sentia um nada, totalmente inútil e a mercê de empregados que não sabiam metade sobre mim... A história da minha vida.
- Bom dia meu amor. – senti o Jorgito pulando na cama e me abraçando por trás. Mas que diabos ele faz aqui a essa hora da manhã?
- Jorgito! – me levantei repentinamente. – Você me assustou.
- Te acordei? – ele disse sorrindo.
- Me assustou. – eu reforcei olhando pra ele.- Você tava chorando? – ele perguntou e eu passei a mão no meu rosto rapidamente. O Jorgito percebendo que eu não estou bem? Nossa, que evolução.
- Não... – disfarcei. – Eu to meio que...
- Ah.. – ele me interrompeu. – Pensei que tivesse chorando. Se arruma aí rápido que hoje a gente vai no Jockey Club, o Félix me chamou pra uma partida de pólo.- Não to afim de me arrumar pra ir no Jockey, não to afim de ir pra lá, se quiser aproveitar o seu sábado lá, pode ir a vontade. – eu disse sentando na cama e abraçando meu travesseiro.- Qual é , vai aproveitar seu sábado trancada nesse quarto é? – ele perguntou abrindo os braços.- Eu também não vou conseguir aproveitar o meu sábado toda montada como uma menininha de sociedade sentada em uma cadeira no Jockey. – eu disse.
- Mas é isso que você é: uma menininha de sociedade e tem que se comportar como uma! – ele disse e se virou. – Ah quer saber, eu vou pra lá, aproveite seu sábado pra contar quantas estrelinhas tem no seu quartinho cor-de-rosa.
Ele disse e saiu. E a minha vontade de ir lá e bater nele mesmo sem o que ele ter falado ter sido muito grave.
“ - Você não entenderia e eu não vou perder meu tempo te explicando nada, não foi você mesmo que disse que eu não tenho nada haver com suas decisões? Então não se meta na minha vida também e volte pro seu quartinho cor-de-rosa e pra sua coleção de Barbies, na vida real, caras como eu não perdem tempo mostrando o mundo pra pirralhas como você! – ele disse rápido demais, frio demais, ele foi grosso demais, impulsivo demais... Ele só foi de menos, o null que eu imaginava. Fiquei sozinha naquele estacionamento totalmente paralisada, eu me sentia cada vez mais humilhada. Será que ele não sentira 1% do que aquilo me causou?”
Será que todos eles, os meus pais e o Jorgito não sentiam 1% do que tinham me causado? Desde aquele dia no estacionamento, até os olhares discretos eu evito com o null, ele também não parece fazer muita questão e o pior de tudo é que isso não precisava tá me matando por dentro como está, podia está tranquilo pra mim como está tranquilo pra ele.
Peguei o telefone e liguei pra null.
- “ Oi null, tudo bem?”-“Tudo sim e você?”
-“É, eu to bem...” – eu e minha mania de esconder as coisas da minha melhor amiga. – “ O que vai fazer hoje?”
- “Eu vou investigar o Jason, ele anda muito estranho. Tu quer vim me ajudar?”
- “null, ele é estranho. Não sei o que você ainda insiste nele!”
- “ , cola na minha que eu sei o que eu to fazendo.”
- “ Nossa, precisa falar assim? Sabe muito bem o que tá fazendo. Você não sabe sobre esse tal mistério do Jason. E se ele for um serial killer ou um traficante perigoso? Ou melhor, perigoso ele já é! Putz null, você tem um dedo magicamente podre pra escolher homem!” – ok, acho que exagerei.
- “Uau, isso vindo de quem namora um cara que deixa o próprio irmão te chamar de vadia... Tenha um bom sábado ).” – ela desligou na minha cara e eu provavelmente tinha estragado tudo.... Como sempre.
Desliguei o celular e me escondi dentro das cobertas, queria ficar lá o fim de semana inteiro e só acordar na segunda, se eu pudesse escolher, nem acordar eu queria.
null Narrando
Odeio segunda-feira, odeio escola e odeio literatura. O universo conspira contra mim, além de ser segunda, é de manhã, eu to na escola, na aula de literatura! O null tava na cadeira de trás dormindo e eu tava na frente brincando com uma caneta enquanto a professora falava alguma coisa sobre o próximo livro que a gente ia ler: Solo Tu. Segue aí o que eu entendi ela falando.
- Bla blá blá, o livro é um clássico literário e conta a história do Dionisio e Anastasia... Blá blá blá... – a professora falava. – Anastasia era uma garota pobre que depois de um feitiço ficou cega, da periferia de Roma no século XX e Dionisio era um pintor que fugiu da casa rica... Blá blá blá, viveram felizes para sempre.
Pausa para o meu bocejo.- Eu quero que vocês estudem o livro desse clássico, estudem a história.. – ela continuou falando.
- Epa professora, mas isso não é só pra quem vai fazer a peça? – o Allan, um broto gente fina que fez amizade com a gente perguntou. – Libera a gente aí.
- Lógico que não, aliás a peça está confirmada,Solo Tué um clássico da literatura romântica italiana e será encenada pelas turmas do terceiro ano daqui um mês aproximadamente, estou certa ? – ela perguntou pra... , olhei pra ela discretamente, ela pareceu acordar de um transe.
- Ãh? – ela perguntou e a sala riu. – Ah sim, a peça tá confirmada pra ultima semana de aula antes das férias de julho professora. – ela disse e logo abaixou a cabeça e ficou mexendo no lápis. Percebi que a null sentou longe dela e que a parecia mais triste que o normal.- Por enquanto nós temos confirmado pra ser o Dionisio, o Naran da turma F e a Anastasia será a . – a professora disse e eu me endireitei na cadeira. Quem diabos é Naran? Vai ter cena romântica? Lógico não é null, “clássico da literatura romântica”. Aff.O sinal tocou e eu me virei e fiquei enfiando o lápis no ouvido do null.
- O que foi? O que aconteceu? – ele falou levantando a cabeça assustado. – Alarme de incêndio?!
A sala riu enquanto saiam pro intervalo.- Não cara, ow. – eu falei e ri batendo na cabeça dele.
- Hein rapagões... Vai rolar aquela missão FBI? – o Allan disse cochichando se sentando perto e olhando pros lados.
- Tu tem certeza do que tá fazendo? – eu perguntei cruzando os dois braços em cima das costas da cadeira.
- Tenho mano! – ele respondeu prontamente. – Eu estudo nessa escola há cinco anos! Os Narcisos foi desativado há uns anos por que tem uma geração e tals, mas esse ano eles voltaram com tudo e é normal que eu saiba onde fica o esconderijo deles na escola! – ele disse.
- Ok, vamos lá... – null disse e logo levantamos. Andamos os três no corredor cheio de alunos, subimos umas escadas, mais umas escadas e mais umas, violamos uma porta, duas portas e mais uma, eu tossi, o null tropeçou, abrimos uma porta, era um almoxarifado desativado e todo empoeirado e abrimos uma janelinha de saída de ar, ou saída de aranhas, baratas e mais poeira por que de ar não tinha nada ali. A janelinha dava direto pra uma saleta abaixo e ao longe a gente via quatro rapazes sentados no chão com capuzes vermelho vinho e lanternas....
- Cara, eles não sabem o que é uma fraternidade de verdade. – o null cochichou. – Isso tá muito filme de terror trash, nada haver, minha vó tem mais graça que esses caras.Segurei o riso.
- Tá reconhecendo alguém Allan? – perguntei pra ele que tava observando atentamente.
- Não to conseguindo reconhecer nem vê o líder e os três caras que estão na frente, mas aqueles quatro ali eu sei quem são: Gabriel Hunter, Félix Dias, JJ e o Naran Lins. – ele disse. Naran era um nome conhecido, o tal viadinho que ia fazer o viadinho do Dionisio com a e o tal de Gabriel que me abordou naquele dia. – É melhor a gente sair daqui... Pelo menos o esconderijos dele a gente já sabe.- Falta saber onde é a manicure a pedicure deles por que néh... – o null disse deixando a salinha. – Essa fraternidade deles me envergonhou.- A gente tem que mostrar pra eles como se faz uma fraternidade de verdade. – eu dei a ideia.- É isso aí manolo louco! - o Allan disse. Sei lá, ele parece do tipo que com panquecas com creme em formato de emoticon sabe? Com os dois olhinhos e com a boca, tipo, acho, só acho, que ele toma leitinho com erva do gato por que ele meio sem noção às vezes.
Assim que entramos no corredor lotado de alunos, batíamos nossos ternos disfarçando a poeira.
- Eu vou no banheiro, to com medo de ter entrado uma viúva negra no meu ouvido. – o null zuou e entrou no banheiro, o Allan entrou também e eu também ia entrando até que ouvi um som interessante.
- “ I've been stranded on a lonely street” ... – cantarolei, tava só a melodia, mas eu reconhecia essa música. Caminhei até a porta e me aproximei devagar. Era o auditório, tinha um som em cima do palco, umas seis pessoas interagindo entre sim, a diretora da peça, a senhora Feliciano, que de feliz não tinha nada e a sentada em um canto girando a ponta do pé como se tivesse aquecendo.
- CADÊ O NARAN?! – a senhora Feliciano gritava de um lado pro outro enquanto ajeitava os óculos horríveis dela. Apenas as luzes do palco estavam acesas, resolvi me esconder nas ultimas cadeiras pra assistir o ensaio, me abaixei e fiquei lá assistindo, eles estavam encenando uma parte do livro em que a , ops, a Anastasia ia para o baile escondido da madrasta, lá descobriam que ela era cega...
- “ Não, eu não o vejo, mas eu o ouço! Dionisio! Dionisio!” – a dizia no centro do palco, ela usava uma venda preta, sei lá por que, mas dizia que tinha essa parte na adaptação do livro. – “ Eu quase posso dizer como você é, eu ouço esse som diz que é pra eu não desistir.”
Ai a melodia começou a tocar na caixa de som de novo.
- Cheguei! – o viadinho do Naran entrou correndo no palco atrapalhando ensaio ou isso fazia parte da peça? Só sei que ele quebrou o encanto da no ensaio.
- Naran, corre, a cena da dança!! – a senhora Feliciano gritou apontando a entrada pela qual o Dionisio deveria chegar. A tava de costas com as vendas e as outras pessoas comentavam dela, quer dizer, da Anastasia ou da não sei, as pessoas ultimamente comentavam sobre a tristeza de . Ela falou mais algumas coisas e a melodia começou, acho que era nessa hora que o tal do Dionisio cantava a música. Pularam essa parte, ele pegou na cintura dela e ela colocou a mão esquerda no ombro dele e os dois começaram a dançar.
“ - Vistes? – ela disse tentando se afastar de mim naquela noite. – Não danço conforme a música por que não sei dançar, portanto não concordo com ... – ela olhou nos meus olhos e eu segurei firme em sua mão.
- Não há problema null, eu te ensino a dançar conforme a minha música. – eu coloquei a mão na cintura dela e começamos a rodopiar, era como se tivéssemos asas, é como se tivéssemos correndo livres, é como se tivéssemos sozinhos. – Você está gelada, seu coração tá acelerado. Dançar te faz ter descargas de adrenalina? De qualquer forma, mande toda essa energia pro seus pés e faça eles seguirem os meus, segure forte com a mão direita no meu ombro.
- E... a mão esquerda? – ela disse ingenuamente um tanto envergonhada. Eu sorri pra tentar passar segurança.
- Pode deixar que eu cuido dela. – eu segurei sua mão como se minha vida dependesse disso, foi engraçado, foi louco.. foi incrível.”
- !!! – a professora gritou, de repente eu acordei da lembrança e observei, haviam feito uma rodinha em torno de alguém, estava caída no chão. Levantei rapidamente, depois me lembrei de que não podia ir até lá. Um garoto segurou o tornozelo dela e fazia movimento no pé dela, ela fazia cara de dor. Droga, era o tornozelo do dia do baile. – Nosso ensaio já foi complicado pelo atraso do Naran e você ainda me inventa mais essa?!
Que vadia! É lógico que a garota não tem culpa!- Não foi minha culpa! – a disse, talvez estivesse com a voz embargada. – Meu tornozelo tá doendo e eu tinha dito que não sabia dançar!- Vai lá pra dentro e põe um gelo nisso aí! – ela gritou e alevantou e saiu mancando sem a ajuda de ninguém. – Vamos continuar o ensaio.Sai de fininho e rodeei o auditório e fui parar nos bastidores. Estava meio escuro e vazio, todos estavam lá em cima, provavelmente estava sozinha.
Me aproximei de uma coxia onde tinha um monte de corda enroladas no chão, tinha uma luz. Cheguei até lá guiado pelo som de choro baixo e abafado da . Segurei a cortininha que nos separava, eu iria até ela, iria abraçá-la, levá-la ao médico, iria limpar suas lagrimas e abraçá-la de novo, eu iria...
- Você tá bem? – a null chegou antes que eu pudesse fazer isso, me escondi novamente sem que nenhuma das duas pudessem me ver. Ela se ajoelhou ao lado de .
- Não... – disse chorando. – Eu desisto, desisto de fingir que está tudo bem, não tá nada bem null, eu to me sentindo um lixo, uma inútil... eu não presto pra nada!
Não fala assim, só você consegue... esquece.
- Não diz isso , você é minha melhor amiga, você é a melhor entendeu? – isso null! continuava chorando, a null abraçou ela e as duas ficaram abraçadas.
- Me perdoa, eu sou uma idiota, eu deveria está ao seu lado independente de qualquer coisa, eu deveria te apoiar na escolha de qualquer idiota que você escolhesse, por que se eu dissesse o idiota que mexe comigo você também me apoiaria! Me perdoa. – ela repetia.
O idiota que mexe com ela? Mas que porra, o idiota do Jorgito mexe mesmo com ela! Malditos, eles se merecem.- Não interessa o que vá fazer com o Jason, eu estarei com você. – ela disse por último.
- Eu vou cortar o pinto dele, vai me ajudar? – a null disse e conseguiu tirar um sorriso de que limpou o rosto.Percebi que não havia mais espaço pra mim ali e voltei exatamente do jeito que havia ido, sem ser percebido.
CAPITULO 8
null Narrando
Minha melhor amiga chorando e machucada, tanto por fora quanto por dentro, não há orgulho que supere o amor que sinto por essa loira burra.
- Você é a melhor amiga que alguém pode ter. – ela disse sorrindo entre lágrimas.
- Eu sei que eu sou bonita e gostosa. – eu disse e nós rimos. – Como tá o tornozelo?
- Tá melhor... O gelo ajudou bastante, mas acho que vou precisar ir no médico. – ela disse abaixando a cabeça e avaliando.
- Vai terminar a tempo de ir a uma festa comigo? – perguntei com cara de gatinho do Shrek. Ela me olhou desconfiada. – Uma festa no Grace. Vamos, vamos, vamos! O Oliver vai também e faz parte do meu plano de investigação sobre o Jason.
- Não sei... – ela disse ainda desconfiada.
- Tá sentindo esse cheiro? – eu perguntei.
- Comprou outro perfume? – ela disse.
- Não, isso é cheiro de aventura )! – eu disse sacudindo ela.
- ok, Ok, vamos lá. – ela concordou rindo.Depois disso, a levei no médico, ele passou uns exames, uns remédios, deu um monte de recomendações, então liberou a gente. Eu levei ela em casa e fui pra minha. Não tinha ninguém em casa como de costume, estava no corredor seguindo pro meu quarto quando vejo a porta do quarto do Jason entreaberta, me aproximei e ele tava falando no telefone enquanto fazia abdominais.
-“ Fica tranquilo pow, eu vou tá lá essa noite.... É, cara, eu dou minha palavra, tu acha que eu vou arriscar meu pescocinho de novo?” – ele riu apesar de parecer meio aflito. – “Eu sei que da última vez quase deu merda, quase que eu ferrava com minha vida!... é eu sei, não vou vacilar dessa vez, não esquece de levar o pacote... Beleza, tchau”
Me afastei por um instante e voltei a andar, ele percebeu minha presença.
- null?! – ele gritou, eu voltei pra porta. – Tava ouvindo minha conversa?! caralho!
- Não, sua conversa não me interessa assim como sua vida. – disse arrogantemente. – Pra sua informação, eu acabei de chegar do médico com a .- Nossa, ta afiada em mocinha. – ele disse com tom de ironia. Ele se levantou e tava só com um short de ginástica e se aproximou de mim exalando sensualidade. É Caio Jackson de Abreu, “pisa que ele gruda”. Me fiz de desentendida. Aquele mistério todo não me convencia ainda.. ow, aquele corpo me convencia em compensação.- O que tá aprontando chaveirinho? – ele disse me encurralando e colocando a mão no meu queixo. – Por que de repente ficou tão dona de si?
- Eu sou dona de mim Jason. – eu respondi com um sorriso irônico o encarando.
- Era até eu chegar aqui... – ele disse e me beijou, não se segurou apenas no beijo, colocou a mão no meu seio e apertou e falou no meu ouvido baixinho. – Por que depois que eu cheguei aqui você faz o que eu quero e sempre vem como uma cadelinha assim que eu chamo.
Ele acabou com a magia do momento, fiquei inerte e sem reação, ele continuava me humilhando.- Vai beber seu leitinho, as meninas super poderosas já tá passando na TV. – ele disse me soltando e indo pra cama dele.
Isso não ficaria assim Jason, não mesmo, por que mesmo apaixonada por você eu ainda era null null e ninguém me humilha assim e fica sem o troco.
Eram 10 da noite e eu, a e o Oliver estávamos nos equilibrando andando embaixo de uma ponte entre os buracos cheios de água.
- Ah meu Deus null null, onde você foi meter a gente? – a dizia tentando se equilibrar no salto. Ela tava agarrada em um braço do Oliver e eu em outro.- No Grace! – eu disse gritando ao pisar em uma pedra.
- Sinto informa querida, mas o Grace não fica pra cá. – o Oliver disse segurando nós duas e tentando não sujar a roupa dele.
- Mas eu ouvi ele falando Grace! – eu disse e a parou de repente olhando pra uma placa atrás de mim, eu me virei e tinha em letras luminosas... – “Grave”... Bem, acho que alguém trocou o ‘v’ pelo ‘c’... – eu ri sem graça. – Qual é gente, isso acontece.- O que vai acontecer é da gente ser estuprada aqui! Olha esse lugar null? – a disse e realmente não parecia um local muito acolhedor.- Vê pelo lado positivo, o Oliver tá aqui pra defender a gente. – eu disse com um sorriso cínico.
- OMG!!! OMG!!! – o Oliver gritou e se soltou da gente e se afastou correndo com a mão na boca. – Aquilo é uma ratazana!! – gritou com voz de gay. – Ah meu Deus, me tira desse lugar, me leva pro céu, me manda pro inferno, mas tira desse lugar, olha essa ratazana, parece uma raposa de tão grande que é! To abobado.
- Grande segurança você arrumou pra gente... – disse com cara de aff. – Vamos lá? – ela apontou pra entrada.
Narrador Onipresente
Uma festa no Grave era a típica festa que null e null estavam acostumados a irem. Muita putaria, bebida, drogas, sexo, menores de idade, brigas, prostituição, enfim... Nada que chegasse perto do que estivesse acostumada.
“ Eu costumo me satisfazer sozinha pensando em você...Você faz um ótimo trabalho na minha imaginação null... bjs, Pri”
- Ah meu Deus, agora eu vi mesmo! – null disse batendo o celular em cima da mesa de centro após ler a mensagem de Priscila e virando o seu copo de bebida. null e Allan se aproximaram e se sentaram ao lado dele.- Por que essa cara de bicha que quebrou a unha? – o null perguntou enchendo o copo dele.
- To irritado, a Priscila tá pegando pesado agora! – ele disse.
null pegou o celular dele.
- “ Eu costumo me satisfazer sozinha pensando em você...Você faz um ótimo trabalho na minha imaginação null... bjs, Pri” – null leu forçando voz de mulherzinha. –Pririguete, só se for!
Os três riram.- Mas qual é null, você não parece ser o tipo de cara que recusa uma mulher louquinha assim... – o Allan disse virando uma garrafinha de ice.
- Não é isso... – null tentou explicar.
- É que a que ele quer tá ocupada demais tirando as cutículas do Jorgito Gonçales. – null disse.
- Há há há... – null disse ironicamente. – Puta melhor amigo você é, não é? Claro que eu não to interessado na , dã, olha o meu mundo, olha o dela, ela nunca entraria num lugar desses!- Eu sou seu melhor amigo e digo que se você quer, vai lá e pega mano, sem se importar com as consequências, o que importa é o que tu quer... – null passou o braço pelo ombro de null e lhe alcançou.
- Consequencias não são importantes pra gente, mas pra garotas como ela, é vital, tudo gira em torno de “meu Deus o que vão falar de mim? meu Deus o que vai ser de mim? Minha reputação! Minha família! Minha vaga na faculdade! Meu namorado boiola punheteiro!” – null disse ironicamente.- Quem mesmo você disse que nunca pisaria num lugar desses? – Allan disse olhando pra porta. Os três encontraram , null e Oliver entrando no Grave.
- Puta que pariu, eles estão ferrados. – null disse coerentemente.
- Ah, agora eu vejo a null dançando até o chão! – null falou rindo e ele e Allan bateram as mãos no alto.
- Ok, agora a gente já pode ir. – Oliver disse dando meia volta. null puxou pelo braço dele.
- Não, agora que a gente ta aqui não dá pra sair assim, a gente vai parecer suspeito e tal!- Ótimo, estamos presos! – disse gritando por causa do som alto.- Bingo! Eu sabia que ele estaria aqui! – null avistou Jason entrando em um corredorzinho. – Divirtam-se e eu irei investigar isso!- Me divertir? – disse cruzando os braços assim que null saiu.
- É, geralmente eles se divertem bebendo uma dúzia de garrafas de bebidas e transando com dezenas de pessoas em uma mesma noite e se drogando loucamente. - - Oliver disse.- Não é meu ideal de diversão... – disse bufando. – Talvez uma bebida, pode ser?
- Claro... – Oliver disse e os dois foram pro rumo do bar. null tentou se esconder.
- É gente, vou ali curtir uma ‘joinha’. – null disse se levantou e sumiu na multidão.
null ficou observando de longe, ela parecia curiosa, o tornozelo estava discretamente enfaixado e ela batia o pé bom no chão acompanhando a música timidamente.
null entrou no mesmo corredorzinho por onde Jason tinha entrado até ser bruscamente jogada contra a parede.
- O QUE TU TÁ FAZENDO AQUI SUA PIRRALHA?! – Jason a repreendeu severamente. – TÁ ME SEGUINDO PORRA?!
- Para Jason, tá me machucando! Eu só to curtindo a festa, eu não sabia... – ela tentou inventar alguma história e Jason continuava segurando forte o seu braço. – Eu não sabia que você estaria aqui, me solta, ta machucando!
- Eu deveria te quebrar todinha sua pilantra, tu tá curtindo com minha cara é? – ele dizia irritado.
- Ei, não vai quebrar ninguém aqui não caralho! – null chegou segurando o braço dele e o separando de null e segurando na gola da camisa dele.. – Eu chamei ela pra esse point e nem sei que merdinha você é, ok? Ela é minha convidada e o Grave é meu point muito antes de você pisar essa sua bota de marca aqui. O Marcão é meu amigo, o Tulio, o Beck e toda a rapaziada da pesada e da organização aqui são meus amigos, então é melhor não curtir com minha cara nem com a das minhas convidadas!null o empurrou e Jason teve que se segurar na parede pra não cair. Ele olhava fixamente pra null que permanecia assustada atrás de null.
- Que novidade hein null? Tá com um namoradinho valentão agora? – Jason disse limpando a boca e arrumando o colarinho da camisa olhando desconfiado pra null.- Cala a boca Jason... – null disse e ele saiu olhando pra trás. Permaneceu na festa, mas afastado.null se virou e encarou null... Ele lhe lançou um olhar reconfortante e parecia haver afeto no olhar dos dois, permaneceram em silêncio até...
- Ah não miss-não-solto-peido, você não vai chorar, vai? – ele disse meio desconfortável.
- Argh... – null virou o rosto vencida e logo o encarou de novo. – Obrigada por ter me defendido, espero que o Marcão, o Tulio e o Beck estejam por aqui por que o Jason não gosta de perder uma batalha.
- Tanto faz, eu não conheço eles mesmo.. – null disse.
- O quê?! Como assim?! Você mentiu! – null disse incrédula e depois começou a rir. – Sabia que você não era tão fodão assim.
- Sou mais fodão que esse bosta aí que você tava seguindo. – null disse sério. – Qual o teu lance com esse cara? Ele não parece ser boa peça, toma cuidado.
- Não é da sua conta... Eu conheço o Jason e ... – null começou a se explicar com as mãos na cintura.
- Não, você não o conhece, se o conhecesse não estaria se escondendo dele pra tentar descobrir alguma coisa. – null a interrompeu. – Se cuida novinha, aqui o lance é pesado.null disse e por fim saiu. Maira Clara foi ao encontro de e Oliver que estavam no bar.
- Abortar missão... Finjam que estão se divertindo. – null disse se sentando na mesa com cara de frustrada.
virou mais um copo de caipirinha.
- O que houve? Descobriu alguma coisa? – Oliver perguntou.
- Descobri que o Jason é uma merda de um ignorante e violento e descobri que o socorro pode vim de onde menos se espera. – null disse com cara de tédio olhando pra festa sem animação.- Não entendi nada... – disse virando mais um copo.Uma moça pouco vestida se aproximou de e sem falar nada lhe entregou um guardanapo.
- Pra que é isso? – falou já um pouco alterada. – Eu to babando? Isso é pra eu me limpar? – e começou a rir. Abriu o guardanapo e gelou ao ler o que tinha escrito.
“... Cuidado ‘null’, viraria bicho se algo acontecesse com você...”Os olhos de se encheram, o coração acelerou de tal forma que deu tontura... Só uma pessoa lhe chamava de null. Ela olhou para os lados procurando o autor do bilhete e encontrou null do outro lado da pista... Dançando com uma garota ruiva que sensualizava muito com ele. ficou com raiva, amassou o papel e jogou dentro da bolsa, seja quem for que fez essa piada de mal gosto não melhorou em nada o dia dela. Voltou a beber e a virar mais copos de caipirinha.
Começou a tocar Radar da Britney Spears e como todo gay que se preze, Oliver logo deu seu gritinho.
- Birtney! Diva! – ele gritou balançando o cabelo.- Você me faz passar vergonha Oliver. – null disse com a mão no queixo.- Ah, deixa eu viver e vamos fazer ciúmes pro tal de Jason. – ele disse e puxou null pra pista. continuou sentada na mesa alta de cadeiras altas e bebendo e olhando pra null dançando com a tal ruiva.Oliver e null começaram a dançar na pista sensualmente. null sabia dançar graciosamente principalmente essas músicas pop’s tipo Britney e Lady Gaga, logo uma mini rodinha foi feita em volta dos dois. Jason observava de longe, mas não era o alvo de null que parecia está mesmo pouco se fodendo pra ele.Ela colocou os braços em volta do pescoço de Oliver e abaixou a cabeça dançando, parecia triste, mas continuava dançando. Oliver se afastou por um momento e null foi puxada pela cintura pra trás. null a agarrou pela cintura e a puxou de uma vez ao encontro dele.- Ain... – null fechou os olhos ao sentir seu corpo chocando com o de null.- Se quer fazer ciúmes pra um cara, tem que procurar um cara de verdade, não uma biba afetada. –ele dizia no pé do ouvido dela enquanto guiava os passos dela com a mão em sua cintura.- Quem seria o cara que eu to tentando fazer ciúmes? E quem seria o cara que vai me ajudar a fazer ciúmes nele? – null perguntou.- Não sei, mas os dois são sortudos pra caralho. – ele respondeu sorrindo e a virou de uma vez, colou o seu corpo ao dela e colocou a mão na nuca dela. – Mas tem que fazer direito...
Ele a beijou, ela aceitou. , Oliver e null olhavam incrédulos e null ria muito. O beijo dos dois estava ficando mais quente, pareciam não ficar saciados um do outro.
- Ei, pode parar com a palhaçada aqui. – Jason os interrompeu visivelmente irritado. – null você é menor de idade e eu preciso te levar pra casa agora!
- Ow cara. – null disse rindo e olhando pros lados tentando disfarçar. – Fala baixo se não vai sobrar merda pro nosso lado.- MENOR DE IDADE AQUI?? – um grandalhão abriu caminho no meio do pessoal e logo se ouviram som de policia chegando.
- Fudeu mano! – null falou e logo procurou a tal saída de emergência que tinha em toda festa clandestina que eles iam. desceu as escadas e viu Oliver sair correndo com mais outras pessoas.
- Grande amigo! – ela reclamou alto consigo mesmo.Jason partiu pra cima de null que logo lhe deu um soco no rosto. null abriu caminho entre a multidão e logo puxou null assustada.
- Vem, vou tirar vocês duas daqui! – ele disse. também estava junto com uma garrafinha de ice.
- Poxa agora que eu to me divertindo. – disse sarcástica e logo os três saíram do Grave.
Meia hora depois, estava em casa e foi devidamente “escoltada” por null que seguiu o táxi que a levou dormindo, em sua moto. Uma hora depois, null já estava em casa, nunca se sabe como ele e null se livram dessas enrrascadas, só se sabe que eles desencadeiam e são os primeiros a sumirem.
null costumava dormir só de cueca e costumava deixar a porta aberta na esperança utópica de um dia Priscila querer acordá-lo como acorda null.- O que tá fazendo aqui? ah meu Deus! – ele disse após o susto inicial ao vê-la entrando no seu quarto com um robe cor-de-rosa. Priscila? Não, null.
-Política da boa vizinhança, as portas estão sempre abertas. – ela falou com um sorriso disfarçado e com os braços cruzados nas costas.- O que tá fazendo aqui? – ele disse se sentando na cama de frente pra ela ignorando seu seminudismo e aproveitando da situação.
- Eu vim reclamar com você! – ela disse se aproximando.- Ah não null, na boa, eu não quero discutir contigo agora não, falou? – null disse estranhando a aproximação.
- Eu vim reclamar, por que você “não fez direito”.. – ela disse soltando o laço do robe – Por que você não terminou o serviço.
Ele sorriu e ela retirou o robe expondo a lingerie roxa. null colocou a mão na cintura dela e a puxou para o seu encontro fazendo ela sentar no seu colo de frente pra ele.
- Você me odeia, por que tá fazendo isso? – ele disse mordendo o lábio dela e desabotoando seu sutiã.
- Por que você é nojento, é asqueroso, é idiota...
- Xinga mais... – ele riu.- Mas é gostoso e me deixou com vontade essa noite e null não gosta de passar vontade e... – ela continuava falando e ele pôs o dedo na boca dela a silenciando e a deitando na cama.
- Silêncio, você fala demais deixa eu calar a sua boca direito... – ele disse e por fim os dois transaram, bem no estilo deles, selvagem e disputado. Antes de amanhecer, null já havia voltado pra casa sem ser percebida.
F5, F5, F5, F5, F5, F5 Atualizações e as noticias bobam na OTT! Os queridinhos do San Sebastian em festas clandestinas. null e null: novo casal? null null com segredinhos em relação à uma princesinha do San Sebastian? Cuidado null, seu segredo será revelado, por que Got You On My Radar! Bjs..
- Assim... – ele disse depois do beijo, não havia nada que o fizesse tirar a máscara e a única coisa que eu lembrava era do seu cabelo loiro, dos seus olhos azuis, das suas mãos segurando firme minha cintura e daqueles passos minuciosos que ele me ensinou sem tirar os olhos dos meus. Ele sumiu na multidão...”
O despertador tocou e abri os olhos. Estava sonhando dormindo ou acordada? Não sei, só sei que esses sonhos tinham me confundido, não sabia o que era fantasia ou se era realidade, nem tenho mais certeza se aquele momento mágico aconteceu.
- Mas que tola! – eu gritei pra mim mesma me sentando na cama. – Ele sumiu na multidão e provavelmente nem lembra de mim, ele provavelmente nem existe!
Deixei meu corpo cair sobre a cama novamente e fiquei olhando pro teto cor-de-rosa. Estava inerte, entediada e triste. Acordei com vontade de voltar a dormir, nos meus sonhos tudo dava certo, o tal cara mascarado aparecia pra mim, eu estava sempre linda como no dia do baile e o meu sorriso era sempre sincero como no dia do baile. Deitei de lado e fiquei observando a foto do dia da minha formatura da oitava série. Eu era a oradora, eu fui a melhor aluna, eu não fui de salto alto ou maquiagem pesada como outras garotas, por que eu tive que passar a noite estudando o meu discurso, não pude ir a festa de formatura por que o meu pai tinha que viajar pra uma reunião de negócios no mesmo dia e eu tinha que ir junto. A doce, inteligente, certinha e aparentemente popular ) não aproveitou metade da vida.
Uma lágrima escorreu pelo meu rosto, era como se eu estivesse no piloto automático, tudo na minha vida era dentro do padrão, era cheio de certezas, eu tinha certeza que me casaria, que me formaria em medicina, que moraria em uma mansão em Riviella. Bom, meus pais, o Jorgito, a sociedade, o Barack Obama tinha certeza sobre o meu futuro, só eu quem não tinha... Talvez eu quisesse fazer artes plásticas e fazer um mochilão na Europa antes de entrar na faculdade, talvez eu quisesse morar em um sobrado perto do mar, talvez eu quisesse andar descalça dentro de casa e usar meus cabelos naturalmente cacheados. Chorei mais e mais, as lágrimas já não obedeciam meus comandos, só teimavam em cair. Minha vida aparentemente perfeita, era uma merda! Meu coração não disparava, eu não precisava lutar por nada, nem fugir de nada, nem me responsabilizar por nada, eu me sentia um nada, totalmente inútil e a mercê de empregados que não sabiam metade sobre mim... A história da minha vida.
- Bom dia meu amor. – senti o Jorgito pulando na cama e me abraçando por trás. Mas que diabos ele faz aqui a essa hora da manhã?
- Jorgito! – me levantei repentinamente. – Você me assustou.
- Te acordei? – ele disse sorrindo.
- Me assustou. – eu reforcei olhando pra ele.- Você tava chorando? – ele perguntou e eu passei a mão no meu rosto rapidamente. O Jorgito percebendo que eu não estou bem? Nossa, que evolução.
- Não... – disfarcei. – Eu to meio que...
- Ah.. – ele me interrompeu. – Pensei que tivesse chorando. Se arruma aí rápido que hoje a gente vai no Jockey Club, o Félix me chamou pra uma partida de pólo.- Não to afim de me arrumar pra ir no Jockey, não to afim de ir pra lá, se quiser aproveitar o seu sábado lá, pode ir a vontade. – eu disse sentando na cama e abraçando meu travesseiro.- Qual é , vai aproveitar seu sábado trancada nesse quarto é? – ele perguntou abrindo os braços.- Eu também não vou conseguir aproveitar o meu sábado toda montada como uma menininha de sociedade sentada em uma cadeira no Jockey. – eu disse.
- Mas é isso que você é: uma menininha de sociedade e tem que se comportar como uma! – ele disse e se virou. – Ah quer saber, eu vou pra lá, aproveite seu sábado pra contar quantas estrelinhas tem no seu quartinho cor-de-rosa.
Ele disse e saiu. E a minha vontade de ir lá e bater nele mesmo sem o que ele ter falado ter sido muito grave.
“ - Você não entenderia e eu não vou perder meu tempo te explicando nada, não foi você mesmo que disse que eu não tenho nada haver com suas decisões? Então não se meta na minha vida também e volte pro seu quartinho cor-de-rosa e pra sua coleção de Barbies, na vida real, caras como eu não perdem tempo mostrando o mundo pra pirralhas como você! – ele disse rápido demais, frio demais, ele foi grosso demais, impulsivo demais... Ele só foi de menos, o null que eu imaginava. Fiquei sozinha naquele estacionamento totalmente paralisada, eu me sentia cada vez mais humilhada. Será que ele não sentira 1% do que aquilo me causou?”
Será que todos eles, os meus pais e o Jorgito não sentiam 1% do que tinham me causado? Desde aquele dia no estacionamento, até os olhares discretos eu evito com o null, ele também não parece fazer muita questão e o pior de tudo é que isso não precisava tá me matando por dentro como está, podia está tranquilo pra mim como está tranquilo pra ele.
Peguei o telefone e liguei pra null.
- “ Oi null, tudo bem?”-“Tudo sim e você?”
-“É, eu to bem...” – eu e minha mania de esconder as coisas da minha melhor amiga. – “ O que vai fazer hoje?”
- “Eu vou investigar o Jason, ele anda muito estranho. Tu quer vim me ajudar?”
- “null, ele é estranho. Não sei o que você ainda insiste nele!”
- “ , cola na minha que eu sei o que eu to fazendo.”
- “ Nossa, precisa falar assim? Sabe muito bem o que tá fazendo. Você não sabe sobre esse tal mistério do Jason. E se ele for um serial killer ou um traficante perigoso? Ou melhor, perigoso ele já é! Putz null, você tem um dedo magicamente podre pra escolher homem!” – ok, acho que exagerei.
- “Uau, isso vindo de quem namora um cara que deixa o próprio irmão te chamar de vadia... Tenha um bom sábado ).” – ela desligou na minha cara e eu provavelmente tinha estragado tudo.... Como sempre.
Desliguei o celular e me escondi dentro das cobertas, queria ficar lá o fim de semana inteiro e só acordar na segunda, se eu pudesse escolher, nem acordar eu queria.
null Narrando
Odeio segunda-feira, odeio escola e odeio literatura. O universo conspira contra mim, além de ser segunda, é de manhã, eu to na escola, na aula de literatura! O null tava na cadeira de trás dormindo e eu tava na frente brincando com uma caneta enquanto a professora falava alguma coisa sobre o próximo livro que a gente ia ler: Solo Tu. Segue aí o que eu entendi ela falando.
- Bla blá blá, o livro é um clássico literário e conta a história do Dionisio e Anastasia... Blá blá blá... – a professora falava. – Anastasia era uma garota pobre que depois de um feitiço ficou cega, da periferia de Roma no século XX e Dionisio era um pintor que fugiu da casa rica... Blá blá blá, viveram felizes para sempre.
Pausa para o meu bocejo.- Eu quero que vocês estudem o livro desse clássico, estudem a história.. – ela continuou falando.
- Epa professora, mas isso não é só pra quem vai fazer a peça? – o Allan, um broto gente fina que fez amizade com a gente perguntou. – Libera a gente aí.
- Lógico que não, aliás a peça está confirmada,Solo Tué um clássico da literatura romântica italiana e será encenada pelas turmas do terceiro ano daqui um mês aproximadamente, estou certa ? – ela perguntou pra... , olhei pra ela discretamente, ela pareceu acordar de um transe.
- Ãh? – ela perguntou e a sala riu. – Ah sim, a peça tá confirmada pra ultima semana de aula antes das férias de julho professora. – ela disse e logo abaixou a cabeça e ficou mexendo no lápis. Percebi que a null sentou longe dela e que a parecia mais triste que o normal.- Por enquanto nós temos confirmado pra ser o Dionisio, o Naran da turma F e a Anastasia será a . – a professora disse e eu me endireitei na cadeira. Quem diabos é Naran? Vai ter cena romântica? Lógico não é null, “clássico da literatura romântica”. Aff.O sinal tocou e eu me virei e fiquei enfiando o lápis no ouvido do null.
- O que foi? O que aconteceu? – ele falou levantando a cabeça assustado. – Alarme de incêndio?!
A sala riu enquanto saiam pro intervalo.- Não cara, ow. – eu falei e ri batendo na cabeça dele.
- Hein rapagões... Vai rolar aquela missão FBI? – o Allan disse cochichando se sentando perto e olhando pros lados.
- Tu tem certeza do que tá fazendo? – eu perguntei cruzando os dois braços em cima das costas da cadeira.
- Tenho mano! – ele respondeu prontamente. – Eu estudo nessa escola há cinco anos! Os Narcisos foi desativado há uns anos por que tem uma geração e tals, mas esse ano eles voltaram com tudo e é normal que eu saiba onde fica o esconderijo deles na escola! – ele disse.
- Ok, vamos lá... – null disse e logo levantamos. Andamos os três no corredor cheio de alunos, subimos umas escadas, mais umas escadas e mais umas, violamos uma porta, duas portas e mais uma, eu tossi, o null tropeçou, abrimos uma porta, era um almoxarifado desativado e todo empoeirado e abrimos uma janelinha de saída de ar, ou saída de aranhas, baratas e mais poeira por que de ar não tinha nada ali. A janelinha dava direto pra uma saleta abaixo e ao longe a gente via quatro rapazes sentados no chão com capuzes vermelho vinho e lanternas....
- Cara, eles não sabem o que é uma fraternidade de verdade. – o null cochichou. – Isso tá muito filme de terror trash, nada haver, minha vó tem mais graça que esses caras.Segurei o riso.
- Tá reconhecendo alguém Allan? – perguntei pra ele que tava observando atentamente.
- Não to conseguindo reconhecer nem vê o líder e os três caras que estão na frente, mas aqueles quatro ali eu sei quem são: Gabriel Hunter, Félix Dias, JJ e o Naran Lins. – ele disse. Naran era um nome conhecido, o tal viadinho que ia fazer o viadinho do Dionisio com a e o tal de Gabriel que me abordou naquele dia. – É melhor a gente sair daqui... Pelo menos o esconderijos dele a gente já sabe.- Falta saber onde é a manicure a pedicure deles por que néh... – o null disse deixando a salinha. – Essa fraternidade deles me envergonhou.- A gente tem que mostrar pra eles como se faz uma fraternidade de verdade. – eu dei a ideia.- É isso aí manolo louco! - o Allan disse. Sei lá, ele parece do tipo que com panquecas com creme em formato de emoticon sabe? Com os dois olhinhos e com a boca, tipo, acho, só acho, que ele toma leitinho com erva do gato por que ele meio sem noção às vezes.
Assim que entramos no corredor lotado de alunos, batíamos nossos ternos disfarçando a poeira.
- Eu vou no banheiro, to com medo de ter entrado uma viúva negra no meu ouvido. – o null zuou e entrou no banheiro, o Allan entrou também e eu também ia entrando até que ouvi um som interessante.
- “ I've been stranded on a lonely street” ... – cantarolei, tava só a melodia, mas eu reconhecia essa música. Caminhei até a porta e me aproximei devagar. Era o auditório, tinha um som em cima do palco, umas seis pessoas interagindo entre sim, a diretora da peça, a senhora Feliciano, que de feliz não tinha nada e a sentada em um canto girando a ponta do pé como se tivesse aquecendo.
- CADÊ O NARAN?! – a senhora Feliciano gritava de um lado pro outro enquanto ajeitava os óculos horríveis dela. Apenas as luzes do palco estavam acesas, resolvi me esconder nas ultimas cadeiras pra assistir o ensaio, me abaixei e fiquei lá assistindo, eles estavam encenando uma parte do livro em que a , ops, a Anastasia ia para o baile escondido da madrasta, lá descobriam que ela era cega...
- “ Não, eu não o vejo, mas eu o ouço! Dionisio! Dionisio!” – a dizia no centro do palco, ela usava uma venda preta, sei lá por que, mas dizia que tinha essa parte na adaptação do livro. – “ Eu quase posso dizer como você é, eu ouço esse som diz que é pra eu não desistir.”
Ai a melodia começou a tocar na caixa de som de novo.
- Cheguei! – o viadinho do Naran entrou correndo no palco atrapalhando ensaio ou isso fazia parte da peça? Só sei que ele quebrou o encanto da no ensaio.
- Naran, corre, a cena da dança!! – a senhora Feliciano gritou apontando a entrada pela qual o Dionisio deveria chegar. A tava de costas com as vendas e as outras pessoas comentavam dela, quer dizer, da Anastasia ou da não sei, as pessoas ultimamente comentavam sobre a tristeza de . Ela falou mais algumas coisas e a melodia começou, acho que era nessa hora que o tal do Dionisio cantava a música. Pularam essa parte, ele pegou na cintura dela e ela colocou a mão esquerda no ombro dele e os dois começaram a dançar.
“ - Vistes? – ela disse tentando se afastar de mim naquela noite. – Não danço conforme a música por que não sei dançar, portanto não concordo com ... – ela olhou nos meus olhos e eu segurei firme em sua mão.
- Não há problema null, eu te ensino a dançar conforme a minha música. – eu coloquei a mão na cintura dela e começamos a rodopiar, era como se tivéssemos asas, é como se tivéssemos correndo livres, é como se tivéssemos sozinhos. – Você está gelada, seu coração tá acelerado. Dançar te faz ter descargas de adrenalina? De qualquer forma, mande toda essa energia pro seus pés e faça eles seguirem os meus, segure forte com a mão direita no meu ombro.
- E... a mão esquerda? – ela disse ingenuamente um tanto envergonhada. Eu sorri pra tentar passar segurança.
- Pode deixar que eu cuido dela. – eu segurei sua mão como se minha vida dependesse disso, foi engraçado, foi louco.. foi incrível.”
- !!! – a professora gritou, de repente eu acordei da lembrança e observei, haviam feito uma rodinha em torno de alguém, estava caída no chão. Levantei rapidamente, depois me lembrei de que não podia ir até lá. Um garoto segurou o tornozelo dela e fazia movimento no pé dela, ela fazia cara de dor. Droga, era o tornozelo do dia do baile. – Nosso ensaio já foi complicado pelo atraso do Naran e você ainda me inventa mais essa?!
Que vadia! É lógico que a garota não tem culpa!- Não foi minha culpa! – a disse, talvez estivesse com a voz embargada. – Meu tornozelo tá doendo e eu tinha dito que não sabia dançar!- Vai lá pra dentro e põe um gelo nisso aí! – ela gritou e alevantou e saiu mancando sem a ajuda de ninguém. – Vamos continuar o ensaio.Sai de fininho e rodeei o auditório e fui parar nos bastidores. Estava meio escuro e vazio, todos estavam lá em cima, provavelmente estava sozinha.
Me aproximei de uma coxia onde tinha um monte de corda enroladas no chão, tinha uma luz. Cheguei até lá guiado pelo som de choro baixo e abafado da . Segurei a cortininha que nos separava, eu iria até ela, iria abraçá-la, levá-la ao médico, iria limpar suas lagrimas e abraçá-la de novo, eu iria...
- Você tá bem? – a null chegou antes que eu pudesse fazer isso, me escondi novamente sem que nenhuma das duas pudessem me ver. Ela se ajoelhou ao lado de .
- Não... – disse chorando. – Eu desisto, desisto de fingir que está tudo bem, não tá nada bem null, eu to me sentindo um lixo, uma inútil... eu não presto pra nada!
Não fala assim, só você consegue... esquece.
- Não diz isso , você é minha melhor amiga, você é a melhor entendeu? – isso null! continuava chorando, a null abraçou ela e as duas ficaram abraçadas.
- Me perdoa, eu sou uma idiota, eu deveria está ao seu lado independente de qualquer coisa, eu deveria te apoiar na escolha de qualquer idiota que você escolhesse, por que se eu dissesse o idiota que mexe comigo você também me apoiaria! Me perdoa. – ela repetia.
O idiota que mexe com ela? Mas que porra, o idiota do Jorgito mexe mesmo com ela! Malditos, eles se merecem.- Não interessa o que vá fazer com o Jason, eu estarei com você. – ela disse por último.
- Eu vou cortar o pinto dele, vai me ajudar? – a null disse e conseguiu tirar um sorriso de que limpou o rosto.Percebi que não havia mais espaço pra mim ali e voltei exatamente do jeito que havia ido, sem ser percebido.
CAPITULO 8
null Narrando
Minha melhor amiga chorando e machucada, tanto por fora quanto por dentro, não há orgulho que supere o amor que sinto por essa loira burra.
- Você é a melhor amiga que alguém pode ter. – ela disse sorrindo entre lágrimas.
- Eu sei que eu sou bonita e gostosa. – eu disse e nós rimos. – Como tá o tornozelo?
- Tá melhor... O gelo ajudou bastante, mas acho que vou precisar ir no médico. – ela disse abaixando a cabeça e avaliando.
- Vai terminar a tempo de ir a uma festa comigo? – perguntei com cara de gatinho do Shrek. Ela me olhou desconfiada. – Uma festa no Grace. Vamos, vamos, vamos! O Oliver vai também e faz parte do meu plano de investigação sobre o Jason.
- Não sei... – ela disse ainda desconfiada.
- Tá sentindo esse cheiro? – eu perguntei.
- Comprou outro perfume? – ela disse.
- Não, isso é cheiro de aventura )! – eu disse sacudindo ela.
- ok, Ok, vamos lá. – ela concordou rindo.Depois disso, a levei no médico, ele passou uns exames, uns remédios, deu um monte de recomendações, então liberou a gente. Eu levei ela em casa e fui pra minha. Não tinha ninguém em casa como de costume, estava no corredor seguindo pro meu quarto quando vejo a porta do quarto do Jason entreaberta, me aproximei e ele tava falando no telefone enquanto fazia abdominais.
-“ Fica tranquilo pow, eu vou tá lá essa noite.... É, cara, eu dou minha palavra, tu acha que eu vou arriscar meu pescocinho de novo?” – ele riu apesar de parecer meio aflito. – “Eu sei que da última vez quase deu merda, quase que eu ferrava com minha vida!... é eu sei, não vou vacilar dessa vez, não esquece de levar o pacote... Beleza, tchau”
Me afastei por um instante e voltei a andar, ele percebeu minha presença.
- null?! – ele gritou, eu voltei pra porta. – Tava ouvindo minha conversa?! caralho!
- Não, sua conversa não me interessa assim como sua vida. – disse arrogantemente. – Pra sua informação, eu acabei de chegar do médico com a .- Nossa, ta afiada em mocinha. – ele disse com tom de ironia. Ele se levantou e tava só com um short de ginástica e se aproximou de mim exalando sensualidade. É Caio Jackson de Abreu, “pisa que ele gruda”. Me fiz de desentendida. Aquele mistério todo não me convencia ainda.. ow, aquele corpo me convencia em compensação.- O que tá aprontando chaveirinho? – ele disse me encurralando e colocando a mão no meu queixo. – Por que de repente ficou tão dona de si?
- Eu sou dona de mim Jason. – eu respondi com um sorriso irônico o encarando.
- Era até eu chegar aqui... – ele disse e me beijou, não se segurou apenas no beijo, colocou a mão no meu seio e apertou e falou no meu ouvido baixinho. – Por que depois que eu cheguei aqui você faz o que eu quero e sempre vem como uma cadelinha assim que eu chamo.
Ele acabou com a magia do momento, fiquei inerte e sem reação, ele continuava me humilhando.- Vai beber seu leitinho, as meninas super poderosas já tá passando na TV. – ele disse me soltando e indo pra cama dele.
Isso não ficaria assim Jason, não mesmo, por que mesmo apaixonada por você eu ainda era null null e ninguém me humilha assim e fica sem o troco.
Eram 10 da noite e eu, a e o Oliver estávamos nos equilibrando andando embaixo de uma ponte entre os buracos cheios de água.
- Ah meu Deus null null, onde você foi meter a gente? – a dizia tentando se equilibrar no salto. Ela tava agarrada em um braço do Oliver e eu em outro.- No Grace! – eu disse gritando ao pisar em uma pedra.
- Sinto informa querida, mas o Grace não fica pra cá. – o Oliver disse segurando nós duas e tentando não sujar a roupa dele.
- Mas eu ouvi ele falando Grace! – eu disse e a parou de repente olhando pra uma placa atrás de mim, eu me virei e tinha em letras luminosas... – “Grave”... Bem, acho que alguém trocou o ‘v’ pelo ‘c’... – eu ri sem graça. – Qual é gente, isso acontece.- O que vai acontecer é da gente ser estuprada aqui! Olha esse lugar null? – a disse e realmente não parecia um local muito acolhedor.- Vê pelo lado positivo, o Oliver tá aqui pra defender a gente. – eu disse com um sorriso cínico.
- OMG!!! OMG!!! – o Oliver gritou e se soltou da gente e se afastou correndo com a mão na boca. – Aquilo é uma ratazana!! – gritou com voz de gay. – Ah meu Deus, me tira desse lugar, me leva pro céu, me manda pro inferno, mas tira desse lugar, olha essa ratazana, parece uma raposa de tão grande que é! To abobado.
- Grande segurança você arrumou pra gente... – disse com cara de aff. – Vamos lá? – ela apontou pra entrada.
Narrador Onipresente
Uma festa no Grave era a típica festa que null e null estavam acostumados a irem. Muita putaria, bebida, drogas, sexo, menores de idade, brigas, prostituição, enfim... Nada que chegasse perto do que estivesse acostumada.
“ Eu costumo me satisfazer sozinha pensando em você...Você faz um ótimo trabalho na minha imaginação null... bjs, Pri”
- Ah meu Deus, agora eu vi mesmo! – null disse batendo o celular em cima da mesa de centro após ler a mensagem de Priscila e virando o seu copo de bebida. null e Allan se aproximaram e se sentaram ao lado dele.- Por que essa cara de bicha que quebrou a unha? – o null perguntou enchendo o copo dele.
- To irritado, a Priscila tá pegando pesado agora! – ele disse.
null pegou o celular dele.
- “ Eu costumo me satisfazer sozinha pensando em você...Você faz um ótimo trabalho na minha imaginação null... bjs, Pri” – null leu forçando voz de mulherzinha. –Pririguete, só se for!
Os três riram.- Mas qual é null, você não parece ser o tipo de cara que recusa uma mulher louquinha assim... – o Allan disse virando uma garrafinha de ice.
- Não é isso... – null tentou explicar.
- É que a que ele quer tá ocupada demais tirando as cutículas do Jorgito Gonçales. – null disse.
- Há há há... – null disse ironicamente. – Puta melhor amigo você é, não é? Claro que eu não to interessado na , dã, olha o meu mundo, olha o dela, ela nunca entraria num lugar desses!- Eu sou seu melhor amigo e digo que se você quer, vai lá e pega mano, sem se importar com as consequências, o que importa é o que tu quer... – null passou o braço pelo ombro de null e lhe alcançou.
- Consequencias não são importantes pra gente, mas pra garotas como ela, é vital, tudo gira em torno de “meu Deus o que vão falar de mim? meu Deus o que vai ser de mim? Minha reputação! Minha família! Minha vaga na faculdade! Meu namorado boiola punheteiro!” – null disse ironicamente.- Quem mesmo você disse que nunca pisaria num lugar desses? – Allan disse olhando pra porta. Os três encontraram , null e Oliver entrando no Grave.
- Puta que pariu, eles estão ferrados. – null disse coerentemente.
- Ah, agora eu vejo a null dançando até o chão! – null falou rindo e ele e Allan bateram as mãos no alto.
- Ok, agora a gente já pode ir. – Oliver disse dando meia volta. null puxou pelo braço dele.
- Não, agora que a gente ta aqui não dá pra sair assim, a gente vai parecer suspeito e tal!- Ótimo, estamos presos! – disse gritando por causa do som alto.- Bingo! Eu sabia que ele estaria aqui! – null avistou Jason entrando em um corredorzinho. – Divirtam-se e eu irei investigar isso!- Me divertir? – disse cruzando os braços assim que null saiu.
- É, geralmente eles se divertem bebendo uma dúzia de garrafas de bebidas e transando com dezenas de pessoas em uma mesma noite e se drogando loucamente. - - Oliver disse.- Não é meu ideal de diversão... – disse bufando. – Talvez uma bebida, pode ser?
- Claro... – Oliver disse e os dois foram pro rumo do bar. null tentou se esconder.
- É gente, vou ali curtir uma ‘joinha’. – null disse se levantou e sumiu na multidão.
null ficou observando de longe, ela parecia curiosa, o tornozelo estava discretamente enfaixado e ela batia o pé bom no chão acompanhando a música timidamente.
null entrou no mesmo corredorzinho por onde Jason tinha entrado até ser bruscamente jogada contra a parede.
- O QUE TU TÁ FAZENDO AQUI SUA PIRRALHA?! – Jason a repreendeu severamente. – TÁ ME SEGUINDO PORRA?!
- Para Jason, tá me machucando! Eu só to curtindo a festa, eu não sabia... – ela tentou inventar alguma história e Jason continuava segurando forte o seu braço. – Eu não sabia que você estaria aqui, me solta, ta machucando!
- Eu deveria te quebrar todinha sua pilantra, tu tá curtindo com minha cara é? – ele dizia irritado.
- Ei, não vai quebrar ninguém aqui não caralho! – null chegou segurando o braço dele e o separando de null e segurando na gola da camisa dele.. – Eu chamei ela pra esse point e nem sei que merdinha você é, ok? Ela é minha convidada e o Grave é meu point muito antes de você pisar essa sua bota de marca aqui. O Marcão é meu amigo, o Tulio, o Beck e toda a rapaziada da pesada e da organização aqui são meus amigos, então é melhor não curtir com minha cara nem com a das minhas convidadas!null o empurrou e Jason teve que se segurar na parede pra não cair. Ele olhava fixamente pra null que permanecia assustada atrás de null.
- Que novidade hein null? Tá com um namoradinho valentão agora? – Jason disse limpando a boca e arrumando o colarinho da camisa olhando desconfiado pra null.- Cala a boca Jason... – null disse e ele saiu olhando pra trás. Permaneceu na festa, mas afastado.null se virou e encarou null... Ele lhe lançou um olhar reconfortante e parecia haver afeto no olhar dos dois, permaneceram em silêncio até...
- Ah não miss-não-solto-peido, você não vai chorar, vai? – ele disse meio desconfortável.
- Argh... – null virou o rosto vencida e logo o encarou de novo. – Obrigada por ter me defendido, espero que o Marcão, o Tulio e o Beck estejam por aqui por que o Jason não gosta de perder uma batalha.
- Tanto faz, eu não conheço eles mesmo.. – null disse.
- O quê?! Como assim?! Você mentiu! – null disse incrédula e depois começou a rir. – Sabia que você não era tão fodão assim.
- Sou mais fodão que esse bosta aí que você tava seguindo. – null disse sério. – Qual o teu lance com esse cara? Ele não parece ser boa peça, toma cuidado.
- Não é da sua conta... Eu conheço o Jason e ... – null começou a se explicar com as mãos na cintura.
- Não, você não o conhece, se o conhecesse não estaria se escondendo dele pra tentar descobrir alguma coisa. – null a interrompeu. – Se cuida novinha, aqui o lance é pesado.null disse e por fim saiu. Maira Clara foi ao encontro de e Oliver que estavam no bar.
- Abortar missão... Finjam que estão se divertindo. – null disse se sentando na mesa com cara de frustrada.
virou mais um copo de caipirinha.
- O que houve? Descobriu alguma coisa? – Oliver perguntou.
- Descobri que o Jason é uma merda de um ignorante e violento e descobri que o socorro pode vim de onde menos se espera. – null disse com cara de tédio olhando pra festa sem animação.- Não entendi nada... – disse virando mais um copo.Uma moça pouco vestida se aproximou de e sem falar nada lhe entregou um guardanapo.
- Pra que é isso? – falou já um pouco alterada. – Eu to babando? Isso é pra eu me limpar? – e começou a rir. Abriu o guardanapo e gelou ao ler o que tinha escrito.
“... Cuidado ‘null’, viraria bicho se algo acontecesse com você...”Os olhos de se encheram, o coração acelerou de tal forma que deu tontura... Só uma pessoa lhe chamava de null. Ela olhou para os lados procurando o autor do bilhete e encontrou null do outro lado da pista... Dançando com uma garota ruiva que sensualizava muito com ele. ficou com raiva, amassou o papel e jogou dentro da bolsa, seja quem for que fez essa piada de mal gosto não melhorou em nada o dia dela. Voltou a beber e a virar mais copos de caipirinha.
Começou a tocar Radar da Britney Spears e como todo gay que se preze, Oliver logo deu seu gritinho.
- Birtney! Diva! – ele gritou balançando o cabelo.- Você me faz passar vergonha Oliver. – null disse com a mão no queixo.- Ah, deixa eu viver e vamos fazer ciúmes pro tal de Jason. – ele disse e puxou null pra pista. continuou sentada na mesa alta de cadeiras altas e bebendo e olhando pra null dançando com a tal ruiva.Oliver e null começaram a dançar na pista sensualmente. null sabia dançar graciosamente principalmente essas músicas pop’s tipo Britney e Lady Gaga, logo uma mini rodinha foi feita em volta dos dois. Jason observava de longe, mas não era o alvo de null que parecia está mesmo pouco se fodendo pra ele.Ela colocou os braços em volta do pescoço de Oliver e abaixou a cabeça dançando, parecia triste, mas continuava dançando. Oliver se afastou por um momento e null foi puxada pela cintura pra trás. null a agarrou pela cintura e a puxou de uma vez ao encontro dele.- Ain... – null fechou os olhos ao sentir seu corpo chocando com o de null.- Se quer fazer ciúmes pra um cara, tem que procurar um cara de verdade, não uma biba afetada. –ele dizia no pé do ouvido dela enquanto guiava os passos dela com a mão em sua cintura.- Quem seria o cara que eu to tentando fazer ciúmes? E quem seria o cara que vai me ajudar a fazer ciúmes nele? – null perguntou.- Não sei, mas os dois são sortudos pra caralho. – ele respondeu sorrindo e a virou de uma vez, colou o seu corpo ao dela e colocou a mão na nuca dela. – Mas tem que fazer direito...
Ele a beijou, ela aceitou. , Oliver e null olhavam incrédulos e null ria muito. O beijo dos dois estava ficando mais quente, pareciam não ficar saciados um do outro.
- Ei, pode parar com a palhaçada aqui. – Jason os interrompeu visivelmente irritado. – null você é menor de idade e eu preciso te levar pra casa agora!
- Ow cara. – null disse rindo e olhando pros lados tentando disfarçar. – Fala baixo se não vai sobrar merda pro nosso lado.- MENOR DE IDADE AQUI?? – um grandalhão abriu caminho no meio do pessoal e logo se ouviram som de policia chegando.
- Fudeu mano! – null falou e logo procurou a tal saída de emergência que tinha em toda festa clandestina que eles iam. desceu as escadas e viu Oliver sair correndo com mais outras pessoas.
- Grande amigo! – ela reclamou alto consigo mesmo.Jason partiu pra cima de null que logo lhe deu um soco no rosto. null abriu caminho entre a multidão e logo puxou null assustada.
- Vem, vou tirar vocês duas daqui! – ele disse. também estava junto com uma garrafinha de ice.
- Poxa agora que eu to me divertindo. – disse sarcástica e logo os três saíram do Grave.
Meia hora depois, estava em casa e foi devidamente “escoltada” por null que seguiu o táxi que a levou dormindo, em sua moto. Uma hora depois, null já estava em casa, nunca se sabe como ele e null se livram dessas enrrascadas, só se sabe que eles desencadeiam e são os primeiros a sumirem.
null costumava dormir só de cueca e costumava deixar a porta aberta na esperança utópica de um dia Priscila querer acordá-lo como acorda null.- O que tá fazendo aqui? ah meu Deus! – ele disse após o susto inicial ao vê-la entrando no seu quarto com um robe cor-de-rosa. Priscila? Não, null.
-Política da boa vizinhança, as portas estão sempre abertas. – ela falou com um sorriso disfarçado e com os braços cruzados nas costas.- O que tá fazendo aqui? – ele disse se sentando na cama de frente pra ela ignorando seu seminudismo e aproveitando da situação.
- Eu vim reclamar com você! – ela disse se aproximando.- Ah não null, na boa, eu não quero discutir contigo agora não, falou? – null disse estranhando a aproximação.
- Eu vim reclamar, por que você “não fez direito”.. – ela disse soltando o laço do robe – Por que você não terminou o serviço.
Ele sorriu e ela retirou o robe expondo a lingerie roxa. null colocou a mão na cintura dela e a puxou para o seu encontro fazendo ela sentar no seu colo de frente pra ele.
- Você me odeia, por que tá fazendo isso? – ele disse mordendo o lábio dela e desabotoando seu sutiã.
- Por que você é nojento, é asqueroso, é idiota...
- Xinga mais... – ele riu.- Mas é gostoso e me deixou com vontade essa noite e null não gosta de passar vontade e... – ela continuava falando e ele pôs o dedo na boca dela a silenciando e a deitando na cama.
- Silêncio, você fala demais deixa eu calar a sua boca direito... – ele disse e por fim os dois transaram, bem no estilo deles, selvagem e disputado. Antes de amanhecer, null já havia voltado pra casa sem ser percebida.
F5, F5, F5, F5, F5, F5 Atualizações e as noticias bobam na OTT! Os queridinhos do San Sebastian em festas clandestinas. null e null: novo casal? null null com segredinhos em relação à uma princesinha do San Sebastian? Cuidado null, seu segredo será revelado, por que Got You On My Radar! Bjs..
CAPITULO 9
Narrando
“ Aan, não sei bem por que eu to escrevendo, mas eu tenho que colocar pra fora o que eu venho sentindo, quer dizer, observando. Você já sorriu em frente o espelho? Mas tipo, sorrir de verdade, verdadeiramente, aquele sorriso que você dá quando sua melhor amiga te abraça. Se já... você já percebeu como seus olhos ficam pequenos e como surge uma null covinha na sua bochecha esquerda? E olha, acho que você nunca percebeu, mas tomara que alguém já tenha percebido e te falado que você fica muito fofa quando a null diz uma besteira na sala e todo mundo ri, e você fica com tanta vergonha do que ela falou, mas não consegue esconder o riso e tipo, você tenta não rir, mas é vencida e todo aquele esforço que você fez pra controlar sua impulsão faz seu rosto ficar levemente corado, suas maçãs do rosto parecem ter levado mais uma dose de ... daquele negócio que as meninas colocam no rosto... espera, to tentando lembrar o nome, ah, blush! Isso! Me desculpa, acho que to meio nervoso... é só que, argh, eu odeio quando você abaixa a cabeça em silêncio e o modo como anda no corredor como se cada pessoa, cada armário, cada átomo ali seja uma ameaça pra você... acho que é isso, eu vejo medo no seu olhar, e os seus olhos são tão lindos, tão inspiradores e tão hipnotizantes que eu odeio ver nele algo que te deixe triste. O que te deixa triste?
Ah que droga! Eu tenho vontade de te abraçar e passar a mão no seu cabelo e te falar que tu não ta sozinha viu guria, que de longe eu tento assim do meu jeito olhar o mundo por ti, olhar pra ti tem sido minha brisa favorita... o som da sua voz fraca e tímida na escola tem sido um acalanto e o cheiro do teu perfume francês é confortante. Tipo, eu quero que assim, despretensiosamente, você dê um daqueles belos sorrisos seus, só pro meu dia e pro dia de mais uma pá de muleques estranhos ganharem o dia deles. Confesso, te vê passando no corredor da escola tem sido a melhor parte do meu dia e eu não suporto mais vê-la triste... isso tá acabando comigo peq... . Não sei mais o que te dizer, só queria de alguma forma te ajudar e dizer que teu cabelo é lindo, tua voz é linda, teus olhos, tua pele, tua boca, o seu cheiro é bom, tu é garota mais inteligente que eu mesmo distante conheço, tu é a pessoa mais esforçada e solidária que eu já vi na minha vida e eu odiaria ver suas lágrimas sendo desperdiçadas novamente... não deixa nada te afetar guria, permanece forte... tu é forte, eu sei e o seu sorriso? caralho, o seu sorriso muda tanta coisa a sua volta... ”
Minhas pernas deviam está, sei lá, tremendo, e eu tive que correr pro banheiro e me trancar em uma cabine pra enfim chorar... Um estranho me conhecia tão bem... Eu me senti invadida e ao mesmo tempo com mais medo ainda, sabe aquele medo que bate quando alguém que você não conhece te conhece muito bem? Pois é. Mas logo depois do meu primeiro pensamento automático em relação a essa merda de medo que me acompanha todos os dias, eu finalmente abri um sorriso. Meu rosto estava queimando e aquele sorriso fora verdadeiro, pena que foi ali escondido de todos inclusive do anônimo ou anônima que resolveu levantar um pouco meu astral. E conseguiu... sei lá se o meu sorriso humildemente mudava alguma coisa ao meu redor, mas aqui dentro, aquela null iniciativa ajudou bastante. Quer dizer que há algo em mim notável e bonito? Eu tenho que me apegar a ele, não é? E tentar descobrir quem é a pessoa que resolveu me dá esse belo presente.
Sai da cabine e encarei o espelho. Dobrei a carta redigida no computador e a guardei dentro da minha agenda. Peguei papel toalha e enquanto limpava as lágrimas cuidadosamente pra não borrar mais ainda a minha maquiagem, eu... eu sorri. E aquela covinha apareceu mesmo no lado esquerdo. Sai do banheiro e encarei o corredor, o velho corredor, os velhos medos que agora eu tentava despeçar com aquele tal sorriso que a pessoa citou. Quem haveria de ter escrito esta carta? Quem dedicaria horas do dia a observar o meu sorriso, o meu cabelo, a minha voz? Será que ele estava me olhando agora? Será que está gostando do meu sorriso? Deveria ser alguém maravilhoso e romântico pra escrever de tal maneira. Romeu? Menos , menos. “Ler romances faz você vê amor onde não tem.” Mas enfim, quem seria ele?
null Narrando
- Eu consigo arrotar mais alto que você null! Para de arrotar como um viadinho! – eu disse me acabando de ri. Eu, o null, o Allan e mais três brotos gente fina estávamos no gramado do lado de fora do prédio. Lá dentro era só aquela monotonia toda de alunos pra lá e pra cá na hora no intervalo. Ah, deixa eu apresentar o Lucas, o Hiago e o Tarso. Eles são uns caras da pesadinha aqui do San Sebastian, eles tentaram em vão ser os caras maus da escola no passado, mas... tossidinha, é meio difícil quando se acha que o máximo de maldade é colocar o lixeiro no alto da porta da sala de aula. Qual é, essa é antiga demais. Enfim, a gente se juntou, por que tínhamos objetivos em comum.
- Tenho planos malignos pra eles! – o Lucas disse esfregando uma mão na outra. Depois da piada inicial sobre o arroto meio gay do null eu fiquei quieto girando um folha de uma árvore com os dedos indicador e polegar e ouvindo eles conversarem.
- Ok, nós vamos ser a melhor fraternidade que o San Sebastian já ouviu falar, vamos colocar aqueles merdinhas no lugar deles e vamos... – o Hiago começou a falar até ser interrompido pelo null, que levantou e abriu as mãos como se mostrasse um painel. Muito teatral. Muito null null.
- Escrever os nossos nomes na história do San Sebastian. – ele disse por fim e o Allan puxou a calça dele pra ele se sentar.
- Senta aí cara, disfarça. – o Allan disse e logo desdobrou uma folha de papel A4 onde tinha um desenho impresso do computador com um nome “Os Felas”. – Eis o nome da nossa fraternidade: “Os Felas”.
- Espera, acho que você errou na hora de digitar. – o Tarso comentou com um dedo no queixo. – Não deveria ser “Os Feras” animal? – e começou a rir.
Eu, o null e o Allan permanecíamos quietos esperando eles pararem de rir.
- Não, tá certo. – eu tomei as rédeas da explicação. – É “os felas” mesmo.
- Os felas da puta. – o null disse batendo na própria cabeça com o dedo indicador. – Pegou essa?
O Tarso assentiu, todos eles assentiram e entenderam.
- É por que afinal, é isso que nós somos: todos uns bando de filhos da puta querendo toca o terror em uma escola rígida que acha que põe alguma rédea na gente. – eu disse me levantando. – E viva a liberdade! E viva a rebeldia! Eu faço a porra que eu quiser por que eu sou um filho da puta mesmo e eu não to nem aí com o...
- null null, ARRUMA JÁ ESSA GRAVATA! – a inspetora gritou do meio do pátio me interrompendo. O null ficou me zoando muito até ver a null na janela da biblioteca.
- Falou gente, eu tenho que satisfazer minha mente ali. – ele disse se levantando.
- Só a mente? – eu perguntei me acabando de ri. Nós trocamos um olhar de “ah seu garanhão se deu bem. Eu sei que você pegou ela selvagemmente!!!”. E rimos, ninguém entendeu nada. Qual é, nosso grupo tá crescendo, mas ainda somos eu e o null forever and ever.
null Narrando
Droga! Tipo, ain, foi ótimo, foi incrível e eu ainda hoje me excito só de lembrar daquela noite com o null, mas não, argh, por que eu fui cair na tentação? Ele é tipo, o cara errado que garotas como eu devem evitar. Eu posso pegar os bad boys que no currículo tem apenas aquela brincadeira super passada de colocar o lixeiro na porta da sala, é esse tipo de bad boy que eu posso pegar, não um cara que solta arrotos em públicos, fuma, bebe pra caralho e frequenta assiduamente festas clandestinas. E não, eu definitivamente não deveria ter cedido aos encantos do null null, ele é oficialmente e publicamente meu inimigo declarado e é assim que vou continuar agindo, com a mesma frieza e segurança que eu passava antes disso para ignorá-lo. Repeti pra mim mesma umas 15 vezes enquanto fingia procurar um livro na prateleira de geografia mundial, eu deveria está procurando um livro, mas meus olhos passeavam por lá, mas estavam grudados na minha mente relembrando aquele corpo nu emcim... balancei a cabeça tentando afastar o pensamento.
- É isso, é tudo uma questão de disciplina, eu só tenho que me policiar. – pensei alto comigo mesma respirando fundo.
- Policia? – me arrepiei toda... de susto quando o null cochichou no meu ouvido, quase derrubou uns três livros da estantes. – Eu gosto dessa fantasia.
Me virei rapidamente tentando disfarçar. Concentra, disciplina, frieza, segurança e lá vamos nós.
- De-deve ser por que já esteve muitas vezes em uma delegacia e te-tenha ficado... impressionado. – ok, cala a boca null! Isso foi horrível! Ele me olhou franzido a testa e segurando o riso confuso.
- Tá tudo bem? – ele perguntou ainda confuso.
- Tudo... – respondi com as mãos na cintura. – Quer dizer, estava melhor antes de você aparecer.
Disse isso e me virei fingindo procurar um livro na prateleira, notei que ele ficou parado, mas logo começou a me acompanhar cochichando.
- Ah, eu sei o que tá acontecendo. – ele falava e eu tentava disfarçar abrindo um livro aqui outro ali. – Você tá no período de negação, “ah meu Deus como eu pude fazer? Não, não com ele. Preferiria ter transado com um camelo do que com nullnull”. – ele dizia imitando voz de mulher e mexendo as mãos freneticamente.
Eu me virei novamente pra ele.
- Shww. – mandei ele calar a boca e olhei pros lados. – Você.. você é louco cara! Eu... eu estava bêbada naquela noite ok? Transar com você foi um erro!
- Ah meu Deus... – ele ficou com uma cara de ressentido e pôs a mão no peito sem deixar de me encarar. – Você preferiria ter transado com um camelo a ter transado comigo? Qual é, eu te fiz...
- CALA A BOCA ! – falei mais alto e algumas pessoas olharam. ARGH! ARGH!
- Vem calar... – ele disse com um sorriso cínico. Nossa velho, meu sangue subiu pra cabeça, eu dei um passo a frente querendo espancá-lo, mas logo lembrei do meu mantra... Disciplina e frieza e me virei novamente continuei andando pelo corredor e nem percebi que estava indo pra um lugar mais isolado. O null continuava me seguindo.
- Ah qual é null, você não parecia esse tipo de garota que tem crises de consciência depois de uma boa transa casual. – ele disse me seguindo ou melhor me perseguindo. Tudo o que eu queria é que ele desistisse antes de perceber que eu... – Você tá nervosa. – antes que ele percebesse que eu tava nervosa. – Tá nervosa com a minha presença. – ele disse rindo e me abraçando por trás. – Ah meu Deus, você tá doidinha pra me possuir de novo null! – ele disse abafando o riso no meu cabelo.
- Cala a boca null! – eu disse fechando os olhos já irritada.
- Eu já disse: vem calar. – ele falou e me virou me empurrando contra a estante e é, eu o beijei.
Ele segurava forte na minha nuca e enfiava a mão no meu cabelo enquanto segurava forte minha cintura, parecia querer me levantar de tanto que me pressionava contra a estante, um livro caiu, um ou dois, foda-se, eu cai na tentação de novo e isso tava errado, mas tava muito gostoso.
null Narrando
Eu já estava nessa rotina há uma semana: todos os dias depois da aula, eu disfarçava de todo mundo, até do meu melhor amigo e ia assistir o ensaio da peça da escondido. Ficava lá, nas últimas fileiras assistindo observando o modo como ela atuava. Atuava muito bem por sinal, o que me deixava meio orgulhoso e meio irritado... Tinha umas cenas lá mano, que na moral, dava vontade de provocar um acidente nesse Naran, não, não precisa por a mão na cintura dela, nem beijá-la. Tá que o beijo, nem era beijo de verdade, eles conseguiam fingir colocando o cabelo da na frente, mas essa aproximação me incomodava. Cadê o imprestável do Jorgito pra por ordem nessa bagunça?
- Ok, atenção estrelas. – a senhora Feliciano gritou batendo as duas mãos. – Vamos ensaiar a última cena.
Peguei o livro dentro da minha mochila e abri na página da última cena.
“ - Não, eu não o vejo, mas eu o ouço! Dionisio! Dionisio!” – Anastásia dizia com um sorriso enorme no rosto. Dionísio permanecia parado atrás dela com o coração a palpitar descontroladamente. Tentava fingir o sorriso, pois precisava disfarçar. Pobre Anastásia, nunca saberia que aquela era a festa de noivado que a família de Dionísio queria impor, ele parecia ignorar a presença de todos aqueles que tanto foram contra seu romance com a pobre garota. – Eu quase posso dizer como você é, eu ouço esse som diz que é pra eu não desistir.
- Diga-me Anastásia. Diga-me... Como me vê? – Dionísio falou se aproximando. Anastásia aquela altura já sabia que o amado estava por perto, mas não conseguia virar, estava paralisada, Dionísio tinha cumprido a promessa: havia revelado a todos que ele amava.
- Vejo teu coração, e vejo que tu és lindo por dentro e o que tu tens por dentro ilumina, resplandece, transborda pro fora Dionísio. – Anastásia dizia segurando uma mão a outra na altura do peito, visivelmente emocionada, a garota cega do vilarejo, a garota amaldiçoada, olhava pro nada em busca dos traços do amado. – Tua voz... Tua voz meu doce amor, me faz querer dançar e tua voz a cantar uma canção pra mim me faz querer ter asas pra contigo voar...
- Anastásia... Você me enxerga tão bem quanto qualquer pessoa que me veja todos os dias por inteiro me enxerga. Enxerga meu coração, que por sinal é teu... ”
Fechei o livro rapidamente e o joguei na cadeira ao lado assim que ouvir umas pessoas entrando. Me escondi no espaço entre duas fileiras, assim que elas passaram observei que mais gente entrava e tentei catar minhas coisas rapidamente. Sai voado do auditório e parei de repente, abri minha bolsa e nada...
- Não acredito velho. – resmunguei procurando o maldito livro. Me sentei no chão e virei minha bolsa, caiu tudo: um caderno, um saco de batata frita, uns cinco saquinhos de jujubas, minha carteira, muito lixo, minha prova de química, a de física e a de geografia amassadas, caiu camisinha, pen drive menos o maldito do livro. Desisti, catei tudo de volta e fui pra casa.
Era umas 9 horas da noite quando eu tava jogando vídeo-game na sala de jogos com o null.
- Aí ele pegou e disse blá blá blá... – o null falava enquanto a gente jogava Mortal Kombat. Ele é tipo, o único ser humano da terra que consegue jogar Mortal Kombat tagarelando feito uma piriguete carente, ele faz isso pra humilhar a gente por que ele mesmo conversando ganha de todo mundo. Ah, foda-se, minha mente tava em outro lugar e eu só escutava uma coisa do null... – Blá blá blá, ai eu disse: “mano, não é assim”, aí, será que tem danoninho na geladeira? Aí putz mano, você bate como um viadinho no vídeo-game, fala sério.
Tava com a mente em outro lugar, mas precisamente na , esse clima com ela vinha me matando. Por que eu podia conversar e socializar com todo mundo naquela escola e tinha que ficar naquele climão justamente com quem eu mais gosto de conversar? Ou melhor, eu gosto mesmo é de ouvi-la... Não tava mais suportando isso, estava... agoniado demais, aflito demais, o meu corpo formigava pra ir falar com ela, ao menos um “oi , tá fazendo sol no seu bairro por que no meu tá meio nublado hehe”, piada idiotas, conversas idiotas, qualquer coisa idiota que a faça sorrir ou ao menos notar que eu existo. Disfarça a minha crise existencial de “ela não me nota”, mas que bosta, que conversa foi essa de bairro?
- Ei! – eu disse mostrando o dedo indicador. – Tive uma ideia!
Eu disse levantando abandonando o jogo.
- Onde ‘cê’ vai maluco? Tá arregando é? – o null disse.
- Preciso resolver uma pendência. – eu disse sorrindo.
- Aonde? Com quem? – ele perguntou.
- Na casa da , com... a . – eu respondi sorrindo e sai voado.
- Ah tá gamadão null null! – ele disse me zoando e rindo ao longe.
Sai de casa ignorando o frio que tava fazendo. Tava de camiseta preta, calça jeans e tênis vans branco. Peguei minha moto e fui pra casa dela.
15 minutos, milhões de palavras ensaiadas e zilhares de descargas de determinação depois... Eu estava parado no jardim dela, estagnado olhando pra janela do quarto dela. Ela tava acordada a julgar pela luz ligada, a fina cortina lilás e logo vi sua sombra passando por trás lendo um papel de um lado pro outro, provavelmente ensaiando a peça. Me aproximei da janela que ficava no segundo andar, não sei como consegui entrar lá sem os seguranças encherem o saco. É, anos de experiência fugindo de casas de amantes antes que seus pais zangados quisessem arrancar meu bem maior. Tinha uma pilastra enorme enrolada por umas samambaias, sei lá, que planta era aquela. Comecei a escalar com facilidade...
Já alcançava o parapeito da janela quando me estiquei pra ver se estava tudo ok, ela estava de costas perto da cama ainda lendo o papel. O combinado seria, entrar no quarto dela sem fazer barulho, pedir pra ela ter calma e falar o que eu tenho que falar. O combinado já estava escrito na minha mão: “me desculpar com ela”. Coloquei a perna direita dentro do quarto e assim que fui colocar a esquerda tropecei em mim mesmo, argh.
- AH! – ela gritou baixinho de susto e se virou com a mão na boca. – null?!
- Oi . – eu disse me levantando. – Ai caralho. – eu disse franzido o cenho de dor.
- O que tá fazendo aqui seu louco? – ela perguntou ainda incrédula fechando o robe preto. – Como conseguiu ultrapassar a segurança e os cachorros?
- Experiência. – eu disse batendo as mãos no bolso e me aproximando dela que se esquivou. – Eu preciso falar com você...
- E não podia ser ligando antes ou de um modo mais... civilizado? – ela perguntou com as mãos na cintura.
- Então fodeu, por que eu não sou muito civilizado. – eu disse sorrindo, aquele sorriso que deveria fazê-la rir também. Ela permanecia frigida e eu lembrei por que tinha vindo até aqui. – Ok, vamos direto ao ponto, me... me perdoa por ter falado com você daquele jeito.
- ... – ela ficou calada e seu olhar ficou confuso.
- Sério , me desculpa, eu fui um idiota, nós estávamos indo tão bem, eu gostava tanto de falar contigo e comer jujubas no intervalo da aula de educação física, eu odeio não poder falar contigo, sabe? E meu instinto dizia que eu precisava falar contigo, tipo, hoje, tipo agora aonde tu tivesse. – eu disse rapidamente a olhando nos olhos.
- Olha null... – não gosto quando as pessoas iniciam uma frase com ‘olha null’, ainda mais com a desse jeito: cruzando os braços e desviando o olhar. – Primeiro: seu instinto te disse isso? Que coisa mais fria de se dizer! Parece uma estratégia e segundo... Nós estávamos bem até eu ver você traindo o seu pai com a noiva dele, eu nunca pensei que você fosse desse tipo de pessoa, não pro rumo do seu pai e eu não quero está perto de pessoas assim.
Aquilo me calou por um segundo, “não quero está perto de pessoas assim”. Mas eu não desistiria...
- Não foi o instinto que me disse, tu tem razão, mas é que eu sou novo nessas paradas ! – eu disse perdendo a paciência já.
- Que paradas? – ela perguntou.
- Essas paradas aí de escutar o coração... – eu disse me sentando na cama dela sem ser convidado, era macia e branca. Entrelacei uma mão na outra e comecei a bater o pé direito no chão sem encará-la. Ela permaneceu imóvel, e ela nem ao menos sabia que era a única garota pra quem eu havia pedido desculpas por ter me arrependido de verdade.
- Bom... – ela pareceu procurar palavras. – E a Priscila?! Hein? – eu olhei pra ela e levantei novamente.
- A Priscila é uma louca, uma vadia que tá querendo dá um golpe no meu pai. – eu disse a olhando nos olhos. – Ela dá em cima de mim todo dia e eu te juro que eu nunca faria isso com o Richard. Querendo ou não, ele é meu pai, eu estou sob o teto dele, a Priscila não faz o meu tipo e eu nunca encostei um dedo nela.
- E naquele dia no estacionamento? – ela perguntou me desafiando chegando cada vez mais perto de mim, ela tava com cheiro de hidratante de morango, poxa, vamos parar de brigar, deixa eu sentir o seu cheiro.
- Ela que me beijou , o que tu queria? Que eu empurrasse a ‘mina’ contra o carro? Eu fiz o que eu pude e eu vou acabar com a moral dela com meu pai, eu só preciso que... – me calei. Seu olhar já estava se compadecendo, ela já estava quase lá.
- ... Precisa de quê? – ela disse baixinho erguendo a cabeça olhando nos meus olhos.
- Eu preciso que acredite em mim e que me desculpe por aquele dia. – eu respondi.
- Por que? Você mesmo disse que eu não tenho nada haver com a sua vida... – ela disse desviando o olhar. Eu coloquei a mão no seu queixo. Droga, como no dia do baile, eu puxei o seu rosto pedindo sua atenção.
- É importante pra mim. – eu só disse isso... ela segurou no meu pulso e checou o que eu tinha escrito lá.
- “Me desculpar com ela”. – ela leu e sorriu. – Mas o que é isso?
- Eu escrevo coisas importantes no pulso, pra não esquecer... – eu disse baixinho.
- Não sei, ainda tenho dúvidas quanto a sua índole em relação a noiva do seu pai. – ela disse se sentando na cama.
- Ok, você tem toda a razão de está desconfiada. – eu me agachei na frente dela. – Mesmo que você não acredite, eu vou provar que eu to falando a verdade. Por enquanto, nós podíamos voltar a ser amigos?
Fiquei encarando-a e esperando uma resposta que não veio. Resolvi não forçar a barra. Confesso, fiquei meio frustrado.
- Tudo bem, eu entendo, mas... – eu olhei pra mesa de cabeceira dela e peguei um caneta brilhosa rosa, a única que tava lá em cima. Peguei a mão dela e comecei a escrever no seu pulso enquanto falava. – Por enquanto, eu quero que não se esqueça de uma coisa... E pra não correr o risco de você esquecer, eu vou escrever no seu pulso.
- Mas vai sair assim que eu tomar banho... – ela disse enquanto eu escrevia, ela não via o que eu tava escrevendo.
- Mas toda vez que tu olhar pro teu pulso esquerdo, vai lembrar do que eu escrevi lá. – eu disse sorrindo e terminei de escrever.
Assim que terminei de escrever, alguém bateu na porta. Ela me olhou aflita.
- Você tem que sair daqui. – ela disse baixinho.
- ? Não me diz que já está dormindo? – era o Jorgito! Caralho!
- Ah meu Deus! – ela falou e se levantou indo até a janela do quarto dela. Eu a acompanhei e vi que tinha uns dois seguranças no jardim.
- , abre logo essa porta! – ele gritou do outro lado.
- Você tem que se esconder, o Jorgito mata a gente se te ver aqui! – ela disse aflita apertando o meu braço.
- Ok, relaxa. Ele vai ter que entrar na fila pra me matar. – eu disse sorrindo e me escondi embaixo da cama dela e, pasmem!, era muito limpo lá. Ela foi abrir a porta pro viadinho entrar.
- Você demorou demais, o que tava fazendo? – ele disse já entrando e eu só pude ver o sapato dele cor de caramelo. Putz, tá que eu não sou nenhum fashionista, mas isso tava muito brega. Eles ficaram um momento em silêncio depois da ter inventado uma história qualquer, depois eu senti ele batendo na cama ao lado dele. Estranhei. – Senta aqui. – ele disse com um tom malicioso. Franzi o cenho captando essa mensagem dele.
- Jorgito, a gente pode se falar amanhã? É que eu tenho que estudar a peça e ir dormir cedo... – ela falou ainda de pé há uns dois metros de distância dele. Não tava gostando disso, nem do tom de voz do Jorgito, os dois tecnicamente sozinhos dentro do quarto e a pouca roupa dela.
- Por que tá me mandando ir embora? – ele perguntou.
- Eu não to te mandando ir embora, por favor, néh? – ela rebateu.
- Tá sim, tá escondendo alguma coisa de mim ? – ele perguntou e meu coração faltou saltar pela boca, não por mim, mas por ela.
- Óbvio que não Jorgito. O que eu estaria escondendo? – ela disse se aproximando fingindo ter sido ofendida.
Ele ficou em silêncio e vi seu pé se aproximando bruscamente do dele, como se ele tivesse puxado ela pela cintura. Filho da puta!
- Talvez esteja escondendo algo de mim e talvez ele esteja dentro do seu robe querida. – ele disse com aquele tom de voz.
- Solta o meu robe Jorgito, eu não tirar ele. – ela falou tentando se afastar. Desgraçado!
Minha impulsão me fez querer levantar e partir a cara dele, levantei a cabeça de uma vez e bati ela na cama.
- O que foi isso? – ele perguntou. O que foi isso hein null? Ele é namorado dela, ele ta na casa dela, no quarto dela... na cama dela! Porra caralho! Não queria ouvir eles transando, já não me bastava imaginar que ela já devia ter dormido com ele, a minha , a minha null.
Eu senti a sentando ao lado dele e parecia meio nervosa.
- O quê? Sério Jorgito, meus pais podem não gostar de saber que você está aqui. – ela disse.
- Mas a gente não tá fazendo nada de errado meu amor. – ele disse se curvando pro rumo dela, eu senti que ele deitou ela na cama. Nada de errado é meu joelho nos seus ovos! – Não estamos fazendo ainda.
- E nem vamos fazer... – ela disse com uma voz meio abafada, como se ele tivesse beijando ela.
- Por que não? – ele perguntou.
- Por que eu não quero. – ela disse enfática e se sentou na cama. Seu pé estava próximo de mim e eu pude ver algo que é imperceptível a olhares distantes: ela tinha uma mini borboleta tatuada no pé. Eu sorri, era lindo e delicado como ela e bem escondido e discreto, como ela.
- E o que você quer? Ser virgem pra sempre? – ele disse se levantando. Ela ficou em silêncio. Eu fiquei surpreso, a era virgem mesmo namorando com o Jorgito a dois anos! Minha princesa era pura, era virgem, intocada! Ok, menos null, mas aquilo de alguma forma me deixou meio... aliviado.
- Não fala assim Jorgito, não fala como se fosse simples! – ela disse se levantando e indo rumo a porta.
- Claro que não é simples, com você tudo é complicado mesmo! – ele disse a acompanhando. – Eu to com fome, manda sua empregada fazer um sanduiche pra mim!
- Ok! – ela disse seca e abriu a porta do quarto, ele saiu e antes de sair ela olhou pra mim...
Não, não sai sem olhar pro seu pulso...
“O seu sorriso ilumina o mundo a sua volta. Não se esqueça de sorrir”.
Ela leu e sorriu pra mim, aquele sorriso sincero e logo balbuciou três palavras que expuseram o meu sorriso sincero...
- Eu te perdôo... – ela disse e saiu fechando a porta. Eu poderia ficar ali por mais tempo, quem sabe dormir ali no chão do quarto dela, mas eu tinha que arrumar um jeito de sair.
Narrador Onipresente
Fazia uma daquelas noites quentes em Erbon, e em como todo fim de semana ou em como todos os dias se preferir, as festas clandestinas subterrâneas estavam a todo vapor... literalmente. Os corpos fervilhavam numa mistura de bebidas, música alta, drogas, suor e sexo. Aquilo já não satisfazia Katy, a famosa ‘puta do Jackson’ como null e null diziam. A garota submissa era subestimada demais, mas ninguém saberia que aquela vadia calada tinha lá os seus truques. Naquela noite, Katy se sentou em um sofá velho e cheio de mofo enquanto os Gaizos do Inferno jogavam mais uma rodada de poker apostando dinheiro e vidas, ela ficava com seu notebook lendo navegando em algumas coisas enquanto enrolava uma mecha de cabelo no dedo. De tão calada que era, suspeitavam que a moça fosse muda e assim muda, ela clicou em uma página inesperada ou talvez procurada. A página brilhante roxa com detalhes bem patricinhos e uma chamada irresistível: Only The Truth: o melhor e o pior dos jovens society de Riviella”
Descendo algumas páginas já interessada, Katy ganhou pontos ao checar a informação chave a mais procurada por Jackson: o paradeiro de Snake e Siriqueijo.
“ Atualizações e as noticias bobam na OTT! Os queridinhos do San Sebastian em festas clandestinas. null e null: novo casal? null null com segredinhos em relação à uma princesinha do San Sebastian? Cuidado null, Got You On My Radar! Bjs.. ”
Katy resolveu ficar calada, seria sua carta chave... Ela era a única que sabia a verdadeira identidade de Snake e Siriqueijo e agora era a única que sabia onde eles estavam e não estava disposta a compartilhar essa informação com ninguém.... pelo menos por enquanto.
CAPITULO 10
null Narrando
- Poorra! – eu disse incrédulo olhando pra minha prova de matemática.
- O que foi? – o null se aproximou com a prova dele. – Quanto tu tirou?
- O mesmo que você? – claro néh, eu colei dele.
- Fazer o quê: somos nerds! – ele disse todo se achando.
- Ãh? Nerds não tiram zero virgula cinco em uma prova. Pensa. – eu disse e ele puxou minha prova assustado.
- Como assim zero virgula cinco? Eu tirei nove e meio! – tá... eu ri.
- Pode parar com a brincadeira null, o lance aqui é sério, não to afim de passar minhas férias de julho nessa caverna, ok? Pode parar com as piadas. – eu disse pegando a prova dele. – Porra caralho!!! Como tu tirou nove e meio e eu tirei zero virgula cinco se eu colei de ti?! – eu disse furioso. – Que professora mal comida! Ela errou a minha nota, só pode.
- Eu colei da Virginia... – o null disse piscando pra Virginia, a nerd da sala que parecia ter 65 anos a não ser por aquelas indiretas de que quer se libertar. Eu não diria isso se eu não achasse que ela tá querendo vender a virgindade dela pro null que não aceitaria nem de graça, risos eternos, coitada, enfim... – Mas olha, as provas são diferentes cara! Que tonto você. É melhor se espelhar em mim e virar um bom aluno...
- Se espelhar em você e seduzir uma virgem de 65 anos pra ela me passar cola. – eu interrompi ele e fiquei rindo, ele riu também.
- Hahahaha ai mano, sei lá, se vira. – ele disse amassando a prova dele e jogando dentro do armário. – Só sei que tu não pode ficar aqui nas férias de julho, lembra que todo ano a gente desce pra serra e acampa na praia e esse ano tem ‘mó’ galera pra ir também.
- Ok, o jeito é eu seduzir uma nerd espinhenta e virgem pra me ajudar. – eu disse com cara de tédio.
- Não precisa ser espinhenta. – uma voz disse por trás de mim e eu me virei.
- Oi Luana. – eu disse apertando o cenho. Eu e minha dificuldade máster em decorar o nome de todas as garotas que tentam me seduzir.
- É Lohanne. – ela sorriu sem graça.
- Ah, desculpa Lohanne, então, o que você manda? – eu disse jogando minha prova dentro da mochila.
- Eu posso te ajudar com a recuperação de matemática, eu tirei dez e adoro matemática. – ela disse com as mãos no bolso se mexendo e só faltou dizer “mas gosto mais de você”. A Lohanne era gata, ela fazia o tipo certinha e comedida na escola, o cabelo dela era ruivo, mas mais pro laranja do que pro vermelho, putz, olha eu reparando na cor do cabelo da guria pra poder falar... enfim, o cabelo dela ia até a cintura, ela não usava muito maquiagem e tinha seios fartos e cintura fina.... e o mais importante: realmente mandava bem em matemática.
- Sério?! E quanto tu cobra pela ajuda? – eu disse cruzando os braços.
- Não cobro nada não. – ela disse rindo como se eu tivesse feito uma pergunta idiota. Ela me fez sentir um idiota agora, eu fiquei rindo bobo com ela ali no meio do vai e vem do corredor. – A prova é amanhã, certo?
- Andou se informando, foi? – eu perguntei rindo.
- Não exatamente, as noticias correm. – ela disse e eu não segurei o riso.
- Então hoje, às 9 horas na sua casa, tudo bem? – ela disse.
- 9 horas não é um pouco tarde pra você? – eu perguntei estranhando. – E não pode ser em uma lanchonete ou na sua casa?
- Pode ficar tranquilo que eu ligo pra um táxi e me deixar em casa depois... – ela falou depois olhou pros lados como se procurasse alguém. – E nós precisamos de um lugar calmo e silencioso, a minha casa definitivamente não está silenciosa hoje.
Eu pensei um pouco ...
- Ok então, eu te espero às 9. – eu terminei de dizer e olhei distraidamente pro outro lado, a estava encostada no armário dela abraçando o livro de química e olhando pra mim.
Nós dois sorrimos ao mesmo tempo... suspiro. Ela se virou pro armário dela assim que a Lohanne pôs a mão no meu ombro pedindo minha atenção.
- Então tá, até mais tarde. – ela disse isso e deu um beijo no meu rosto e saiu.
Assim que a Lohanne saiu, eu fui em direção a , ela já tinha me perdoado, tinha sorrido pra mim daquele jeito então não teria problemas de eu me aproximar... exceto por ela ainda namorar aquele bosta falante do Jorgito. Desviei a rota e entrei no banheiro masculino assim que o vi se aproximando e a abraçando por trás.
Nove horas da noite, na minha casa, na calada da noite, no meu quarto... Tava estranho, mas vamos lá, não tava afim de ficar de recuperação na escola.
- Oooooi! – a Lohanne me deu um longo e animado ‘oi’ e logo em seguida se atrelou ao meu pescoço e me deu um beijo no rosto assim que eu abri a porta. Ela tava de regata amarela e saia rodada preta. Pensando.
- Oi... Lohanne. – eu disse me descolando dela. – Então, vamos? Por que eu ainda tenho que sair hoje.
- Tu vai pra onde? – ela perguntou.
- Pra algum lugar entre o céu e o inferno. – eu disse e sorri enquanto guiava ela pro rumo do meu quarto, por que no meu quarto mesmo? Pensando².
- Se quiser me levar eu posso ser sua anjinha ou diabinha. – ela disse rindo e eu olhei pra ela com uma cara de “é sério?”. Pensando³ – Eu to brincando.
- Ah ta, nem é isso, é que os lugares onde eu vou não são lugares pra garotas que tiram dez em matemática no San Sebastian, se é que você me entende... – eu disse um tanto sem graça.
- Entendo muito bem, pode ficar tranquilo. – ela terminou.
20 minutos depois, nós estávamos sentados no chão do meu quarto perto da janela, era o lugar que eu gostava de ler e escutar música, é, eu lia de vez em quando alguns romances de terror, essas coisas, não conta pro null, ele vai me zoar eternamente.
Não gostava da forma como a Lohanne se aproximava pra me explicar as coisas e parecia me... cheirar. Pensando. Mas de boa, continuei concentrado.
- Lohanne, eu vou descer pra pegar um suco. Tu quer alguma coisa? – eu disse me levantando contendo a aproximação dela.
- Sim, eu quero um suco de acerola bem gelado, por favor. – ela disse sorrindo e eu sai.
Assim que eu voltei pro quarto...
- Eu coloquei um monte de pedra de gelo no seu, mas por que tu bebe suco gelado assim? – na hora em que eu me virei a guria tava deitada na minha cama! WTF!
- Por que eu to com calor. – ela disse como se fosse óbvio, mais obvio ainda é que ela tá tentando me seduzir. Mas que merda, às vezes é dificil ser bonito e gostoso, as minas não deixam você manter a concentração em algo sério, só pensam em possuir meu corpo nu.
Pra disfarçar eu coloquei os copos de suco no chão perto dos livros como se pedisse pra ela ir pra lá.
- Vem. – eu disse meio sem graça. Merda!
- Vem cá você. Trás pra mim. – ela disse se sentando na cama com um sorriso.
Porra! O que eu ia fazer agora?
Eu limpei a garganta e a encarei.
- Lohanne, o que tá tentando fazer? – eu perguntei e ela continuava com aquele sorriso malicioso.
- To tentando fazer tudo... – ela disse e apontou com a cabeça pra cabeceira que ficava do lado oposto do quarto e... Não, não véi, o que é isso? Uma calcinha? Omg, é a calcinha dessa filha da puta!
- O que pretende com isso Lohanne? O que ta fazendo? – eu perguntei ainda incrédulo com a ousadia dela... Tipo, não que eu não pague pau pra garotas ousadas e seguras de si, mas era a Lohanne, era da minha escola, ela tinha 15 anos!
- Qualquer coisa desde que seja com você null. – ela disse levantando a saia.
Eu me virei meio nervoso.
- Tá na hora de você ir pra casa, eu não vou transar com você. – eu disse encarando ela.
- A gente ainda não terminou a lição de matemática. – ela disse se levantando.
- O que isso tem haver com matemática? – eu disse abrindo os braços.
- Considere isso a hora do recreio. - ela disse sorrindo.
- Há há há. – eu ri ironicamente. – Sério Lohanne, vai embora vai, não to afim de discutir.
- A gente não precisa discutir, é só sexo. – ela disse batendo o pé no chão.
- É o meu corpo e eu decido com quem eu transo e eu definitivamente não quero transar com você. – eu disse me aproximando dela.
- Mas eu sei com quem você quer.... – ela disse e eu encarei ela confuso. – Vai conceder exclusividade pra Barbie piranha? – ela disse mordendo os lábios.
- Você não tá falando da... – meu sangue subiu pra cabeça.
- Isso mesmo, da null! – eu avancei dois passos e parei, eu queria apertar o pescoço dessa vadia até ela se desculpar por ter chamado a de piranha.
- Cala a sua boca e vai embora da minha casa agora! – excedi a voz segurando em seu braço, ela se jogou na cama e gritou tirando a própria blusa e a saia. Eu não entendi absolutamente nada.
- null?! – o Richard começou a bater na porta pra saber o que tava acontecendo.
- Lohanne, você pirou?! – eu disse indo até a porta. Eu a abri, sai rápido e fechei em seguida. Demorei uns 3 minutos explicando a situação pro meu pai, quando voltei, ela tinha ido embora junto com todas as suas coisas. – Oxente, que ‘mina’ louca...
Acordei com o despertador como em todo o mês, já que a Priscila tinha viajado pra Nova York pra comprar as coisas do casamento. Graças a Deus. Aí tu se pergunta, “Meu filho se tu não quer que a gostosona te pegue, por que não assume que é gay ou tranca a porta do quarto?”, ai eu te respondo que eu tranco a porta do quarto, mas a vadia sempre consegue abrir com aqueles bambolês que ela chama de brinco. Tomei banho, me vesti, desci, tomei café com o null e com o Richard e a gente conversou sobre o ataque da Lohanne na noite passada.
- null, só te aviso pra ter cuidado com essas garotas, as mais santinhas podem ser as mais perigosas. – o Richard disse me “aconselhando”.
- E as que parecem perigosas tipo a Priscila? Elas são as santinhas? – alfinetei.
- O que quer dizer com isso? – ele perguntou enquanto bebia um gole de café. Eu e o null levantamos e pegamos nossas mochilas, fomos pra escola de skate.
- Nada não, só te aviso pra ter cuidado com essas garotas. – eu pisquei pra ele e saímos.
- Eu já arrumei as barracas, umas grandes, mas tipo, dizem que lá na praia tem umas cabanas, uns chalés, coisa assim. – o null dizia enquanto entravamos na escola. Os outros alunos nos olhavam de cima a baixo e eu não entendia. – Mas a graça tá em montar barracas e fazer desenhos de terror na sombra...
- null, por que as pessoas estão olhando pra gente como se fossemos personagens de Avatar? – eu disse ainda confuso.
- Nossa, não acredito que não escondi meu rabo direito. – ele falou e nós rimos muito até sermos interrompidos pelo Hiago.
- Pow null, tá que a gente é filho da puta, mas você exagerou na filhadaputagem. – ele disse parando na minha frente.
- Do que tu falando mano? – eu perguntei franzido o cenho.
O Lucas chegou pulando do skate dele e me entregando o ipad dele que é cheio de adesivos irados.
- ‘Tamo’ falando disso aí. – ele disse e eu peguei o ipad.
“ Que príncipe que nada, null null está mais pra lobo mau e ataca menininhas indefesas do San Sebastian. Cuidado garotas, fechem suas pernas, o loiro mais gostoso da cidade pode querer abri-las a força [...] A OTT apurou todos os fatos e descobriu que a vitima da vez foi a pobre e indefesa Lohanne Nascimento. Não se sinta acuada querida, estamos aqui pra defendê-la. Bjusinhos. ”
- Quem foi o filho da puta que inventou essa mentira? – o null disse puxando o ipad pra ele. Meu melhor amigo já sabe que é mentira sem fazer uma pergunta sequer pra mim. Olhei em volta procurando a Lohanne, encontrei o olhar da ... Aquele olhar furioso, contorcendo os lábios pra não explodir, mas que merda, eu andei em direção a ela ignorando algumas piadas.
- ! – eu a chamei e ela simplesmente se virou e entrou no meio de centenas de alunos que entravam na escola... Encontrei a Lohanne sentada em um dos degraus da escada usando um chapéu, aquela vadia! – Lohanne!
Ele se tremeu de susto e levantou rapidamente, me aproximei correndo e segurei em seu braço a puxando para um local mais reservado.
- O QUE TU FEZ HEIN? – eu perguntei furioso.
- EU NÃO SEI TÁ, EU NÃO SABIA QUE ISSO ACONTECERIA PORRA! – ela disse quase chorando. – Ta me machucando.
- O quê? Como eles souberam que tu tava na minha casa e pior, de onde eles tiraram essa história de que eu te forcei a qualquer coisa? Eu nem toquei em você Lohanne e tu ta fodendo com minha vida legal! Eu não quero você, tu tinha razão, eu quero outra, mas que porra, eu não fiz nada contigo!
- null, eu... eu não tenho culpa, eles... eles. – ela gaguejava. – Você não fez nada comigo...
“ – Foi tudo armação deles e eu também cai, eu sei, eu forcei aquela situação de propósito, me desculpa, mas eu não posso fazer nada”
A voz dela de repente se confundiu e eu ouvia saindo da boca dela e... e no interfone da escola!!!! Quem foi esse gênio?!
De repente eu olhei pra ela com um sorriso vitorioso enquanto ela tapava a boca instantaneamente assustada, depois saiu correndo e pelo corredor as pessoas ficavam comentando chamando ela de vadia, piranha, que eu fui vitima, que ela que ia me estrupar, tá, eu to exagerando, mas enfim...
- Vai montar a minha barraca no acampamento pra liquidar a divida de ter roubado o microfone da inspetora e colocado na salinha perto de vocês. – o null disse me acompanhando e me abraçando pelo ombro.
- Seu filho da puta, desde quando você é inteligente assim hein? – eu disse rindo aliviado. – Primeiro um nove e meio em matemática depois uma operação digna de filme de ação.
- Eu sou James Bond.... James Super Bonder – nos demos gargalhadas e seguimos pra nossa sala.
“Ok, errar é humano e mentir é mais humano ainda. A OTT pede... desculpinhas ao null pelo incidente provocado por vadias mal comidas. Uma boa ação do OTT. Bjusinhos."
Narrador OnipresenteMinhas pernas deviam está, sei lá, tremendo, e eu tive que correr pro banheiro e me trancar em uma cabine pra enfim chorar... Um estranho me conhecia tão bem... Eu me senti invadida e ao mesmo tempo com mais medo ainda, sabe aquele medo que bate quando alguém que você não conhece te conhece muito bem? Pois é. Mas logo depois do meu primeiro pensamento automático em relação a essa merda de medo que me acompanha todos os dias, eu finalmente abri um sorriso. Meu rosto estava queimando e aquele sorriso fora verdadeiro, pena que foi ali escondido de todos inclusive do anônimo ou anônima que resolveu levantar um pouco meu astral. E conseguiu... sei lá se o meu sorriso humildemente mudava alguma coisa ao meu redor, mas aqui dentro, aquela null iniciativa ajudou bastante. Quer dizer que há algo em mim notável e bonito? Eu tenho que me apegar a ele, não é? E tentar descobrir quem é a pessoa que resolveu me dá esse belo presente.
Sai da cabine e encarei o espelho. Dobrei a carta redigida no computador e a guardei dentro da minha agenda. Peguei papel toalha e enquanto limpava as lágrimas cuidadosamente pra não borrar mais ainda a minha maquiagem, eu... eu sorri. E aquela covinha apareceu mesmo no lado esquerdo. Sai do banheiro e encarei o corredor, o velho corredor, os velhos medos que agora eu tentava despeçar com aquele tal sorriso que a pessoa citou. Quem haveria de ter escrito esta carta? Quem dedicaria horas do dia a observar o meu sorriso, o meu cabelo, a minha voz? Será que ele estava me olhando agora? Será que está gostando do meu sorriso? Deveria ser alguém maravilhoso e romântico pra escrever de tal maneira. Romeu? Menos , menos. “Ler romances faz você vê amor onde não tem.” Mas enfim, quem seria ele?
null Narrando
- Eu consigo arrotar mais alto que você null! Para de arrotar como um viadinho! – eu disse me acabando de ri. Eu, o null, o Allan e mais três brotos gente fina estávamos no gramado do lado de fora do prédio. Lá dentro era só aquela monotonia toda de alunos pra lá e pra cá na hora no intervalo. Ah, deixa eu apresentar o Lucas, o Hiago e o Tarso. Eles são uns caras da pesadinha aqui do San Sebastian, eles tentaram em vão ser os caras maus da escola no passado, mas... tossidinha, é meio difícil quando se acha que o máximo de maldade é colocar o lixeiro no alto da porta da sala de aula. Qual é, essa é antiga demais. Enfim, a gente se juntou, por que tínhamos objetivos em comum.
- Tenho planos malignos pra eles! – o Lucas disse esfregando uma mão na outra. Depois da piada inicial sobre o arroto meio gay do null eu fiquei quieto girando um folha de uma árvore com os dedos indicador e polegar e ouvindo eles conversarem.
- Ok, nós vamos ser a melhor fraternidade que o San Sebastian já ouviu falar, vamos colocar aqueles merdinhas no lugar deles e vamos... – o Hiago começou a falar até ser interrompido pelo null, que levantou e abriu as mãos como se mostrasse um painel. Muito teatral. Muito null null.
- Escrever os nossos nomes na história do San Sebastian. – ele disse por fim e o Allan puxou a calça dele pra ele se sentar.
- Senta aí cara, disfarça. – o Allan disse e logo desdobrou uma folha de papel A4 onde tinha um desenho impresso do computador com um nome “Os Felas”. – Eis o nome da nossa fraternidade: “Os Felas”.
- Espera, acho que você errou na hora de digitar. – o Tarso comentou com um dedo no queixo. – Não deveria ser “Os Feras” animal? – e começou a rir.
Eu, o null e o Allan permanecíamos quietos esperando eles pararem de rir.
- Não, tá certo. – eu tomei as rédeas da explicação. – É “os felas” mesmo.
- Os felas da puta. – o null disse batendo na própria cabeça com o dedo indicador. – Pegou essa?
O Tarso assentiu, todos eles assentiram e entenderam.
- É por que afinal, é isso que nós somos: todos uns bando de filhos da puta querendo toca o terror em uma escola rígida que acha que põe alguma rédea na gente. – eu disse me levantando. – E viva a liberdade! E viva a rebeldia! Eu faço a porra que eu quiser por que eu sou um filho da puta mesmo e eu não to nem aí com o...
- null null, ARRUMA JÁ ESSA GRAVATA! – a inspetora gritou do meio do pátio me interrompendo. O null ficou me zoando muito até ver a null na janela da biblioteca.
- Falou gente, eu tenho que satisfazer minha mente ali. – ele disse se levantando.
- Só a mente? – eu perguntei me acabando de ri. Nós trocamos um olhar de “ah seu garanhão se deu bem. Eu sei que você pegou ela selvagemmente!!!”. E rimos, ninguém entendeu nada. Qual é, nosso grupo tá crescendo, mas ainda somos eu e o null forever and ever.
null Narrando
Droga! Tipo, ain, foi ótimo, foi incrível e eu ainda hoje me excito só de lembrar daquela noite com o null, mas não, argh, por que eu fui cair na tentação? Ele é tipo, o cara errado que garotas como eu devem evitar. Eu posso pegar os bad boys que no currículo tem apenas aquela brincadeira super passada de colocar o lixeiro na porta da sala, é esse tipo de bad boy que eu posso pegar, não um cara que solta arrotos em públicos, fuma, bebe pra caralho e frequenta assiduamente festas clandestinas. E não, eu definitivamente não deveria ter cedido aos encantos do null null, ele é oficialmente e publicamente meu inimigo declarado e é assim que vou continuar agindo, com a mesma frieza e segurança que eu passava antes disso para ignorá-lo. Repeti pra mim mesma umas 15 vezes enquanto fingia procurar um livro na prateleira de geografia mundial, eu deveria está procurando um livro, mas meus olhos passeavam por lá, mas estavam grudados na minha mente relembrando aquele corpo nu emcim... balancei a cabeça tentando afastar o pensamento.
- É isso, é tudo uma questão de disciplina, eu só tenho que me policiar. – pensei alto comigo mesma respirando fundo.
- Policia? – me arrepiei toda... de susto quando o null cochichou no meu ouvido, quase derrubou uns três livros da estantes. – Eu gosto dessa fantasia.
Me virei rapidamente tentando disfarçar. Concentra, disciplina, frieza, segurança e lá vamos nós.
- De-deve ser por que já esteve muitas vezes em uma delegacia e te-tenha ficado... impressionado. – ok, cala a boca null! Isso foi horrível! Ele me olhou franzido a testa e segurando o riso confuso.
- Tá tudo bem? – ele perguntou ainda confuso.
- Tudo... – respondi com as mãos na cintura. – Quer dizer, estava melhor antes de você aparecer.
Disse isso e me virei fingindo procurar um livro na prateleira, notei que ele ficou parado, mas logo começou a me acompanhar cochichando.
- Ah, eu sei o que tá acontecendo. – ele falava e eu tentava disfarçar abrindo um livro aqui outro ali. – Você tá no período de negação, “ah meu Deus como eu pude fazer? Não, não com ele. Preferiria ter transado com um camelo do que com nullnull”. – ele dizia imitando voz de mulher e mexendo as mãos freneticamente.
Eu me virei novamente pra ele.
- Shww. – mandei ele calar a boca e olhei pros lados. – Você.. você é louco cara! Eu... eu estava bêbada naquela noite ok? Transar com você foi um erro!
- Ah meu Deus... – ele ficou com uma cara de ressentido e pôs a mão no peito sem deixar de me encarar. – Você preferiria ter transado com um camelo a ter transado comigo? Qual é, eu te fiz...
- CALA A BOCA ! – falei mais alto e algumas pessoas olharam. ARGH! ARGH!
- Vem calar... – ele disse com um sorriso cínico. Nossa velho, meu sangue subiu pra cabeça, eu dei um passo a frente querendo espancá-lo, mas logo lembrei do meu mantra... Disciplina e frieza e me virei novamente continuei andando pelo corredor e nem percebi que estava indo pra um lugar mais isolado. O null continuava me seguindo.
- Ah qual é null, você não parecia esse tipo de garota que tem crises de consciência depois de uma boa transa casual. – ele disse me seguindo ou melhor me perseguindo. Tudo o que eu queria é que ele desistisse antes de perceber que eu... – Você tá nervosa. – antes que ele percebesse que eu tava nervosa. – Tá nervosa com a minha presença. – ele disse rindo e me abraçando por trás. – Ah meu Deus, você tá doidinha pra me possuir de novo null! – ele disse abafando o riso no meu cabelo.
- Cala a boca null! – eu disse fechando os olhos já irritada.
- Eu já disse: vem calar. – ele falou e me virou me empurrando contra a estante e é, eu o beijei.
Ele segurava forte na minha nuca e enfiava a mão no meu cabelo enquanto segurava forte minha cintura, parecia querer me levantar de tanto que me pressionava contra a estante, um livro caiu, um ou dois, foda-se, eu cai na tentação de novo e isso tava errado, mas tava muito gostoso.
null Narrando
Eu já estava nessa rotina há uma semana: todos os dias depois da aula, eu disfarçava de todo mundo, até do meu melhor amigo e ia assistir o ensaio da peça da escondido. Ficava lá, nas últimas fileiras assistindo observando o modo como ela atuava. Atuava muito bem por sinal, o que me deixava meio orgulhoso e meio irritado... Tinha umas cenas lá mano, que na moral, dava vontade de provocar um acidente nesse Naran, não, não precisa por a mão na cintura dela, nem beijá-la. Tá que o beijo, nem era beijo de verdade, eles conseguiam fingir colocando o cabelo da na frente, mas essa aproximação me incomodava. Cadê o imprestável do Jorgito pra por ordem nessa bagunça?
- Ok, atenção estrelas. – a senhora Feliciano gritou batendo as duas mãos. – Vamos ensaiar a última cena.
Peguei o livro dentro da minha mochila e abri na página da última cena.
“ - Não, eu não o vejo, mas eu o ouço! Dionisio! Dionisio!” – Anastásia dizia com um sorriso enorme no rosto. Dionísio permanecia parado atrás dela com o coração a palpitar descontroladamente. Tentava fingir o sorriso, pois precisava disfarçar. Pobre Anastásia, nunca saberia que aquela era a festa de noivado que a família de Dionísio queria impor, ele parecia ignorar a presença de todos aqueles que tanto foram contra seu romance com a pobre garota. – Eu quase posso dizer como você é, eu ouço esse som diz que é pra eu não desistir.
- Diga-me Anastásia. Diga-me... Como me vê? – Dionísio falou se aproximando. Anastásia aquela altura já sabia que o amado estava por perto, mas não conseguia virar, estava paralisada, Dionísio tinha cumprido a promessa: havia revelado a todos que ele amava.
- Vejo teu coração, e vejo que tu és lindo por dentro e o que tu tens por dentro ilumina, resplandece, transborda pro fora Dionísio. – Anastásia dizia segurando uma mão a outra na altura do peito, visivelmente emocionada, a garota cega do vilarejo, a garota amaldiçoada, olhava pro nada em busca dos traços do amado. – Tua voz... Tua voz meu doce amor, me faz querer dançar e tua voz a cantar uma canção pra mim me faz querer ter asas pra contigo voar...
- Anastásia... Você me enxerga tão bem quanto qualquer pessoa que me veja todos os dias por inteiro me enxerga. Enxerga meu coração, que por sinal é teu... ”
Fechei o livro rapidamente e o joguei na cadeira ao lado assim que ouvir umas pessoas entrando. Me escondi no espaço entre duas fileiras, assim que elas passaram observei que mais gente entrava e tentei catar minhas coisas rapidamente. Sai voado do auditório e parei de repente, abri minha bolsa e nada...
- Não acredito velho. – resmunguei procurando o maldito livro. Me sentei no chão e virei minha bolsa, caiu tudo: um caderno, um saco de batata frita, uns cinco saquinhos de jujubas, minha carteira, muito lixo, minha prova de química, a de física e a de geografia amassadas, caiu camisinha, pen drive menos o maldito do livro. Desisti, catei tudo de volta e fui pra casa.
Era umas 9 horas da noite quando eu tava jogando vídeo-game na sala de jogos com o null.
- Aí ele pegou e disse blá blá blá... – o null falava enquanto a gente jogava Mortal Kombat. Ele é tipo, o único ser humano da terra que consegue jogar Mortal Kombat tagarelando feito uma piriguete carente, ele faz isso pra humilhar a gente por que ele mesmo conversando ganha de todo mundo. Ah, foda-se, minha mente tava em outro lugar e eu só escutava uma coisa do null... – Blá blá blá, ai eu disse: “mano, não é assim”, aí, será que tem danoninho na geladeira? Aí putz mano, você bate como um viadinho no vídeo-game, fala sério.
Tava com a mente em outro lugar, mas precisamente na , esse clima com ela vinha me matando. Por que eu podia conversar e socializar com todo mundo naquela escola e tinha que ficar naquele climão justamente com quem eu mais gosto de conversar? Ou melhor, eu gosto mesmo é de ouvi-la... Não tava mais suportando isso, estava... agoniado demais, aflito demais, o meu corpo formigava pra ir falar com ela, ao menos um “oi , tá fazendo sol no seu bairro por que no meu tá meio nublado hehe”, piada idiotas, conversas idiotas, qualquer coisa idiota que a faça sorrir ou ao menos notar que eu existo. Disfarça a minha crise existencial de “ela não me nota”, mas que bosta, que conversa foi essa de bairro?
- Ei! – eu disse mostrando o dedo indicador. – Tive uma ideia!
Eu disse levantando abandonando o jogo.
- Onde ‘cê’ vai maluco? Tá arregando é? – o null disse.
- Preciso resolver uma pendência. – eu disse sorrindo.
- Aonde? Com quem? – ele perguntou.
- Na casa da , com... a . – eu respondi sorrindo e sai voado.
- Ah tá gamadão null null! – ele disse me zoando e rindo ao longe.
Sai de casa ignorando o frio que tava fazendo. Tava de camiseta preta, calça jeans e tênis vans branco. Peguei minha moto e fui pra casa dela.
15 minutos, milhões de palavras ensaiadas e zilhares de descargas de determinação depois... Eu estava parado no jardim dela, estagnado olhando pra janela do quarto dela. Ela tava acordada a julgar pela luz ligada, a fina cortina lilás e logo vi sua sombra passando por trás lendo um papel de um lado pro outro, provavelmente ensaiando a peça. Me aproximei da janela que ficava no segundo andar, não sei como consegui entrar lá sem os seguranças encherem o saco. É, anos de experiência fugindo de casas de amantes antes que seus pais zangados quisessem arrancar meu bem maior. Tinha uma pilastra enorme enrolada por umas samambaias, sei lá, que planta era aquela. Comecei a escalar com facilidade...
Já alcançava o parapeito da janela quando me estiquei pra ver se estava tudo ok, ela estava de costas perto da cama ainda lendo o papel. O combinado seria, entrar no quarto dela sem fazer barulho, pedir pra ela ter calma e falar o que eu tenho que falar. O combinado já estava escrito na minha mão: “me desculpar com ela”. Coloquei a perna direita dentro do quarto e assim que fui colocar a esquerda tropecei em mim mesmo, argh.
- AH! – ela gritou baixinho de susto e se virou com a mão na boca. – null?!
- Oi . – eu disse me levantando. – Ai caralho. – eu disse franzido o cenho de dor.
- O que tá fazendo aqui seu louco? – ela perguntou ainda incrédula fechando o robe preto. – Como conseguiu ultrapassar a segurança e os cachorros?
- Experiência. – eu disse batendo as mãos no bolso e me aproximando dela que se esquivou. – Eu preciso falar com você...
- E não podia ser ligando antes ou de um modo mais... civilizado? – ela perguntou com as mãos na cintura.
- Então fodeu, por que eu não sou muito civilizado. – eu disse sorrindo, aquele sorriso que deveria fazê-la rir também. Ela permanecia frigida e eu lembrei por que tinha vindo até aqui. – Ok, vamos direto ao ponto, me... me perdoa por ter falado com você daquele jeito.
- ... – ela ficou calada e seu olhar ficou confuso.
- Sério , me desculpa, eu fui um idiota, nós estávamos indo tão bem, eu gostava tanto de falar contigo e comer jujubas no intervalo da aula de educação física, eu odeio não poder falar contigo, sabe? E meu instinto dizia que eu precisava falar contigo, tipo, hoje, tipo agora aonde tu tivesse. – eu disse rapidamente a olhando nos olhos.
- Olha null... – não gosto quando as pessoas iniciam uma frase com ‘olha null’, ainda mais com a desse jeito: cruzando os braços e desviando o olhar. – Primeiro: seu instinto te disse isso? Que coisa mais fria de se dizer! Parece uma estratégia e segundo... Nós estávamos bem até eu ver você traindo o seu pai com a noiva dele, eu nunca pensei que você fosse desse tipo de pessoa, não pro rumo do seu pai e eu não quero está perto de pessoas assim.
Aquilo me calou por um segundo, “não quero está perto de pessoas assim”. Mas eu não desistiria...
- Não foi o instinto que me disse, tu tem razão, mas é que eu sou novo nessas paradas ! – eu disse perdendo a paciência já.
- Que paradas? – ela perguntou.
- Essas paradas aí de escutar o coração... – eu disse me sentando na cama dela sem ser convidado, era macia e branca. Entrelacei uma mão na outra e comecei a bater o pé direito no chão sem encará-la. Ela permaneceu imóvel, e ela nem ao menos sabia que era a única garota pra quem eu havia pedido desculpas por ter me arrependido de verdade.
- Bom... – ela pareceu procurar palavras. – E a Priscila?! Hein? – eu olhei pra ela e levantei novamente.
- A Priscila é uma louca, uma vadia que tá querendo dá um golpe no meu pai. – eu disse a olhando nos olhos. – Ela dá em cima de mim todo dia e eu te juro que eu nunca faria isso com o Richard. Querendo ou não, ele é meu pai, eu estou sob o teto dele, a Priscila não faz o meu tipo e eu nunca encostei um dedo nela.
- E naquele dia no estacionamento? – ela perguntou me desafiando chegando cada vez mais perto de mim, ela tava com cheiro de hidratante de morango, poxa, vamos parar de brigar, deixa eu sentir o seu cheiro.
- Ela que me beijou , o que tu queria? Que eu empurrasse a ‘mina’ contra o carro? Eu fiz o que eu pude e eu vou acabar com a moral dela com meu pai, eu só preciso que... – me calei. Seu olhar já estava se compadecendo, ela já estava quase lá.
- ... Precisa de quê? – ela disse baixinho erguendo a cabeça olhando nos meus olhos.
- Eu preciso que acredite em mim e que me desculpe por aquele dia. – eu respondi.
- Por que? Você mesmo disse que eu não tenho nada haver com a sua vida... – ela disse desviando o olhar. Eu coloquei a mão no seu queixo. Droga, como no dia do baile, eu puxei o seu rosto pedindo sua atenção.
- É importante pra mim. – eu só disse isso... ela segurou no meu pulso e checou o que eu tinha escrito lá.
- “Me desculpar com ela”. – ela leu e sorriu. – Mas o que é isso?
- Eu escrevo coisas importantes no pulso, pra não esquecer... – eu disse baixinho.
- Não sei, ainda tenho dúvidas quanto a sua índole em relação a noiva do seu pai. – ela disse se sentando na cama.
- Ok, você tem toda a razão de está desconfiada. – eu me agachei na frente dela. – Mesmo que você não acredite, eu vou provar que eu to falando a verdade. Por enquanto, nós podíamos voltar a ser amigos?
Fiquei encarando-a e esperando uma resposta que não veio. Resolvi não forçar a barra. Confesso, fiquei meio frustrado.
- Tudo bem, eu entendo, mas... – eu olhei pra mesa de cabeceira dela e peguei um caneta brilhosa rosa, a única que tava lá em cima. Peguei a mão dela e comecei a escrever no seu pulso enquanto falava. – Por enquanto, eu quero que não se esqueça de uma coisa... E pra não correr o risco de você esquecer, eu vou escrever no seu pulso.
- Mas vai sair assim que eu tomar banho... – ela disse enquanto eu escrevia, ela não via o que eu tava escrevendo.
- Mas toda vez que tu olhar pro teu pulso esquerdo, vai lembrar do que eu escrevi lá. – eu disse sorrindo e terminei de escrever.
Assim que terminei de escrever, alguém bateu na porta. Ela me olhou aflita.
- Você tem que sair daqui. – ela disse baixinho.
- ? Não me diz que já está dormindo? – era o Jorgito! Caralho!
- Ah meu Deus! – ela falou e se levantou indo até a janela do quarto dela. Eu a acompanhei e vi que tinha uns dois seguranças no jardim.
- , abre logo essa porta! – ele gritou do outro lado.
- Você tem que se esconder, o Jorgito mata a gente se te ver aqui! – ela disse aflita apertando o meu braço.
- Ok, relaxa. Ele vai ter que entrar na fila pra me matar. – eu disse sorrindo e me escondi embaixo da cama dela e, pasmem!, era muito limpo lá. Ela foi abrir a porta pro viadinho entrar.
- Você demorou demais, o que tava fazendo? – ele disse já entrando e eu só pude ver o sapato dele cor de caramelo. Putz, tá que eu não sou nenhum fashionista, mas isso tava muito brega. Eles ficaram um momento em silêncio depois da ter inventado uma história qualquer, depois eu senti ele batendo na cama ao lado dele. Estranhei. – Senta aqui. – ele disse com um tom malicioso. Franzi o cenho captando essa mensagem dele.
- Jorgito, a gente pode se falar amanhã? É que eu tenho que estudar a peça e ir dormir cedo... – ela falou ainda de pé há uns dois metros de distância dele. Não tava gostando disso, nem do tom de voz do Jorgito, os dois tecnicamente sozinhos dentro do quarto e a pouca roupa dela.
- Por que tá me mandando ir embora? – ele perguntou.
- Eu não to te mandando ir embora, por favor, néh? – ela rebateu.
- Tá sim, tá escondendo alguma coisa de mim ? – ele perguntou e meu coração faltou saltar pela boca, não por mim, mas por ela.
- Óbvio que não Jorgito. O que eu estaria escondendo? – ela disse se aproximando fingindo ter sido ofendida.
Ele ficou em silêncio e vi seu pé se aproximando bruscamente do dele, como se ele tivesse puxado ela pela cintura. Filho da puta!
- Talvez esteja escondendo algo de mim e talvez ele esteja dentro do seu robe querida. – ele disse com aquele tom de voz.
- Solta o meu robe Jorgito, eu não tirar ele. – ela falou tentando se afastar. Desgraçado!
Minha impulsão me fez querer levantar e partir a cara dele, levantei a cabeça de uma vez e bati ela na cama.
- O que foi isso? – ele perguntou. O que foi isso hein null? Ele é namorado dela, ele ta na casa dela, no quarto dela... na cama dela! Porra caralho! Não queria ouvir eles transando, já não me bastava imaginar que ela já devia ter dormido com ele, a minha , a minha null.
Eu senti a sentando ao lado dele e parecia meio nervosa.
- O quê? Sério Jorgito, meus pais podem não gostar de saber que você está aqui. – ela disse.
- Mas a gente não tá fazendo nada de errado meu amor. – ele disse se curvando pro rumo dela, eu senti que ele deitou ela na cama. Nada de errado é meu joelho nos seus ovos! – Não estamos fazendo ainda.
- E nem vamos fazer... – ela disse com uma voz meio abafada, como se ele tivesse beijando ela.
- Por que não? – ele perguntou.
- Por que eu não quero. – ela disse enfática e se sentou na cama. Seu pé estava próximo de mim e eu pude ver algo que é imperceptível a olhares distantes: ela tinha uma mini borboleta tatuada no pé. Eu sorri, era lindo e delicado como ela e bem escondido e discreto, como ela.
- E o que você quer? Ser virgem pra sempre? – ele disse se levantando. Ela ficou em silêncio. Eu fiquei surpreso, a era virgem mesmo namorando com o Jorgito a dois anos! Minha princesa era pura, era virgem, intocada! Ok, menos null, mas aquilo de alguma forma me deixou meio... aliviado.
- Não fala assim Jorgito, não fala como se fosse simples! – ela disse se levantando e indo rumo a porta.
- Claro que não é simples, com você tudo é complicado mesmo! – ele disse a acompanhando. – Eu to com fome, manda sua empregada fazer um sanduiche pra mim!
- Ok! – ela disse seca e abriu a porta do quarto, ele saiu e antes de sair ela olhou pra mim...
Não, não sai sem olhar pro seu pulso...
“O seu sorriso ilumina o mundo a sua volta. Não se esqueça de sorrir”.
Ela leu e sorriu pra mim, aquele sorriso sincero e logo balbuciou três palavras que expuseram o meu sorriso sincero...
- Eu te perdôo... – ela disse e saiu fechando a porta. Eu poderia ficar ali por mais tempo, quem sabe dormir ali no chão do quarto dela, mas eu tinha que arrumar um jeito de sair.
Narrador Onipresente
Fazia uma daquelas noites quentes em Erbon, e em como todo fim de semana ou em como todos os dias se preferir, as festas clandestinas subterrâneas estavam a todo vapor... literalmente. Os corpos fervilhavam numa mistura de bebidas, música alta, drogas, suor e sexo. Aquilo já não satisfazia Katy, a famosa ‘puta do Jackson’ como null e null diziam. A garota submissa era subestimada demais, mas ninguém saberia que aquela vadia calada tinha lá os seus truques. Naquela noite, Katy se sentou em um sofá velho e cheio de mofo enquanto os Gaizos do Inferno jogavam mais uma rodada de poker apostando dinheiro e vidas, ela ficava com seu notebook lendo navegando em algumas coisas enquanto enrolava uma mecha de cabelo no dedo. De tão calada que era, suspeitavam que a moça fosse muda e assim muda, ela clicou em uma página inesperada ou talvez procurada. A página brilhante roxa com detalhes bem patricinhos e uma chamada irresistível: Only The Truth: o melhor e o pior dos jovens society de Riviella”
Descendo algumas páginas já interessada, Katy ganhou pontos ao checar a informação chave a mais procurada por Jackson: o paradeiro de Snake e Siriqueijo.
“ Atualizações e as noticias bobam na OTT! Os queridinhos do San Sebastian em festas clandestinas. null e null: novo casal? null null com segredinhos em relação à uma princesinha do San Sebastian? Cuidado null, Got You On My Radar! Bjs.. ”
Katy resolveu ficar calada, seria sua carta chave... Ela era a única que sabia a verdadeira identidade de Snake e Siriqueijo e agora era a única que sabia onde eles estavam e não estava disposta a compartilhar essa informação com ninguém.... pelo menos por enquanto.
CAPITULO 10
null Narrando
- Poorra! – eu disse incrédulo olhando pra minha prova de matemática.
- O que foi? – o null se aproximou com a prova dele. – Quanto tu tirou?
- O mesmo que você? – claro néh, eu colei dele.
- Fazer o quê: somos nerds! – ele disse todo se achando.
- Ãh? Nerds não tiram zero virgula cinco em uma prova. Pensa. – eu disse e ele puxou minha prova assustado.
- Como assim zero virgula cinco? Eu tirei nove e meio! – tá... eu ri.
- Pode parar com a brincadeira null, o lance aqui é sério, não to afim de passar minhas férias de julho nessa caverna, ok? Pode parar com as piadas. – eu disse pegando a prova dele. – Porra caralho!!! Como tu tirou nove e meio e eu tirei zero virgula cinco se eu colei de ti?! – eu disse furioso. – Que professora mal comida! Ela errou a minha nota, só pode.
- Eu colei da Virginia... – o null disse piscando pra Virginia, a nerd da sala que parecia ter 65 anos a não ser por aquelas indiretas de que quer se libertar. Eu não diria isso se eu não achasse que ela tá querendo vender a virgindade dela pro null que não aceitaria nem de graça, risos eternos, coitada, enfim... – Mas olha, as provas são diferentes cara! Que tonto você. É melhor se espelhar em mim e virar um bom aluno...
- Se espelhar em você e seduzir uma virgem de 65 anos pra ela me passar cola. – eu interrompi ele e fiquei rindo, ele riu também.
- Hahahaha ai mano, sei lá, se vira. – ele disse amassando a prova dele e jogando dentro do armário. – Só sei que tu não pode ficar aqui nas férias de julho, lembra que todo ano a gente desce pra serra e acampa na praia e esse ano tem ‘mó’ galera pra ir também.
- Ok, o jeito é eu seduzir uma nerd espinhenta e virgem pra me ajudar. – eu disse com cara de tédio.
- Não precisa ser espinhenta. – uma voz disse por trás de mim e eu me virei.
- Oi Luana. – eu disse apertando o cenho. Eu e minha dificuldade máster em decorar o nome de todas as garotas que tentam me seduzir.
- É Lohanne. – ela sorriu sem graça.
- Ah, desculpa Lohanne, então, o que você manda? – eu disse jogando minha prova dentro da mochila.
- Eu posso te ajudar com a recuperação de matemática, eu tirei dez e adoro matemática. – ela disse com as mãos no bolso se mexendo e só faltou dizer “mas gosto mais de você”. A Lohanne era gata, ela fazia o tipo certinha e comedida na escola, o cabelo dela era ruivo, mas mais pro laranja do que pro vermelho, putz, olha eu reparando na cor do cabelo da guria pra poder falar... enfim, o cabelo dela ia até a cintura, ela não usava muito maquiagem e tinha seios fartos e cintura fina.... e o mais importante: realmente mandava bem em matemática.
- Sério?! E quanto tu cobra pela ajuda? – eu disse cruzando os braços.
- Não cobro nada não. – ela disse rindo como se eu tivesse feito uma pergunta idiota. Ela me fez sentir um idiota agora, eu fiquei rindo bobo com ela ali no meio do vai e vem do corredor. – A prova é amanhã, certo?
- Andou se informando, foi? – eu perguntei rindo.
- Não exatamente, as noticias correm. – ela disse e eu não segurei o riso.
- Então hoje, às 9 horas na sua casa, tudo bem? – ela disse.
- 9 horas não é um pouco tarde pra você? – eu perguntei estranhando. – E não pode ser em uma lanchonete ou na sua casa?
- Pode ficar tranquilo que eu ligo pra um táxi e me deixar em casa depois... – ela falou depois olhou pros lados como se procurasse alguém. – E nós precisamos de um lugar calmo e silencioso, a minha casa definitivamente não está silenciosa hoje.
Eu pensei um pouco ...
- Ok então, eu te espero às 9. – eu terminei de dizer e olhei distraidamente pro outro lado, a estava encostada no armário dela abraçando o livro de química e olhando pra mim.
Nós dois sorrimos ao mesmo tempo... suspiro. Ela se virou pro armário dela assim que a Lohanne pôs a mão no meu ombro pedindo minha atenção.
- Então tá, até mais tarde. – ela disse isso e deu um beijo no meu rosto e saiu.
Assim que a Lohanne saiu, eu fui em direção a , ela já tinha me perdoado, tinha sorrido pra mim daquele jeito então não teria problemas de eu me aproximar... exceto por ela ainda namorar aquele bosta falante do Jorgito. Desviei a rota e entrei no banheiro masculino assim que o vi se aproximando e a abraçando por trás.
Nove horas da noite, na minha casa, na calada da noite, no meu quarto... Tava estranho, mas vamos lá, não tava afim de ficar de recuperação na escola.
- Oooooi! – a Lohanne me deu um longo e animado ‘oi’ e logo em seguida se atrelou ao meu pescoço e me deu um beijo no rosto assim que eu abri a porta. Ela tava de regata amarela e saia rodada preta. Pensando.
- Oi... Lohanne. – eu disse me descolando dela. – Então, vamos? Por que eu ainda tenho que sair hoje.
- Tu vai pra onde? – ela perguntou.
- Pra algum lugar entre o céu e o inferno. – eu disse e sorri enquanto guiava ela pro rumo do meu quarto, por que no meu quarto mesmo? Pensando².
- Se quiser me levar eu posso ser sua anjinha ou diabinha. – ela disse rindo e eu olhei pra ela com uma cara de “é sério?”. Pensando³ – Eu to brincando.
- Ah ta, nem é isso, é que os lugares onde eu vou não são lugares pra garotas que tiram dez em matemática no San Sebastian, se é que você me entende... – eu disse um tanto sem graça.
- Entendo muito bem, pode ficar tranquilo. – ela terminou.
20 minutos depois, nós estávamos sentados no chão do meu quarto perto da janela, era o lugar que eu gostava de ler e escutar música, é, eu lia de vez em quando alguns romances de terror, essas coisas, não conta pro null, ele vai me zoar eternamente.
Não gostava da forma como a Lohanne se aproximava pra me explicar as coisas e parecia me... cheirar. Pensando. Mas de boa, continuei concentrado.
- Lohanne, eu vou descer pra pegar um suco. Tu quer alguma coisa? – eu disse me levantando contendo a aproximação dela.
- Sim, eu quero um suco de acerola bem gelado, por favor. – ela disse sorrindo e eu sai.
Assim que eu voltei pro quarto...
- Eu coloquei um monte de pedra de gelo no seu, mas por que tu bebe suco gelado assim? – na hora em que eu me virei a guria tava deitada na minha cama! WTF!
- Por que eu to com calor. – ela disse como se fosse óbvio, mais obvio ainda é que ela tá tentando me seduzir. Mas que merda, às vezes é dificil ser bonito e gostoso, as minas não deixam você manter a concentração em algo sério, só pensam em possuir meu corpo nu.
Pra disfarçar eu coloquei os copos de suco no chão perto dos livros como se pedisse pra ela ir pra lá.
- Vem. – eu disse meio sem graça. Merda!
- Vem cá você. Trás pra mim. – ela disse se sentando na cama com um sorriso.
Porra! O que eu ia fazer agora?
Eu limpei a garganta e a encarei.
- Lohanne, o que tá tentando fazer? – eu perguntei e ela continuava com aquele sorriso malicioso.
- To tentando fazer tudo... – ela disse e apontou com a cabeça pra cabeceira que ficava do lado oposto do quarto e... Não, não véi, o que é isso? Uma calcinha? Omg, é a calcinha dessa filha da puta!
- O que pretende com isso Lohanne? O que ta fazendo? – eu perguntei ainda incrédulo com a ousadia dela... Tipo, não que eu não pague pau pra garotas ousadas e seguras de si, mas era a Lohanne, era da minha escola, ela tinha 15 anos!
- Qualquer coisa desde que seja com você null. – ela disse levantando a saia.
Eu me virei meio nervoso.
- Tá na hora de você ir pra casa, eu não vou transar com você. – eu disse encarando ela.
- A gente ainda não terminou a lição de matemática. – ela disse se levantando.
- O que isso tem haver com matemática? – eu disse abrindo os braços.
- Considere isso a hora do recreio. - ela disse sorrindo.
- Há há há. – eu ri ironicamente. – Sério Lohanne, vai embora vai, não to afim de discutir.
- A gente não precisa discutir, é só sexo. – ela disse batendo o pé no chão.
- É o meu corpo e eu decido com quem eu transo e eu definitivamente não quero transar com você. – eu disse me aproximando dela.
- Mas eu sei com quem você quer.... – ela disse e eu encarei ela confuso. – Vai conceder exclusividade pra Barbie piranha? – ela disse mordendo os lábios.
- Você não tá falando da... – meu sangue subiu pra cabeça.
- Isso mesmo, da null! – eu avancei dois passos e parei, eu queria apertar o pescoço dessa vadia até ela se desculpar por ter chamado a de piranha.
- Cala a sua boca e vai embora da minha casa agora! – excedi a voz segurando em seu braço, ela se jogou na cama e gritou tirando a própria blusa e a saia. Eu não entendi absolutamente nada.
- null?! – o Richard começou a bater na porta pra saber o que tava acontecendo.
- Lohanne, você pirou?! – eu disse indo até a porta. Eu a abri, sai rápido e fechei em seguida. Demorei uns 3 minutos explicando a situação pro meu pai, quando voltei, ela tinha ido embora junto com todas as suas coisas. – Oxente, que ‘mina’ louca...
Acordei com o despertador como em todo o mês, já que a Priscila tinha viajado pra Nova York pra comprar as coisas do casamento. Graças a Deus. Aí tu se pergunta, “Meu filho se tu não quer que a gostosona te pegue, por que não assume que é gay ou tranca a porta do quarto?”, ai eu te respondo que eu tranco a porta do quarto, mas a vadia sempre consegue abrir com aqueles bambolês que ela chama de brinco. Tomei banho, me vesti, desci, tomei café com o null e com o Richard e a gente conversou sobre o ataque da Lohanne na noite passada.
- null, só te aviso pra ter cuidado com essas garotas, as mais santinhas podem ser as mais perigosas. – o Richard disse me “aconselhando”.
- E as que parecem perigosas tipo a Priscila? Elas são as santinhas? – alfinetei.
- O que quer dizer com isso? – ele perguntou enquanto bebia um gole de café. Eu e o null levantamos e pegamos nossas mochilas, fomos pra escola de skate.
- Nada não, só te aviso pra ter cuidado com essas garotas. – eu pisquei pra ele e saímos.
- Eu já arrumei as barracas, umas grandes, mas tipo, dizem que lá na praia tem umas cabanas, uns chalés, coisa assim. – o null dizia enquanto entravamos na escola. Os outros alunos nos olhavam de cima a baixo e eu não entendia. – Mas a graça tá em montar barracas e fazer desenhos de terror na sombra...
- null, por que as pessoas estão olhando pra gente como se fossemos personagens de Avatar? – eu disse ainda confuso.
- Nossa, não acredito que não escondi meu rabo direito. – ele falou e nós rimos muito até sermos interrompidos pelo Hiago.
- Pow null, tá que a gente é filho da puta, mas você exagerou na filhadaputagem. – ele disse parando na minha frente.
- Do que tu falando mano? – eu perguntei franzido o cenho.
O Lucas chegou pulando do skate dele e me entregando o ipad dele que é cheio de adesivos irados.
- ‘Tamo’ falando disso aí. – ele disse e eu peguei o ipad.
“ Que príncipe que nada, null null está mais pra lobo mau e ataca menininhas indefesas do San Sebastian. Cuidado garotas, fechem suas pernas, o loiro mais gostoso da cidade pode querer abri-las a força [...] A OTT apurou todos os fatos e descobriu que a vitima da vez foi a pobre e indefesa Lohanne Nascimento. Não se sinta acuada querida, estamos aqui pra defendê-la. Bjusinhos. ”
- Quem foi o filho da puta que inventou essa mentira? – o null disse puxando o ipad pra ele. Meu melhor amigo já sabe que é mentira sem fazer uma pergunta sequer pra mim. Olhei em volta procurando a Lohanne, encontrei o olhar da ... Aquele olhar furioso, contorcendo os lábios pra não explodir, mas que merda, eu andei em direção a ela ignorando algumas piadas.
- ! – eu a chamei e ela simplesmente se virou e entrou no meio de centenas de alunos que entravam na escola... Encontrei a Lohanne sentada em um dos degraus da escada usando um chapéu, aquela vadia! – Lohanne!
Ele se tremeu de susto e levantou rapidamente, me aproximei correndo e segurei em seu braço a puxando para um local mais reservado.
- O QUE TU FEZ HEIN? – eu perguntei furioso.
- EU NÃO SEI TÁ, EU NÃO SABIA QUE ISSO ACONTECERIA PORRA! – ela disse quase chorando. – Ta me machucando.
- O quê? Como eles souberam que tu tava na minha casa e pior, de onde eles tiraram essa história de que eu te forcei a qualquer coisa? Eu nem toquei em você Lohanne e tu ta fodendo com minha vida legal! Eu não quero você, tu tinha razão, eu quero outra, mas que porra, eu não fiz nada contigo!
- null, eu... eu não tenho culpa, eles... eles. – ela gaguejava. – Você não fez nada comigo...
“ – Foi tudo armação deles e eu também cai, eu sei, eu forcei aquela situação de propósito, me desculpa, mas eu não posso fazer nada”
A voz dela de repente se confundiu e eu ouvia saindo da boca dela e... e no interfone da escola!!!! Quem foi esse gênio?!
De repente eu olhei pra ela com um sorriso vitorioso enquanto ela tapava a boca instantaneamente assustada, depois saiu correndo e pelo corredor as pessoas ficavam comentando chamando ela de vadia, piranha, que eu fui vitima, que ela que ia me estrupar, tá, eu to exagerando, mas enfim...
- Vai montar a minha barraca no acampamento pra liquidar a divida de ter roubado o microfone da inspetora e colocado na salinha perto de vocês. – o null disse me acompanhando e me abraçando pelo ombro.
- Seu filho da puta, desde quando você é inteligente assim hein? – eu disse rindo aliviado. – Primeiro um nove e meio em matemática depois uma operação digna de filme de ação.
- Eu sou James Bond.... James Super Bonder – nos demos gargalhadas e seguimos pra nossa sala.
“Ok, errar é humano e mentir é mais humano ainda. A OTT pede... desculpinhas ao null pelo incidente provocado por vadias mal comidas. Uma boa ação do OTT. Bjusinhos."
Faltava uma semana pro inicio das férias de julho e duas coisas movimentavam a escola: a correria dos alunos nas recuperações e os preparativos pra peça Solo Tu.
null estava em seu quarto, sentado no chão com o livro da capa roxa e o lia concentrado...
“ Anastásia... Você me enxerga tão bem quanto qualquer pessoa que me veja todos os dias por inteiro me enxerga. Enxerga meu coração, que por sinal é teu... – Dionísio disse enquanto se afastava, virando para...”
estava sentada na escrivaninha enquanto estudava as falas...
“ virando para os músicos e pedindo a música deles, aquele que Dionísio havia ensaiado no piano mais cedo... Ao som instrumental, Dionísio começou a cantar os primeiros versos, Anastásia permanecia perdida tentando captar a voz do amado – de onde ela vem? – ”
null: “ Dionísio cantava a plenos pulmões com sua postura elegante, até abandonar o posto perto dos músicos e procurar Anastásia, segurou em sua cintura delicadamente pelas costas, sua mão esquerda segurou na mão esquerda dela. O coração de Anastásia pulava do peito e não escondia o sorriso, ouvir a voz de Dionísio era um alivio, era como ar puro em meio a uma tempestade de areia, era com fonte de água pura em meio a seca, era como uma bandeira branca em meio a guerra...”
: “ O abraço de Dionísio era como está em casa, ele cheirava a lar, segurança, paz... Tranquilidade. Era como cura.
: "- Eu marchei através desse campo de batalha, eu estou gritando, você pode me ouvir agora? Eu estou me segurando, eu defendo meu chão... Você pode me ouvir agora? Pode me vê agora Anastásia? – Dionísio dizia assim que a virou.”
Naran: “ O feitiço que haviam jogado em Anastásia quando criança, foi quebrado... O verdadeiro amor, aquele que se encontra, aquele que se vê mesmo sem os olhos, aquele que vê primeiro o coração depois a cor dos olhos. Anástasia havia descoberto e tinha feito Dionísio descobrir. A garota agora podia ver e dançar com o amado por todo o salão sob os olhares incrédulos dos convidados.”
- Mas por que mesmo que eu tenho que ensaiar essa música se vai ser dublado? Aff. – Naran dizia ao jogar o papel em cima da cama.
null Narrando
- E ‘ae’ cachorrão, o que tu manda? – o Tarso disse chegando perto de mim e do null enquanto andávamos no corredor da escola. Última semana de aula.
- Vai ter reunião dos felas agora. – o null cochichou e seguimos discretamente pra sala do depósito de livros velhos.
- O que houve? – eu perguntei logo que entramos. Ia ter ensaio da e eu queria assistir. Disfarça.
- Sabe o lance da Lohanne? – o Tarso iniciou. Eu assenti com a cabeça.
- Sim, o que tem? – eu disse.
- A gente descobriu que foi armação. – o Hiago disse.
- Mas foi uma armação, ow e tu deve um pedido de desculpas pro null. – o null acusou.
- Desculpa falou? – o Hiago disse e abaixou a cabeça. – Então, a gente descobriu que foi armação, mas o melhor vocês não sabem...
- A gente descobriu quem armou isso. – o Lucas completou.
- Quem? – eu e o null falamos ao mesmo tempo.
- Os Narcisos, só pra variar. – o Lucas disse.
- Que filhos da puta, eles querem briga mesmo! – o null disse.
- A gente ta pegando leve com eles. – eu comentei.
- E eu tenho um plano que é muito longe de pegar leve. – o Allan disse se sentando no chão e abrindo o caderno dele. – ‘Ces’ tão nessa?
- Claro! – todos dizemos e logo depois o Allan começou a expor o plano, era muito, muito legal e no próximo sábado, a gente ia por em prática. Muahahaha, muahaha, mua... ei, espera.
- Cara, no sábado é apresentação da peça da escola! – eu disse.
- E? – o Tarso, o Lucas, o Hiago e o Allan perguntaram a mesmo tempo.
- Não cara, a gente não se mete nessas boiolagens de peça de teatro, romance, dança, de ‘Sheikispi. – o Hiago rebateu.
- É Shakespeare ‘manolo’. – eu corrigi ele, e não devia ter feito isso, eles me olharam com um olhar estranho. – Ok, ok... No sábado Os Narcisos vão conhecer Os Felas.
E eu vou ter que me redobrar em cinco e meio pra tentar assistir a peça da ou desistir de ir assistir. Ela, que por sinal, nem falou mais comigo mesmo depois da null ter dito pra ela sobre a confissão da Lohanne, a não estava no corredor nessa hora. Ela nunca tá pra ver eu fazendo as coisas certo, ela só me pega nas horas que eu faço tudo errado, mas que merda, viu! E o pior que eu to me esforçando pra agradar ela, é melhor eu recuar, não to gostando disso.
Narrando
Sexta-feira a noite e eu to super hiper mega ultra ansiosa pra amanhã. Tomara que dê tudo certo, pra me certificar de que nada vai sair do controle, vou passar essa noite estudando pela milésima vez as falas. Estudaria se não fosse interrompida pelo teleone tocando.
“ – Oi Jorgito.
- Por que não me chama de amor, gatinha?
- Que barulho é esse? Música alta?
- É, eu to em uma festa, eu vou mandar o motorista ir te buscar.
- Não, eu não posso ir a uma festa, a peça é amanhã, lembra? E desde quando você frequenta festas assim?
- Ih ...
- Tu tá bêbado?
- Shiw, silêncio. Eu não to bêbado, eu to curtindo e to te chamando pra curtir também já que tu acha que eu te privo de diversão por não frequentar as mesmas festas que os porcos dos seus amigos.
- Meus amigos não são porcos, olha como fala Jorgito!
- Foda-se.. O carro tá chegando aí e você é obrigada a vim, eu te quero aqui em meia-hora.
Não suportava mais o jeito como o Jorgito me tratava e tratava meus amigos, até da null que era minha melhor amiga acima de qualquer namorado, acima de qualquer homem, ele falava mal. eu tinha que por um ponto final nisso.
Quarenta e cinco minutos depois eu estava no lugar indicador, era um bar elegante fechado apenas para os amigos do Jorgito. Um terço da escola devia tá lá, aqueles mauricinhos e as patricinhas de sempre. Me sentia desconfortável até achá-lo sentado em uma sofá dourado com alguns amigos e uma mesa cheia de garrafas vazias em cima.
- , eu disse meia hora! – ele falou rindo afastando algumas mulheres do lado dele. Ele puxou a minha mão e me fez sentar no colo dele.
- O que tá fazendo Jorgito? Você tá bêbado. – eu disse tentando soltar a mão dele da minha cintura.
- Eu to me embebedando ora. – ele disse e um coro de risos se formou.
- Me solta por favor. – eu disse enquanto ele alisava minhas pernas. Eu me senti completamente invadida. Me soltei dele e sentei ao lado.
- iiih Jorgito, a patroa manda em você assim, é? – o infeliz do JJ comentou fazendo um conjunto de risos ecoarem. O Jorgito não gostou nada disso, logo ele que é todo orgulhoso.
Ele me olhou com raiva e com o olhar do tipo “olha o que você me fez passar!”.
- Chegou, chegou, chegou! – o Félix disse se aproximando da mesa com um pacote branco, ele se sentou ao meu lado e colocou o pacote em cima da mesa.
- O que é isso? – eu disse já imaginando o que era, mas preferindo não acreditar. – Não acredito que...
- Cocaína Barbie. – o Gabriel disse e logo eles começaram a cheirar. Encabeçado pelo Jorgito que tava totalmente alheio a minha cara de horror com aquela cena, ao poucos ele ia ficando meio louco, ele e os amigos dele. Aliás, um olhar rápido em volta do bar e dava pra ver que a maioria se divertia assim, com pacotes de drogas caras e bebidas fortes. Ali não era o meu lugar e eu estava definitivamente com medo. Me levantei pra ir embora.
- Ei, onde pensa que vai? – o Jorgito disse puxando meu pulso e me fazendo sentar bruscamente de novo.
- Eu vou embora, eu tenho que acordar amanhã cedo. – eu disse meio trêmula, os olhos do Jorgito estavam meio vermelhos.
- Que nada , tu tá tensa, vem cá, - ele disse pegando um pouco de pó num pedaço de guardanapo. – Cheira isso aqui que tu vai ficar bem.
- Não! – eu disse empurrando pra longe.
- Tu é louca garota?! Isso é caro pra caralho! – o Naran gritou comigo e logo depois saiu pra pista.
Eu me levantei e fui caminhando rápido para atravessar o bar e ir embora. O Jorgito segurou o meu braço e me virou pra ele no meio do salão.
- Por que você não se diverte um pouco comigo hein ? – ele disse furioso. – Eu queria que você deixasse essa sua carapuça santinha, sem graça e estúpida em casa quando resolvesse sair comigo e com meus amigos. O quê? Quer morrer virgem e sem graça, é? Foda-se então ow velhinha!
Todos olharam ele dizer isso pra mim e até alguns risinhos eu escutei. Fiquei sem reação, mas logo meu sangue subiu pra cabeça e resolvi enfrentar o Jorgito pela primeira vez, com olhos lacrimejando de ódio.
- Olha como você fala comigo seu desgraçado manipulador e ridículo! – eu disse entre os dentes e me soltando dele. – Eu não estou aqui por que eu quero! Eu prefiro ficar trancada em um quarto escuro e abafado a ficar com os seus amigos, esses que te manipulam fácil e deixam você achar que está no poder, mas você é só mais uma merda que se acha grande coisa. Tem dinheiro, tem beleza, mas não tem um pingo de caráter e isso te faz o ser humano mais repugnante que eu tive o desprazer de conhecer. Dois anos contigo foram total perda de tempo, mas que bom que tua máscara caiu... Quem sabe a minha também caia agora que eu não tenha você no meu pé feito um cachorro babão insistindo em querer dizer o que eu devo ou não devo fazer. Tá tudo acabado Jorgito, tudo acabado e quer saber? Eu também sei dizer FO-DA-SE VOCÊ!
Eu disse e sai sem olhar pra trás com passos firmes, o coração apertado, mas a alma lavada e meio trêmula, mesmo depois da situação humilhante que provavelmente repercutiria na escola fazendo minha vida virar um inferno, eu sorri. O Jorgito era um peso que eu não aguentava mais carregar.
“- Alô null.
- Oi . Como você tá? - ela disse com uma voz triste enquanto eu estava no táxi ligando pra ela.
- Eu? Eu to... Tu.. Tu já sabe?
- Sim, já tá na OTT. ‘O casal Angelito tem DR no meio da festinha e resolve passar a limpo a virgindade de ). Tá passando do ponto hein ?’ Manchete do OTT há 10 minutos atrás.
- Eu... eu não acredito.
- , não fica assim, essa gente é venenosa, não tem nenhum problema em você ser virgem com 17 anos, isso só mostra que você se preserva, entende? Que tu ainda não achou o cara certo e que o Jorgito de tão nojento, definitivamente não era homem pra você.
- Nossa, com que cara que eu vou aparecer na escola amanhã pra peça? Ainda bem que é o último dia, depois eu vou sumir dessa cidade por um mês!
- Você vai subir naquele palco e vai fazer todas aquelas babacas sentirem inveja de você. por que vai está linda, por que você é linda e tem muito mais dignidade que o que elas tem de maquiagem e quanto ao Jorgito, foda-se ele, vocês terminaram, não é?
- Eu terminei com ele, lógico! Ele me humilhou publicamente, eu não deixei barato.
- Eu to orgulhosa de você, não sabe como eu fico feliz de saber que você se livrou dele.
- Eu espero ter me livrado, acho que ele ainda vai me causar problemas.
- Eu to com você, e qualquer coisa é melhor do que está ao lado de um moleque que não te valoriza, digo isso por que null null desistiu do Jason.
- Ok, te vejo amanhã, espero que essa peça salve um pouco da minha estima.
- Vai dá tudo certo, você vai ver.
- Beijão null.
- Beijos . ”
Não sei se dormir mesmo, mas minha insônia me atacou forte e eu fiquei virando na cama das cinco da manhã até as sete quando perdi a paciência e levantei. Me sentei na cadeira de estofado branco com flores em frente a escrivaninha e já sentia meu estomago se contorcer, meu coração disparar. Daqui 10 horas eu subiria naquele palco e faria uma apresentação pra escola inteira. Mas meu Deus, eu me preparei o semestre inteiro pra essa peça, eu estudei demais, eu ensaiei demais, eu me esforcei demais, eu devia está confiante e segura. Mas confiança e segurança geralmente não faziam mesmo parte do meu vocabulário. E ainda tinha a minha preocupação com o meu par na peça, o Naran... Ele tava na festa ontem, naquela festa desastrosa e humilhante pra mim, será que estaria bem pra peça? Será que estava vivo ainda?! Fiquei andando de um lado pro outro tentando descobrir o que fazia... Já era 9 horas da manhã e eu peguei o telefone pra ligar pra ele, só pra confirmar se ele estava mesmo inteiro pra uma apresentação tão difícil.
O telefone chamou umas oitos vezes até a voz sonolenta dele atender.
“- O que tu quer? Eu não sei do Jorgito e tu me acordou, sabia?
- Para de ser grosso Naran! Eu não to ligando pra saber do Jorgito, eu não quero saber dele, eu quero saber se você vai está bem a tempo da apresentação. É hoje, você se lembra, não lembra? – ele ficou em silêncio por um instante me deixando mais agoniada.
- Claro que lembro. E eu estou bem, eu nasci bem e eu vou arrasar nessa peça, ok coadjuvante?- coadjuvante? Que arrogante! Eu era a personagem principal! – Agora me deixa dormir o meu sono da beleza! Ah, e a propósito, eu tenho noticias do Jorgito sim, a gente vai jogar golfe e pólo hoje a tarde, se quiser ir lá se desculpar pela calúnia que você cometeu ontem, sabe onde nos encontrar.
- Até parece que eu vou me desculpar! ”
Desliguei na cara dele, isso devia me deixar um pouco mais tranquila, mas não deixou, mesmo me assegurando de que o Naran estava bem pra apresentação eu continuava ansiosa e insegura.
null Narrando
Uma limusine parou em frente ao Jockey Club naquela tarde agradável de sábado. Jorgito, Félix, Naran, JJ e Gabriel, desceram do carro trajando o uniforme de jogadores de golfe e com suas bolsas de taco nas costas entraram no clube. Duas horas depois, em um muro do outro lado, eu, null, Allan, Hiago, Tarso e Lucas pulávamos o muro e nos jogávamos nos arbustos afim de entrar no clube sem sermos pegos pelos seguranças.
- WTF! – o null falou. – Tinha espinho nessa merda!
- Ok, foco. – o Allan dava as instruções. – Eles estão jogando golfe há duas horas, é provável que já já, eles entrem pro vestiário pra por o uniforme de pólo.
- Olha só cinco coelhos numa mesma cartola! – eu disse rindo. – O Jorgito também está aí, ele vai se foder legal também e eu vou rir muito da cara dele.
- Dois. – o null disse.
- Três. – Hiago falou.
- Quatro. – Lucas também falou.
- Ok, todos nós vamos rir muito deles. – o Tarso falou. – Lucas, tu trouxe a câmera?
- Lógico, não ia perder a oportunidade de filmar os almofadinhas se ferrando por nada nesse mundo. – ele respondeu.
- Ok, eu, o Hiago e o null, vamos pro vestiário. – eu disse e logo fui pro rumo do vestiário.
O Tarso, o Allan e o Lucas foram pro campo onde o jogo aconteceria
Os armários eram todos cinzas, tinham outros caras por lá, um ou dois, mas dava pra gente se esconder nos corredores de armário. Nós nos dividimos até o null achar os armários deles.
- Cambada! – ele disse colocando o rosto pra fora de um corredor. – Achei.
Estavam todos lá, os cinco armários alinhados com o nome dos cinco putos. Não perdemos tempo e logo o Hiago tirou a bombinha da mochila dele. Eu encaixei a mangueirinha na bombinha e logo fui pro primeiro armário, enfiei a mangueira fininha pelas aquelas aberturas que ficam no armário e desbloqueei a trave da bombinha, logo foi despejado um pouco do conteúdo e assim eu fiz em todos os cinco armários.
Nós já ouvíamos as vozes dele falando de Paris, que gay, quando nos escondemos entre os corredores e saímos de lá.
Encontramos com os outros em uma espécie de barricada que era o parapeito de uma varadinha que tinha lá. Cada um pegou seu binóculo e o Lucas começou a filmar tudo com zoom máximo. Todos os oito jogadores entraram com seus cavalos e seus tacos enormes. Tinha uma mini platéia de Maria não sei o que, como se chama as marias que cantam os caras que jogam pólo? Tipo Maria breteira, Maria gasolina? Enfim, as marias... periguetes ficavam perto observando eles e aplaudindo, que coisa mais escrota, tava me dando sono já ao não ser pela cena maravilhosa de ver o Gabriel, o Naran, o Jorgito, o JJ e o Félix já se contorcendo discretamente em cima do cavalo. Os cavalos iam de um lado pro outro e volta e meia formava-se um motim de cavalheiros com seus tacos pra tentar acertar a bolinha. To rindo ‘véiio’, tipo muiiiito. Os caras começaram a coçar discretamente o órgão deles, pode parecer normal já que homem pega mesmo no saco ao vivo, a cores e em público, mas eles estavam exagerando e a gente tava rindo muito. O Gabriel foi o primeiro a desistir, logo foi substituído por outro jogador, ele saiu correndo tirando a camisa e se coçando. Santo pó de mico, ajudando você a ferrar com seus inimigos a décadas! O JJ e o Félix se jogaram do cavalo se contorcendo no chão ao se coçar e agente filmando tudo!!! Os outros 6 cavalos se juntaram novamente pra disputar a bola quando o Naran se curvou não aguentando a coceira, um jogador foi lançar o taco pra acertar a bola e a base do taco foi bem no rosto perfeitinho de porcelana do Naran, que caiu do outro lado do cavalo desmaiado. Não era grave tá, isso acontece sempre aqui.
- UUUUUU!- nós seis falamos ao mesmo tempo com a mão na boca.
- EI!!! SEGURANÇA!! PEGUEM ELES!!! – o Jorgito gritou apontando pra gente e logo cinco seguranças enormes começaram a correr atrás da gente. Nós saimos em dispradas, um tropeçando no outro e tendo crises de riso.
“tisc”
- Mano, eu acho que urinei nas calças quando o JJ se jogou do cavalo! – o null disse enquanto tirava a foto de perfil com uma plaqueta. Sim, a gente foi preso e a julgar pelo fato da gente comentando o acontecido na delegacia (!), ninguém ia duvidar da nossa culpa... mas foda-se, risos eternos.
“tisc”
- Cara, eu vou fazer esse vídeo virar viral, ‘ces’ vão ver! – o Lucas disse.
- Ei, tira o chiclete da boca! – o policial ordenou.
- Foi mal chefia. – o Lucas respondeu.
“tisc”
- Não gosto do tom alaranjado desse uniforme de cadeia, ele me deixa meio pálido. – o Allan comentou também segurando plaqueta.
“tisc”
- Cara, eu to fodido, minha mãe vai me matar, vai cortar minha internet e meu pai vai cortar minha mesada! – o Hiago dizia. – Como poderei viver sem minha assinatura da Playboy?!
“tisc”
- Risos eternos.... – o Tarso não conseguia parar de rir, ele definitivamente não estava em condições pra falar nada.
“tisc”
- Pose para a foto. – eu disse e pisquei com meu sorriso máster, ganhei meu dia! Risos, risos. – Não, não, espera, com o olho fechado e inchado em homenagem ao Naran! – todos riram da minha careta.
Logo estávamos em uma cela comentando o fato com direito a reconstituição, nós estávamos com um uniforme laranja horrível e desnecessário, mas fazer o que. Não via a hora de ver como ficou a cara do Naran, ele não sairia em público tão cedo.... pensando... pensando. PUBLICO!!!!
- Ah meu Deus!! – eu levantei rapidamente indo até a grade tentando enxergar o relógio de parede. – Que horas são?!
- Cinco e meia da tarde garoto, agora fica quieto. – um policial respondeu enquanto lia um jornal.
- O que foi null? – o Lucas perguntou.
- Daqui uma hora e meia a peça da escola vai começar e o Naran deve tá no hospital, ele provavelmente não vai ficar bem a tempo. – eu disse me sentando com as mãos entre a cabeça.
- E daí? – o Tarso disse. – Problema deles, a peça vai ser cancelada e melhor pra todo mundo que não precisa participar.
- Não cara! – eu disse ainda pensando no acontecido. – Eles se esforçaram pra caralho pela aquela peça, a gente odeia o Naran, mas ele é só 2% do grupo, o resto são nossos amigos e a falta dele vai ferrar com o trabalho todo! E pior: a tá esperando por esse peça há seis meses!
- ii cara, fodeu então. – Lucas disse enquanto desenhava na parede.
- Não fodeu não, é boiolagem pra gente, mas é importante para os nossos amigos. – o null disse se levantando. – E os amigos se fodem juntos... – ele disse estendendo a mão pra mim.
- E se salvam juntos. – eu disse sorrindo.
- Qual o plano? – o Allan disse e logo estávamos traçando um plano.
Narrador Onipresente
- Onde eu assino? – null perguntou batendo a mão no balcão da delegacia.
- Aqui. – disse um policial colocando um papel em cima do balcão. Priscila se equilibrava no salto 16 com uma bolsa dourada enorme pendurada no antebraço.
- Vai ficar me devendo essa. – ela disse se aproximando dele.
- Tem caneta? – null disse sem dá muita bola ao perigo que era ficar em divida com Priscila. Ela entregou uma caneta pra ele.
- E eu vou fazer questão de cobrar. – ela disse sorrindo maliciosamente.
- Que seja. – null disse entregando a caneta. – Lembra que o Richard não precisa saber disso, ta? Eu não preciso de sermão toda vez que for pra cadeia, ele não conhece a peça.
- Isso vale pra mim também Pri? – o null disse assinando o papel.
- Você também está me devendo essa null. – ela disse sorrindo para o garoto que ficou paralisado.
- Assina logo null, a gente tem que ir! – o Allan disse olhando para o relógio.
- Nós vamos ficar com esses uniformes da cadeia mesmo? – o Hiago perguntou.
- A gente não tem tempo pra esperar nossas roupas. Vamos! – o Tarso disse e logo os garotos saíram da delegacia rapidamente. Já era sete e meia, a peça já estava na metade.
- Eu... eu não vou conseguir. – já bebia o décimo copo de água, a garota estava muito nervosa entre uma cena e outra da peça.
- Eu vou matar o Naran! – a senhora Feliciana dizia andando de uma lado para o outro. – Como ele foi arrumar de se acidentar justamente hoje?! Eu estou esperando por essa peça há seis meses e colocar o Heitor como substituto em última hora tá deixando a peça fraca e sem graça! – ela disse gritando.
- Eu não vou conseguir, eu praticamente estou tendo que levar a peça nas costas! – falou trêmula. – A escola toda está aí, meus pais estão aí e parte da socidade está aí...
- Diretores de faculdade e de centros de arte também estão. – uma garota falou enquanto maquiava .
- Obrigada Ana, sua tentativa de deixar a mais nervosa funcionou pra caramba, obrigada pelo incentivo. – null disse voltando da coxia. – , tá difícil, eu sei, tu não precisa fazer isso, tu não precisa continuar se não está bem...
- O que tá falando null null?! – Feliciana piarregou. – Você enlouqueceu?! É claro que ela precisa continuar, como ela mesmo disse, ela quem tá levando essa peça nas costas.
- Eu não posso fazer a cena final, eu simplesmente... não posso. – Heitor disse nervoso andando de um lado para o outro. – Eu não sei cantar, não sei dançar, não ensaiei porra nenhuma, eu... eu não pos...
- Olha aqui Heitor. – Feliciana disse segurando no braço dele. – Você vai fazer isso se não eu garanto sua reprovação em no mínimo quatro matérias no fim do ano, você precisa ajudar a gente a salvar essa peça!
- Não senhora Feliciana! Olha o que está pedindo pra gente: nós estamos sem o nosso personagem principal, não dá pra fazer uma peça assim. – disse se levantando e encarando a professora.
- Sim, a gente consegue, conseguimos metade da peça fazendo isso, improvisando com o Heitor, agora se você é tão covarde ) a ponto de querer desistir no final da peça, vá em frente, nos abandone e prove o quão fraca parecer ser. –Feliciana disse.
- Ei, pode parar com isso. – null interrompeu. – Quem tu pensa que é hein? Quem paga seu salário senhora Feliciano, somos nós, ok? É a , eu, o Heitor, a Ana e todos os outros alunos que a senhora pressiona e humilha todos os dias, é evidente que a senhora não tem medo de um processo!
- Me processe, pinche a minha casa, sabotem o meu carro, MAS FAÇAM ISSO DEPOIS QUE EU OUVIR OS APLAUSOS FINAIS DA PLATEIA! – ela disse e saiu.
- Vadia! – null a xingou.
- Seja o que Deus quiser. – disse e saiu a fim de entrar no palco para a cena final.
Todos os atores estavam de um lado atrás das cortinas e iam entrando aos poucos. A cena se seguia sem maiores danos... Ana arrumou o primeiro vestido de , a moça estava com dois, um feio e maltrapilho por cima e um deslumbrante por debaixo. A protagonista pôs a venda, como o combinado na adaptação da festa e logo um dos atores segurou em sua mão e a puxou pro centro do palco.
Acena seguiu, e minutos antes da cena final, voltou pra trás da cortina.
- Onde está o Heitor? – Ana perguntou.
- Ãh? O Heitor não está aí? – perguntou assustada.
- Não. – Ana respondeu e saiu pra procurá-lo.
- O que está fazendo aí? – Feliciana disse se aproximando rápido. – Entre logo.
- Não. – tentava lutar pra não entrar no palco. – O ... o Heitor...
- Entra logo! – Feliciana a empurrou e ela entrou tropeçando no próprio pé causando risos do público...
olhou ao redor e os outros atores assim como o público esperavam uma reação dela... encontrou null atrás da cortina e ela fez um sinal positivo e com um sorriso no rosto balbuciou “Continua”...
A moça pôs a venda e meio insegura, trêmula continuou a peça quase chorando, não sabia o que fazer...
- Não, eu não o vejo, mas eu o ouço! Dionisio! Dionisio!- dizia no centro de um circulo com os braços abertos, os outros atores simulavam comentários maldosos sobre a personagem, sobre o modo como se vestia e gritava. – Eu quase posso dizer como você é, eu ouço esse som diz que é pra eu não desistir.
- Diga-me Anastásia. Diga-me... Como me vê? – ficou confusa ao ouvir aquela voz, estava longe e parecia bem forçada. Ela aproveitou a semi escuridão do palco e tirou um pouco a venda pra ver o que acontecia: null estava com o microfone escondida atrás da cortina e forçava uma voz masculina. quis rir de nervoso, aquilo ajudava no momento, mas logo uma figura masculina deveria aparecer no palco. O público não engoliria essa. Colocou a venda novamente e continuou.
- Vejo teu coração, e vejo que tu és lindo por dentro e o que tu tens por dentro ilumina, resplandece, transborda pro fora Dionísio. – ela esperou um pouco e respirou fundo.... – Tua voz... Tua voz meu doce amor, me faz querer dançar e tua voz a cantar uma canção pra mim me faz querer ter asas pra contigo dançar até sentir forças pra poder voar... Onde você está Dionísio? Eu não posso ouvi-lo! – ela terminou a fala e engoliu em seco, havia chegado o momento e ela não sabia o que ia acontecer, o coração estava pra sair da boca, ela tinha vontade de sair correndo dali e se enterrar em um buraco, estava com vontade de desmaiar, estava quente demais ali...
Até que aquele som de piano a assustou pegando todos de surpresa também, menos o público que não sabia de nada, os atores se viraram pra o piano que antes ninguem havia notado.
- I've been stranded on a lonely street... got lost in the shadows, fell hard in the battle, heard cries and the suffering.... walked through the darkness, left broken and heartless ... – as luzes no palco diminuíram drasticamente e apenas um feixe de luz iluminava surpresa e confusa quanto a voz que ouvia, e outro feixe iluminava o piano no canto do palco e nele, null estava sentado no banco a frente, usando smoking como a peça mandava e com o cabelo loiro molhado, o rapaz permanecia elegante e alinhado cantando com um microfone auricular preso no rosto. O rapaz não hesitou em salvar a peça de assim que viu Heitor correndo pra fora do auditório.
- My heart beats for Love, my heart beats for Love... – “meu coração bate por amor, meu coração bate por amor”, cantava o refrão a plenos pulmões, ora olhava pra que não o via, ora fechava o olho sentindo a música percorrer pelo peito com aquele sorriso brilhante e vitorioso no rosto, a essa hora, os alunos já comentavam o aparecimento do herói rebelde da escola em uma peça romântica deixando a peça bem mais interessante e enchendo o auditório de suspiros femininos e lágrimas nos olhos.
Hiago, Tarso, Lucas e Allan estavam alinhados do outro lado do palco, fazendo um coro improvisado ainda com o uniforme laranja da cadeia com as mãos cruzadas nas costas. Mexiam de um lado para o outro no ritmo da música que passaram o caminho todo estudando. permanecia confusa e nervosa, não tinha certeza, mas acreditava conhecer essa voz. null parecia se divertir com a insegurança dela, como se falasse pra si mesmo, “calma null, não precisa ficar nervosa, eu to aqui.”. todos já entravam no clima...
- My heart beats for Love, my heart beats for Love... – “este é o som que eu ouço.... me diz para não desistir.... Ele respira em meu peito e atravessa o meu sangue” dizia a letra da música.... – My heart beats for Love, my heart beats for Love...
null se sentou no banquinho ao lado de null e logo assumiu o piano assim que null levantou e se aproximou de pelas costas, a luz ainda priorizava eles. sentia sua aproximação... Ele pôs a mão direita na cintura de delicadamente, com a mão esquerda segurou na mão esquerda dela, encaixou o queixo no ombro esquerdo de e encostou a boca próximo ao seu ouvido. As pernas de queriam falhar assim que ouviu...
- Eu marchei através desse campo de batalha, eu estou gritando, você pode me ouvir agora? Eu estou me segurando, eu defendo meu chão, eu estou gritando, você pode me ouvir agora? – dizia a letra. O coro seguido por null cantava o refrão em alvoroço quando null segurou na mão de a virando e tirando a venda dela quebrando o encanto de Anastásia, logo iniciaram passos não-ensaiados, mas perfeitamente sincronizados como no dia do baile, os dois sorriam um para o outro enquanto null continuava cantando.
Estavam felizes, null se soltou dela segurando sua mão e a fazendo rodopiar no palco fazendo o vestido maltrapilho cair dando lugar para um lindo vestido branco e esvoaçante que girava junto com , esta quase chorava de emoção. null a acompanhava girando em torno de si mesmo para ver dançando e seguindo o roteiro no palco, ele cantava sorrindo com força, emoção, cantava olhando nos olhos delas até puxá-la no fim da música...
- Você me enxerga tão bem quanto qualquer pessoa que me veja todos os dias por inteiro me enxerga. – disse a fala que seria de Dionísio e null não resistiu... a beijou no palco. Não o beijo disfarçado que seria inicialmente, mas um beijo suave e romântico.... As luzes se apagaram, as cortinas se fecharam sob os gritos e aplausos do público em pé.
Os atores já se dispersavam e assim que a peça terminou, e null foram separados pelo motim de comemoração da turma. O beijo estava no roteiro ou null mais uma vez seguiu o coração? ainda respirava fundo e dessa vez não sorria, parecia mais pensativa enquanto trocava de roupa, vestiu a calça jeans branca, a blusa de renda na cor salmão e a sapatilha rosa, arrumou a bolsa quando alguém bateu na porta. Ela abriu...
- Olha, eu te devo explicações sobre o que eu fiz hoje a noite, me perdoe pelo beijo, eu fui impulsivo, mas tecnicamente eu segui o roteiro, de maneira alguma, eu quis te invadir ou me aproveitar. Me aproveitar? Que merda eu to falando? – null dizia uma palavra atrás da outra sem deixar falar... estava só com a camisa branca, uma calça jeans preta e já tinha trocado o sapato por um all star.
- null, ok, não precisa me explicar nada, só precisa me dizer uma coisa. – disse segurando a maçaneta da porta e olhando fixamente pros olhos de null.
- O.. o quê? – ele perguntou franzindo o cenho, sua experiência dizia que essas frases nunca terminavam bem.
- Por que mentiu pra mim? – ela perguntou e ele não entendeu, ou melhor, já começava a entender e desviou o olhar colocando a mão na cintura se dando por vencido. – Eu reconheceria sua mão na minha cintura, aqueles passos e o seu beijo mesmo que eu vivesse 100 anos. – ela disse com a voz embargada.
- Nossa... – ele disse meio desajeitado. – E eu jurei pra mim mesmo que mesmo que eu vivesse 100 anos eu iria te beijar de novo... null. Você tava linda com aquele vestido preto com pedras brilhantes e teu cabelo cheirava a morango, a gente dançou Primavera in antecipo, você machucou o tornozelo e eu fiquei semanas preocupado contigo.
continuava com um semblante triste.
- Por que mentiu pra mim? Por que fugiu de mim? – ela disse quase chorando. – Aquela noite foi importante pra mim null, você salvou minha vida!
- Eu não queria te decepcionar ... eu.. – ele disse e logo parou e olhou para os lados. – Deixa eu entrar, vamos conversar. – null e entraram no camarim e ela trancou a porta e depois o encarou esperando a continuação. – Eu não sou aquilo lá, aquele principezinho que tu viu, eu sou o que tu vê todo dia nessa escola, eu me meto em confusões, eu uso drogas, eu bebo muito, eu passo 25 horas do dia fora de casa, frequento festas clandestinas, conheço gente da pesada, eu transo com garotas das quais nem lembro o nome, enfim, eu sou errado pra caralho... Não é o tipo de cara que você merece e eu queria que lembrasse daquele cara do baile, por que ele é muito melhor que eu, Jorgito e qualquer mauricinho dessa escola. Vai dizer que não sorria quando lembrava dele? Aquele sorriso bonito que eu te disse na carta, lembra... – ele pegou no pulso dela e passou o dedo onde tinha escrito. – Não se esqueça de sorrir. Eu queria que lembrasse dele, e não se atrelasse a imagem de um cara que só faz besteira na vida.
- Fez errado null, eu estava com medo de está sonhando com um fantasma. – disse.
- E ele é um fantasma . – null disse e caminhou até a porta.
- Não, não é, eu sei que ele existe, do jeito dele, errado ou certo... ele existe, ele como o paraíso, ele existe. – disse e null parou com a mão na maçaneta.
- Você não sabe muito sobre o certo e o errado mesmo . Considerando o mundo em que você vive o que você procura é um paraíso proibido. – null disse e saiu com o coração apertado.
Precisava recuar, pois estava cada vez mais próximo...
Naran: “ O feitiço que haviam jogado em Anastásia quando criança, foi quebrado... O verdadeiro amor, aquele que se encontra, aquele que se vê mesmo sem os olhos, aquele que vê primeiro o coração depois a cor dos olhos. Anástasia havia descoberto e tinha feito Dionísio descobrir. A garota agora podia ver e dançar com o amado por todo o salão sob os olhares incrédulos dos convidados.”
- Mas por que mesmo que eu tenho que ensaiar essa música se vai ser dublado? Aff. – Naran dizia ao jogar o papel em cima da cama.
null Narrando
- E ‘ae’ cachorrão, o que tu manda? – o Tarso disse chegando perto de mim e do null enquanto andávamos no corredor da escola. Última semana de aula.
- Vai ter reunião dos felas agora. – o null cochichou e seguimos discretamente pra sala do depósito de livros velhos.
- O que houve? – eu perguntei logo que entramos. Ia ter ensaio da e eu queria assistir. Disfarça.
- Sabe o lance da Lohanne? – o Tarso iniciou. Eu assenti com a cabeça.
- Sim, o que tem? – eu disse.
- A gente descobriu que foi armação. – o Hiago disse.
- Mas foi uma armação, ow e tu deve um pedido de desculpas pro null. – o null acusou.
- Desculpa falou? – o Hiago disse e abaixou a cabeça. – Então, a gente descobriu que foi armação, mas o melhor vocês não sabem...
- A gente descobriu quem armou isso. – o Lucas completou.
- Quem? – eu e o null falamos ao mesmo tempo.
- Os Narcisos, só pra variar. – o Lucas disse.
- Que filhos da puta, eles querem briga mesmo! – o null disse.
- A gente ta pegando leve com eles. – eu comentei.
- E eu tenho um plano que é muito longe de pegar leve. – o Allan disse se sentando no chão e abrindo o caderno dele. – ‘Ces’ tão nessa?
- Claro! – todos dizemos e logo depois o Allan começou a expor o plano, era muito, muito legal e no próximo sábado, a gente ia por em prática. Muahahaha, muahaha, mua... ei, espera.
- Cara, no sábado é apresentação da peça da escola! – eu disse.
- E? – o Tarso, o Lucas, o Hiago e o Allan perguntaram a mesmo tempo.
- Não cara, a gente não se mete nessas boiolagens de peça de teatro, romance, dança, de ‘Sheikispi. – o Hiago rebateu.
- É Shakespeare ‘manolo’. – eu corrigi ele, e não devia ter feito isso, eles me olharam com um olhar estranho. – Ok, ok... No sábado Os Narcisos vão conhecer Os Felas.
E eu vou ter que me redobrar em cinco e meio pra tentar assistir a peça da ou desistir de ir assistir. Ela, que por sinal, nem falou mais comigo mesmo depois da null ter dito pra ela sobre a confissão da Lohanne, a não estava no corredor nessa hora. Ela nunca tá pra ver eu fazendo as coisas certo, ela só me pega nas horas que eu faço tudo errado, mas que merda, viu! E o pior que eu to me esforçando pra agradar ela, é melhor eu recuar, não to gostando disso.
Narrando
Sexta-feira a noite e eu to super hiper mega ultra ansiosa pra amanhã. Tomara que dê tudo certo, pra me certificar de que nada vai sair do controle, vou passar essa noite estudando pela milésima vez as falas. Estudaria se não fosse interrompida pelo teleone tocando.
“ – Oi Jorgito.
- Por que não me chama de amor, gatinha?
- Que barulho é esse? Música alta?
- É, eu to em uma festa, eu vou mandar o motorista ir te buscar.
- Não, eu não posso ir a uma festa, a peça é amanhã, lembra? E desde quando você frequenta festas assim?
- Ih ...
- Tu tá bêbado?
- Shiw, silêncio. Eu não to bêbado, eu to curtindo e to te chamando pra curtir também já que tu acha que eu te privo de diversão por não frequentar as mesmas festas que os porcos dos seus amigos.
- Meus amigos não são porcos, olha como fala Jorgito!
- Foda-se.. O carro tá chegando aí e você é obrigada a vim, eu te quero aqui em meia-hora.
Não suportava mais o jeito como o Jorgito me tratava e tratava meus amigos, até da null que era minha melhor amiga acima de qualquer namorado, acima de qualquer homem, ele falava mal. eu tinha que por um ponto final nisso.
Quarenta e cinco minutos depois eu estava no lugar indicador, era um bar elegante fechado apenas para os amigos do Jorgito. Um terço da escola devia tá lá, aqueles mauricinhos e as patricinhas de sempre. Me sentia desconfortável até achá-lo sentado em uma sofá dourado com alguns amigos e uma mesa cheia de garrafas vazias em cima.
- , eu disse meia hora! – ele falou rindo afastando algumas mulheres do lado dele. Ele puxou a minha mão e me fez sentar no colo dele.
- O que tá fazendo Jorgito? Você tá bêbado. – eu disse tentando soltar a mão dele da minha cintura.
- Eu to me embebedando ora. – ele disse e um coro de risos se formou.
- Me solta por favor. – eu disse enquanto ele alisava minhas pernas. Eu me senti completamente invadida. Me soltei dele e sentei ao lado.
- iiih Jorgito, a patroa manda em você assim, é? – o infeliz do JJ comentou fazendo um conjunto de risos ecoarem. O Jorgito não gostou nada disso, logo ele que é todo orgulhoso.
Ele me olhou com raiva e com o olhar do tipo “olha o que você me fez passar!”.
- Chegou, chegou, chegou! – o Félix disse se aproximando da mesa com um pacote branco, ele se sentou ao meu lado e colocou o pacote em cima da mesa.
- O que é isso? – eu disse já imaginando o que era, mas preferindo não acreditar. – Não acredito que...
- Cocaína Barbie. – o Gabriel disse e logo eles começaram a cheirar. Encabeçado pelo Jorgito que tava totalmente alheio a minha cara de horror com aquela cena, ao poucos ele ia ficando meio louco, ele e os amigos dele. Aliás, um olhar rápido em volta do bar e dava pra ver que a maioria se divertia assim, com pacotes de drogas caras e bebidas fortes. Ali não era o meu lugar e eu estava definitivamente com medo. Me levantei pra ir embora.
- Ei, onde pensa que vai? – o Jorgito disse puxando meu pulso e me fazendo sentar bruscamente de novo.
- Eu vou embora, eu tenho que acordar amanhã cedo. – eu disse meio trêmula, os olhos do Jorgito estavam meio vermelhos.
- Que nada , tu tá tensa, vem cá, - ele disse pegando um pouco de pó num pedaço de guardanapo. – Cheira isso aqui que tu vai ficar bem.
- Não! – eu disse empurrando pra longe.
- Tu é louca garota?! Isso é caro pra caralho! – o Naran gritou comigo e logo depois saiu pra pista.
Eu me levantei e fui caminhando rápido para atravessar o bar e ir embora. O Jorgito segurou o meu braço e me virou pra ele no meio do salão.
- Por que você não se diverte um pouco comigo hein ? – ele disse furioso. – Eu queria que você deixasse essa sua carapuça santinha, sem graça e estúpida em casa quando resolvesse sair comigo e com meus amigos. O quê? Quer morrer virgem e sem graça, é? Foda-se então ow velhinha!
Todos olharam ele dizer isso pra mim e até alguns risinhos eu escutei. Fiquei sem reação, mas logo meu sangue subiu pra cabeça e resolvi enfrentar o Jorgito pela primeira vez, com olhos lacrimejando de ódio.
- Olha como você fala comigo seu desgraçado manipulador e ridículo! – eu disse entre os dentes e me soltando dele. – Eu não estou aqui por que eu quero! Eu prefiro ficar trancada em um quarto escuro e abafado a ficar com os seus amigos, esses que te manipulam fácil e deixam você achar que está no poder, mas você é só mais uma merda que se acha grande coisa. Tem dinheiro, tem beleza, mas não tem um pingo de caráter e isso te faz o ser humano mais repugnante que eu tive o desprazer de conhecer. Dois anos contigo foram total perda de tempo, mas que bom que tua máscara caiu... Quem sabe a minha também caia agora que eu não tenha você no meu pé feito um cachorro babão insistindo em querer dizer o que eu devo ou não devo fazer. Tá tudo acabado Jorgito, tudo acabado e quer saber? Eu também sei dizer FO-DA-SE VOCÊ!
Eu disse e sai sem olhar pra trás com passos firmes, o coração apertado, mas a alma lavada e meio trêmula, mesmo depois da situação humilhante que provavelmente repercutiria na escola fazendo minha vida virar um inferno, eu sorri. O Jorgito era um peso que eu não aguentava mais carregar.
“- Alô null.
- Oi . Como você tá? - ela disse com uma voz triste enquanto eu estava no táxi ligando pra ela.
- Eu? Eu to... Tu.. Tu já sabe?
- Sim, já tá na OTT. ‘O casal Angelito tem DR no meio da festinha e resolve passar a limpo a virgindade de ). Tá passando do ponto hein ?’ Manchete do OTT há 10 minutos atrás.
- Eu... eu não acredito.
- , não fica assim, essa gente é venenosa, não tem nenhum problema em você ser virgem com 17 anos, isso só mostra que você se preserva, entende? Que tu ainda não achou o cara certo e que o Jorgito de tão nojento, definitivamente não era homem pra você.
- Nossa, com que cara que eu vou aparecer na escola amanhã pra peça? Ainda bem que é o último dia, depois eu vou sumir dessa cidade por um mês!
- Você vai subir naquele palco e vai fazer todas aquelas babacas sentirem inveja de você. por que vai está linda, por que você é linda e tem muito mais dignidade que o que elas tem de maquiagem e quanto ao Jorgito, foda-se ele, vocês terminaram, não é?
- Eu terminei com ele, lógico! Ele me humilhou publicamente, eu não deixei barato.
- Eu to orgulhosa de você, não sabe como eu fico feliz de saber que você se livrou dele.
- Eu espero ter me livrado, acho que ele ainda vai me causar problemas.
- Eu to com você, e qualquer coisa é melhor do que está ao lado de um moleque que não te valoriza, digo isso por que null null desistiu do Jason.
- Ok, te vejo amanhã, espero que essa peça salve um pouco da minha estima.
- Vai dá tudo certo, você vai ver.
- Beijão null.
- Beijos . ”
Não sei se dormir mesmo, mas minha insônia me atacou forte e eu fiquei virando na cama das cinco da manhã até as sete quando perdi a paciência e levantei. Me sentei na cadeira de estofado branco com flores em frente a escrivaninha e já sentia meu estomago se contorcer, meu coração disparar. Daqui 10 horas eu subiria naquele palco e faria uma apresentação pra escola inteira. Mas meu Deus, eu me preparei o semestre inteiro pra essa peça, eu estudei demais, eu ensaiei demais, eu me esforcei demais, eu devia está confiante e segura. Mas confiança e segurança geralmente não faziam mesmo parte do meu vocabulário. E ainda tinha a minha preocupação com o meu par na peça, o Naran... Ele tava na festa ontem, naquela festa desastrosa e humilhante pra mim, será que estaria bem pra peça? Será que estava vivo ainda?! Fiquei andando de um lado pro outro tentando descobrir o que fazia... Já era 9 horas da manhã e eu peguei o telefone pra ligar pra ele, só pra confirmar se ele estava mesmo inteiro pra uma apresentação tão difícil.
O telefone chamou umas oitos vezes até a voz sonolenta dele atender.
“- O que tu quer? Eu não sei do Jorgito e tu me acordou, sabia?
- Para de ser grosso Naran! Eu não to ligando pra saber do Jorgito, eu não quero saber dele, eu quero saber se você vai está bem a tempo da apresentação. É hoje, você se lembra, não lembra? – ele ficou em silêncio por um instante me deixando mais agoniada.
- Claro que lembro. E eu estou bem, eu nasci bem e eu vou arrasar nessa peça, ok coadjuvante?- coadjuvante? Que arrogante! Eu era a personagem principal! – Agora me deixa dormir o meu sono da beleza! Ah, e a propósito, eu tenho noticias do Jorgito sim, a gente vai jogar golfe e pólo hoje a tarde, se quiser ir lá se desculpar pela calúnia que você cometeu ontem, sabe onde nos encontrar.
- Até parece que eu vou me desculpar! ”
Desliguei na cara dele, isso devia me deixar um pouco mais tranquila, mas não deixou, mesmo me assegurando de que o Naran estava bem pra apresentação eu continuava ansiosa e insegura.
null Narrando
Uma limusine parou em frente ao Jockey Club naquela tarde agradável de sábado. Jorgito, Félix, Naran, JJ e Gabriel, desceram do carro trajando o uniforme de jogadores de golfe e com suas bolsas de taco nas costas entraram no clube. Duas horas depois, em um muro do outro lado, eu, null, Allan, Hiago, Tarso e Lucas pulávamos o muro e nos jogávamos nos arbustos afim de entrar no clube sem sermos pegos pelos seguranças.
- WTF! – o null falou. – Tinha espinho nessa merda!
- Ok, foco. – o Allan dava as instruções. – Eles estão jogando golfe há duas horas, é provável que já já, eles entrem pro vestiário pra por o uniforme de pólo.
- Olha só cinco coelhos numa mesma cartola! – eu disse rindo. – O Jorgito também está aí, ele vai se foder legal também e eu vou rir muito da cara dele.
- Dois. – o null disse.
- Três. – Hiago falou.
- Quatro. – Lucas também falou.
- Ok, todos nós vamos rir muito deles. – o Tarso falou. – Lucas, tu trouxe a câmera?
- Lógico, não ia perder a oportunidade de filmar os almofadinhas se ferrando por nada nesse mundo. – ele respondeu.
- Ok, eu, o Hiago e o null, vamos pro vestiário. – eu disse e logo fui pro rumo do vestiário.
O Tarso, o Allan e o Lucas foram pro campo onde o jogo aconteceria
Os armários eram todos cinzas, tinham outros caras por lá, um ou dois, mas dava pra gente se esconder nos corredores de armário. Nós nos dividimos até o null achar os armários deles.
- Cambada! – ele disse colocando o rosto pra fora de um corredor. – Achei.
Estavam todos lá, os cinco armários alinhados com o nome dos cinco putos. Não perdemos tempo e logo o Hiago tirou a bombinha da mochila dele. Eu encaixei a mangueirinha na bombinha e logo fui pro primeiro armário, enfiei a mangueira fininha pelas aquelas aberturas que ficam no armário e desbloqueei a trave da bombinha, logo foi despejado um pouco do conteúdo e assim eu fiz em todos os cinco armários.
Nós já ouvíamos as vozes dele falando de Paris, que gay, quando nos escondemos entre os corredores e saímos de lá.
Encontramos com os outros em uma espécie de barricada que era o parapeito de uma varadinha que tinha lá. Cada um pegou seu binóculo e o Lucas começou a filmar tudo com zoom máximo. Todos os oito jogadores entraram com seus cavalos e seus tacos enormes. Tinha uma mini platéia de Maria não sei o que, como se chama as marias que cantam os caras que jogam pólo? Tipo Maria breteira, Maria gasolina? Enfim, as marias... periguetes ficavam perto observando eles e aplaudindo, que coisa mais escrota, tava me dando sono já ao não ser pela cena maravilhosa de ver o Gabriel, o Naran, o Jorgito, o JJ e o Félix já se contorcendo discretamente em cima do cavalo. Os cavalos iam de um lado pro outro e volta e meia formava-se um motim de cavalheiros com seus tacos pra tentar acertar a bolinha. To rindo ‘véiio’, tipo muiiiito. Os caras começaram a coçar discretamente o órgão deles, pode parecer normal já que homem pega mesmo no saco ao vivo, a cores e em público, mas eles estavam exagerando e a gente tava rindo muito. O Gabriel foi o primeiro a desistir, logo foi substituído por outro jogador, ele saiu correndo tirando a camisa e se coçando. Santo pó de mico, ajudando você a ferrar com seus inimigos a décadas! O JJ e o Félix se jogaram do cavalo se contorcendo no chão ao se coçar e agente filmando tudo!!! Os outros 6 cavalos se juntaram novamente pra disputar a bola quando o Naran se curvou não aguentando a coceira, um jogador foi lançar o taco pra acertar a bola e a base do taco foi bem no rosto perfeitinho de porcelana do Naran, que caiu do outro lado do cavalo desmaiado. Não era grave tá, isso acontece sempre aqui.
- UUUUUU!- nós seis falamos ao mesmo tempo com a mão na boca.
- EI!!! SEGURANÇA!! PEGUEM ELES!!! – o Jorgito gritou apontando pra gente e logo cinco seguranças enormes começaram a correr atrás da gente. Nós saimos em dispradas, um tropeçando no outro e tendo crises de riso.
“tisc”
- Mano, eu acho que urinei nas calças quando o JJ se jogou do cavalo! – o null disse enquanto tirava a foto de perfil com uma plaqueta. Sim, a gente foi preso e a julgar pelo fato da gente comentando o acontecido na delegacia (!), ninguém ia duvidar da nossa culpa... mas foda-se, risos eternos.
“tisc”
- Cara, eu vou fazer esse vídeo virar viral, ‘ces’ vão ver! – o Lucas disse.
- Ei, tira o chiclete da boca! – o policial ordenou.
- Foi mal chefia. – o Lucas respondeu.
“tisc”
- Não gosto do tom alaranjado desse uniforme de cadeia, ele me deixa meio pálido. – o Allan comentou também segurando plaqueta.
“tisc”
- Cara, eu to fodido, minha mãe vai me matar, vai cortar minha internet e meu pai vai cortar minha mesada! – o Hiago dizia. – Como poderei viver sem minha assinatura da Playboy?!
“tisc”
- Risos eternos.... – o Tarso não conseguia parar de rir, ele definitivamente não estava em condições pra falar nada.
“tisc”
- Pose para a foto. – eu disse e pisquei com meu sorriso máster, ganhei meu dia! Risos, risos. – Não, não, espera, com o olho fechado e inchado em homenagem ao Naran! – todos riram da minha careta.
Logo estávamos em uma cela comentando o fato com direito a reconstituição, nós estávamos com um uniforme laranja horrível e desnecessário, mas fazer o que. Não via a hora de ver como ficou a cara do Naran, ele não sairia em público tão cedo.... pensando... pensando. PUBLICO!!!!
- Ah meu Deus!! – eu levantei rapidamente indo até a grade tentando enxergar o relógio de parede. – Que horas são?!
- Cinco e meia da tarde garoto, agora fica quieto. – um policial respondeu enquanto lia um jornal.
- O que foi null? – o Lucas perguntou.
- Daqui uma hora e meia a peça da escola vai começar e o Naran deve tá no hospital, ele provavelmente não vai ficar bem a tempo. – eu disse me sentando com as mãos entre a cabeça.
- E daí? – o Tarso disse. – Problema deles, a peça vai ser cancelada e melhor pra todo mundo que não precisa participar.
- Não cara! – eu disse ainda pensando no acontecido. – Eles se esforçaram pra caralho pela aquela peça, a gente odeia o Naran, mas ele é só 2% do grupo, o resto são nossos amigos e a falta dele vai ferrar com o trabalho todo! E pior: a tá esperando por esse peça há seis meses!
- ii cara, fodeu então. – Lucas disse enquanto desenhava na parede.
- Não fodeu não, é boiolagem pra gente, mas é importante para os nossos amigos. – o null disse se levantando. – E os amigos se fodem juntos... – ele disse estendendo a mão pra mim.
- E se salvam juntos. – eu disse sorrindo.
- Qual o plano? – o Allan disse e logo estávamos traçando um plano.
Narrador Onipresente
- Onde eu assino? – null perguntou batendo a mão no balcão da delegacia.
- Aqui. – disse um policial colocando um papel em cima do balcão. Priscila se equilibrava no salto 16 com uma bolsa dourada enorme pendurada no antebraço.
- Vai ficar me devendo essa. – ela disse se aproximando dele.
- Tem caneta? – null disse sem dá muita bola ao perigo que era ficar em divida com Priscila. Ela entregou uma caneta pra ele.
- E eu vou fazer questão de cobrar. – ela disse sorrindo maliciosamente.
- Que seja. – null disse entregando a caneta. – Lembra que o Richard não precisa saber disso, ta? Eu não preciso de sermão toda vez que for pra cadeia, ele não conhece a peça.
- Isso vale pra mim também Pri? – o null disse assinando o papel.
- Você também está me devendo essa null. – ela disse sorrindo para o garoto que ficou paralisado.
- Assina logo null, a gente tem que ir! – o Allan disse olhando para o relógio.
- Nós vamos ficar com esses uniformes da cadeia mesmo? – o Hiago perguntou.
- A gente não tem tempo pra esperar nossas roupas. Vamos! – o Tarso disse e logo os garotos saíram da delegacia rapidamente. Já era sete e meia, a peça já estava na metade.
- Eu... eu não vou conseguir. – já bebia o décimo copo de água, a garota estava muito nervosa entre uma cena e outra da peça.
- Eu vou matar o Naran! – a senhora Feliciana dizia andando de uma lado para o outro. – Como ele foi arrumar de se acidentar justamente hoje?! Eu estou esperando por essa peça há seis meses e colocar o Heitor como substituto em última hora tá deixando a peça fraca e sem graça! – ela disse gritando.
- Eu não vou conseguir, eu praticamente estou tendo que levar a peça nas costas! – falou trêmula. – A escola toda está aí, meus pais estão aí e parte da socidade está aí...
- Diretores de faculdade e de centros de arte também estão. – uma garota falou enquanto maquiava .
- Obrigada Ana, sua tentativa de deixar a mais nervosa funcionou pra caramba, obrigada pelo incentivo. – null disse voltando da coxia. – , tá difícil, eu sei, tu não precisa fazer isso, tu não precisa continuar se não está bem...
- O que tá falando null null?! – Feliciana piarregou. – Você enlouqueceu?! É claro que ela precisa continuar, como ela mesmo disse, ela quem tá levando essa peça nas costas.
- Eu não posso fazer a cena final, eu simplesmente... não posso. – Heitor disse nervoso andando de um lado para o outro. – Eu não sei cantar, não sei dançar, não ensaiei porra nenhuma, eu... eu não pos...
- Olha aqui Heitor. – Feliciana disse segurando no braço dele. – Você vai fazer isso se não eu garanto sua reprovação em no mínimo quatro matérias no fim do ano, você precisa ajudar a gente a salvar essa peça!
- Não senhora Feliciana! Olha o que está pedindo pra gente: nós estamos sem o nosso personagem principal, não dá pra fazer uma peça assim. – disse se levantando e encarando a professora.
- Sim, a gente consegue, conseguimos metade da peça fazendo isso, improvisando com o Heitor, agora se você é tão covarde ) a ponto de querer desistir no final da peça, vá em frente, nos abandone e prove o quão fraca parecer ser. –Feliciana disse.
- Ei, pode parar com isso. – null interrompeu. – Quem tu pensa que é hein? Quem paga seu salário senhora Feliciano, somos nós, ok? É a , eu, o Heitor, a Ana e todos os outros alunos que a senhora pressiona e humilha todos os dias, é evidente que a senhora não tem medo de um processo!
- Me processe, pinche a minha casa, sabotem o meu carro, MAS FAÇAM ISSO DEPOIS QUE EU OUVIR OS APLAUSOS FINAIS DA PLATEIA! – ela disse e saiu.
- Vadia! – null a xingou.
- Seja o que Deus quiser. – disse e saiu a fim de entrar no palco para a cena final.
Todos os atores estavam de um lado atrás das cortinas e iam entrando aos poucos. A cena se seguia sem maiores danos... Ana arrumou o primeiro vestido de , a moça estava com dois, um feio e maltrapilho por cima e um deslumbrante por debaixo. A protagonista pôs a venda, como o combinado na adaptação da festa e logo um dos atores segurou em sua mão e a puxou pro centro do palco.
Acena seguiu, e minutos antes da cena final, voltou pra trás da cortina.
- Onde está o Heitor? – Ana perguntou.
- Ãh? O Heitor não está aí? – perguntou assustada.
- Não. – Ana respondeu e saiu pra procurá-lo.
- O que está fazendo aí? – Feliciana disse se aproximando rápido. – Entre logo.
- Não. – tentava lutar pra não entrar no palco. – O ... o Heitor...
- Entra logo! – Feliciana a empurrou e ela entrou tropeçando no próprio pé causando risos do público...
olhou ao redor e os outros atores assim como o público esperavam uma reação dela... encontrou null atrás da cortina e ela fez um sinal positivo e com um sorriso no rosto balbuciou “Continua”...
A moça pôs a venda e meio insegura, trêmula continuou a peça quase chorando, não sabia o que fazer...
- Não, eu não o vejo, mas eu o ouço! Dionisio! Dionisio!- dizia no centro de um circulo com os braços abertos, os outros atores simulavam comentários maldosos sobre a personagem, sobre o modo como se vestia e gritava. – Eu quase posso dizer como você é, eu ouço esse som diz que é pra eu não desistir.
- Diga-me Anastásia. Diga-me... Como me vê? – ficou confusa ao ouvir aquela voz, estava longe e parecia bem forçada. Ela aproveitou a semi escuridão do palco e tirou um pouco a venda pra ver o que acontecia: null estava com o microfone escondida atrás da cortina e forçava uma voz masculina. quis rir de nervoso, aquilo ajudava no momento, mas logo uma figura masculina deveria aparecer no palco. O público não engoliria essa. Colocou a venda novamente e continuou.
- Vejo teu coração, e vejo que tu és lindo por dentro e o que tu tens por dentro ilumina, resplandece, transborda pro fora Dionísio. – ela esperou um pouco e respirou fundo.... – Tua voz... Tua voz meu doce amor, me faz querer dançar e tua voz a cantar uma canção pra mim me faz querer ter asas pra contigo dançar até sentir forças pra poder voar... Onde você está Dionísio? Eu não posso ouvi-lo! – ela terminou a fala e engoliu em seco, havia chegado o momento e ela não sabia o que ia acontecer, o coração estava pra sair da boca, ela tinha vontade de sair correndo dali e se enterrar em um buraco, estava com vontade de desmaiar, estava quente demais ali...
Até que aquele som de piano a assustou pegando todos de surpresa também, menos o público que não sabia de nada, os atores se viraram pra o piano que antes ninguem havia notado.
- I've been stranded on a lonely street... got lost in the shadows, fell hard in the battle, heard cries and the suffering.... walked through the darkness, left broken and heartless ... – as luzes no palco diminuíram drasticamente e apenas um feixe de luz iluminava surpresa e confusa quanto a voz que ouvia, e outro feixe iluminava o piano no canto do palco e nele, null estava sentado no banco a frente, usando smoking como a peça mandava e com o cabelo loiro molhado, o rapaz permanecia elegante e alinhado cantando com um microfone auricular preso no rosto. O rapaz não hesitou em salvar a peça de assim que viu Heitor correndo pra fora do auditório.
- My heart beats for Love, my heart beats for Love... – “meu coração bate por amor, meu coração bate por amor”, cantava o refrão a plenos pulmões, ora olhava pra que não o via, ora fechava o olho sentindo a música percorrer pelo peito com aquele sorriso brilhante e vitorioso no rosto, a essa hora, os alunos já comentavam o aparecimento do herói rebelde da escola em uma peça romântica deixando a peça bem mais interessante e enchendo o auditório de suspiros femininos e lágrimas nos olhos.
Hiago, Tarso, Lucas e Allan estavam alinhados do outro lado do palco, fazendo um coro improvisado ainda com o uniforme laranja da cadeia com as mãos cruzadas nas costas. Mexiam de um lado para o outro no ritmo da música que passaram o caminho todo estudando. permanecia confusa e nervosa, não tinha certeza, mas acreditava conhecer essa voz. null parecia se divertir com a insegurança dela, como se falasse pra si mesmo, “calma null, não precisa ficar nervosa, eu to aqui.”. todos já entravam no clima...
- My heart beats for Love, my heart beats for Love... – “este é o som que eu ouço.... me diz para não desistir.... Ele respira em meu peito e atravessa o meu sangue” dizia a letra da música.... – My heart beats for Love, my heart beats for Love...
null se sentou no banquinho ao lado de null e logo assumiu o piano assim que null levantou e se aproximou de pelas costas, a luz ainda priorizava eles. sentia sua aproximação... Ele pôs a mão direita na cintura de delicadamente, com a mão esquerda segurou na mão esquerda dela, encaixou o queixo no ombro esquerdo de e encostou a boca próximo ao seu ouvido. As pernas de queriam falhar assim que ouviu...
- Eu marchei através desse campo de batalha, eu estou gritando, você pode me ouvir agora? Eu estou me segurando, eu defendo meu chão, eu estou gritando, você pode me ouvir agora? – dizia a letra. O coro seguido por null cantava o refrão em alvoroço quando null segurou na mão de a virando e tirando a venda dela quebrando o encanto de Anastásia, logo iniciaram passos não-ensaiados, mas perfeitamente sincronizados como no dia do baile, os dois sorriam um para o outro enquanto null continuava cantando.
Estavam felizes, null se soltou dela segurando sua mão e a fazendo rodopiar no palco fazendo o vestido maltrapilho cair dando lugar para um lindo vestido branco e esvoaçante que girava junto com , esta quase chorava de emoção. null a acompanhava girando em torno de si mesmo para ver dançando e seguindo o roteiro no palco, ele cantava sorrindo com força, emoção, cantava olhando nos olhos delas até puxá-la no fim da música...
- Você me enxerga tão bem quanto qualquer pessoa que me veja todos os dias por inteiro me enxerga. – disse a fala que seria de Dionísio e null não resistiu... a beijou no palco. Não o beijo disfarçado que seria inicialmente, mas um beijo suave e romântico.... As luzes se apagaram, as cortinas se fecharam sob os gritos e aplausos do público em pé.
Os atores já se dispersavam e assim que a peça terminou, e null foram separados pelo motim de comemoração da turma. O beijo estava no roteiro ou null mais uma vez seguiu o coração? ainda respirava fundo e dessa vez não sorria, parecia mais pensativa enquanto trocava de roupa, vestiu a calça jeans branca, a blusa de renda na cor salmão e a sapatilha rosa, arrumou a bolsa quando alguém bateu na porta. Ela abriu...
- Olha, eu te devo explicações sobre o que eu fiz hoje a noite, me perdoe pelo beijo, eu fui impulsivo, mas tecnicamente eu segui o roteiro, de maneira alguma, eu quis te invadir ou me aproveitar. Me aproveitar? Que merda eu to falando? – null dizia uma palavra atrás da outra sem deixar falar... estava só com a camisa branca, uma calça jeans preta e já tinha trocado o sapato por um all star.
- null, ok, não precisa me explicar nada, só precisa me dizer uma coisa. – disse segurando a maçaneta da porta e olhando fixamente pros olhos de null.
- O.. o quê? – ele perguntou franzindo o cenho, sua experiência dizia que essas frases nunca terminavam bem.
- Por que mentiu pra mim? – ela perguntou e ele não entendeu, ou melhor, já começava a entender e desviou o olhar colocando a mão na cintura se dando por vencido. – Eu reconheceria sua mão na minha cintura, aqueles passos e o seu beijo mesmo que eu vivesse 100 anos. – ela disse com a voz embargada.
- Nossa... – ele disse meio desajeitado. – E eu jurei pra mim mesmo que mesmo que eu vivesse 100 anos eu iria te beijar de novo... null. Você tava linda com aquele vestido preto com pedras brilhantes e teu cabelo cheirava a morango, a gente dançou Primavera in antecipo, você machucou o tornozelo e eu fiquei semanas preocupado contigo.
continuava com um semblante triste.
- Por que mentiu pra mim? Por que fugiu de mim? – ela disse quase chorando. – Aquela noite foi importante pra mim null, você salvou minha vida!
- Eu não queria te decepcionar ... eu.. – ele disse e logo parou e olhou para os lados. – Deixa eu entrar, vamos conversar. – null e entraram no camarim e ela trancou a porta e depois o encarou esperando a continuação. – Eu não sou aquilo lá, aquele principezinho que tu viu, eu sou o que tu vê todo dia nessa escola, eu me meto em confusões, eu uso drogas, eu bebo muito, eu passo 25 horas do dia fora de casa, frequento festas clandestinas, conheço gente da pesada, eu transo com garotas das quais nem lembro o nome, enfim, eu sou errado pra caralho... Não é o tipo de cara que você merece e eu queria que lembrasse daquele cara do baile, por que ele é muito melhor que eu, Jorgito e qualquer mauricinho dessa escola. Vai dizer que não sorria quando lembrava dele? Aquele sorriso bonito que eu te disse na carta, lembra... – ele pegou no pulso dela e passou o dedo onde tinha escrito. – Não se esqueça de sorrir. Eu queria que lembrasse dele, e não se atrelasse a imagem de um cara que só faz besteira na vida.
- Fez errado null, eu estava com medo de está sonhando com um fantasma. – disse.
- E ele é um fantasma . – null disse e caminhou até a porta.
- Não, não é, eu sei que ele existe, do jeito dele, errado ou certo... ele existe, ele como o paraíso, ele existe. – disse e null parou com a mão na maçaneta.
- Você não sabe muito sobre o certo e o errado mesmo . Considerando o mundo em que você vive o que você procura é um paraíso proibido. – null disse e saiu com o coração apertado.
Precisava recuar, pois estava cada vez mais próximo...
CAPITULO 11
Narrador Onipresente
Dois dias atrás, a peça da escola tinha sido um sucesso, Naran tinha sofrido um “acidente”, null havia salvado a peça de , os dois tinham se beijado e a garota havia descoberto quem era o príncipe do dia do baile. Príncipe? null null passava longe do perfil de um príncipe desses de filmes da Disney que fazia garotas suspirarem... Talvez um príncipe moderno, desses rebeldes e errados que hoje em dia faziam muita garota cair em tentação... Muitas garotas certinhas e de família conservadora, como , cujos pais não olharam com bons olhos primeiramente o termino do namoro de com Jorgito e depois o beijo dela com null. Chegou rapidamente aos ouvidos da família ) as passagens de null pela prisão, o comportamento rebelde e o seu envolvimento constante em confusões. O nosso príncipe moderno com certeza não passaria do hall de entrada da mansão dos ), não convidado. Quer dizer, null null não precisava de convites, mas logo logo receberia a da próxima grande festa de Riviella: o aniversário de .
null ignorava as manchetes de sites gossip de Riviella e continuava planejando festas a todo vapor. Uma semana pra planejar o aniversário de 17 anos de sua melhor amiga e a morena estava deitada na cadeira da piscina tomando banho de sol com seu biquíni roxo e os enormes óculos de sol. null observava do parapeito da janela do quarto de null.
- Cara, qual o teu lance com a null hein? – null perguntou enquanto arrumava as rodinhas do skate dele.
- Sei lá mano, mas eu gosto de irritar ela, por que sempre que eu irrito ela, ela me beija com vontade, com gosto, com raiva, sabe? – null disse ainda observando de longe. – Eu curto as novinhas selvagens.
- Tu curte ‘as novinhas selvagens’ ou tu curte a null? – null perguntou pra provocar.
- E isso é pra me zoar ou você tá com ciúmes? – null perguntou olhando pra null e rindo.
- Ah claro, to morrendo de ciúmes. – null disse ironicamente. – Tu sabe que você é minha puta selvagem preferida.
- Qual é querida, cabe mais uma na nossa cama. – null disse e os dois caíram na gargalhada.
- Mas diz aí mano, tu tá curtindo a null? – null perguntou interessado e foi até a janela observar também.
- Eu to curtindo COM a null, a gente só tá se divertindo, esse lance de curtir fofinho algodão doce cor-de-rosa, esse lance aí é pra null null feat ). – null respondeu rindo.
- Se tu tá curtindo COM ela, o que tá fazendo aqui? – null disse se jogando em cima da cama e pegando o skate. – Vai lá se divertir com ela.
- ialá, tá com ciúmes mesmo. – null disse. – Não curto piriguete ciumenta e possessiva, vou lá atrás da minha novinha selvagem.
Ele disse e os dois riram.
- Cara, tu não presta mesmo. – null disse e continuou arrumando as rodinhas do seu skate.
null saltou o muro que separava o quintal dos null do quintal dos null. Quintal é coisa null perto do que era na verdade grandes jardins com piscinas e quadras em ambas as casas. null caminhou sem cerimônia alguma até a beira da piscina ondenull curtia o sol agora lendo uma revista. O rapaz se posicionou de forma que fez uma sombra em null que logo abaixou a revista pra ver do que se tratava.
- null?! – ela disse fechando a revista assustada. – Como tu entrou aqui?!
- Política da boa vizinhança. – null disse rindo e puxando uma cadeira pra ele se sentar ao lado dela.
- Ei, esse lance de política da boa vizinhança não cola aqui não! – ela disse levantando o óculos e o prendendo no alto da cabeça.
- Ah é? Então por que cercas tão baixas? E o que tu tava fazendo no meu quart... – null dizia até null por a mão na boca dele rapidamente.
- Cala a boca... – ela cochichou e ele riu abafado com a mão dela na boca. Ela riu também.
- Política da boa vizinhança, não é? – null disse dizendo voltando a deitar na cadeira, null olhava discretamente para as pernas dela. – Me lembra o Chaves.
- E seu corpo semi despido me lembra a tal da sua política da boa vizinhança. – ele disse, piscou e riu.
- Essa cantada foi ridícula null, tu é ridículo. – ela disse tentando prestar atenção na revista pra não dá muita moral pra null.
- Mas foi esse corpinho ridículo que te fez suspirar uns dias aí. – null disse como quem não quer nada sentando na beira da cadeira fazendo null se afastar. – Digo nada.
- Seu corpo não é ridículo... – ela disse impulsivamente e logo balançou a cabeça. – Argh... Anda logo null, o que tu quer aqui?
- Nada, só bater uma resenha contigo, pode não? – null disse.
- Ok, vamos lá, eu precisava mesmo falar contigo... Sobre o aniversário da . – ela disse vestindo um robe e null acompanhava com um olhar frustrado, logo disfarçando assim que ela virou pra ele.
- Sim, o que tem? – null perguntou erguendo as sobrancelhas.
- Eu to planejando o aniversário dela, vai ser daqui três dias na casa dela. – ela disse se sentando na frente dele. – Você e o null, obviamente estão convidados, e esquece essa parada de ela está brigada com ele ou vice-versa, eles se curtem só eles não perceberam isso.
Ela calou e null ficou olhando pra ela e eles também não percebiam que se curtiam.
- O que foi? – ela perguntou com um semi sorriso tímido.
- Você fala demais e rápido demais, eu nem consigo raciocinar direito. – null voltou com as provocações e null desviou o olhar batendo o pé no chão impaciente. – Ok, ok. – ele disse mostrando a palma das mãos e rindo. – Eu entendi, sábado, na casa dela.
- Isso aí, tá vendo? Se você se esforçar pra pensar um pouco mais, tu até diz uma coisa inteligente. – null disse com um sorriso irônico.
- Cala a boca e não se mexe! – ele disse se erguendo um pouco da cadeira e olhando fixamente pra ela.
- O que foi? – ela disse ficando paralisada. – Isso não foi uma coisa muito inteligente de se dizer, mas vindo de você...
- Tem um bicho enorme no seu cabelo. – ele disse.
- AAAAA! – null disse gritando. – Tira esse bicho de mim! Tira! Tira!
- Calma! Calma! – ele disse rindo e logo pegou o tal bicho no cabelo dela. – É um soldadinho. Ownti.
- Soldadinho? Ownti? Tu disse que era um bicho enorme!! - ela disse enquanto ele ainda tentava despregar o bicho do cabelo dela.
Jason olhava de longe já caminhando em direção a beira da piscina.
- Considerando que o que eu falo raramente é algo inteligente, tu anda acreditando demais em mim. – ele disse rindo. Ela riu também assim que ele tirou o bicho.
- Não deveria acreditar em você? – ela perguntou rindo. – Então minhas previsões estavam certas: você não é confiável!
- Nem um pouco confiável null. – ele disse rindo e null sorriu tristemente ao ouvir o null, era como seu falecido pai a chamava. Ela gostou de ouvir isso saindo da boca dele.
- null! – Jason disse se aproximando deles. – O que esse cara tá fazendo aqui? Os seguranças disseram que ele não passou pelo portão. – Jason disse encarando null com os braços cruzados e cara de mal.
- Não importa como ele entrou na minha casa Jason, ele é meu convidado. – null disse e Jason lhe jogou um olhar furioso.
- Não concordo que traga seus casinhos pra dentro dessa casa. – Jason disse tentando disfarçar... o ciúmes? O desprezo de null adquirido desde a festa em que ela foi defendida por null, estava afetando Jason.
- Não interessa, a casa é minha. – ela disse e sorriu com desdenho. Ele se virou e entrou pra casa.
- Continuo convidado sob a política da boa vizinhança? – null disse com cara de anjinho.
- Usa a portão agora pra evitar que um dos meus cachorros não arranque seu saco fora. – ela disse pegando a revista e passando por null, os dois riram ao se baterem de ombro.
- Pode deixar que eu cuido do ‘meu bem precioso’ pra quando você quiser ele de novo. – ele disse pra ela.
- Te vejo no sábado, na festa da . – ela disse rindo e entrou.
null logo voltou pra casa e null estava na cozinha fazendo um lanche.
- E aí? – null disse terminando de engolir um pedaço de sanduiche. – O que você manda com esse sorriso malandro?
- Eu? – ele respondeu abrindo a geladeira e pegando a jarra de suco. – Não mando nada não, to de boa.
- Que tu tá de boa, essa eu sei. – null disse rindo.
- Trago novidades da null. – null disse bebendo suco no gargalo, null pegou um copo na bandeja perto e bateu na frente dele. null entendeu o recado e bebeu suco no copo. – No sábado tem festa da Anastásia, putz, da . a novinha tá fazendo 17 anos...
- A completa ano no sábado?! – null quase engasgou.
- Sim, é aniversário dela, a null vai fazer uma festa de arromba e nós fomos convidados. – ele disse bebendo o suco.
- Não posso ir, não sei qual é a situação da gente nesse momento, uma hora a gente tá de boa, outra hora a gente quer distância um do outro. – null disse balançando a cabeça.
- E daí qual o seu lance com a novinha? É comida de graça mano! – null disse.
- Sei de que tipo de comida tu tá falando. – null falou revirando os olhos.
- Qual é! – null disse rindo enquanto null saia da cozinha. – Vamos lá cara, vai ser divertido, tu pode fazer uma social com a mina, dá seguimento o rolo de vocês. A gente pode adiar a viagem pra serra já que todo mundo vai pra festa da mesmo.
- Ok, tu venceu. – null disse voltando pra cozinha e sentando em uma baqueta ao lado de null. – A não sabe do acampamento, sabe?
- Acho que não, a gente só avisou a um grupo de pessoas, acho que ela não ta sabendo, por que? Tu queria que ela fosse? – null perguntou.
- Na verdade tanto faz o que eu queria ou não, a não iria, não parece fazer o tipo dela ficar longe da cidade, da modernidade, dos shoppings e etc. – null disse batucando na mesa.
- Vamos dá uma volta lá na pista mais tarde? – null convidou.
- Vamos sim, terminei de arrumar meu skate, está em ponto de bala. – null disse e os dois saíram.
Narrando
Estava a mais de meia hora na frente do espelho escolhendo algo pra vestir, de repente sorrir ao olhar meu guarda-roupa repleto de roupas em tons pasteis, branco, rosa e lilás, cores leves. Sabe quando tu olha algo no teu quarto e acha tão fofo, tão a tua cara e simplesmente sorri? Logo decidi que roupa usar: uma regata branca e um short jeans roxo, calcei um all star branco com detalhes roxo, prendi o cabelo em um rabo de cavalo, coloquei óculos escuros, peguei minha bolsa e sai de casa.
- Aonde a gente tá indo mesmo? – perguntei pra null enquanto o motorista passava por um avenida que estava cheia de jovens alguns da nossa escola.
- Chegamos! – ela disse e o motorista parou no meio fio, ela desceu com um sorrisão ajeitando a enorme bolsa amarela no antebraço. A null adooora amarelo assim como eu amo roxo, e aquela bolsa amarela gigante é o xodó dela.
- O que a gente tá fazendo aqui? – eu perguntei descendo do carro. Tinha um parque ao lado e tinha muita gente jogando bola, fazendo piquinique, comendo, namorando, brincando, tudo em um espaço arborizado e lindo, não me lembro de ter visitado esse lugar antes.
Continuamos andando enquanto a null recitava o quanto ela gostava de calor apesar de ela amar a casa que a família dela tem nos Alpes suíços. Paramos pra comprar um guaraná da Amazônia e logo ela se sentou no chão dobrando as pernas, eu sentei ao lado dela até perceber que tínhamos sentado em frente a uma pista de skate, a única parte cimentada do parque.
Assim que sentei e comecei a beber meu delicioso guaraná da Amazônia, eu olho pra pista de skate e vejo o null fazendo umas manobras que eu não sei o nome. Ele tava com uma bermuda verde escuro, um tênis branco e uma camiseta branca com gola em formato de V, tava com um cordão com o símbolo da paz bem discreto e o cabelo dele tava daquele jeito que eu adoro: perfeitamente bagunçado. Suspiro. Logo balanço a cabeça e lembro que nós somos pólos opostos e que nada parece funcionar direito quando a gente tá perto um do outro, é como se eu saísse de órbita.
- Tinha mesmo que me trazer aqui? – perguntei pra null que observava o null de longe.
- Relaxa , ninguém vai te expulsar daqui só por que você teve uma fight com o loirinho ali. – ela disse rindo olhando pra null que nem percebia ela.
- Tu tá falando que nem o null. – eu disse olhando pra ela, ela me olhou assustada e começou a morder o canudo nervosamente.
- Quem? Eu? null? – ela perguntou rindo de nervoso. – Lógico que não! Nem falo direito com esse garoto, tampouco sei como é o linguajar dele.
Olha aí a null de verdade, com um palavriado chique e irônico. Que seja, eu adoro as duas versões. Entre as nossas conversas a gente fingia que não estávamos interessadas no null e no null, como se estivéssemos escondendo uma da outra que... Putz, a null tá afim do null de verdade e eu, bom, eu... To afim, um pouco afim, um pouquinho afim do null, coisa pouca.
- Para de esconder isso de mim null! – eu falei do nada. – Tu não para de olhar pro null e ele ainda nem percebeu que tu tá aqui.
- Argh ! – ela disse impaciente. – Não posso fingir mesmo, tu sabe que eu já transei com ele e aquela noite não me sai da cabeça, tipo, ele não sai da minha cabeça, ele é tão insolente, marrento e engraçado... É do tipo que a gente cola sem querer, entende? – ela disse fazendo bico e olhando pra ele com uma cara de suspiro.
- Eu sei como é, de repente a gente acha que vai gostar de um cara que gosta das mesmas coisas que a gente e olha lá onde a gente para: apaixonada por alguém que totalmente o oposto do que a gente tinha sonhado. – eu disse olhando pro null. – Isso é incrível. – eu disse rindo e olhando pra null.
- Ai . – ela disse com uma cara triste olhando por cima do meu ombro, me virei sem entender... Ótimo, não posso virar por dois segundos e já tem um monte de piranhas em cima do null. Tinha umas quatro garotas ao redor do null, uma morena com o cabelo bem liso e vinha até a bunda, ela tava com um short jeans apertadíssimo e um top tomara que caia verde, tinha uma ruiva com uns peitões enormes, outra morena com umas coxas incríveis e uma loira com um corpo perfeito. A morena das coxonas pôs a mão espalmada no peito do null e todas elas riram de algo que ele falou, ele também ria. Senti um ódio enorme daquela cena, me levantei e sai dali. – ! Me espera!
Cheguei em casa e bati a porta do meu quarto chorando, chorando de raiva, de desgosto. É claro que ele não queria nada comigo, não por que ele não me merecia, eu que não merecia ele! Eu que não faço o tipo dele!
- Mas é claro, eu não sou gostosona, não me visto como uma cantora pop sensual! – eu gritei pra mim mesma enquanto abria a porta do meu guarda-roupa com força. – Eu nunca vou chegar aos pés do que ele quer!!! – eu disse pegando minhas roupas e jogando no chão. – Essa é quem eu sou: uma garota sem graça que achou que tinha despertado alguma coisa no coração dele!!! Que merda , se toca!
Continuava revoltada comigo mesma, precisava mudar, queria mudar, tinha que esquecer null e mudar por mim mesma.
null Narrando
- Não cara, não sei se é uma boa ideia ir mesmo na festa da . – eu disse pro null enquanto eu procurava uma camiseta decente pra ir. Sei lá néh, vai que é uma festa chique e vai que os pais dela tão lá. Caraca! Os pais dela podem está lá!!! – Ok, desisto, não vou mesmo.
- Ih cara, para com essa vai! – ele disse parando de pular em cima da minha cama, terrível mania dele, e veio procurar uma camisa pra mim, ele pegava e jogava pro alto procurando uma. – Vai ter comida de graça, bebida de graça, entrada de graça... Gatinhas de graça!! – ele disse todo animado.
- Vai ter uma certa morena baixinha também. – eu disse rindo e me sentando na cama, ele se virou pra mim.
- Tá pegando uma morena baixinha? Pensei que tu gostasse das loiras. – ele me olhou confuso e eu olhei pra ele mais confuso ainda, como ele podia ser tão idiota, hein? – Eu to falando de você ow animal. Tu é que tá afinzão de uma morena baixinha.
- Ih para com esse lance brabo aí, falou? – ele disse jogando uma camisa mangas compridas preta pra mim com três botões, vesti ela e fui pra frente do espelho. – Hoje eu vou te provar como o meu lance com a null é liberal, a gente gosta de se divertir e foda-se os compromissos, é esse o nosso lema, costumava ser o meu e o teu também antes de tu se apaixonar aí.
- Shiw. – eu mandei ele calar a boca. – Não exagera tá? Apaixonado é uma palavra muito forte e definitivamente não define o que eu to sentindo. – Não define? – Pra te falar a verdade nem eu sei o que eu to sentindo, é estranho, não gosto de coisas estranhas. – eu disse franzindo o cenho e passando perfume.
- Eu sou estranho e você me ama. – ele disse com cara de dã.
- Claro, tu é a única coisa estranha que eu aceito junto com aquela gororoba que tu chama de lasanha. – sério, ele diz que sabe fazer lasanha, mas sai um treco muito nojento, gostoso, mais visualmente nojento.
- Não fala da minha lasanha ou na próxima madrugada que tu chegar em casa drogado e com fome, vai ter que comer bolacha de água e sal com vitamina de banana. – ele disse me apontando, a gente riu. Saímos do quarto, da casa e entramos no carro. Eu tava com uma camisa manga longa preta com três botões, calça jeans e um tênis branco da lacoste e o null tava de camiseta branca com uns desenhos japoneses preto, calça jeans preta e um tênis da Nike vermelho com branco.
Estacionei no meio fio em frente a mansão dos ). Lá de fora dava pra ouvir a maior barulheira.
- A gente tá na festa certa? – eu perguntei mesmo sabendo que aquela era mesmo a casa da por que eu já tinha ido lá, não pela porta da frente, por que eu sou rebelde, enfim, só não parecia muito a cara da uma festa tão bagunçada como aquela.
- Sim, uma festa de MC null com toques e retoques de null null. – ele disse piscando o olho.
- Ah sim, percebe-se que teve toque de um profissional a julgar pelo estilo de música, null null curte mesmo uns funks. – eu disse e sai do carro. Ele atravessou a rua dançando no ritmo.
- Quer cordão de ouro importado e um carrão... – ele cantava enquanto a gente chegava no portão.
- Ela dá pra ‘nóis’ que ‘nóis’ é patrão, ela dá pra ‘nóis’ que ‘nóis’ é patrão. – a gente cantou o refrão junto enquanto entravamos na casa.
Já na entrada eu estranhei mais ainda, eu não era o tipo de cara que chegava no fim da festa, mas dessa vez cheguei quase no fim por que tava meio inseguro de vim, digo que cheguei quase no fim a julgar pelos casais bêbados deitados no jardim, alguns se pegando, tipo, no jardim da mansão dos )! Onde esse mundo vai parar?! Risos eternos. Mas de fato, isso não era muito a cara da e obviamente os pais dela não estavam em casa.
- null socorro. – null veio agoniada ao encontro dele com uma mini saia cintura alta e um salto big máster enorme. – A festa tá saindo do controle, tá estragando tudo.
- Ei, calma gatinha. – ele disse se curvando um pouco pra ficar cara a cara com ela. – Festa boa é festa que sai do controle. – ele disse rindo e olhou pra mim. – Néh null?
- É, mas não uma festa de menores de idade em um bairro rico de Riviella null. – eu disse meio preocupado.
- Tá vendo null! –ela disse batendo no ombro dele. Ele gemeu e depois riu.
- Relaxa gente, vai dá tudo certo, a merece um pouco mais de diversão. – o null disse e logo eu me toquei, como estaria a no meio disso tudo? provavelmente confusa e deslocada.
- Ah claro, a é quem tá se divertindo mais aqui, pode ter certeza disso. – ela disse com um ar irônico. – Enquanto eu tenho que bancar a adulta madura e responsável aqui.
- Tu não tem altura pra ser adulta null. – ele disse beijando a testa dela e a puxou pra dentro da casa. – Vem se divertir. – ela logo sorriu. Putz, como o null ganha as meninas fácil viu. Ah é, o lance deles é liberal demais. Eu irônico.
Entrei na casa pra procurar a .
- Porra null! Tu tá na festa dela, mas não é pra correr atrás dela! – eu pensei alto, mas como o som tava muito alto, tava tocando Stronger da Kelly Clarkson e as pessoas muito loucas, nem perceberam que eu tava batendo um papo entre mim e eu mesmo. – Eu não vou correr atrás dela, é aniversário dela, eu devo ser no mínimo um pouco educado de parabenizá-la e dá o meu presente pra ela, néh? Lógico, é só isso.
Assim que eu terminei de falar eu esbarrei em uma garota loira com micro micro micro vestido dourado e preto bem justo. Ela tava de costas dançando bem animada, eu a olhei de baixo acima.
- Uau. – ela era bem gostosinha...
- What doesn't kill you makes you stronger, stand a little taller, doesn't mean I'm lonely when I'm alone... – ela se virou cantando nem percebendo que eu tinha esbarrado nela.
- ?! – eu perguntei incrédulo. Ela tava com o cabelo ondulado e volumoso, um make pesado, bem festa noturna mesmo. – Quer dizer... IRMÃ GEMEA DA ?!
- null!!!! – ela disse toda felizinha e me abraçou inesperadamente. Essa não, ela tava bêbada. Como eu rezei nesses centésimos de segundo pra que fosse a irmã gêmea dela. – Você veio!!! – ela me soltou sorrindo ainda, depois se afastou pra me olhar de longe como se tivesse dado uma trégua, levantado uma bandeira branca entre a gente... o que a bebida não faz com a gente. – Claro que veio! Mas espera... eu não mandei um convite pra você Dionisio... Por que eu não posso te ver... – ela disse tendo um ataque de risos. – Lembra? Eu sou cega! – ela disse tapando os olhos e quase tropeçando pra trás. Eu a segurei com as duas mãos.
- tu tá bem? – eu perguntei meio temeroso.
- Eu to óóóóótima! Por que eu... – ela falou pausadamente, bem bêbada. – Eu, ), superei você. – ela disse ponto o dedo indicador na ponta do meu nariz.
- Não, você não tá bem. – eu disse olhando pra ela e rindo.
- Por que? Uma garota em seu estado normal estaria correndo atrás de você com metade dos peitos pra fora implorando por um beijo? É assim que as garotas certas agem com você? Ah deve ser as garotas erradas, por que já deu pra perceber quenull null prefere o errado da história!!! – ela disse soltando uma gargalhada e se soltando de mim sumindo na multidão com as mãos pra cima dançando meio desajeitada. –Just me, myself and i!!!!
Eu fiquei ali com cara de tacho, bêbado é um tipo sincero, os tipos sinceros me assustam um pouco. Ok, essa festa tá me deixando assustado, em estado normal eu estaria bem a vontade, mas precisava me manter sóbrio pra cuidar das coisas por aqui, ser o ‘adulto maduro e responsável’ por aqui no lugar da null que já estava dançando loucamente longe do null que tava agarrando uma já.
- Adulto responsável e maduro? Aff, eu preciso de vodka. – eu disse saindo pro rumo do bar.
Narrador Onipresente
null continuava no bar analisando a festa e não conseguia ver que continuava bebendo e dançando animada. O rapaz negava as cantadas das garotas na festa e os convites de null pra conhecer o time de lideres de torcida do time de futebol local.null negava tudo apenas com sua bebida na esperança de ver se comportando bem. null estava na porta da cozinha observando null com outras garotas, ele dançava com elas sensualmente e divertia bastante. Ela torceu a boca irritada.
- Filho da mãe! – ela o xingou enquanto virava. Oliver vinha mexendo no cabelo com o celular na mão cantando a música que tocava Tik Tok da Kesha...
- Tik Tok on the clock, but the party don’t stop – Oliver disse entrando na cozinha batendo as duas mãos no balcão e abrindo as pernas enquanto mexia a cabeça. – UIIII hoje eu acordei pra me embebedar!!!
- Hoje você acordou pra lançar purpurina querida! – null disse rindo enquanto abria a porta da despensa. – Por que tá com o celular no meio dessa festa? Tu ainda arruma tempo pra twitar? – ela disse enquanto entrava.
Oliver se calou e meio desconfiado guardou o celular.
- Nada demais, só fazendo questão de publicar pros meus 23 mil seguidores como você organiza festas fodas amor. – ele disse indo até ela na despensa. – OMG esse é o bolo da ?
- Não Oliver, esse é o bolo do Allan da nossa sala em agradecimento por ele ter me passado a cola da prova de biologia. – ela disse irônica como sempre. – Lógico que é da , me ajuda a levar pra fora antes que ela fique bêbada o bastante pra enfiar a cara no bolo em vez de assoprar as velinhas.
O bolo de era dourado bem chamativo, a cara de null e combinava bastante com e a festa de hoje, tinha três andares e velas-palitos enormes no alto que começaram a se consumir assim que começaram a cantar parabéns. soprou simbolicamente, tirou foto e continuava muito afoita e animada. null ainda observava de longe preocupado. Passando esta parte logo as pessoas se dispersaram e começou a tocar outra música da Kesha, dessa vez foi S&M mercado do peixe que elevando da Rihanna com a Britney Spears. colocou as mãos pro alto e começou a cantar o inicio bem alto.
- I like it-like it, I like it-like it, I like it-like it, I I like it-like it, I like it-like it, I like it-like it
I like it-like it.. – ela cantava com as mãos no alto.
Logo null se aproximou dela e logo as duas começaram a dançar a música. Dançavam e encenavam a música, null dançava graciosamente e se soltou tanto e começou a dançar muito bem apesar de normalmente não saber dançar. Involuntariamente começou a se formar um circulo em volta delas e elas continuavam dançando.
- S-S-S and M-M-M, S-S-S and M-M-M... – as duas cantavam enquanto desciam até em baixo com elegância o que deixou null de queixo caído, logo seu olhar se lançou ao redor observando todos aqueles caras olhando pra .
Logo Hiago, Allan, Tarso, Lucas e null entraram na roda e começaram a dançar. null continuava desconfiado e não se aproximou. Logo todos estavam dançando a música animados e as estrelas do centro do circulo se dispersaram ainda dançando.
Meia hora depois null já estava cansado apesar de não ter se divertido nada. Resolveu dá uma volta por aí pra procurar null que já tinha subido com uma ruiva espanhola. O rapaz já estava fora da casa e começou a mexer no celular digitando uma mensagem para null.
“ To indo pra casa..”
Digitou e continuou saindo pelo jardim até reconhecer aquele vestido dourado e preto ao longe perto da fonte em um lugar mais escuro. Era e ela não estava sozinha, estava com mais dois caras que estavam fumando. Um segurava na cintura dela enquanto a puxava pra si e lhe entregava um cigarro, um cigarro de maconha. Isso era fichinha perto do outro cara que estava sentado na beirada da fonte desmanchando uma pedra de alguma droga conhecida entre eles, logo ele ofereceu a e a garota que nem conseguia abrir o olho de tão mal que estava empurrou o cara e vomitou na fonte, null atravessou o jardim correndo.
- Toma gata, tu vai ficar bem. Inala isso aqui. – levantou o rosto quase desmaiando e olhando para o pó branco.
- O que é isso? – ela perguntou com a voz entre cortada.
- É remédio meu amor. – o primeiro cara respondeu enquanto passava a mão no cabelo dela. – Você não vai morrer não, é melhor inalar logo antes que morra de tanto vomitar. – os dois riram e pegou o papel.
- É melhor vocês darem um fora daqui antes que morram sufocados no próprio sangue. – null disse chegando e segurando no braço de . – Me dá isso aqui, você enlouqueceu? – ele disse visivelmente irritado puxando o papel de .
- Não enche null. – ela disse com a voz enrolada.
- Ta ouvindo a aniversariante falar? Não enche null. – um dos caras falou e null acertou o olho dele em cheio.
- E você? tá me ouvindo agora? Eu disse pra dá o fora daqui!!! – ele gritou e os dois caras saíram andando desconfiados.
- Ui, null valentão! – disse rindo e logo fez cara de triste. – Ah não, eu quero vomitar... – ela correu pra fonte e vomitou de novo.
- Tua pressão ta muito baixa , você tá gelada pra caralho... – ele disse isso e logo desmaiou. – Puta que pariu viu?
Ele pegou ela no colo e logo entrou na casa pela cozinha e conseguiu subir as escadas sem ser notado já que a luz era bem pouca no ambiente e os convidados já estavam demasiadamente pirados. Ele abriu a porta do quarto dela com o pé e expulsou duas garotas que se beijavam lá dentro. Elas saíram de lá, null pôs na cama e saiu, correu até a cozinha, pegou uma garrafa de água e um copo. Assim que voltou, não estava mais na cama.
- Essa não. – ele disse fechando a porta com o pé. – ?
Ele a chamou e logo ouviu o barulho dela vomitando no banheiro e foi até lá. estava de joelhos na frente da privada vomitando.
null trancou a porta e o silêncio reinou no quarto cor-de-rosa dela. O rapaz encheu um copo de água e foi até o banheiro, se agachou ao lado dela e levantou sua cabeça assim que ela parou de vomitar.
- Bebe isso aqui. – ele disse segurando o queixo dela e a fazendo beber a água. Seus olhos azuis estavam vermelhos e ela estava chorando.
- Ain, eu vou morrer, meu estomago tá doendo, minha cabeça tá girando. – ela dizia enquanto chorava voltando pra vomitar.
- Não. – ele teve que rir do que ela falou enquanto passava a mão no cabelo dela tirando da frente do rosto segurando sua cabeça. – Você não vai morrer, no mínimo vai querer morrer por que quando a gente ta bêbado a gente fala e faz coisas que sóbrio não teríamos coragem.
Ele esticou a mão e pegou uma toalha de rosto na pia e limpou a boca dela enquanto ela apoiava a cabeça dela no peito dele ainda sentada no chão quase dormindo.
- Tudo... Tuuuudo o que eu falei essa noite, eu falaria sóbria, principalmente a parte em que eu te chamava de verme caipira e exibido. – ela disse se soltando dele repentinamente e tentando levantar.
- Você não me chamou de verme. – ele disse segurando ela já em pé.
- Mas eu estava ensaiando pra dizer. – ela disse o encarando ainda bêbada.
- Ensaiando pra me dizer? O que mais ia me dizer? – ele perguntou franzindo o cenho impedindo a passagem dela.
- Me deixa passar, eu tenho que ir aproveitar a minha festa!! – ela disse brigando com ele e batendo no seu peito.
- Não. – ele segurou seus punhos. – Você precisa de um banho se não vai acordar amanhã pior do que agora.
- Eu não vou acordar, eu vou amanhecer, vou dançar até o sol nascer!! – ela disse com raiva.
- Não, eu vou te dá um banho. – ele disse empurrando ela pro Box.
- O quê?! – ela disse tentando protestar. – Você não ousa...
null ligou o chuveiro e água fria caiu exatamente na cabeça de a molhando toda e a fazendo abrir a boca perplexa.
- Então, o que ia me dizer? – ele perguntou ainda segurando os seus braços e sorrindo.
- Você é um insolente null null! – ela disse se debatendo, null não conseguia segurar o riso e terminou tendo que abraçá-la para deixá-la imóvel tomando uma ducha, ele acabou se molhando todo e continuava rindo.
- E você é uma birrenta mimada! – ele disse todo molhado com os braços em volta do ombro dela, ela levantou a cabeça e a água caia em cima dos dois. – O que tava ensaiando pra me dizer?
- Eu ia te dizer que eu sou ), sou linda, loira e rica e eu não preciso de você!!! - ela disse com raiva se tremendo de frio. – Que você é verme exibido mesmo, um moleque de mascara e eu definitivamente não preciso disso!
null soltou uma gargalhada gostosa ainda segurando a deixando com mais ódio ainda.
- Quer dizer que não precisa disso? – ele perguntou ainda rindo.
- Definitivamente. – ela respondeu na hora piscando os olhos por conta da água que entrava.
- Realmente não precisa disso? – ele perguntou e a beijou. O corpo dos dois molhados sob o peso das roupas molhadas fazia se arrepiar de frio... Ou fora o beijo aquecedor do rapaz debaixo do chuveiro que a deixou alerta?
null parou o beijo e a olhou esperando a resposta.
- Não... – ela demorou pra responder. – Com certeza Jorgito Gonçales beija melhor que você. Some da minha vida!
Aquilo foi a gota d’agua pra null. Seu sorriso se desfez, realmente soube como bancar a fria e jogar literalmente um balde de água fria no rapaz.
- Então provavelmente deve chamar ele pra cuidar da sua ressaca )! E pode ficar tranquilo, que minha intenção é realmente sumir da sua vida e da vida do seu namoradinho perfeitinho. Vocês se merecem. – ele disse com raiva e saiu do banheiro a deixando embaixo do chuveiro, imóvel e se auto-abraçando analisando o que tinha acabado de dizer pra depois... chorar.
null sabia que e Jorgito não namoravam mais, o rapaz nem fora convidado, mas ouvir falando aquilo mesmo fora de si o fez perder a cabeça. Estava muito irritado que nem falou com null assim que os dois toparam na escada.
- OMG, onde é a infiltração? – ela perguntou reparando que o rapaz estava todo molhado. Ela nem ligou de ele não ter respondido, subiu para o segundo andar onde o corredor congestionava de tantos casais se pegando. Ela parou uma garota loira do cabelo curto.
- Você viu o null null por aí? – ela perguntou segurando no braço da loira.
- Vi sim, eu vi ele entrando no último quarto do corredor. – ela disse, null a soltou e continuou andando até chegar ao último quarto... hesitou por um momento em girar a maçaneta até ouvir um barulho estranho... Abriu a porta e viu uma moça com o cabelo vermelho enorme em cima de null. Ambos estavam nus e transando.
- Ain me gusta Sofia... – null gemia enquanto a ruiva cavalgava em cima dele.
- Mi nombre es Melinda. – ela dizia entre gemidos.
- null!!!! – o sangue de null subiu a toda velocidade e ela o berrou fazendo os dois virarem para a porta e encararem a baixinha furiosa.
- null? – null perguntou com os olhos semi cerrados. null saiu batendo a porta. null pediu para que a garota saísse de cima dele e logo ele foi catando as roupas no chão e se vestindo rapidamente. Logo foi atrás de null. Ele a viu sair andando rapidamente para a rua. – Ei null, qual é? O que foi?
null lutava contra as lágrimas até chegar na calçada e continuou andando sem direção. null correu e a alcançou, segurou no seu braço a fazendo virar.
- Me solta! – ela ordenou.
- Ok, eu te solto. – ele disse a soltando. – O que foi? por que ficou assim?
- Eu te convidei pra festa da minha melhor amiga, você me ajudou a organizar, me ajudou em tudo, pra depois sumir como uma ruiva mexicana...
- Espanhola. – ele a corrigiu sem perceber muito.
- Espanhola, mexicana, madascaniana, QUE SEJA!!! Você tava transando com ela!!! – ela gritou.
- Ei, qual o problema? A gente não tem nada null... – ele disse baixinho engolindo em seco. – Não é verdade?
- É verdade... – ela abaixou a cabeça. – E não me chama mais de null, era como meu pai me chamava e você não merece me chamar assim. E você tem razão, a gente não tem nada, entre a gente não rola mais que provocação com xingamento e violência pra depois terminar em sexo, pra você é físico, pra você talvez não tenha nada, mas pelo menos pra mim tinha um mínimo de sentimento e talvez de respeito. Qual é, eu tava ali, na sua frente e você ficando com todo mundo!
null ficou em silêncio e confuso. null assistiu o silêncio dele e se virou, continuou andando, olhou pra trás e null não estava mais lá. Ela continuou andando até a esquina se abraçando por conta do frio e se amaldiçoando por ser tão impulsiva a ponto de sair assim da mansão. Chegou na esquina deserta e torceu para que um táxi aparecesse...
- Essa não, por favor, não. – ela disse olhando pro alto assim que as primeiras gotas de chuva caíram. A chuva começou a engrossar e ela permaneceu estática na esquina quando um táxi parou na sua frente, a porta de trás se abriu e null saiu de lá e foi até ela.
- null, tu tem razão, em desculpa, eu fui um idiota, eu devia ter tido um mínimo de respeito com você, mas é que eu não to acostumado afinal, tu deve ter sido a primeira garota no universo que comigo teve além de sexo, um pouco mais de sentimento em cada tapa que me dava, em cada xingamento. – ele disse debaixo da chuva.
null não falou nada, apenas abaixou a cabeça e entrou no táxi, null entrou logo em seguida e os dois seguiram cada um pra sua casa. Dois amigos que transavam sem compromisso, mas com um mínimo de respeito e talvez de sentimento... Talvez um pouco mais de sentimento que eles ainda não percebiam. null continuava com raiva e null resolveu não forçar nada.
CAPITULO 12
null Narrando
O Hiago, Tarso, Lucas e o Allan, iam espremidos no banco de trás enquanto cantavam, contavam piadas, faziam campeonatos de arrotos e viam revista de mulher pelada. Eu e o null íamos na frente calados, problemas com null e . Aquela cena do banheiro ainda não me saia da cabeça... Continuava dirigindo meio que no piloto automático. null tava meio emburrado, o que era bem estranho pra ele. a estrada tava meio vazia e o null não disse muita coisa desde que saímos da cidade, só disse que não tava muito animado e etc.
- Qual é null, qual é null!! – o Tarso disse batendo no ombro do null. – Se animem, só por que a gente estragou a lua-de-mel de vocês com a nossa presença vocês vão passar o tempo todo emburrados?
- Ah claro, com vocês aqui de vela a gente não vai poder se amar direito? – o null disse rindo. – Néh null?
Ele perguntou e eu continuei dirigindo com o cotovelo apoiado na janela, meio desconcentrado.
- O quê? – eu perguntei ‘acordando’. – Do que vocês estão falando?
- A gente ta falando do mercado do peixe, como tá elevando o valor do sushi! – o Lucas disse e eles começaram a rir.
- Qual é mano? Em que mundo você está? – o null perguntou meio preocupado, desde que nós saímos de Riviella ele fica todo preocupado comigo no volante.
- ialá, o null já tá com medo do null tá pegando alguma alienígena em outro planeta! – o Hiago disse e eu aliviei a tensão rindo. O null continuava me olhando preocupado.
- Cuidado com a estrada. – ele disse baixinho só pra mim.
- Fica tranquilo falou? Eu não vou atropelar os seus amigos esquilos. – eu disse e ri olhando pra estrada.
Apenas eu, o null, o Tarso e o Hiago surfávamos, apesar de eu fazer um estilo mais cidade, skate e festas eletrônicas com boates fumacentas, eu curtia praia pra caralho e surfar, é claro, vinha automaticamente. As quatro pranchas estavam presas no alto do carro, as barracas e as mochilas enfiadas a força no porta-malas e meus amigos socados no banco de trás. A estrada era fina e ao pé de um morro enorme parecia que a gente andava em círculos ao redor daquela montanha.
Narrando
Ah, nem acredito que vou ficar uma semana longe de tudo, longe da cidade, longe do Jorgito, longe dos meus pais me enchendo o saco pelo fim do nosso namoro e longe do null e daquele olhar demoníaco que ele me jogou no dia do meu aniversário. Não suportaria olhar na cara dele depois de tudo o que eu disse no banheiro e aquela maldita bebedeira não me fez esquecer nenhuma palavra apenas pra que elas continuassem me martirizando pelo resto da minha vida. Ok, agenda vazia, mente vazia, mas o coração continua apertado.
- Eu não acredito que me arrastaram pra esse fim de mundo! – Oliver dizia sentado no banco de trás do carro entre mim e a null.
- Eu acho que se o mundo tivesse um inicio, ele seria exatamente bem aqui... – ela disse tirando o óculos e olhando a paisagem, eu tirei os fones de ouvido e olhei pro outro lado. Era uma praia linda, que reserva ambiental e ao longe bem ao longe depois da pousada que cuidava dela, tinha uma área da praia deserta onde as pessoas acampavam. A gente ouviu um pessoal da escola falando sobre isso e a gente resolveu deixar Paris de lado e vim pra cá. Boa escolha.
- Uau, esse lugar é lindo! – eu exclamei.
- Já sinto os mosquitos me atacando. – o Oliver reclamou enquanto o motorista entrava na praia. Já tinha uma galera lá arrumando as barracas, o motorista da null ia arrumar a nossa e a do Oliver.
- Mas as janelas estão fechadas Oliver. – eu disse franzindo o cenho.
- É ataque de pânico psicológico. – null disse isso e começou a rir, eu também ri.
- Ei, isso é sério, eu já li sobre isso. – ele disse todo preocupado passando repelente.
- Oliver, pelos menos são mosquitos e não dinossauros perdidos no Jurassic Park. – ela disse começou a rir. Descemos do carro, socializamos com uns colegas enquanto o motorista da null montava as barracas. Ele terminou de montar a barraca, deixou um celular via satélite com a null e foi embora.
Narrador Onipresente
e null se sentaram na areia olhando pro horizonte e comentando os podres da festa de , o resto da turma já terminava de arrumar suas coisas quando um pajero Sport surgiu na estrada descendo o morrinho e estacionando um pouco longe na areia. Todos olharam curiosos pros últimos convidados do acampamento que acabavam de chegar e foi assim que null, null, Hiago, Lucas, Allan e Tarso saíram do carro correndo, tirando a camisa, jogando pro alto e entrando no mar feito crianças que apostam corrida. É, eles apostaram corrida e nem perceberam os outros colegas ‘conhecidos’ na mesma praia.
- Destino... Você só pode está zoando com a minha cara. – null disse perplexa.
- Eu não acredito. – disse com o coração disparado.
null voltava do banho de mar rindo enquanto se equilibrava com null nas costas. Ele ria pra caralho, assim que null desceu ele balançou a cabeça afim secar um pouco o cabelo molhado, passou a mão na cabeça e viu do outro lado da praia. Ficou estático, estava sem camisa e só de calça jeans e todo molhado. null com certeza ainda não tinha visto null. Agora não dava pra voltar atrás, seria uma semana todos juntos perdidos naquela praia.
Dois dias se passaram. e null, assim como null e null continuavam se evitando, mesmo nas atividades que reuniam todos do grupo, estes casais se evitavam. null e null sabiam disfarçar melhor a tensão e se divertiam surfando, andando por aí, ou apostando corrida até a pousada que ficava super distante, onde eles pegavam Jet ski e ficavam no mar.
null - If I should die before I wake, It's cause you took my breath away losing you is like living in a world with no air, oh...
Mas isso era um ótimo disfarce, quando a noite chegava null sentava na areia sozinho e ficava olhando as estrelas e às vezes olhava pra barraca de suspirando e meio triste por não poder conversar com ela, mas todas as vezes que pensava durante a manhã em ao menos dizer bom dia quando esbarrava com ela pela praia, ele lembrava do que ela havia dito debaixo do chuveiro e passava direto. sentia essa frieza cada vez que ele faltava passar por cima dela e ignorar sua presença.
No final do terceiro dia, a turma resolveu se reunir mais uma vez ao redor de uma fogueira, desta vez toda a turma estaria, iriam assar marshmellows, cantar, socializar e fazer brincadeiras. Uns sentavam nas cangas, outros em toras de madeira colocadas e outros em cadeiras de praia. Um vento agradável passava pela praia e o mar agitado conduzia a uma brisa fria que fez com que todos se agasalhassem. null estava com um moletom preto e null com um camisão cinza de mangas compridas. Ambos com violão, tiveram que cantar uma música depois de perder uma aposta inventada por Tarso no meio da brincadeira. e null estavam ao lado de Oliver e os três dividiam um cobertor em cima de uma canga. e null estavam em lados opostos e com a fogueira entre eles. Pouco se via um do outro, apenas por cima das chamas encontrava os olhos de null meio perdidos, e quando eles se perdiam era sempre pra ela que eles olhavam.
- I walked, I ran, I jumped, I flew, right off the ground to flow to you, there's no gravity to hold me down, for real – null acompanhava.
- But somehow I'm still alive inside, you took my breath but I survived, I don't know how but I don't even care – null cantava e tocava e embora não percebesse volta e meia cantava pra , olhando em seus olhos, o que a fazia abaixar a cabeça e lembrar o quão dura tinha sido com ele naquele dia.
Mas como você espera que eu viva sozinho?
Porque meu mundo gira ao seu redor
É tão difícil para eu respirar
Diga-me, como eu devo respirar sem ar?
Não posso viver, não posso respirar sem ar
É assim que eu me sinto quando você não está aqui
Não há ar, não há ar
Eu estava em águas profundas.
Diga-me, como você ficará sem mim?
Se você não está aqui, eu simplesmente não consigo respirar
Não há ar, não há ar
Sem ar, sem ar
Sem ar, sem ar
Cantava olhando pra ela... De repente ela abaixou a cabeça mais desta vez e limpou uma lágrima que queria descer. null pegou no ponto fraco de , sabia exatamente como ganhar algo dela, como fazê-la cair em tentação, sabia exatamente como tê-la nas mãos, sabia de tudo isso embora não percebesse, embora sua intenção fosse a mais pura e menos pretensiosa... Talvez um pouco mais de ). simplesmente não conseguia encarar null, por mais que ele tentasse esconder, estava sendo o mais honesto ali. Talvez um pouco mais de honestidade entre os dois não fizesse mal... Não faria e decidiu que precisava ser honesta com null, independente do que viria a seguir, ela tinha que pedir desculpas.
- null! – ela o gritou assim que ele se afastou da turma quando todos estavam se dispersando indo pra suas barracas pois a chuva já ia começar.
- O que você quer? – ele disse friamente.
- Eu quero me desculpar. – ela disse unindo as mãos junto ao corpo em sinal de nervosismo.
- Ok , boa noite. – ele se virou e continuou andando.
- É sério null. – ela disse segurando em seu braço e o fazendo parar. – Eu to muito arrependida pelo o que eu disse no dia da festa, tudo o que eu te disse, foi tudo besteira movido ao álcool.
- E por que você bebeu? Por que queria usar drogas? Por que tava usando um vestido que um cara com um pouco mais de destreza conseguiria ver tudo? – ele disse um pouco bravo.
- Por que... – ela disse meio confusa. – Talvez quisesse mudar, as pessoas tem o direito de mudar quando o real não as agrada.
- Quis mudar por que o seu real não te agrada ou por que ele não agrada alguém em especial? – ele perguntou olhando em seus olhos e um vento úmido já começava a bater sobre eles. permaneceu calada sem saber responder. – A que me disse tudo aquilo faz parte daquela versão que eu não aprovo, não reconheço e não... – ele disse e parou repentinamente.
- Não... – ela repetiu a última frase pra que ele continuasse.
- Não gosto. – ele arqueou a sobrancelha recuperando o orgulho.
- Não gosta? Ow, é esse tipo de garota com quem você anda. – ela disse e virou o rosto.
- Não interessa o tipo de garota com quem eu ando, interessa o tipo de garota que eu gosto e eu gosto de garotas que são elas mesmas. Eu gostava de quem você era antes de tudo isso, eu gostava da pacata, cor-de-rosa que vez ou outra queria dá um up na vida e ia até uma festa clandestina, mas não perdia sua essência não forçava outra essência! – ele disse. – Mas tranquilo, essa é a sua vida e esse é o modo como você quer vivê-la. Pra quê mesmo veio até mim? ah foi, pra me pedir desculpas. Desculpas não aceitas, posso ir agora?
- Não, me deixa falar. – ela disse baixinho se envolvendo com os próprios braços. – Eu acredito que existem pessoas erradas, acredito que existam pessoas que cometem erros e acredito que existe perdão. Você se auto intitula “o errado” e eu cometi um erro... Não há espaço pra perdão aqui? – ela disse olhando em seus olhos. – Qual é null, tá na cara que nós dois... quer dizer, um precisa da amizade do outro aqui. – ela confessou abaixando a cabeça. – Ok, eu preciso mais da sua amizade do que você da minha...
- Isso não é verdade... – ele disse quase se rendendo ao se aproximar.
- Ok, não é verdade, você não precisa da minha amizade mesmo. Quem sou? – ela falou sorrindo tristemente e olhando pro outro lado.
- O que não é verdade é que eu não precise de você tanto quanto você precisa de mim. – ele confessou e se aproximou mais ainda.
- Eu preciso que me perdoe. – ela disse.
- Eu preciso que seja honesta comigo. – ele rebateu.
- Eu to sendo honesta com você! Cada beijo que você me dá é como se fosse o primeiro da minha vida, acha mesmo que ele é comparável ao do Jorgito? – ela disse e o coração de null disparou, ele desviou o olhar assustado. – Tudo o que eu falei foi uma intenção idiota de te atingir.
- E atingiu. – ele respondeu olhando pra ela.
- Eu sei que atingi e eu me culpo por aqui desde o exato momento em que você saiu daquele banheiro. Não achei que fosse chegar tão longe. – ela disse envolvendo os braços em torno de si mesma tentando dissipar o frio. – Me desculpe.
Ele ficou um momento em silêncio apenas ouvindo o barulho do mar então se aproximou dela e a abraçou por cima de seus braços pequenos a envolvendo e colocando o queixo sobre a cabeça dela.
- Você chegou longe , por isso acho que você merece o meu perdão. – ele disse baixinho e ela apertou o rosto contra o peito dele.
- Eu preciso da sua amizade de volta null. Podemos ser amigos? – ela perguntou.
null respirou fundo e pensou “que bom que ela precisa de mim. Amigos? Amigos... É, talvez é o pouco mais que eu queira dela, pelo menos por enquanto.”
- Podemos. – ele respondeu e os dois ficaram abraçados por mais alguns segundos até se separarem e irem cada um pra sua barraca.
CAPITULO 13
Narrador Onipresente
Passada a chuva da noite anterior, o dia amanheceu bonito e o céu aberto, o mar perfeito, temperatura perfeita. As primeiras pessoas já começavam a sair preguiçosamente de suas barracas. saiu de sua barraca com cara de sono, mas com um sorriso feliz no rosto. Logo null saiu penteando o cabelo, as duas foram para mesa procurar café-da-manhã. Na barraca de null, null e Allan, null saiu conferindo o bafinho com o cabelo todo bagunçado e com uma carinha de sono que fez null suspirar sem perceber, logo ela tomou consciência e se concentrou no seu café e na conversa de sobre as pazes dela com null na noite seguinte.
null saiu da barraca e encarou o mar se espreguiçando, o acompanhou com o olhar, mas ele não olhava pra ela. Ele ficou um tempo com as mãos na cintura olhando pro mar, então sumiu.
- O que acha de eu te ensinar uma coisa nova hoje? – null disse se sentando ao lado dela com um prato de frutas a assustando. null já havia saído.
- Quem sabe depois de eu te ensinar a dizer ‘bom dia’. – ela disse rindo e ele sorriu também.
- Eu te ensinei a dançar, estamos quites então. – ele respondeu e começou a comer cubinhos de melão.
- O que quer me ensinar? – ela perguntou empolgada.
- Não, espera, primeiro. – ele disse olhando pra ela. – Bom dia, dormiu bem? – perguntou.
- Sim, de consciência leve por ter feito as pazes com você. – ela disse olhando o perfil dele que encarava a mesa do café-da-manhã.
- Isso é legal. – ele disse sem encará-la.
- O quê? Dormir de consciência limpa? Ah é, é muito legal. – ela respondeu.
- Não, quer dizer, isso também é legal. – ele disse agora olhando pra ela e sorrindo. – Mas mais legal ainda é eu ocupar sua consciência enquanto você queria dormir.
- De um jeito ou de outro... Foi isso mesmo que aconteceu. – ela respondeu confusa... Ele tinha pego ela! Nem imaginava quantas noites ela passou em claro com ele na cabeça. – O que quer me ensinar? – ela disse com o olhar fixo na xícara de café a sua frente tentando disfarçar a vergonha. A brisa da manhã levava seus cabelos para trás, mas insistia em bagunçar o cabelo de null. achava isso perfeito nele, o quanto os cabelos dele eram perfeitamente desalinhados e mesmo assim encantadores.
null notou que ela ficou com vergonha e disfarçou o sorriso de vitória por achar que estava, enfim, na cabeça de ).
- Vou te ensinar a surfar! – ele disse com convicção.
- O quê?! – ela o encarou espantada. – Surfar?! Não, isso... isso não é pra mim...
- Por que não? – ele perguntou quase rindo com a recusa dela. – Você nunca surfou, penso eu, então com certeza não sabe se isso é ou não é pra você.
- Não, não me parece um esporte muito seguro. – ela respondeu meio nervosa.
- Não vou por sua segurança em risco. – ele disse olhando pra ela. – Só quero que você sinta um pouco a adrenalina... a emoção! – ele disse empolgado. – Qual é , vamos lá, se joga!
- Ok, ok, vamos lá... – ela disse se rendendo.
- Isso aê, agora vai lá na sua barraca trocar de roupa e eu te espero lá com minha prancha. – ele disse sorrindo e levantando. foi pra sua barraca vestir um short branco e um top azul, era mais prático que o moletom que ela estava usando.
- Eu já sei que você é marinheira de primeira viagem nesse lance todo, então eu vou te ensinar como se estivesse ensinando uma criança de cinco anos a ligar e desligar a TV. – ele disse rindo enquanto ela se aproximava. null estava com a prancha na mão, apenas com um calção preto. Nem percebia o quanto vê-lo assim mexia com , cada vez mais próximo ela podia ver o tronco despido dele... Uma tatuagem na costela abaixo do peito direito com uma null frase em latim e nas costas um par de asas discretas no alto da espinha.
- Isso foi humilhante. – ela disse se aproximando. – Eu aprendi a ligar e desligar a TV com 3 anos de idade.
- Com 7 eu já desbloqueava os canais adultos da SKY. – ele disse e os dois riram. – Vamos lá?
Ela fez que sim com a cabeça ainda meio tenebrosa. Os dois passaram 30 minutos entre aquecimento e ele passando coisas básicas pra ela. Logo os dois estavam no mar e estava em cima da prancha. null seguia todos os passos ao lado dela, passaram por algumas ondas nulls, ria muito, devia ter caído umas 4 vezes até os dois cansarem e sentarem os dois na prancha, um de frente pro outro , estavam afastados da praia, o mar estava calmo.
Os dois passaram um momento em silêncio apenas se entre olhando e olhando pro mar.
- As chuvas dos últimos dias podem atrapalhar o andamento das nossas férias. – ele disse desviando do olhar dela.
- Por que? Eu to achando essas férias ótimas! – ela disse.
- A mãe do Lucas ligou pra ele dizendo que tinha visto um noticiário na TV de que um tufão, um tornado, uma jarrada de vento ou sei lá, uma brisinha, se você levar em conta o super-protecionismo e o exagero da mãe dele, iriam atingir uma ilha aqui perto. – ele disse brincando com a água. – De um jeito ou de outro, essas chuvas todos os dias não estão deixando nossos pais, nem a gente, acredite, tranquilos. Pode ser que a gente volte amanhã mesmo.
- Todo mundo? – ela perguntou franzindo o cenho com o sol no seu rosto.
- Não todo mundo, tá tipo cada um por si aqui, pelo menos eu e o pessoal que veio no meu carro vamos e você e a null também. – ele disse sério.
- Vamos? – disse sem entender.
- Lógico! A gente não vai deixar vocês duas aqui com esse risco nas mãos dos debilóides que continuarem aqui. Nem que a gente amarre vocês e joguem no meu porta-malas. – ele disse rindo.
- Ih pode deixar chefia. – ela disse mostrando a palma das mãos em sinal de rendição. Ao fazer isso, ela quase perdeu o equilíbrio e null teve que segurá-la pra que ela não caísse da prancha. Logo ela se recuperou, agradeceu e continuou. – Se eu bem conheço a null, ela preferiria enfrentar um tufão aqui a ter que dividir o mesmo carro com o null.
- E se eu bem conheço o null, ele seria capaz de amarrar ela no porta-malas só pra garantir a segurança dela e ainda colocar uma mordaça na boca dela pra não ouvir os xingamentos dela, você sabe, o null é muito cavalheiro. – ele disse e os dois caíram na gargalhada. – E não duvide que eu não faria a mesma coisa com você caso se recusasse.
- Não recusaria. – ela disse sorrindo e os dois ficaram um momento em silêncio. – O que significa “ Is runs in meo pectore spirat in venas”? É latim?
- Ah... – ele disse olhando pra própria tatuagem abaixo do peito. – Andou verificando meu corpo despido, não é? – ele riu e ficou com vergonha. – Tudo bem, eu to só brincando. É latim sim, é... é uma frase... – ele falou meio inseguro. – Eu tatuei ela a pouco tempo, por impulsão.
- Tem um significado especial? – ela perguntou e null já estava olhando praia ficando incomodado com as perguntas.
- Sim, quer dizer, não. É bobagem, é a letra de uma música que eu achei bonita, só isso. – ele disse. – Vamos voltar pra praia? O sol dessa hora não faz bem. Tu passou protetor solar, não passou?
- Sim, passei, é melhor a gente voltar. – ela disse e os dois voltaram pra praia.
e null se separaram assim que chegaram a praia. null ainda estava meio inseguro com o fato de ter observado sua tatuagem e o pior, ter perguntado sobre o significado. Ela não saberia tão cedo, ele pensava. Logo a noite chegou e o rapaz estava deitado em sua barraca olhando pro teto com os braços cruzados atrás da cabeça e ouvindo música, My Heart Beats For Love – Miley Cyrus, a música da peça. Ele ouvia a música com o olhar vago enquanto null e os garotos amontoavam a enorme barraca jogando UNO.
- TOMA MAIS QUATRO! – Tarso falou jogando uma carta preta.
- TOMA MAIS SEIS COROA!!! – o Lucas disse jogando um carta ‘+2’.
Depois de um tempo jogando, null jogou sua última carta e berrou.
- UNOOOOOOOOO!!!!! – disse levantando os braços todo empolgado. – As little poneys aí vão ter que pagar a aposta agora!
- Ah não cara, muda esse castigo aí. Sacanagem! – o Hiago reclamou.
- É sacanagem por que você está indo também, por que se você não estivesse indo, isso seria chamado de “regras do jogo”. – null respondeu fazendo aspas com a mão e depois rindo mundo. – Vão lá, vocês vão ter que ir buscar lenha no mato pra levarmos pra cidade e jogar no carro dos Narcisos e ainda vão ter que levar o viadinho do Oliver com vocês.
- Mas como é que a gente vai fazer isso? Tá ‘mó’ preparo de chuva lá fora e o Oliver morre de medo até de, sei lá, vagalume.
- Ei. – null disse apontando pra ele sério. – Vagalumes não têm nada de bonitinhos e simpáticos, eles são horríveis!
- Ah qual é... A gente apostou isso, agora temos que cumprir e sabendo que o Oliver joga um charme pra cima do Tarso... – o Allan disse e eles já começaram a rir e a zoar o amigo.
- ialá, cala a boca Zé Mané, que jogando charme o quê!? – ele disse sério.
- Vamos lá. – eles saíram e apenas null e null continuaram na barraca.
- Ei null, vem ver! – null disse de tocaia na porta da barraca deles. – Eles tão conseguindo arrastar o Oliver pro mato.
- O que será que o Tarso prometeu pra ele, hein? – null disse se aproximando da abertura da barraca tirando os fones de ouvido. Os dois riram muito. Oliver saiu da barraca de e null.
null se afastou de lá e null continuou olhando pra lá, ora olhava o céu nublado, ora olhava pra barraca de até vê-la saindo da barraca com um vestidinho solto branco e com as havaianas douradas na mão. Ela começou a andar pela areia pertinho do mar, o suficiente pra molhar os pés e sem perceber começou a se distanciar do acampamento.
null achou estranho e por via das dúvidas resolveu acompanhá-la, deixou a barraca e começou a andar rápido descalço até alcançá-la. Ele tava com uma calça preta tactel e uma camiseta branca. Tomou o cuidado de pegar uma lanterna antes de sair e acompanhou ela, assim que chegou perto, ligou a lanterna na direção dela que se assustou e virou repentinamente.
- null! – ela exclamou após o susto sorrindo. Ele devolveu o sorriso.
- Ele mesmo, xerife de acampamento garantindo a segurança das mocinhas. – ele brincou se aproximando dela. – O que tá fazendo por aqui a essa hora da noite? Sabe que é perigoso começar a chover do nada como todas as noites.
- Minha cabeça tava meio cheia, resolvi vim caminhar um pouco. – ela dizia enquanto eles caminhavam lado a lado na beira do mar.
- Pesada? – ele perguntou.
- Não, não está pesada, está cheia, mas tranquila. – ela disse franzindo o cenho tentando se certificar que ele entendera.
- O que foi isso?! – Oliver perguntou preocupado enquanto os rapazes se embrenhavam na mata. – Deve ser um cachorro do mato, não, um gato do mato, não, um porco do mato ou dinossauro do mato! – ele disse apavorado.
- Só falta tu dizer que é um tubarão do mato! – Lucas disse se virando e iluminando Oliver com a lanterna, o rapaz estava agarrado ao braço de Tarso que não estava nenhum um pouco feliz com a ideia.
- OMG! – Oliver disse com a mão na boca. – É uma nova espécie de carnívoro?!
- Não aguento, ow Allan você que é o nota 10 em biologia, explica essa aí pro Ken versão Barbie. – Lucas disse e se virou.
- Oliver. – Allan disse respirando fundo.- Eu não acredito que sua crocks roxa brilha no escuro. – ele disse com cara de aff e logo o resto do grupo fez a mesma coisa.
- Quer saber a verdade? – o Hiago disse tomando a frente da conversa. – Cansei! Admitam: a gente se perdeu!
Nesse momento a lanterna de Lucas começou a falhar e apagou. Ficaram no escuro.
- Pelo menos minha crocks versão balada oferece alguma localização pra gente. – Oliver disse apavorado.
- Ah claro, me lembra de comprar as minhas assim que eu voltar pra casa! – Allan disse perdendo a paciência.
null abriu os olhos depois do breve cochilo e reparou que já havia 40 minutos que os meninos tinham saído com Oliver.
- Ishi mano, cadê os little poneys e a Barbie encantada? – ele perguntou a si mesmo verificando o relógio. – Cadê o null? Ah meu Deus, preciso buscar ajuda.
Ele saiu da barraca sério e atravessava o acampamento determinado em meio a ventania.
- Preciso buscar ajuda, preciso buscar ajuda, preciso buscar ajuda.. AI CARALHO!! – ele disse assim que um galho voou em sua direção e o atingiu. – Porra, to me sentindo no seriado LOST! Eu to perdido!
Assim que terminou de falar, ele olhou pra barraca de null e a viu tentando fechar a abertura da barraca e por causa da ventania seu cabelo estava todo bagunçado, ela nem percebia a presença de null ao longe, até que desistiu e deixou uma null fenda no alto. null parou no meio da ventania com um sorriso diabólico.
- Muahahaha! Eu busco ajuda depois... – ele disse isso rindo e se aproximou devagar da barraca de null. A garota lia uma revista pra tentar em vão dissipar o medo que estava sentindo, estava sozinha na barraca, a lamparina posta no alto balançava e produzia efeitos de sombra nas paredes da barraca que a deixavam com medo, por isso ela tentava se concentrar na revista.
De repente ela viu dois chifres enormes na sombra da barraca e pôs a mão no peito e gritou de susto, os dois chifres começaram a se mexer e logo começou a mexer na barraca. null usava o galho que o atingiu pra fazer sombras por fora na barraca de null, ele não aguentava rindo até que entrou de uma vez na barraca dela.
- Você pediu um SOS novinha? – ele disse pulando dentro da barraca, ela logo se ajoelhou e começou a bater nele com a revista.
- SEU. VIADO. DESGRAÇADO!!! – ela começou a bater nele e ele sorriu.
- Qual é, eu vim salvar sua vida! Sal afasta demônios! Eu aprendi isso.. em... ai null. – ele dizia sem conter o riso, logo ele caiu deitado e ela continuava batendo nele.
- Eu quase morri de susto! E não me venha com essa de me proteger do demônio, VOCÊ é o demônio em pessoa. – ela disse brava.
- Nossa, então eu não vim aqui te salvar, você não sabe brincar... Eu vim aqui te possuir!! Raw! – ele disse encarando ela com um sorriso malicioso e ela na conteve o riso de deboche.
- Você é ridículo null! – ela disse se sentando.
- E você é chata pra caralho null, mas é a única chata que me faz sentir um dorzinha mais chata ainda no peito... Sei lá, a dona Edna, a bibliotecária, disse que isso pode ser principio de infarto.
- O quê? – ela perguntou preocupada. – Como assim? tu é novo pra caralho!
- Pois não é? – ele disse confirmando. – Sou praticamente um bebê! Então ela chegou a conclusão de que isso deveria ser saudade... aí, eu lembrei de você... – ele disse batendo um dedo indicador no outro.
- É uma dorzinha chata mesmo? – ela perguntou como quem não quer nada quase se rendendo.
- Sim, mais chata que você. Vem curar essa dorzinha null? – ele pediu segurando a mão dela e a puxando. – Por favor.
Ela não respondeu nada, apenas se deixou ser puxada de encontro ao peito dele e os dois se beijaram.
O vento continuava batendo forte, mas null e já ignoravam, ou melhor, nem percebiam tamanha a distração das conversas sem-sentido e das risadas jogadas ao ar. Continuavam se afastando do acampamento e aos poucos dava pra enxergar as luzes da pousada ao longe.
- Olha só, a gente foi pro outro lado da praia. – null disse olhando pra trás.
- Dá pra ver a pousada daqui. – ela disse olhando ao longe. – Nem percebi que andei tanto.
- Claro, a gente fala demais. – ele disse e os dois riram.
- Você me faz rir feito uma boba, tipo, como se eu tivesse drogada. – ela disse e null sorriu.
- Essa facilidade é legal, mas não compara com drogas, eu me assustei no dia do seu aniversário. Não quero você metida com essas coisas, tu sabe, é perigoso, é traiçoeiro, não é pra garotas como você.
- Então por que você usa? Por acaso drogas é pra garotos como você? – ela perguntou o encarando e ele ficou sério.
- Boa pergunta. Não pense que eu gosto, que acho bonito ou que tenho orgulho de dizer que vez ou outra eu uso joinhas, quer dizer, que uso drogas... – ele disse desviando o olhar ao tocar em um ponto fraco. – Eu comecei a usar em um ato irresponsável, desesperador e impulso... Assim que minha mãe morreu.
- Eu sinto muito, não sabia que sua mãe tinha morrido. – ela disse abaixando a cabeça.
- É... Ela morreu tem uns dois anos, eu era muito apegado a ela , muito mesmo... Ela era, tipo, a única pessoa que fincava meus pés no chão enquanto outro estava por aí voando e buscando sonhos, ok, isso é meio gay, mas minha mãe me ensinou isso: a voar com os pés no chão. – ele disse segurando as lágrimas
- Deve ser a formula da felicidade. – ela disse tentando animá-lo.
- A fórmula da felicidade. – ele repetiu sorrindo tristemente. – Acredite, eu era mais feliz a dois anos atrás quando eu voava com os pés no chão. Foi em homenagem a minha mãe que eu tatuei as asas nas costas.
- Eu realmente sinto muito null. – ela disse abaixando a cabeça.
– Depois que ela morreu eu me vi sozinho, eu só tinha o meu melhor amigo, eu só tinha o null e correndo por fora, eu tinha minhas válvulas de escape pra não enlouquecer: festas, bebidas, drogas, skate, confusão, mulheres e etc etc etc. Ocupava minha vida ao máximo pra não dá ouvido ao que meu coração pedia.
- O que seu coração pedia? – ela perguntou automaticamente.
- “ Is runs in meo pectore spirat in venas” – ele disse respirando fundo.
- Sua tatuagem... O que significa null? – ela perguntou curiosa enquanto eles andavam.
- Significa, “.. ele respira em meu peito e corre pelo meu sangue”. – ele respondeu com as mãos no bolso.
- Isso me lembra algo. – ela afirmou meio confusa. – Essa frase é familiar. O que respira no seu peito e corre pelo seu sangue? – ela parou e o encarou, ele a encarou de volta e sorriu com a ingenuidade dela.
- My heart beats for Love, my heart beats for Love – ele cantou um trecho do refrão da música que cantou na peça. – O amor, o amor respira em meu peito e corre pelo meu sangue, era disso que eu precisava, um pouco de amor. – ele respondeu rindo como se fosse óbvio.
- E... você achou? – ela perguntou o encarando até vê-lo olhar por cima do seu ombro.
- Olha só! Um barco! – ele disse rapidamente tentando fugir da pergunta. decidiu que era a hora de parar com as perguntas intimas e difíceis.
- Oh! – ela disse e logo começou a caminhar rumo a orla perto do barco. – Tá vazio! O.. o que acha de dá uma volta? – ela deu a ideia tentando dissipar a tensão.
- O quê? Não , tá o maior preparo de chuva, é melhor a gente voltar pro acampamento. – null disse e já estava perto do barco.
- É só por uns minutinhos. – ela disse empolgada. – Qual é null, se joga. – ela brincou repetindo a mesma coisa que null tinha dito pra ela e null a seguiu.
- , sério, não mexe nisso aí. – ele disse ao vê-la mexendo nos botões e ligando o motor.
- Eu sei pilotar um desses, meus pais tem uns dois e eu aprendi com ...AAAAA – ela gritou assim que o barco arrancou e ela caiu pra trás, null correu para ajudá-la a se levantar.
- Você ainda não aprendeu. – ele disse rindo. – Tu tá bem?
- Sim, eu to. – ela respondeu meio sem graça. – Eu quero me sentar, meu tornozelo ainda não está muito bem.
- Desde o dia do baile? – null perguntou preocupado a acompanhando até o interior do barco. Tinha um longo sofá de couro na cor creme, era elegante e pequeno, mas extremamente aconchegante.
- Sim, eu rompi um ligamento naquela época, ainda hoje eu sinto um pouco de dor, to em tratamento ainda. – ela disse se sentando.
- Vou procurar gelo pra você. – ele disse abrindo o frigobar.
- Não, sério, não precisa, eu to bem. – ela respondeu. – Acho melhor você sentar aqui por que a tempestade já vai começar e o motor falhou.
- E você fala isso na maior tranquilidade? Isso aqui é como um barquinho de papel em um redemoinho perto de boca de lobo! – ele disse se sentando ao lado dela.
- Eu nunca brinquei disso. – ela respondeu.
- Ãh? Você não teve infância então, por que criança que é criança já fez um barquinho de papel e jogou na enchente em frente a sua casa ou em qualquer poça d’agua. – ele disse rindo.
- Então eu não fui criança, eu passei minha infância na Suíça e lá as ruas não enchem de água. – ela respondeu e logo o barco começou a balançar levemente.
- É, ser pobre tem suas vantagens, pelo menos minha infância foi legal. – ele disse sorrindo e se encostando no espelho do sofá com os braços cruzados atrás da cabeça. por dois segundos prendeu o olhar nos braços malhados dele.
- Você... Você não é pobre null, seu pai é um dos homens mais ricos da região! – ela disse o encarando.
- Meu pai é um dos caras mais ricos da região, eu não sou nada, eu devo ter zero reais na minha conta. – ele disse como quem não quer nada. – Isso não importa pra mim, minhas necessidades são atendidas prontamente, eu não preciso de uma quantia maçante só pra tentar entrar na lista da Forbes, eu me divirto e tento ser feliz assim.
- Que bom pra você. – ela disse se virando e passando a mão no cabelo deixando que sua pulseira fizesse barulho, a pulseira dourada de cheia de pingentes soltinhos chamou a atenção de null e ele se ajeitou para poder observar.
- Sua pulseira é legal e chamativa, eu observei hoje de manhã que tu não tirou ela nem pra pular no mar. – ele disse pegando no pulso dela e observando cada pingente.
- É, eu não tiro ela, é tipo, um mantra pra mim. – ela disse sorrindo.
- É eu sei como é ter um acessório mantra, eu ganhei esse cordão quando eu tinha 12 anos. – ele disse mostrando o seu cordão com dois pingentes pequenos do símbolo da paz, um dourado e um prata ligados. – Não curto tirar ele, me sinto mais pelado sem ele do que sem minha cueca.
Ele disse e os dois riram.
- Significa algo? – ela perguntou baixinho.
- Você está curiosa sobre o significado das minhas coisas hoje hein null? – ele disse como quem não quer nada sorrindo e sentiu uma paz quando ele a chamou de null. – O null que me deu, ele roubou de um brechó quando a gente foi pra fazenda da vó dele. A gente tinha 12 anos, ele meu deu o cordão com o pingente prata e quando eu tinha 14 anos minha mãe me deu um pingente igual, só que dourado. Ele também tem um com o pingente prata, mas o dourado é exclusividade minha. – ele disse e riu. – E a sua pulseira.. Tem algum significado pra ter se tornado um acessório mantra?
- Sim, me lembra de casa, não necessariamente a minha casa em Riviella, é mais uma sensação de segurança, de paz, amor que um lar de verdade dá pra gente. É isso, eu me sinto segura com ele, por que é como uma agenda presa no meu corpo pra que eu não esqueça algumas coisas. Você escreve coisas no pulso pra não esquecer, eu uso uma pulseira pra não esquecer. – ela explicou.
- Não esquecer o quê? – ele perguntou a encarando de perto.
- Veja. – ela estendeu o pulso mostrando pra ele. – O pingente em formato de coroa foi a null que me deu, é pra lembrar que ela é minha melhor amiga, que apesar de puxar minha orelha mesmo sendo mais imatura que eu, que mesmo que ela me xinga e me fale umas verdades bem duras ela me ama. O pingente em formato de coração me lembra os meus pais e que apesar de todas as brigas, de toda a ausência e toda cobrança sem fundamento, eles me amam. A cruz me lembra de Deus, que apesar de todas as dificuldades, de toda a escuridão que as vezes me assombra, Ele me ama mais que tudo. A medalhinha me lembra minha cachorrinha, a Puppy, por que se ela destrói um sapato meu e fica latindo insuportavelmente enquanto eu tento estudar é por que ela me ama... Ou seja, cada pingente é pra lembrar alguém que me ama. Levanta a estima e me faz mais feliz, são poucos, mas são importantes. – ela terminou de explicar e null segurou seu pulso. – Eu preciso usar o banheiro.
- Claro, vai lá, posso tirar sua pulseira pra ver mais de perto? – ele pediu.
- Claro. O que tu quer ver? – ela disse tirando a pulseira e entregando pra ele. – Cuidado viu?
- Tá, eu vou ter cuidado. – ele disse rindo. – E você cuidado, o barco vez ou outra balança forte e a chuva já começou.
voltou rapidamente comentando da chuva e sentou ao lado de null, o rapaz puxou o braço dela delicadamente e prendeu a pulseira no seu pulso.
- Obrigada. – ela agradeceu e ambos sorriram tentando disfarçar a carga elétrica que passava em seus corpos com um simples toque.
- Então quer dizer que cada pingente dessa pulseira te faz um pouco mais feliz? – ele perguntou inda segurando o seu pulso. Ela apenas confirmou com a cabeça presa no olhar dele. – Você ganhou mais um motivo pra sorrir então. – ele disse baixinho e ela olhou pra pulseira. null havia prendido seu pingente dourado na pulseira dela.
- Isso é seu, sua mãe que te deu, eu não posso aceitar. – ela disse um pouco nervosa.
- Claro que pode, aliás, ele está em um bom lugar, é como o lar como você disse, seguro, tranquilo... – ele disse sorrindo tentando confortá-la e aquele olhar questionador dela voltou a fazer seu coração disparar sem saber o que viria mais a frente.
- Você... Você sabe: cada pingente... me lembra um coisa... – ela disse meio insegura tentando se certificar de qual era a intenção dele.
- Sei... Eu pensei que podia escrever isso com uma caneta no meu pulso, mas eu lembrei que todas as vezes que eu tomasse banho ou suasse ou me molhasse isso sairia da minha pele, então eu precisava por de forma definitiva pra que todas as manhãs, noites, tardes, madrugadas eu pudesse olhar na minha pele e não me esquecer, mesmo sabendo que isso é inesquecível. – ele começou a falar cada vez mais próximo dela. – Toda vez que olhar esse pingente , vai lembrar que... que... apesar de todos os meus erros, de todo o meu jeito orgulhoso e fechado de ser, apesar de eu não ser tão honesto com você tanto quanto você é comigo, apesar de eu ficar com garotas na sua frente pra tentar te provocar, apesar de te falar coisas duras sobre o seu ex namoro pra tentar te alertar e fingir meu ciúmes, apesar de esconder o que eu sinto, fingir que não ouço suas perguntas difíceis das quais eu já encontrei a resposta, apesar de tudo isso, de toda a carga de problema, confusão e dúvida que eu trago pra nossas vidas, apesar de tudo isso... Eu amo você. E toda vez que eu olhar essa frase tatuada no meu peito eu vou lembrar que eu tatuei ela assim que eu sai da escola no dia da peça a noite, eu tatuei ela em homenagem a quem me fez achar o que “respira no meu peito e corre pelo sangue”. Toda vez que eu falar de amor, eu vou lembrar de você, por que agora, inacreditavelmente, eu não tenho medo de dizer que eu te amo e sou apaixonado por você null.
Ela ficou em silêncio com o coração quase saltando pela boca e lágrimas começaram a encharcar seus olhos querendo escorrer livremente pelo rosto. null ficou sem reação.
- Não, por favor, não chora, eu sei que eu passei muito tempo calado sobre tudo e assim, de uma vez só resolvi te falar tudo meio atropelado nas palavras, mas é tudo verdade, é tudo sincero, esse amor rasga o meu peito, eu sinto como se faltasse mais um zilhão de coisas pra te dizer, eu me pergunto se o que eu disse foi bastante claro pra você: ) eu to te amando loucamente! – ele disse meio nervoso. – Tem ideia do que é isso pra mim? Bastava um aceno pra eu ter a garota que eu quisesse, no entanto a garota da minha vida, a dona do meu coração, me deixa sem palavras, sem reação, ou melhor com muitas .... – ele foi interrompido pelo beijo dela.
- Fala de novo.. – ela pediu baixinho depois de beijá-lo.
- Que declarar o meu amor por você me deixa extremamente tagarelo? – ele disse sorrindo enquanto segurava o seu rosto pra lhe beijar novamente.
- Não. – ela disse entre um beijo e outro sorrindo. – O “eu te amo”.
- Eu te amo. – ele disse segurando no seu rosto, olhando em seus olhos bem de perto.
- Eu te amo null null, não interessa quem você era no dia do baile, eu me apaixonei por todos os seus jeitos e foi um caminho sem volta: você entrou na minha vida e eu não pude controlar meu coração... Ele pulou nas suas mãos desde o exato momento em que eu te vi!
- Eu vou cuidar do seu coração. Tá sentindo? – ele disse pondo a mão dela sobre a dele no peito esquerdo dela, sobre o coração. – Meu coração.... – ele disse a beijando. – Pulsa aqui dentro agora. Seja minha... Minha namorada .
sorriu e apenas intensificou o seu beijo. null continuou a beijando e naturalmente foi deitando-a no sofá enquanto beijava seu pescoço.
- Sim, eu já me sinto tão sua. – ela disse.
- E eu quero ser seu, quero que você seja minha pra sempre. – ele disse a encarando.
Ela levantou o rosto e o encarou.
- Me faz sua null. – ela afirmou com os olhos brilhando.
- O quê? – ele perguntou. – Você... Você..
- Quero que me faça mulher. – ela disse com os olhos brilhando e sorrindo.
- Você se sente pronta? – ele perguntou meio inseguro ainda em cima dela se sustentando com o peso sob os cotovelos. – Não parece certo ser agora.
- As coisas que envolvem a gente são erradas, mas são certas pelo simples fato de envolver a gente. – ela respondeu. – Você é o certo pra mim null.
Ele não deixou que ela continuasse, logo passou a mão pela suas costas a puxando para si e a fazendo se sentar enquanto continuava a beijá-la. A chuva lá fora balançava o barco e fazia aos poucos as ondas ficarem maiores. ficou de joelho no sofá e null levantou seu vestido em silêncio sem tirar os olhos dos dela. Logo ela tirou sua camiseta branca e enquanto o beijava passava a mão no seu peito e perto da tatuagem disse:
- My heart beats for Love... – disse baixinho com os olhos fechados.
- My heart beats for you... – ele respondeu com a voz rouca já de excitação e abriu os olhos azuis e perguntou. – Tem certeza que quer? Eu te espero.
- Tenho certeza. – ela disse sorrindo tranquila. null sorriu e continuou a beijando, a mão esquerda atingia o fecho do sutiã enquanto a mão direita massageava delicadamente o seio esquerdo dela. passava a mão pelo cabelo loiro do rapaz, até que ele conseguiu abrir o sutiã dela e a deitou novamente jogando a peça no chão. Se aproximou dela olhando em seus olhos, todo cuidadoso e logo começou a dá beijos nos seios de a fazendo fechar os olhos apenas sentindo o prazer. null beijou sua boca puxando o lábio inferior. Seu membro já estava alerta e sorriu ao sentir o que provocara nele. Ele sorriu pra ela e depois beijou seu pescoço, o torso, os seios, a barriga... a parte interna da coxa. apenas acompanhava sentindo os beijos e a carícia dele a relaxando e a excitando a antecipando para o que viria. null se desgrudou dela e tirou a calça, logo expos a cueca Box preta e se posicionou na frente de tirando sua calcinha enquanto a beijava, o coração de disparou e ela ficou gelada assim que ele tirou a cueca, não tinha mais volta e ela estava tranquila quanto sua decisão. O rapaz se posicionou e perguntou baixinho com a voz rouca.
- Posso? – perguntou e ela assentiu. – Se doer me fala, a gente vai fazer isso juntos...
- To com medo de doer. – ela disse meio preocupada.
- Não vou te machucar, eu prometo null. – ele disse beijando a sua testa. Logo null começou a penetrá-la, a estocar. estava quase lá, gemia assim como ele e ao perceber suas mãos inseguras ele entrelaçou sua mão na mão dela e passaram por isso juntos... Logo ele foi cessando as investidas com beijos e os dois felizes e cúmplices dormiram abraçados.
A tempestade do dia anterior deixou apenas a praia bem suja com os galhos trazidos com a ventania, o dia amanheceu ainda nublado.
- Eu vou passar o resto das minhas férias trancado em um spá!!! – Oliver disse atravessando a praia rápido e furioso com o cabelo cheio de folhinhas e bagunçado, segurando uma das crocks.
- Eu não sei o que foi pior: os mosquitos me picando ou Oliver me agarrando! – Tarso disse se coçando e entrando no mar, Allan, Hiago e Lucas entraram também a fim de tirar os resíduos de sujeira do mato.
- Eu acho que to assado mano. Que porra, viu!! – Allan disse.
- Esquenta não, chegar em casa sua mãe passa pomadinha. – Lucas não resistiu a piada e o grupo riu.
- O que foi null? – null perguntou pra null. Os dois estavam estavam embrulhados e nus após uma noite romântica. null estava em silêncio apenas olhando pro nada. – Tá arrependido?
- Não! – ele respondeu tirando uma das mãos de null e pondo atrás da cabeça. – Eu não to arrependido, não sou do tipo que me arrepende. Deixa pra lá. – ele disse e continuou olhando pro teto da barraca. Os dois só escutavam o barulho do mar e das outras pessoas passando na praia.
- Acho melhor a gente se vestir, já amanheceu, alguém pode ver a gente. – null disse e null saiu de debaixo das cobertas vestiu o short e a camiseta em silêncio. A moça continuou estranhando o silêncio dele, definitivamente aquele não era o null que ela conhecia.
- Você tem razão, a gente precisa arrumar as coisas pra sair daqui o mais rápido possível. – ele disse terminando de arrumar suas coisas.
- Por que o ‘mais rápido possível’? – ela perguntou curiosa enquanto vestia uma blusa. – Você parece preocupado null. Me conta o que tá acontecendo!
- Não é nada null. – ele falou sério. – É... É que os meninos saíram ontem pra buscar lenha no mato com o Oliver e até agora não apareceram...
- OMG null, vamos sair desse inferno!!! – Oliver disse entrando na barraca assustando os dois com sua fisionomia cheia de pintinhas vermelhas no rosto.
- Olha aí, ele apareceu. – null disse rindo, mas null continuou do mesmo jeito.
- Ok, a gente se vê mais tarde, se precisar de ajuda pra arrumar suas coisas, pode me chamar. – ele disse e saiu. null encarou o mar com as chinelas na mão, o mar estava agitado, o céu estava nublado e ele ignorava os cumprimentos do pessoal que passava por ele arrumando as coisas.
null não estava bem e não conseguia explicar por que não. Estava sentindo algo, mas não sabia o que era, só sabia que era ruim tanto que o fez passar a mão no peito. Nem sabia dizer sobre o que estava sentindo e nem o faria. null null não gostava muito de falar sobre esses lances que ele não entendia bem, exceto com null, seu melhor amigo.
null conseguiu arrumar o motor do barco e quinze minutos depois, o barco já estava na orla do mar. Ele desceu primeiro e segurou pela cintura a ajudando a descer, depois a beijou com um sorriso no rosto.
- Terra a vista marinheira! – ele disse a pondo no chão. Ela o abraçou com as mãos entrelaçadas no pescoço, ainda podiam molhar os pés na água do mar.
- Quer dizer que estou sã e salva na terra depois de ter ido ao mar e ao céu? – ela falou brincando ao comparar o céu com a primeira vez deles dois. null sorriu e beijou a testa dela.
- Pode ir ao céu quando quiser, e sempre estará segura... Desde que seja comigo. – ele disse olhando em seus olhos e pondo a ponta do dedo na ponta do nariz dela.
- Apenas com você! – ela disse rindo e o beijou. Os dois caminharam conversando e rindo na beira do mar, null chutava a água molhando-a e volta e meia a abraçada pelas costas e beijava seu pescoço. Continuavam seguindo até o acampamento brincando e conversando de mãos dadas. Assim que avistaram o acampamento se soltou da mão dele. Ele a encarou sem entender.
- O que foi? – ele parou repentinamente.
- Eu... eu não sei. – ela disse olhando em volta. – Acho que talvez você queira conversar com seus amigos antes, pode ser uma surpresa em tanto pra todo mundo.
- Não é surpresa pros meus amigos que eu sou louco por você null. – ele respondeu. – Eles sabem melhor que eu, até quando eu mesmo não queria ver. Tem mais alguma coisa?
- Não quero que imaginem coisas... – ela disse abaixando a cabeça. de fato estava preocupada com o que os outros iam falar do fato de ter sumido com null e os dois voltarem de mãos dadas.
- É, eu entendo, você está preocupada com sua reputação, com o que os outros vão falar. Ok, eu entendo. – ele disse compreensivamente de frente pra ela enquanto alguns colegas passavam por eles arrumando suas coisas. – Mas ... – ele disse pondo as duas mãos nos ombros dela. – Você é minha namorada agora... Vou respeitar o seu tempo, mas eu quero mostrar pro mundo quem é a dona do meu coração.
- Ok. – ela disse sorrindo fraco, mas emocionada com o cuidado dele. – Me desculpe...
- Não precisa se desculpar, é o seu jeito meu amor. – ele disse tentando confortá-la, a beijou na testa. – Tenho que arrumar as coisas, te vejo de tardezinha quando a gente for embora, ok?
- Posso ir com você no seu carro? – ela perguntou. null franziu o cenho e seu instinto respondeu por ele.
- Acho melhor não, é melhor você ir com o motorista da null. – ele disse se afastando e não entendendo por que respondeu aquilo.
- null! – null o gritou e se aproximou dele enquanto null chegava a barraca deles. – Você tá bem cara? Tu sumiu ontem! Eu fiquei preocupado pra caralho!
- Ei cara, relaxa, eu to ótimo. Vem aqui, deixa eu te contar um lance. – ele disse sorrindo e puxando o amigo pra dentro da barraca. – Eu fiquei com a , mas do que uma ficada simples foi... – ele ia contar sobre a noite que ele e tiveram quando foram interrompidos por Tarso, Lucas, Hiago e Allan.
- null seu filho da puta!! Quase que eu volto morto disso. – Hiago disse entrando na barraca.
- O que aconteceu? Vocês estão bem? – null perguntou sério e preocupado verificando o machucado deles. Os quatro rapazes estranharam a preocupação e a seriedade de null.
- Não cara... – Lucas falou meio confuso. – Tá tudo bem, a gente só meio que... se perdeu na mata essa notie, só conseguimos voltar agora.
- Ok então. – null disse e se virou em silêncio.
- Eu to morrendo de fome! – Allan disse, Hiago, Tarso e Lucas concordaram e os quatro saíram da barraca.
Os rapazes nem se deram conta do que estava acontecendo, mas null sabia que havia algo de errado.
- O que foi null? – null perguntou preocupado.
- Não... não sei cara. – ele disse meio cabisbaixo. – Eu to me sentindo estranho hoje.
- Estranho como quem mija na cama bêbado e acorda com ressaca moral? – null perguntou arqueando a sobrancelha.
- Quem dera fosse isso por que eu saberia que era isso, mas isso que eu to sentindo... eu não sei o que é. – ele disse arrumando suas coisas.
- Não me lembro de ter te visto assim alguma vez. – null disse aumentando sua dose de preocupação. – Logo a gente chega em casa e eu te levo no médico, falou?
- Ok. – null disse desanimado e já estava saindo da barraca quando se virou e falou. – Onde tu estacionou teu carro?
- Do outro lado da encosta. – null respondeu.
- Passa a chave, eu vou lá buscar, quero sair dessa praia logo. – ele disse, null jogou a chave pra ele e ele saiu. null observou ao longe o motorista de null já desmontando a barraca delas enquanto null maquiava Oliver pra disfarçar as marcas de pernilongo. null sorriu fraco e saiu.
O Hiago, Tarso, Lucas e o Allan, iam espremidos no banco de trás enquanto cantavam, contavam piadas, faziam campeonatos de arrotos e viam revista de mulher pelada. Eu e o null íamos na frente calados, problemas com null e . Aquela cena do banheiro ainda não me saia da cabeça... Continuava dirigindo meio que no piloto automático. null tava meio emburrado, o que era bem estranho pra ele. a estrada tava meio vazia e o null não disse muita coisa desde que saímos da cidade, só disse que não tava muito animado e etc.
- Qual é null, qual é null!! – o Tarso disse batendo no ombro do null. – Se animem, só por que a gente estragou a lua-de-mel de vocês com a nossa presença vocês vão passar o tempo todo emburrados?
- Ah claro, com vocês aqui de vela a gente não vai poder se amar direito? – o null disse rindo. – Néh null?
Ele perguntou e eu continuei dirigindo com o cotovelo apoiado na janela, meio desconcentrado.
- O quê? – eu perguntei ‘acordando’. – Do que vocês estão falando?
- A gente ta falando do mercado do peixe, como tá elevando o valor do sushi! – o Lucas disse e eles começaram a rir.
- Qual é mano? Em que mundo você está? – o null perguntou meio preocupado, desde que nós saímos de Riviella ele fica todo preocupado comigo no volante.
- ialá, o null já tá com medo do null tá pegando alguma alienígena em outro planeta! – o Hiago disse e eu aliviei a tensão rindo. O null continuava me olhando preocupado.
- Cuidado com a estrada. – ele disse baixinho só pra mim.
- Fica tranquilo falou? Eu não vou atropelar os seus amigos esquilos. – eu disse e ri olhando pra estrada.
Apenas eu, o null, o Tarso e o Hiago surfávamos, apesar de eu fazer um estilo mais cidade, skate e festas eletrônicas com boates fumacentas, eu curtia praia pra caralho e surfar, é claro, vinha automaticamente. As quatro pranchas estavam presas no alto do carro, as barracas e as mochilas enfiadas a força no porta-malas e meus amigos socados no banco de trás. A estrada era fina e ao pé de um morro enorme parecia que a gente andava em círculos ao redor daquela montanha.
Narrando
Ah, nem acredito que vou ficar uma semana longe de tudo, longe da cidade, longe do Jorgito, longe dos meus pais me enchendo o saco pelo fim do nosso namoro e longe do null e daquele olhar demoníaco que ele me jogou no dia do meu aniversário. Não suportaria olhar na cara dele depois de tudo o que eu disse no banheiro e aquela maldita bebedeira não me fez esquecer nenhuma palavra apenas pra que elas continuassem me martirizando pelo resto da minha vida. Ok, agenda vazia, mente vazia, mas o coração continua apertado.
- Eu não acredito que me arrastaram pra esse fim de mundo! – Oliver dizia sentado no banco de trás do carro entre mim e a null.
- Eu acho que se o mundo tivesse um inicio, ele seria exatamente bem aqui... – ela disse tirando o óculos e olhando a paisagem, eu tirei os fones de ouvido e olhei pro outro lado. Era uma praia linda, que reserva ambiental e ao longe bem ao longe depois da pousada que cuidava dela, tinha uma área da praia deserta onde as pessoas acampavam. A gente ouviu um pessoal da escola falando sobre isso e a gente resolveu deixar Paris de lado e vim pra cá. Boa escolha.
- Uau, esse lugar é lindo! – eu exclamei.
- Já sinto os mosquitos me atacando. – o Oliver reclamou enquanto o motorista entrava na praia. Já tinha uma galera lá arrumando as barracas, o motorista da null ia arrumar a nossa e a do Oliver.
- Mas as janelas estão fechadas Oliver. – eu disse franzindo o cenho.
- É ataque de pânico psicológico. – null disse isso e começou a rir, eu também ri.
- Ei, isso é sério, eu já li sobre isso. – ele disse todo preocupado passando repelente.
- Oliver, pelos menos são mosquitos e não dinossauros perdidos no Jurassic Park. – ela disse começou a rir. Descemos do carro, socializamos com uns colegas enquanto o motorista da null montava as barracas. Ele terminou de montar a barraca, deixou um celular via satélite com a null e foi embora.
Narrador Onipresente
e null se sentaram na areia olhando pro horizonte e comentando os podres da festa de , o resto da turma já terminava de arrumar suas coisas quando um pajero Sport surgiu na estrada descendo o morrinho e estacionando um pouco longe na areia. Todos olharam curiosos pros últimos convidados do acampamento que acabavam de chegar e foi assim que null, null, Hiago, Lucas, Allan e Tarso saíram do carro correndo, tirando a camisa, jogando pro alto e entrando no mar feito crianças que apostam corrida. É, eles apostaram corrida e nem perceberam os outros colegas ‘conhecidos’ na mesma praia.
- Destino... Você só pode está zoando com a minha cara. – null disse perplexa.
- Eu não acredito. – disse com o coração disparado.
null voltava do banho de mar rindo enquanto se equilibrava com null nas costas. Ele ria pra caralho, assim que null desceu ele balançou a cabeça afim secar um pouco o cabelo molhado, passou a mão na cabeça e viu do outro lado da praia. Ficou estático, estava sem camisa e só de calça jeans e todo molhado. null com certeza ainda não tinha visto null. Agora não dava pra voltar atrás, seria uma semana todos juntos perdidos naquela praia.
Dois dias se passaram. e null, assim como null e null continuavam se evitando, mesmo nas atividades que reuniam todos do grupo, estes casais se evitavam. null e null sabiam disfarçar melhor a tensão e se divertiam surfando, andando por aí, ou apostando corrida até a pousada que ficava super distante, onde eles pegavam Jet ski e ficavam no mar.
null - If I should die before I wake, It's cause you took my breath away losing you is like living in a world with no air, oh...
Mas isso era um ótimo disfarce, quando a noite chegava null sentava na areia sozinho e ficava olhando as estrelas e às vezes olhava pra barraca de suspirando e meio triste por não poder conversar com ela, mas todas as vezes que pensava durante a manhã em ao menos dizer bom dia quando esbarrava com ela pela praia, ele lembrava do que ela havia dito debaixo do chuveiro e passava direto. sentia essa frieza cada vez que ele faltava passar por cima dela e ignorar sua presença.
No final do terceiro dia, a turma resolveu se reunir mais uma vez ao redor de uma fogueira, desta vez toda a turma estaria, iriam assar marshmellows, cantar, socializar e fazer brincadeiras. Uns sentavam nas cangas, outros em toras de madeira colocadas e outros em cadeiras de praia. Um vento agradável passava pela praia e o mar agitado conduzia a uma brisa fria que fez com que todos se agasalhassem. null estava com um moletom preto e null com um camisão cinza de mangas compridas. Ambos com violão, tiveram que cantar uma música depois de perder uma aposta inventada por Tarso no meio da brincadeira. e null estavam ao lado de Oliver e os três dividiam um cobertor em cima de uma canga. e null estavam em lados opostos e com a fogueira entre eles. Pouco se via um do outro, apenas por cima das chamas encontrava os olhos de null meio perdidos, e quando eles se perdiam era sempre pra ela que eles olhavam.
- I walked, I ran, I jumped, I flew, right off the ground to flow to you, there's no gravity to hold me down, for real – null acompanhava.
- But somehow I'm still alive inside, you took my breath but I survived, I don't know how but I don't even care – null cantava e tocava e embora não percebesse volta e meia cantava pra , olhando em seus olhos, o que a fazia abaixar a cabeça e lembrar o quão dura tinha sido com ele naquele dia.
Mas como você espera que eu viva sozinho?
Porque meu mundo gira ao seu redor
É tão difícil para eu respirar
Diga-me, como eu devo respirar sem ar?
Não posso viver, não posso respirar sem ar
É assim que eu me sinto quando você não está aqui
Não há ar, não há ar
Eu estava em águas profundas.
Diga-me, como você ficará sem mim?
Se você não está aqui, eu simplesmente não consigo respirar
Não há ar, não há ar
Sem ar, sem ar
Sem ar, sem ar
Cantava olhando pra ela... De repente ela abaixou a cabeça mais desta vez e limpou uma lágrima que queria descer. null pegou no ponto fraco de , sabia exatamente como ganhar algo dela, como fazê-la cair em tentação, sabia exatamente como tê-la nas mãos, sabia de tudo isso embora não percebesse, embora sua intenção fosse a mais pura e menos pretensiosa... Talvez um pouco mais de ). simplesmente não conseguia encarar null, por mais que ele tentasse esconder, estava sendo o mais honesto ali. Talvez um pouco mais de honestidade entre os dois não fizesse mal... Não faria e decidiu que precisava ser honesta com null, independente do que viria a seguir, ela tinha que pedir desculpas.
- null! – ela o gritou assim que ele se afastou da turma quando todos estavam se dispersando indo pra suas barracas pois a chuva já ia começar.
- O que você quer? – ele disse friamente.
- Eu quero me desculpar. – ela disse unindo as mãos junto ao corpo em sinal de nervosismo.
- Ok , boa noite. – ele se virou e continuou andando.
- É sério null. – ela disse segurando em seu braço e o fazendo parar. – Eu to muito arrependida pelo o que eu disse no dia da festa, tudo o que eu te disse, foi tudo besteira movido ao álcool.
- E por que você bebeu? Por que queria usar drogas? Por que tava usando um vestido que um cara com um pouco mais de destreza conseguiria ver tudo? – ele disse um pouco bravo.
- Por que... – ela disse meio confusa. – Talvez quisesse mudar, as pessoas tem o direito de mudar quando o real não as agrada.
- Quis mudar por que o seu real não te agrada ou por que ele não agrada alguém em especial? – ele perguntou olhando em seus olhos e um vento úmido já começava a bater sobre eles. permaneceu calada sem saber responder. – A que me disse tudo aquilo faz parte daquela versão que eu não aprovo, não reconheço e não... – ele disse e parou repentinamente.
- Não... – ela repetiu a última frase pra que ele continuasse.
- Não gosto. – ele arqueou a sobrancelha recuperando o orgulho.
- Não gosta? Ow, é esse tipo de garota com quem você anda. – ela disse e virou o rosto.
- Não interessa o tipo de garota com quem eu ando, interessa o tipo de garota que eu gosto e eu gosto de garotas que são elas mesmas. Eu gostava de quem você era antes de tudo isso, eu gostava da pacata, cor-de-rosa que vez ou outra queria dá um up na vida e ia até uma festa clandestina, mas não perdia sua essência não forçava outra essência! – ele disse. – Mas tranquilo, essa é a sua vida e esse é o modo como você quer vivê-la. Pra quê mesmo veio até mim? ah foi, pra me pedir desculpas. Desculpas não aceitas, posso ir agora?
- Não, me deixa falar. – ela disse baixinho se envolvendo com os próprios braços. – Eu acredito que existem pessoas erradas, acredito que existam pessoas que cometem erros e acredito que existe perdão. Você se auto intitula “o errado” e eu cometi um erro... Não há espaço pra perdão aqui? – ela disse olhando em seus olhos. – Qual é null, tá na cara que nós dois... quer dizer, um precisa da amizade do outro aqui. – ela confessou abaixando a cabeça. – Ok, eu preciso mais da sua amizade do que você da minha...
- Isso não é verdade... – ele disse quase se rendendo ao se aproximar.
- Ok, não é verdade, você não precisa da minha amizade mesmo. Quem sou? – ela falou sorrindo tristemente e olhando pro outro lado.
- O que não é verdade é que eu não precise de você tanto quanto você precisa de mim. – ele confessou e se aproximou mais ainda.
- Eu preciso que me perdoe. – ela disse.
- Eu preciso que seja honesta comigo. – ele rebateu.
- Eu to sendo honesta com você! Cada beijo que você me dá é como se fosse o primeiro da minha vida, acha mesmo que ele é comparável ao do Jorgito? – ela disse e o coração de null disparou, ele desviou o olhar assustado. – Tudo o que eu falei foi uma intenção idiota de te atingir.
- E atingiu. – ele respondeu olhando pra ela.
- Eu sei que atingi e eu me culpo por aqui desde o exato momento em que você saiu daquele banheiro. Não achei que fosse chegar tão longe. – ela disse envolvendo os braços em torno de si mesma tentando dissipar o frio. – Me desculpe.
Ele ficou um momento em silêncio apenas ouvindo o barulho do mar então se aproximou dela e a abraçou por cima de seus braços pequenos a envolvendo e colocando o queixo sobre a cabeça dela.
- Você chegou longe , por isso acho que você merece o meu perdão. – ele disse baixinho e ela apertou o rosto contra o peito dele.
- Eu preciso da sua amizade de volta null. Podemos ser amigos? – ela perguntou.
null respirou fundo e pensou “que bom que ela precisa de mim. Amigos? Amigos... É, talvez é o pouco mais que eu queira dela, pelo menos por enquanto.”
- Podemos. – ele respondeu e os dois ficaram abraçados por mais alguns segundos até se separarem e irem cada um pra sua barraca.
CAPITULO 13
Narrador Onipresente
Passada a chuva da noite anterior, o dia amanheceu bonito e o céu aberto, o mar perfeito, temperatura perfeita. As primeiras pessoas já começavam a sair preguiçosamente de suas barracas. saiu de sua barraca com cara de sono, mas com um sorriso feliz no rosto. Logo null saiu penteando o cabelo, as duas foram para mesa procurar café-da-manhã. Na barraca de null, null e Allan, null saiu conferindo o bafinho com o cabelo todo bagunçado e com uma carinha de sono que fez null suspirar sem perceber, logo ela tomou consciência e se concentrou no seu café e na conversa de sobre as pazes dela com null na noite seguinte.
null saiu da barraca e encarou o mar se espreguiçando, o acompanhou com o olhar, mas ele não olhava pra ela. Ele ficou um tempo com as mãos na cintura olhando pro mar, então sumiu.
- O que acha de eu te ensinar uma coisa nova hoje? – null disse se sentando ao lado dela com um prato de frutas a assustando. null já havia saído.
- Quem sabe depois de eu te ensinar a dizer ‘bom dia’. – ela disse rindo e ele sorriu também.
- Eu te ensinei a dançar, estamos quites então. – ele respondeu e começou a comer cubinhos de melão.
- O que quer me ensinar? – ela perguntou empolgada.
- Não, espera, primeiro. – ele disse olhando pra ela. – Bom dia, dormiu bem? – perguntou.
- Sim, de consciência leve por ter feito as pazes com você. – ela disse olhando o perfil dele que encarava a mesa do café-da-manhã.
- Isso é legal. – ele disse sem encará-la.
- O quê? Dormir de consciência limpa? Ah é, é muito legal. – ela respondeu.
- Não, quer dizer, isso também é legal. – ele disse agora olhando pra ela e sorrindo. – Mas mais legal ainda é eu ocupar sua consciência enquanto você queria dormir.
- De um jeito ou de outro... Foi isso mesmo que aconteceu. – ela respondeu confusa... Ele tinha pego ela! Nem imaginava quantas noites ela passou em claro com ele na cabeça. – O que quer me ensinar? – ela disse com o olhar fixo na xícara de café a sua frente tentando disfarçar a vergonha. A brisa da manhã levava seus cabelos para trás, mas insistia em bagunçar o cabelo de null. achava isso perfeito nele, o quanto os cabelos dele eram perfeitamente desalinhados e mesmo assim encantadores.
null notou que ela ficou com vergonha e disfarçou o sorriso de vitória por achar que estava, enfim, na cabeça de ).
- Vou te ensinar a surfar! – ele disse com convicção.
- O quê?! – ela o encarou espantada. – Surfar?! Não, isso... isso não é pra mim...
- Por que não? – ele perguntou quase rindo com a recusa dela. – Você nunca surfou, penso eu, então com certeza não sabe se isso é ou não é pra você.
- Não, não me parece um esporte muito seguro. – ela respondeu meio nervosa.
- Não vou por sua segurança em risco. – ele disse olhando pra ela. – Só quero que você sinta um pouco a adrenalina... a emoção! – ele disse empolgado. – Qual é , vamos lá, se joga!
- Ok, ok, vamos lá... – ela disse se rendendo.
- Isso aê, agora vai lá na sua barraca trocar de roupa e eu te espero lá com minha prancha. – ele disse sorrindo e levantando. foi pra sua barraca vestir um short branco e um top azul, era mais prático que o moletom que ela estava usando.
- Eu já sei que você é marinheira de primeira viagem nesse lance todo, então eu vou te ensinar como se estivesse ensinando uma criança de cinco anos a ligar e desligar a TV. – ele disse rindo enquanto ela se aproximava. null estava com a prancha na mão, apenas com um calção preto. Nem percebia o quanto vê-lo assim mexia com , cada vez mais próximo ela podia ver o tronco despido dele... Uma tatuagem na costela abaixo do peito direito com uma null frase em latim e nas costas um par de asas discretas no alto da espinha.
- Isso foi humilhante. – ela disse se aproximando. – Eu aprendi a ligar e desligar a TV com 3 anos de idade.
- Com 7 eu já desbloqueava os canais adultos da SKY. – ele disse e os dois riram. – Vamos lá?
Ela fez que sim com a cabeça ainda meio tenebrosa. Os dois passaram 30 minutos entre aquecimento e ele passando coisas básicas pra ela. Logo os dois estavam no mar e estava em cima da prancha. null seguia todos os passos ao lado dela, passaram por algumas ondas nulls, ria muito, devia ter caído umas 4 vezes até os dois cansarem e sentarem os dois na prancha, um de frente pro outro , estavam afastados da praia, o mar estava calmo.
Os dois passaram um momento em silêncio apenas se entre olhando e olhando pro mar.
- As chuvas dos últimos dias podem atrapalhar o andamento das nossas férias. – ele disse desviando do olhar dela.
- Por que? Eu to achando essas férias ótimas! – ela disse.
- A mãe do Lucas ligou pra ele dizendo que tinha visto um noticiário na TV de que um tufão, um tornado, uma jarrada de vento ou sei lá, uma brisinha, se você levar em conta o super-protecionismo e o exagero da mãe dele, iriam atingir uma ilha aqui perto. – ele disse brincando com a água. – De um jeito ou de outro, essas chuvas todos os dias não estão deixando nossos pais, nem a gente, acredite, tranquilos. Pode ser que a gente volte amanhã mesmo.
- Todo mundo? – ela perguntou franzindo o cenho com o sol no seu rosto.
- Não todo mundo, tá tipo cada um por si aqui, pelo menos eu e o pessoal que veio no meu carro vamos e você e a null também. – ele disse sério.
- Vamos? – disse sem entender.
- Lógico! A gente não vai deixar vocês duas aqui com esse risco nas mãos dos debilóides que continuarem aqui. Nem que a gente amarre vocês e joguem no meu porta-malas. – ele disse rindo.
- Ih pode deixar chefia. – ela disse mostrando a palma das mãos em sinal de rendição. Ao fazer isso, ela quase perdeu o equilíbrio e null teve que segurá-la pra que ela não caísse da prancha. Logo ela se recuperou, agradeceu e continuou. – Se eu bem conheço a null, ela preferiria enfrentar um tufão aqui a ter que dividir o mesmo carro com o null.
- E se eu bem conheço o null, ele seria capaz de amarrar ela no porta-malas só pra garantir a segurança dela e ainda colocar uma mordaça na boca dela pra não ouvir os xingamentos dela, você sabe, o null é muito cavalheiro. – ele disse e os dois caíram na gargalhada. – E não duvide que eu não faria a mesma coisa com você caso se recusasse.
- Não recusaria. – ela disse sorrindo e os dois ficaram um momento em silêncio. – O que significa “ Is runs in meo pectore spirat in venas”? É latim?
- Ah... – ele disse olhando pra própria tatuagem abaixo do peito. – Andou verificando meu corpo despido, não é? – ele riu e ficou com vergonha. – Tudo bem, eu to só brincando. É latim sim, é... é uma frase... – ele falou meio inseguro. – Eu tatuei ela a pouco tempo, por impulsão.
- Tem um significado especial? – ela perguntou e null já estava olhando praia ficando incomodado com as perguntas.
- Sim, quer dizer, não. É bobagem, é a letra de uma música que eu achei bonita, só isso. – ele disse. – Vamos voltar pra praia? O sol dessa hora não faz bem. Tu passou protetor solar, não passou?
- Sim, passei, é melhor a gente voltar. – ela disse e os dois voltaram pra praia.
e null se separaram assim que chegaram a praia. null ainda estava meio inseguro com o fato de ter observado sua tatuagem e o pior, ter perguntado sobre o significado. Ela não saberia tão cedo, ele pensava. Logo a noite chegou e o rapaz estava deitado em sua barraca olhando pro teto com os braços cruzados atrás da cabeça e ouvindo música, My Heart Beats For Love – Miley Cyrus, a música da peça. Ele ouvia a música com o olhar vago enquanto null e os garotos amontoavam a enorme barraca jogando UNO.
- TOMA MAIS QUATRO! – Tarso falou jogando uma carta preta.
- TOMA MAIS SEIS COROA!!! – o Lucas disse jogando um carta ‘+2’.
Depois de um tempo jogando, null jogou sua última carta e berrou.
- UNOOOOOOOOO!!!!! – disse levantando os braços todo empolgado. – As little poneys aí vão ter que pagar a aposta agora!
- Ah não cara, muda esse castigo aí. Sacanagem! – o Hiago reclamou.
- É sacanagem por que você está indo também, por que se você não estivesse indo, isso seria chamado de “regras do jogo”. – null respondeu fazendo aspas com a mão e depois rindo mundo. – Vão lá, vocês vão ter que ir buscar lenha no mato pra levarmos pra cidade e jogar no carro dos Narcisos e ainda vão ter que levar o viadinho do Oliver com vocês.
- Mas como é que a gente vai fazer isso? Tá ‘mó’ preparo de chuva lá fora e o Oliver morre de medo até de, sei lá, vagalume.
- Ei. – null disse apontando pra ele sério. – Vagalumes não têm nada de bonitinhos e simpáticos, eles são horríveis!
- Ah qual é... A gente apostou isso, agora temos que cumprir e sabendo que o Oliver joga um charme pra cima do Tarso... – o Allan disse e eles já começaram a rir e a zoar o amigo.
- ialá, cala a boca Zé Mané, que jogando charme o quê!? – ele disse sério.
- Vamos lá. – eles saíram e apenas null e null continuaram na barraca.
- Ei null, vem ver! – null disse de tocaia na porta da barraca deles. – Eles tão conseguindo arrastar o Oliver pro mato.
- O que será que o Tarso prometeu pra ele, hein? – null disse se aproximando da abertura da barraca tirando os fones de ouvido. Os dois riram muito. Oliver saiu da barraca de e null.
null se afastou de lá e null continuou olhando pra lá, ora olhava o céu nublado, ora olhava pra barraca de até vê-la saindo da barraca com um vestidinho solto branco e com as havaianas douradas na mão. Ela começou a andar pela areia pertinho do mar, o suficiente pra molhar os pés e sem perceber começou a se distanciar do acampamento.
null achou estranho e por via das dúvidas resolveu acompanhá-la, deixou a barraca e começou a andar rápido descalço até alcançá-la. Ele tava com uma calça preta tactel e uma camiseta branca. Tomou o cuidado de pegar uma lanterna antes de sair e acompanhou ela, assim que chegou perto, ligou a lanterna na direção dela que se assustou e virou repentinamente.
- null! – ela exclamou após o susto sorrindo. Ele devolveu o sorriso.
- Ele mesmo, xerife de acampamento garantindo a segurança das mocinhas. – ele brincou se aproximando dela. – O que tá fazendo por aqui a essa hora da noite? Sabe que é perigoso começar a chover do nada como todas as noites.
- Minha cabeça tava meio cheia, resolvi vim caminhar um pouco. – ela dizia enquanto eles caminhavam lado a lado na beira do mar.
- Pesada? – ele perguntou.
- Não, não está pesada, está cheia, mas tranquila. – ela disse franzindo o cenho tentando se certificar que ele entendera.
- O que foi isso?! – Oliver perguntou preocupado enquanto os rapazes se embrenhavam na mata. – Deve ser um cachorro do mato, não, um gato do mato, não, um porco do mato ou dinossauro do mato! – ele disse apavorado.
- Só falta tu dizer que é um tubarão do mato! – Lucas disse se virando e iluminando Oliver com a lanterna, o rapaz estava agarrado ao braço de Tarso que não estava nenhum um pouco feliz com a ideia.
- OMG! – Oliver disse com a mão na boca. – É uma nova espécie de carnívoro?!
- Não aguento, ow Allan você que é o nota 10 em biologia, explica essa aí pro Ken versão Barbie. – Lucas disse e se virou.
- Oliver. – Allan disse respirando fundo.- Eu não acredito que sua crocks roxa brilha no escuro. – ele disse com cara de aff e logo o resto do grupo fez a mesma coisa.
- Quer saber a verdade? – o Hiago disse tomando a frente da conversa. – Cansei! Admitam: a gente se perdeu!
Nesse momento a lanterna de Lucas começou a falhar e apagou. Ficaram no escuro.
- Pelo menos minha crocks versão balada oferece alguma localização pra gente. – Oliver disse apavorado.
- Ah claro, me lembra de comprar as minhas assim que eu voltar pra casa! – Allan disse perdendo a paciência.
null abriu os olhos depois do breve cochilo e reparou que já havia 40 minutos que os meninos tinham saído com Oliver.
- Ishi mano, cadê os little poneys e a Barbie encantada? – ele perguntou a si mesmo verificando o relógio. – Cadê o null? Ah meu Deus, preciso buscar ajuda.
Ele saiu da barraca sério e atravessava o acampamento determinado em meio a ventania.
- Preciso buscar ajuda, preciso buscar ajuda, preciso buscar ajuda.. AI CARALHO!! – ele disse assim que um galho voou em sua direção e o atingiu. – Porra, to me sentindo no seriado LOST! Eu to perdido!
Assim que terminou de falar, ele olhou pra barraca de null e a viu tentando fechar a abertura da barraca e por causa da ventania seu cabelo estava todo bagunçado, ela nem percebia a presença de null ao longe, até que desistiu e deixou uma null fenda no alto. null parou no meio da ventania com um sorriso diabólico.
- Muahahaha! Eu busco ajuda depois... – ele disse isso rindo e se aproximou devagar da barraca de null. A garota lia uma revista pra tentar em vão dissipar o medo que estava sentindo, estava sozinha na barraca, a lamparina posta no alto balançava e produzia efeitos de sombra nas paredes da barraca que a deixavam com medo, por isso ela tentava se concentrar na revista.
De repente ela viu dois chifres enormes na sombra da barraca e pôs a mão no peito e gritou de susto, os dois chifres começaram a se mexer e logo começou a mexer na barraca. null usava o galho que o atingiu pra fazer sombras por fora na barraca de null, ele não aguentava rindo até que entrou de uma vez na barraca dela.
- Você pediu um SOS novinha? – ele disse pulando dentro da barraca, ela logo se ajoelhou e começou a bater nele com a revista.
- SEU. VIADO. DESGRAÇADO!!! – ela começou a bater nele e ele sorriu.
- Qual é, eu vim salvar sua vida! Sal afasta demônios! Eu aprendi isso.. em... ai null. – ele dizia sem conter o riso, logo ele caiu deitado e ela continuava batendo nele.
- Eu quase morri de susto! E não me venha com essa de me proteger do demônio, VOCÊ é o demônio em pessoa. – ela disse brava.
- Nossa, então eu não vim aqui te salvar, você não sabe brincar... Eu vim aqui te possuir!! Raw! – ele disse encarando ela com um sorriso malicioso e ela na conteve o riso de deboche.
- Você é ridículo null! – ela disse se sentando.
- E você é chata pra caralho null, mas é a única chata que me faz sentir um dorzinha mais chata ainda no peito... Sei lá, a dona Edna, a bibliotecária, disse que isso pode ser principio de infarto.
- O quê? – ela perguntou preocupada. – Como assim? tu é novo pra caralho!
- Pois não é? – ele disse confirmando. – Sou praticamente um bebê! Então ela chegou a conclusão de que isso deveria ser saudade... aí, eu lembrei de você... – ele disse batendo um dedo indicador no outro.
- É uma dorzinha chata mesmo? – ela perguntou como quem não quer nada quase se rendendo.
- Sim, mais chata que você. Vem curar essa dorzinha null? – ele pediu segurando a mão dela e a puxando. – Por favor.
Ela não respondeu nada, apenas se deixou ser puxada de encontro ao peito dele e os dois se beijaram.
O vento continuava batendo forte, mas null e já ignoravam, ou melhor, nem percebiam tamanha a distração das conversas sem-sentido e das risadas jogadas ao ar. Continuavam se afastando do acampamento e aos poucos dava pra enxergar as luzes da pousada ao longe.
- Olha só, a gente foi pro outro lado da praia. – null disse olhando pra trás.
- Dá pra ver a pousada daqui. – ela disse olhando ao longe. – Nem percebi que andei tanto.
- Claro, a gente fala demais. – ele disse e os dois riram.
- Você me faz rir feito uma boba, tipo, como se eu tivesse drogada. – ela disse e null sorriu.
- Essa facilidade é legal, mas não compara com drogas, eu me assustei no dia do seu aniversário. Não quero você metida com essas coisas, tu sabe, é perigoso, é traiçoeiro, não é pra garotas como você.
- Então por que você usa? Por acaso drogas é pra garotos como você? – ela perguntou o encarando e ele ficou sério.
- Boa pergunta. Não pense que eu gosto, que acho bonito ou que tenho orgulho de dizer que vez ou outra eu uso joinhas, quer dizer, que uso drogas... – ele disse desviando o olhar ao tocar em um ponto fraco. – Eu comecei a usar em um ato irresponsável, desesperador e impulso... Assim que minha mãe morreu.
- Eu sinto muito, não sabia que sua mãe tinha morrido. – ela disse abaixando a cabeça.
- É... Ela morreu tem uns dois anos, eu era muito apegado a ela , muito mesmo... Ela era, tipo, a única pessoa que fincava meus pés no chão enquanto outro estava por aí voando e buscando sonhos, ok, isso é meio gay, mas minha mãe me ensinou isso: a voar com os pés no chão. – ele disse segurando as lágrimas
- Deve ser a formula da felicidade. – ela disse tentando animá-lo.
- A fórmula da felicidade. – ele repetiu sorrindo tristemente. – Acredite, eu era mais feliz a dois anos atrás quando eu voava com os pés no chão. Foi em homenagem a minha mãe que eu tatuei as asas nas costas.
- Eu realmente sinto muito null. – ela disse abaixando a cabeça.
– Depois que ela morreu eu me vi sozinho, eu só tinha o meu melhor amigo, eu só tinha o null e correndo por fora, eu tinha minhas válvulas de escape pra não enlouquecer: festas, bebidas, drogas, skate, confusão, mulheres e etc etc etc. Ocupava minha vida ao máximo pra não dá ouvido ao que meu coração pedia.
- O que seu coração pedia? – ela perguntou automaticamente.
- “ Is runs in meo pectore spirat in venas” – ele disse respirando fundo.
- Sua tatuagem... O que significa null? – ela perguntou curiosa enquanto eles andavam.
- Significa, “.. ele respira em meu peito e corre pelo meu sangue”. – ele respondeu com as mãos no bolso.
- Isso me lembra algo. – ela afirmou meio confusa. – Essa frase é familiar. O que respira no seu peito e corre pelo seu sangue? – ela parou e o encarou, ele a encarou de volta e sorriu com a ingenuidade dela.
- My heart beats for Love, my heart beats for Love – ele cantou um trecho do refrão da música que cantou na peça. – O amor, o amor respira em meu peito e corre pelo meu sangue, era disso que eu precisava, um pouco de amor. – ele respondeu rindo como se fosse óbvio.
- E... você achou? – ela perguntou o encarando até vê-lo olhar por cima do seu ombro.
- Olha só! Um barco! – ele disse rapidamente tentando fugir da pergunta. decidiu que era a hora de parar com as perguntas intimas e difíceis.
- Oh! – ela disse e logo começou a caminhar rumo a orla perto do barco. – Tá vazio! O.. o que acha de dá uma volta? – ela deu a ideia tentando dissipar a tensão.
- O quê? Não , tá o maior preparo de chuva, é melhor a gente voltar pro acampamento. – null disse e já estava perto do barco.
- É só por uns minutinhos. – ela disse empolgada. – Qual é null, se joga. – ela brincou repetindo a mesma coisa que null tinha dito pra ela e null a seguiu.
- , sério, não mexe nisso aí. – ele disse ao vê-la mexendo nos botões e ligando o motor.
- Eu sei pilotar um desses, meus pais tem uns dois e eu aprendi com ...AAAAA – ela gritou assim que o barco arrancou e ela caiu pra trás, null correu para ajudá-la a se levantar.
- Você ainda não aprendeu. – ele disse rindo. – Tu tá bem?
- Sim, eu to. – ela respondeu meio sem graça. – Eu quero me sentar, meu tornozelo ainda não está muito bem.
- Desde o dia do baile? – null perguntou preocupado a acompanhando até o interior do barco. Tinha um longo sofá de couro na cor creme, era elegante e pequeno, mas extremamente aconchegante.
- Sim, eu rompi um ligamento naquela época, ainda hoje eu sinto um pouco de dor, to em tratamento ainda. – ela disse se sentando.
- Vou procurar gelo pra você. – ele disse abrindo o frigobar.
- Não, sério, não precisa, eu to bem. – ela respondeu. – Acho melhor você sentar aqui por que a tempestade já vai começar e o motor falhou.
- E você fala isso na maior tranquilidade? Isso aqui é como um barquinho de papel em um redemoinho perto de boca de lobo! – ele disse se sentando ao lado dela.
- Eu nunca brinquei disso. – ela respondeu.
- Ãh? Você não teve infância então, por que criança que é criança já fez um barquinho de papel e jogou na enchente em frente a sua casa ou em qualquer poça d’agua. – ele disse rindo.
- Então eu não fui criança, eu passei minha infância na Suíça e lá as ruas não enchem de água. – ela respondeu e logo o barco começou a balançar levemente.
- É, ser pobre tem suas vantagens, pelo menos minha infância foi legal. – ele disse sorrindo e se encostando no espelho do sofá com os braços cruzados atrás da cabeça. por dois segundos prendeu o olhar nos braços malhados dele.
- Você... Você não é pobre null, seu pai é um dos homens mais ricos da região! – ela disse o encarando.
- Meu pai é um dos caras mais ricos da região, eu não sou nada, eu devo ter zero reais na minha conta. – ele disse como quem não quer nada. – Isso não importa pra mim, minhas necessidades são atendidas prontamente, eu não preciso de uma quantia maçante só pra tentar entrar na lista da Forbes, eu me divirto e tento ser feliz assim.
- Que bom pra você. – ela disse se virando e passando a mão no cabelo deixando que sua pulseira fizesse barulho, a pulseira dourada de cheia de pingentes soltinhos chamou a atenção de null e ele se ajeitou para poder observar.
- Sua pulseira é legal e chamativa, eu observei hoje de manhã que tu não tirou ela nem pra pular no mar. – ele disse pegando no pulso dela e observando cada pingente.
- É, eu não tiro ela, é tipo, um mantra pra mim. – ela disse sorrindo.
- É eu sei como é ter um acessório mantra, eu ganhei esse cordão quando eu tinha 12 anos. – ele disse mostrando o seu cordão com dois pingentes pequenos do símbolo da paz, um dourado e um prata ligados. – Não curto tirar ele, me sinto mais pelado sem ele do que sem minha cueca.
Ele disse e os dois riram.
- Significa algo? – ela perguntou baixinho.
- Você está curiosa sobre o significado das minhas coisas hoje hein null? – ele disse como quem não quer nada sorrindo e sentiu uma paz quando ele a chamou de null. – O null que me deu, ele roubou de um brechó quando a gente foi pra fazenda da vó dele. A gente tinha 12 anos, ele meu deu o cordão com o pingente prata e quando eu tinha 14 anos minha mãe me deu um pingente igual, só que dourado. Ele também tem um com o pingente prata, mas o dourado é exclusividade minha. – ele disse e riu. – E a sua pulseira.. Tem algum significado pra ter se tornado um acessório mantra?
- Sim, me lembra de casa, não necessariamente a minha casa em Riviella, é mais uma sensação de segurança, de paz, amor que um lar de verdade dá pra gente. É isso, eu me sinto segura com ele, por que é como uma agenda presa no meu corpo pra que eu não esqueça algumas coisas. Você escreve coisas no pulso pra não esquecer, eu uso uma pulseira pra não esquecer. – ela explicou.
- Não esquecer o quê? – ele perguntou a encarando de perto.
- Veja. – ela estendeu o pulso mostrando pra ele. – O pingente em formato de coroa foi a null que me deu, é pra lembrar que ela é minha melhor amiga, que apesar de puxar minha orelha mesmo sendo mais imatura que eu, que mesmo que ela me xinga e me fale umas verdades bem duras ela me ama. O pingente em formato de coração me lembra os meus pais e que apesar de todas as brigas, de toda a ausência e toda cobrança sem fundamento, eles me amam. A cruz me lembra de Deus, que apesar de todas as dificuldades, de toda a escuridão que as vezes me assombra, Ele me ama mais que tudo. A medalhinha me lembra minha cachorrinha, a Puppy, por que se ela destrói um sapato meu e fica latindo insuportavelmente enquanto eu tento estudar é por que ela me ama... Ou seja, cada pingente é pra lembrar alguém que me ama. Levanta a estima e me faz mais feliz, são poucos, mas são importantes. – ela terminou de explicar e null segurou seu pulso. – Eu preciso usar o banheiro.
- Claro, vai lá, posso tirar sua pulseira pra ver mais de perto? – ele pediu.
- Claro. O que tu quer ver? – ela disse tirando a pulseira e entregando pra ele. – Cuidado viu?
- Tá, eu vou ter cuidado. – ele disse rindo. – E você cuidado, o barco vez ou outra balança forte e a chuva já começou.
voltou rapidamente comentando da chuva e sentou ao lado de null, o rapaz puxou o braço dela delicadamente e prendeu a pulseira no seu pulso.
- Obrigada. – ela agradeceu e ambos sorriram tentando disfarçar a carga elétrica que passava em seus corpos com um simples toque.
- Então quer dizer que cada pingente dessa pulseira te faz um pouco mais feliz? – ele perguntou inda segurando o seu pulso. Ela apenas confirmou com a cabeça presa no olhar dele. – Você ganhou mais um motivo pra sorrir então. – ele disse baixinho e ela olhou pra pulseira. null havia prendido seu pingente dourado na pulseira dela.
- Isso é seu, sua mãe que te deu, eu não posso aceitar. – ela disse um pouco nervosa.
- Claro que pode, aliás, ele está em um bom lugar, é como o lar como você disse, seguro, tranquilo... – ele disse sorrindo tentando confortá-la e aquele olhar questionador dela voltou a fazer seu coração disparar sem saber o que viria mais a frente.
- Você... Você sabe: cada pingente... me lembra um coisa... – ela disse meio insegura tentando se certificar de qual era a intenção dele.
- Sei... Eu pensei que podia escrever isso com uma caneta no meu pulso, mas eu lembrei que todas as vezes que eu tomasse banho ou suasse ou me molhasse isso sairia da minha pele, então eu precisava por de forma definitiva pra que todas as manhãs, noites, tardes, madrugadas eu pudesse olhar na minha pele e não me esquecer, mesmo sabendo que isso é inesquecível. – ele começou a falar cada vez mais próximo dela. – Toda vez que olhar esse pingente , vai lembrar que... que... apesar de todos os meus erros, de todo o meu jeito orgulhoso e fechado de ser, apesar de eu não ser tão honesto com você tanto quanto você é comigo, apesar de eu ficar com garotas na sua frente pra tentar te provocar, apesar de te falar coisas duras sobre o seu ex namoro pra tentar te alertar e fingir meu ciúmes, apesar de esconder o que eu sinto, fingir que não ouço suas perguntas difíceis das quais eu já encontrei a resposta, apesar de tudo isso, de toda a carga de problema, confusão e dúvida que eu trago pra nossas vidas, apesar de tudo isso... Eu amo você. E toda vez que eu olhar essa frase tatuada no meu peito eu vou lembrar que eu tatuei ela assim que eu sai da escola no dia da peça a noite, eu tatuei ela em homenagem a quem me fez achar o que “respira no meu peito e corre pelo sangue”. Toda vez que eu falar de amor, eu vou lembrar de você, por que agora, inacreditavelmente, eu não tenho medo de dizer que eu te amo e sou apaixonado por você null.
Ela ficou em silêncio com o coração quase saltando pela boca e lágrimas começaram a encharcar seus olhos querendo escorrer livremente pelo rosto. null ficou sem reação.
- Não, por favor, não chora, eu sei que eu passei muito tempo calado sobre tudo e assim, de uma vez só resolvi te falar tudo meio atropelado nas palavras, mas é tudo verdade, é tudo sincero, esse amor rasga o meu peito, eu sinto como se faltasse mais um zilhão de coisas pra te dizer, eu me pergunto se o que eu disse foi bastante claro pra você: ) eu to te amando loucamente! – ele disse meio nervoso. – Tem ideia do que é isso pra mim? Bastava um aceno pra eu ter a garota que eu quisesse, no entanto a garota da minha vida, a dona do meu coração, me deixa sem palavras, sem reação, ou melhor com muitas .... – ele foi interrompido pelo beijo dela.
- Fala de novo.. – ela pediu baixinho depois de beijá-lo.
- Que declarar o meu amor por você me deixa extremamente tagarelo? – ele disse sorrindo enquanto segurava o seu rosto pra lhe beijar novamente.
- Não. – ela disse entre um beijo e outro sorrindo. – O “eu te amo”.
- Eu te amo. – ele disse segurando no seu rosto, olhando em seus olhos bem de perto.
- Eu te amo null null, não interessa quem você era no dia do baile, eu me apaixonei por todos os seus jeitos e foi um caminho sem volta: você entrou na minha vida e eu não pude controlar meu coração... Ele pulou nas suas mãos desde o exato momento em que eu te vi!
- Eu vou cuidar do seu coração. Tá sentindo? – ele disse pondo a mão dela sobre a dele no peito esquerdo dela, sobre o coração. – Meu coração.... – ele disse a beijando. – Pulsa aqui dentro agora. Seja minha... Minha namorada .
sorriu e apenas intensificou o seu beijo. null continuou a beijando e naturalmente foi deitando-a no sofá enquanto beijava seu pescoço.
- Sim, eu já me sinto tão sua. – ela disse.
- E eu quero ser seu, quero que você seja minha pra sempre. – ele disse a encarando.
Ela levantou o rosto e o encarou.
- Me faz sua null. – ela afirmou com os olhos brilhando.
- O quê? – ele perguntou. – Você... Você..
- Quero que me faça mulher. – ela disse com os olhos brilhando e sorrindo.
- Você se sente pronta? – ele perguntou meio inseguro ainda em cima dela se sustentando com o peso sob os cotovelos. – Não parece certo ser agora.
- As coisas que envolvem a gente são erradas, mas são certas pelo simples fato de envolver a gente. – ela respondeu. – Você é o certo pra mim null.
Ele não deixou que ela continuasse, logo passou a mão pela suas costas a puxando para si e a fazendo se sentar enquanto continuava a beijá-la. A chuva lá fora balançava o barco e fazia aos poucos as ondas ficarem maiores. ficou de joelho no sofá e null levantou seu vestido em silêncio sem tirar os olhos dos dela. Logo ela tirou sua camiseta branca e enquanto o beijava passava a mão no seu peito e perto da tatuagem disse:
- My heart beats for Love... – disse baixinho com os olhos fechados.
- My heart beats for you... – ele respondeu com a voz rouca já de excitação e abriu os olhos azuis e perguntou. – Tem certeza que quer? Eu te espero.
- Tenho certeza. – ela disse sorrindo tranquila. null sorriu e continuou a beijando, a mão esquerda atingia o fecho do sutiã enquanto a mão direita massageava delicadamente o seio esquerdo dela. passava a mão pelo cabelo loiro do rapaz, até que ele conseguiu abrir o sutiã dela e a deitou novamente jogando a peça no chão. Se aproximou dela olhando em seus olhos, todo cuidadoso e logo começou a dá beijos nos seios de a fazendo fechar os olhos apenas sentindo o prazer. null beijou sua boca puxando o lábio inferior. Seu membro já estava alerta e sorriu ao sentir o que provocara nele. Ele sorriu pra ela e depois beijou seu pescoço, o torso, os seios, a barriga... a parte interna da coxa. apenas acompanhava sentindo os beijos e a carícia dele a relaxando e a excitando a antecipando para o que viria. null se desgrudou dela e tirou a calça, logo expos a cueca Box preta e se posicionou na frente de tirando sua calcinha enquanto a beijava, o coração de disparou e ela ficou gelada assim que ele tirou a cueca, não tinha mais volta e ela estava tranquila quanto sua decisão. O rapaz se posicionou e perguntou baixinho com a voz rouca.
- Posso? – perguntou e ela assentiu. – Se doer me fala, a gente vai fazer isso juntos...
- To com medo de doer. – ela disse meio preocupada.
- Não vou te machucar, eu prometo null. – ele disse beijando a sua testa. Logo null começou a penetrá-la, a estocar. estava quase lá, gemia assim como ele e ao perceber suas mãos inseguras ele entrelaçou sua mão na mão dela e passaram por isso juntos... Logo ele foi cessando as investidas com beijos e os dois felizes e cúmplices dormiram abraçados.
A tempestade do dia anterior deixou apenas a praia bem suja com os galhos trazidos com a ventania, o dia amanheceu ainda nublado.
- Eu vou passar o resto das minhas férias trancado em um spá!!! – Oliver disse atravessando a praia rápido e furioso com o cabelo cheio de folhinhas e bagunçado, segurando uma das crocks.
- Eu não sei o que foi pior: os mosquitos me picando ou Oliver me agarrando! – Tarso disse se coçando e entrando no mar, Allan, Hiago e Lucas entraram também a fim de tirar os resíduos de sujeira do mato.
- Eu acho que to assado mano. Que porra, viu!! – Allan disse.
- Esquenta não, chegar em casa sua mãe passa pomadinha. – Lucas não resistiu a piada e o grupo riu.
- O que foi null? – null perguntou pra null. Os dois estavam estavam embrulhados e nus após uma noite romântica. null estava em silêncio apenas olhando pro nada. – Tá arrependido?
- Não! – ele respondeu tirando uma das mãos de null e pondo atrás da cabeça. – Eu não to arrependido, não sou do tipo que me arrepende. Deixa pra lá. – ele disse e continuou olhando pro teto da barraca. Os dois só escutavam o barulho do mar e das outras pessoas passando na praia.
- Acho melhor a gente se vestir, já amanheceu, alguém pode ver a gente. – null disse e null saiu de debaixo das cobertas vestiu o short e a camiseta em silêncio. A moça continuou estranhando o silêncio dele, definitivamente aquele não era o null que ela conhecia.
- Você tem razão, a gente precisa arrumar as coisas pra sair daqui o mais rápido possível. – ele disse terminando de arrumar suas coisas.
- Por que o ‘mais rápido possível’? – ela perguntou curiosa enquanto vestia uma blusa. – Você parece preocupado null. Me conta o que tá acontecendo!
- Não é nada null. – ele falou sério. – É... É que os meninos saíram ontem pra buscar lenha no mato com o Oliver e até agora não apareceram...
- OMG null, vamos sair desse inferno!!! – Oliver disse entrando na barraca assustando os dois com sua fisionomia cheia de pintinhas vermelhas no rosto.
- Olha aí, ele apareceu. – null disse rindo, mas null continuou do mesmo jeito.
- Ok, a gente se vê mais tarde, se precisar de ajuda pra arrumar suas coisas, pode me chamar. – ele disse e saiu. null encarou o mar com as chinelas na mão, o mar estava agitado, o céu estava nublado e ele ignorava os cumprimentos do pessoal que passava por ele arrumando as coisas.
null não estava bem e não conseguia explicar por que não. Estava sentindo algo, mas não sabia o que era, só sabia que era ruim tanto que o fez passar a mão no peito. Nem sabia dizer sobre o que estava sentindo e nem o faria. null null não gostava muito de falar sobre esses lances que ele não entendia bem, exceto com null, seu melhor amigo.
null conseguiu arrumar o motor do barco e quinze minutos depois, o barco já estava na orla do mar. Ele desceu primeiro e segurou pela cintura a ajudando a descer, depois a beijou com um sorriso no rosto.
- Terra a vista marinheira! – ele disse a pondo no chão. Ela o abraçou com as mãos entrelaçadas no pescoço, ainda podiam molhar os pés na água do mar.
- Quer dizer que estou sã e salva na terra depois de ter ido ao mar e ao céu? – ela falou brincando ao comparar o céu com a primeira vez deles dois. null sorriu e beijou a testa dela.
- Pode ir ao céu quando quiser, e sempre estará segura... Desde que seja comigo. – ele disse olhando em seus olhos e pondo a ponta do dedo na ponta do nariz dela.
- Apenas com você! – ela disse rindo e o beijou. Os dois caminharam conversando e rindo na beira do mar, null chutava a água molhando-a e volta e meia a abraçada pelas costas e beijava seu pescoço. Continuavam seguindo até o acampamento brincando e conversando de mãos dadas. Assim que avistaram o acampamento se soltou da mão dele. Ele a encarou sem entender.
- O que foi? – ele parou repentinamente.
- Eu... eu não sei. – ela disse olhando em volta. – Acho que talvez você queira conversar com seus amigos antes, pode ser uma surpresa em tanto pra todo mundo.
- Não é surpresa pros meus amigos que eu sou louco por você null. – ele respondeu. – Eles sabem melhor que eu, até quando eu mesmo não queria ver. Tem mais alguma coisa?
- Não quero que imaginem coisas... – ela disse abaixando a cabeça. de fato estava preocupada com o que os outros iam falar do fato de ter sumido com null e os dois voltarem de mãos dadas.
- É, eu entendo, você está preocupada com sua reputação, com o que os outros vão falar. Ok, eu entendo. – ele disse compreensivamente de frente pra ela enquanto alguns colegas passavam por eles arrumando suas coisas. – Mas ... – ele disse pondo as duas mãos nos ombros dela. – Você é minha namorada agora... Vou respeitar o seu tempo, mas eu quero mostrar pro mundo quem é a dona do meu coração.
- Ok. – ela disse sorrindo fraco, mas emocionada com o cuidado dele. – Me desculpe...
- Não precisa se desculpar, é o seu jeito meu amor. – ele disse tentando confortá-la, a beijou na testa. – Tenho que arrumar as coisas, te vejo de tardezinha quando a gente for embora, ok?
- Posso ir com você no seu carro? – ela perguntou. null franziu o cenho e seu instinto respondeu por ele.
- Acho melhor não, é melhor você ir com o motorista da null. – ele disse se afastando e não entendendo por que respondeu aquilo.
- null! – null o gritou e se aproximou dele enquanto null chegava a barraca deles. – Você tá bem cara? Tu sumiu ontem! Eu fiquei preocupado pra caralho!
- Ei cara, relaxa, eu to ótimo. Vem aqui, deixa eu te contar um lance. – ele disse sorrindo e puxando o amigo pra dentro da barraca. – Eu fiquei com a , mas do que uma ficada simples foi... – ele ia contar sobre a noite que ele e tiveram quando foram interrompidos por Tarso, Lucas, Hiago e Allan.
- null seu filho da puta!! Quase que eu volto morto disso. – Hiago disse entrando na barraca.
- O que aconteceu? Vocês estão bem? – null perguntou sério e preocupado verificando o machucado deles. Os quatro rapazes estranharam a preocupação e a seriedade de null.
- Não cara... – Lucas falou meio confuso. – Tá tudo bem, a gente só meio que... se perdeu na mata essa notie, só conseguimos voltar agora.
- Ok então. – null disse e se virou em silêncio.
- Eu to morrendo de fome! – Allan disse, Hiago, Tarso e Lucas concordaram e os quatro saíram da barraca.
Os rapazes nem se deram conta do que estava acontecendo, mas null sabia que havia algo de errado.
- O que foi null? – null perguntou preocupado.
- Não... não sei cara. – ele disse meio cabisbaixo. – Eu to me sentindo estranho hoje.
- Estranho como quem mija na cama bêbado e acorda com ressaca moral? – null perguntou arqueando a sobrancelha.
- Quem dera fosse isso por que eu saberia que era isso, mas isso que eu to sentindo... eu não sei o que é. – ele disse arrumando suas coisas.
- Não me lembro de ter te visto assim alguma vez. – null disse aumentando sua dose de preocupação. – Logo a gente chega em casa e eu te levo no médico, falou?
- Ok. – null disse desanimado e já estava saindo da barraca quando se virou e falou. – Onde tu estacionou teu carro?
- Do outro lado da encosta. – null respondeu.
- Passa a chave, eu vou lá buscar, quero sair dessa praia logo. – ele disse, null jogou a chave pra ele e ele saiu. null observou ao longe o motorista de null já desmontando a barraca delas enquanto null maquiava Oliver pra disfarçar as marcas de pernilongo. null sorriu fraco e saiu.
“Sério JG, eu juro q vi a com o galãzinho de mãos dadas na praia”
Um rapaz meio gordo e baixinho com sardas digitava em seu celular sentado em uma pedra do outro lado da encosta.
“Eu n acredito!!”
Jorgito respondia sentado na cadeira branca a beira da piscina em sua mansão em Miami. Gabriel, JJ, Naran e Félix estavam com ele se divertindo. O rapaz logo ficou furioso e não se conteve, aos risos falou de sua ideia para seus amigos e logo enviaram as coordenadas para o rapaz na praia.
O rapaz, de nome Guto, leu a mensagem e olhou meio receoso para o pajero Sport preto esstacionado há cinco metros dele. Guto respirou fundo meio preocupado e enviou uma mensagem para Jorgito confirmando que entendera o que devia fazer.
“Para de ser arregão... A gente te aceita no time assim que fazer isso, não vai acontecer nada, no máximo um sustinho.”
Guto pôs o celular no bolso e se aproximou do carro de null, logo fez o que tinha que fazer e voltou ao acampamento desconfiado. null chegou até o carro de null assim que Guto havia saído, o rapaz ligou o carro e o levou até o acampamento e não notou nada. Guto o viu descer do carro tranquilamente e falou pra si mesmo.
- Ufa, não deu certo. – disse sorrindo aliviado.
- null. – se aproximou de null atrás do carro enquanto ele arrumava as coisas lá dentro. – A gente vai esperar vocês, pra irmos em comboio, o resto do pessoal já vai agora.
- Não null, é melhor vocês irem agora, já que a chuva começa, é bom vocês estarem em Riviella antes do temporal começar. – ele disse a encarando.
- Não, o Oliver tava olhando no celular ‘super tecnológico’ dele que o tal tufão tá se aproximando de uma ilha aqui perto. – ela começou a falar preocupada e null a abraçou.
- Ei, fica tranquila, a gente vai tá em casa, assistindo filme debaixo do cobertor antes que esse tufão chegue na ilha, ok? – ele disse tentando ser positivo.
- Ok. – ela disse ainda preocupada e o abraçou forte. – Eu te amo null, toma cuidado com a estrada.
- Eu te amo bem mais, e pode ficar tranquilo que eu conheço essa estrada. – ele disse e deu selinho rápido nela antes de serem vistos. entrou no carro e seguiram em comboio. Apenas null, null, Tarso, Hiago, Allan e Lucas continuaram na praia terminando de arrumar as coisas.
Só passava das quatro da tarde e o céu já estava escuro com as nuvens pesadas.
- Ei. Ei. – null disse parando null que já sentava no banco do motorista. – Você não vai dirigir null.
- Vou sim, eu tirei minha carteira já. – ele respondeu enquanto o resto do pessoal se aproximava.
- Uma coisa é ter carteira e querer dirigir outra coisa bem diferente é ter carteira a menos de 6 meses e querer dirigir em uma estrada! – null disse o repreendendo.
- Para de agir como um irmão mais velho chato, ok? – null disse irritando-se. – Você dirigia em estrada com menos de um ano de carteira!
- Uma coisa é você dirigir em uma estrada com menos de um ano de carteira outra coisa bem diferente é querer dirigir em uma estrada, com menos de seis meses de carteira com um temporal desse! – null disse na porta do carro. – Passa as chaves null null!
- null, é sério. – ele disse baixinho. – Eu não to com um bom pressentimento, me deixa dirigir, eu vou tomar cuidado. Deixa eu ficar no seu lugar.
- Sai fora null, tu não vai dirigir! – null disse sem dá muita atenção ao que null disse.
- Por favor null confia em mim, eu posso levar esse carro, me deixa ir no seu lugar caralho! – null disse alterando o tom da voz, os outros quatro rapazes se aproximaram estranhando.
null parou e encarou null que estava com um semblante assustado.
- Não... – ele respondeu baixinho e passou por null puxando a chave da mão dele. Logo todos entraram no carro e uma forte chuva começou. null continuava tenso enquanto os quatro dormiam atrás pra compensar a noite mal dormida.
null olhava pela janela a toda hora. O limpador do pára-brisas passeava freneticamente tentando deixar o pára-brisas limpo. null dirigia e volta e meia olhava pra null.
- Olha pra estrada, falou? – null disse irritado.
- Ei cara, relaxa. – null disse. – O que houve? Eu sou o irmão mais velho chato agora é?
- Você é o irmão mais velho idiota que não me ouve, porra caralho, eu sou seu melhor amigo, merecia mais crédito!! – ele disse irritado. – Eu continuo me sentindo estranho.
- É, eu to vendo. – null disse desacelerando um pouco pra deixá-lo mais tranquilo. – Você é mais que meu melhor amigo, é meu irmão mais novo, meu irmão mais velho, é meu companheiro – ele disse a palavra companheiro com voz de gay assim como no pânico na TV e depois riu. null continuou sério. – Ei null, você é meu anjo da guarda, nada nunca acontece comigo quando você está por perto, pelo menos nada mortal, você sempre me protege.
- Era isso que.... – null começou a dizer até uma galha de árvore enorme atingir o pára-brisas fazendo null frear bruscamente acordando todo mundo e levando o coração de null a boca. – CARALHO!!!!
null parou por um instante, o limpador não conseguia funcionar e a galha estava no mesmo lugar.
- O que foi isso?!!! – Allan perguntou assustado. null e null desceram do carro ao mesmo tempo embaixo da chuva forte. Cada um de um lado começou a retirar o galho de cima do carro. null olhou pra trás e viu que eles estavam a beira de um abismo.
- Entre um abismo e uma montanha erosiva! – null disse alto para null pudesse escutar do outro lado. – Que ótimo!!! Parece que a gente tá pedindo pra morrer!
- A gente não vai morrer antes de eu me casar com a ! – ele gritou sorrindo do outro lado do capô ainda sob a chuva.
- O quê?! Casar com a ?! – null perguntou incrédulo.
- A gente se acertou ontem, eu me declarei pra ela e... – ele disse sorrindo até ser interrompido por um barulho estranho. Uma pedra grande rolou a montanha e caiu há cinco metros do carro dele. Eles se olharam assustados e null olhou pra cima e percebeu que a montanha estava instável.
- Entra no carro! Vamos sair daqui! – null gritou. Todos estavam assustados e null deu a partida no carro rapidamente.
- Não quer pegar essa desgraça! – ele disse preocupado. O carro ligou e ele seguiu o caminho.
- Põe o cinto null! – null advertiu. null continuou acelerando a fim de sair daquela estrada logo e não deu ouvidos ao amigo...
Uma pedra maior ainda que a primeira rolou da montanha e caiu mais a frente assim como muitas terra começou a deslizar.
- O freio!! – null gritou enquanto pisava no freio. – O freio não tá funcionando!!!
Antes que chegassem a parte interditada sem conseguir frear, outra pedra deslizou e atingiu em cheio a lateral da porta do motorista empurrando o carro para o abismo que desceu livremente sob os gritos dos rapazes. null seguia desacordado. O carro rodou várias vezes até parar com o pneus para o alto. Tarso e null foram jogados pra fora e null permanecia preso às ferragens. A montanha continuava deslizando aos poucos, a tempestade continuava forte com jarradas de vento forte.
“Atenção corpo do bombeiros, acabo de avistar um carro tombado fora da estrada no abismo.”
“Algum sobrevivente comandante?”
“Tem um rapaz acenando pro nosso helicóptero. Mandem ajuda, acho que tem alguém lá dentro! Mandem ajuda!”
Um rapaz meio gordo e baixinho com sardas digitava em seu celular sentado em uma pedra do outro lado da encosta.
“Eu n acredito!!”
Jorgito respondia sentado na cadeira branca a beira da piscina em sua mansão em Miami. Gabriel, JJ, Naran e Félix estavam com ele se divertindo. O rapaz logo ficou furioso e não se conteve, aos risos falou de sua ideia para seus amigos e logo enviaram as coordenadas para o rapaz na praia.
O rapaz, de nome Guto, leu a mensagem e olhou meio receoso para o pajero Sport preto esstacionado há cinco metros dele. Guto respirou fundo meio preocupado e enviou uma mensagem para Jorgito confirmando que entendera o que devia fazer.
“Para de ser arregão... A gente te aceita no time assim que fazer isso, não vai acontecer nada, no máximo um sustinho.”
Guto pôs o celular no bolso e se aproximou do carro de null, logo fez o que tinha que fazer e voltou ao acampamento desconfiado. null chegou até o carro de null assim que Guto havia saído, o rapaz ligou o carro e o levou até o acampamento e não notou nada. Guto o viu descer do carro tranquilamente e falou pra si mesmo.
- Ufa, não deu certo. – disse sorrindo aliviado.
- null. – se aproximou de null atrás do carro enquanto ele arrumava as coisas lá dentro. – A gente vai esperar vocês, pra irmos em comboio, o resto do pessoal já vai agora.
- Não null, é melhor vocês irem agora, já que a chuva começa, é bom vocês estarem em Riviella antes do temporal começar. – ele disse a encarando.
- Não, o Oliver tava olhando no celular ‘super tecnológico’ dele que o tal tufão tá se aproximando de uma ilha aqui perto. – ela começou a falar preocupada e null a abraçou.
- Ei, fica tranquila, a gente vai tá em casa, assistindo filme debaixo do cobertor antes que esse tufão chegue na ilha, ok? – ele disse tentando ser positivo.
- Ok. – ela disse ainda preocupada e o abraçou forte. – Eu te amo null, toma cuidado com a estrada.
- Eu te amo bem mais, e pode ficar tranquilo que eu conheço essa estrada. – ele disse e deu selinho rápido nela antes de serem vistos. entrou no carro e seguiram em comboio. Apenas null, null, Tarso, Hiago, Allan e Lucas continuaram na praia terminando de arrumar as coisas.
Só passava das quatro da tarde e o céu já estava escuro com as nuvens pesadas.
- Ei. Ei. – null disse parando null que já sentava no banco do motorista. – Você não vai dirigir null.
- Vou sim, eu tirei minha carteira já. – ele respondeu enquanto o resto do pessoal se aproximava.
- Uma coisa é ter carteira e querer dirigir outra coisa bem diferente é ter carteira a menos de 6 meses e querer dirigir em uma estrada! – null disse o repreendendo.
- Para de agir como um irmão mais velho chato, ok? – null disse irritando-se. – Você dirigia em estrada com menos de um ano de carteira!
- Uma coisa é você dirigir em uma estrada com menos de um ano de carteira outra coisa bem diferente é querer dirigir em uma estrada, com menos de seis meses de carteira com um temporal desse! – null disse na porta do carro. – Passa as chaves null null!
- null, é sério. – ele disse baixinho. – Eu não to com um bom pressentimento, me deixa dirigir, eu vou tomar cuidado. Deixa eu ficar no seu lugar.
- Sai fora null, tu não vai dirigir! – null disse sem dá muita atenção ao que null disse.
- Por favor null confia em mim, eu posso levar esse carro, me deixa ir no seu lugar caralho! – null disse alterando o tom da voz, os outros quatro rapazes se aproximaram estranhando.
null parou e encarou null que estava com um semblante assustado.
- Não... – ele respondeu baixinho e passou por null puxando a chave da mão dele. Logo todos entraram no carro e uma forte chuva começou. null continuava tenso enquanto os quatro dormiam atrás pra compensar a noite mal dormida.
null olhava pela janela a toda hora. O limpador do pára-brisas passeava freneticamente tentando deixar o pára-brisas limpo. null dirigia e volta e meia olhava pra null.
- Olha pra estrada, falou? – null disse irritado.
- Ei cara, relaxa. – null disse. – O que houve? Eu sou o irmão mais velho chato agora é?
- Você é o irmão mais velho idiota que não me ouve, porra caralho, eu sou seu melhor amigo, merecia mais crédito!! – ele disse irritado. – Eu continuo me sentindo estranho.
- É, eu to vendo. – null disse desacelerando um pouco pra deixá-lo mais tranquilo. – Você é mais que meu melhor amigo, é meu irmão mais novo, meu irmão mais velho, é meu companheiro – ele disse a palavra companheiro com voz de gay assim como no pânico na TV e depois riu. null continuou sério. – Ei null, você é meu anjo da guarda, nada nunca acontece comigo quando você está por perto, pelo menos nada mortal, você sempre me protege.
- Era isso que.... – null começou a dizer até uma galha de árvore enorme atingir o pára-brisas fazendo null frear bruscamente acordando todo mundo e levando o coração de null a boca. – CARALHO!!!!
null parou por um instante, o limpador não conseguia funcionar e a galha estava no mesmo lugar.
- O que foi isso?!!! – Allan perguntou assustado. null e null desceram do carro ao mesmo tempo embaixo da chuva forte. Cada um de um lado começou a retirar o galho de cima do carro. null olhou pra trás e viu que eles estavam a beira de um abismo.
- Entre um abismo e uma montanha erosiva! – null disse alto para null pudesse escutar do outro lado. – Que ótimo!!! Parece que a gente tá pedindo pra morrer!
- A gente não vai morrer antes de eu me casar com a ! – ele gritou sorrindo do outro lado do capô ainda sob a chuva.
- O quê?! Casar com a ?! – null perguntou incrédulo.
- A gente se acertou ontem, eu me declarei pra ela e... – ele disse sorrindo até ser interrompido por um barulho estranho. Uma pedra grande rolou a montanha e caiu há cinco metros do carro dele. Eles se olharam assustados e null olhou pra cima e percebeu que a montanha estava instável.
- Entra no carro! Vamos sair daqui! – null gritou. Todos estavam assustados e null deu a partida no carro rapidamente.
- Não quer pegar essa desgraça! – ele disse preocupado. O carro ligou e ele seguiu o caminho.
- Põe o cinto null! – null advertiu. null continuou acelerando a fim de sair daquela estrada logo e não deu ouvidos ao amigo...
Uma pedra maior ainda que a primeira rolou da montanha e caiu mais a frente assim como muitas terra começou a deslizar.
- O freio!! – null gritou enquanto pisava no freio. – O freio não tá funcionando!!!
Antes que chegassem a parte interditada sem conseguir frear, outra pedra deslizou e atingiu em cheio a lateral da porta do motorista empurrando o carro para o abismo que desceu livremente sob os gritos dos rapazes. null seguia desacordado. O carro rodou várias vezes até parar com o pneus para o alto. Tarso e null foram jogados pra fora e null permanecia preso às ferragens. A montanha continuava deslizando aos poucos, a tempestade continuava forte com jarradas de vento forte.
“Atenção corpo do bombeiros, acabo de avistar um carro tombado fora da estrada no abismo.”
“Algum sobrevivente comandante?”
“Tem um rapaz acenando pro nosso helicóptero. Mandem ajuda, acho que tem alguém lá dentro! Mandem ajuda!”
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