Narrando
Houve, por um tempo, um período em que me achava extremamente sortuda e esse momento passou. Passei por um longo período de azar e realmente achava que tinha, sei lá, passado por debaixo de uma escada ou quebrado algum espelho sem ter percebido. Então de repente as coisas começaram a dá certo, voltei a sentir o sangue correr pelas minhas veias, o coração disparar loucamente e aquela necessidade de lutar por alguém me invadiu sem pedir permissão. Desde aquele dia, o dia do acidente em que quase atropelei null, minha vida mudaria para sempre e eu nem tinha ideia. Seus olhos me perseguiam todas as noites em meus sonhos e cada cena que eu imaginava pro futuro era relacionado àquele garoto loiro dos olhos azuis e dos braços fortes. Eu me imaginava o abraçando, batendo em seus braços com força pedindo um descanso pois não conseguia respirar tamanho a força de seu abraço... Eu o imaginava em todas as sequencias de cinema que minha mente insistia em preparar. Mas eu não fui preparada pra isso. Acordei daquele sonho pra viver um sonho só que agora era real. Perdi minha virgindade tão bem guardada, com o cara que era com certeza o dono do meu coração. Eu demorei 2 anos pra entender que Jorgito era só um paspalho fingido de príncipe e demorei alguns meses pra descobrir que nome tatuar em meu peito como dono do órgão guardado dentro dele: null null. De novo, não fui preparada pra isso, ainda estava relutante em acreditar no que acabara de ouvir de null.
“ Tá me ouvindo ?!!! O carro do null capotou no caminho até Riviella!!! Estão todos internados em estado grave e o null tá em coma!!! !!”
A voz alterada e nervosa de null ecoava longe em minha mente. Não podia ser verdade, não, não podia!
Ainda tremia enquanto andava correndo nos corredores do hospital. Seguia meu instinto. Eu realmente sabia pra onde estava indo? Só sei que minha visão estava turva por causa das lágrimas presas.
Me aproximei da janela que separava o corredor do quarto onde null estava internado. Estava meio escuro, mas dava pra enxergar que ele estava cheio de fios e com um tubo auxiliando a respiração. Minhas pernas falharam, era extremamente doloroso vê-lo assim, tão dependente, tão fraco, tão... a um fio de vida!
- null... – sussurrei entre lágrimas e corri pra porta da UTI, girei a maçaneta quando alguém tocou em meu ombro.
- Ei garota! – uma voz masculina me parou e continuei tentando entrar até que ele me afastou.
- Me larga! Eu preciso vê-lo de perto, eu preciso chacoalhar ele e fazê-lo acordar! – eu disse entre choro quando deparei com o rosto a minha frente: parecia uma cópia fiel, um brincadeira do destino, um null null uns vinte, trinta anos mais velho. – Senhor Richard null?
- Sim, sou eu querida, por favor, fique calma. – ele disse tentando manter a própria calma. Qual é, o filho dele tava preso em uma cama de UTI! – Eu também estou em estado de choque, mas isso não significa que eu deva entrar numa sala de UTI totalmente sensível a presença humana sem cuidados! Pode até piorar o estado null!
Respirei fundo, me soltei dele e limpei minhas lágrimas. Sentei em um banco próximo e coloquei a cabeça entre as mãos com os cotovelos apoiados no joelho. Ele se afastou, logo se sentou ao meu lado e me ofereceu um copo d’agua.
- Toma, é melhor você ficar calma, o meu filho vai sair dessa, eu conheço ele, ele é pirracento e ele já está acostumado a desafiar a vida, ele adora um desafio, não é agora que ele via perder um. – Richard disse e eu não o encarava. Bebi toda a água dentro do copo e encostei a cabeça na parede com os olhos fechados.
- Me desculpa, eu me exaltei. – eu disse.
- Tudo bem. – ele respondeu. Richard null era um homem nos altos de seus 40 anos, mas continuava com um sorriso faceiro no rosto e uma vitalidade de menino novo, não agora, lógico, mas o pouco que conhecia dele, era que ele era uma personificação mais velha de seu único filho. – O que você é do null?
Minha cabeça girou ao ouvir essa pergunta, afinal de conta, eu estava falando com meu sogro que nem ao menos sabia o meu nome. E quem seria eu aqui falando que era namorada oficial do ex pegador mais famoso do colégio, null null?
- Sou... uma amiga. – eu disse meio receosa. Esperaria para dá a noticia junto com null e já recuperada minha força e minha esperança, eu sabia que logo estaríamos desfilando por aí como um casal de verdade. Droga, e pensar que eu posso ter perdido a única oportunidade de andar por aí de mãos dadas com o homem que eu amo...
null narrando
“ – Ei null, você é meu anjo da guarda, nada nunca acontece comigo quando você está por perto, pelo menos nada mortal, você sempre me protege. – ele disse sorrindo, aquele sorriso fácil e rápido, aquele sorriso filho da puta, aquele filho da puta!
- Era isso que....”
Era isso que eu tava tentando inconscientemente falar. Era pra eu está lá, era eu quem devia ter sido atingido!
Aos poucos fui conseguindo abrir os olhos e um abajur ao meu lado fornecia uma energia suficiente pra sei lá, iluminar um estádio considerando minha sensibilidade. Reuni o pouco de força que ainda tinha, e um pouco de cérebro que não havia sido esmagado, triturado e jogado fora no acidente pra ter a brilhante ideia de... dá um tapa no abajur fazendo ele cair da cabeceira e se quebrar! Brilhante null. Pronto, doce escuridão que me fornecia silêncio e tranquilidade pra pensar.
Levei a mão a têmpora amaldiçoando minha dor de cabeça e logo um pensamento passou rasgando pelo meu cérebro debilitado.
- null... – me levantei aos poucos ainda sentindo dor na cabeça e nas costas.
- Senhor null null. – uma enfermeira disse entrando no quarto e seguindo até uns aparelhos que ficavam na outra cabeceira, checando se eu estava realmente vivo ou se era a reprodução dela de O Mistério da Libélula.
- O null... Cadê ele? – eu perguntei meio fraco enquanto ela pegava o abajur do chão e o arrumava novamente na cabeceira.
- Fique quieto, eu vou chamar o doutor. – ela disse e saiu.
Tentei me levantar, mas não consegui, na terceira tentativa consegui sentar. O doutro entrou correndo no quarto e eu me assustei com tamanha assistência.
- Cadê o null? – eu perguntei novamente enquanto ele forçava a abertura dos meus olhos pra colocar uma luz verde filha da put... – Ai caralho, isso dói! – nos meus olhos.
- Sensibilidade a luz. – ele falou. – Isso não é bom.
- Talvez por que eu tenha permanecido muito tempo dormindo! – eu disse com cara de dã.
- É verdade, pode ser, mas vamos fazer exames. – ele disse disfarçando. Nossa, eu estou em ótimas mãos.
- Você não vai tocar em mim até me dá noticias sobre null null.- eu disse sério.
- Ele está em coma. Não responde a nenhum estímulo, é como se estivesse desconectado. Respira com a ajuda de aparelho e já teve duas paradas cardíacas desde que entrou aqui. – ele disse e meu chão ameaçou desmoronar.
- Mas ele vai ficar bem não vai? – perguntei sem encará-lo.
- Estamos rezando para que sim. – ele respondeu e começou a escrever em sua prancheta. Ele tinha que ficar bem.
Comecei a ficar muito agitado e a tal enfermeira mal encarada me deu uma injeção no braço que foi me deixando bem sonolento. Puta que pariu! Eu devo ter passado um bom tempo dormindo e essa filha da mãe ainda quis que eu dormisse mais?!
Não sei quanto tempo passou quando acordei novamente com a cabeça mais pesada do que antes, já havia um pouco de luz natural vinda da janela do quarto e o tio Richard tava encarando a rua através da janela com os braços cruzados.
- Tio Richard? – eu perguntei franzindo o cenho.
- null! – ele exclamou se virando e se aproximando da cama. – Como está se sentindo?
- Como se um caminhão de pikles tivesse passado por cima de mim. – eu disse sem conseguir me mexer. Ele sorriu fraco. – E o null? Como ele está?
- Na sua linguagem, como se um caminhão de salame tivesse passado por cima dele. – ele disse tristemente se sentando na beirada da cama. – Sabe null, esse acidente me deixou muito intrigado. Sei que é cedo pra conversar sobre isso com você, que tu acabou de acordar, mas isso tem tirado o meu sono.
- O que foi? – eu perguntei já preocupado com a preocupação dele.
- Notou algo de diferente no carro? – ele perguntou me encarando, fiquei um tempo pensando.
- Bom, não. – eu disse sem entender. – Tio Richard, o que tu tá achando que pode ser?
- Eu acho, quer dizer, tenho quase certeza que foi sabotagem. O laudo da policia civil diz que o carro tentou frear, mas não conseguiu. – tive um estalo de memória e lembrei do null gritando sobre o freio. – E não pode ser! Eu mandei o carro pra revisão antes de vocês viajarem! Eu ainda fiz isso sem o null saber por que ele iria encher o saco.
- Será? – eu reforcei a dúvida.
- Eu consegui tirar o carro da lata velha para o qual ele foi mandado e estou pagando para que investigadores particulares façam uma perícia melhor nele. – ele disse cruzando as mãos uma nas outras. – Se alguém tiver sabotado o carro do meu filho, eu juro null que eu reviro o céu e o inferno, mas esse infeliz vai pagar por ter deixado o null e você presos em uma cama de hospital. Ninguém mexe com os garotos de Richard null e fica em pune, ninguém!
- Não sai em pune nem sai inteiro, por que eu acabo com a raça desse resto de aborto! – eu disse socando a palma da minha mão. – Ain.. – gemi de dor.
- Ei garotão, relaxa aí, vai dá tudo certo. – ele disse pegando o celular. – Tenho que ir, a Priscila tá com draminha pedindo pra eu ir buscar ela no massagista, vê se pode! – ele disse saindo. – A propósito, seus pais chegam na quinta-feira.
Fiz cara de aff, meus pais não ligam muito pra mim, é mais fácil estarem vindo aqui ver se eu já estou morto e eles podem raspar o resto de grana que eu ainda tenho na minha poupança. Ok, eu exagerei, mas a questão é que eu estou um tanto dramático e carente.
Falar em carência...
- Oi, posso entrar? – null disse pondo apenas o rosto pra dentro do quarto. Eu deitei minha cabeça no travesseiro aliviado e sorri.
- Pode. – respondi e ela retribui o sorriso, embora seu sorriso fosse meio amarelo um tanto preocupado.
Como tu tá? – eu perguntei e ela se aproximou da cama deixando a bolsa na cadeira.
- Como eu to null? Eu que tenho que te perguntar: Como você está? – ela perguntou com carinha de brava.
- Como você está null null? – eu reforcei a pergunta sério.
- Estou bem e... – ela respondeu e antes que concluísse, eu disse.
- Ah, então eu estou bem. – eu falei e sorri pra ela. Ela beliscou meu braço.
- Para de fazer gracinha. – ela disse e logo sorriu se sentando a beira da cama. – Eu fiquei preocupada com você.
- Eu estou bem, eu posso ficar melhor desde que meu melhor amigo também saia dessa. – eu disse meio triste. – O caso dele é grave null. Os meninos já estão bem, mas o null...
- O null vai ficar bem, você vai ver. – ela disse passando positividade. Não me animou.
- Eu espero. Se eu te contar uma coisa promete que vai ficar só nesse quarto? – eu disse tentando me sentar na cama. Ela assentiu curiosa. – O tio Richard vai contratou uns investigadores particulares.
- Por que? O laudo do acidente já saiu. – ela disse convicta sem entender.
- Isso se foi um acidente. – eu disse sério a encarando esperando ela captar.
- Não acredito. – ela captou. – Você não acha que...
- O tio Richard acha que foi sabotagem, ele diz que o carro estava em estado perfeito quando saiu de Riviella, ele mesmo se certificou disso. – eu comecei a explicar. – O fato é que ele não vai desistir até virar e revirar essa história até saber a verdade.
- E se tiver sido sabotagem? – ela perguntou.
- A pessoa que fez isso vai pagar muito caro nas minhas mãos e nas mãos da família null. – eu disse sério. Realmente estava disposto a sair daquela cama logo e procurar a tal pessoa que fez isso. Cada vez mais eu me certificava de que podia ter sido sabotagem. Os freios simplesmente pararam de funcionar como se já estivessem a um ponto de falharem e se o null tivesse conseguido frear antes, nós poderíamos ter parado antes daquela pedra nos acertar.
Narrando
Eu estava assim a dias desde que o acidente aconteceu: totalmente alheia ao mundo. Meus pais me obrigaram a continuar indo pra escola e eu não podia dá mais a desculpas de indisposição pra não ter que dizer que o amor da minha vida estava entrevado em uma cama de hospital entre a vida e a morte. Claro que meus pais já sabiam da fatalidade que ocorrera com o único herdeiro de Richard null, mas eles não imaginariam qual a minha ligação com aquele rapaz....
Lá estava eu sentada na arquibancada do campo de futebol da escola. Qualquer lugar que me oferecesse silêncio pra pensar e rezar e privacidade pra chorar e implorar em voz alta, estava bom. Geralmente, era nesses lugares que eu vinha me escondendo. Todos os dias quando ia até o hospital, ainda sem permissão de chegar mais perto de null, eu sentia que algo entre nós enfraquecia. Eu tinha a sensação desesperadora que nosso elo de ligação estava enfraquecendo, ele estava cada vez mais distante de mim e eu implorava com uma mão naquele vidro que nos separava, implorava para que em qualquer circunstância, que pelo menos ele não se fosse. Ei, null null, eu daria qualquer coisa pra ter você aqui entre a gente novamente.
O vento frio batia em meu rosto, o dia passava praticamente o dia inteiro nublado. Seria a turma lá de cima triste com a situação do null? Só sei que a escola ficou meio cinza, meio triste, a cidade ficou silenciosa e eu... e eu estou caindo aos pedaços. Olhei para o meu pulso e o pingente que ele havia posto ainda estava ali, reluzente se destacando e eu podia lembrar daquele mesmo pingente pendurado no pescoço de null null, logo eu lembrava da sua gargalhada e do modo como volta e meia ele emitia um motivo pra poder me abraçar. Uma lágrima desceu pelo meu rosto, levantei a cabeça e vi null se aproximando. Limpei a lágrima com as costas da mão... ela se sentou ao meu lado e me abraçou de lado fazendo com que minha cabeça decaísse sobre seu ombro. o vento frio anunciava uma chuva a seguir e entre nós reinou um silêncio. Ela sabia que eu precisava disso, de repente eu comecei a chorar e ela passou a mão pelo meu cabelo.
- Chora , chora pra tirar isso que tá preso aí dentro. – ela disse baixinho e eu continuei chorando. Ela esperou longos minutos até que eu levantasse a cabeça, pegasse um lenço na minha bolsa e limpasse minhas lágrimas.
- Ele não pode morrer null, não pode. – eu disse soluçando sem chorar.
- Ele não vai morrer . Até parece que você não conhece null null, até parece que não conhece algumas das historias dele: o garoto é invencível! – ela disse tentando me animar. – Ele não vai perder essa batalha pra vida, eu posso até ver ele se debatendo por dentro e lutando. Ele tem um anjo da guarda poderoso.
- Tem? – eu perguntei a encarando com um tom de revoltada. – Se ele tem um anjo da guarda onde ele tava quando aquela pedra os atingiu? Por que esse anjo não evitou esse acidente?
- Pode não ter sido um acidente. – ela disse abaixando a cabeça.
- O quê? Como assim? – perguntei confusa.
- O null acordou. – ela disse.
- Eu fiquei sabendo, hoje a noite eu vou visitá-lo. – eu disse.
- Ele disse que o senhor Richard null levantou a hipótese de que pode ter sido sabotagem. Na verdade o null disse que o Richard acredita piamente que foi sabotagem. – ela falou e eu senti um arrepio na espinha de medo, mude meu foco de olhar e olhei instintivamente para o alambrado, alguém se escondeu rapidamente dentro dos vestiários. Não dei importância.
- Quem faria isso meu Deus? – eu perguntei baixinho. – Isso é maldade demais, tentar assassinar uma pessoa! Você acha que pode ser verdade?
- Acredito , você sabe que o null tem seus inimigos. – ela reforçou e ficamos em silêncio.
2 semanas se passaram...
... e o aperto no peito continuava assim como a falta de respostas a estímulos do null, ele continuava na mesma. As pessoas na escola pareciam voltar para a normalidade, alguns ainda não conseguiam entender o fato de alguém tão viril, saudável e animado preso em uma cama como se estivesse esperando a vida passar. Isso não fazia o tipo dele. Continuava no piloto automático, a null começava a dizer pra mim me animar um pouco, voltar a viver um pouco por que eu tava me destruindo.
Eu me destruindo? Não, o destino brincou comigo e com o null nos pondo em uma noite de amor mais perfeita do que nos melhores filmes de romance que eu pudesse imaginar pra depois colocá-lo preso a tubos com uma grossa placa de vidro nos separando. Ah destino, você brincou comigo e agora estava me destruindo. Eu não conseguia mais ficar parada chorando e implorando as mesmas preces de todos os dias enquanto apertava o seu pingente, eu não podia mais ficar indo todos os dias me limitando a olhar o corpo dele através do vidro com medo de no próximo dia não encontrá-lo lá ou de alguns dias adiante vê seu corpo definhando. Eu queria fazer algo... Eu queria que quando ele acordasse (e ele vai acordar, tem que acordar!) se deparasse com uma garota forte o bastante pra cuidar dele e não uma menina bancando a viúva.
Tarso, Hiago, Lucas e Allan, voltaram pra escola naquela semana. Ainda com alguns inchaços e machucados. Tarso andava na cadeira de rodas esperando a recuperação de sua perna. Eles não falavam muito sobre o acidente e evitavam fazer comentários sobre o estado de null. Allan havia confessado pra mim que temia o descontrole das lágrimas caso viesse a falar do amigo. Em uma ocasião naquela semana, eu e null paramos eles antes que deixassem a sala de aula no termino da aula de geografia. Ficamos sozinhos, os seis, na sala de aula.
- Foi sabotagem. – Lucas disse.
- Sim, o seu Richard disse que seus investigadores concluíram que o freio foi cortado. – a null disse cruzando os braços sentando-se na mesa do professor.
- É, e pior é que a policia civil omitiu alguns dados o que significa... – Hiago disse até eu o interromper concluindo a analise e surpresa.
- Que eles estão protegendo alguém! – eu disse revoltada. – Não posso acreditar!
- Assim que o null soube disse ele virou o cão. – Lucas falou. – Ele tá doido pra sair da cama e ir atrás da pessoa que fez isso e dá uma lição.
- E que tal... se começássemos a fazer isso por ele? – Allan deu a ideia.
- Fazer o que por ele? – Tarso perguntou.
- Dá uma lição na pessoa que fez isso com a gente! – Allan disse como se fosse óbvio.
- Mas a gente não sabe quem foi. – null disse franzindo o cenho.
- Vamos descobrir! O null tá a pá de todas as informações que seu Richard tem sobre isso... Vamos ficar atentos e mostrar pra esse filho da puta com quem ele se meteu! – Hiago disse.
- Ele já saiu do hospital, agora tá em período de descanso em casa. – null falou sobre null.
Narrador Onipresente
Aquela madrugada de sexta-feira permanecia chuvosa. Os raios cortavam a cidade e os trovões assustavam as pessoas. conseguiu dormir depois de se virar e revirar durante a noite toda. null dormia tranquilamente em seu quarto e neste dia, null estava deitada dormindo ao seu lado.
No quarto escuro da UTI, as luzes dos aparelhos forneciam pouca luminosidade e null continuava inerte.
“ – Senhoras e senhores, boa noite. – a voz ao fundo chegava abafado ao camarim do teatro. Eu estava sentado no chão, devia ter uns 11 anos. Eu tava brincando com um skate em miniatura fazendo sons com a boca de velocidade. Os longos cabelos castanhos claros dela, eram penteados pouco a pouco com leveza e delicadeza enquanto ela me observava pelo reflexo do espelho.
- null... – ela disse com uma voz suave, calma, se virou e foi até mim, se ajoelhou na minha frente e me abraçou. – Vou te ensinar a dançar!
- Não mãe! – eu disse me afastando bruscamente. – Dançar é coisa de mariquinha! – eu falei alto, ela sorriu e mais tarde eu respirei aliviado por ela ter sorrido, aquele sorriso me passava calma.
- Não, não é coisa de mariquinha. – ela disse com aquele sorriso angelical, se sentou no sofá e começou a amarrar a sapatilha. – Dançar é a coisa mais bonita e libertadora que o ser humano pode experimentar, seja ele homem ou mulher. – ela me encarou. – Qual é null, você não quer voar?
- Voar? – eu perguntei franzindo o cenho. – Por que mudamos bruscamente de assunto? – eu era culto nesse tempo.
Ela se levantou foi até mim e segurou minhas mãos, logo foi me forçando a dá passos pra trás e pra frente.
- Sinta seus pés criando asas, feche os olhos e se movimente de preferência em algum lugar amplo. – ela ia aumentando a velocidade e fechamos os olhos. – Gire, gire, gire null! Sinta seus pés criando asas.
Eu ria muito, era divertido, estávamos rodopiando naquela null sala com os olhos fechados. Eu sentia minha mão suada escorregar, mas ela segurava mais forte sem me deixar cair. Até que caímos exaustos em cima do carpete. Riamos muito.
- Cinco minutos Guinevere. – alguém gritou do outro lado da porta. O nome da minha mãe é Guinevere, ela é de origem francesa, é a pessoa mais doce, mais calma, mais incrível que eu já conheci.
Ela deixou o camarim e foi para o palco, dançou graciosamente fazendo o público aplaudir de pé e me deixando muito orgulhoso... Ela me achou detrás da coxia e sussurrou ao longe... ‘Eu te amo’. Ela me ensinou o primeiro significado de amor: amar incondicionalmente, ser paciente como quando ela me amava mesmo quando eu não conseguia andar ou tirar as melhores notas. Eu a amava acima de tudo...”
Uma enfermeira se aproximou da cama de null e o observou fixamente durante alguns minutos enquanto abraçava sua prancheta azul.
- Tão novo, tão bonito... – ela disse suspirando e balançando a cabeça começando a anotar algumas coisas na prancheta. Checou os equipamentos. – Continua na mesma.
null ainda não dava sinais de vida.
– Mãe, eu não quero comemorar meu aniversário dentro de um teatro! – era o dia do meu aniversário. Eu fazia 16 anos, tava vestido todo de preto jogado no sofá esperando ela. Minha mãe teria uma apresentação hoje no teatro municipal.
- null, a gente vai pra apresentação, depois nós vamos comer alguma coisa fora. – ela disse vestindo o sobretudo nude e passando batom no espelho da sala.
- Mãe, o null vai descolar uma festa pra gente ir. – eu comecei a falar me sentando.
- O null vai com a gente! – ela disse sorrindo. O null entrou pela porta da sala vestindo smoking e estava sorridente.
- Tia Gui!!! – ele a beijou na bochecha enquanto ela sorria da minha incredulidade. – Melhor amigo Gui!! – ele se aproximou de mim e me deu um abraço. – Feliz birthday ou happy aniversário, como você preferir.
- O que.. tá fazendo? – eu perguntei pra ele com um nó no cérebro.
- Eu já falei: nós vamos assistir a peça, depois vamos comer algo fora, depooooois eu libero vocês pra festinha particular. – minha mãe disse pegando a chave de carro.
- Ai meu Deus mãe! A senhora deu quanto pra ele? – eu dizia saindo de casa com eles. – Eu to com vergonha.
A apresentação foi bonita, o null nem prestava atenção, só se fingia de culto no backstage pra dá em cima das outras bailarinas. Ele sumiu e minha mãe saiu do camarim já pronta para irmos embora.
- null, nada de chegar bêbado em casa, nada de drogas... – ela começou o sermão de mãe.
- ... sexo só com camisinha e seja legal com as garotas. – eu repeti os conselhos de sempre revirando os olhos. Minha mãe era de boa, falava mesmo sobre as garotas que eu pegava. – Me dá as chaves do carro, eu vou buscar.
- Não, eu vou buscar o carro e você vai buscar o null. – ela disse procurando as chaves dentro da bolsa. – Aposto que ele deve tá com algum mini vidro de tequila levando minhas bailarinas para o mal caminho...
- Não mãe, sério, deixa eu ir lá buscar o carro. – eu insisti.
- null, calma aí, você acabou de fazer 16 anos, não tem idade pra dirigir. – ela disse com aquele sorriso confortante.
- É uma e meia da manhã. – eu disse olhando no relógio. – Tecnicamente eu fiz 16 anos ontem...
- Não insista, vai lá procurar o null. – ela disse se virou e caminhou, eu a acompanhei com o olhar, ela parou repentinamente e se virou.
A apresentação foi bonita, o null nem prestava atenção, só se fingia de culto no backstage pra dá em cima das outras bailarinas. Ele sumiu e minha mãe saiu do camarim já pronta para irmos embora.
- null, nada de chegar bêbado em casa, nada de drogas... – ela começou o sermão de mãe.
- ... sexo só com camisinha e seja legal com as garotas. – eu repeti os conselhos de sempre revirando os olhos. Minha mãe era de boa, falava mesmo sobre as garotas que eu pegava. – Me dá as chaves do carro, eu vou buscar.
- Não, eu vou buscar o carro e você vai buscar o null. – ela disse procurando as chaves dentro da bolsa. – Aposto que ele deve tá com algum mini vidro de tequila levando minhas bailarinas para o mal caminho...
- Não mãe, sério, deixa eu ir lá buscar o carro. – eu insisti.
- null, calma aí, você acabou de fazer 16 anos, não tem idade pra dirigir. – ela disse com aquele sorriso confortante.
- É uma e meia da manhã. – eu disse olhando no relógio. – Tecnicamente eu fiz 16 anos ontem...
- Não insista, vai lá procurar o null. – ela disse se virou e caminhou, eu a acompanhei com o olhar, ela parou repentinamente e se virou.
- O que foi? – eu perguntei assim que ela se aproximou.
- Você é o melhor filho do mundo. – ela disse me abraçando. – Eu te amo muito. – me soltou e pôs a mão no meu rosto, ela estava quase chorando, seus olhos azuis, idênticos aos meus se encheram de lágrimas. – Feliz aniversário. – ela disse e me entregou um saquinho de veludo preto com um laço vermelho e saiu. Eu abri o saquinho e o virei, era o meu presente: um pingente com o símbolo da paz, de ouro. Eu sorri e coloquei o pingente no bolso, decidi que o colocaria no cordão que eu havia ganho do null quando tínhamos 12 anos.
Minutos mais tarde, eu e o null saímos do teatro procurando minha mãe. Estava garoando muito e fazia muito frio. Dava pra ver o carro dela estacionado do outro lado da rua, descemos um pouco a escadaria e vimos um homem a segurando pelo braço, ela brigava com ele, começamos a descer a escadaria rapidamente, até que ela se soltou e atravessou a rua rapidamente... Uma pick-up vermelha bateu em cheio ela, o motorista desceu rapidamente.
- MÃE! – eu gritei e corremos até ela.
- Tia Guinevere. – o null dizia ajoelhado perto dela. Eu a sacudia implorando pra que ela acordasse. Meus olhos marejados de água anunciando meu total desespero foram de encontro ao do homem que havia discutido com ela, ele saiu correndo sumindo na multidão que se reunia em torno do corpo falecido da minha mãe... Foi o pior dia da minha vida.
O cenho de null ficou franzido e a musculatura em torno dos olhos se mexiam... Aquela sensação parecia querer voltar a tona.
“- Você é meu melhor amigo pra sempre e sempre. – o null era um moleque magrelo branquinho dos olhos pequenos e o cabelo com franjinha, tipo Justin, risos eternos. Mas era o melhor amigo que alguém podia ter, sem esse lance de que nessa idade a gente não sabe de nada... Ele ficou na minha frente com uma vassoura quando um Pitt bull ficou latindo pra mim, a gente tinha 10 anos e eu me joguei em um rio cheio de piranhas por que ele tava se afogando, a gente foi mordido pra caralho e essa experiência traumática foi quando nós tínhamos 12, mas são nessas experiências que nós conhecemos os verdadeiros amigos e os melhores amigos.
- Vai querer me beijar agora? – eu zuei ele quando estávamos sentados na beira daquele mesmo rio jogado pedra no rio dizendo que iríamos matar todas as piranhas com nossas balas nucleares, lê-se: pedrinhas de barro.
- Eu beijei a Alicinha ontem. – ele disse sorrindo. – Ela achou que eu tivesse morrido.
- Hahahaha! Alicinha é a sua namorada? – eu perguntei.
- Não, eu só quero curtir com as gatinhas do bonde do tigrão. – ele disse com cara de playson e se levantou. – Eu e meu melhor amigo chegando no baile.
- Quer dançar, quer dançar o tigrão vai te ensinar! – eu comecei a cantar e nós começamos a dançar.
- Você é o melhor filho do mundo. – ela disse me abraçando. – Eu te amo muito. – me soltou e pôs a mão no meu rosto, ela estava quase chorando, seus olhos azuis, idênticos aos meus se encheram de lágrimas. – Feliz aniversário. – ela disse e me entregou um saquinho de veludo preto com um laço vermelho e saiu. Eu abri o saquinho e o virei, era o meu presente: um pingente com o símbolo da paz, de ouro. Eu sorri e coloquei o pingente no bolso, decidi que o colocaria no cordão que eu havia ganho do null quando tínhamos 12 anos.
Minutos mais tarde, eu e o null saímos do teatro procurando minha mãe. Estava garoando muito e fazia muito frio. Dava pra ver o carro dela estacionado do outro lado da rua, descemos um pouco a escadaria e vimos um homem a segurando pelo braço, ela brigava com ele, começamos a descer a escadaria rapidamente, até que ela se soltou e atravessou a rua rapidamente... Uma pick-up vermelha bateu em cheio ela, o motorista desceu rapidamente.
- MÃE! – eu gritei e corremos até ela.
- Tia Guinevere. – o null dizia ajoelhado perto dela. Eu a sacudia implorando pra que ela acordasse. Meus olhos marejados de água anunciando meu total desespero foram de encontro ao do homem que havia discutido com ela, ele saiu correndo sumindo na multidão que se reunia em torno do corpo falecido da minha mãe... Foi o pior dia da minha vida.
O cenho de null ficou franzido e a musculatura em torno dos olhos se mexiam... Aquela sensação parecia querer voltar a tona.
“- Você é meu melhor amigo pra sempre e sempre. – o null era um moleque magrelo branquinho dos olhos pequenos e o cabelo com franjinha, tipo Justin, risos eternos. Mas era o melhor amigo que alguém podia ter, sem esse lance de que nessa idade a gente não sabe de nada... Ele ficou na minha frente com uma vassoura quando um Pitt bull ficou latindo pra mim, a gente tinha 10 anos e eu me joguei em um rio cheio de piranhas por que ele tava se afogando, a gente foi mordido pra caralho e essa experiência traumática foi quando nós tínhamos 12, mas são nessas experiências que nós conhecemos os verdadeiros amigos e os melhores amigos.
- Vai querer me beijar agora? – eu zuei ele quando estávamos sentados na beira daquele mesmo rio jogado pedra no rio dizendo que iríamos matar todas as piranhas com nossas balas nucleares, lê-se: pedrinhas de barro.
- Eu beijei a Alicinha ontem. – ele disse sorrindo. – Ela achou que eu tivesse morrido.
- Hahahaha! Alicinha é a sua namorada? – eu perguntei.
- Não, eu só quero curtir com as gatinhas do bonde do tigrão. – ele disse com cara de playson e se levantou. – Eu e meu melhor amigo chegando no baile.
- Quer dançar, quer dançar o tigrão vai te ensinar! – eu comecei a cantar e nós começamos a dançar.
Depois de uns minutos nos sentamos novamente.
- Obrigada por ter salvo minha vida, eu vou ser seu melhor amigo pra sempre e vou salvar sua vida sempre. Vou ser seu anjo da guarda, nada de mal vai acontecer contigo quando eu tiver por perto.. – ele disse.
- Pelo menos nada mortal. – eu disse rindo. – Promete?
- Prometo. E pra selar a minha promessa, toma aqui. – ele disse abrindo a mão que tinha uma corrente de prata com um pingente do símbolo da paz. – Eu também tenho. – ele mostrou a dele. – Ninguém vai mexer com a gente quando verem esses pingentes.
- Por que nós somos da paz? – eu disse me referindo ao significado do pingente.
- Não, por que somos manos do gueto, somos barra pesada, lutamos com piranhas, nós somos indestrutíveis! – ele disse rindo.
É, a gente apanhou pra caralho. Fomos presos umas três vezes, ficamos uma ou duas semanas internados com fraturas no hospital, o null quase teve uma overdose, pra nunca mais graças a Deus e eu já fui sequestrado por uns moleques que não iam com nossa cara. Tudo de ruim acontecia com a gente e a gente só conseguia rir, por que no luxo ou na merda, a gente tava junto, isso era amizade. Minha melhor amizade com o null foi o segundo significado que encontrei pra palavra amor. Eu amo aquele filho da puta, ele é meu irmão, meu melhor amigo, meu anjo da guarda mais atrapalhado e azarento, mas a gente se fode junto e ainda zoa de tudo.”
“ Amor na minha cartilha deveria ter quatro significados...
- My heart beats for Love... – senti uma mão espalmada no meu peito e algo quente correndo pelas minhas veias, o chão se mexia de um lado pro outro como se eu estivesse em um barco. ”
Os olhos de null se mexiam mesmo fechados e o equipamento que media o funcionamento do coração começou a funcionar em ritmo avançado, dois dedos da mão direita começaram a se mover.
“- My heart beats for you... – eu disse e a minha própria voz em minha mente estava longe... muito longe.
Meu coração bate por você... Por você? Você quem?”
- O sinal do quarto do null null está ascendendo. – uma enfermeira falou saindo detrás do balcão.
- Ele acordou! – outra enfermeira exclamou e as duas saíram apressadas pelo corredor.
null estava com a mão no interruptor que chamava a enfermeira, seus olhos azuis estavam abertos, mas vagos e confusos, uma faixa continuava em volta da sua cabeça.
- Parece que todas as minhas ressacas em 17 anos se juntaram agora. – ele disse fechando os olhos. As enfermeiras sorridentes começaram a fazer o procedimento enquanto chamavam o médico responsável. – Onde tá o null? Ele tá bem?
- Tá sim, senhor null, ele já tá em casa. – a enfermeira disse ajeitando o travesseiro.
- Eu quero sair desse quarto. – null disse fechando os olhos.
- Seu pedido é uma ordem. – outra enfermeira disse. – Vamos avisar ao seu pai que você está bem.
Narrando
Hoje eu acordei com uma boa sensação, uma coisa boa dentro do peito me dizendo que o dia seria bom. Meu celular tocou e eu estiquei o braço pra pegá-lo em cima da cabeceira.
- Oi null, bom dia. - eu disse me espreguiçando.
- ÓÓÓÓTIMO DIA ! O null acordou! Ele acordou !
- O QUÊ? - meu coração parecia querer pular pra fora do peito, era felicidade demais! - Ele acordou?!
- Acordou, está vivo, lindo e loiro com aqueles olhos azuis abertos de volta pro mundo!
Mal podia acreditar no que acabara de ouvir da null: o null, o meu null tinha acordado!!!
Pulei da cama de felicidade e corri pro closet a fim de procurar uma roupa pra ir imediatamente vê-lo.
- ! – minha mãe entrou sem cerimônia no meu quarto. – Que barulho foi esse? Achei que o teto tivesse caído.
- Mãe! O null null acordou! – eu disse eufórica e segurei em suas mãos tentando fazê-la se animar, ela continuou estática e fria. Me recompus.
- O filho deliquente do Richard null? – ela disse com o nariz empinado, me segurei para não defender o null.
- Eu vou visitá-lo. – eu disse me virando e procurando uma roupa no closet.
- Não senhora, você vai pra escola, deixa as visitas sociais pra mais tarde ou pra amanhã. – ela disse autoritariamente. – Provavelmente é um momento pra família, você não tem nada o que fazer lá.
- Mas mãe... – tentei resistir.
- , você tem 15 minutos pra está lá embaixo vestida com o uniforme do San Sebastian e 20 minutos para está no carro do seu motorista. – ela disse e saiu.
Mesmo não podendo está lá com ele imediatamente, a simples noticia de sua melhora me deixava feliz.
Passei pelo corredor da escola com um sorriso largo e feliz, a aula passou como um velhinho de 101 anos andando na calçada, mega devagar. Estava muito ansiosa. No intervalo, a null foi no banheiro cuidar de “coisas de mulher” e eu fui indo pra lanchonete agilizar o nosso lanche.
- Dois pães de queijo e dois achocolatados, por favor. – eu pedi na lanchonete.
- ... – uma voz conhecida me chamou e eu virei meio tenebrosa.
- O que você quer? – respondi o Jorgito de forma fria e seca.
- Eu soube que o null acordou. – ele disse com as mãos no bolso meio acuado. – Eu fiquei feliz por isso.
- Ah Jorgito, me poupa, ok? – eu disse e sai e ele me seguiu.
- Sério , to deixando toda a rivalidade de lado pra mostrar que eu não quero o mal dele, vê se entende: eu não sou um monstro. – ele disse e eu parei repentinamente e o encarei.
- Eu não acredito em você. – eu disse.
- Não precisa acreditar, mas eu precisava falar que eu to arrependido por tudo o que eu fiz pra você e pra ele. – ele disse abaixando a cabeça. Tinha que ficar por ali enquanto o meu pedido não saia, cruzei os braços o encarando. – Sério , eu não te peço mais nada, eu só peço que acredite no meu arrependimento. – ele disse com a voz embargada, quase chorando, eu me assustei.
- Ei Jorgito, para. – eu nunca o tinha visto assim.
- Eu só... – ele tava quase chorando, eu olhei pros lados e o puxei para um canto mais reservado, nos sentamos em um banco. – Eu só queria que você soubesse que eu to arrependido. Eu sou fruto de pais ausentes, de uma sociedade hipócrita e de um pai autoritário, eu não queria ser assim por isso eu peço desculpas pelos estragos que eu causei, por favor, me desculpa.
- Ok, ok Jorgito, para de chorar, por favor. – eu disse agoniada.
- Me perdoa? – ele pediu.
- Ok, perdôo. – disse por fim.
- Obrigada , você não sabe o quanto o seu perdão me deixa com o coração leve. – ele disse limpando as lágrimas, eu ainda olhava estranhando pra ele.
- Nunca te vi desse jeito... – eu disse o olhando de cima abaixo.
- Eu realmente torço pra que o null fique cem por cento recuperado. – ele disse sorrindo e limpando o rosto.
- Ele vai se recuperar, ele é forte. – eu disse.
- Tenho que ir , preciso pedir uma ajuda em química pra um amigo. – ele disse e saiu.
O observei se afastando e quando me dei conta.
- Jorgito! – o chamei, mas ele estava longe o suficiente para não me ouvir.
Ele havia esquecido o celular. Peguei o aparelho e me perguntei como alguém é tão descuidado a ponto de deixar o celular perdido por aí? No meu caso, eu tenho um mini infarto se meu celular não estiver há menos de um metro de distância de mim. Começou a tocar anunciando uma nova mensagem e como o celular dele é touch scream, eu mal toquei na tela e a mensagem já foi abrindo.
“ Eu fiz a maior besteira da minha vida e quase que eu me ferro eternamente por culpa sua! Tem que no mínimo me por no grupo como prometeu. Aguardo resposta, Guto. ”
Guto? Guto? O nerd que é fera em química? Ele parece preocupado, deve ter sido algo em relação a cola.
- Naran! – eu o chamei assim que o vi passando perto todo desconfiado.
- O que foi? – ele perguntou assustado depois com aquele tom arrogante de sempre.
- Quando encontrar com o Jorgito, entrega isso pra ele. – entreguei o celular pra ele.
- Ta.. ta bom. – ele respondeu gaguejando e saiu rapidamente.
- Eu hein. – disse estranhando.
- Nosso lanche já está pronto? – a null perguntou chegando.
- Acho que tá sim. – eu disse passando meu braço pelo dela. – Você não vai acreditar no que acabou de acontecer!
Nós fomos pra lanchonete e eu contei tudo pra ela... Logo logo a aula terminaria e sairia correndo pro hospital pra vê o null.
O motorista parou bem em frente o hospital, desci e nem dei tchau de tão eufórica que eu estava. A null foi pra casa, ela disse que esse seria um momento só meu e do null. Fui andando nos corredores do hospital sorrindo pro vento, assim que entrei no corredor do quarto onde o null estava, eu parei repentinamente e peguei um espelho dentro da bolsa, verifiquei se meu cabelo estava bonito, joguei um beijinho pro meu reflexo e segui até o quarto dele.
Verifiquei pela janelinha e ele estava dormindo. Entrei e me aproximei devagar da cama dele. Ele tava com uma faixa em volta da cabeça, mas estava lindo como nunca.
- Meu amor, eu nem acredito que você tá bem. – sussurrei e me aproximei mais ainda da cama dele. A respiração estava calma e as enfermeiras já tinham me assegurado de que ele estava bem, em alguns minutos o seu Richard já estaria chegando e era bom eu ser breve. – Como eu queria que você tivesse acordado pra eu poder ter dá um beijo de boas vindas. Seja bem vindo de volta a vida meu amor! – eu disse sorrindo e passei a mão de leve pelo rosto dele.
A musculatura do rosto dele se contraiu e meu coração quase explodiu de felicidade por ter certeza de que ele estava bem, mas calma, eu não podia acordá-lo, ele ainda está se recuperando.
Sorri e depositei um beijo na bochecha dele e disse perto do ouvido dele.
- Quando você sair daqui, um mundo inteiro espera por você, uma vida inteira pela frente espera pela gente, muita felicidade e muito amor. Eu te amo null... – cochichei. – Eu tenho que ir agora. – eu disse me virando e pegando minha bolsa. – Não se esqueça... ‘My heart beats..” - comecei a falar e parei, eu tinha que sair dali rapidamente.
Me virei e caminhei até a porta, girei a maçaneta.
- ‘My heart beats for love’? – a voz dele estava rouca, eu sorri e me virei. Continuava sem palavras, ele acordou e seus olhos azuis estavam... vagos. Me aproximei da cama.
- Oi.. – disse sorridente timidamente.
- O que isso significa? – ele perguntou. Estranhei.
- Como assim o que significa? Meu coração bate por amor, não se lembra querido? – eu perguntei me aproximando.
- Me lembrar de quê? Não lembro de ter esquecido de nada. – ele disse rindo. – Só... de uma coisa.
- O quê? – perguntei preocupada, eu tive um milésimo de mal pressentimento.
- Por que essa frase tá girando na minha cabeça e tá tão vaga desde a hora que eu acordei? – ele perguntou franzindo o cenho. – E a propósito, quem é você?
“ Quem é você? .... Quem é você? .... Quem é você? ”
- Obrigada por ter salvo minha vida, eu vou ser seu melhor amigo pra sempre e vou salvar sua vida sempre. Vou ser seu anjo da guarda, nada de mal vai acontecer contigo quando eu tiver por perto.. – ele disse.
- Pelo menos nada mortal. – eu disse rindo. – Promete?
- Prometo. E pra selar a minha promessa, toma aqui. – ele disse abrindo a mão que tinha uma corrente de prata com um pingente do símbolo da paz. – Eu também tenho. – ele mostrou a dele. – Ninguém vai mexer com a gente quando verem esses pingentes.
- Por que nós somos da paz? – eu disse me referindo ao significado do pingente.
- Não, por que somos manos do gueto, somos barra pesada, lutamos com piranhas, nós somos indestrutíveis! – ele disse rindo.
É, a gente apanhou pra caralho. Fomos presos umas três vezes, ficamos uma ou duas semanas internados com fraturas no hospital, o null quase teve uma overdose, pra nunca mais graças a Deus e eu já fui sequestrado por uns moleques que não iam com nossa cara. Tudo de ruim acontecia com a gente e a gente só conseguia rir, por que no luxo ou na merda, a gente tava junto, isso era amizade. Minha melhor amizade com o null foi o segundo significado que encontrei pra palavra amor. Eu amo aquele filho da puta, ele é meu irmão, meu melhor amigo, meu anjo da guarda mais atrapalhado e azarento, mas a gente se fode junto e ainda zoa de tudo.”
“ Amor na minha cartilha deveria ter quatro significados...
- My heart beats for Love... – senti uma mão espalmada no meu peito e algo quente correndo pelas minhas veias, o chão se mexia de um lado pro outro como se eu estivesse em um barco. ”
Os olhos de null se mexiam mesmo fechados e o equipamento que media o funcionamento do coração começou a funcionar em ritmo avançado, dois dedos da mão direita começaram a se mover.
“- My heart beats for you... – eu disse e a minha própria voz em minha mente estava longe... muito longe.
Meu coração bate por você... Por você? Você quem?”
- O sinal do quarto do null null está ascendendo. – uma enfermeira falou saindo detrás do balcão.
- Ele acordou! – outra enfermeira exclamou e as duas saíram apressadas pelo corredor.
null estava com a mão no interruptor que chamava a enfermeira, seus olhos azuis estavam abertos, mas vagos e confusos, uma faixa continuava em volta da sua cabeça.
- Parece que todas as minhas ressacas em 17 anos se juntaram agora. – ele disse fechando os olhos. As enfermeiras sorridentes começaram a fazer o procedimento enquanto chamavam o médico responsável. – Onde tá o null? Ele tá bem?
- Tá sim, senhor null, ele já tá em casa. – a enfermeira disse ajeitando o travesseiro.
- Eu quero sair desse quarto. – null disse fechando os olhos.
- Seu pedido é uma ordem. – outra enfermeira disse. – Vamos avisar ao seu pai que você está bem.
Narrando
Hoje eu acordei com uma boa sensação, uma coisa boa dentro do peito me dizendo que o dia seria bom. Meu celular tocou e eu estiquei o braço pra pegá-lo em cima da cabeceira.
- Oi null, bom dia. - eu disse me espreguiçando.
- ÓÓÓÓTIMO DIA ! O null acordou! Ele acordou !
- O QUÊ? - meu coração parecia querer pular pra fora do peito, era felicidade demais! - Ele acordou?!
- Acordou, está vivo, lindo e loiro com aqueles olhos azuis abertos de volta pro mundo!
Mal podia acreditar no que acabara de ouvir da null: o null, o meu null tinha acordado!!!
Pulei da cama de felicidade e corri pro closet a fim de procurar uma roupa pra ir imediatamente vê-lo.
- ! – minha mãe entrou sem cerimônia no meu quarto. – Que barulho foi esse? Achei que o teto tivesse caído.
- Mãe! O null null acordou! – eu disse eufórica e segurei em suas mãos tentando fazê-la se animar, ela continuou estática e fria. Me recompus.
- O filho deliquente do Richard null? – ela disse com o nariz empinado, me segurei para não defender o null.
- Eu vou visitá-lo. – eu disse me virando e procurando uma roupa no closet.
- Não senhora, você vai pra escola, deixa as visitas sociais pra mais tarde ou pra amanhã. – ela disse autoritariamente. – Provavelmente é um momento pra família, você não tem nada o que fazer lá.
- Mas mãe... – tentei resistir.
- , você tem 15 minutos pra está lá embaixo vestida com o uniforme do San Sebastian e 20 minutos para está no carro do seu motorista. – ela disse e saiu.
Mesmo não podendo está lá com ele imediatamente, a simples noticia de sua melhora me deixava feliz.
Passei pelo corredor da escola com um sorriso largo e feliz, a aula passou como um velhinho de 101 anos andando na calçada, mega devagar. Estava muito ansiosa. No intervalo, a null foi no banheiro cuidar de “coisas de mulher” e eu fui indo pra lanchonete agilizar o nosso lanche.
- Dois pães de queijo e dois achocolatados, por favor. – eu pedi na lanchonete.
- ... – uma voz conhecida me chamou e eu virei meio tenebrosa.
- O que você quer? – respondi o Jorgito de forma fria e seca.
- Eu soube que o null acordou. – ele disse com as mãos no bolso meio acuado. – Eu fiquei feliz por isso.
- Ah Jorgito, me poupa, ok? – eu disse e sai e ele me seguiu.
- Sério , to deixando toda a rivalidade de lado pra mostrar que eu não quero o mal dele, vê se entende: eu não sou um monstro. – ele disse e eu parei repentinamente e o encarei.
- Eu não acredito em você. – eu disse.
- Não precisa acreditar, mas eu precisava falar que eu to arrependido por tudo o que eu fiz pra você e pra ele. – ele disse abaixando a cabeça. Tinha que ficar por ali enquanto o meu pedido não saia, cruzei os braços o encarando. – Sério , eu não te peço mais nada, eu só peço que acredite no meu arrependimento. – ele disse com a voz embargada, quase chorando, eu me assustei.
- Ei Jorgito, para. – eu nunca o tinha visto assim.
- Eu só... – ele tava quase chorando, eu olhei pros lados e o puxei para um canto mais reservado, nos sentamos em um banco. – Eu só queria que você soubesse que eu to arrependido. Eu sou fruto de pais ausentes, de uma sociedade hipócrita e de um pai autoritário, eu não queria ser assim por isso eu peço desculpas pelos estragos que eu causei, por favor, me desculpa.
- Ok, ok Jorgito, para de chorar, por favor. – eu disse agoniada.
- Me perdoa? – ele pediu.
- Ok, perdôo. – disse por fim.
- Obrigada , você não sabe o quanto o seu perdão me deixa com o coração leve. – ele disse limpando as lágrimas, eu ainda olhava estranhando pra ele.
- Nunca te vi desse jeito... – eu disse o olhando de cima abaixo.
- Eu realmente torço pra que o null fique cem por cento recuperado. – ele disse sorrindo e limpando o rosto.
- Ele vai se recuperar, ele é forte. – eu disse.
- Tenho que ir , preciso pedir uma ajuda em química pra um amigo. – ele disse e saiu.
O observei se afastando e quando me dei conta.
- Jorgito! – o chamei, mas ele estava longe o suficiente para não me ouvir.
Ele havia esquecido o celular. Peguei o aparelho e me perguntei como alguém é tão descuidado a ponto de deixar o celular perdido por aí? No meu caso, eu tenho um mini infarto se meu celular não estiver há menos de um metro de distância de mim. Começou a tocar anunciando uma nova mensagem e como o celular dele é touch scream, eu mal toquei na tela e a mensagem já foi abrindo.
“ Eu fiz a maior besteira da minha vida e quase que eu me ferro eternamente por culpa sua! Tem que no mínimo me por no grupo como prometeu. Aguardo resposta, Guto. ”
Guto? Guto? O nerd que é fera em química? Ele parece preocupado, deve ter sido algo em relação a cola.
- Naran! – eu o chamei assim que o vi passando perto todo desconfiado.
- O que foi? – ele perguntou assustado depois com aquele tom arrogante de sempre.
- Quando encontrar com o Jorgito, entrega isso pra ele. – entreguei o celular pra ele.
- Ta.. ta bom. – ele respondeu gaguejando e saiu rapidamente.
- Eu hein. – disse estranhando.
- Nosso lanche já está pronto? – a null perguntou chegando.
- Acho que tá sim. – eu disse passando meu braço pelo dela. – Você não vai acreditar no que acabou de acontecer!
Nós fomos pra lanchonete e eu contei tudo pra ela... Logo logo a aula terminaria e sairia correndo pro hospital pra vê o null.
O motorista parou bem em frente o hospital, desci e nem dei tchau de tão eufórica que eu estava. A null foi pra casa, ela disse que esse seria um momento só meu e do null. Fui andando nos corredores do hospital sorrindo pro vento, assim que entrei no corredor do quarto onde o null estava, eu parei repentinamente e peguei um espelho dentro da bolsa, verifiquei se meu cabelo estava bonito, joguei um beijinho pro meu reflexo e segui até o quarto dele.
Verifiquei pela janelinha e ele estava dormindo. Entrei e me aproximei devagar da cama dele. Ele tava com uma faixa em volta da cabeça, mas estava lindo como nunca.
- Meu amor, eu nem acredito que você tá bem. – sussurrei e me aproximei mais ainda da cama dele. A respiração estava calma e as enfermeiras já tinham me assegurado de que ele estava bem, em alguns minutos o seu Richard já estaria chegando e era bom eu ser breve. – Como eu queria que você tivesse acordado pra eu poder ter dá um beijo de boas vindas. Seja bem vindo de volta a vida meu amor! – eu disse sorrindo e passei a mão de leve pelo rosto dele.
A musculatura do rosto dele se contraiu e meu coração quase explodiu de felicidade por ter certeza de que ele estava bem, mas calma, eu não podia acordá-lo, ele ainda está se recuperando.
Sorri e depositei um beijo na bochecha dele e disse perto do ouvido dele.
- Quando você sair daqui, um mundo inteiro espera por você, uma vida inteira pela frente espera pela gente, muita felicidade e muito amor. Eu te amo null... – cochichei. – Eu tenho que ir agora. – eu disse me virando e pegando minha bolsa. – Não se esqueça... ‘My heart beats..” - comecei a falar e parei, eu tinha que sair dali rapidamente.
Me virei e caminhei até a porta, girei a maçaneta.
- ‘My heart beats for love’? – a voz dele estava rouca, eu sorri e me virei. Continuava sem palavras, ele acordou e seus olhos azuis estavam... vagos. Me aproximei da cama.
- Oi.. – disse sorridente timidamente.
- O que isso significa? – ele perguntou. Estranhei.
- Como assim o que significa? Meu coração bate por amor, não se lembra querido? – eu perguntei me aproximando.
- Me lembrar de quê? Não lembro de ter esquecido de nada. – ele disse rindo. – Só... de uma coisa.
- O quê? – perguntei preocupada, eu tive um milésimo de mal pressentimento.
- Por que essa frase tá girando na minha cabeça e tá tão vaga desde a hora que eu acordei? – ele perguntou franzindo o cenho. – E a propósito, quem é você?
“ Quem é você? .... Quem é você? .... Quem é você? ”
CAPITULO 15
Narrador Onipresente
Quem é você?
Essa pergunta ficou girando na cabeça de por aqueles segundos enquanto null a encarava confuso. Chegou a deixar a garota tonta até que ela saiu em silêncio com o coração a sufocando. Caminhou automaticamente pelos corredores analisando aquilo: o amor de sua vida não lembrava da parte da vida dele onde ela entra!
entrou no banheiro e encarou o espelho.
- Ele... ele não pode ter esquecido de mim. – ela disse chorando e sentando no chão. entrou em estado de choque e começou a chorar.
- Aquela garota é doida. Eu to com medo de ter tido uma aparição! – null disse assim que null entrou com uma moleta.
- Que garota? – ele perguntou. –Como você tá seu filho da puta? Eu tava pra ir lá no inferno te pegar de volta!
Ele disse se aproximando da cama do amigo e sentando em uma cadeira alta.
- Eu to bem, só meio... confuso. – null respondeu. – Quanto tempo fique fora do ar?
- Duas a três semanas. – null respondeu.
- O QUÊ? – null perguntou e depois gemeu sentindo uma dor na cabeça. – Ai caralho, quanta coisa eu não perdi. Eu não posso perder três semanas da minha vida preso numa cama!
- Ei calma cara. – null disse tentando se levantar. – Tem que dá uma pausa pra se recuperar, depois você volta com toda força!
null riu.
- E que garota era essa que tu tava dizendo quando eu entrei? A Samara? – null perguntou rindo enquanto ajeitava a moleta no chão e procurava uma posição confortável pra sua perna machucada.
- Não sei quem é ela, ela é loira, o cabelo meio ondulado, tem os olhos azuis e tava com um uniforme de escola vermelho, patricinha pra caralho. – ele disse franzindo o cenho e null congelou.
- null. – ele o chamou. - Aquela é a... – . Ele diria se não tivesse sido interrompido.
- Senhor null? – o médico de null entrou no quarto e chamou null. – Podemos conversar no corredor por um minuto?
- O quê? – null perguntou. – Vão ficar de segredinho agora?
- Não senhor null, é algo referente a conta dele aqui. – o médico respondeu.
- Meu Deus e agora? – null perguntou assustado. – Como a gente veio parar aqui mesmo? Foi algum rolo com os Gaisos? Quem vai pagar a conta desse hospital? A julgar pela comida que é menos ruim do que os outros hospitais que a gente tá acostumado a frequentar, esse aqui é bem caro.
- null, o seu pai vai pagar tudo, fica tranquilo. – null respondeu sorrindo. null ficou estático. null olhou pro médico estranhando a reação de null. – Essa não.
- Meu pai?! – null retrucou.
(...)
- Não acredito que isso possa ter acontecido. – null disse com o olhar perdido.
- É, aconteceu. – o médico respondeu com as mãos dentro do bolso do jaleco. – O null perdeu parte das memórias mais recentes, ele provavelmente não se lembra dessa cidade, não se lembra do pai...
- Não se lembra da . – null disse associando as coisas.
- Exato. – o médico confirmou. – Mas acredite null, o importante é que ele voltou, ele está vivo e está se recuperando, recuperar a memória completa é uma questão de tempo, eu já vi casos como esse.- Quanto tempo mais ou menos? – null perguntou e o médico sentou-se ao seu lado.
- Não sei, isso só a natureza e Deus irá nos dizer. – ele disse. – Mas por enquanto, não force lembranças ao null, deixa ele ir descobrindo aos poucos, não encha a cabeça dele de informações que ele não lembrará agora.
- Entendi. – null processou a informação sem encarar o médico. – Ele pode ter um curto circuito, não é?
O médico sorriu da comparação.
- Isso. Mas confie em mim, isso é um quadro provisório. – o médico respondeu. – Tenho que ir, tenho uma cirurgia cardíaca pra acompanhar agora.
Narrador Onipresente
Enquanto isso, null, por um milagre divino, estava deitada com um livro de biologia estudando.
- Hum, sistema sexual masculino. – ela comentava. – Eu vou tirar 10 nessa prova, com certeza.Ela disse e sorriu.Na sala, Jason tateava a mesinha de bar enquanto tropeçava nos móveis. Era uma hora da manhã e ele havia chegado bêbado em casa. Procurava a garrafa de wisque e encheu um copo, não estava com equilíbrio pra pegar os cubos de gelo, mas mesmo assim o fez derrubando o baldinho de gelo no chão.
- PORRA! – ele gritou.
null ouvindo a movimentação resolveu checar o que era. Ficou no inicio da escada tentando observar o que acontecia na sala. Sabia que era Jason. Sua mãe e seu pai haviam viajado mais uma vez e deixado a casa a mercê dos funcionários e de Jason.
- Quem tá aí? – ele disse com voz de bêbado quase cambaleando com um copo na mão e olhando pra escada. Sua camisa amarela estava aberta até a metade e seus olhos estavam vermelhos de tanto álcool.
- Sou eu Jason. – ela disse respirando fundo seriamente. Desde o dia em que Jason a ameaçou na festa clandestina em que null a defendeu, null evita falar com Jason, todo seu encantamento por ele parecia ter sumido.- Você. – ele disse e sorriu. Sorveu um gole da bebida sem tirar os olhos dela. – Precisamos conversar.
- Conversamos amanhã quando você estiver sóbrio mesmo por que nada do que venha de você me interessa, to indo dormir. – ela disse e se virou.
- O meu pau te interessava e muito até um tempo atrás! – ele disse e soltou uma gargalhada. null ficou furiosa.
- JASON! – ela o repreendeu. – Os empregados podem ouvir!
- Foda-se os empregados! Eles são empregados, nada mais que um bando de serviçais sem olhos, bocas, ouvido e identidade. – ele disse e sorveu mais um pouco da bebida.-Que idiotice essa que você tá falando viu! – ela disse e se virou. Caminhou pelo corredor e foi para o seu quarto. null notava que estava sendo seguida até observar que Jason seguia atrás dela.- Jason, eu já disse amanhã a gente conversa. – ela disse e abriu a porta do seu quarto fechando imediatamente. Jason pôs o pé impedindo que ela o fizesse.- Não to mais afim de conversar, to afim de transar com você. – ele disse e empurrou a porta e a trancando imediatamente.- Jason, para de brincadeira. – ela disse se afastando.
- Acha que eu to com cara de brincadeira? – ele disse apontando por próprio rosto. – Eu tenho 25 anos null, e tu me fodeu ao me humilhar publicamente ao me trocar por um moleque!
- O null é mais homem que você! – ela retrucou com medo.
- Na cama eu garanto que não. – Jason disse com um olhar diabólico.
- Mas é na cama mesmo que ele te deixa no chinelo. – ela rebateu. Maldita impulsividade de null a fazia falar coisas quando devia ficar calada pra proteger o próprio pescoço.
- É o que a gente vai ver agora. – ele disse se aproximando.
- Sai daqui Jason, por que agora deu pra correr atrás de mim? Eu não era a criança, a pirralha? Não tem medo do conselho tutelar não? – ela disse se afastando mais ainda.
- E por que você tá fugindo de mim agora? – ele perguntou enquanto tirava a camisa. – Eu não era seu herói, seu homem? Você não era apaixonada por mim?
- Você era um filho da puta por quem eu tivesse uma rápida paixão. – ela respondeu. – Toda garota tem essa mancha no diário: um filho da puta que faz a gente se odiar.
- HAHAHA. – ele riu sarcasticamente. – Que eu saiba o null também é um filho da puta.
- Existe uma diferença entre vocês dois: ele não fode com minha vida. Ele é um filho da puta que vale a pena investir. – ela respondeu com um sorriso irônico e vitorioso.
- É, mas agora eu quero você deitada na minha cama! – Jason disse furioso e segurou no braço dela.
- ME SOLTA JASON! – ela ordenou e ele jogou ela na cama e foi logo beijando seu pescoço. – Meu solta!!!
- NÃO! – ele gritou a encarando e voltou a se esfregar nela. null olhou perto do sue livro de biologia uma caneta, a pegou e empunhou a caneta furando o ombro de Jason. – AI SUA VADIA!
Ele se soltou e ela pulou pro outro lado da cama e pegou um canivete cor-de-rosa dentro da gaveta da cabeceira.
- SAI. DO. MEU. QUARTO. AGOOOORA! – ela ordenou pausadamente.
- Você me paga por isso null null. – ele disse indo pro rumo da porta e observando null com o canivete.
- Você que me paga por essa audácia Jason, assim que minha mãe voltar, eu vou acabar com sua reputação nessa casa e vou por você pra fora. – ela disse entre os dentes.
- É? Faz isso e acaba com a SUA reputação de boa moça também! – ele ameaçou e saiu com a mão no ombro. De fato denunciar Jason era pedir pra alegar o caso que eles tinham, Jason com certeza não deixaria isso barato.Jason saiu, foi pro seu quarto batendo a porta. null trancou a porta e se sentou na cama analisando o que faria. Seu instinto vingativo não deixaria isso por menos, se tinha prometido a si mesma que acabaria com Jason, tinha que fazer isso mesmo. Já passava da três da manhã e null continuava rolando na cama sem sono, resolveu ir pegar água na cozinha sabendo que a essa hora Jason já estava no décimo quinto sono devido a bebida, passou perto do quarto dele e a porta estava entre aberta e ele estava dormindo esparramado na cama. Ela entrou e resolveu investigar o que tinha lá. O celular dele estava no chão, ela o pegou e observou sete novas mensagens, só leu a primeira:
“ Eu odeio quando tu dá pra trás nos rolos que eu arrumo pra você. tu sabe que a gente precisa do dinheiro! Para de ser viadinho e faz logo o teu serviço caralho!”
null ficou curiosa, realmente a chave da sua vingança seria descobrir o tal “emprego” misterioso de Jason.
1 mês depois...
Narrando
Tenho me mantido afastada durante todo esse tempo do hospital e de qualquer conversa que envolva o null. Ainda estou em estado de choque pela peça que o destino me pregou. Será que eu não mereço um pouco mais de felicidade ininterrupta? Já havia conversado com o null e ele explicou o que acontecera: o null perdeu parte das memórias recentes e mesmo que tudo o a gente tenha vivido tenha sido intenso demais, não foi o suficiente para que ele se lembrasse.
Não dava mais pra fugir. Hoje o null sai do hospital e vai pra casa, tenho tido informações de que ele se recupera muito bem. O seu Richard descobriu que o tal “acidente” foi na verdade uma sabotagem. Tá todo mundo doido pra pôr as mãos no pescoço do filho da p... do canalha que fez isso com os meninos, mas nada até agora foi descoberto. Tenho me aproximado do Jorgito, quer dizer, ele tem se aproximado docilmente de mim, tenho estranhado, mas dado uma nova chance pra essa nova versão dele, ele também parece preocupado em descobrir quem fez isso.
Essa hora o null já deve tá em casa e por mais que eu diga a mim mesma que vou continuar afastada, por orgulho ou vergonha de ter que começar da estaca zero com ele, lembra aquele período de timidez que nem olhar em seus olhos eu conseguia? Porra, tanta coisa que a gente viveu num tão curto espaço de tempo. Ele não podia esquecer disso pra sempre. Eu precisava encurralar ele, segurar seus ombros e dizer “ei, como pode esquecer de nós? Você provavelmente não sente mais seu coração batendo aí por que ele bate dentro de mim agora, lembra disso?!”. Eu tinha que sacudi-lo e fazê-lo lembrar, eu não suportava mais ter que fingir que éramos estranhos e que não enlouqueço toda vez que vou dormir e vejo seu pingente no meu pulso “Não esqueça que eu te amo apesar de tudo.” Apesar disso também? de ter esquecido de mim? Você ainda me ama null null?
Uma lágrima desceu do meu rosto e eu tratei de limpá-la rapidamente, o motorista estacionou na frente da mansão dos null e eu desci. Logo eu estava na grande sala de estar esperando a governanta.
- ! – null disse saindo da cozinha com um sanduiche na mão enquanto a outra mão sustentava a muleta.- null. Você está bem? – perguntei.
- Sim, eu to. Na próxima semana eu não vou mais precisar usar muleta e vou voltar pra escola, o null também. – ele respondeu e eu sorri. – Nunca mais tinha te visto. Faz tempo que você não visita o null.
- Não.. não estava em condições se é que você me entende. – eu disse abaixando a cabeça. – Mas hoje eu vim decidida a fazê-lo lembrar de mim, ele não pode deixar isso no escuro por muito tempo. – eu disse decidida.
- . – ele se aproximou. – Não é assim que as coisas funcionam, não é culpa dele. Você não pode simplesmente dedicar um dia a fazê-lo lembrar de tudo, ele pode ter... um curto circuito.
- Você fala isso por que ele lembra de você. – eu disse e depois pensei na besteira egoísta que eu tinha acabado de dizer. – Desculpe... – abaixei a cabeça.- Tudo bem, entenda, eu conheço o null desde sei lá, quando nós éramos bebês! Somos melhores amigos desde sempre, eu estive com ele nos piores momentos da vida dele, nos melhores, nos mais marcantes, é normal que ele lembre de mim, não acha? -ele disse.
- Claro, você tem razão, me desculpe. – eu disse. – Não sabe como é doloroso quando alguém que a gente ama simplesmente esquece completamente da gente.
- Eu entendo sua tristeza. Mas olha, ele tá se recuperando , ele já começa a lembrar do tio Richard. – ele disse tentando me tranquilizar. – E se isso te anima, ele ultimamente tem ouvido muito aquela música que ele cantou no dia da peça e assobia ela, cantarola e nem percebe.
- O quê? – eu perguntei sorrindo. – Você acha que ele tá começando a se lembrar?
- Acho que sim, não é só essa música. Ele tem cantado e tirado no violão uma música... – ele disse tentando se lembrar. – Da Laura Pauzzini, eu até disse que ele tava meio gay e ele disse que essa música tava perseguindo ele.
- Primavera antecipada?. – eu disse disfarçando o sorriso. A música que dançamos no dia do baile.
- Sim. O que significa? – ele perguntou.
- Dançamos essa música no baile da família Gonçales em Erbon. – eu disse timidamente.
- Claro! – ele disse estalando os dedos. – Ele tá começando a se lembrar do começo! É uma questão de tempo , mas por enquanto, não força nada.
- Ok. – eu disse mais animada.
- Ele tá na piscina, eu vou lá em cima pra dá um tempo pra vocês. – ele disse e saiu.
Eu fui até a piscina e ele tava sentando numa daquelas cadeiras brancas tomando sol, mas completamente vestido.
- Assim você nunca vai ficar bronzeado. – eu disse me aproximando. Ele olhou pra mim confuso.
- Ei. – ele disse e sentou na cadeira. – Você é a garota que tava no hospital no dia em que eu acordei.- Sim, era eu. – eu disse meio sem graça.
- E fugiu feito uma doida por que? – ele perguntou rindo.
- Eu... lembrei de uma coisa e tive que sair correndo, me desculpe. – eu disse me aproximando mais, meio tímida.
- Então... – ele me olhou confuso talvez notando minha ousadia sendo que ele... bem... tecnicamente ele nem me conhecia. – Quem é você?
- ). – eu respondi e o encarei na esperança que meu nome o fizesse lembrar alguma coisa. “Não force, não force, não force.” Não podia mesmo forçar lembranças, mas torcer pra que elas voltassem eu podia. Ele continuou me encarando já anunciando o que eu achava: meu nome não causou nenhum efeito nele. – Estudo na mesma escola que você, o San Sebastian, nós fazemos parte de um mesmo grupo de estudo. – eu dizia gesticulando na esperança de dissipar o nervosismo... em vão.
- Escola? – ele perguntou torcendo os lábios segurando o riso. – Por um momento eu achei...
- Achou... – repeti na esperança de ouvir um “por um momento eu achei que você era aquela , amor da minha vida.” Ai que droga , para de gerar expectativa! – Achou o quê?
- Achei que eu já tivesse te pegado. – ele disse depois riu como se aquilo fosse idiotice. – Mas com certeza não foi.
- Por que diz isso? – eu perguntei por impulsão.
- Por que? Ah meu Deus, eu te peguei mesmo? – ele perguntou com os olhos arregalados.
- Ãããn... – gaguejei. – Não... – tive que responder isso. – Aliás, eu não sou do tipo que se “pega”. Você pega objeto, pega gripe, pega vadias. – eu disse séria com uma mão na cintura.
- Por isso mesmo que eu estranhei, ow, novinha. – ele respondeu mostrando a palma das mãos. – Você não faz o meu tipo, o tipo que eu “pego”.Engoli em seco, meu coração apertou ao ouvi-lo dizer isso. Que versão seria essa do null?- Bom, de qualquer forma, eu não sou sua peguete, eu estudo na mesma escola que você e nossos pais meio que são conhecidos da alta sociedade. Só isso... eu... eu... – gaguejei e desviei o olhar dele que ainda me encarava com aquele ar de curiosidade, isso não mudou, aliás muita coisa não havia mudado como a mania de bagunçar o próprio cabelo, de ficar observando coisas simples do dia-a-dia, brisando sabe, ele fica lindo pensativo. – Eu desejo que você se recupere logo e volte pra escola. Tenho que ir. – me virei e comecei a caminhar me amaldiçoado por ter desistido do confronto dos olhos dele tão rápido. Eu sei, ele ainda está ali, inconscientemente implorando por respostas que eu posso dá, mas eu não tenho coragem de jogar toda a verdade nas mãos deles, ficaria estranho entre nós. Continuava torcendo pra que ele se lembrasse.
- ! – ele me chamou e eu me virei. – Você esqueceu uma coisa: eu não curto muito esse lance de estudar então eu não engoli muito esse lance de “grupo de estudo”. – ele disse fazendo as aspas com os dedos. Eu umedeci os lábios e voltei a caminhar em direção a saída.
Sai da mansão dos null e entrei no carro do motorista. Respirei fundo e estava com o olhar meio perdido até perceber que o motorista me encarava pelo espelho retrovisor.
- Senhorita ? – ele perguntou e eu me espantei.
- Sim. – disse.
- Deseja ir mesmo pra casa ou quer ir pra outro lugar? – ele perguntou. Pensei um pouco e olhei pra minha bolsa ao lado e vi que estava com o livro de matemática do Jorgito. Eu já tinha falado que esse mês a gente meio que se reaproximou, tenho dado uma nova chance pra nova versão dele que tem me deixado mais confortável enquanto a nova versão do null tem me deixado insegura.- Me deixa na residência dos Gonçales, por favor Armando. – eu pedi e me ajeitei no banco de trás.
- Claro senhorita. – ele disse e logo saímos e ele me deixou na casa do Jorgito.Já na sala, a governanta, uma mulher que mais parecia uma daquelas lutadoras de luta Greco-romana, veio falar comigo com a voz grossa.- Eu vim entregar um livro pro Jorgito, você pode... – eu disse pegando o livro dentro da minha bolsa até ser interrompida.
- Ele tá lá em cima. – ela disse curta e grossa com aquele sotaque alemão e autoritário dela e eu fiquei sem jeito. – Tenho coisas pra fazer. – ela disse isso e saiu.
Fiquei olhando em volta, a casa de Jorgito andava mais escura que a última que eu tinha vindo aqui. Dizem que o Jorgito vive aqui praticamente sozinho já que seus pais estão em fase de mudança pra Suíça e os boatos que correm é que não pensam em levar Jorgito junto, tudo indica que ele vá morar com o Jorge, irmão dele, em Erbon. Bom, a vida do Jorgito é meio obscura e a família tão ausente quanto a minha.
Subi as escadas e caminhei no corredor tentando lembrar em qual daquelas dezenas de portas era o quarto do Jorgito. O corredor estava meio escuro e uma porta entre aberta oferecia um rastro de luz no corredor. Escutei cochichos e resolvi seguir por ali.
-Tem ideia do quão perigoso foi aquilo? Poderia ter sido pior Jorgito!– escutei alguém falando com a voz trêmula, parecia preocupado.
-É, mas não foi pior. O null só perdeu a memória por um tempo, isso foi o de mais grave e já que ele se lembra do quanto ele fodeu com minha vida ao pôr os pés em Riviella, em Riviella só não, ao mundo!– Jorgito disse e eu me encostei na parede bruscamente me aproveitando da escuridão pra me esconde e digerir o que tinha acabado de ouvir.Jorgito teve alguma coisa haver com o acidente dos meninos!
Peguei meu celular e coloquei no modo vídeo bem próximo a fresta da porta.
- Eu nunca, nunca faria uma maldade daquelas! – Guto disse nervoso. – Tudo isso foi culpa sua e dos Narcisos, vocês que mandaram eu fazer aquilo, vocês que mandaram eu sabotar o carro do null null me prometendo um lugar no grupo, mas só o que fazem é me ignorar na escola!
- Shiw cara, relaxa! – Jorgito disse tentando acalmá-lo de uma forma sarcástica como se estivesse realmente se importando com a aflição do Guto, o Jorgito não se importa com nada nem ninguém além dele! – É um lugar no grupo que você quer? Pois pronto, você tem um lugar no grupo. Parabéns, agora você é um Narciso! Não que você se pareça com alguém quem ama e admira o próprio corpo, na boa cara, você precisa entrar na academia.
- Vai se foder Jorgito Gonçales! – Guto respondeu e eu balbuciei um “urra” pela coragem dele. Jorgito o encarou irritado com a ousadia. – Eu não quero entrar no seu grupo, você e seus amigos são um bando de mini criminosos manipuladores, eu sou tão vitima quanto o null e eu quero distância de vocês.
- Pois bem, mantenha distância, você e esse cheiro repugnante de ovo frito com bacon e mortadela! – Jorgito disse e soltou uma gargalhada. – Não queremos mesmo sua presença por perto, no entanto você sabe que se aprontar algo pra cima da gente, se abrir essa sua boca pra falar alguma coisa, você se ferra mais do que a gente, por que na boa, de que família você vem mesmo? Guto da Silva, certo? Quanto você tem no banco mesmo? - ele perguntou sarcasticamente e riu.- Não tenho um sobrenome de peso, nem muito dinheiro no banco, mas tenho consciência e caráter. Meu momento de ilusão passou. – ele disse apontando pra própria cabeça e em seguida ajeitando os óculos. Eu filmava tudo.- Blá blá blá wathever Guto. Seu momento de filosofia passou também? Tenho mais o que fazer. – ele disse pegando o celular e checando alguma coisa. – Mas sabe, você é um cagão mesmo, foi eu mesmo, o JJ, o Félix, o Naran e o Gabriel que planejamos isso, que planejamos a sabotagem do carro do filho da puta do null e só mandamos você fazer tudo e você fez tudo certinho! O null mal deve lembrar como ganhar no Super Mario! – ele disse e gargalhou, tive vontade de ir lá e esmurrá-lo, mas não... eu estava oficialmente com medo do Jorgito, olha só do que ele foi capaz! – Agora vai embora daqui e limite essa sua boca a por comida pra dentro. Vai, xispa. – ele disse gesticulando com a mão mandando o Guto ir embora. O Guto saiu pela porta com raiva e deu tempo de eu me esconder. Entrei em qualquer daqueles quartos até ver o Jorgito saindo no carro dele. Sai logo em seguida
Narrador Onipresente
Era segunda-feira, o dia estava bonito e fazia calor em Riviella. null estava agitado pra voltar pra escola ao mesmo tempo um pouco inseguro em relação a null, como explicar pra ele sobre aquela parte da história dele sem prejudicar seu tempo de recuperação?- Cara, eu não consigo acreditar que consegui estudar nessa escola por cinco meses inteiro! – null dizia incrédulo analisando a rígida escola. Os dois caminhavam em direção a entrada da escola sob os olhares curiosos dos outros alunos. Jorgito com seu grupo, estavam sentados em uma mureta de pedra perto de arbustos, eles observavam em silêncio null e null voltarem para escola depois do terrível acidente. – Não faz o nosso estilo!
- É ‘dude’. A gente teve que se readaptar depois dos acontecimentos em Erbon. – null explicava com as mãos nos bolsos da calça.- ISSO MANO! – ele disse parando repentinamente e se posicionando euforicamente na frente de null. – Aconteceu algum rolo entre a gente e os Gaisos! O que houve? O que a gente fez?
null parou e pensou... Como falar pra ele o que tinha acontecido.
“Olha null, você se ferrou com o Jackson no exato momento que se apaixonou por uma loira namorada daquele mauricinho ali, o Jorgito Gonçales, cuja família ia receber uma lição daquelas bem na noite que você resolveu dá uma de herói. E eu? Bem, eu comi a puta do Jackson, foi por isso que a gente fugiu sob tiroteio dos Gaisos e fogos de artifícios do seus vizinhos em comemoração.” – null pensava olhando pro nada.
- Hein null, o que houve? – null continuava esperando pela resposta enquanto null pensava se dizia exatamente o texto verdadeiro.
- A gente desviou umas “joinhas”. – ele disse como quem não quer nada. – Só isso, aí tu sabe como o Jackson é temperamental. - null franziu o cenho confuso, mas engoliu a história de null. O rapaz passou o braço pelo ombro do amigo e continuou reapresentando a escola a ele. – Não esquenta não mano, vida nova, a gente não tem que remoer o passado. Águas passadas não.. não movem o.. caiaque?- Não movem moinhos. – null o corrigiu revirando os olhos.
- Isso! Nós somos moinhos, não somos movidos a passado! – ele disse apontando pra si mesmo. – Olha, aquela lá é quadra, é onde a gente costuma ter aula de educação física, quando a gente resolve ir por que o professor deve ser um virgem de quarenta anos que prefere que os homens joguem vôlei e as mulheres joguem futebol.- Caralho! Tenho certeza que a gente ficava puto com isso! – null comentou. – Nossa senhora, o quê que é isso novinha? – ele comentou assim que uma garota ruiva passou rebolando ao seu lado. null e null viraram o pescoço ao mesmo tempo para observar a garota que ao notar que estava chamando a atenção, caprichou mais ainda no rebolado.
- Que. Canalha! – null comentava com sobre a atitude de null. observava em silêncio o “novo” null ou sua versão antiga entrando na escola. A loira abraçava um livro de geografia, a aula já iria começar e logo logo eles estariam na mesma sala novamente, voltando pra estaca zero e tendo que lidar com a versão mais dificil de null null, aquele que ele assumia sem medo antes de conhecer os olhos azuis da senhorita ).- Eu não lembro nada dessa escola. Mas que merda. – null dizia olhando em volta enquanto os dois atravessavam o corredor em direção a sala de aula. Os dois sentaram nas ultimas fileiras, se sentou duas cadeiras a frente de null.
- Calma null, não força sua mente, você vai lembrar com o tempo. – null cochichou pra ele se reclinando na cadeira. null fez o mesmo movimento e cochichou.
- Não vê a gravidade disso? Como eu vou lembrar quem eu peguei e quem eu ainda quero pegar sem rolar fight depois? – ele disse e riu, null sorriu amarelo. abaixou a cabeça ao escutar isso. null se virou pra pegar algo na mochila e null olhou pra com pena assim que seus olhares se cruzaram, estava com um “tudo bem, eu não sei se aguento isso” no rosto.- Muito bem pessoal, bom dia, primeiramente, vamos dá as boas vindas ao null null. – o professor de geografia entrou na sala e assim que falou em null, todos aplaudiram e null arqueou a sobrancelha. – Estamos com esperança de que você fique sem por cento, afinal, como os jovens dessa escola dizem: você é o herói.- Como assim “herói”? – null perguntou pra null.
- Longa história, depois de conto. – null respondeu sem se referir ao por que eles dois viraram heróis da escola, teria que explicar que eles bateram nos irmãos Gonçales e etc.- Hoje nós vamos estudar sobre a união européia e os problemas que os países deste bloco vem sofrendo com a crise econômica. – o professor começou a falar enquanto abria o livro e pegava o pincel de quadro. Neste exato momento, Shirley, a secretária da escola, bateu na porta e pediu licença.
- Com licença professor Pascole. – ela disse e todos deram atenção a ela. – Temos um novo aluno pra esse semestre nesta sala, por favor dêem as boas vindas a Nicholas Fournier.
Nichollas entrou na sala e deu uma olhada geral devolvendo cada olhar curioso que o analisava. O olhar de foi bem desinteressado, mas mesmo assim chamou a atenção do rapaz. As garotas da sala não deixaram de reparar no charme do rapaz que se vestia com o uniforme de frio, a blusa de mangas compridas de caxemirra azul null que ficava elegante com a gravata por debaixo.- Seja bem vindo Nicholas. – a turma falou em coro apenas pra fazer média com a secretária que estava, obviamente, babando o novo aluno.- Bom dia e obrigado, mas podem me chamar de Nick por favor. – ele disse sorrindo e logo se sentou e assim que se sentou jogou mais um olhar pra que estava do outro lado da sala enquanto arrumava seus livros em cima da mesa.- E que bom que vai falar sobre a União Européia hoje professor Pascole, nosso novo aluno pode contar sua experiência no velho mundo sendo ele um legitimo francês.-Je pense qu'elle veut le sucer.– null cochichou paranull e os dois disfarçaram o riso. Ambos sabiam que null estava falando em francês o equivalente a “acho que ela quer chupar ele” se referindo a babação notória da secretária.
- Ok senhorita Shirley, deixe-me começar minha aula. – o professor disse e Shirley saiu sorridente.
Nick, era de uma família de engenheiros bem-sucedidos que estavam de mudança para o Brasil, a família Fournier, usou de sua influência na França e no Brasil para conseguirem algo antes inimaginável no San Sebastian: ninguém conseguia vaga no segundo semestre. Todos sabiam que essa família era muito poderosa.
Nick, sorrateiramente, olhava na direção de já a deixando incomodada. O rapaz recém chegado a Riviella, falava português fluentemente além de outras quatro línguas, se vestia elegantemente, gostava de arte, leitura, teatro e boa música, tinha um ótimo histórico escolar e um ótimo histórico com garotas. Praticava tênis nas horas vagas e saia com herdeiras de famílias nobres francesas em outras horas. Sua vida era refinada, mas não era como Jorgito, Nick era um bom garoto, determinado e com caráter e algo lhe dizia que estava determinado a se aproximar de nesses últimos seis meses de escola.
“Preciso falar urgentemente com você.”
null leu ao receber o SMS de . Ele olhou confuso pra ela enquanto a aula de espanhol seguia, olhou pra ele discretamente e parecia apreensiva. O sinal para o intervalo bateu.
- Eu to morrendo de fome. – null disse levantando da cadeira e seguindo pelo corredor de cadeiras enquanto os alunos se arrumavam pra sair.- null, eu vou perguntar um lance pro professor de espanhol. – null disse disfarçando pra poder falar com . – Tu pode ir indo e pedindo o nosso lanche na lanchonete?
- Posso sim. – null respondeu estranhando o fato de null null ficar mais um pouco na sala de aula pra tirar dúvida com professor. – Eu hein, eu esqueci a parte onde você vira bom aluno? – ele comentou e saiu.
null sentou na mesa da carteira e cruzou os braços esperando a sala esvaziar enquanto fingia arrumar suas coisas. Ambos esperavam a sala esvaziar. seguiu o último aluno até a porta e assim que ele saiu ela fechou a porta.
- O que houve ? – null perguntou assim que ela fechou a porta.
- Eu descobri uma coisa sobre o acidente de vocês. – ela disse se aproximando e pegando o celular. – É assustador null, eu não tive certeza até agora do que fazer, mas eu sei que o certo é te contar.
- Me contar o quê? O que você descobriu? – ele disse se levantando interessado na conversa.- Eu descobri que foi o Guto que sabotou o carro do null. – ela disse engolindo em seco.
- O Guto? Que Guto? O gordinho do terceiro ano B? – null perguntou confuso. – Por que ele faria isso com a gente?
- Aí que está. Ele fez isso a mando... – ela respirou fundo. – A mando do Jorgito.
null sentiu seu sangue subir até a cabeça, tudo girou por um segundo.
- O Jorgito foi longe demais! – ele disse passando por e indo rumo a porta.
- null! – o chamou e ele não parou. – Tem mais! – ao ouvir isso null parou e se virou pra ela que estendeu o celular com a prova pra ele. – E você precisa contar isso pro seu Richard.
- Me conte tudo o que você sabe antes que eu vá arrancar a cabeça daquele desgraçado. – ele disse entre os dentes tentando manter a calma.- Não é só o Jorgito, tem mais gente por trás disso. – ela disse se aproximando de null. Seu coração disparava querendo sair pela boca, ela estava gelada somente ao relatar o que tinha ouvido naquela tarde na casa de Jorgito. – Um grupo que se auto denomina “Os Narcisos”, também está no meio.
- MAS É CLARO!!!! – null disse dando um murro na superfície da mesa do professor. – Os Narcisos tinham que... espera aí... Jorgito, Narcisos... – ele parou por um momento e pensou. – O Jorgito é o líder deles, eu tenho certeza.
- Espera null, Os Narcisos é uma lenda do San Sebastian, não tem sentido! – tentava entender.
- você não sabe metade dessa história, Os Narcisos reativaram esse ano só pra perseguir a mim e ao null, e é obvio que eles viriam atrás da gente depois da surra que nós demos nos irmãos Gonçales, é por isso que Os Narcisos nos odeiam tanto quando a gente mal botou os pés nessa escola, eles estão a mando do Jorgito! – null explicou.
- O Jorgito foi longe demais, ele quase matou você, o null e os meninos. – disse com ainda mais medo. – Ele tem que parar.
- Elevaiparar. – null disse misteriosamente. – Vai parar de uma vez por todas. – ele disse e saiu da sala. se sentou na cadeira e começou a respirar fundo, estava com medo do que viria pela frente. null estava transtornado.
ficou tão submersa nos seus maus pensamentos que nem notou quando o sinal bateu novamente e todos os alunos começaram a voltar pra sala de aula, inclusive null. olhou assustada pra ele e procurou... sei lá, marcas de sangue em null, mas o rapaz estava sorrindo e tranquilo. A professora de português entrou logo em seguida e pediu pra ir ao banheiro. Assim que começou a andar pelo corredor vazio da escola, ela continuava a demonstrar sua apreensão. De repente ouviu risos no corredor vazio e ao dobrar em outro corredor deu de cara com Nick.
- Opa! – ele exclamou assim que eles se chocaram.
- Des-desculpe, eu tava distraída. – ela disse sem encará-lo.
- Tudo bem, acontece. Você tá bem? Parece preocupada. – ele perguntou procurando o olhar dela que insistia em desviar do dele.- Eu to bem, só to procurando... – ela disse ainda atordoada. Nick estava cada vez mais próximo tentando entender a preocupação dela.- , precisa de ajuda? – uma voz familiar falou pelas costas de e ela se virou com o coração na mão e os olhos semi arregalados. Jorgito havia perguntado enquanto olhava desconfiado pra Nick.
Ela não respondeu nada, apenas o observou, ele estava bem, sem marcas e com aquele ar arrogante de sempre. Talvez tivesse descoberto que sabia de tudo, isso o que ela imaginava enquanto ambos os rapazes esperavam uma resposta dela.
- Não, eu não preciso de ajuda, eu já estou voltando pra sala. – ela respondeu e olhou pra Nick enquanto botava uma mecha do cabelo detrás da orelha.
- Eu também to voltando pra sala de aula. – Nick respondeu olhando pra ainda desconfiado e a acompanhou enquanto voltavam pra sala de aula. – O que você estava procurando ? é esse seu nome, não é? – ele perguntou depois de se afastarem de Jorgito.
- Sim, meu nome é e eu tava procurando a null, minha melhor amiga. – ela disse pra ele baixinho tentando disfarçar e assim que seguiam no corredor vazio, um alarme começou a soar na escola.- O que é isso? – Nick perguntou estranhando o som estridente que fazia acompanhada de luzes que piscavam. ficou confusa depois sua apreensão aumentou ao ver algumas portas de salas de aulas abrirem simultaneamente e os alunos saírem rapidamente.- Ah meu Deus, é o alarme de incêndio! – disse preocupada enquanto os alunos passavam por entre os dois e seguiam pra fora do prédio. Eles continuaram caminhando em direção a sala de aula deles, todos já saiam, null e null foram um dos últimos a sair da sala de aula quando e Nick estavam chegando, null assim como os demais alunos, seguiu pra fora da escola e null seguiu, disfarçadamente, pra direção contrária. Os alunos seguiam apreensivos pra fora do prédio, observou null indo pra direção contraria e tentou segui-lo, Nick segurou em seu braço.
- Você enlouqueceu? A gente tem que sair daqui. – ele disse autoritariamente.
- Me solta! – ela rebateu. – Desde quando você manda em mim?
- Eu não mando em você, mas me preocupo com sua segurança, vamos pra fora, por favor. – ele disse sem soltar o braço dela, não tinha como vencer, o corredor estava tumultuado e Nick não desistiria tão fácil.
Os alunos saíram do prédio e o observaram sem quaisquer resquício de fumaça, mesmo assim o corpo de bombeiros já estava na porta. Os alunos se amontoavam nos jardins da escola de frente pro prédio sem entender. null estava ainda mais confuso, null havia sumido. Ele olhou em volta e seu olhar se prendeu em Nick segurando o braço de . Ele observou aquilo estranhando o por que do interesse e o porque daquela pontinha de raiva por dentro.- Obrigada, eu já estou a salvo. –disse se soltando de Nick.
- Me desculpe, eu não sei se fui grosso, mas... – ele tentou se explicar.
- Ok, eu entendi, você estava tentando me proteger, aliás, os estranhos são os que mais se preocupam com minha segurança, bom jeito de tentar se enturmar. – ela disse e saiu. Nick sorriu e abaixou a cabeça. caminhava apressada pelo jardim procurando null na multidão de alunos quando reparou dois carros de policia parando em frente a escola. Ela começou a imaginar o que seria.
Na hora da correria, Jorgito teve a brilhante ideia de usar a escada de incêndio, era um lugar pela qual ele poderia fugir sozinho, sem tumulto, e como sempre, ele só estava pensando nele mesmo. Jorgito começou a descer a escada em espiral quando notou que tinha alguém vindo atrás dele, achou que fosse outro aluno que tivesse tido a mesma ideia que ele, mas os passos que desciam eram tranquilos demais.
null estava seguindo-o. Havia trancado a porta do último andar, e estava pronto pra dá o bote em Jorgito ali mesmo, na saída de emergência. O melhor amigo de null sabia que em toda simulação de incêndio do San Sebastian, Jorgito descia pela escada pra evitar o contato com todo mundo. Mas as simulações eram programadas e previamente avisadas pela diretoria da escola, desta vez, ninguém avisou, apenas null ligou o sistema de alarme pra provocar o alarde dos alunos e separar Jorgito da manada.
- Quem tá aí?! – Jorgito gritou ofegante e suado olhando pra cima, a pouca iluminação da escada aos poucos revelava null como o cara que estava seguindo-o. – Ah, você. Precisamos sair daqui. – Jorgito disse e voltou a descer.- Mas já? – null perguntou ironicamente enquanto se aproximava. – Eu não to com pressa pra sair daqui até por que o lugar mais reservado que a gente tem pra acertar uma contas.
- Que contas cara? – Jorgito parou novamente e o encarou ofegante e confuso. – Eu não faço dividas com vermes como vocês!
- Mas tenta matar gente como a gente, não é? – null disse entre os dentes, Jorgito ficou pálido, mas continuou encarando null. - VOCÊ. – ele gritou assim que pegou no pescoço de Jorgito e o prendeu na parede apertando o pescoço e o encarando transtornado. – QUASE. MATOU MEU MELHOR AMIGO!!! – ele gritou.
- Ele... ele.. – Jorgito gaguejou. – Ele não morreu.
- E SE TIVESSE MORRIDO EU TERIA ARRANCADO SUA CABEÇA NA FRENTE DA ESCOLA TODA SEM PENSAR DUAS VEZES!!! – null gritou pressionando mais ainda o pescoço de Jorgito já o deixando sufocado.- Eu... não consigo respirar. – Jorgito disse num fio de voz, já ficando roxo.
- Não era pra você tá respirando já há um bom tempo! – null o soltou, respirou por dois segundos. Jorgito pôs a mão no pescoço e nesse exato momento null deu um soco de direita em Jorgito, o rapaz caiu e caiu seis degraus abaixo da escada espiral até se segurar no gradeado do corrimão para se segurar. Saia sangue pelo nariz e o seu rosto foi cortado pelo anel que null usava. Jorgito colocou a mão no supercílio verificando o sangue.
- Isso foi por ter sabotado o carro do null, isso... – null disse se ajoelhando e segurando Jorgito pela gola da camisa, deu-lhe outro soco. – É por ter tentado matar o Hiago, isso... – deu outro soco. – Por ter tentando matar o Allan e o Lucas, isso... – deu outro soco. – Por ter tentado matar a mim e ao Tarso.Jorgito resistia bravamente aos golpes, null o soltou e levantou.- Eu vou acabar... com você null. – Jorgito dizia fracamente tentando se levantar. – Você vai me pagar muito caro.- Pagar o quê? Eu não faço dividas com vermes como você. – null repetiu sorrindo ironicamente e logo depois ficou sério. – E isso é por ter tentado matar meu melhor amigo, por ter feito o que fez com o meu irmão null! – dizendo isso, null deu um chute no estomago de Jorgito que desceu rolando os últimos degraus da escada abrindo a porta da saída do térreo e parando no jardim da escola, onde os alunos olhavam assustados.
- Socorro! – Jorgito gritou assim que viu a polícia. – Tem um cara na escada de incêndio tentando me matar! Me protejam dele!O policial caminhou até Jorgito.
- Eles tem que proteger essa escola de você Jorgito, você vai pagar muito caro na prisão por ter posto a vida dos meus meninos em risco. – Richard null falou passando na frente do policial.Jorgito, JJ, Félix e Gabriel saíram na viatura, Naran conseguiu escapar, alegando que não participara disso que ele chamou de atrocidade, mas ele ainda teria que ir a delegacia pra prestar depoimento tendo em vista que fazia parte do grupo de Jorgito.
CAPITULO 16
Narrador Onipresente
Era um sábado de manhã e o sol estava brilhando a todo vapor lá fora, mas dentro de casa os empregados continuavam suas atividades limpando os móveis e os cômodos da casa aproveitando que Richard null havia viajado. Priscila também aproveitara a viajem de seu noivo para aprontar das suas. Acabara de sair do seu quarto vestindo um robe de seda vermelho, se aproximou da porta do quarto de null de fininho verificando se os empregados não veriam, mas ela mal sabia que os empregados percebiam que ela dava em cima de null e temiam por ele agora que ele não se lembrava de nada a respeito dela. Naquele dia null teve que acordar mais cedo para ir fazer fisioterapia. Priscila entrou no quarto de null e o viu dormindo de bruços no quarto escuro apenas iluminado por um feixe de luz que vinha do espaço entre a janela e a cortina do seu quarto. Ela o observou com um sorriso malicioso enquanto fechava a porta. O loiro estava dormindo de bruços, de samba canção, coberto apenas até a cintura, as costas nuas e malhadas estampavam as asas tatuadas e o subir e descer vagaroso do tórax anunciava um respirar tranquilo de um sono profundo. Priscila se sentou na beira da cama dele e passou o dedo levemente pela tatuagem. null se mexeu um pouco, Priscila sorriu e abriu um pouco o robe na altura do peito deixando a mostra a lingerie vermelha, tirou o cabelo do pescoço e colocou por trás da orelha e começou a se deitar ao lado dele com cuidado. Ela levantou um pouco o edredom e passou a mão nas costas de null levemente até chegar a bunda. null se mexeu mais um pouco já mexendo os olhos querendo acordar.
Os longos portões da mansão dos null, abriram simultaneamente e um Pajero Sport preto com vidros escuros entrou, deu a volta na enorme fonte e parou em frente a escadaria da entrada da casa. Richard saiu do carro de terno e gravata e com uma pasta preta de couro nas mãos. Os empregados trataram de pegar suas malas no porta-malas. O pai de null havia voltado mais cedo.
- Como o null passou essa semana? Sentiu alguma coisa? Lembrou de alguma coisa? – ele perguntou assim que entrou em disparado na casa sem ao menos dá bom dia demonstrando sua preocupação com o filho.
- Ele está bem senhor Richard. – a governanta disse o ajudando a retirar o terno e pegando sua pasta. – Exceto há uns três dias atrás quando ele sentiu uma leve pontada na cabeça, eu insisti pra que ele fosse no médico, mas ele não foi.
- E por que não me falaram nada? – ele disse subindo as escadas. – Eu disse que era pra me avisar sobre tudo!
- Desculpe senhor, mas ele disse que não era pra falar nada, que ele estava bem. – a governanta falou o acompanhando com o olhar.
null foi aos poucos abrindo os preguiçosos olhos azuis sentindo uma mão passear pelo seu corpo seu pudor algum. Virou o rosto subitamente e encontrou o rosto carregadamente maquiado de Priscila, ele se afastou rapidamente de susto e acabou caindo do outro lado da cama.
- Priscila?! – ele disse se levantando com o cabelo bagunçado. – O que tu tá fazendo aqui?! Enlouqueceu, foi?!
- iih calma null. – ela disse debruçada na cama dele balançando os pés no alto enquanto null analisava tudo confuso. – Eu vim ver se você dormiu bem e de quebra... – ela disse se levantando e terminando de desamarrar o laço do robe deixando-o cair no chão. – Te mostrar a lingerie Victoria’s secret que eu comprei em Nova York. O que achou?null continuava incrédulo sem entender o que estava acontecendo. Por que a noiva do eue pai estava semi nua no seu quarto.
- Ah. – ela disse fazendo bico. – Você não gostou? Então acho que vou ter que tirar essa. – ela disse e começou a desabotoar o sutiã.
- Não! – null disse se aproximando da cama e jogando um lençol pra ela. – Para com isso Priscila!- Parar com o quê? – ela disse com um sorriso malicioso. – Agora que eu comecei eu não termino mais, por que esse seu corpinho me dá tesão desde o dia que eu te vir pela primeira vez nessa casa!- null... – Richard disse entrando sem cerimônia no quarto do filho. – Mas o que... isso significa?!!!! – ele disse em alto tom de voz olhando pra null e pra Priscila.
- Eu também quero saber o que isso significa! – null disse e ambos olharam pra Priscila que começou a chorar enquanto pegava seu robe no chão e se cobria.- Foi ele Richard... – ela disse se tremendo. - Aproveitou essa história de perda de memória pra continuar me assediando na sua própria casa!!
- O quê?!! – Richard e null perguntaram ao mesmo tempo incrédulos.
- Me explique essa história null null! Agora! – Richard disse com a mão na cintura encarando null.
- Explicar o quê? Eu não faço ideia do que ta acontecendo nessa merda, ok?! – ele disse alterado. – Eu acordei e essa puta de BR tava me alisando deitada na minha cama! E minha perda de memória não é mentira não, eu realmente não lembro de nada do que houve antes do acidente!
- Houve outras vezes antes do acidente Priscila?! – Richard perguntou.
- Sim, ele sempre me assediava quando você saia ou viajava Richard! – ela disse chorando.
- Claro que não! – null rebateu.
- Você mesmo diz que não lembra, mas que aconteceu, aconteceu!!! – Priscila gritou.
- Vai acreditar nessa vadia, pai? – null perguntou. – Olha pra essa mulher, ela não tem credibilidade.- Nisso vocês dois tem um ponto em comum então. – Richard respondeu serenamente olhando pra Priscila. null não entendeu o comentário, mas sabia que algo de ruim estava pra vim. – Sai daqui Priscila, eu quero conversar com o null a sós. Conversa de homem pra homem. – ele disse olhando null de cima a baixo.null fez uma cara de aff e foi por uma camiseta enquanto Priscila saia do quarto. Ele se sentou na poltrona e com as mãos entrelaçadas observou a cara de raiva de Richard.
Priscila entrou em disparado no quarto de casal que dividia com Richard e ficou andando de um lado para o outro preocupada. Trocou de roupa e ficou sentada na cama, ora levantava e ficava andando de um lado para o outro ora respondia a vaidade e ia se olhar no espelho pra ver se a maquiagem borrada traria a impressão para Richard de que ela estava arrependida.
Depois de longas uma hora e meia, Richard entrou no quarto em silêncio e desabotoou a camisa. Priscila o encarou com medo.
- Richard... – ela o chamou, ele apenas entrou no closet. – Richard, não faz assim, você sabe que eu te amo. A gente vai casar, poxa.- Claro. – Richard respondeu friamente.
- Eu prometo que vou te fazer o homem mais feliz do mundo. – ela disse tentando bajular ele.- Claro. –ele respondeu friamente novamente. – Agora some do meu quarto, por que eu quero descansar! – ele ordenou e ela saiu sem falar nada.
Priscila parou repentinamente no corredor e colocou a mão na parede enquanto outra ia no peito, e aliviada ela sorriu. Desceu as escadas assobiando quando viu null sendo abraçado pela governanta.
- Acabei de vim do corredor domeuquarto e os quadros da parede estão tortos. – ela disse com os braços cruzados. A governanta soltou null e olhou pra ela.
- Enviarei alguém pra resolver isso. – ela disse, deu uma última olhada pra null e saiu.
null olhou pra Priscila e ela percebeu que ele estava com as malas prontas.
- Conseguiu o que queria Priscila. – ele disse sorrindo ironicamente. – O Richard me expulsou de casa.
Ela deu uma olhada pra trás e ainda do alto da escada respondeu.
- Com certeza eu não consegui o que eu queria, se você não tivesse perdido a maldita da sua memória, saberia exatamente o que eu queria. – ela disse ainda com os braços cruzados.- É, você tem razão, mas a questão é que eu sou esperto e mesmo tendo perdido a memória, eu saquei que o que você quer... – ele disse se aproximando da escada e cochichou. – Possuir meu corpo nu. – ele disse e sorriu ironicamente novamente. – Mas você não vai conseguir isso mesmo, sabe por que? Por que eu não divido meu corpo com lixo.
- Vai se foder null null. – Priscila disse com raiva. null se virou rindo.
- Com certeza vou foder muito vadia e você vai ficar chupando dedo aí, você vai se ferrar muito e eu vou rir da sua cara. – ele disse. – Foda-se a porra dessa casa, to caindo fora!
- O VAI FICAR! – ela gritou da escada saindo do controle enquanto null saia pela porta.
Narrando
Sinceramente? Não sinto mais a mínima vontade de ir pra escola, é sempre um tormento olhar pro null e saber que eu não posso chegar perto dele e sentir ele pegando na minha mão como no dia da praia. É sufocante vê ele conversando com outras garotas como se eu nem existisse, aliás, eu não existo pra ele, é essa verdade mesmo que a null e o null me peçam pra ter paciência, mas eles deveriam saber melhor que ninguém que paciência e ciúmes não sentam lado a lado.
- Ok classe, acabou a folga, vamos todos entrando pra continuar a aula! – a professora de literatura chamou-nos batendo as mãos.
Em meios aos cochichos dos alunos e a null me falando alguma coisa sobre a nova linha de maquiagens da MAC, eu sentei na minha cadeira olhando discretamente pro null que observou que eu estava olhando, que droga, eu não precisaria mais fingir, eu poderia está sentada ao lado dele brincando com o cabelo dele enquanto ele dormia na aula de história. Não conseguiria me aproximar fingindo ser uma mera desconhecida sendo que em uma noite, naquela noite, eu fui tudo pra ele.
- Posso me sentar aqui? – uma voz disse ao meu lado e eu me virei na cadeira olhando pra cima. Aquele garoto, o novato, ai, esqueci o nome dele, o francês, então, perguntou sentando ao meu lado.
- Pode. – respondi automaticamente e abri o meu livro, não liguei muito mais observei que o tal rapaz, se sentou na cadeira com o olhar fixo no que eu fazia. Me virei pra ele. – Por que fica... olhando tanto pra mim? – não sei de onde eu tirei coragem, mas foi o que eu perguntei.
- Desculpe? – ele se fez de desentendido. – Ah, eu gosto de observar como os estudantes brasileiros se comportam, mas se isso te incomoda, prometo não fazer mais.Eu franzi o cenho, que gringo mais estranho.
- Página quarenta e cinco, por favor! – a professora falou e abri o livro a procura da página. Respirei fundo ao ler a introdução do capitulo que faria uma breve retomada à literatura italiana visto no primeiro semestre. – Bom, continuando nossa viagem sobre a literatura européia, na aula de hoje, vamos estudar um pouco de literatura alemã. Mas antes disso, deixe-me vê se vocês continuam afiados. – ela disse com o dedo indicador na testa meio pensativa. – No semestre passado nós estudamos sobre a literatura italiana e fizemos um ótimo trabalho sobre “Solo Tu”, a obra de Gael Vespaziano no século 20. Alguém se candidata a fazer uma retrospectiva sobre a história?Um silêncio se abateu sobre a sala e todo mundo ficou calado, a professora passou o olhar por cada aluno e eu gelei. Será que ela não sabia da parte sobre não forçar lembranças pro null? Podia ser, sei lá, constrangedor.
- Vamos lá null null. – droga, ela foi direto nele e apreensiva continuei de costas esperando o que viria. – Conte-me o que lembra de Solo Tu, conte pra turma um pouco da história.
- Ééé... – o null disse um pouco confuso, fechei os olhos e tentei me afundar na cadeira. – Como todos aqui sabem, eu sofri um acidente e eu não lembro desse filme aí não.
- Não era um filme, era um livro. – ela o corrigiu. – Nós inclusive apresentamos uma peça a respeito desse livro, tem certeza de que não se lembra? Foi tão... emocionante.
Eu quis, sei lá, morrer nessa hora. Lembrei de tudo, daquele momento, eu desesperada preparada pro maior mico da minha vida quando o null entrou todo lindo cantando My Heart Beats For Love. Eu fico pensando, pelo o que o coração dele bate agora se ele não lembra do amor?A professora continuou esperando que por uma luz do destino, um milagre divino, o null dissesse: “Ah, eu lembro e tal tal tal”. Todos ficaram naquela expectativa esperando algo vim dele e ele todo tranquilo sem preocupação de ter que responder algo, pois é, ele não parece está com pressa de lembrar.
- Não pode nos dizer nada a respeito de Dionisio? Não aprendeu nada com ele? – ela perguntou com as mãos entrelaçadas na frente do corpo com aquele olhar questionador por trás dos finos óculos de grau.Eu estava muito tensa, estática na cadeira olhando pra frente, pro vazio esperando ouvir a voz do null até que...
- Dionisio é o nome mais gay que eu já ouvi, só perde pra Jorgito, só isso que eu sei. – o null disse essa besteira e a sala caiu na gargalhada. Virei e encarei ele como se perguntasse: “Meu Deus, o que você fez com o null, o MEU null?!”. Ele sorria ironicamente e a professora respirou fundo buscando paciência. A sala continuava aos risos quando a voz do garoto francês novato cortou o ar.
- Na verdade professora, Dionisio não tinha nada de gay. – ele disse e a sala silenciou, a professora parou para ouvi-lo. – Dionisio era produto da sociedade machista da época que em escalas menores continua até os dias de hoje.- Continue... – a professora pediu e eu encarei ele com a mão no queixo. Ele falava de uma forma segura enquanto segurava a caneta entre o dedo polegar e o indicador.- Ele tinha vergonha e medo de declarar seu amor e se abrir pra sociedade, pra alta sociedade de Roma como o eterno apaixonado que ele era em sua essência. – ele continuou.
-Meu coração bate por amor.. – citei a música e ele olhou pra mim. – Afinal, que homem teria coragem de dizer isso abertamente ao mundo?
- Poucos homens teriam coragem de confessar seu intimo apaixonante e apaixonado hoje em dia em um mundo onde caras que falam de amor sejam rotulados como... gay. – o novato disse como quem não quer nada e eu senti essa indireta bater na cara do null.
- Palmas! Palmas! – a null disse e começou a bater palmas. Realmente foi bonito o que ele falou, imediatamente ele sorriu pra mim e eu... bem, eu sorri pra ele.
O sinal bateu pro intervalo e a null foi na frente pra lanchonete, eu dei uma passada no meu armário pra guardar o livro de literatura, assim que o abri, vi o null segurando a cintura de uma vadia qualquer da escola, argh, ele falava sorrindo bem perto da orelha dela, se afastava e depois se aproximava de novo. Cadê o null nessas horas? Isso já está ficando insuportável! Fechei a porta do armário com força e o garoto-novato-francês tava por perto, tomei um susto.
- Tenho que parar de fazer isso, certo? – ele disse e sorriu.
- É, tem que parar. – eu disse revirando os olhos... depois sorri. – Eu sempre me refiro a você como o cara francês, desculpa, eu esqueci o seu nome.
- Pode me chamar de Nick, na verdade, você nem estava prestando muito atenção quando eu disse meu nome. – ele respondeu rindo. – É, eu já começava a reparar em você.
- E por que de repente eu pareci tão interessante? – eu perguntei com o cenho franzido. Ele mal começou a responder e eu olhei por cima do ombro dele assim que um riso mais alto do null com a vadia sem nome chamou minha atenção, assim que eu olhei meu sorriso sumiu do rosto e o null acabou olhando pra mim também. Ele parou de sorrir, olhou pro chão e saiu meio estranho. – Não precisa responder, eu tenho que ir agora, depois a gente se fala.
Eu disse sai pelo rumo contrário ao do null. O quê? Parecia que ele... sei lá, mesmo não lembrando de nada parecia inconscientemente querer me provocar, mas que merda!
- ! – ele me chamou e eu virei. – Meu pai foi responsável pela construção de um museu de arte moderna na cidade e a inauguração vai ser no sábado... Eu pensei...
Por favor, não me diz que você pensou em me convidar.
- Eu pensei em te convidar pra ir comigo. – ele completou. – Você é tão culta e inteligente...
Nesse momento o Nick continuava me elogiando quando o null apareceu do nada passando pela gente, ele não me encarou, mas encarou o Nick com os punhos fechados e depois sumiu novamente, olhei pra trás e o Nick percebeu.
- Você deve gostar dessas coisas... – ele interrompeu. – Qual o problema desse cara? – ele perguntou e eu encarei ele.
- Eu não sei. – respondi.
- Não sabe qual o problema dele? – ele perguntou.
- Não sei se posso ir com você na inauguração, mas prometo pensar com carinho. – eu disse, me virei e sai.
null Narrando
Desde o dia que o Jason tentou avançar o sinal comigo que eu venho arrumando um jeito de tentar me livrar dele nessa casa, mas como fazer isso? Minha mãe é toda perua, mas o pai dele é evangélico dos fervorosos. O pai dele sustenta o Jason sendo que o Jason tem 25 anos (!) e ele é todo anjinho perto do pai, que droga! Mas tipo, eu sei que ele esconde algum segredo, e eu tenho que descobrir o que é, pode ser a minha arma secreta.
- To saindo pirralha, não sei que horas volto. – ele disse descendo as escadas e pegando o casaco em cima do sofá. – Meu pai e sua mãe já voltaram do jantar beneficente da igreja?
- Não. – eu respondi seca enquanto terminava de jantar. Ele parou um pouco pra pensar e saiu.
Assim que a porta se fechou, peguei minha bolsa embaixo da mesa e peguei uma balinha, comecei a chupar e sai pela porta da cozinha.
- Juan... – cochichei. O Juan, o meu mais novo motorista, era espanhol, e ele tava sentado no banco de pedra no jardim só me esperando. – Juan... – o chamei novamente e foi quando ele se tocou, entendeu o que eu queria e saiu. Eu segui ele. Enquanto isso na frente da casa, o Jason saia no carro dele, mas que rapidamente entrei no carro com o Juan e ele começou a seguir o Jason.
- Juan, esse bairro é seguro? – eu perguntei meio preocupada ao ver o carro do Jason entrando num bairro estranho com pessoas estranhas.- Senhorita, eu não conheço muito bem... – ele disse evidentemente com medo.
- Ok, ok. – interrompi ele enquanto roia as unhas.
O Jason entrou com o carro dele em um beco e o Juan parou repentinamente.
- O que ta esperando Juan? – eu disse inclinada pra frente quase do lado do Juan. – A gente vai perder ele!
- Senhorita, ali é a entrada de um beco estreito, ele logo nos notaria. – ele disse e terminando o Jason saiu do tal beco olhando pros dois lados. Fumaça saia das bocas de lobo e a noite estava úmida, aquela rua era reduto de travestis, prostitutas e boates clandestinas, além de ser ponto de vendas de drogas, pirataria, mercado negro de órgãos, sei lá, tudo de ruim se negociava ali. A questão é: o que o Jason estaria fazendo ali sendo que sua criação por parte de pai foi tão rígida dentro da igreja? - O que esse verme vem fazer aqui?
- Senhorita null, nós não podemos sair do carro, esse bairro é muito perigoso. – ele disse e eu já estava na frente do carro chamando ele. Ele me olhou assustado.
Já estava atravessando a rua disfarçadamente, o Juan começou a correr pra me acompanhar.
- As pessoas vão notar sua condição financeira avantajada senhorita, é melhor sairmos daqui. – ele disse parando na minha frente.
- Claro que não Juan! Relaxa! – eu disse batendo no ombro dele. – Não conheço alguém mais discreta que eu.
- null, você tá usando um colar de mil e quinhentos reais e uma bolsa enorme da Channel. – ele disse revirando os olhos.
- Cala a boca! – eu o repreendi. – Do que adianta a minha discrição se você ficar espalhando pros quatro ventos o preço dos meus humildes colares?! – eu disse e passei dele.Continuei seguindo o Jason de longe, até entrar em um beco com saída pra outra rua. Fiquei lá observando ele, na parte mais movimentada da rua, ele se encostou em um poste e colocou as mãos nos bolsos da calça e ficou olhando pros dois lados. Algumas pessoas (lê-se pessoas estranhas daquele bairro) passavam por ele e o cumprimentavam, como se ele fosse conhecido. Será que o Jason é traficante?Um carro vermelho parou no meio-fio da calçada, bem na frente dele, ele colocou um cigarro na boca (OMG! O Jason fuma!). Ele se curvou sobre o carro assim que o motorista abriu a janela. Era uma mulher, continuei observando, até que a mulher saiu do carro se encostou no carro e ficou se engraçando por rumo do Jason.
- O que acha que eles tão fazendo? – eu perguntei pro Juan que estava olhando por cima do meu ombro.
- Fechando um acordo. – ele respondeu e continuamos observando.
A mulher abriu a carteira dourada e retirou um maço de notas e entregou pra ele.
- O que eles estão negociando? – perguntei.
- É... – ele disse meio desconfortável. – Não é algo apropriado pra se dizer, a senhorita provavelmente nem deve entender do que se trata.
- OMG! – eu disse espantada me virando pro Juan. – Ele é traficante!
- Não, ele não tá negociando drogas, ele ta negociando... ‘essí’ – ele disse baixinho.
- ‘Essi’? – perguntei.
- Não é algo apropriado pra sua idade. – ele disse. – A senhorita é pura.Me virei sem entender, até raciocinar ao vê a mulher passando a mão indiscretamente sobre o membro do Jason e dando a volta pra sentar no banco do passageiro, o Jason sentou no banco do motorista.
- AH MEU DEUS!!! – eu gritei, depois tapei a boca e me virei pro Juan. – O Jason é prostituto!!!!
- Isso mesmo! – Juan disse batendo uma mão na outra.Continuava de queixo caído e me segurando pra não rir.
- Então você tava falando de ‘essi’ de sexo? – eu perguntei pra ele e ele assentiu. Ok, deixa ele continuar pensando que eu sou mesmo pura nesse aspecto. - Tem como você conseguir provar isso?
- O pessoal daqui parece ser bem informado a respeito dele. - ele disse e eu acabei de contratar um motorista espanhol e espião.
null Narrando
Eu sou errado, todo errado e tenho a cons... Shit! Bati a mão na testa. O meu discurso não parecia tão verdadeiro agora, o que eu falava sobre mim parecia não ser claro, é como se eu não me conhecesse, é como se uma parte de mim estivesse escura por mais que eu queira dizer que me conhecesse, puta que pariu! Esse acidente e essa ‘perda de memória’ não estavam me afetando tanto quanto ta começando agora. Era como se o que eu tivesse esquecido não fosse importante pra mim, mas agora, cada vez mais, eu sinto que uma parte importante da minha história foi empacotada e lacrada no meu cérebro naquele acidente. Isso tá começando a me deixar louco. Não importa o que o meu pai tenha dito sobre a Priscila, eu sinto que tem uma parte dessa história que eu deveria saber e quanto as músicas que não saem da minha cabeça e como ) atrai minha mais discreta atenção como se tivéssemos algum tipo de conexão, argh. E quanto aos Gaizos? O null não tem sido convincente, ele parece ter mudado, não sei se foi depois do acidente ou foi antes disso, e porra, se meu melhor amigo mudou, eu não acompanhei essa mudança!
Meu pai tinha me tirado de casa e o null tinha vindo comigo, lógico néh! A gente ta morando em um apartamento pequeno no sul da cidade, é legal e tal, parece um loft. Já passava das 11 da noite e o sono não vinha e eu não tinha TV a cabo, antena e não passava nada interessante na TV. O null tinha saído pra se encontrar com a null, outra pessoa que eu sinto como se conhecesse, mas que aparentemente é só mais um peguete do null... Peguete que tá durando muito. Sinto que tem coisa aí.Desistir de brigar com o controle da TV e resolvi arejar um pouco minha cabeça pra vê se ela volta a funcionar no ritmo certo. Vesti uma camisa mangas compridas preta e calcei o tênis. Peguei o capacete e sai de moto. Continuei andando sem rumo, o barulho dos poucos carros e das pessoas saindo bêbadas dos bares começava a me deixar meio inebriado, meio tonto, nem sabia exatamente por onde estava indo até entrar em um bairro de classe alta de Riviella, as longas árvores centenárias plantadas nas calçadas molhadas deixavam o ambiente um pouco mais frio e escuro do que já estava.
Quando de repente avistei ao longe um moça de costas, se cabelo loiro estava amarrado e ia até a metade das costas, ela estava passeando àquela hora com um cachorrinho de um palmo de altura. Continuei dirigindo e observando a cena até me aproximar, era.... era a . Passei direto, ela não era da minha conta. Continuei dirigindo e olhei pra trás, ela tinha parando e se abaixado. Que menina louca! Será que ela não sabe que é perigoso?! Dei meia volta e fui até ela na contra mão. - Ah! – ela se assustou assim que parei no meio fio e tirei o capacete como se tivesse um monte de coisa pra dizer e estivesse apressado para tal, mas não! Porra! Por que eu voltei? O que eu tenho a dizer? Ela ficou esperando confusa e eu mais confuso ainda. – null.
- . – eu falei o seu nome e sei lá, meu coração disparou. Continuei montado na moto com o capacete já pendurado.
- O que faz aqui? – ela perguntou.- Eu? – não, o Edward Cullen, claro que é você null! – Insônia. E você? O que tá fazendo a essa hora sozinha na rua? É perigoso...
- Não que você se importe, mas eu precisava caminhar um pouco. – ela disse séria, parecia irritada comigo.Imediatamente eu desviei o olhar e olhei pro outro lado da rua enquanto emudecia os lábios, visivelmente confuso. Olhei fixamente para algum ponto e um estalo chegou a minha cabeça.
“ Ao som de alguma música eletrônica, meus olhos estavam ofuscados pela iluminação latente. Eu parecia ter jogado naquela dimensão pra observar o que viria pela frente. era eu quem estava sentado no bar do outro lado bebendo uísque e ignorando algumas loiras, ruivas, morenas gostosas que passavam tentando chamar minha atenção. A única coisa que chamava minha atenção estava do outro lado da boate clandestina... ?
Na pista de dança, o null dançava com a null bem colado alguma música da Britney Spears e outro carinha gay, acho que é o Oliver, dançava loucamente. Olhei novamente pra mim sentando no bar e lá estava eu escrevendo algo em um guardanapo. Mas que diabos, o que eu estava escrevendo? Me aproximei e ‘me observei’ escrevendo um bilhete.
“... Cuidado ‘null’, viraria bicho se algo acontecesse com você...”
Escrevia hesitante e vez ou outra olhava pra trás e via que estava exagerando na bebida. Pedi pra alguém levar o bilhete pra ela disfarçadamente e logo me dissipei na festa.”
Logo voltei a mim e suava frio.
- null? – sua voz me fez acordar e olhei pra ela. – O que foi?
Meu semblante parecia assustado. É como se minha memória tivesse sido retalhada e cada null coisa que eu tentava lembrar era como se uma dessas dezenas de cortes doesse.- Minha cabeça tá doendo pra caralho. – coloquei a mão na têmpora e fechei os olhos. – O que... O que você estava fazendo no Grave bebendo todas? – perguntei ainda com os olhos fechados.
- Você... – ela parecia incrédula, mas um sorriso brotava do seu rosto o que é isso? – O que se lembra do Grave?
- O null e null dançando sensualmente na pista e você bebendo todas sentada sozinha e eu ignorando um monte de gostosas pra escrever um bilhete no guardanapo!! – eu disse incrédulo com o que ouvia da minha boca. – Pode me explicar? Aii. – gemi de dor.
Ela hesitou um momento e se aproximou de mim. O sorriso... o lindo sorriso havia desaparecido.- Sei lá null, foi tipo, uma festinha dessas de escola. – ela disse pegando no meu braço. – Você tá bem?
- Eu to bem e você tá mentindo. – eu a acusei, ela se afastou. – Tem mais coisa que eu não sei e não me lembro, e sei que são coisas importantes.
- Se são realmente importante você vai se lembrar com o tempo, o ‘seu’ tempo. – ela disse. – Por favor, respeita o seu limite.- Não! – exclamei. – Eu não tenho tempo pra perder, eu sinto que são coisas importantes. Minha cabeça tá me matando, mas essas peças avulsas e estranhas do meu passado estão me matando mais ainda!- Eu... realmente não sei o que te falar, eu to preocupada com você. – ela disse quase chorando.
- Quem é você pra se importar tanto comigo? Quem é você pra me fazer se importar tanto assim com você? – eu disse franzindo o cenho.- Vai pra casa null e não força sua mente. – ela disse baixinho, com cuidado.- Não vai me falar o que sabe sobre esses lapsos de memória? – eu perguntei.
- Eu... eu não sei de nada. – ela disse e uma lágrima desceu.
- Vai pro inferno , você e todos que me olham como se eu tivesse esquecido de como eu amarro meus sapatos. – eu disse isso e coloquei o capacete e olhando pra ela enquanto dava partida.- Não fala assim null. – ela disse balançando a cabeça.
- Me deixa em paz. Se for realmente importante eu vou me lembrar sozinho e você com certeza não vai se encaixar nessas memórias. – eu disse.
- Eu realmente não fui importante, não é? – ela perguntou com ar de cobrança como se eu soubesse dá essa resposta pra ela! Foda-se, eu disse a primeira coisa que veio na minha cabeça.
- Provavelmente não. – dei a partida na moto e sai negando o vento frio que batia no meu corpo e sentindo o meu rosto queimar de ódio, de raiva, de tristeza.
Entrei em casa avoado batendo a porta com força.
- Caralho! – xinguei, xinguei, xinguei e esmurrei a parede. O null ainda não tinha chegado.Entrei no quarto e encarei o espelho de corpo inteiro que tinha pregado na parede, ele tava meio quebrado na parte inferior.Tava me subindo um calor, uma coisa estranha, uma sensação ruim. Continuava agitado e irritado. Tirei a camisa rapidamente e segui pro banheiro, passei em frente o espelho novamente, voltei de ré ao notar uma coisa.Passei a mão pelo me cordão.
- Cadê o pingente que minha mãe me deu? – perguntei sentindo o chão se abrir debaixo dos meus pés. Caralho, aquele pingente minha mãe me deu no dia em que ela morreu, o último abraço que ela me deu, o último ‘eu te amo’. Vai se foder!!! Eu não posso ter perdido esse pingente! Não posso! Revirei todas as minhas coisas, minhas mochilas, os cadernos, livros, eu já estava entrando em desespero, me sentei no chão e respirei fundo, olhei para o lado e encarava o espelho... “ Is runs in meo pectore spirat in venas”.
Eu me lembro de ter feito essa tatuagem. Eu tinha acabado de sair de algum lugar a noite e fiz ela. Peguei meu notebook e fui verificar o que significava isso em português.
“.. ele respira em meu peito e corre pelo meu sangue”
Levantei e foi como um estalo, era a letra daquela música que não saia da minha cabeça desde o exato momento que eu acordei do coma. E mais uma vez aquele estalo, foi como um corte no meu cérebro, mais um remendo da minha memória retornando. Uma dor insuportável latejou na minha cabeça e não vi nada mais que meu quarto escurecendo pouco a pouco desnorteado pela dor.
CAPITULO 17
Narrador Onipresente
Richard null andava mais afastado e frio em relação a Priscila, enquanto a golpista continuava a gastar o dinheiro do noivo nos preparativos do casamento. A loira sentia falta da bagunça dos meninos na casa e principalmente de ver o corpo denull desfilando por aí. Estava se sentindo cada vez mais sozinha, naquele dia, ela recebeu a decoradora da festa na sala da mansão de Richard null, a decoradora passou os últimos detalhes pra Priscila e Richard permanecia absorto no trabalho em seu escritório.
null tinha chegado em casa na noite passada e tinha visto null desmaiado. Quando o garoto acordou, seu melhor amigo insistiu em levá-lo no hospital, mas null, irritado, se trancou no quarto e disse que não iria.
Hoje o rapaz decidiu matar aula e passou a manhã inteira malhando. null estava preocupado com seu melhor amigo. null permanecia silencioso e sombrio... Triste. Suas lembranças voltavam como flash de luzes que o cegavam temporariamente e parecia que todos estavam com medo de lhes dizer a verdade. null já não estava mais aguentando seguir as ordens dos médicos, tinha vontade de falar sobre tudo, principalmente sobre , pois ele percebia o quanto a garota mexia com seu melhor amigo mesmo sem ele lembrar exatamente que null foi a única garota da qual null já falou pra null e sorriu com os olhos brilhando intensamente.
O rapaz loiro segurava as barras de ferro presas horizontal e continuava se pendurando na barra exercitando os músculos com a feição fechada e o olhar vago. null estava com raiva.
- null. – null disse da porta do quarto assim que chegou da escola. null não o respondeu, continuou olhando pro nada. – null. – null o chamou de novo e sentou no puff preto e segurou uma almofada entre as duas mãos esperando a atenção do amigo. – Para com isso null.
- Não to afim de conversar agora null. – ele disse continuando o exercício. null respirou fundo e saiu, estava dificil de lidar com null naquela situação. null sabia, melhor que ninguém, que quando null encasquetava com algo ele não desistia até conseguir e quem não colaborasse e ficasse em seu caminho acabava assim, sendo o alvo.
Do outro lado da cidade, ajeitava os óculos de grau que ela usava pra estudar quando bateram na porta do seu quarto.
- Pode entrar. – ela disse mordendo a cabeça da caneta e balançando as pernas deitada na cama.
- , tem uma encomenda pra você lá embaixo. – uma empregada disse e se virou pra ela.
- Pra mim? - perguntou apontando pra si mesma, a empregada assentiu e ela se levantou estranhando.
desceu as escadas da mansão e duas empregadas saíram da frente da mesa e lá estava um enorme buquê de rosas vermelhas.
- Já tomamos a liberdade de por em um vaso senhorita. – disse uma delas com um sorriso enorme.
- Uau. – disse meio sem reação e se aproximou do buquê.- Elas são lindas. – outra empregada suspirava.- Quem mandou? – ela perguntou enquanto procurava um bilhete com o possível remetente. Seu coração disparou na esperança de que fosse...
- Foi um encarregado da família Fournier. – uma das empregadas tratou de responder desfazendo o sorriso esperançoso de que acreditava que podia ter sido, bem, ela sabia que não fazia muito o feitio de null null mandar buquês enormes e chamativos por mais romântico que isso parecesse.
“ , estou realmente ansioso pela honra de tê-la como minha companhia na inauguração do museu de arte moderna amanhã. Espero que aceite essas rosas e esse humilde bilhete com carinho. Aguardo sua resposta.
- Flores são flores vivas num jardim, pessoas são boas, já nascem assim. Flores são flores, colhidas sem dó por alguém que ama e não quer ficar só. – Cazuza.
Com carinho, Nick Fournier.”
- Owwwn. – as três empregadas disseram em coro e sorriu. – A senhorita vai? – uma delas perguntou.
ponderou por um momento analisando o bilhete novamente e respondeu.
- Sim, eu vou. – ela disse e sorriu.
Nick Fournier era galante, cavalheiro, educado e o tipo certo de cara que toda família de alta sociedade gostaria de ter na família. Era o par perfeito que a família null para sua filha única, mesmo seu coração batendo pelo errado e desconcertante garoto problema null null, estava na hora de ela dá um passo a frente ao menos pra tentar enganar o coração.
Narrando
- null, é o quinto sapato que você diz que é mais perfeito do shopping, para com isso. – eu disse tentando chamar a atenção da null, que anda comigo na rua ou no shopping atrelada ao meu braço pra não tropeçar nos próprios pés enquanto olha pras vitrines.- Eu não tenho culpa, sapatos e tanquinhos me atraem. – ela disse e nós rimos.
Depois de dá voltas no shopping comprando um monte de coisa inútil, sentamos em um banco tomando nossos milk-shakes do Bob’s.- Então, qual vai ser a boa de amanhã? – a null perguntou mexendo o milk-shake com o canudo. – Você vai mesmo pra tal inauguração?
- Vou sim. – respondi apenas isso.
- E... – ela começou a falar e eu já completei.
- E o null? – completei. Não estava com paciência pra falar do null, eram coisas que eu tentava esquecer... também. – Ele tá muito bem sem lembrar de mim e de tudo o que a gente passou.
- , não é culpa dele. Não age como se ele estivesse assim por que ele quer! – ela me deu uma dura e eu a encarei.
- Não to agindo como se isso fosse culpa dele. Não culpei ninguém além do destino por ter me tirado a melhor coisa que me aconteceu nos últimos anos. – eu disse e ela ficou em silêncio, desviei o olhar.
- O destino não te tirou isso, o null continua aqui, com a gente, você só não pode desistir dele! – mais uma dura.
- Eu não to dizendo que vou desistir dele, só to dizendo que eu preciso respirar um pouco algum ar que não me lembre dele, apenas por uma noite, pelo bem da minha sanidade. – eu disse olhando pra ela.
- Vai fazer isso com Nick Fournier, o cara que falta de comer com os olhos como se você fosse uma autêntica comida de primeira linha francesa. – ela disse revirando os olhos e eu ri.
- Para com isso null, não interessa o quanto ele queira “me comer”, ele é refinado e discreto, ele não vai avançar. Eu não vou deixar. – eu disse e prestei atenção no meu Milk-shake tentando desviar do olhar repreensivo da null.
null Narrando
Eu tinha faltado na aula mais um dia, não tava com saco pra ficar olhando pra um bando de gente pseudo-desconhecida me olhando como se eu tivesse esquecido de ter ganhado um Grammy ou Nobel da Paz. Foda-se, grandes acontecimentos deveriam ficar inertes na minha mente e meu melhor amigo e minha família deveria ajudar, mas não, existe um tal código de ética que não permite que eles me contem tudo em uma lavada só.Passei a manhã jogando vídeo-game, e era o caralho de chato jogar sozinho...
- null, tu deveria voltar pra escola. – a versão certinha do null entrou pela porta já me dando lição de moral.- E você deveria me dizer o que de tão importante eu esqueci que assombra minha mente quando eu tento dormir. – eu disse isso ironicamente sem tirar os olhos da TV. Senti ele se aproximar, vish, aticei a fera.
- Talvez o importante que você tenha esquecido é o fato de nós sermos irmãos e não duas vadias loucas brigando por que vestiram o mesmo vestido na festa! – ok, me segurei pra não rir. Ele permanecia sério. null se sentou na mesa central na minha frente, NA MINHA FRENTE enquanto eu jogava! Ok, ele tá tentando me irritar.- Sai da minha frente, tá me irritando. – eu disse.
- Talvez assim você acorde, por que você tá tão morto por dentro que eu quase não te reconheço mais. – ele disse mexendo os braços pra eu não vê mesmo. Joguei o controle de lado.
- Talvez eu esteja morto mesmo e você não tá nem aí! – eu disse apontando na cara dele, ele bateu na minha mão.
- Não aponta pra mim caralho! – ele disse bravo.
- Vai se foder null. – eu disse levantando.- Vai se foder você. – ele rebateu e me virei pra ele abrindo os braços.
- Eu já estou todo fudido! É por isso que não quero sair de casa, eu sinto como se tivesse por fora de tudo, como se me escondessem algo, como se eu devesse saber de algo muito importante e minha mente não funciona e quando ela tenta funcionar, puff, eu desmaio ou sinto uma dor do capeta! – eu disse em alto e bom som, ele apenas ficou ouvindo. – Tem noção do quanto eu to me sentindo deslocado enquanto você vive a vida que eu perdi na memória?
- Eu poderia sim null, te dizer tudo, absolutamente tudo o que aconteceu antes daquele acidente... – ele começou a dizer e eu o interrompi.
- Então diz porra! – exclamei.
- Não, eu não posso. – ele disse se levantando. – Eu não posso justamente por causa das suas dores de cabeça. Eu vou parar de fingir que não houve nada pra tentar impedir suas perguntas por que não tá dando certo. Você se conhece, você me conhece e você sabe que coisas acontecem nas nossas vidas o tempo todo, a gente nunca fica no automático, é nossa filosofia de vida irmão. A gente conheceu pessoas importantes, muito importantes pra gente, a gente mudou pra caralho em alguns aspectos, a gente foi a muita festa e voltou de lá com algo novo e uma história legal pra contar, a gente fez muita besteira também, a gente viveu e a gente foi feliz e você vai lembrar disso, tu tá quase lembrando.
Ele terminou de falar e eu fiquei em silêncio.
- Não vai me falar? – eu perguntei.
- Não. – ele respondeu. – Você vai lembrar sozinho.
- Então vai pro inferno null null e me deixa lembrar sozinho, sem interrupções e vou fazer isso enquanto jogo vídeo-game, malho ou levo alguma vadia pra cama, então me deixa em paz ‘melhor amigo’. – eu disse isso e sai. A ênfase no ‘melhor amigo’ entre aspas doeu até em mim, 5 segundos depois eu tinha me arrependido daquela última parte, 10 segundos depois eu ouvi a porta da frente se batendo.
Narrador Onipresente
Era noite de domingo, já se preparava pra festa de inauguração do museu de arte, colocava o vestido mula-manca branco e agora colocava o cinto dourado, parecia uma figura grega de tão bonita que estava. Encarava o espelho em silêncio vez ou outra enquanto passava leves camadas de blush cor-de-rosa. A garota ainda teimava em pensar em null, o que será que ele estava fazendo? Em que estava pensando? Será que ainda ouvia as mesmas músicas que o marcaram tanto? Será que ainda se esforçava um pouco pra tentar lembrar de algo? O rapaz nem em casa tinha pisado nesta sexta-feira após a briga com seu irmão.
“ - O destino não te tirou isso, o null continua aqui, com a gente, você só não pode desistir dele.”
As palavras de null não lhes saiam da cabeça. Dá esse passo a frente e aceitar um convite do interessado Nick era um passo para sua futura desistência? Não, não. Procurava tirar isso da cabeça... A pobre só estava um pouco cansada dessa novela toda, logo voltaria com um novo ar, pronta para recomeçar.
Enquanto isso, naquele quarteirão tomado pela enorme estrutura do Colégio San Sebastian, o silêncio noturno deixava o vigia tranquilo e os grandes cachorros dormindo nas casas de classe alta do bairro.Mas algo acontecia por gente experiente, que sabia exatamente como agir na calada da noite sem deixar rastros.
- Conseguiu desligar o sistema de alarme? – uma voz masculina cochichou enquanto o grupo andava curvado pelo jardim do colégio.
- Consegui. A porta de emergência foi quebrada há um tempo atrás e eles ainda não concertaram, dá pra gente entrar por lá. – disse uma segunda voz.- Ok então, vamos a festa. – a primeira voz disse e o grupo riu. Os três rapazes do grupo seguiram encostados no muro, silenciados pela noite e pela escuridão, e chegaram a tal porta de emergência que null havia quebrado quando bateu em Jorgito...
Abriram e porta e seguiram para o quarto andar do prédio pela escada de emergência enquanto colocavam capuzes nos rostos. Chegaram a porta do quarto andar e ela estava trancada. Um terceiro rapaz pegou uma ferramenta dentro da mochila e em dois minutos haviam conseguido quebrar. Os quatros adentraram no andar onde funcionava os terceiros anos. Os quatro começaram a andar despreocupadamente pelos corredores do andar verificando os armários alinhados e perfeitamente limpos e pintados. Não houve problema, as câmeras de segurança dessa ala, foram desativadas e eles estavam seguros. Abriram sua mochilas e pegaram spray’s e começaram a pintar as paredes e os armários com mensagens de ódio e bullying. Desenhos estranhos e próprios cobriam alguns armários até chegaram ao lado da sala F, a sala de null, null, e null. Conseguiram abrir a porta e pincharam toda a sala, colocaram as cadeiras de cabeça pra baixo, cortaram as cortinas e faziam desenhos pornográficos nas janelas.
Iam aos banheiros e deixavam as torneiras abertas, pegam todos os rolos de papel higiênico e os espalhavam pelo corredor fazendo um emaranhado. Riam muito e depois de muita bagunça silenciosa, decidiram irem embora...
A noite corria, e aquele recado permaneceu gravado na parede dos armários com tinta verde.
“ Nós descobrimos vocês...”Na casa dos null, estava sentada no sofá com uma mão no queixo aguardando Nikc vim buscá-la. Ela tinha achado isso desnecessário, considerando o fato de que tinha seu próprio motorista, mas Nick insistiu. O francês chegou a casa da moça e tocou a campainha. A governanta foi abrir já alertando pra que os seguranças haviam identificado o visitando como Nick Fournier. levantou-se, arrumou o vestido e caminhou até a porta apressada.
- Pode deixar que eu abro. – ela abriu a porta e Nick a recebeu com um sorriso aberto. Estava com uma camisa branca e um blaser preto, bem vestido.
- Boa noite , você está linda! – ele exclamou.
- Obrigada Nick. Então.. Vamos? – ela disse tentando apressar sua saída antes que desistisse e fosse se jogar na cama pra assistir algum romance água com açúcar.
Ele estendeu o braço pra ela e a acompanhou até a porta do carro. Seguiram para o museu. Nick tentava puxar assunto desconfortável com o silêncio. permanecia calada sem se importar com isso.- Obrigada por ter aceitado meu convite. – ele disse enquanto adentravam o quarteirão da inauguração.
- Não precisa agradecer, eu tava precisando me divertir um pouco. – ela disse com um sorriso tímido.- Você vai se divertir bastante essa noite, prometo. – ele disse e sorriu.Logo pararam em frente ao moderno museu de arte. saiu do carro antes que Nick desse a volta e abrisse a porta, ela não estava com paciência pra cavalheirismo. O manobrista pegou o carro e logo o casal entrou na festa. olhou em volta aquele lugar repleto de arte abstrata que ela, apesar de culta, não entendia absolutamente nada. Passou um olhar confuso com o cenho franzido ao observar uma estátua de gelo de um homem gritando com outra. Ela não entendeu absolutamente nada e estava com vergonha de perguntar pra Nick. A moça se sentia um pouco deslocada ao observar as pessoas do local, todas elegantes e de meia-idade ouvindo ópera em um ambiente que no mínimo começava a dar sono em mal passada um hora que estava ali.
null Narrando
Contava de um até trinta embaixo da água pra me concentrar nos números e não nos meus problemas de memória. Tinha trancado a porta do banheiro e permaneci na banheira um bom tempo, a água morna já estava me deixando incomodado, o banheiro estava abafado e sujo. Minha vida tava uma bagunça, tava confusa e isso me deixava extremamente irritado. Eu tenho consciência de que assim como o null vem falando, eu to muito rebelde, mas porra, tenta se por no meu lugar! Já tentou? Agora me diz se tu consegue encontrar uma saída por que eu não encontro. Esperar? Ah caralho, esperar nunca foi o meu forte. E eu que conseguia me manter calmo e sob controle e toda aquela minha paciência irritava muita gente, mas agora acabou. Eu to me sentindo sozinho pra caralho, e se não bastasse eu ter que admitir que eu to carente. Não é mais como antes, antes eu digo algumas semanas atrás, pegar uma garota e pronto. Mas sei lá, me sinto deslocado, principalmente quando pego uma garota e vejo que a tá olhando.
Puta que pariu null! Lá vou me afundar na banheira novamente contando até trinta por que eu toquei no nome da e minha mente embaraça mais quando eu penso nela e eu nem sei por que penso tanto nessa guria.Quando eu tento pensar em outra coisa, o cabelo loiro dela se virando rapidamente na cadeira da frente quando eu noto que ela ta me olhando, é a minha primeira coisa que me vem, por que toda vez que isso acontece, ela vira pega no flagra e eu sorrio.
Ela poderia ser só mais uma garotinha rica possivelmente apaixonada por mim... Apaixonada por mim?
Levantei de supetão e cheguei a tossir quase engasgado. Será que a é apaixonada por mim? E se ela for apaixonada por mim quer dizer que a gente tem alguma história, não é? Não, não null, não faz isso, não imagina coisa, não cria expectativa, não pense o que gostaria que os outros pensassem, não, não faz merda de teatrinho na mente. Mergulha aí e conta até trinta de novo...
“ O null se aproximou rapidamente de mim e assumiu o meu lugar em um banco. Tava tudo meio obscuro e a única coisa que eu escutava era alguns cochichos e o som já tão familiar de um piano. Minha mãe era dançarina de balé clássico, óbvio que ela me prenderia em aulas de piano. Eu levantei rapidamente e minha boca se movia, minha garganta se esforçava, eu cantava a pleno vapor e com um sorriso no rosto... Eu me aproximei de uma moça vendada pelas costas e a abracei, continuei cantando... não conseguia ouvir minha voz, apenas o solo do piano tocando... My Heart Beats For Love!”
Tinha passado tempo demais debaixo d’água. Segurei nos dois lados da banheira buscando fôlego. Esses flash’s me deixam cada vez mais confuso, eu não sei se é fruto da minha imaginação ou se aconteceu, por que tudo parece uma cena de um filme que com certeza não faria o meu gênero. A moça vendada... era a . Isso tava começando a ficar assustador e eu precisava buscar respostas incessantemente e sabia exatamente onde encontrar.
Sai da banheira e fui procurar um terno ou algo socialmente aceitável. A essa altura todo mundo já sabia que “Nick Fudêncio Fournier” tinha chamado a pra inauguração de um tal de museu no centro. Eu sei por que todas as vadias que eu tinha dispensado naquela semana disputaram aos tapas a companhia dele. Foda-se!
Cheguei no tal museu que, bom, tinha cara de museu. Mal projetado, de boa, por que essa escada na frente é muita fina e tem muito cara da sociedade acima do peso, sei lá, só acho um disparate. Subi correndo quando fui barrado por um careca do meu tamanho, mas com o dobro de massa corpórea. Ele era mau encarado.
- Cadê o convite? - ele perguntou com uma voz grossa.
- O quê? Não foi a prefeitura de Riviella que patrocinou a abertura desse museu? Então a entrada é de graça pra população. – eu disse.
- Não hoje. Volte amanhã. – ele disse.
-Mas eu só tenho interesse pra entrar hoje! – eu rebati.
- Hoje só entra com convite. – ele disse e cruzou os braços.
- Mas... – resolvi apelar. – Eu já tava dentro da festa mano, só que eu escutei o meu carro disparando o alarme e vim aqui fora!- Cadê a marca na sua mão? – ele perguntou. Que marca? Olhei pro lado e vi que o pessoal que entregava o convite recebia uma carimbada no pulso que brilhava com uma luz. Na boa, isso é tão festa de 15 anos de 2010.- Eu fiz xixi, lavei as mãos e sumiu. – menti e ele não acreditou.
- Dá um fora daqui! – ele disse.
- Olha cara, eu preciso mesmo entrar nessa festa, tem algo meu aqui aí dentro e eu vim buscar. – eu disse convicto.
- O quê? – ele perguntou ainda com os braços cruzados e empinando o nariz pra mim.
O quê mesmo é meu aí dentro? Eu citei a , mas...
- Não é tecnicamente meu... – eu disse e desviei o olhar com as mãos no bolso. Que porra eu falei?! – Mas minha intuição diz que deveria ser. – eu disse baixinho e sorrindo. Sei lá, minha intuição me dizia isso mesmo. Olhei novamente pra ele. – O que eu preciso fazer pra entrar aí?
- Precisa ter o convite. – ele disse seco.
- Mas é evidente que eu não tenho! – eu disse perdendo a paciência.
- Então... – ele disse baixinho se aproximando e olhando pros lados. Bingo, ele iria propor um contrato. – Me chupa e eu penso no seu caso.
Eca, eca, eca. Eu olhei pra ele com uma cara de “Você tá tirando com a minha cara filho da puta?”, “Você é doente?”, “Quer levar um murro e perder se órgão de baixo bem aqui?”. Mas me limitei a dizer...
- Vai se fuder! – eu disse, me virei e desci as escadas. O segurança ficou rindo, ah como eu queria esfregar a cara dele em um asfalto de alguma rua de Teresina meio-dia com o calor de quarenta e cinco graus.
Fui pro outro lado do museu e consegui entrar por uma portinha dos fundos, destinados a funcionários, homens saindo a francesa da festa com suas amantes e socyalites bêbadas fugindo de fotógrafos.
Entrei na festa e ao longe vi a com o Nick. Ela tava com o braço cruzado e tomando champgne, ele tava virando pra um quadro que tinha dois rabiscos paralelos e falava falava como se tivesse explicando o por que de existir tanto maluco no mundo pra pagar milhões por essa porcaria. Ela parecia visivelmente entediada e ele dava mais atenção a arte com uma garota incrível ao lado dele...Fuck.De repente a entregou a taça dela pro Nick, falou alguma coisa e seguiu rumo a um corredor mais reservado. O Nick pareceu não entender, saiu e ficou parado olhando ela se distanciar, depois bebeu no copo dela. Eu a segui.
Ela seguiu no corredor e logo eu me choquei com um grupo de quatro garotas que passaram por mim e ficaram rindo, aquele ‘ririri’, do tipo “véi, se é muito gostoso, me come”. Eu tenho experiência nisso, sei como essas garotas de sociedade se comunicam. A entrou no toalete feminino, fiquei esperando no corredor cor de mogno, escuro se não fosse por umas lâmpadas redondas no alto. Desafoguei a gravata e fiquei cumprimentando as garotas que passavam por mim com aquele olhar de quem quer possuir meu corpo nu.
De repente ela saiu e eu me desgrudei da parede rapidamente, ela não notou minha presença até eu segurar o seu braço e fazê-la me encarar.
- null?! – ela perguntou incrédula. – O que faz aqui?
- Eu precisava falar com você. – eu disse meio nervoso e achei que era a hora de soltar ela. A soltei. – Não vai embora, deixa eu falar contigo.
- Fala. – ela disse umedecendo os lábios.- Então, eu tava em casa hoje e tive um flash de lembrança, bem, eu acho que foi uma lembrança. – eu disse franzindo o cenho sem conseguir explicar.
- Você tá começando a lembrar? – ela falou e eu juro, juro por Bob Marley que os olhos dela brilharam.
- Mais ou menos, como eu disse, não parece real. – eu disse com as mãos no bolso da calça. – Não parece minha vida, não parece eu, entende? Parece um filme de algum livro do Nicholas Sparks e é tão... confuso.
- Como assim não parece com você? – ela indagou.
- Parece que eu tava vivendo a vida de outra pessoa. – eu disse e apertei os lábios. ficou visivelmente desapontada, mas eu não entendi o que eu falei de errado. Resolvi ir direto ao ponto. – , eu vi você nessa lembrança.
- Me viu? – ela perguntou olhando nos meus olhos. – O que... Você viu?- Eu vi um palco, um piano, você estava vendada... – eu disse e os olhos dela brilharam mais ainda. – Eu ouvi My Heart Beats For Love tocada no piano pelo null. – eu ri e ela riu também. – Não parecia eu... Eu não me reconheci.
Logo sua feição se entristeceu de novo.- O que foi? – eu perguntei. – Pode me dizer alguma coisa sobre isso? – esperei a resposta ela me encarou. – Claro que pode, é por isso que eu vim aqui, por que você provavelmente foi algum caso meu, é essa minha teoria.
- É por isso que veio aqui? – ela sorriu com sarcasmo. – Eu provavelmente fui umcasopra você? null... Quer saber? Eu fui só um casinho pra você, eu era mais uma garotinha de alta sociedade apaixonada pelo garoto problema do colégio. Eu não fui mais que isso, e você também não foi mais do que suas lembranças lhe dizem, por que como você disse, você estava vivendo a vida de outra pessoa.
Ela disse isso e saiu com raiva. Não me convenceu bastante, mas... fiquei sem reação ela parecia bem nervosa.Depois eu fui atrás dela, o Nick estava conversando com ela muito perto, muuuito perto, perto demais... Me aproximei e o filho da mãe puxou a e beijou ela. Parece que o mundo parou ali e meu sangue subiu pro último fio de cabelo loiro que eu tinha na cabeça. Por impulso, meus passos me levaram até o “casalzinho” da noite.
- Que bonito. – eu disse me aproximando. Por que de uma hora pra outra eu to sendo impulsivamente irônico com eles? – A foto de vocês deveria está em um banner lá na porta, vocês deveriam ser o casal propaganda desse museu brega. – eu disse isso e algumas pessoas se viraram com tom ofendido pra mim. Foda-se.
- null, para, por favor. – a disse assim que aquele francenzinho fedorento largou ela.- Vai Nickolas, me explica como é que alguém consegue comprar essas porcarias que vendem aqui? – eu perguntei mais irônico ainda. O Nick olhava em volta torcendo os lábios de raiva. Típico garoto de família tradicional que é regido pela sociedade.- Não dá pra explicar pra você. – ele disse com o nariz empinado. – É claro que você não tem bom gosto pra isso. É um ogro, um ignorante pra coisas clássicas como gosta. Então eu não quero desperdiçar o meu tempo e o da ensinando pra um garoto rebelde como você o que arte refinada. – ele disse e estendeu a mão pra .
- Arte refinada é a arte que eu vou fazer na sua cara, filho da mãe! – eu disse e dei um soco nele. Ele caiu em cima de uma escultura de barro que se desmanchou sujando ele. Só ouvi o ‘oooooh’ da sociedade incrédula, mas o que mais me importou foi o que eu ouvi da .
- Eu não acredito que fez isso null! – ela brigou comigo, eu me virei pra ela. – Por que você tem o dom de arrumar uma confusão e estragar tudo? Por que você simplesmente não fica na sua, com os seus problemas??!!
Ela disse e saiu em disparada. Demorei uns dez segundos pra me dá conta de que a essa hora já deviam ter seguranças atrás de mim, sai pelos fundos, corri ao redor do museu e cheguei a portaria.
- SABE POR EU AINDA NÃO FIQUEI NA MINHA ??? – eu gritei pra chamar a atenção dela. Ela se virou na calçada e estava com aquela cara de quem vai chorar de raiva. Ela estava com muita raiva. – Por que eu sinto que alguma coisa me liga a você, tipo, tem alguma coisa no meu passado envolvendo você e um monte de coisa que ninguém explica.
- Ninguém te fala nada por que não é simplesmente chegar e despejar na sua cabeça tudo o que você esqueceu! – ela falou.
- Foda-se, a cabeça é minha, a dor que eu sinto é minha e eu quero saber! – eu disse franzindo o cenho.
- Descubra sozinho, por que eu não posso te ajudar, por que aliás, de duas coisas você pode está certo: eu fui um casinho e você estava vivendo a vida de outra pessoa, talvez não fosse você mesmo. – ela disse e uma lágrima desceu do rosto, ela olhou pra cima e limpou. – Você não lembra, por que não foi importante o suficiente pra marcar, então acredite, você não perdeu grande coisa.O motorista dela chegou nesse exato momento e ela entrou rapidamente no carro sem ao menos se despedir. As coisas continuavam complicando e cada vez mais eu tinha mais peças pra montar esse quebra-cabeça, sem a ajuda de ninguém.
CAPITULO 18
Narrador Onipresente
O dia amanheceu naquela segunda-feira, e as conversas sobre o fim de semana entre os alunos foi cortada pela surpresa ao chegar ao San Sebastian naquela manhã. Carros de polícia estavam estacionadas em frente a escola.
- O que aconteceu? – perguntou pra null e assim como todos os alunos, elas não obtiveram resposta até entrarem de fato na escola e serem impedidas de acessarem o andar do terceiro ano. Policiais subiam e desciam pelos elevadores, saiam de lá de luvas e com câmeras fotográficas.
- Alguém invadiu o colégio ontem e fizeram uma rave no quarto andar. – Oliver disse segurando seu Ipad enquanto se aproximava das meninas.
- Como assim uma rave? – perguntou.
- Foi o termo que a garota misteriosa da OTT usou. – ele disse e mostrou a manchete do site de fofocas no seu computador.
- Como é que essa garota fica sabendo das coisas primeiro que a gente que estuda aqui?! – null falou irritada.
- A menos que ela também estude aqui. – perguntou com a mão no queixo.
- An... Não sei. – Oliver falou gaguejando. – Mas ela disse que entraram na escola pela porta de emergência, foram pro quarto andar e fizeram uma bagunça lá, pincharam as paredes e os armários, quebraram carteiras, estouraram os sanitários, inundaram os corredores, enfim, tá uma zona.
- Quem faria isso? – null perguntou.
- É, e por que só fizeram isso no quarto andar onde fica a nossa sala de aula? – perguntou.
- O que aconteceu aqui? – null perguntou se aproximando do grupo. Assim que ele chegou, tratou de sair. null a acompanhou com o olhar.
- Vândalos entraram na escola ontem e destruíram o quarto andar, a policia já tá lá investigando, parece que terminaram, mas por enquanto nós vamos ter aula na quadra enquanto a escola arruma tudo por lá. – null explicou.
- Hum, entendi. – ele disse com as mãos no bolso e saiu rumo ao elevador.
- Ei, você não pode entrar aqui! – a inspetora barrou null.
- Eu preciso pegar um livro no meu armário ou no que deve ter restado dele. – ele explicou e conseguiu ir.
null observou o estado do quarto andar e riu. Estava toda cheia de papel higiênico e possas de água. Tinha umas partes interditadas e apenas um cara usava um rolo de tinta pra pintar as paredes e os armários. null chegou perto do seu armário.
- Ei, cuidado rapaz. – o pintor disse. – A tinta tá fresca ainda.
- Pincharam meu armário também? – null disse tentando abrir seu armário com cuidado e rindo.
- Pois é, só desenhos pornográficos, mas nessa parte dos armários da sua sala tinha umas frases estranhas. – ele explicava enquanto pintava. – Eu pintei tudo, aquilo é coisa de gente doente.
- Pelo menos eles parecem ter senso de humor. – null disse isso, pegou o livro e saiu.
- Queria falar comigo? – null perguntou ao se aproximar de null que estava sentado na grama.
- Sim. Senta aí. – ele respondeu e ela sentou ao seu lado.
- O que houve? – ela perguntou estranhando a cara séria de null.
- As coisas estão tão difíceis com o null, você não tem noção. – ele começou a falar. – Ele nem fala mais comigo, me evita e quase não fica dentro de casa pra não ter que me encarar. Isso tá acabando comigo. Porra, ele é meu melhor amigo.
- Deve tá sendo difícil pra ele. – ela falou fazendo um carinho no pescoço de null, ele desviou sem encará-la.
- Tá sendo difícil pra todo mundo. – ele disse. – E eu me sinto cada vez mais sozinho e mais confuso e eu não tenho ninguém pra desabafar sobre isso, eu sinto falta dele e eu queria mais do que...
- Como assim não tem com quem desabafar? – ela o interrompeu. – Tem eu!
- null, você não entende, são coisas que a gente fala com o nosso melhor amigo e não com... – ele falou e ela o interrompeu de novo.
- Com a sua namorada. – ela completou e ele resolveu encará-la. Ele ficou olhando pra ela em silêncio franzindo o cenho sem saber como explicar isso.
- Não se fala com uma amiga. – ele disse e null desviou o olhar tentando controlar a fúria.
- Amiga? – ela repetiu.
- Olha... – ele tentou explicar.
- Eu sou só sua amiga depois de tudo que a gente passou? – ela perguntou o encarando, seus olhos cor de âmbar brilhavam de tanta raiva.
- Deixa eu explicar caramba! – ele perdeu a paciência. – Sim, a gente passou por muita coisa, muito momento bacana e inesquecível e foi bom, foi incrível, mas null... Você não me conhece, eu nunca disse que éramos namorados e se eu te tratei como uma namorada em algum momento foi por descuido, por que esses lances não são pra mim.
- O que você tá dizendo null? – ela disse o indagando.
- Eu to dizendo que há muito mais em mim que eu não sei explicar e era nesses momentos que eu precisava do meu melhor amigo pra me ajudar, e por hora, sem uma segunda opinião dele, eu acho que a melhor solução é eu me isolar até descobrir o que eu to sentindo, sozinho. – ele disse e desviou o olhar novamente, olhando pra frente enquanto ela ainda olhava pra ele.
- Acabou? – ela perguntou olhando pra baixo.
- null... eu sinto muito. – ele respondeu e ela não disse nada, apenas se levantou e saiu.
null continuou sentado na grama com os joelhos flexionados olhando pro horizonte, se sentia sozinho e não tinha com quem contar sobre o que estava sentindo em relação a null que o deixava tão assustado.
null Narrando
Eu tava na lanchonete aberta da escola, sentado em cima da mesa com os pés apoiados no banco, eu tava distante do resto do pessoal tomando Coca-Cola e fodendo com meu estômago, tinha dois dias que eu não comia direito, meu skate tava do lado, parecia ser meu único amigo...
Já fazem cinco dias que eu não falo com o null, a última vez que a gente parou de se falar foi há cinco anos atrás. A minha mãe amarrou a gente na cadeira e nos fez fazer as pazes. Eu usei a desculpa de que minha mãe tinha me forçado a pedir desculpas, mas a verdade é que eu não tava mais aguentando ficar sem falar com ele.
Tenho pensado bastante no que eu falei pra ele no dia da briga e em tudo o que o médico também me explicou. Como sempre o null querendo foder com a vida pra cuidar da minha. Filho da puta ordinário. Eu ri.
Eu olhei pra trás e vi ele passando pela null, ela virou as costas pra ele, não entendi, achei que eles tivessem apaixonados e coisa e tal. O null passou e foi pro rumo de uns arbustos atrás da escola. Resolvi ir lá onde ele estava e engolir o meu orgulho pra salvar nossa irmandade.
Me aproximei e já senti um cheiro estranho. Ele tava sentado encostado no muro, atrás dos arbustos fumando maconha.
- Fumando um beck na escola? – eu disse e ele se virou assustado, depois viu que era eu e voltou pra posição inicial me ignorando. – Achei que você tivesse virado um aluno exemplar.
- Eu não sou um exemplo, nunca vou ser. – ele respondeu sem me encarar. – Eu só ferro com a minha vida e com a vida das pessoas ao meu redor.
Enquanto eu escutava seu monólogo, me sentei ao seu lado encostado no muro.
- Aí, tu tenta ser alguém melhor, tu tenta mudar, tu tenta fazer as coisas do jeito certo, tu tenta orgulhar alguém por que tu quer se mostrar digno e tu ferra com tudo. – ele tagarelava olhando pra frente.
- Bem-vindo ao meu mundo, então. – eu disse e puxei o cigarro da mão dele e dei uma tragada.
- Eu não te falo muito do que você quer saber por que tenho medo de ferrar com sua cabeça, por que mesmo achando que isso seria o certo, toda vez que eu acho que vou fazer a coisa certa eu acabo magoando alguém. – ele disse meio filosófico. – Eu me sinto culpado pelo o que aconteceu com você.
- Como assim? – eu perguntei olhando pra ele.
- Era eu quem deveria está dirigindo aquele carro. – ele disse pegando o beck novamente.
- Não, era pra ser eu e foi eu. O destino quis me pregar uma brincadeira só pra me deixar irritado e ele conseguiu. – soltei um risinho sarcástico enquanto encostava minha cabeça no muro e olhava pra cima. – Mas eu aguento, mesmo que eu ache que só vim ao mundo pra foder com a minha vida e com a vida dos outros, eu aguento qualquer porrada que a vida me dê por que minha vontade de viver é maior.
- Somos dois então, por que eu não consigo desistir, eu só as vezes tenho vontade de sumir, me enterrar em algum buraco com um estoque de Doritos e Coca-Cola. – ele disse.
- Por isso que nós somos melhores amigos desde sempre. – eu disse. – Nos divertindo junto...
- E nos fodendo junto. – ele completou e nós rimos.
- Vamos sair daqui, ‘vamo’ andar de skate que a gente ganha mais ‘lek’. – eu disse me levantando.
Nós começamos a escalar o tal muro pra fugir da escola, o null já tava com o skate dele, a Maribunda, é, o skate dele tem nome, ele queria que eu desse pro meu skate, pro meu filho, o nome de MariPechos, um jeito mais discreto que Maripeitos, enfim...
- Achou mesmo que eu tivesse me transformando em um aluno exemplar? – ele perguntou enquanto a gente descia o muro.
- Nãããão. – disse um longo não. – Tava sendo irônico. Não mesmo.
Ele ficou pensativo enquanto a gente descia a ladeira da rua de trás.
- Fala sério Snake, tá sendo irônico agora? – ele perguntou confuso, só revirei os olhos e eu gargalhei.
- Você tem grana aí? Eu to morrendo de fome. – eu dizia enquanto a gente se distanciava da escola.
- Fica de boa que eu conheço uma lanchonete do outro lado da cidade, a garçonete daria hambúrgueres de graça pra vê um show meu de stripper particular. – gargalhamos. Ela devia ser uma velha papa-anjo frustrada sexualmente, eu conheço o público para o qual o null faz esse tipo de besteira por hambúrgueres. Rindo eternamente.
null Narrando
“ Eu reconhecia aquele ambiente de outros sonhos: um palco e um piano. Uma cortina de fumaça deixava o sonho mais confuso, mas agora eu conseguia escutar vozes humanas além do piano tocando aquela música.
- Não, eu não o vejo, mas eu o ouço! Dionisio! Dionisio!- era uma voz familiar. Eu procurava de onde vinha para poder me certificar de que era realmente ela: . – Eu quase posso dizer como você é, eu ouço esse som diz que é pra eu não desistir.
Estava confuso e silencioso. O nevoeiro não me permitia vê-la, apenas um pouco do chão do palco. Escutava ao longe suspiros atrás de mim e passos sincronizados no palco, estavam dançando? Estavam dançando e a plateia parecia gostar. A música continuava forte e viva, meu coração estava acelerado. Eu sabia que era mais um sonho enigmático, mas agora estava tão real que eu podia sentir o sangue correndo pelas minhas veias e a respiração ofegante pronto para descobrir a cena toda.
- Eu marchei através desse campo de batalha, eu estou gritando, você pode me ouvir agora? Eu estou me segurando, eu defendo meu chão, eu estou gritando, você pode me ouvir agora? – falamos praticamente juntos, eu e o null do sonho. Eu sorri, estava começando a me lembrar de ter vivenciado esse momento, e eu estava me sentindo tão a vontade que não parecia mais como se eu estivesse vivendo outra vida.
Fechei os olhos na esperança de que quando abrisse desse pra vê o que estava acontecendo atrás da fumaça.
- Você me enxerga tão bem quanto qualquer pessoa que me veja todos os dias por inteiro me enxerga. – o som foi aos poucos se diluindo, foi a última coisa que eu ouvi até senti algo me puxando e assim, eu acordei.”
Estava na minha moto indo a caminho da escola e pensando naquele sonho. Estava cada vez enigmático, mas sabe quando você sente que está perto, muito perto? Pois é.
Não sei de quê, não sei o que eu descobrirei, mas sinto que está perto.
Cheguei na escola e estacionei minha moto.
- null. – eu o chamei assim que ele estacionou a moto dele também. – Vai levar quem pro casamento do Richard?
- Não sei. – ele disse e jogou um olhar de relance pra null.
Estranho é, a gente ir pro casamento do meu pai mesmo depois de toda a confusão com a Priscila vadia, mas eu ainda sou o filho dele, não é? Pisca.
- E você? – ele perguntou.
- Não sei também. – eu disse olhando em volta. – Aqui não tem ninguém socialmente apresentável que eu suporte por mais de duas horas. - meu olhar parou em sentada no banco de pedra lendo um livro, ela ajeitava os óculos de leitura e parecia concentrada. Eu sei que ela tava me odiando, mas sei lá, não custava nada tentar, além do mais, acho que seria uma reaproximação se eu dissesse que lembrei mais um pouco de alguma coisa envolvendo nós dois. Resolvi tentar a sorte. – Eu vou convidar a .
- Você é corajoso e eu te apoio. – ele disse, por que ele sabia o que tinha acontecido na noite do museu, mas ele me disse “Pelo menos você pode ter certeza de que a não seria capaz de jogar óleo quente em você por raiva, já a null, é bom eu tomar cuidado.” Aí eu falei pra ele que a null podia tá disfarçando sua mágoa com raiva, no fundo ela é só uma garota machucada que finge ser uma leoa.
Atravessei o pátio e me sentei ao lado dela em silêncio. Ela me ignorou e eu continuei observando ela.
- O que você quer? – ela disse seca sem tirar os olhos do livro.
- Bom dia pra você também. – eu disse, ela levantou a cabeça olhando pra frente, respirou fundo e me encarou.
- Sem rodeios null: o que você quer? – ela perguntou firme.
- Ok, sem rodeios. – comecei. – Eu quero te convidar pra ir comigo no casamento do meu pai.
- O quê? – ela tirou os óculos. – Achei que você e o seu pai tivessem brigados, afinal, você foi posto pra fora de casa por razões que eu prefiro nem pensar.
- Sim, mas eu continuo sendo filho dele. – respondi como se fosse óbvio. – Além do mais, esse vai ser um momento muito importante pra ele, eu tenho que tá lá...
- Hum, estranho. – ela estranhou e pensou um pouco até levantar o nariz pra mim novamente. – De qualquer forma, a minha família foi convidada, não sei se meus pais vão, pois eles viajaram, então, e eu vou com o Nick.
- O quê??! – perguntei incrédulo. Ela começou a arrumar as coisas dela. – Eu não acredito que aquele verme foi convidado!
- Na verdade... – ela se levantou arrumando a bolsa no lado. – Ele nem a família Fournier não foi, mas ele estava conversando comigo sobre o interesse em conhecer o senhor Richard null, pois o sonho dele é ser advogado, então eu chamei ele pra ser meu acompanhante, como pedido de desculpas pelo vexame que você deu no museu.
- Ah, que ótimo! – eu disse com ironia. – Então ele vai pro casamento do meu pai pra flertar um emprego?
- Você vai fazer alguma objeção a minha entrada lá por causa disso? – ela perguntou me encarando, eu levantei.
- Não , mas provavelmente você vai estragar minha noite ao levar ele, e se isso foi na intenção de me atingir ou de se vingar, certinho, você tá no caminho certo.
Eu disse e sai. Que droga!
CAPITULO 19
Narrador Onipresente
A majestosa catedral de Riviella estava devidamente preparada para uma grande cerimônia: o casamento do magnata null. Os convidados já chegavam enquanto Priscila humilhava as empregadas que a ajudavam a colocar o vestido. Richard ajeitava a gravata em frente ao espelho no hotel com um sorriso no rosto. null e null permaneciam em frente a catedral recebendo os convidados que entravam. Ninguém ali sabia da briga de Richard com null, tampouco Priscila imaginava que o encontraria ali, tão sorridente.
- Preciso fazer xixi. – null disse enquanto sorria de longe para mais uma convidada.
- Vai lá. – null respondeu.
- Não. – null rebateu. – Não posso te deixar aqui sozinho, por que eu temo pelo o que você vai fazer assim que o Nick Fudêncio chegar com a sua garota.
- Ah me poupe null. – null disse revirando os olhos, depois atravessou a distância entre os dois e cochichou para o amigo. – Não importa com que ela vai entrar, o importante é com quem ela vai sair. – ele disse, piscou e os dois sorriram.
Um carro parou em frente a escadaria e enquanto null cumprimentava um casal do outro lado, null observou a porta se abrindo, Nick saindo e dando a mão pra . Ela estava com uma trança lateral desalinhada e um vestido nude. O coração de null disparou, ela estava linda, embora não estivesse com o seu sorriso favorito.
Os dois subiram as escadas e passaram por null, ele não conseguiu cumprimentá-los, apenas virou o rosto.
- Isso vai ser descontado na sua comissão como recepcionista. – null brincou.
- Foda-se, eu odeio o meu trabalho. – null disse forçando o sorriso.
- Por que seu pai não veio mesmo? – disse um homem de meia-idade sentado ao lado de Priscila na limousine.
- Cala a boca. – ela disse olhando por cima pra vê se já chegavam a igreja. – Você está sendo pago pra fingir ser meu pai e não pra me fazer perguntas. Mas respondendo a isso: ele disse que preferiria andar descalço sobre brasa quente a concordar com isso, com o meu casamento, por que ele olhou na minha cara e disse que eu era uma vadia, que se eu tive coragem de roubar o próprio pai, qualquer homem é fichinha pra mim. – ela disse e sorriu. O homem ficou calado.
O carro parou em frente a igreja e Priscila mandou o motorista chamar null que estava na porta da igreja, null desceu a escadaria e foi até a janela do motorista e olhou pra trás.
- O que você e o null estão fazendo aqui, seus verminhos? – ela perguntou com raiva.
- Olha como fala com a gente madrasta, nós seremos os seus bebezinhos. – null disse e riu.
- Cadê o Richard? – ela perguntou nervosa. – Cadê ele??!
Richard ainda não estava no altar.
- Relaxa minha filha, o tio Richard vai descer de helicóptero no pátio da catedral. – null explicou. – Ele fez umas mudancinhas e disse que assim que ele entrar é pra você entrar também, pra não atrasar mais e tal.
- O quê? – ela perguntou confusa. – Como assim? Ele não me avisou nada!
- Foi o que ele disse... – null disse e olhou para o alto. – Olha só, ele tá chegando.
Um helicóptero começou a descer no pátio da igreja e assim que aterrizou, Richard correu para dentro da igreja ignorando o protocolo e deixando Priscila irritada.
Assim que Priscila pôs os pés na igreja, a marcha nupcial começou a tocar de forma rápida obrigando Priscila e seu pai-de-aluguel andarem no mesmo ritmo, quase correndo. null e null seguraram o riso enquanto Richard observava a cena do alto do altar.
Faltava menos de dois metros pra que Priscila chegasse a escadaria que dava acesso ao altar quando tropeçou no exagerado vestido de noiva e caiu na frente de todos os convidados. Alguns tentaram esconder o riso por respeito a noiva, pelo menos a atual noiva. Quando estava se levantando com o rosto vermelho de tanto ódio, Priscila observou o riso de gozação de Richard, isso não foi pior do que vê um rosto feminino familiar se aproximar em um simples e elegante vestido branco: Eliza McAdams, atriz britânica de sucesso.
- O... O que é isso? – ela perguntou assim que olhou pra Eliza da cabeça aos pés.
- Esta é minha noiva Priscila, que bom que compareceu a esta cerimônia, por que esta noite a única mulher que tenho a intenção de esposar é Eliza, e isso já é minha intenção a meses enquanto você realmente achava que eu sentia algo por você, enquanto você gastava o meu dinheiro e me traia como se eu não soubesse disso. – Richard disse.
- O QUÊ? – Priscila gritou já com os olhos vermelhos. Eliza permanecia serena com um sorriso no rosto e elegante enquanto Priscila iniciava seu escândalo. – Richard , ISSO É UMA BRINCADEIRA?
- Não, isso é um casamento, o meu casamento com Eliza, você vestida de noiva com essa maquiagem pesada e borrada é mais que engraçado, é humilhante e foi esse meu objetivo ao deixar você continuar com a sua fantasia de que eu realmente estava caindo na sua história, eu nunca cai na sua mentira em relação ao null, ele é meu filho e eu nunca duvidaria dele, mas eu já estava cansado de fingir acreditar em você e precisava de ajuda pra me vingar! E a melhor vingança foi essa: o seu sonho será realizado Priscila, amanhã você estará na revistas de fofoca estampando a maior humilhação pública da qual uma mulher pode passar. – Richard completou. – Seguranças! A tirem daqui, temos um casamento pra continuar.
Ele disse enquanto se virava pra entrelaçar seu braço no de Eliza. Priscila continuava incrédula ao ser arrastada pelos seguranças. Os olhares de desprezo ou pena se seguiam como uma face comum entre os convidados, quase que em câmera lenta até Priscila chegar em null e null e se acabavam de rir.
- Você merece uma medalha por menção honrosa Priscila. – null dizia entre os risos. – Você quase conseguiu.
- Parabéns Priscila, você quase pareceu respeitável. – null encerrou e os dois foram se sentar nos bancos da frente ainda aos risos. Priscila foi jogada do lado de fora da igreja assim que uma chuva começou. As longas portas de madeira da catedral foram fechadas e foi dado inicio a cerimônia de casamento de Richard e Eliza, que já mantiam um romance secreto há meses.
- Não vai me levar pra algum lugar? – ela dizia aos prantos para o homem que havia contratado.
- Não. – ele disse tranquilamente. – Eu não sou seu pai. – disse, virou as costas e foi embora.
Uma tossida forçada cortou o ar de conversa e música ao vivo na festa de comemoração do casamento que estava sendo feita em uma grande e elegante tenda armada no jardim da mansão dos null. Richard pediu atenção segurando uma taça de champagne ao pegar o microfone no palco onde a banda silenciou para escutá-los. Os convidados se viraram pra ele.
- Bom, eu gostaria da atenção de vocês pra fazer uma pequena homenagem a minha esposa, Eliza McAdams, esta linda mulher que permaneceu ao meu lado sem me julgar e apoiou todas as minhas decisões e é ao lado dela que quero passar o resto da minha vida. – ele dizia, uma salva de palmas percorreu o lugar e o casal se entreolhava. assistia a homenagem concentrada e sorridente ao lado de Nick. null observava o segundo casal de longe com a expressão fechada. null estava mais afastada, fugindo um pouco da multidão enquanto comia escondida os doces da festa. Deu um gritinho ao sentir um sopro no seu pescoço, ao se virar, foi instintivamente com os punhos fechados socando o peito de null que segurou seus braços.
- Ei calma, você está a salvo, é eu. – ele disse e sorriu.
- Preferia que fosse o Chuck boneco assassino, ou o Freddy Krueguer. – ela disse ríspida tentando se soltar. – Eu estaria mais a salvo.
- Ah claro, por que eu sou mais perigoso, por que meu cheiro e minha pegada fazem você cair na minha armadilha mais rápido, não é? – null disse gesticulando com as mãos.
- Sem frases de efeito pra cima de mim null. – ela disse seca e grossa. – Não funcionam comigo.
- Ok, sem frases de efeito. – ele disse abrindo os braços em sinal de rendição. – Então eu vou ter que adiantar minha frase da noite, ela não é de efeito, na verdade ela é bem sincera, mas causa um efeito muito estranho em mim e foi totalmente por culpa dela que eu banquei um idiota na última semana. Me desculpe null por ter dito tudo aquilo pra você.
Ela ficou em silêncio processando tudo aquilo depois com uma feição irônica perguntou.
- Por que você acha que eu vou te desculpar? – ela perguntou com os braços cruzados. – Por que você é assim tão idiota?
- Por que eu amo você. – ele disparou olhando em seus olhos deixando a baixinha completamente sem reação. – E isso me faz mais idiota do que eu normalmente sou, por que eu não sei muito bem como é está apaixonado por alguém, me pegou de surpresa, me pegou de jeito... de um jeito gostoso. – ele disse e sorriu.
- Você me ama? – ela perguntou.
- Amo. – ele confessou. – Amo suas histerias, seus exageros, suas manias, seu ciúme, o modo como é ignorante comigo daquele jeito que só você sabe, daquele jeito que me bate, me morde, depois me beija, daquele jeito que puxa meu cabelo, me arranha e depois me deixa derretido por dentro. Adoro o jeito como você me doma... null.
Ela sorriu.
- Talvez eu possa te desculpar... – ela disse se aproximando. – Por um único motivo, além do fato de eu também te amar, é só, e apenas só, por que eu quero seu corpo nu na minha cama.
- Acho que não consigo esperar até chegar na sua cama. – ele disse e a puxou pela cintura. Logo estava a erguendo e a colocando sentada em cima da mesa de vidro e a beijando na área privada da festa. Sua mão subia nervosamente pela costas dela e os dois se beijavam como se não fizessem isso há anos.
- E finalmente, no meu discurso, eu queria agradecer ao meu filho, null, por ter me perdoado mesmo depois de anos, por ter seguido ao meu lado também apoiando minhas decisões e entendendo que mesmo não sendo um pai exemplar, eu o amo muito. – Richard continuava o discurso falando do único filho. – É muito importante pra mim, que neste dia tão especial você esteja ao meu lado, meu filho, por que além de seu pai, eu quero ser seu melhor amigo, sem disputar com o null, claro, por que francamente às vezes acho que vocês dividiram o mesmo cordão umbilical. – os convidados sorriram e null olhava orgulhoso para o pai. – E por essa razão, eu também o considero como meu filho e ninguém absolutamente mexe com meus filhos sem pagar por isso.
Os convidados aplaudiram e as luzes do salão cessaram e apenas o centro da pista de dança ficou iluminada para a dança dos noivos. null não planejava isso, olhou para o fundo da taça de champagne enquanto a outra mão estava no bolso, pensou um pouco, sorriu e deixou a taça na bandeja de alguma garçom. Passou pela mesa de e Nick e ignorou o olhar de , subiu no palco e assumiu o piano.
“ Eu corria com todas as forças, o sangue chacoalhando o meu corpo dissipando o frio e os meus risos de desdenho a respeito da policia nos perseguindo cessaram ao ver os olhos azuis assustados dela ao dá uma freada brusca impedindo de me atropelar naquele inicio da manhã, eu sonharia com aqueles olhos todos os dias até o dia que o reconheci na TV... Os Gaizos iriam colocar a vida dela em risco, não importava as centenas de vidas ali dentro, só me importava ela e como aquele cara do lado dela me causava inveja e raiva simplesmente por poder tocar sua mão.
- E... a mão esquerda? – ela perguntava ingenuamente, eu sorri, eu estava no controle, eu a estava segurando e ela era tão importante e ao mesmo tempo tão leve, ela cabia no meu abraço, nos meus braços naquela pista de dança...
- Pode deixar que eu cuido dela. – eu disse e apertei sua mão pra lhe passar confiança. – Então, como é seu nome, null?
Não sabia que o destino me colocaria frente a frente com ela novamente, só pra me provar que esse lance estranho, essa adrenalina no peito e o suor nas mãos era ela quem causava.
- Não me chama de senhorita, pode me chamar de . – ela disse se abraçando meio triste na festa da null, eu mais uma vez, tinha entrado de penetra e ela estava lá, toda linda, meiga e de sociedade.
- ... – eu repeti o nome dela e sorri como se estivesse sozinho, trancado no meu quarto, admitindo que aquele nome me marcaria pra sempre. – Que lindo nome.
- Obrigada e desculpe a confusão. – ela disse sorrindo fraco e eu não sabia que o dia do baile não seria a última vez que me arriscaria para defendê-la. Quantas vezes fosse preciso , eu me arriscaria. - Larga ela ou não me responsabilizo pelos meus atos e os atos são meus e eu faço o que eu quiser com eles! – eu disse convicto e confiante. Não importava se os Gonçales estavam em maior número, eu dei um soco no Jorgito, por que cada vez que olhava a mão dele apertando o braço dela eu sentia o mesmo aperto no meu peito.
Por que eu esqueceria do sorriso dela e das covinhas do sorriso tímido? Por que eu esqueceria que ela adora jujubas e sempre tem saquinhos na bolsa dela? Por que eu esqueceria que falei tanta besteira pra ela? Talvez isso poderia continuar no esquecimento...
- Escuta aqui, senhorita miss sociedade de Riviella. – eu disse alterando a voz naquele estacionamento escuro logo depois de enxotado Priscila e receber as acusações de . – Cavalheiro? Legal? Caralho, você não me conhece, ok? Não sei quem foi esse principizinho com quem você dançou e eu não tenho nada haver com ele assim como você não tem nada haver comigo e nem com o que eu faço com a porra da minha vida. Você não me conhece, eu sou todo errado mesmo, mas trair minha família, eu jamais faria, ok?
- VOCÊ TRAIU SEU PAI! – ela gritou extravasando a raiva e o ciúme. – Você beijou a noiva dele! Eu vi!
- Você não entenderia e eu não vou perder meu tempo te explicando nada, não foi você mesmo que disse que eu não tenho nada haver com suas decisões? Então não se meta na minha vida também e volte pro seu quartinho cor-de-rosa e pra sua coleção de Barbies, na vida real, caras como eu não perdem tempo mostrando o mundo pra pirralhas como você! – que tipo de idiota fala isso pra ela? E pior que eu não menti, eu estava tão desesperado, por que ela estava mudando isso em mim... De repente ela importava mais que eu.
“... Cuidado ‘null’, viraria bicho se algo acontecesse com você... ”
Eu a afastei, mas continuava tentando a proteger de longe...
“[...]tu é garota mais inteligente que eu mesmo distante conheço, tu é a pessoa mais esforçada e solidária que eu já vi na minha vida e eu odiaria ver suas lágrimas sendo desperdiçadas novamente... não deixa nada te afetar guria, permanece forte... tu é forte, eu sei e o seu sorriso? caralho, o seu sorriso muda tanta coisa a sua volta... ”
E muda mesmo... Me mudou...
Eu continuava desesperadamente tentando manter o sorriso no rosto dela...
- Não foi o instinto que me disse, tu tem razão, mas é que eu sou novo nessas paradas ! – eu disse perdendo a paciência já no dia que invadi o seu quarto pra pedir desculpas pela grosseria no estacionamento.
- Que paradas? – ela perguntou. Por que você perguntou? Eu tava quase me entregando.
- Essas paradas aí de escutar o coração... – eu disse abaixando a cabeça.
Como eu poderia esquecer a tatuagem de borboleta no pé dela? Liberdade...
Não se esqueça de sorrir...
Eu escrevi isso no pulso dela! Como eu poderia esquecer que o sorriso dela movia o meu mundo?
- E toda vez que eu olhar essa frase tatuada no meu peito eu vou lembrar que eu tatuei ela assim que eu sai da escola no dia da peça a noite, eu tatuei ela em homenagem a quem me fez achar o que “respira no meu peito e corre pelo sangue”. Toda vez que eu falar de amor, eu vou lembrar de você, por que agora, inacreditavelmente, eu não tenho medo de dizer que eu te amo e sou apaixonado por você null. – o balanço do barco era ignorado, por que minhas pernas balançavam mais naquele dia: eu estava me declarando.
- Eu vou cuidar do seu coração. Tá sentindo? – eu perguntei com a mão dela no meu coração. – Meu coração.... – eu a beijei. – Pulsa aqui dentro agora. Seja minha... Minha namorada .
- My heart beats for Love... – ela disse baixinho com os olhos fechados. Com aquele sorriso que me deixava caidinho... Ela me tinha nas mãos.
Como eu poderia esquecer que...
- My heart beats for you...
.”
null abriu os olhos e parecia voltar para o mundo real bem na hora que seu olhar se encontra com o de enquanto a moça dança com Nick na mesma pista que vários casais. null deixou que a banda continuasse com as músicas da dança e desceu o palco, ia determinado ao encontro de , ela sentia sua aproximação como um touro raivoso, seu coração acelerava a medida que ele se aproximava.
- ... – null falou ignorando a presença de Nick e o fato de que eles continuavam dançando até pararem para ouvir o que null tinha a dizer.
Uma forte chuva começou obrigando os convidados a entrarem mais pra dentro da tenda.
- O que foi? – perguntou ansiosa pra ouvir o que null teria a falar.
- O que você quer null? – Nick se pôs na frente de e encarou null com raiva. – Vai estragar a noite do seu pai também com suas cobranças estúpidas e suas ações infantis pra cima da ? – ele o enfrentou. null olhou bem nos olhos de Nick e já estava pra começar uma discussão quando olhou com medo de mais uma briga. – Fica longe da ou serei obrigado a desrespeitar a noite do seu pai e fazer o filho dele sofrer.
- Você não sabe nada a meu respeito, não sabe nada sobre minha história com a então, não se meta. – null disse apontando pra Nick o encurralando, permanecia com medo atrás de Nick.
- Você não sabe nada a respeito da . – Nick disse e null silenciou. – Então fique longe dela.
null recuou e tentou olhar pra atrás de Nick.
- Vamos embora . – Nick disse e segurou na mão de , os dois saíram em silêncio.
null não sabia o que fazer mais uma coisa lhe martelava na cabeça: você não sabe nada a respeito da ”
- Veremos... – ele disse e saiu no sentindo contrário, subiu novamente no palco e silenciou a banda com um movimento com as mãos. Pegou o microfone e pediu a atenção de todos. Nick puxava pra fora da tenda, já pegando um guarda-chuva para os dois quando o puxou pedindo que esperasse, pois ela queria ver o que null ia fazer.
Ele bateu no microfone e se curvou no palco pra pegar um copo de uísque, engoliu toda a bebida e procurou na multidão, se certificou de que ela tinha ficado e começou a falar sem olhar para um ponto fixo.
- Eu queria a atenção de todos vocês pra fazer uma confissão. – ele disse e logo todos olharam pra eles. – Eu conheço uma garota que tem um brilho nos olhos escondido pela timidez e um sorriso deslumbrante que me deixa com uma cara muito boba. Eu conheço uma garota que adora jujubas coloridas, mas sempre deixa as de uva por último. Eu conheço uma garota que vive se preocupando mais com o mundo ao redor dela do que com ela mesma. Qualquer cara que esteja com ela vai demorar a perceber que ela mantém o cabelo impecavelmente arrumado na escola, mas assim que sai, ela sempre joga a franja pro lado direito, eu sei que o tique nervoso dela é mexer o nariz. Que ela adora música eletrônica e tem uma tatuagem no pé. Eu sei que ela anseia por liberdade, por que ela quer realmente dizer o que pensa e caralho, como ela é inteligente. Uma hora conversando com ela e eu me sinto tão ignorante e ao mesmo tempo tão orgulhoso por ela. Eu conheço essa garota e por uma palhaçada do destino eu esqueci tudo isso por um tempo. Meu Deus, como eu poderia esquecer de tudo aquilo? Como eu poderia esquecer das noites que eu passava com insônia pensando nela e em como me aproximar sem dá pinta? Como eu pude esquecer que ela era a razão pela qual eu me interessava em música, dança, arte, teatro e literatura italiana. Como eu poderia esquecer que todas as vezes que eu a beijei eu fiz o seu mundo parar? Lembra de quando você disse isso? – ele perguntou olhando pra ela no meio da multidão, segurava as lágrimas. – Eu confesso, o meu mundo também parava ali. Como eu poderia esquecer das gargalhadas que você dava comigo e do modo como ficava solta longe de regras e de medo quando estava comigo? Como eu fui esquecer disso tudo? – ele disse triste, depois continuou. – , a questão é que ninguém te conhece tão bem como eu e ninguém mexe também tanto comigo quanto você. Ei, null, você me tem nas mãos e eu não tenho vergonha de dizer isso: eu te amo , e eu poderia ter esquecido de qualquer coisa, até do nome do meu skate, mas nunca poderia ter esquecido pra quem eu tinha entregado o meu coração. Mas eu lembrei, lembrei sabe por que? My heart beats for love, My heart beats for Love – ele cantou a capela olhando nos olhos dela, ela sorriu, ele sorriu. – It's the sound that I hear tells me not to give up, It breathes in my chest and it runs through my blood... – os convidados cantaram o resto. – My heart beats for love, My heart beats for Love. – parou de cantar e todos suspiravam. – Eu nunca poderia esquecer isso , por que eu tatuei no peito pra não esquecer e me perdoe se eu esqueci dessa parte da minha vida, você é minha vida, é o amor que corre pelas minhas veias e respira no meu peito. Como eu pude pensar que você só era mais um casinho quando você é, foi, e sempre será a mulher da minha vida? Eu te amo, me perdoa.
Ele não escutou resposta, apenas correndo no meio da multidão para encontrá-lo. Ele desceu do palco em um pulo e ela saltou o abraçando pelo pescoço. null a rodopiou.
- Eu te amo null, eu fui tão idiota, meu Deus como eu pude esquecer de tudo o que a gente tinha vivido? Mas eu juro, eu lembrei de tudo, eu revivi tudo e to cada dia mais apaixonado por você, loucamente apaixonado. – ele disse olhando em seus olhos. não conseguia segurar a alegria.
- Você lembrou, foi importante pra você. – ela disse e null a beijou.
A chuva continuava forte do lado de fora, a mansão permanecia vazia. null não conseguia se soltar de e fez o percurso da sala até seu quarto inteiro, a enchendo de beijos.
- Eu te amo, te amo demais, eu tive tanto medo de que você não voltasse. – ela disse assim que ele fechou a porta do quarto dele.
- Eu voltei, eu sempre vou voltar pra você. – ele disse a olhando de longe. – null, quando eu acordei, tipo, quando eu acordei desse pesadelo, que eu lembrei de tudo era como se me faltasse oxigênio...
- Como assim? – ela perguntou.
- Me faltava você. – ele disse com a mão no peito. – Foi assustador e eu precisava correr contra o tempo, te ver todo o tempo ao lado daquele Nick, tava me deixando furioso...
- Shiw. – ela se aproximou dele e o calou com um beijo. – Esquece o Nick, somos só eu e você com um monte de coisa pra viver daqui pra frente.
- Você vem comigo? Você pula comigo nisso? – ele perguntou abraçado nela e andando em direção a cama.
- Vou. Pulo. Eu estou com você em tudo. – ela respondeu.
- Olha só o que você está falando senhorita null). – ele disse a deitando carinhosamente em sua cama. – Lembre-se que eu sou o garoto problema de Riviella, o terror das famílias de alta sociedade.
- Então fodeu... Por que eu já to amando você há um bom tempo sem ligar pro que alguém vai dizer. – ela disse e o puxou para um beijo. – Apenas eu e você.
- Eu não vou deixar você voltar atrás. Vou te prender no meu peito pra sempre, null. – ele disse e sorriu enquanto beijava o pescoço dela.
- Eu não vou voltar atrás. – ela disse enquanto acariciava o cabelo dele.
Entre beijos e caricias, fizeram amor novamente e dormiram de conchinha naquela noite chuvosa.
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