terça-feira, 11 de agosto de 2015

CETICISMO

Ceticismo é um estado de quem duvida de tudo, de quem é descrente. Um indivíduo cético caracteriza-se por ter predisposição constante para a dúvida, para a incredulidade.
O ceticismo é um sistema filosófico fundado pelo filósofo grego Pirro (318 a.C.-272 a.C.), que tem por base a afirmação de que o homem não tem capacidade de atingir a certeza absoluta sobre uma verdade ou conhecimento específico. No extremo oposto ao ceticismo como corrente filosófica encontra-se o dogmatismo.
O cético questiona tudo o que lhe é apresentado como verdade e não admite a existência de dogmas, fenômenos religiosos ou metafísicos.
O cético pode usar o pensamento crítico e o método científico (ceticismo científico) como tentativa de comprovar a veracidade de alguma tese. No entanto, o recurso ao método científico não é uma necessidade imperiosa para o cético, podendo muitas vezes preferir a evidência empírica para atestar a validade das suas ideias.

Ceticismo filosófico

O ceticismo filosófico teve a sua origem na filosofia grega e consistia em uma negação da validade fundamental de algumas teses ou correntes filosóficas.
Este tipo de ceticismo pressupõe uma atitude que duvida da noção de verdade absoluta ou conhecimento absoluto. O ceticismo filosófico se opôs a correntes como o Estoicismo e Dogmatismo.

Ceticismo absoluto e relativo

O ceticismo pode ter alguns graus de intensidade. Como o próprio nome indica, o ceticismo absoluto, criado por Górgia, revela que não é possível conhecer a verdade, porque os sentidos enganam. Assim, tudo é considerado como uma ilusão.
Por outro lado, o ceticismo relativo não nega tão veementemente a possibilidade de conhecer a verdade, negando apenas em parte a possibilidade do conhecimento, mas ao mesmo tempo admitindo que existe uma probabilidade. Algumas correntes que apresentavam ideias do ceticismo relativo são: pragmatismo, relativismo, probabilismo e subjetivismo.

Ceticismo e dogmatismo

Segundo o filósofo Immanuel Kant, o ceticismo é o oposto do dogmatismo. Enquanto o dogmatismo indica uma crença numa verdade absoluta e indiscutível, o ceticismo é próprio de uma atitude de dúvida em relação a essas verdades ou à capacidade de solucionar definitivamente questões filosóficas.

Ceticismo científico

O ceticismo científico indica uma atitude baseada no método científico, que pretende questionar a verdade de uma hipótese ou tese científica, tentando apresentar argumentos que a comprovem ou neguem.

Ceticismo religioso

Frequentemente, o ceticismo é visto como uma atitude oposta à fé. Assim, o ceticismo religioso duvida das tradições e cultura religiosa, questionando também as noções e ensinamentos transmitidos pelas religiões.O ceticismo é um corrente de pensamento filosófico que defende a ideia da impossibilidade do conhecimento de qualquer verdade. Criado na Grécia Antiga por Pirro de Élis (filósofo grego), esta filosofia rejeita qualquer tipo de dogma (afirmação considerada verdadeira sem comprovação).

Ideias e crenças

De acordo com os céticos, todo conhecimento é relativo, pois depende da realidade da pessoa que o possui e das condições do objeto que está sendo analisado. Como a cultura (regras, leis, costumes, visões e mundo, crenças) muda em cada período histórico, os defensores do ceticismo acreditam ser impossível estabelecer o que é real e irreal ou correto e incorreto.

Logo, os céticos defendem a ideia de assumir uma postura de neutralidade em todas as questões, não fazendo julgamentos. Assim, o cético defende a indiferença total.
 Cepticismo1 ou ceticismo é qualquer atitude de questionamento para o conhecimento, fatos, opiniões ou crenças estabelecidas como fatos.2 Filosoficamente, é a doutrina da qual a mente humana não pode atingir nenhuma certeza a respeito da verdade.3
ceticismo filosófico é uma abordagem global que requer todas as informações suportadas pela evidência.4 O ceticismo filosófico clássico deriva da Skeptikoi, uma escola que "nada afirma". 5 Adeptos depirronismo, por exemplo, suspenderam o julgamento em investigações.6 Os céticos podem até duvidar da confiabilidade de seus próprios sentidos.7 O ceticismo religioso, por outro lado é "a dúvida sobre princípios religiosos básicos (como a imortalidade, a providência e a revelação)".8

História[editar | editar código-fonte]

Antiguidade[editar | editar código-fonte]

O ceticismo filosófico se manifestou na Grécia clássica, aparentemente um de seus primeiros proponentes foi Pirro de Elis (360-275 a.C.) que estudou na Índia e defendia a adoção de um "ceticismo prático".Carneades discutiu o tema de maneira mais minuciosa e contrariando os estoicos, dizia que a certeza no conhecimento, seria impossível. Sexto Empírico (200 a.C.) é tido como a autoridade maior do ceticismo grego.9 Mesmo atualmente o ceticismo filosófico costuma ser confundido com o ceticismo vulgar e com aquilo que a tradição cética denominou de "dogmatismo negativo". Nada mais está tão em desacordo com o espírito do ceticismo do que a reivindicação de quaisquer certezas, seja as positivas ou as negativas. 10 11
Na Filosofia islâmica, o ceticismo foi estabelecido por Al-Ghazali (1058–1111), conhecido no Ocidente como "Algazel", era parte da Ash'ari, a escola de teologia islâmica, cujo método de ceticismo compartilha muitas semelhanças com o método de René Descartes.12

Idade Média[editar | editar código-fonte]

Os principais textos do ceticismo clássico disponíveis hoje, não foram conhecidos no período medieval,13 mas por volta de 1430 apareceu uma edição latina das Vidas do Filósofos de Diógenes Laércio, feita por Ambrogio Traversari, este texto teve ampla circulação e pode ter despertado o interesse pelo ceticismo, é aparentemente a partir deste momento que o próprio termo scepticus se difunde.14

Ceticismo científico[editar | editar código-fonte]

Um cientista cético (ou empírico) questiona crenças com base na compreensão científica. A maioria dos cientistas, sendo cientistas céticos, testam a confiabilidade de certos tipos de afirmações, submetendo-as a uma investigação sistemática usando alguma forma de método científico.15 O ceticismo científico é uma defesa do público crédulo contra o charlatanismo e explicações sobrenaturais para fenômenos naturais.16
Apesar de o ceticismo envolver o uso do método científico e do pensamento crítico, isto não necessariamente significa que os céticos usem estas ferramentas constantemente.
Os céticos são freqüentemente confundidos com, ou até mesmo apontados como, cínicos.17 Porém, o criticismo cético válido (em oposição a dúvidas arbitrárias ou subjetivas sobre uma ideia) origina-se de um exame objetivo e metodológico que geralmente é consenso entre os céticos. Note também que o cinismo é geralmente tido como um ponto de vista que mantém uma atitude negativa desnecessária acerca dos motivos humanos e da sinceridade. Apesar de as duas posições não serem mutuamente exclusivas, céticos também podem ser cínicos, cada um deles representa uma afirmação fundamentalmente diferente sobre a natureza do mundo.
Os céticos científicos constantemente recebem também, acusações de terem a "mente fechada" 18 ou de inibirem o progresso científico devido às suas exigências de evidências cientificamente válidas. Eles se defendem argumentando que tais críticas são, em sua maioria, provenientes de adeptos de pseudociências como homeopatiareikiparanormalidade e espiritualismo,18 19 20 21 cujas visões não são adotadas ou suportadas pela ciência. Segundo Carl Sagan, cético e astrônomo, "você deve manter sua mente aberta, mas não tão aberta que o cérebro caia", e ele também afirmava que "o primeiro vicio da humanidade foi a e a primeira virtude foi o ceticismo".
A necessidade de evidências cientificamente adequadas como suporte a teorias é mais evidente na área da saúde, onde utilizar uma técnica sem a avaliação científica dos seus riscos e benefícios pode levar a piora da doença, gastos financeiros desnecessários e abandono de técnicas comprovadamente eficazes. Por esse motivo, no Brasil é vedado aos médicos a utilização de práticas terapêuticas não reconhecidas pela comunidade científica.22

Desenganadores[editar | editar código-fonte]

Um desenganador (em inglês: debunker) é um cético engajado no combate a charlatões e ideias que, na sua visão, são falsas e não científicas.
Alguns dos mais famosos são: James RandiBasava PremanandPenn e Teller e Harry Houdini23 24 25 26 27
Religiosos contrários aos grupos de céticos desenganadores dizem que suas conclusões estão cheias de interesse próprio e que nada mais são que novos movimentos de cruzadas de crentes 28 29 com a necessidade de assim se afirmarem.

Pseudo-ceticismo[editar | editar código-fonte]

O termo pseudo-ceticismo ou ceticismo patológico é usado para denotar as formas de ceticismo que se desviam da objetividade. A análise mais conhecida do termo foi conduzida por Marcello Truzzi que, em1987, elaborou a seguinte conceituação:
Uma vez que o ceticismo adequadamente se refere à dúvida ao invés da negação - descrédito ao invés de crença - críticos que assumem uma posição negativa ao invés de uma posiçãoagnóstica ou neutra, mas ainda assim se auto-intitulam "céticos" são, na verdade, "pseudo-céticos".30

Em sua análise,30 Marcello Truzzi argumentou que os pseudo-céticos apresentam a seguinte conduta:
  • A tendência de negar, ao invés de duvidar.
  • A realização de julgamentos sem uma investigação completa e conclusiva.
  • Uso de ataques pessoais.
  • A apresentação de evidências insuficientes.
  • A tentativa de desqualificar proponentes de novas idéias taxando-os pejorativamente de 'pseudo-cientistas', 'promotores' ou 'praticantes de ciência patológica'.
  • A apresentação de contra-provas não fundamentadas ou baseadas apenas em plausibilidade, ao invés de se basearem em evidências.
  • A sugestão de que evidências inconvincentes são suficientes para se assumir que uma teoria é falsa.
  • A tendência de desqualificar 'toda e qualquer' evidência.
O termo pseudo-ceticismo parece ter suas origens na filosofia, na segunda metade do século 19.31

Ceticismo como inércia[editar | editar código-fonte]

A ciência moderna é baseada no ceticismo. Por um lado, a ciência deve estar sempre aberta a novas ideias (por mais estranhas que pareçam), desde que apoiadas em evidências científicas, mas deve fazê-lo de forma que sejam sempre devidamente escrutinadas, de modo a assegurar a veracidade de suas implicações e resultados. Sempre que uma nova hipótese é formulada ou uma nova alegação é realizada, toda a comunidade científica se mobiliza de modo a comprovar sua viabilidade teórica e prática. Como em qualquer outro plano, quanto mais incomuns forem as novas ideias e invenções, mais resistência tendem a enfrentar durante seu escrutínio por meio do método científico. Uma consequência disso é que vários cientistas através da história, ao apresentarem suas idéias, foram inicialmente recebidos com alegações de fraude por colegas que não desejavam ou não eram capazes de aceitar algo que requereria uma mudança em seus pontos de vista estabelecidos. Por exemplo, Michael Faraday foi chamado de charlatão por seus contemporâneos quando disse que podia gerar uma corrente elétrica simplesmente movendo um ímã por uma bobina de fio.[carece de fontes]
Em Janeiro de 1905, mais de um ano após Wilbur e Orville Wright terem feito o seu histórico primeiro vôo em Kitty Hawk (em 17 de Dezembro de 1903), a revista Scientific American publicou um artigo ridicularizando o vôo dos Wright. Com assombrosa autoridade, a revista citou como principal razão para questionar os Wright o fato de a imprensa americana ter falhado em cobrir o vôo.32 Outros a se juntarem ao movimento cético foram o New York Herald, o Exército Americano e inúmeros cientistas americanos. Somente quando o presidente Theodore Roosevelt ordenou tentativas públicas no Forte Mayers, em 1908, após o voo do 14-bis de Alberto Santos Dumont, numa aeronave aprimorada, os irmãos Wright comprovaram suas afirmações e compeliram até os céticos mais zelosos a aceitarem a realidade das máquinas voadoras mais pesadas que o ar. Na verdade, os irmãos Wright foram bem sucedidos em demonstrações públicas do voo de sua máquina cinco anos antes do voo histórico [carece de fontes]. Nesse contexto, embora o voo dos irmãos Wright, mesmo não calando os céticos, tenha sido talvez o primeiro onde uma nave mais pesada do que o ar alçou voo, o primeiro voo de uma máquina capaz de alçar voo totalmente por conta própria, sem ajuda de catapultas, é contudo corretamente creditado a Santos Dumont, esse devidamente registrado e documentado.
A maioria das invenções revolucionárias modernas, como o microscópio de corrente de tunelamento, que foi inventado em 1981, ainda encontram intenso ceticismo e até mesmo ridículo quando são anunciados pela primeira vez. Como físico, Max Planck observou em seu livro "The Philosophy of Physics" [A Filosofia da Física], de 1936: "uma importante inovação científica raramente faz seu caminho vencendo gradualmente e convertendo seus oponentes: raramente acontece que 'Saulo' se torne 'Paulo'. O que realmente acontece é que os seus oponentes morrem gradualmente e a geração que cresce está familiarizada com a ideia desde o início".

Ver também[editar | editar código-fonte]

Notas e referências

  1. Ir para cima ILTECcepticismo Portal da Língua Portuguesa. Visitado em27/10/2013.
  2. Ir para cima R. H. Popkin, The History of Skepticism from Erasmus to Descartes(rev. ed. 1968); C. L. Stough, Greek Skepticism (1969); M. Burnyeat, ed., The Skeptical Tradition (1983); B. Stroud, The Significance of Philosophical Skepticism (1984). Encyclopedia2.thefreedictionary.com
  3. Ir para cima Dicionário UNESP do português contemporâneo. [S.l.]: UNESP, 2004. p. 267. ISBN 978-85-7139-576-3
  4. Ir para cima "O ceticismo filosófico deve ser distinguido do ceticismo comum, onde as dúvidas são levantadas contra certas crenças ou tipos de crenças, porque a evidência para a crença particular ou tipo de crença é fraco ou em falta ..." Skepdic.com
  5. Ir para cima Liddell e Scott
  6. Ir para cima Sextus Empiricus, Outlines Of Pyrrhonism, Trad. por R. G. Bury,Harvard University Press, Cambridge, Massachusetts, 1933, p. 21
  7. Ir para cima "...as duas formas mais influentes do ceticismo foram o ceticismo epistemológico radical dos céticos pirrônicos clássicos e a forma cartesiana do ceticismo epistemológico radical" UTM.edu
  8. Ir para cima Merriam–Webster
  9. Ir para cima Leonidas Hegenberg. Filosofia moral v. 2: Metaética. [S.l.]: Editora E-papers. p. 79. ISBN 978-85-7650-261-6
  10. Ir para cima Mario A. L. Guerreiro. Ceticismo ou senso comum?. [S.l.]: EDIPUCRS, 1999. p. 233. ISBN 978-85-7430-083-2
  11. Ir para cima "Não deve ser confundido com discordância de opiniões, embora o cético discorde daquele que afirma saber algo, a discordância pode existir sem o menor vestígio de ceticismo."PAULO AUGUSTO SEIFERT. Epistemologia Das Ciências Sociais. [S.l.]: IESDE BRASIL SA. ISBN 978-85-7638-761-9
  12. Ir para cima Najm, Sami M. (July–October 1966), "The Place and Function of Doubt in the Philosophies of Descartes and Al-Ghazali", Philosophy East and West (Philosophy East and West, Vol. 16, No. 3/4) 16 (3–4): 133–141, doi:10.2307/1397536 (em inglês)
  13. Ir para cima V. Copenhaver e Schimitt, 1992, p. 240-242 (em inglês)
  14. Ir para cima Luis A. De Boni (organizador). Lógica e linguagem na Idade Média. [S.l.]: EDIPUCRS. p. 289. GGKEY:RYK23C8HDAS
  15. Ir para cima Skeptoid.comWhat is skepticism? (em inglês)
  16. Ir para cima John J. Shaughnessy; Eugene B. Zechmeister; Jeanne S. Zechmeister. Metodologia de Pesquisa em Psicologia. [S.l.]: McGraw Hill Brasil. p. 33. ISBN 978-85-8055-101-3
  17. Ir para cima McNamara, Michael Skepticism vs. Cynicism
  18. ↑ Ir para:a b Zammit, Victor Answering the closed-minded skeptics
  19. Ir para cima Seavey, Todd Energy, homeopathy, and hypnosis in Santa Fe: skeptics get called closed-minded. As an experiment, why not immerse oneself in the mindset and environs of the believers? Santa Fe, New Mexico, is an easy place to do it [1]
  20. Ir para cima UFO Evidence Skeptics and Their Arguments
  21. Ir para cima BBC Homeopathy: The Test
  22. Ir para cima Resolução CFM nº 1.499/98
  23. Ir para cima Randi, James Why I Deny Religion, How Silly and Fantastic It Is, and Why I'm a Dedicated and Vociferous Bright. [2]
  24. Ir para cima James, Randi The Faith Healers, Prometheus Books, 1989
  25. Ir para cima Shermer, Michael Why People Believe Weird Things: Pseudoscience, Superstition, and Other Confusions of Our TimeOwl Books, 2002
  26. Ir para cima Randi, James Flim-Flam! Psychics, ESP, Unicorns, and Other Delusions Prometheus Books, 1982
  27. Ir para cima Taylor, Troy HOUDINI! Master Magician, Debunker & Psychic Investigator. [3]
  28. Ir para cima Zeilberger, Doron Be Skeptical of Skeptics and be Optimistic about Optimism [4]
  29. Ir para cima Brucker Annotated Skeptic's Annotated Bible
  30. ↑ Ir para:a b "Marcello Truzzi,. On Pseudo-SkepticismZetetic Scholar(1987) No. 12/13, 3-4.
  31. Ir para cima Charles Dudley Warner, Editor, Library Of The World's Best Literature Ancient And Modern, Vol. II, 1896. Disponível no Projeto Gutenberg
  32. Ir para cima Schlenoff, Daniel C. The Equivocal Success of the Wright Brothers, Scientific American, Dezembro de 2003 [5]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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