Febre tifoide é uma doença infectocontagiosa causada pela ingestão da bactéria Salmonella typhi em alimentos ou água contaminada. Trata-se de uma forma desalmonelose restrita aos seres humanos e caracterizada por sintomas proeminentes, sendo endêmica em países subdesenvolvidos.
Índice
[esconder]Causa[editar | editar código-fonte]
O gênero Salmonella corresponde a uma bactéria, do tipo bacilos gram-negativos e anaeróbios facultativos, pertencentes à família Enterobacteriaceae. Possuem metabolismo aumentado em comparação com outras bactérias.
A Salmonella typhi não é propriamente uma espécie, mas sim a designação comum do serotipo Salmonella enterica typhi (S.enterica subespécie typhi), que inclui várias outras subespécies que não causam esta doença. O serotipo Salmonella enterica paratyphi causa uma doença semelhante, a febre paratifóide.
O período de incubação é entre 1 a 3 semanas, geralmente 2. As bactérias são ingeridas e quando chegam ao lúmen intestinal invadem um tipo especializado de célula do epitélio do órgão, a célula M, por mecanismos de endocitose ou invasão direta, passando depois à áreas subserosas. Aí são fagocitadas por macrófagos, mas resistem à destruição intracelular. Como estas células linfáticas são altamente móveis, são transportadas para tecidos linfáticos por todo o corpo, como gânglios linfáticos, baço, fígado,pele e medula óssea. A sua disseminação é inicialmente pela linfa, e depois sanguínea.
Sinais e sintomas[editar | editar código-fonte]
Como a maioria das bactérias gram-negativas, possuem lipopolissacarídeos (LPS) na membrana celular, que atuam como fortes indutores de resposta imunitária, podem causar vasodilatação em todo o corpo, choque séptico etc.
Sintomas na primeira semana2 :
Outros sintomas que ocorrem a partir da segunda semana são2 :
- Abdômen sensível;
- Agitação motora;
- Manchas rosadas pelo corpo (roséola);
- Hepatoesplenomegalia1 ;
- Obstipação1 ;
- Fezes com sangue;
- Calafrios;
- Confusão mental;
- Delirium;
- Humor instável;
- Sangramento do nariz;
- Exaustão;
- Fraqueza muscular (miastenia).
Caso não seja tratado por três semanas, possíveis complicações são:
- Hemorragia (sangramento) no estômago e intestino grave (3 a 10% dos casos);
- Úlcera (perfuração) intestinal (3% dos casos);
- Insuficiência renal;
- Choque séptico;
- Trombose femural1 ;
- Abscessos nos ossos1 ;
- Peritonite (inflamação de membranas abdominais).
Transmissão[editar | editar código-fonte]
Geralmente é transmitida através da ingestão de alimentos ou água contaminada ou então pelo contacto direto com a saliva do portador em um espirro, beijo ou pela partilha de talheres e copos. É importante portanto separar talheres e copos para a pessoa infetada. Seu agente causador é classificado como uma bactéria de alta infetividade, baixa patogenicidade e alta virulência.1 [ligação inativa]
Começa a ser transmissível na primeira semana de infeção e continua até ser tratado adequadamente. Cerca de 10% dos doentes continuam eliminando bacilos até 3 meses após o início da doença.1
A salmonela sobrevive 40 dias no esgoto, 2 semanas em laticínios e 4 semanas em ostras e mariscos contaminados, podendo ser encontrado também em algumas carnes, peixes e na água do mar.1
A bactéria geralmente é espalhada através das fezes e urina de pessoas contaminadas, sendo portanto comum apenas em locais sem tratamento de água e esgoto adequado como a região Norte e Nordeste do Brasil.1
Algumas pessoas infetadas podem não apresentar sintomas, ou apresentar apenas sintomas leves, mas continuam transmitindo a doença. Deixar os alimentos na geladeira ou no congelamento não é suficiente para matar a bactéria.1
Epidemiologia[editar | editar código-fonte]
A doença é uma pandemia exclusiva em seres humanos, sendo endêmica na América Latina, na África, Europa Oriental e sul da Ásia. A OMS estima que ocorrem entre 16 e 33 milhões de casos de febre tifoide por ano, resultando em 216.000 mortes em áreas endêmicas. Sua incidência é maior em crianças e adultos jovens entre 5 e 19 anos.3
A hospitalização é feita entre 10% a 40% dos casos e dura geralmente de 10 a 15 dias ou mais. Sem tratamento 10% a 30% morrem em menos de um mês, e com tratamento a mortalidade diminui para cerca de 1% a 4% em áreas endêmicas, geralmente crianças.4
No Brasil, entre 2000 e 2011, ocorreram entre 100 a 1000 casos por ano com menos de 30 casos por ano resultando em morte. Pará e Alagoas foram os mais afetados e a maior parte dos casos foi entre 2002 e 2006. 75% dos casos foram em áreas urbanas. A principal suspeita da contaminação, em cerca de 70%, foi por ingestão de alimentos ou água contaminados.1
Diagnóstico[editar | editar código-fonte]
Para o diagnóstico definitivo da FT é necessário o isolamento da Salmonella typhi, uma vez que o quadro clínico é não específico e comum a outras patologias. Eventualmente podem ser usados métodos que demonstram a presença de antígenos ou anticorpos contra esta bactéria.
A reacção de Widal é um teste de aglutinação em tubo que demonstra resposta serológica contra a S. typhi. Este teste, apesar de apresentar várias limitações, é ainda muito utilizado em regiões pouco desenvolvidas.5
Exames de sangue mostram elevado número de leucócitos. Cultura sanguínea, de medula ou de fezes podem revelar a bactéria.2
Atualmente estão disponíveis testes comerciais que utilizam uma metodologia modificada e possibilitam a deteção de anticorpos contra os antígenos O, H, ou Vi da S.typhi
Tratamento[editar | editar código-fonte]
A febre tifoide deve ser tratada com antibióticos específicos, mais normalmente o cloranfenicol, ampicilina ou quinolonas. Caso os antibióticos tradicionais não sejam eficientes em reduzir os sintomas em poucos dias, antibióticos alternativos como fluoroquinolona podem ser utilizados6 . Pacientes com vômito e diarreia por mais de um dia podem receber soro oral ou injetável para reidratarem.
Complicações são mais comuns em crianças. Cirurgia pode ser necessária para tratar as ulcerações do sistema digestivo, especialmente no intestino, vesículas e bexiga.
Os doentes que se tenham curado sem tratamento antibiótico podem continuar transmitindo a doença por vários meses, exigindo tratamento com antibióticos e separação de copos e talhes até eliminam as bactérias remanescentes.
Prevenção[editar | editar código-fonte]
Além da vacinação, para evitar o contágio da febre tifoide é necessário tratar a água e o esgoto, eliminar o lixo adequadamente, lavar bem as mãos , os alimentos e cozinha-los . É importante identificar os portadores recorrentes para eliminar as bactérias resistentes a algum antibiótico.3
As vacinas modernas possuem 96% a 89% de eficiência nos primeiros 3 anos, porém vacinas mais antigas com 75%-55% de eficiência também são usadas em certos países subdesenvolvidos. Geralmente só são oferecidas gratuitamente para a população geral durante surtos nas regiões mais afetadas.3
Histórico[editar | editar código-fonte]
A Salmonella typhi é também conhecida como bacilo de Elberth, assim chamado em homenagem a Karl Joseph Elberth que o descreveu pela primeira vez em 1880.
Em 1907, Mary Mallon (a original "Maria Tifóide") foi o primeiro portador a ser identificado após uma epidemia, nos EUA.
A febre tifoide vitimou várias personagens históricas, incluindo o compositor Franz Schubert, o consorte da Rainha Vitória do Reino Unido, Alberto de Saxe-Coburgo-Gota,Wilbur Wright, um dos primeiros aviadores, Péricles (governante de Atenas), e ainda a princesa do Brasil Leopoldina de Bragança e Bourbon.
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Tifo (doença distinta causada por bactéria do gênero Rickettsia)
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Dados governamentais brasileiros
- Informação sobre a febre tifoide no site da Universidade Federal do Rio de Janeiro
Referências
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n Apresentação Febre tifoide Ministério da Saúde do Brasil.
- ↑ a b c pmhdev. Typhoid fever PubMed Health.
- ↑ a b c Immunization, Vaccines and Biologicals - Research and development Organização Mundial da Saúde.
- ↑ Crump JA , et al.. The global burden of typhoid fever. nih.gov.
- ↑ Ryan KJ, Ray CG (editors) (2004). Sherris Medical Microbiology (4th ed.). McGraw Hill. ISBN 0-8385-8529-9.
- ↑ Cooke FJ, Wain J, Threlfall EJ (2006). "Fluoroquinolone resistance in Salmonella typhi (letter)". Brit Med J 333 (7563): 353–354. doi:10.1136/bmj.333.7563.353-b. PMC 1539082. PMID 16902221.
Febre tifoide é uma doença infectocontagiosa, de notificação compulsória, causada pela bactéria Salmonella enterica typhi. A enfermidade étransmitida pelo consumo de água e alimentos contaminados ou pelo contato direto, em razão da presença de bacilos eliminados nas fezes e urina humanas dos portadores da doença ativa ou nas fezes dos portadores assintomáticos. Embora haja casos registrados no mundo todo, a enfermidade é endêmica nos locais em que as condições sanitárias e de higiene inexistem ou são inadequadas.
A transmissão se dá exclusivamente por via fecal-oral. Ao penetrar no organismo, as bactérias que não são destruídas pelo suco gástrico no estômago, atravessam a parede do intestino delgado e caem na corrente sanguínea. Nessa fase, surgem os primeiros sintomas. Como a Salmonella typhi pode multiplicar-se no interior das células de defesa, a infecção se dissemina pelo organismo. Os órgãos mais afetados costumam ser o fígado, baço, vesícula, medula óssea e todo o intestino.
Observação importante: É de extrema importância esclarecer que febre tifoide e tifo são duas entidades distintas, transmitidas por micro-organismos diferentes. A primeira é transmitida pela Salmonella typhi e o tifo, por micro-organismos do gêneroRickettsia.
Sintomas
Algumas pessoas são portadoras crônicas, mas assintomáticas da Salmonella, e podem transmiti-la nas fezes, o que dificulta o controle da doença.
O período de incubação varia entre oito e 14 dias. Os sintomas começam leves, vão crescendo de intensidade nas três primeiras semanas depois do contágio e só começam a regredir na quarta semana.
Os mais característicos são febre prolongada, alterações intestinais que vão da constipação à diarreia com sangue, cefaleia (dor de cabeça), falta de apetite, mal-estar, prostração, aumento do fígado e baço, distensão e dores abdominais, náuseas e vômitos. Em alguns casos, aparecem manchas rosadas no tórax e abdômen conhecidas por roseola tífica.
Sem tratamento, esses sintomas se agravam e podem surgir complicações graves, como hemorragias abdominais e perfuração do intestino, com risco de o quadro evoluir para septicemia, coma e morte.
Diagnóstico
O diagnóstico leva em conta a avaliação clinica do paciente e o isolamento da bactéria por meio de exames laboratoriais de hemocultura, coprocultura, mielocultura e pela reação sorológica de Widal. Esse isolamento é fundamental para estabelecer o diagnóstico diferencial com outras patologias intestinais que apresentam sintomas semelhantes.
Vacinação
Duas preparações de vacinas são recomendadas na prevenção da febre tifoide:
1) a que contém uma forma atenuada dos germes vivos, (Ty21) administrada por via oral em quatro doses, em dias alternados;
2) a parenteral de polissacarídeos (Vi CPS) administrada em dose única por via intramuscular.
O problema é que nenhuma delas oferece imunização completa nem está indicada nas situações de risco de epidemias.
Tratamento
O tratamento da febre tifoide inclui a administração de antibióticos (clorafenicol, ampicilina e quinolonas, entre outros) e a reidratação do paciente, e deve começar tão logo seja levantada a possibilidade da infecção.
Repouso, dieta leve e sem resíduos, ingestão maior de líquidos são medidas de suporte importantes durante a vigência da infecção e no período de convalescença que pode ser longo. Nos dois extremos da vida, infância e velhice, assim como durante a gestação, os doentes são mais vulneráveis a complicações.
Embora o acompanhamento dos pacientes possa ser realizado ambulatorialmente, ao menor sinal de agravamento do quadro, eles devem ser encaminhados para atendimento médico-hospitalar.
Recomendações
* Lave bem as mãos, especialmente depois de ter usado o banheiro, antes das refeições e quando for lidar com alimentos;
* Informe-se sobre medidas de proteção que deve tomar antes de viajar para lugares considerados de risco para a infecção pelaSalmonella;
* Não consuma alimentos crus, mal cozidos, ou conservados à temperatura ambiente nem os oferecidos por ambulantes em locais considerados de risco para a febre tifoide;
* Beba somente água fervida ou engarrafada com gás e exija que as garrafas sejam abertas na sua presença, quando suspeitar que as condições sanitárias e de higiene são precárias;
* Siga as orientações médicas sobre a conveniência de ser vacinado contra a febre tifoide, antes de viajar para lugares com risco maior de infecção pela Salmonella tiphi.Doença de distribuição mundial associada a baixos níveis sócio-econômicos, situação precária de saneamento básico, higiene pessoal e ambiental. Por isso, está praticamente extinta em países onde esses problemas foram superados. No Brasil, ocorre de forma endêmica, com algumas epidemias onde as condições são mais precárias.
sintomas
Sintomas de Febre tifoide
Febre alta, dores de cabeça, mal-estar geral, falta de apetite, retardamento do ritmo cardíaco, aumento do volume do baço, manchas rosadas no tronco, prisão de ventre ou diarréia e tosse seca.
tratamento e cuidados
Tratamento de Febre tifoide
O paciente deve ser tratado em nível ambulatorial, basicamente com antibióticos e reidratação. Em casos excepcionais, é preciso internação para hidratação e administração venosa de antibióticos. Sem tratamento antibiótico adequado, a doença pode ser fatal em até 15% dos casos.
convivendo (prognóstico)
Complicações possíveis
A febre tifoide pode ser transmitida pela ingestão de água ou de alimentos contaminados com fezes humanas ou com urina contendo a bactéria Salmonella entérica sorotipo Typhi. Algumas vezes pode ser transmitida pelo contato direto (mão-boca) com fezes, urina, secreção respiratória, vômito ou pus de indivíduo infectado. A vítima elimina a bactéria nas fezes e na urina, independentemente de apresentar os sintomas da doença. O tempo de eliminação das bactérias pode ser de até três meses. Portadores crônicos podem transmiti-la por até um ano.
prevenção
Prevenção
Ferver ou filtrar a água antes de consumi-la, prevenir-se com higiene pessoal, saneamento básico e preparo adequado dos alimentos, evitar alimentação na rua e, se necessário, dar preferência a pratos preparados na hora, por fervura, e servidos ainda quentes. A vacina contra febre tifoide é a forma mais eficaz de imunização.
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