Médiuns são criaturas de sensibilidade aguçada, que podem registrar a presença de espíritos e podem, também, transportar-se para o Plano Espiritual e descrever cenas e fatos. Podem ouvir espíritos e emprestar seu corpo físico para servir de veículo de manifestação temporária de espíritos desencarnados.
O fato de o indivíduo ser médium não lhe confere, necessariamente, a coroa de santificação. Médium é apenas um trabalhador da verdade que, quanto mais moralizado e evangelizado for, melhor terá condições de servir ao próximo e de ser veículo de espíritos superiores. Médiuns existem no Espiritismo e fora dele. O Espiritismo não inventou os médiuns; a Doutrina Espírita procura educar, orientar, ajudar o médium a cumprir fielmente o preceito cristão de "dar de graça aquilo que de graça recebemos".
Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos é, por esse fato, médium. Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo. Por isso mesmo, raras são as pessoas que dela não possuam alguns rudimentos. Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns. Todavia, usualmente, assim só se qualificam aqueles em quem a faculdade mediúnica se mostra bem caracterizada e se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade, o que então depende de uma organização mais ou menos sensitiva. É de notar-se, além disso, que essa faculdade não se revela, da mesma maneira, em todos.
Médiuns de efeitos físicos
Os médiuns de efeitos físicos são particularmente aptos a produzir fenômenos materiais, como os movimentos dos corpos inertes, ou ruídos, etc. Podem dividir-se em médiuns facultativos e médiuns involuntários.
Os médiuns facultativos são os que têm consciência do seu poder e que produzem fenômenos espíritas por ato da própria vontade.
Os médiuns involuntários ou naturais são aqueles que nenhuma consciência têm do poder que possuem e, muitas vezes, o que de anormal se passa em torno deles não se lhes afigura de modo algum extraordinário. Isso faz parte deles, exatamente como se dá com as pessoas que, sem o suspeitarem, são dotadas de dupla vista. Manifestam-se em todas as idades e freqüentemente em crianças ainda muito novas.
Um dos fatos mais extraordinários desta natureza, pela variedade e singularidade dos fenômenos, é, sem contestação, o que ocorreu em 1852, no Palatinado (Baviera renana), em Bergzabem, perto de Wissemburg. É tanto mais notável, quanto denota, reunidos no mesmo indivíduo, quase todos os gêneros de manifestações espontâneas: estrondos de abalar a casa, derribamento dos móveis, arremesso de objetos ao longe por mãos invisíveis, visões e aparições, sonambulismo, êxtase, catalepsia, atração elétrica, gritos e sons aéreos, instrumentos tocando sem contacto, comunicações inteligentes, etc. e, o que não é de somenos importância, a comprovação destes fatos, durante quase dois anos, por inúmeras testemunhas oculares, dignas de crédito pelo saber e pelas posições sociais que ocupavam. A narração autêntica dos aludidos fenômenos foi publicada, naquela época, em muitos jornais alemães e, especialmente, numa brochura hoje esgotada e raríssima. Na Revue Spirite de 1858 se encontra a tradução completa dessa brochura, com os comentários e explicações indispensáveis.
Médiuns sensitivos, ou impressionáveis
Chamam-se assim às pessoas suscetíveis de sentir a presença dos Espíritos por uma impressão vaga, por uma espécie de leve roçadura sobre todos os seus membros, sensação que elas não podem explicar.
Esta faculdade se desenvolve pelo hábito e pode adquirir tal sutileza, que aquele que a possui reconhece, pela impressão que experimenta, não só a natureza, boa ou má, do Espírito que lhe está ao lado, mas até a sua individualidade, como o cego reconhece, por um certo não sei quê, a aproximação de tal ou tal pessoa. Torna-se, com relação aos Espíritos, verdadeiro sensitivo. Um bom Espírito produz sempre uma impressão suave e agradável; a de um mau Espírito, ao contrário, é penosa, angustiosa, desagradável. Há como que um cheiro de impureza.
Médiuns audientes
Estes ouvem a voz dos Espíritos. É, como dissemos ao falar da pneumatofonia, algumas vezes uma voz interior, que se faz ouvir no foro íntimo; doutras vezes, é uma voz exterior, clara e distinta, qual a de uma pessoa viva. Os médiuns audientes podem, assim, travar conversação com os Espíritos.
Médiuns falantes
Os médiuns audientes, que apenas transmitem o que ouvem, não são, a bem dizer, médiuns falantes. Estes últimos, as mais das vezes, nada ouvem. Neles, o Espírito atua sobre os orgãos da palavra, como atua sobre a mão dos médiuns escreventes. Querendo comunicar-se, o Espírito se serve do órgão que se lhe depara mais flexível no médium. A um, toma da mão; a outro, da palavra; a um terceiro, do ouvido. O médium falante geralmente se exprime sem ter consciência do que diz e muitas vezes diz coisas completamente estranhas às suas idéias habituais, aos seus conhecimentos e, até, fora do alcance de sua inteligência. Embora se ache perfeitamente acordado e em estado normal, raramente guarda lembrança do que diz. Alguns há que têm a intuição do que dizem, no momento mesmo em que pronunciam as palavras.
Médiuns videntes
Os médiuns videntes são dotados da faculdade de ver os Espíritos. Alguns gozam dessa faculdade em estado normal, quando perfeitamente acordados, e conservam lembrança precisa do que viram. Outros só a possuem em estado sonambúlico, ou próximo do sonambulismo. A possibilidade de ver em sonho os Espíritos resulta, sem contestação, de uma espécie de mediunidade, mas não constitui, propriamente falando, o que se chama médium vidente.
O médium vidente julga ver com os olhos, como os que são dotados de dupla vista; mas, na realidade, é a alma quem vê e por isso é que eles, tanto vêem com; os olhos fechados, como com os olhos abertos; donde se conclui que um cego pode ver os Espíritos, do mesmo modo que qualquer outro que tem perfeita a vista. Espíritos que na Terra foram cegos nos disseram que, quando vivos, tinham, pela alma, a percepção de certos objetos e que não se encontravam imersos em negra escuridão. Kardec conta:
Assistimos uma noite à representação da ópera Oberon, em companhia de um médium vidente muito bom. Havia na sala grande número de lugares vazios, muitos dos quais, no entanto, estavam ocupados por Espíritos, que pareciam interessar-se pelo espetáculo. Alguns se colocavam junto de certos espectadores, como que a lhes escutar a conversação. Cena diversa se desenrolava no palco: por detrás dos atores muitos Espíritos, de humor jovial, se divertiam em arremedá-los, imitando-lhes os gestos de modo grotesco; outros, mais sérios, pareciam inspirar os cantores e fazer esforços por lhes dar energia.
Médiuns sonambúlicos
O sonâmbulo age sob a influência do seu próprio Espírito; é sua alma que, nos momentos de emancipação, vê, ouve e percebe, fora dos limites dos sentidos. O que ele externa tira-o de si mesmo; suas idéias são, em geral, mais justas do que no estado normal, seus conhecimentos mais dilatados, porque tem livre a alma. Numa palavra, ele vive antecipadamente a vida dos Espíritos. O médium, ao contrário, é instrumento de uma inteligência estranha; é passivo e o que diz não vem de si. Em resumo, o sonâmbulo exprime o seu próprio pensamento, enquanto que o médium exprime o de outrem. Muitos sonâmbulos vêem perfeitamente os Espíritos e os descrevem com tanta precisão, como os médiuns videntes. Podem confabular com eles e transmitirnos seus pensamentos. O que dizem, fora do âmbito de seus conhecimentos pessoais, lhes é com freqüência sugerido por outros Espíritos. Kardec conta:
Um de nossos amigos tinha como sonâmbulo um rapaz de 14 a 15 anos, de inteligência muito vulgar e instrução extremamente escassa. Entretanto, no estado de sonambulismo, deu provas de lucidez extraordinária e de grande perspicácia. Excedia, sobretudo, no tratamento das enfermidades e operou grande número de curas consideradas impossíveis. Certo dia, dando consulta a um doente, descreveu a enfermidade com absoluta exatidão. Não basta, disseram-lhe, agora é preciso que indiques o remédio. Não posso, respondeu, meu anjo doutor não está aqui. Quem é esse anjo doutor de quem falas? - O que dita os remédios. - Não és tu, então, que vês os remédios? - Oh! não; estou a dizer que é o meu anjo doutor quem mos dita.
Assim, nesse sonâmbulo, a ação de ver o mal era do seu próprio Espírito que, para isso, não precisava de assistência alguma; a indicação, porém, dos remédios lhe era dada por outro. Não estando presente esse outro, ele nada podia dizer. Quando só, era apenas sonâmbulo; assistido por aquele a quem chamava seu anjo doutor, era sonâmbulo-médium.
Médiuns curadores
Este gênero de mediunidade consiste, principalmente, no dom que possuem certas pessoas de curar pelo simples toque, pelo olhar, mesmo por um gesto, sem o concurso de qualquer medicação. Dir-se-á, sem dúvida, que isso mais não é do que magnetismo. Evidentemente, o fluido magnético desempenha aí importante papel; porém, quem examina cuidadosamente o fenômeno sem dificuldade reconhece que há mais alguma coisa. Todos os magnetizadores são mais ou menos aptos a curar, desde que saibam conduzir-se convenientemente, ao passo que nos médiuns curadores a faculdade é espontânea e alguns até a possuem sem jamais terem ouvido falar de magnetismo.
Médiuns pneumatógrafos
Dá-se este nome aos médiuns que têm aptidão para obter a escrita direta, o que não é possível a todos os médiuns escreventes. Esta faculdade, até agora, se mostra muito rara.
Médiuns escreventes ou psicógrafos
De todos os meios de comunicação, a escrita manual é o mais simples, mais cômodo e, sobretudo, mais completo. Para ele devem tender todos os esforços, porquanto permite se estabeleçam, com os Espíritos, relações tão continuadas e regulares, como as que existem entre nós. Com tanto mais afinco deve ser empregado, quanto é por ele que os Espíritos revelam melhor sua natureza e o grau do seu aperfeiçoamento, ou da sua inferioridade. Pela facilidade que encontram em exprimir-se por esse meio, eles nos revelam seus mais íntimos pensamentos e nos facultam julgá-los e apreciar-lhes o valor. Para o médium, a faculdade de escrever é, além disso, a mais suscetível de desenvolver-se pelo exercício.
1. Médiuns mecânicos
O Espírito pode exprimir diretamente suas idéias, quer movimentando um objeto a que a mão do médium serve de simples ponto de apoio, quer acionando a própria mão.
Quando atua diretamente sobre a mão, o Espírito lhe dá uma impulsão de todo independente da vontade deste último. Ela se move sem interrupção e sem embargo do médium, enquanto o Espírito tem alguma coisa que dizer, e pára, assim que ele acaba.
Nesta circunstância, o que caracteriza o fenômeno é que o médium não tem a menor consciência do que escreve. É preciosa esta faculdade, por não permitir dúvida alguma sobre a independência do pensamento daquele que escreve.
2. Médiuns intuitivos
A transmissão do pensamento também se dá por meio do Espírito do médium, ou, melhor, de sua alma. O Espírito livre, neste caso, não atua sobre a mão, para fazê-la escrever; não a toma, não a guia. Atua sobre a alma, com a qual se identifica. Nessa situação, o médium tem consciência do que escreve, embora não exprima o seu próprio pensamento. É o que se chama médium intuitivo.
O papel do médium mecânico é o de uma máquina; o médium intuitivo age como o faria um intérprete. Este, de fato, para transmitir o pensamento, precisa compreendê-lo, apropriar-se dele, de certo modo, para traduzi-lo fielmente e, no entanto, esse pensamento não é seu, apenas lhe atravessa o cérebro.
3. Médiuns semimecânicos
No médium puramente mecânico, o movimento da mão independe da vontade; no médium intuitivo, o movimento é voluntário e facultativo. O médium semimecânico participa de ambos esses gêneros. Sente que à sua mão uma impulsão é dada, mau grado seu, mas, ao mesmo tempo, tem consciência do que escreve, à medida que as palavras se formam. No primeiro o pensamento vem depois do ato da escrita; no segundo, precede-o; no terceiro, acompanha-o. Estes últimos médiuns são os mais numerosos.
4. Médiuns inspirados
Todo aquele que, tanto no estado normal, como no de êxtase, recebe, pelo pensamento, comunicações estranhas às suas idéias preconcebidas, pode ser incluído na categoria dos médiuns inspirados. Ao inspirado, ainda é mais difícil distinguir o pensamento próprio do que lhe é sugerido. A inspiração nos vem dos Espíritos que nos influenciam para o bem, ou para o mal, porém, procede, principalmente, dos que querem o nosso bem e cujos conselhos muito amiúde cometemos o erro de não seguir. Ela se aplica, em todas as circunstâncias da vida, às resoluções que devamos tomar. Sob esse aspecto, pode dizer-se que todos são médiuns, porquanto não há quem não tenha seus Espíritos protetores e familiares, a se esforçarem por sugerir aos protegidos salutares idéias. Se todos estivessem bem compenetrados desta verdade, ninguém deixaria de recorrer com freqüência à inspiração do seu anjo de guarda, nos momentos em que se não sabe o que dizer, ou fazer. Que cada um, pois, o invoque com fervor e confiança, em caso de necessidade, e muito freqüentemente se admirará das idéias que lhe surgem como por encanto, quer se trate de uma resolução a tomar, quer de alguma coisa, a compor.
Também se podem incluir nesta categoria as pessoas que, sem serem dotadas de inteligência fora do comum e sem saírem do estado normal, têm relâmpagos de uma lucidez intelectual que lhes dá momentaneamente desabitual facilidade de concepção e de elocução e, em certos casos, o pressentimento de coisas futuras. Nesses momentos, que com acerto se chamam de inspiração, as idéias abundam, sob um impulso involuntário e quase febril. Parece que uma inteligência superior nos vem ajudar e que o nosso espírito se desembaraçou de um fardo.
Os homens de gênio, de todas as espécies, artistas, sábios, literatos, são sem dúvida Espíritos adiantados, capazes de compreender por si mesmos e de conceber grandes coisas. Ora, precisamente porque os julgam capazes, é que os Espíritos, quando querem executar certos trabalhos, lhes sugerem as idéias necessárias e assim é que eles, as mais das vezes, são médiuns sem o saberem. Têm, no entanto, vaga intuição de uma assistência estranha, visto que todo aquele que apela para a inspiração, mais não faz do que uma evocação. Se não esperasse ser atendido, por que exclamaria, tão frequentemente: meu bom gênio, vem em meu auxílio?
Qual a causa primária da inspiração?
"O Espírito que se comunica pelo pensamento."
Um autor, um pintor, um músico, por exemplo, poderiam, nos momentos de inspiração, ser considerados médiuns?
"Sim, porquanto, nesses momentos, a alma se lhes torna mais livre e como que desprendida da matéria; recobra uma parte das suas faculdades de Espírito e recebe mais facilmente as comunicações dos outros Espíritos que a inspiram."
5. Médiuns de pressentimentos
O pressentimento é uma intuição vaga das coisas futuras. Algumas pessoas têm essa faculdade mais ou menos desenvolvida. Pode ser devida a uma espécie de dupla vista, que lhes permite entrever as conseqüências das coisas atuais e a filiação dos acontecimentos. Mas, muitas vezes, também é resultado de comunicações ocultas e, sobretudo neste caso, é que se pode dar aos que dela são dotados o nome de médiuns de pressentimentos, que constituem uma variedade dos nédiuns inspirados.
Médiuns especiais
Além das categorias de médiuns que acabamos de enumerar, a mediunidade apresenta uma variedade infinita de matizes, que constituem os chamados médiuns especiais, dotados de aptidões particulares, ainda não definidas, abstração feita das qualidades e conhecimentos do Espírito que se manifesta.
A natureza das comunicações guarda sempre relação com a natureza do Espírito e traz o cunho da sua elevação, ou da sua inferioridade, de seu saber, ou de sua ignorância. Mas, em igualdade de merecimento, do ponto de vista hierárquico, há nele incontestavelmente uma propensão para se ocupar de uma coisa preferentemente a outra. Há Espíritos poetas, músicos, desenhistas, moralistas, sábios, médicos, etc. De par com a aptidão do Espírito, há a do médium, que é, para o primeiro, instrumento mais ou menos cômodo, mais ou menos flexível e no qual descobre ele qualidades particulares que não podemos apreciar.
Façamos uma comparação: um músico muito hábil tem ao seu alcance diversos violinos, que todos, para o vulgo, são bons instrumentos, mas que são muito diferentes uns dos outros para o artista consumado, o qual descobre neles matizes de extrema delicadeza, que o levam a escolher uns e a rejeitar outros, matizes que ele percebe por intuição, visto que não os pode definir. O mesmo se dá com relação aos médiuns. Em igualdade de condições quanto às forças mediúnicas, o Espírito preferirá um ou outro, conforme o gênero da comunicação que queira transmitir. Assim, por exemplo, indivíduos há que, como médiuns, escrevem admiráveis poesias, sendo certo que, em condições ordinárias, jamais puderam ou souberam fazer dois versos; outros, ao contrário, que são poetas e que, como médiuns, nunca puderam escrever senão prosa, mau grado ao desejo que nutrem de escrever poesias. Outro tanto sucede com o desenho, com a música, etc. Alguns há que, sem possuírem de si mesmos conhecimentos científicos, demonstram especial aptidão para receber comunicações eruditas; outros, para os estudos históricos; outros servem mais facilmente de intérpretes aos Espíritos moralistas.. Numa palavra, qualquer que seja a maleabilidade do médium, as comunicações que ele com mais facilidade recebe trazem geralmente um cunho especial; alguns existem mesmo que não saem de uma certa ordem de idéias e, quando destas se afastam, só obtêm comunicações incompletas, lacónicas e não raro falsas. Além das causas de aptidão, os Espíritos também se comunicam mais ou menos preferentemente por tal ou qual intermediário, de acordo com as suas simpatias. O primeiro sintoma da mediunidade é a facilidade em captar energias negativas no local. O médium começa a abrir a boca, sente dores de cabeça quando está em um lugar com grande aglomeração de pessoas, torna-se irritadiço por qualquer motivo e tem dificuldades no convívio com a família, chegando a pensar que ninguém o entende.
Por ser mais sensível do que as outras pessoas, sente com mais freqüência as flutuações de humor, além de vivenciar situações estranhas e aflitivas.
O maior estudioso deste tema foi o fundador do Espiritismo, Allan Kardec (1804 - 1869) que assim definiu a mediunidade: "todo aquele que sente em um grau qualquer influência dos espíritos, é, por esse fato, médium".
O médium é capaz de produzir um fenômeno de atração magnética e, assim como um imã, consegue captar o campo áurico de uma pessoa ou de alguém que já morreu. Ele é uma ponte entre vivos e espíritos e experimenta fenômenos que desafiam até a ciência.
Para os céticos, o médium é considerado um "portador de algum distúrbio psiquiátrico", o que não é verdade. O DSM (Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders) -- a bíblia da psiquiatria, orienta que os médicos devem tomar cuidado para não diagnosticar os médiuns como pessoas portadoras de alguma psicopatia.
A ciência é resistente aos fenômenos mediúnicos e, para entender porque isto ocorre, devemos lembrar que até o final do século XIX a mediunidade era chamada de "histeria de múltipla personalidade".
Os médiuns são porta-vozes de um mundo que as pessoas desejam que exista; isto corre porque a ciência deixa de satisfazer ou atender a uma necessidade emocional.
Eles são, portanto, canais de alívio para muitas aflições, sendo encontrados na religião espírita, no catolicismo e não raro em outras religiões que seguem normas mais rígidas. A mediunidade não escolhe credo, raça ou condição social, ela é divina e universal.
Tipos de médiuns
Cura: realizam a cura através da imposição das mãos no doente; fazem orações e cirurgias espirituais.
Desobsessores: capazes de orientar os espíritos que não são evoluídos, contribuindo para sua elevação (geralmente na primeira sessão, a pessoa sente-se mal, chegando a dar trabalho para os médiuns mais velhos do centro espírita).
Intuitivos: considerados os mais elevados; eles ouvem, sentem, recebem o pensamento dos desencarnados, de modo consciente.
Psicografia: escrevem mensagens provenientes do plano espiritual, auxiliados por seus mentores (como o caso do maior médium brasileiro já falecido, Chico Xavier).
Psicopictógrafos: incorporam pintores desencarnados desenhando nas telas obras fantásticas (como o médium Gasparetto, conhecido internacionalmente).
Videntes: podem voltar-se para o futuro, tendo visões de algo que poderá ocorrer a uma longa distância. Muitos recorrem à telepatia (quando é possível ouvir a voz, ou subvoz no seu interior), ou a clarividência(enxergar o desencarnado ou cenas distantes).
Em algumas sessões podem ocorrer a psicofonia (o médium fala como se fosse outra pessoa) ou a xenoglassia (falar ou escrever em outro idioma).
O que acontece em uma manifestação mediúnica?
O médium fecha os olhos, deixando a mente quieta (meditação) para que depois de alguns minutos, ocorram os arrepios, a sensação de calor, a aceleração dos batimentos cardíacos, alguns movimentos involuntários e a sensação de uma outra energia ao seu redor.
Assim, inicia-se o funcionamento cerebral nas regiões da glândula pineal (centro do cérebro), lobo temporal e o sistema límbico (responsável pelas emoções). A atividade na respiração celular pode fazer com que se produza o ectoplasma, ou seja, a energia humana que possibilita o corpo contatar com o espirito.
A glândula pineal é definida como uma espécie de "antena" que capta as vibrações dos espíritos. Também é responsável por regular a produção hormonal e funciona no desenvolvimento do corpo.
Esta glândula produz melatonina (que tem um efeito sedativo) sendo responsável pela percepção da passagem do tempo -- isto explica o fato de o médium não ter noção do tempo em que ficou no transe.
Depois do término dos trabalhos, o médium precisa refazer o seu ectoplasma, a substância semi-espiritual que se renova posteriormente, devendo ingerir proteínas para retornar ao seu estado normal.
Mediunidade realmente existe?
O físico francês Patrick Druot, pesquisador do Instituto Monroe dos Estados Unidos, afirmou que: "a mediunidade existe. A ciência sabe como o cérebro funciona quimicamente, mas ainda não sabe o que faz o cérebro funcionar nos casos mediúnicos".
Conclui-se que a mediunidade não pode se vista apenas como algo religioso, mas como um atributo biológico. O aumento do interesse pelos assuntos relacionados à mediunidade é explicado pelo desejo de se ter certeza de que a morte não é o fim, e que é possível contatar com os que já partiram (e que se encontrarão posteriormente).
Quanto maior for o espirito de luz que está auxiliando o trabalho do médium, maior é o seu nível de consciência. A incorporação deve ocorrer de maneira suave, harmônica, sendo o médium um portador de palavras de amor.
O ponto em comum de todos os médiuns é o sentimento de ajuda ao próximo. A honestidade é o mais importante aspecto de suas vidas. O desenvolvimento da mediunidade significa estar presente no mundo e não desligar-se dele.
O médium possui uma responsabilidade maior do que uma pessoa comum. Não existe sinal de santificação, ao contrário; é uma vida com muitas experiências difíceis que acabam por proporcionar o seu amadurecimento.
O dever de todo médium é amar, respeitar o próximo, doar seus ouvidos e consolar os que necessitam. Deve ter sua moral sempre aperfeiçoada e lembrar que todos nós estamos sujeitos a lei do karma (causa e efeito). É importante aplicar-se ao serviço do bem, convertendo-se em um instrumento de luz para si próprio e para todos os que o rodeiam. A mediunidade é uma dádiva.Médiuns são todos que sentem, de alguma maneira, a presença dos espíritos, independente da intensidade e da diversidade dessas manifestações. Segundo a doutrina, essa faculdade é inerente ao ser humano e não constitui privilégio de ninguém, pois todas as pessoas possuem mediunidade mesmo que em "estado rudimentar".
Os médiuns mais desenvolvidos acabam se sobressaindo e recebem a denominação com mais freqüência, dando a falsa impressão de que são a minoria. Os médiuns tem, na sua maioria, faculdades especiais de captação das manifestações espirituais, fazendo que eles se tornem diferentes entre si ao se expressarem. As principais variedades dessas manifestações estão relacionadas a seguir:
Médiuns de efeitos físicos: produzem fenômenos materiais como movimentação de objetos, ruídos, batidas, etc.
Médiuns sensitivos ou impressionáveis: são capazes de sentir a presença dos espíritos através de arrepios ou de uma impressão da sua presença. Ao desenvolverem essa sensibilidade, podem até identificar se o espírito é bom ou ruim.
Médiuns audientes: são capazes de ouvir as vozes dos espíritos e de conversarem com eles. A boa conversa depende de uma presença boa; um "mau"espírito pode trazer transtornos ao seu ouvinte.
Médiuns videntes: possuem a faculdade de ver os espíritos. Raramente esse tipo de mediunidade se manifesta por um longo período. Essa visão não é propiciada pelos olhos, e sim pela alma, o que torna possível a alguns cegos desenvolverem esta sensibilidade.
Médiuns sonâmbulos: são dois tipos de sonâmbulos: os sonâmbulos propriamente ditos, que antecipam seu estado de espírito ignorando a matéria, e os médiuns que servem de instrumentos, nos quais as vontades manifestadas não são as vontades dos seus próprios espíritos.
Médiuns curadores: são capazes de curar com um simples toque, uma prece, um olhar e sem qualquer medicação. É uma faculdade espontânea, não havendo necessidade do médium estar preparado por estudos de medicina ou formas de magnetização.
Médiuns pneumatógrafos: são aqueles que recebem diretamente dos espíritos mensagens por escrito. Essas mensagens podem ser frases completas, desenhos ou alguns poucos traços. Para o médium pneumatógrafo, o lápis é dispensável, o que o difere do médium escrevente. É uma mediunidade muito rara que requer oração e concentração.
Médiuns escreventes: são aqueles que recebem mensagens por escrito. A psicografia, mais comum, fornece uma vasta literatura e possibilita uma comunicação, entre os encarnados e os desencarnados, essencial ao estudo e formação espírita.
Muito se tem comentado a respeito de ser ou não ser o Espiritismo uma religião. Contribuindo para a iluminar um pouquinho mais as sendas do estudo doutrinário, eis um trecho bibliográfico, a respeito do assunto: "A prova das razões por que Kardec evitou a palavra religião, para definir o Espiritismo, nos é dada pela sua própria confissão, no discurso que pronunciou na Sociedade Espírita de Paris, a primeiro de novembro de 1868: Por que então declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Porque só temos uma palavra para exprimir duas idéias diferentes, e porque, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da palavra culto revela exclusivamente uma idéia de forma, e o Epiritismo não é isso. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público só veria nele uma nova edição, uma variante, se assim nos quisermos expressar, dos princípios absolutos em matéria de fé, uma classe sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; o público não o separaria das idéias de misticismo e dos abusos contra os quais sua opinião se tem levantado tantas vezes.
Essas palavras de Kardec, ao mesmo tempo afirmam a natureza religiosa do Espiritismo, já implícita na própria Codificação, e negam a possibilidade de sua transformação em seita formalista.... daí a afirmação de Kardec, feita em O LIVRO DOS ESPÍRITOS e repetida em outras obras, particularmente em O QUE É O ESPIRITISMO, de que este, na verdade, é o maior auxiliar das religiões... sua finalidade não é combater, contrariar, negar ou destruir as religiões, mas auxiliá-las....justamente por isso, o Espiritismo se apresenta, aos espíritos formalistas e sectários, como um adversário perigoso, que parece querer infiltrar-se nas estruturas religiosas e miná-las, para destruí-las. Era o que parecia o Cristianismo primitivo para os judeus, gregos e romanos..."
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