A próxima vez que você se sentir triste, considere não colocar esse sentimento de lado. Você acha que é o único a preferir evitar a sensação de tristeza ao invés de lidar com ela e a olhá-la de frente? Garanto-lhe que não, a maioria de nós não aceitamos este estado de abatimento, este estado melancólico que nos envia para um banco de memórias de perdas, erros, fracassos, dificuldades, dor, angústia, etc. Mesmo aqueles que consideramos supostamente mais fortes, até esses não gostam de falar abertamente sobre sentimentos negativos, pois temem que isso lhes retire capacidades, discernimento e os enfraqueça. Todos nós, em geral, evitamos os sentimentos negativos. Ninguém gosta de ter de lidar com eles.
De facto, uma das tendências mais consistentes que verifico na minha prática clínica é que tanto homens como mulheres repudiam a tristeza, como se de alguma forma fossem traídos por esse sentimento. Imagine, por exemplo, um executivo de publicidade expressar tristeza para um grupo de executivos numa sala de reuniões. Certamente ninguém se iria sentir confortável, nem sequer a mensagem seria transmitida de forma entusiasmada e enérgica. Quando nos sentimos deprimidos ou em baixo, normalmente sentimo-nos letárgicos e sem energia, como se não estivesse acontecendo nada de estimulante. Outros sentimentos negativos, como raiva, são muito mais atraentes porque sentimos que de certa forma nos dão capacidade, sendo mais apelativo: Você sente-se energizado, sente que sabe para onde dirigir o seu ímpeto e para quem. Mas a tristeza faz-nos sentir fora das coisas, é uma dose de nada, um sentimento amorfo que reduz o ímpeto, como se ficássemos ligeiramente anestesiados.
Tristeza (latim tristia, tristeza, aflição), é um estado afectivo duradouro caracterizado por um sentimento de insatisfação e acompanhado de uma desvalorização da existência e do real.[1]
A tristeza é uma das "seis emoções básicas" descritas por Paul Ekman, junto com felicidade, raiva, surpresa, medo e nojo.[2]
Na infância[editar | editar código-fonte]
A tristeza é uma experiência comum na infância e reconhecer tais emoções podem tornar mais fácil para as famílias enfrentarem problemas emocionais mais graves,[3]embora algumas famílias podem ter uma regra (consciente ou inconsciente) de que a tristeza não é "permitida".[4] Robin Skynner sugeriu que isso pode causar problemas, porque com a tristeza "desativada" ficamos um pouco superficial e maníacos.[5] :33, 36
A tristeza é parte do processo normal da criança separ uma simbiose precoce com a mãe e se tornar mais independente. Toda vez que uma criança se separa um pouco mais, ele ou ela terá que lidar com uma pequena perda. Se a mãe não pode permitir o sofrimento menor envolvido, a criança nunca aprenderá a lidar com a tristeza por si mesma.[5] O pediatra T. Berry Brazelton argumenta que estimular muito a criança para que supere uma tristeza, desvaloriza a emoção para elas;[6] e Selma Fraiberg sugere que é importante respeitar o direito da criança em experimentar uma perda completa e profundamente.[7]
Margaret Mahler viu a capacidade de sentir a tristeza como uma conquista emocional, ao contrário, por exemplo, de afastar-se através de hiperatividade inquieta.[8]
Referências
- ↑ Hilton Japiassú, Danilo Marcondes (1993). 'Dicionário básico de filosofia, Zahar. p. 271. ISBN 978-85-378-0341-7.
- ↑ Daniel Goleman, Emotional Intelligence, (Londres1996) p. 271
- ↑ T. Berry Brazleton, To Listen to a Child, (1992) p. 46 e p. 48
- ↑ Karen Masman (1 March 2009). Uses of Sadness: Why Feeling Sad Is No Reason Not to Be Happy. Allen & Unwin. pp. 8–. ISBN 978-1-74176-600-4.
- ↑ ab A. C. Robin Skynner; John Cleese (1984). Families and how to Survive Them. Oxford University Press. pp. 158–159. ISBN 978-0-19-520466-7.
- ↑ Brazleton, p. 52
- ↑ Selma H. Fraiberg (1996). [The Magic Years: Understanding and Handling the Problems of Early Childhood. Simon and Schuster. pp. 274. ISBN 978-0-684-82550-2.
- ↑ M. Mahler et al, The Psychological Birth of the Human Infant (London 1975) p. 92
Nenhum comentário:
Postar um comentário