terça-feira, 17 de novembro de 2015

DIABETES

O diabetes é uma síndrome metabólica de origem múltipla, decorrente da falta deinsulina e/ou da incapacidade de a insulina exercer adequadamente seus efeitos, causando um aumento da glicose (açúcar) no sangue. O diabetes acontece porque o pâncreas não é capaz de produzir o hormônio insulina em quantidade suficiente para suprir as necessidades do organismo, ou porque este hormônio não é capaz de agir de maneira adequada (resistência à insulina). A insulina promove a redução da glicemia ao permitir que o açúcar que está presente no sangue possa penetrar dentro das células, para ser utilizado como fonte de energia. Portanto, se houver falta desse hormônio, ou mesmo se ele não agir corretamente, haverá aumento de glicose no sangue e, consequentemente, o diabetes.

Tipos

Diabetes tipo 1

No diabetes tipo 1, o pâncreas perde a capacidade de produzir insulina em decorrência de um defeito do sistema imunológico, fazendo com que nossos anticorpos ataquem as células que produzem a esse hormônio. O diabetes tipo 1 ocorre em cerca de 5 a 10% dos pacientes com diabetes.

Pré-diabetes

pré-diabetes é um termo usado para indicar que o paciente tem potencial para desenvolver a doença, como se fosse um estado intermediário entre o saudável e o diabetes tipo 2 - pois no caso do tipo 1 não existe pré-diabetes, a pessoa nasce com uma predisposição genética ao problema e a impossibilidade de produzir insulina, podendo desenvolver o diabetes em qualquer idade.

Diabetes tipo 2

No diabetes tipo 2 existe uma combinação de dois fatores - a diminuição da secreção de insulina e um defeito na sua ação, conhecido como resistência à insulina. Geralmente, o diabetes tipo 2 pode ser tratado com medicamentos orais ou injetáveis, contudo, com o passar do tempo, pode ocorrer o agravamento da doença. O diabetes tipo 2 ocorre em cerca de 90% dos pacientes com diabetes.

Diabetes Gestacional

É o aumento da resistência à ação da insulina na gestação, levando aos aumento nos níveis de glicose no sangue diagnosticado pela primeira vez na gestação, podendo - ou não - persistir após o parto. A causa exata do diabetes gestacionalainda não é conhecida.

Outros tipos de diabetes

Esses tipos de diabetes são decorrentes de defeitos genéticos associados a outras doenças ou ao uso de medicamentos. Podem ser:
  • Diabetes por defeitos genéticos da função da célula beta
  • Por defeitos genéticos na ação da insulina
  • Diabetes por doenças do pâncreas exócrino (pancreatite, neoplasia, hemocromatose, fibrose cística etc.)
  • Diabetes por defeitos induzidos por drogas ou produtos químicos (diuréticos, corticoides, betabloqueadores, contraceptivos etc.).

Perguntas frequentes

Meu exame de glicemia está acima dos 100 mg/dl. Estou com diabetes?

Não necessariamente. O exame de glicemia do jejum é o primeiro passo para investigar o diabetes e acompanhar a doença. Os valores normais da glicemia do jejum ficam entre 75 e 110 mg/dL (miligramas de glicose por decilitro de sangue). Estar um pouco acima ou abaixo desses valores indica apenas que o indivíduo está com uma glicemia no jejum alterada. Isso funciona como um alerta de que a secreção de insulina não está normal, e o médico deve seguir com a investigação solicitando um exame chamado curva glicêmica, que define se o paciente possui intolerância à glicose, diabetes ou então apenas um resultado alterado.

Diabetes é contagioso?

O diabetes não passa de pessoa para pessoa. O que acontece é que, em especial no tipo 1, há uma propensão genética para se ter a doença e não uma transmissão comum. Pode acontecer, por exemplo de a mãe ter diabetes e os filhos nascerem totalmente saudáveis. Já o diabetes tipo 2 é uma consequência de maus hábitos, como sedentarismo e obesidade, que também podem ser adotados pela família inteira - explicando porque pessoas próximas tendem a ter a doença conjuntamente.

Posso consumir mel, açúcar mascavo e caldo de cana?

Apesar de naturais, esses alimentos tem açúcar do tipo sacarose, maior vilã do diabetes. Hoje, os padrões internacionais já liberam que 10% dos carboidratos ingeridos podem ser sacarose, mas sem o controle e a compensação, os níveis de glicose podem subir e desencadear uma crise. O paciente até pode consumir, mas ele deve ter noção de que não pode abusar e compensar com equilíbrio na dieta.

Insulina causa dependência química?

A aplicação de insulina não promove qualquer tipo de dependência química ou psíquica. O hormônio é importante para permitir a entrada de glicose na célula, tornando-se fonte de energia. Não se trata de dependência química e sim de necessidade vital. O paciente com diabetes precisa da insulina para sobreviver, mas não é um viciado na substância.

 sintomas

Sintomas de Diabetes

Principais sintomas do diabetes tipo 1:

  • vontade de urinar diversas vezes
  • fome frequente
  • sede constante
  • perda de peso
  • fraqueza
  • fadiga
  • nervosismo
  • mudanças de humor
  • náusea e vômito.

Principais sintomas do diabetes tipo 2:

  • infecções frequentes
  • alteração visual (visão embaçada)
  • dificuldade na cicatrização de feridas
  • formigamento nos pés e furúnculos.

 diagnóstico e exames

Diagnóstico de Diabetes

O diagnóstico de diabetes normalmente é feito usando três exames:

Glicemia de jejum

glicemia de jejum é um exame que mede o nível de açúcar no seu sangue naquele momento, servindo para monitorização do tratamento do diabetes. Os valores de referência ficam entre 65 a 99 miligramas de glicose por decilitro de sangue (mg/dL). O que significam resultados anormais:
  • Resultados entre 99 mg/dL e 140 mg/dL são considerados anormais próximos ao limite e devem ser repetidos em uma outra ocasião
  • Valores acima de 140 mg/dL já são bastante suspeitos de diabetes, mas também devendo ser repetido em uma outra ocasião
  • Valores acima de 200 mg/dL são considerados diagnósticos para diabetes.

Hemoglobina glicada

Hemoglobina glicada (HbA1c) a fração da hemoglobina ( proteína dentro do glóbulo vermelho) que se liga a glicose. Durante o período de vida da hemácia - 90 dias em média - a hemoglobina vai incorporando glicose, em função da concentração deste açúcar no sangue. Se as taxas de glicose estiverem altas durante todo esse período ou sofrer aumentos ocasionais, haverá necessariamente um aumento nos níveis de hemoglobina glicada. Dessa forma, o exame de hemoglobina glicada consegue mostrar uma média das concentrações de hemoglobina em nosso sangue nos últimos 3 meses . Os valores da hemoglobina glicada irão indicar se você está ou não com hiperglicemia, iniciando uma investigação para o diabetes. Valores normais da hemoglobina glicada:
  • Para as pessoas sadias: entre 4,5% e 5,7%
  • Para pacientes já diagnosticados com diabetes: abaixo de 7%
  • Anormal próximo do limite: 5,7% e 6,4% e o paciente deverá investigar para pré-diabetes
  • Consistente para diabetes: maior ou igual a 6,5%.

Curva glicêmica

O exame de curva glicêmica simplificada mede a velocidade com que seu corpo absorve a glicose após a ingestão. O paciente ingere 75g de glicose e é feita a medida das quantidades da substância em seu sangue após duas horas da ingestão. No Brasil é usado para o diagnóstico o exame da curva glicêmica simplificada, que mede no tempo zero e após 120 minutos.Os valores de referência são:
  • Em jejum: abaixo de 100mg/dl
  • Após 2 horas: 140mg/dl
Curva glicêmica maior que 200 mg/dl após duas horas da ingestão de 75g de glicose é suspeito para diabetes.
A Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda como critério de diagnóstico de diabetes mellitus as seguintes condições:
  • Hemoglobina glicada maior que 6,5% confirmada em outra ocasião (dois testes alterados)
  • Uma dosagem de hemoglobina glicada associada a glicemia de jejum maior que 200 mg/dl na presença de sintomas de diabetes
  • Sintomas de urina e sede intensas, perda de peso apesar de ingestão alimentar, com glicemia fora do jejum maior que 200mg/dl
  • Glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dl em pelo menos duas amostras em dias diferentes
  • Glicemia maior que 200 mg/dl duas horas após ingestão de 75g de glicose.

 tratamento e cuidados

Tratamento de Diabetes

O tratamento correto do diabetes significa manter uma vida saudável e o controle da glicemia, a fim de evitar possíveis complicações da doença. Os principais cuidados para tratar o diabetes incluem:

Exercícios físicos

A atividade física é essencial no tratamento do diabetes para manter os níveis de açúcar no sangue controlados e afastar os riscos de ganho de peso. A prática de exercícios deve ser realizadas de três a cinco vezes na semana. Há restrição nos casos de hipoglicemia, principalmente para os pacientes com diabetes tipo 1. Dessa forma, pessoas com a glicemia muito baixa não devem iniciar atividade física, sob o risco de baixar ainda mais os níveis. Por outro lado, caso o diabetes esteja descontrolado, com glicemia muito elevada, o exercício pode causar a liberação de hormônios contra-reguladores, aumentando mais ainda a glicemia. Em todos os casos, os pacientes com diabetes devem sempre combinar com seus médicos quais são as melhores opções. Lembrando que o ideal é privilegiar atividades físicas leves, pois quando o gasto calórico é maior do que a reposição de nutrientes após o treino, pode haver a hipoglicemia.

Controle da dieta

Pessoas com diabetes devem evitar os açúcares simples presentes nos doces e carboidratos simples, como massas e pães, pois eles possuem um índice glicêmico muito alto. Quando um alimento tem o índice glicêmico baixo, ele retarda a absorção da glicose. Mas, quando o índice é alto, esta absorção é rápida e acelera o aumento das taxas de glicose no sangue. Os carboidratos devem constituir de 50 a 60% das calorias totais ingeridas pela pessoa com diabetes, preferindo-se os carboidratos complexos (castanhas, nozes, grãos integrais) que serão absorvidos mais lentamente.
Quem tem diabetes também pode sofrer com a hipoglicemia. Quando for praticar exercícios é importante verificar o controle glicêmico antes do início da atividade, para então escolher o melhor alimento - se a glicemia está muito baixa, é aconselhável dar preferência aos carboidratos, assim como deve-se evitá-los se estiver alta. A escolha do alimento depende também do tipo de exercício: exercícios aeróbicos de grande duração (como corrida e natação) tendem a baixar a glicemia, sendo necessária uma ingestão maior de alimentos.

Verificar a glicemia

Todos os portadores de diabetes tipo 1 precisam tomar insulina diariamente, porém nem todos os pacientes com diabetes tipo 2 necessitam dessas doses. No entanto, em ambos os casos é importante fazer o autoexame para verificar sua glicose em casa.
Para fazer essa medida é necessário ter em casa um glicosímetro, dispositivo capaz de medir a concentração exata de glicose no sangue. Existem diferentes tipos de aparelhos. Normalmente, a pessoa fura o dedo com uma agulha pequena chamada lanceta. Uma pequena gota de sangue aparece na ponta do dedo. Coloca-se o sangue em uma tira reagente que é inserida no aparelho. Os resultados aparecem em cerca de 30 a 45 segundos.
O médico ou outro profissional que trabalhe com diabetes ajudará a definir um cronograma de testes feitos em casa. O médico o ajudará a definir as metas relativas às taxas de glicose do paciente, que deve se basear nos resultados dos testes para alterar as refeições, suas atividades ou os medicamentos e, assim, manter os níveis de glicose normalizados. Este procedimento pode ajudar a identificar as altas e as baixas taxas de glicose no sangue antes que causem problemas.

Tipos de insulina

  • Insulina regular: é uma insulina rápida e tem coloração transparente. Após ser aplicada, seu início de ação acontece entre meia e uma hora, e seu efeito máximo se dá entre duas a três horas após a aplicação.
  • Insulina NPH: é uma insulina intermediária e tem coloração leitosa. A sigla NPH que dizer Neutral Protamine Hagedorn, sendo Hagedorn o sobrenome de um dos seus criadores e Protamina o nome da substância que é adicionada à insulina para retardar seu tempo de ação. Após ser aplicada, seu início de ação acontece entre duas e quatro horas, seu efeito máximo se dá entre quatro a 10 horas e a sua duração é de 10 a 18 horas
  • Análogo de insulina: moléculas modificadas da insulina que o nosso corpo naturalmente produz, e podem ter ação ultrarrápida ou ação lenta. Existem alguns tipos de análogos ultrarrápidos disponíveis no mercado brasileiro, são eles: Asparte, Lispro e Glulisina. Após serem aplicados, seu início de ação acontece de cinco a 15 minutos e seu efeito máximo se dá entre meia e duas horas. São encontrados também dois tipos de ação longa: Glargina e Detemir. A insulina análoga Glargina tem um início de ação entre duas a quatro horas após ser aplicada, não apresenta pico de ação máxima e funciona por 20 a 24 horas. Já o análogo Detemir tem um início de ação entre uma a três horas, pico de ação entre seis a oito horas e duração de 18 a 22 horas.
  • Pré-mistura: consiste de preparados especiais que combinam diferentes tipos de insulina em várias proporções. Podem ser 90:10, ou seja 90% de insulina lenta ou intermediária e 10% de insulina rápida ou ultrarrápida. Eles também pode ter outras proporções, como 50:50 e 70:30.

Aplicação da insulina

A insulina deve ser aplicada diretamente no tecido subcutâneo (camada de células de gordura), logo abaixo da pele. A espessura da pele gira em torno de 1,9 a 2,4 milímetros (mm) nos locais de aplicação da insulina. As agulhas utilizadas podem ter 4, 5, 6 ou, no máximo, 8 mm. O ângulo de aplicação varia em função da quantidade de gordura da área de aplicação do paciente com diabetes. Por exemplo, no caso de uma pessoa magra e com pouca gordura na região de aplicação, corre-se maior risco de atingir os músculos quando se utiliza agulha mais longa e ângulo de aplicação de 90° em relação à superfície da pele. Nesses casos, pode-se optar por uma agulha mais curta, fazer uma prega cutânea (de pele) e aplicar em ângulo de 45°. Lembrando que a prega na pele para quem tem diabetes é utilizada a fim de evitar que a agulha atinja os músculos que se situam logo abaixo do tecido adiposo, pois nesse local a insulina pode ser absorvida mais rapidamente. Deve haver um rodízio entre os locais de aplicação, pois essa conduta diminui o risco de complicações na região da aplicação, tal como a hipertrofia (pontos endurecidos abaixo da pele) ou atrofia (depressões no relevo da pele ocasionado por perda de gordura). O ideal é aguardar 20 a 30 dias para voltar a aplicar no mesmo ponto. A distância entre dois pontos de aplicação deve ser de mais ou menos três centímetros (dois dedos). No abdome, as insulinas podem ser absorvidas de forma mais rápida do que nos braços e coxas. A escolha das agulhas pode seguir as seguintes recomendações:
Para os adultos
  • Agulhas com 4, 5 ou 6 mm podem ser usadas por adultos obesos e não obesos e, geralmente, não requerem a realização de prega cutânea, especialmente para as agulhas de 4 mm
  • Em geral, quando são usadas agulhas curtas (4, 5 ou 6 mm), as aplicações deveriam ser feitas em ângulo 90°. Contudo, quando a aplicação for realizada nos membros ou em abdomes magros, uma prega cutânea pode ser feita para garantir que não haja injeção intramuscular, mesmo com agulhas de 4 e 5 mm. Neste caso, as injeções com agulha de 6 mm só deveriam ser usadas com a realização de uma prega cutânea ou em ângulo de 45°
  • Não há razão médica para usar agulhas mais longas do que 8 mm.
Para as criança e crianças e os adolescentes
  • Agulhas com 4, 5 ou 6 mm podem ser utilizadas. Não há razão médica para usar agulhas mais longas
  • Crianças e adolescentes com diabetes magros e aqueles que injetam em braços e pernas podem precisar fazer uma prega cutânea, especialmente quando são usadas agulhas de 5 ou 6 mm. Quando for usada uma agulha de 6 mm, a aplicação com ângulo de 45º pode ser realizada no lugar da prega cutânea
  • Para a maioria das crianças, exceto aquelas muito magras, uma agulha de 4 mm pode ser inserida a 90º sem necessidade de prega cutânea. Se apenas uma agulha de 8 mm estiver disponível (que pode acontecer com usuários de seringas), realizar a prega cutânea e, além disso, inserir a agulha em ângulo de 45º.
Para as gestantes
  • O aparecimento de ecmoses (manchas roxas) é comum no local de aplicação de insulina
  • As agulhas curtas (4, 5 ou 6 mm) podem ser usadas pelas gestantes
  • Quando apenas uma agulha de 8 mm estiver disponível, a região do abdome deve ser evitada e a aplicação realizada com a prega cutânea e em ângulo de 45°
  • É prudente realizar a prega cutânea em todos os locais de aplicação
  • Para evitar complicações, recomenda-se evitar a aplicação de insulina na região abdominal, especialmente ao redor do umbigo, no último trimestre da gestação. Recomenda-se a aplicação de insulina na região glútea (nádegas) para as gestantes magras. A região dos flancos do abdome pode ser usada, também, desde que se faça a prega cutânea.
Os melhores locais para a aplicação de insulina são:
  • Abdome (barriga)
  • Coxa (frente e lateral externa)
  • Braço (parte posterior do terço superior)
  • Região da cintura
  • Glúteo (parte superior e lateral das nádegas).
Passo-a-passo no momento de aplicação da insulina:
  • Separe todo do material: insulinas prescritas, seringa, agulha, algodão e álcool
  • Lave bem as mãos com água e sabão
  • Em seguida, limpe os locais de aplicação com algodão embebido em álcool. O ideal é utilizar uma nova seringa e agulha em cada aplicação
  • As insulinas NPH e as pré-misturas devem ser suavemente misturadas, rolando o frasco entre as mãos aproximadamente 20 vezes, sem agitar o frasco, até o líquido ficar leitoso e homogêneo. Esse procedimento não é necessário para as insulinas transparentes
  • Limpe a tampa de borracha da parte superior dos frascos com algodão embebido em álcool em um sentido único
  • Aspire uma quantidade de ar para dentro da seringa igual aquela prescrita mantendo a agulha tampada com a sua capa de plástico
  • Retire a capa da agulha e apoie o frasco em uma superfície plana. Introduza a agulha através da tampa de borracha do frasco de insulina e injete o ar que está dentro da seringa para dentro do frasco
  • Vire o frasco de cabeça para baixo e aspire a quantidade de insulina prescrita. Se houver bolhas na seringa, injetar a insulina de volta no frasco e repetir o procedimento
  • Retire a agulha do frasco
  • Limpe o local escolhido passando o algodão embebido em álcool sobre a pele sempre em um único sentido. Após passar o álcool, não aplicar a insulina até que a pele esteja completamente seca
  • Com a seringa entre os dedos, como se fosse uma caneta, deve-se fazer um movimento rápido em direção à pele (movimento de arremesso de um dardo) em ângulo de 90º ou 45º conforme orientado. Fazer a prega cutânea quando necessário. Já a injeção da insulina deve ser feita de maneira lenta. Aplicar a insulina na temperatura ambiente ajuda a reduzir a dor durante a aplicação. O ideal é retirar o frasco de insulina da geladeira 15 minutos antes da aplicação
  • Retire a agulha da pele e pressione o local suavemente com um algodão seco. Não se deve fazer massagem na região de aplicação, pois isso pode aumentar o fluxo sanguíneo e alterar a absorção da insulina. Tampe imediatamente a agulha com a capa para evitar contaminação a acidentes
  • O uso das canetas deve ser realizado de acordo com as instruções do fabricante de cada uma delas. Seu uso deve ser restrito a apenas um paciente. As agulhas devem ser imediatamente desconectadas da caneta e descartadas após a aplicação e usadas apenas uma vez para evitar contaminação e infecção. Após a aplicação da insulina, conte até 10 (dez segundos) para retirar da agulha. Quando forem aplicadas doses maiores, pode ser necessário contar até 20 segundos, a fim de evitar que parte da insulina volte para a superfície da pele quando a agulha for retirada. Essa contagem não é necessária para aplicação com seringas.
A insulina regular deve ser aplicada preferencialmente no abdômen para aumentar a taxa de absorção, enquanto a NPH deve ser aplicada, preferencialmente, nas coxas ou nas nádegas, para retardar a absorção e reduzir o risco de hipoglicemia. O aparecimento de ecmoses (manchas roxas) é comum no local de aplicação de insulina. Elas são decorrentes do extravasamento de sangue quando vasos sanguíneos são perfurados pela agulha.

Maneire no consumo de bebidas alcoólicas

O consumo de álcool não é proibido, mas deve ser moderado e sempre acompanhado de um alimento, pois o consumo isolado pode causar hipoglicemia. O que pode causar enjoo, tremores pelo corpo, fome excessiva, irritação e dores de cabeça. Também é importante fazer o monitoramento de glicemia antes e depois de consumir bebidas alcoólicas. Cuidado com cervejas e bebidas doces ou à base de carboidratos. Elas têm alto índice glicêmico e podem trazer problemas.

Evite saunas e escalda pés

O diabetes afeta a microcirculação, lesionando as pequenas artérias (arteríolas) que nutrem os tecidos, que atingem especialmente as pernas e os pés. Em função desta alteração circulatória, os riscos de exposição às altas temperaturas e aos choques térmicos podem agravar ou desencadear quadros de angiopatias e outros problemas cardíacos. Além disso, o diabetes afeta a sensibilidade dos pés, e a pessoa pode não perceber a água muito quente ao fazer escalda pés.

Aumente os cuidados com os olhos

As células da córnea do paciente com diabetes não têm a aderência que se encontra na maioria daqueles que não tem diabetes. Essa fragilidade é a porta de entrada para uma série de infecções oportunistas e doenças como catarata e glaucoma.

Controle o estresse

Pessoas com diabetes têm maiores chances de ter ansiedade e depressão. Os pacientes podem sentir uma sensação de ansiedade em relação ao controle da hipoglicemia, da aplicação de insulina, ou com o ganho de peso.

Corte o cigarro

Diabetes e cigarro multiplicam em até cinco vezes o risco de infarto. As substâncias presentes no cigarro ajudam a criar acúmulos de gordura nas artérias, bloqueando a circulação. Consequentemente, o fluxo sanguíneo fica mais e mais lento, até o momento em que a artéria entope. Além disso, fumar também contribui para a hipertensão no paciente com diabetes.

Cuide da saúde bucal

A higiene bucal após cada refeição para o paciente com diabetes é fundamental. Isso porque o sangue dos portadores de diabetes, com alta concentração de glicose, é mais propício ao desenvolvimento de bactérias. Por ser uma via de entrada de alimentos, a boca acaba também recebe diversos corpos estranhos que, somados ao acúmulo de restos de comida, favorecem a proliferação de bactérias. Realizar uma boa escovação e ir ao dentista uma vez a cada seis meses é essencial.

Medicamentos para Diabetes

Os medicamentos mais usados para o tratamento de complicações de diabetes são:
Somente um médico pode dizer qual o medicamento mais indicado para o seu caso, bem como a dosagem correta e a duração do tratamento. Siga sempre à risca as orientações do seu médico e NUNCA se automedique. Não interrompa o uso do medicamento sem consultar um médico antes e, se tomá-lo mais de uma vez ou em quantidades muito maiores do que a prescrita, siga as instruções na bula.

 convivendo (prognóstico)

Complicações possíveis

Retinopatia diabética

Lesões que aparecem na retina do olho, podendo causar pequenos sangramentos e, como consequência, a perda da acuidade visual.

Arteriosclerose

Endurecimento e espessamento da parede das artérias

Nefropatia diabética

Alterações nos vasos sanguíneos dos rins que fazem com que ocorra uma perda de proteína pela urina. O órgão pode reduzir a sua função lentamente, mas de forma progressiva até a sua paralisação total.

Neuropatia diabética

Os nervos ficam incapazes de emitir e receber as mensagens do cérebro, provocando sintomas, como formigamento, dormência ou queimação das pernas, pés e mãos, dores locais e desequilíbrio, enfraquecimento muscular, traumatismo dos pelos, pressão baixa, distúrbios digestivos, excesso de transpiração e impotência.

Pé diabético

Ocorre quando uma área machucada ou infeccionada nos pés de quem tem diabetes desenvolve uma úlcera (ferida). Seu aparecimento pode ocorrer quando a circulação sanguínea é deficiente e os níveis de glicemia são mal controlados. Qualquer ferimento nos pés deve ser tratado rapidamente para evitar complicações que podem levar à amputação do membro afetado.

Infarto do miocárdio e AVC

Ocorrem quando os grandes vasos sanguíneos são afetados, levando à obstrução (arteriosclerose) de órgãos vitais como o coração e o cérebro. O bom controle da glicose, a atividade física e os medicamentos que possam combater a pressão alta, o aumento do colesterol e a suspensão do tabagismo são medidas imprescindíveis de segurança. A incidência desse problema é de duas a quatro vezes maior em pessoas com diabetes.

Infecções

O excesso de glicose pode causar danos ao sistema imunológico, aumentando o risco da pessoa com diabetes contrair algum tipo de infecção. Isso ocorre porque os glóbulos brancos (responsáveis pelo combate a vírus, bactérias etc.) ficam menos eficazes com a hiperglicemia. O alto índice de açúcar no sangue é propício para que fungos e bactérias se proliferem em áreas como boca e gengiva, pulmões, pele, pés, genitais e local de incisão cirúrgica.

Hipertensão

Ela é uma consequência da obesidade - no caso do diabetes tipo 2 - e da alta concentração de glicose no sangue, que prejudica a circulação, além da arteriosclerose que também contribui para o aumento da pressão.

Convivendo/ Prognóstico

Pacientes com diabetes devem ser orientados a:
SÉRIE DIABETESO diabetes melito (ver etimologia), também conhecido como diabetes sacarina ou diabetes açucarado[2] e diabete,[3] é uma doença metabólica caracterizada por um aumento anormal do açúcar ou glicose no sangue.[4] A glicose é a principal fonte de energia do organismo porém, quando em excesso, pode trazer várias complicações à saúde como por exemplo o excesso de sono no estágio inicial, problemas de cansaço e problemas físico-táticos em efetuar as tarefas desejadas. Quando não tratada adequadamente, podem ocorrer complicações como ataque cardíaco, derrame cerebral, insuficiência renal, problemas na visão, amputação do pé e lesões de difícilcicatrização, dentre outras complicações.[5]
Embora ainda não haja uma cura definitiva para a diabetes, há vários tratamentos disponíveis que, quando seguidos de forma regular, proporcionam saúde e qualidade de vida para o paciente portador.
Diabetes é uma doença bastante comum no mundo, especialmente na América do Norte e norte da Europa, acometendo cerca de 7,6% da população adulta entre 30 e 69 anos e 0,3% das gestantes. Alterações da tolerância à glicose são observadas em 12% dos indivíduos adultos e em 7% das grávidas. Porém estima-se que cerca de 50% dos portadores de diabetes desconhecem o diagnóstico.[6] [7] Segundo uma projeção internacional, com o aumento do sedentarismo, obesidade e envelhecimento da população o número de pessoas com diabetes no mundo vai aumentar em mais de 50%, passando de 380 milhões em 2025.[8]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O termo latino "diabetes" tem origem no vocábulo grego διαβήτης, por sua vez derivado do verbo διαβαίνω, que significa «passar através»[9] [10] . Também proveniente do latim, o termo mellitus significa «aquilo que contém mel; doce como o mel», numa referência ao excesso de glicose presente na urina do portador da doença[11] .
Quanto ao gênero da palavra diabetes, em português é possível usar igualmente o masculino ("o diabetes"), como o feminino ("a diabetes")[12] [13] . Todavia, de um ponto de vista etimológico e filológico, é mais correto empregar a palavra no gênero masculino para concordar com a palavra latina mellitus, que está no masculino[14] . Neste verbete, por questão de uniformização, optou-se pelo gênero masculino.
Já a palavra "diabete", sem a letra "s" final, é uma «forma não preferencial» segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa[15] .

Epidemiologia[editar | editar código-fonte]

Em 2005 a OMS estimava que cerca de 5,1% da população mundial entre 20 e 79 anos sofria dessa doença. Mas com o aumento da obesidade, sedentarismo e envelhecimento da população o número de casos deve duplicar até 2025, subindo de cerca de 200 milhões para 400 milhões de pessoas.[16]
A diabetes afeta cerca de 12% da população no Brasil (aproximadamente 22 milhões de pessoas)[17] e 5% da população de Portugal (500 mil pessoas).[18]
A diabetes tipo 1 ocorre em frequência menor em indivíduos negros e asiáticos e com frequência maior na população europeia, principalmente nas populações provenientes de regiões do norte da Europa. A frequência entre japoneses é cerca de 20 vezes menor que entre escandinavos.[19] Em São Paulo a incidência do tipo 1 é de 7,6 casos a cada 100.000 habitantes.[20]
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, em 2006 havia cerca de 170 milhões de pessoas doentes da diabetes, e esse índice aumenta rapidamente. É estimado que em 2030 esse número dobre. A diabetes mellitus ocorre em todo o mundo, mas é mais comum (especialmente a tipo II) nos países mais desenvolvidos. O maior aumento atualmente é esperado na Ásia e na África, onde a maioria dos diabéticos será visto em 2035. O aumento do índice de diabetes em países em desenvolvimento segue a tendência de urbanização e mudança de estilos de vida.
A diabetes está na lista das cinco doenças de maior índice de morte no mundo, e está chegando cada vez mais perto do topo da lista. Por pelo menos 20 anos, o número de diabéticos na América do Norte está aumentando consideravelmente. Em 2005, eram em torno de 20,8 milhões de pessoas com diabetes somente nos Estados Unidos. De acordo com a American Diabetes Association existem cerca de 6,2 milhões de pessoas não diagnosticadas e cerca de 41 milhões de pessoas que poderiam ser consideradas pré-diabéticas. Os Centros de Controles de Doenças classificaram o aumento da doença como epidêmico, e a NDIC (National Diabetes Information Clearinghouse) fez uma estimativa de US$132 bilhões de dólares, somente para os Estados Unidos este ano.

Classificações[editar | editar código-fonte]

O tipo 1 representa cerca de 8-10% e o tipo 2 cerca de 85-90% dos casos
Dependendo da causa, o diabetes pode ser classificado como[21] :
I. Diabetes mellitus tipo 1
  • Destruição das células beta do pâncreas (mais especificamente, das ilhotas pancreáticas), usualmente levando à deficiência completa de insulina, já que sua produção ocorre nesse órgão.
  1. Autoimune
  2. Idiopático (causa desconhecida)
II. Diabetes mellitus tipo 2
  • Graus variados de diminuição de secreção e resistência à insulina
III. Outros tipos específicos
  1. Defeitos genéticos da função da célula β
  2. Defeitos genéticos da ação da insulina
  3. Doenças do pâncreas exócrino
  4. Endocrinopatias
  5. Indução por drogas ou produtos químicos
  6. Infecções
  7. Formas incomuns de diabetes imunomediado
IV. Diabetes gestacional

Sinais e sintomas[editar | editar código-fonte]

Aumento da sede é um dos sintomas de hiperglicemia[21]
A tríade clássica dos sintomas da diabetes:[4]
  • poliúria (aumento do volume urinário);
  • polidipsia (sede aumentada e aumento de ingestão de líquidos);
  • polifagia (apetite aumentado).
Outros sintomas importantes incluem[21] :
  • perda de peso;
  • visão turva;
  • cetoacidose diabética;
  • síndrome hiperosmolar hiperglicêmica não cetótica.
Pode ocorrer perda de peso. Estes sintomas podem se desenvolver bastante rapidamente no tipo 1, particularmente em crianças (semanas ou meses) ou pode ser sutil ou completamente ausente — assim como pode se desenvolver muito mais lentamente — no tipo 2. No tipo 1 pode haver também perda de peso (apesar da fome aumentada ou normal) e fadiga. Estes sintomas podem também se manifestar na diabetes tipo 2 em pacientes cuja doença é mal controlada.
Problemas de visão atingem 40% dos diabéticos insulinodependentes e e 20% dos diabéticos não insulinodependentes. Sendo mais comum em mulheres e entre os 30 aos 65 anos. Caso não seja tratado pode causar catarataglaucoma e cegueira. Depois de 10 anos de doença, problemas de visão atingem 50% dos pacientes e depois de 30 anos atingem 90%.[22]

Fatores de risco[editar | editar código-fonte]

Os principais fatores de risco para o diabetes mellitus são[21] :

Diagnóstico[editar | editar código-fonte]

O diagnóstico do diabetes normalmente é feito com base na verificação das alterações da glicose no sangue em jejum e após ingestão de grandes doses de açúcar em dois dias diferentes.
Para realizar o teste confirmatório do Diabetes o paciente deve permanecer em jejum de 8h (é permitido beber água) antes da primeira coleta de sangue. Em seguida deve-se ingerir 75g de glicose anidra (ou 82,5g de glicose monoidratada), dissolvidas em 250-300ml de água, em no máximo 5 minutos. Uma nova coleta de sangue é feita 2 horas após a ingestão de glicose. Durante a espera o paciente não pode fumar e deve permanecer em repouso.[21]
diabetes mellitus é caracterizada pela hiperglicemia recorrente ou persistente, e é diagnosticada ao se demonstrar qualquer um dos itens seguintes[21] :
  • Nível plasmático de glicose em jejum de 8h maior ou igual a 126 mg/dL (7,0 mmol/l)em duas ocasiões.
  • Nível plasmático de glicose maior ou igual a 200 mg/dL ou 11,1 mmol/l duas horas após ingerir uma dose de 75g de glicose anidra em duas ocasiões.
  • Nível plasmático de glicose aleatória em ou acima de 200 mg/dL ou 11,1 mmol/l associados a sinais e sintomas típicos de diabetes.
Não é necessário fazer o reteste caso o paciente já possua os sintomas característicos. Caso o nível de glicose esteja entre 140 e 200 após a ingestão da glicose anidra é diagnosticado uma tolerância à glicose diminuída, conhecida como pré-diabetes e que exige que o paciente faça atividade física regular, perca peso e reduza muito seu consumo de carboidratos para não desenvolver diabetes. O mesmo vale para pessoas com nível de glicose no sangue em jejum entre 110 e 126, sendo assim diagnosticados com glicose plasmática de jejum alterada.[21]
Caso a paciente esteja grávida, um nível de glicose acima de 110 em jejum ou de 140 após ingerir 75g de glicose já é suficiente para indicar diabetes gestacional.[21]

Causas[editar | editar código-fonte]

Infecção virais podem desencadear respostas auto-imunes que resultam no diabetes mellitus tipo 1[23]
No Brasil, 40% têm excesso de peso e 10 a 15 % têm obesidade[24] e o aumento do tecido gorduroso leva à produção exagerada de substâncias que interferem com a ação da insulina produzida pelo pâncreas.[25]
Existem várias causas para a diabetes[26] :
  • Defeitos genéticos no funcionamento da célula β (beta):
    • Transmissão autossômica dominante de início precoce ('Maturity Onset Diabetes of the Young')[27]
    • Mutações no DNA mitocondrial
  • Defeitos genéticos no processamento de insulina ou ação da insulina
    • Defeitos na conversão pró-insulina
    • Mutações de gene responsável pela produção de insulina
    • Mutações de receptor da insulina

Fatores genéticos[editar | editar código-fonte]

Insulite, uma infiltração inflamatória das ilhotas de Langerhans (no pâncreas), que precede o desenvolvimento do diabetes autoimune
Ambos os tipos 1 e 2 têm fatores genéticos importantes, sendo o principal fator desencadeante de 20-30% dos casos de tipo 1 e de 5-10% dos casos de diabetes tipo 2. Geralmente essa predisposição genética resulta em disfunção do pâncreas na produção de insulina. O tipo 1 é desencadeado mais cedo, atingindo crianças e adolescentes (principalmente por volta dos 10 aos 14 anos), justamente pelo fator genético. Pode ter tanto origem monogênica (um único gene defeituoso em áreas centrais da produção de insulina) quanto poligênica (vários genes em áreas secundárias). Os estudos indicam por volta de 20 genes responsáveis mas apenas 13 foram comprovados.[29] [30]
Estudos indicam que cerca de 12% da população ocidental possui um ou mais genes favoráveis ao desenvolvimento de diabetes.[31]
A diabetes tipo 2 (diabetes mellitus tipo 2) também tem um fator genético, ocorrendo simultaneamente em 50 a 80% dos gêmeos idênticos e 20% dos não idênticos. Entre osPima (nativos americanos do Arizona) 50% da população desenvolve a Diabetes Mellitus tipo 2 enquanto em certos grupos orientais atinge menos de 1%.[32] Porém, é importante lembrar que mesmo com uma genética favorável, hábitos saudáveis servem para prevenir e adiar o aparecimento dessa doença que acomete geralmente apenas os obesos, hipertensos e dislipidêmicos (que compreendem de 90-95% de todos os casos).[33]

Fisiopatologia[editar | editar código-fonte]

O diabetes é resultado de um defeito na secreção de insulina e/ou em sua recepção pelas células beta no pâncreas
As células beta produzem insulina quando a glicose está alta, por exemplo, depois de digerir carboidratos, e as células alfa produzem glucagon quando a glicose está baixa, por exemplo, durante o jejum ou em situação estressante.
pâncreas é o órgão responsável pela produção do hormônio denominado insulina. Este hormônio é responsável pela regulação da glicemia (glicemia: nível de glicose no sangue). Para que as células das diversas partes do corpo humano possam realizar o processo de respiração aeróbica (utilizar glicose como fonte de energia), é necessário que a glicose esteja presente na célula. Portanto, as células possuem receptores de insulina (tirosina quínase) que, quando acionados "abrem" a membrana celular para a entrada da glicose presente na circulação sanguínea. Uma falha na produção de insulina resulta em altos níveis de glicose no sangue, já que esta última não é devidamente dirigida ao interior das células.
Visando manter a glicemia constante, o pâncreas também produz outro hormônio antagônico à insulina, denominado glucagon. Ou seja, quando a glicemia cai, mais glucagon é secretado visando restabelecer o nível de glicose na circulação. O glucagon é o hormônio predominante em situações de jejum ou de estresse, enquanto a insulina tem seus níveis aumentados em situações de alimentação recente.
Como a insulina é o principal hormônio que regula a quantidade de glicose absorvida pela maioria das células a partir do sangue (principalmente células musculares e de gordura, mas não células do sistema nervoso central), a sua deficiência ou a insensibilidade de seus receptores desempenham um papel importante em todas as formas da diabetes mellitus.
Grande parte do carboidrato dos alimentos é convertido em poucas horas no monossacarídeo glicose, o principal carboidrato encontrado no sangue. Alguns carboidratos não são convertidos. Alguns exemplos incluem a frutose que é utilizada como um combustível celular, mas não é convertida em glicose e não participa no mecanismo regulatório metabólico da insulina / glicose; adicionalmente, o carboidrato celulose não é convertido em glicose, já que os humanos e muitos animais não têm vias digestivas capazes de digerir a celulose.
A insulina é liberada no sangue pelas células beta (células β) do pâncreas em resposta aos níveis crescentes de glicose no sangue (por exemplo, após uma refeição). A insulina habilita a maioria das células do corpo a absorverem a glicose do sangue e a utilizarem como combustível, para a conversão em outras moléculas necessárias, ou para armazenamento. A insulina é também o sinal de controle principal para a conversão da glicose (o açúcar básico usado como combustível) em glicogênio para armazenamento interno nas células do fígado e musculares. Níveis reduzidos de glicose resultam em níveis reduzidos de secreção de insulina a partir das células beta e na conversão reversa de glicogênio a glicose quando os níveis de glicose caem.
Níveis aumentados de insulina aumentam muitos processos anabólicos (de crescimento) como o crescimento e duplicação celular, síntese proteica e armazenamento de gordura.
Se a quantidade de insulina disponível é insuficiente, se as células respondem mal aos efeitos da insulina (insensibilidade ou resistência à insulina), ou se a própria insulina está defeituosa, a glicose não será administrada corretamente pelas células do corpo ou armazenada corretamente no fígado e músculos. O efeito dominó são níveis altos persistentes de glicose no sangue, síntese proteica pobre e outros distúrbios metabólicos, como a acidose.
Quando a concentração de glicose no sangue está alta (acima do limiar renal), a reabsorção de glicose no túbulo proximal do rim é incompleta, e parte da glicose é excretada na urina (glicosúria). Isto aumenta apressão osmótica da urina e consequentemente inibe a reabsorção de água pelo rim, resultando na produção aumentada de urina (poliúria) e na perda acentuada de líquido. O volume de plasma perdido será reposto osmoticamente da água armazenada nas células do corpo, causando desidratação e sede aumentada.
Quando os níveis altos de glicose permanecem por longos períodos, a glicose causa danos ao sistema circulatório da retina, levando a dificuldades de visão conhecidas como retinopatia diabética. A visão borrada é a reclamação mais comum que leva ao diagnóstico de diabetes; o tipo 1 deve ser suspeito em casos de mudanças rápidas na visão, ao passo que o tipo 2 geralmente causa uma mudança mais gradual.

Cetoacidose diabética[editar | editar código-fonte]

Pacientes (geralmente os com diabetes tipo 1) podem apresentar também cetoacidose diabética, um estado extremo de desregulação metabólica caracterizada pelo cheiro de acetona na respiração do paciente,respiração de Kussmaul (uma respiração rápida e profunda), poliúria, náuseavômito e dor abdominal e qualquer um dos vários estados de consciência alterados (confusão, letargia, hostilidade, mania, etc). Na cetoacidose diabética severa, pode ocorrer o coma (inconsciência), progredindo para a morte. De qualquer forma, a cetoacidose diabética é uma emergência médica e requer atenção de um especialista.
Um estado raro, porém igualmente severo, é o coma hiperosmolar não-cetótico, que é mais comum na diabetes tipo 2, e é principalmente resultante da desidratação devido à perda de líquido corporal. Frequentemente o paciente têm ingerido quantidades imensas de bebidas contendo açúcar, levando a uma desidratação em decorrência da perda de líquido.
Em pacientes que utilizam hipoglicemiantes ou insulina podem ocorrer crises de hipoglicemia se não houver alimentação adequada, uma vez que continua sendo possível a absorção de glicose pelas células. Os sintomas predominantes são confusão mental, agitação ou letargia, sudorese e perda de consciência. Aos primeiros sinais deve ser tentada administração oral de solução doce, mas não sendo possível deverá ser tratado como uma emergência médica e ser medicado com glucagon ou glicose endovenosa.

Tipos[editar | editar código-fonte]

O diabetes tipo 1 é mais comum em jovens menores de 30 anos e o tipo 2 é mais comum em maiores de 45 anos e obesos. Ambos são mais comuns em mulheres.[34]
Carnes, ovos e laticínios devem ser consumidos com moderação, pois possuem proteínas que, em excesso, também alteram a glicemia e sobrecarregam os rins, além de possuírem muita gorduras saturadas e colesterol ruim.[35]
Deve-se consultar um nutricionistapara organizar a dieta melhor recomendada para seu caso.
O termo "diabetes", geralmente, se refere a diabetes mellitus, mas existem muitas outras condições, mais raras, também denominadas como "diabetes". A diabetes insípida(insípida significa "sem gosto" em Latim), é uma doença rara, na qual há menor alteração na glicose do organismo porém com sintomas semelhantes ao diabetes mellitus. Esta diabetes pode ser causada por danos aos rins ou à glândula pituitária.

Diabetes mellitus tipo 1[editar | editar código-fonte]

No caso da diabetes mellitus tipo 1, esta aparece quando o sistema imunitário do doente ataca as células beta do pâncreas. A causa desta confusão ainda não foi definida, apesar de parecer estar associada a casos de constipações e outras doenças. O tipo de alimentação, o estilo de vida etc. não têm qualquer influência no aparecimento deste tipo de diabetes.
Normalmente, se inicia na infância ou adolescência, e se caracteriza por um déficit de insulina, devido à destruição das células beta do pâncreas por processos autoimunes ou idiopáticos. Só cerca de 1 em 20 pessoas diabéticas tem diabetes tipo 1, a qual se apresenta mais frequentemente entre jovens e crianças. Este tipo de diabetes se conhecia como diabetes mellitus insulino-dependente ou diabetes infantil. Nela, o corpo produz pouca ou nenhuma insulina. As pessoas que padecem dela devem receber injeções diárias de insulina. A quantidade de injeções diárias é variável em função do tratamento escolhido pelo endocrinologista e também em função da quantidade de insulina produzida pelo pâncreas. A insulina sintética pode ser de ação lenta ou rápida: a de ação lenta é ministrada ao acordar e ao dormir (alguns tipos de insulina de ação lenta, porém, são ministradas apenas uma vez por dia) ; a de ação rápida é indicada logo antes de grandes refeições. Para controlar este tipo de diabetes é necessário o equilíbrio de três fatores: a insulina, a alimentação e o exercício.
Sobre a alimentação é preciso ter vários fatores em conta. Apesar de ser necessário algum rigor na alimentação, há de lembrar que este tipo de diabetes atinge essencialmente jovens, e esses jovens estão muitas vezes em crescimento e têm vidas ativas. Assim, o plano alimentar deve ser concebido com isso em vista, uma vez que muitas vezes se faz uma dieta demasiado limitada para a idade e atividade do doente. Para o dia a dia, é desaconselhável a ingestão de carboidratos de ação rápida (sumos, bolos, cremes) e incentivado os de ação lenta (pão, bolachas, arroz, massa...) de modo a evitar picos de glicemia.
Resultados contraditórios têm sido relatados sobre os benefícios da atividade física no controle metabólico desses pacientes. Ainda controverso também é o tipo de exercício (aeróbica ou treinamento resistido), alimentação antes do exercício e dose de insulina mais benéfico neste grupo. A prática de exercícios pode agravar a cetose ehipoglicemia porém diminuem os riscos de problemas cardíacos e melhoram o controle glicêmico e o perfil lipídico especialmente em jovens.[36] (Mais informações sobre exercícios e diabetes tipo 1) Nas grandes cidades existem academias especializadas em pacientes com problemas de saúde e que podem ajudar na escolha e monitoração correta da prática dos exercícios para diabéticos.

Diabetes mellitus tipo 2[editar | editar código-fonte]

Antigamente chamada de "diabetes não insulinodependente" ou "diabetes tardio", tem mecanismo fisiopatológico complexo e não completamente elucidado. Parece haver uma diminuição na resposta dos receptores de glicose presentes no tecido periférico à insulina, levando ao fenômeno de resistência à insulina. As células beta do pâncreas aumentam a produção de insulina e, ao longo dos anos, a resistência à insulina acaba por levar as células beta à exaustão.
Desenvolve-se frequentemente em etapas adultas da vida e é muito frequente a associação com a obesidade e idosos. Vários fármacos e outras causas podem, contudo, causar este tipo de diabetes. É muito frequente a diabetes tipo 2 associada ao uso prolongado de corticoides, frequentemente associado à hemocromatose não tratada.

Diabetes gestacional[editar | editar código-fonte]

O aumento da produção de hormônios, principalmente do lactogênio placentário, pode prejudicar a ação da insulina materna.[37]
diabetes gestacional também envolve uma combinação de secreção e responsividade de insulina inadequados, assemelhando-se à diabetes tipo 2 em diversos aspectos. Ela se desenvolve durante a gravidez e pode melhorar ou desaparecer após o nascimento do bebê. Embora possa ser temporária, a diabetes gestacional pode trazer danos à saúde do feto e/ou da mãe, e cerca de 20% a 50% das mulheres com diabetes gestacional desenvolvem diabetes tipo 2 mais tardiamente na vida.
diabetes mellitus gestacional (DMG) ocorre em cerca de 2% a 7% de todas as gravidezes. Ela é temporária e completamente tratável mas, se não tratada, pode causar problemas com a gravidez, incluindo macrossomia fetal (peso elevado do bebê ao nascer), malformações fetais e doença cardíaca congênita. Ela requer supervisão médica cuidadosa durante a gravidez. Os riscos fetais/neonatais associados à DMG incluem anomalias congênitas como malformações cardíacas, do sistema nervoso central e de músculos esqueléticos. A insulina fetal aumentada pode inibir a produção de surfactante fetal e pode causar problemas respiratórios. A hiperbilirrubinemia pode causar a destruição de hemácias. Em muitos casos, a morte perinatal pode ocorrer, mais comumente como um resultado da má profusão placentária devido a um prejuízo vascular !

Outros tipos[editar | editar código-fonte]

Outros tipos de diabetes <5% de todos os casos diagnosticados:
A: Defeito genético nas células beta.
B: Resistência à insulina determinada geneticamente.
C: Doenças no pâncreas.
D: Causada por defeitos hormonais.
E: Causada por compostos químicos ou fármacos.
F: Infecciosas (rubéola congênita, citamegalovírus e outros).
G: Formas incomuns de diabetes imuno-mediadas (síndrome do "Homem Rígido", anticorpos anti-insulina e outros)
H: Outras síndromes genéticas algumas vezes associadas com diabetes (síndrome de Downsíndrome de Klinefeltersíndrome de Turnersíndrome de Wolframataxia de Friedreichcoréia de Huntington,síndrome de Laurence-Moon-Biedldistrofia miotônicaporfiriasíndrome de Prader-Willi e outras)

Complicações[editar | editar código-fonte]

Caso não limpe, cuide bem e esteja atento para ferimentos nos pés, os danos podem levar a necessidade de amputação
As complicações da diabetes são muito menos comuns e severas nas pessoas que possuem os níveis glicêmicos (de açúcar no sangue) bem controlados, mantendo-os entre 70 e 100 mg/dl em jejum.[38] [39]
As complicações causadas pela diabetes se dão basicamente pelo excesso de glicose no sangue, sendo assim, existe a possibilidade de glicosilar as proteínas além de retenção de água na corrente sanguínea, e retirada da mesma do espaço intercelular.

Complicações agudas[editar | editar código-fonte]

Complicações crônicas[editar | editar código-fonte]

A frequência de problemas cardíacos como acidente vascular cerebral (AVC) e ataque cardíaco são entre 2 a 4 vezes maior nas pessoas com diabetes. Os fatores de risco dos problemas crônicos são: hipertensão arterial, alteração do metabolismo das gorduras (aumento do colesterol ruim, aumento dos triglicérides e redução do colesterol bom), tabagismoobesidade, pouca atividade física e presença de microalbuminúria(proteína na urina).[41]

Tratamento[editar | editar código-fonte]

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Advertência: A Wikipédia não é consultório médico nem farmácia.
Se necessita de ajuda, consulte um profissional de saúde.
As informações aqui contidas não têm caráter de aconselhamento.
Aparelho médico para administração automática e frequente de insulina
diabetes mellitus é uma doença crônica, sem cura por tratamentos convencionais, e sua ênfase médica deve ser necessariamente em evitar/administrar problemas possivelmente relacionados à diabetes, a longo ou curto prazo.
O tratamento é baseado em cinco conceitos:
  • Conscientização e educação do paciente, sem a qual não existe aderência.
  • Alimentação e dieta adequada para cada tipo de diabetes e para o perfil do paciente.
  • Vida ativa, mais do que simplesmente exercícios.
  • Medicamentos:
    • Hipoglicemiantes orais
    • Insulina
  • Monitoração dos níveis de glicose e hemoglobina glicada.
É extremamente importante a educação do paciente, o acompanhamento de sua dieta, exercícios físicos, monitoração própria de seus níveis de glicose, com o objetivo de manter os níveis de glicose a longo e curto prazo adequados. Um controle cuidadoso é necessário para reduzir os riscos das complicações a longo prazo.
Isso pode ser alcançado com uma combinação de dietas, exercícios e perda de peso (tipo 2), várias drogas diabéticas orais (tipo 2 somente) e o uso de insulina (tipo 1 e tipo 2 que não esteja respondendo à medicação oral). Além disso, devido aos altos riscos associados de doença cardiovascular, devem ser feitas modificações no estilo de vida de modo a controlar a pressão arterial[42] e o colesterol, se exercitando mais, fumando menos e consumindo alimentos apropriados para diabéticos, e se necessário, tomando medicamentos para reduzir a pressão.
O uso de bombas de insulina podem ajudar na administração regular de insulina, porém tem custo elevado quando comparadas as seringas comuns. Outras opções incluem as canetas de insulina e os injetores de insulina a jato.
Tratamento do diabetes mellitus tipo 2 por cirurgia
Um estudo feito por médicos franceses publicado na ScienceDirect,[43] confirmou o que médicos já haviam observado, a cirurgia de redução de estômago (gastroplastia) usada no tratamento da obesidade mórbida ajuda a controlar o diabetes mellitus tipo 2, um estudo mais aprofundado feito por Francesco Rubino,[44] levou à criação de uma cirurgia no intestino que tem alta eficiência no tratamento da diabetes tipo 2 para pessoas não obesas.

Controle glicêmico[editar | editar código-fonte]

Pacientes com diabetes precisam controlar e monitorar seus níveis de glicose no sangue constantemente, como parte do tratamento da doença. Isso vale tanto para pacientes que fazem o uso de insulina, como para os que não fazem.
O automonitoramento, por meio de medidores de glicose portáteis, é um dos principais componentes do gerenciamento da doença.
Com esse controle, os pacientes conseguem entender melhor o impacto da alimentação, da atividade física, dos medicamentos e também começam a reconhecer, tratar e prevenir episódios de hipo ouhiperglicemia.
A falta de controle e as oscilações extremas nos níveis de glicemia, tanto para baixo (hipoglicemia) como para cima (hiperglicemia) causam, em longo prazo, uma série de consequências graves no organismo.
Embora proporcione uma série de benefícios comprovados, o automonitoramento nem sempre é feito da forma adequada. Uma revisão de estudos de países da América Latina descobriu que somente 74% dos pacientes com diabetes tipo 1 e 38,5% dos pacientes tipo 2 são usuários de medidor de glicemia[45] .
O automonitoramento continua sendo um dos principais métodos para fornecer informação imediata e útil entre os intervalos das consultas médicas sobre como a pessoa está lidando com seu controle glicêmico e pode permitir que o paciente decida sobre seu estilo de vida.
Quando os pacientes medem sua glicemia, eles recebem imediatamente o retorno do resultado do seu estilo de vida e tratamento médico e que pode ser usado tanto pelo paciente quanto pelo médico para avaliar e modificar todos os aspectos do tratamento. O automonitoramento também aumenta a autonomia e a adesão ao tratamento pelo paciente.

Os principais benefícios do automonitoramento com glicosímetros (medidores de glicemia)[editar | editar código-fonte]

  • Educa e "fortalece/dá poder" aos pacientes diabéticos
  • Aumenta a habilidade de reconhecer, tratar e prevenir hipoglicemia e hiperglicemia
  • Oferece resposta imediata sobre o impacto do estilo de vida (alimentação e rotina de exercícios) e dos medicamentos administrados
  • Permite ao paciente e ao profissional de saúde modificar o tratamento em tempo real
  • Aumenta a adesão ao tratamento
  • Ajuda no controle da a doença e em conjunto com tratamento medicamentoso tem potencial de reduzir A1C (hemoglobina glicada).

Controle do diabetes: checar, controlar, consumir e cuidar[editar | editar código-fonte]

Estima-se que hoje quase 25 milhões de pessoas na América Latina sejam diabéticas, sendo que metade desses pacientes está no Brasil[46] .
Somente 36% dos pacientes com o tipo 2 da doença e 21% do tipo 1 conseguem controlar os níveis glicêmicos[47] .
Em média, um terço deles deixa de seguir as recomendações médicas um ano após o diagnóstico. A falta de controle da doença, decorrente dos maus hábitos de vida, acarreta em longo prazo em uma série de consequências para o organismo. Sem o controle adequado das taxas de glicose, aumentam as chances de complicações cardiovasculares, renais, oculares, entre outras.
Pacientes diabéticos têm de duas a quatro vezes mais chances de sofrer um infarto ou derrame do que uma pessoa que não tenha a doença[48] . Da mesma forma, 65% dos pacientes estão em risco de ter ou já têm algum grau de disfunção renal, condição que triplica o risco de eventos cardiovasculares[49] . As consequências do diabetes incluem ainda disfunção sexual (presente em 60% dos homens com a doença), alterações oculares como retinopatia e risco de cegueira, e ainda problemas de circulação nos membros inferiores.

Quatro passos para o controle efetivo do diabetes[editar | editar código-fonte]

  • Checar – Verificando regularmente o nível de glicose
  • O objetivo de medir diariamente o nível de açúcar no sangue é de obter informação detalhada sobre estes níveis em diferentes momentos do dia.
  • Essa informação poderá ajudar o paciente e a equipe médica a fazer algumas modificações relacionadas à ingestão de alimentos, atividade física, medicação e estresse, já que são de grande importância no tratamento diário.
  • Estes momentos diários ajudarão a melhorar o controle da glicemia e motivar o paciente a tomar ações para prevenção de complicação do diabetes.
  • Controlar – controlando o diabetes
  • Controlar o diabetes significa evitar níveis baixos (hipoglicemia) e altos (hiperglicemia) de açúcar no sangue e alcançar um controle diabético a longo prazo através de um nível A1C aceitável.
  • O controle do diabetes deve ser feito com o uso de medicamentos prescritos pelo médico, com medição do nível de açúcar regularmente e obtendo experiências e informações sobre o controle do diabetes.
  • Consumir – alimentando-se com comida saudável
  • Ter diabetes não significa que o paciente não poderá mais experimentar alimentos saborosos e muito menos que a dieta será feita de refeições com "gosto ruim".
  • Para o paciente ter uma boa alimentação, é necessário conhecer os diferentes grupos de alimentos, o impacto no nível de açúcar e o tamanho correto das porções.
  • Cuidar – cuidando do corpo e da mente
  • Açúcar em excesso no sangue por muito tempo pode causar problemas de saúde relacionados ao diabetes.
  • Este nível alto de açúcar pode fazer mal a muitas partes do corpo, como o coração, vasos sanguíneos, olhos, extremidades e rins.
  • Adicionar pequenos momentos para o cuidado, como atividade física, poderá significar muito para diminuir o risco de problemas de saúde relacionados à doença.

Novas técnicas de tratamento[editar | editar código-fonte]

Os cientistas acreditam que o desenvolvimento da edição do genoma humano usando CRISPR pode, eventualmente, resultar em uma nova abordagem para combater as infecções virais e tumores cancerosos, fazendo a edição de gene nas células T do sistema imunológico em laboratório antes de colocá-las de volta no paciente para protege-lo contra uma ampla gama de doenças, de diabetes ao HIV e cancer[50] .

Terapias não farmacológicas[editar | editar código-fonte]

O tratamento do DM tem como parâmetro importante o controle metabólico, com a utilização de terapias farmacológicas ou não (BOAS et al, 2012).[51]
Terapias não farmacológicas são aquelas em que há alteração nos hábitos alimentares e atividade física (BOAS et al, 2012).[52]
Para o indivíduo diabético, a correção de seus hábitos alimentares juntamente com a prática regular de exercícios físicos, são fatores cruciais e tratamento inicial para o controle do diabetes mellitus, conforme mostra estudo de Boas e colaboradores (2012).[53]

Alimentos que ajudam na redução[editar | editar código-fonte]

Segundo estudo de Oliveira e Saito (1989), alguns vegetais brasileiros, podem ser empregados no tratamento da Diabetes Mellitus (DM), o uso de plantas medicinais empregadas no auxilio do tratamento do diabetes vem sendo utilizado a muito tempo. Dentre esses vegetais estão o agrião, alcaçus do Brasil, cajueiro, carqueja amarga, cebola, erva pombinha ou quebra pedras, estevia, hera terrestre, jambolão, pata-de-vaca, pau-ferro, ricinus, sálvia e sucupira.[54]
Na pesquisa, Janebro e colaboradores (2008), utilizaram a farinha da casca de maracujá amarelo (Passiflora edulisf. Flavicarpa Deg.), que possui grande quantidade de pectina, buscando avaliar seu efeito no peso corporal, nos níveis de glicemia e lipídicos dos diabéticos do estudo.[55]
Segundo Janebro e colaboradores (2008) em seu estudo, observaram que a glicemia de jejum obtiveram uma diminuição, quando utilizada a suplementação com a casca do maracujá amarelo já nas quatro semanas do estudo nos pacientes com diabetes. Ou seja, terapias não medicamentosas no tratamento de diabetes também mostram efeito, sendo utilizadas em pacientes que possuem seu metabolismo de forma descompensada ou mesmo os que o tem controlado, de acordo o estudo.[56]
A redução da glicemia de jejum nos pacientes, segundo ensaio clínico mostraram bom resultado após 30 e 60 dias quando realizado tratamento com a farinha da casca do maracujá. De acordo Janebro e colaboradores (2008), esse resultado obtido possivelmente pode ser explicado devido o efeito das fibras contida no maracujá, como a pectina, fazendo com que retarde o esvaziamento gástrico causando no indivíduo uma sensação de saciedade e também retardando o tempo de absorção de carboidratos. Outro fator importante que a pectina traz é que o gel formado, este pode formar complexo com os sais biliares, promovendo a excreção do colesterol, que neste caso pode auxiliar em tratamento de doenças cardiovasculares, obesidade, dislipidemias e na DM.[57]
Na medicina chinesa tradicional, têm sido utilizadas 82 plantas como medicamentos para o tratamento do diabetes. Essas plantas utilizadas em sua maioria apresentam atividade hipoglicemiante, quando submetidas à análise farmacológica e ainda tem elementos químicos que podem ser utilizados como amostra para futuros hipoglicemiantes. (LI et al., 2004 apud Negri, 2005)[58]
Em relação aos legumes e verduras, no estudo de Brito, Buzo e Salado (2009) mostrou-se que 67,47% dos pacientes submetidos informaram que consomem diariamente, pois acreditam que esses alimentos são importantes, fazendo com o que auxiliam no controle glicêmico.[59]
Segundo a Organização Mundial de saúde, a dieta dos portadores de diabetes é algo de suma importância, pois é um fator que ajuda manter os níveis glicêmicos dentro dos padrões estabelecidos.(RIQUE; SOARES; MEIRELLES, 2002 apud Brito; Buzo e Salado, 2009).[60]

Projeto de lei para diabéticos no Brasil[editar | editar código-fonte]

O governo brasileiro investiu 200 milhões para a criação de uma unidade industrial, em Brasília, para produzir cristais de insulina, a única da América Latina. Essa fábrica começou a funcionar em 2009 e tem por objetivo produzir mais de 10 milhões de unidades de insulina para atender a demanda nacional.[61]
Os portadores de diabetes tem direito à concessão de uma série de benefícios já previstos em lei para outras doenças. A Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) aprovou proposta que altera uma série de normas garantindo aos portadores de diabetes o direito de sacar dinheiro do PIS-Pasep e do FGTS; além de garantir o recebimento de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez sem carência. A proposta também dá aos diabéticos direito a passe livre no transporte público.[62]

Em Portugal[editar | editar código-fonte]

O número de pessoas com diabetes em Portugal ultrapassou pela primeira vez a fasquia de um milhão em 2011, mas este foi o ano, na última década, em que se observou a maior queda no total de amputações, uma das principais complicações decorrentes desta doença[63] .

Medicamentos gratuitos[editar | editar código-fonte]

A insulina de ação rápida (insulina regular) demora de 30 minutos a uma hora para começar a agir eficientemente no organismo atingindo o máximo de atividade em 2 a 3 horas depois da aplicação. Seu efeito normalmente dura entre 4 a 6 horas.
Desde o dia 14 de fevereiro de 2011, o Ministério da Saúde brasileiro está implantando o projeto "Saúde não tem preço" que disponibiliza os remédios para diabetes gratuitamente em 15 000 farmácias do país.[64]
Os remédios disponíveis são:
  • Glibenclamida 5 mg, comprimido
  • Cloridrato de metformina 500 mg, comprimido
  • Cloridrato de metformina 850 mg, comprimido
  • Cloridato de metformina de ação prolongada 500 mg
  • Insulina Humana NPH 100 UI/ml – suspensão injetável, frasco-ampola (10ml e 5ml) e refil (3ml e 1,5ml carpule)
  • Insulina Humana Regular 100 UI/ml, solução injetável, frasco-ampola (10ml e 5ml) e refil (3ml e 1,5ml carpule)

Prevenção[editar | editar código-fonte]

Exercícios físicos ajudam na prevenção de complicações tanto do tipo 1 quando do tipo 2 de diabetes ao manter sob controle os níveis de glicemia.[65]
Quanto melhor o apoio social melhor será o controle glicêmico, a qualidade de vida e menor o número de complicações do diabético.[66]
Os riscos de complicações em ambos tipos de diabetes podem ser reduzidos com mudanças na dieta e atividades físicas regulares. Os portadores de tolerância diminuída à glicose (TDG) e glicemia de jejum alterada (GJA) devem fazer uma dieta rígida, praticar atividade física pelo menos 3 vezes por semana e, quando necessário e aprovado, usar remédios para evitar complicações.[67] Atividades físicas, dieta rígida e perda de peso entre os grupos de risco diminuem o risco de desenvolvimento do Diabetes tipo 2 pela metade.[68]
A prática de exercícios físicos traz benefícios como a melhor utilização do oxigênio pelo organismo, aumento da captação da glicose pelo músculo e aumento da sensibilidade celular à insulina a partir das primeiras semanas e que dura enquanto eles estiverem sendo regularmente. Com a insulina sendo usada de forma mais eficaz o portador de diabetes passa a precisar de doses menores para queimar a glicose extra.[65]
Em pessoas com pré-diabetes tipo 2, o uso de baixas doses de rosiglitazona (2 mg) e metformina (500 mg) reduz em cerca de 66% o risco de desenvolver diabetes e causa poucos efeitos adversos.[69]

Prevenção do diabetes tipo 1[editar | editar código-fonte]

É possível detectar fatores de risco para o desenvolvimento do diabetes tipo 1 utilizando auto anticorpos contra múltiplos antígenos pancreáticos. Existe uma correlação significativa entre a presença de dois ou mais auto anticorpos e o desenvolvimento de diabetes mesmo em indivíduos sem parentes diabéticos (90% dos casos).[70]Tratamentos com imunossupressores como azatioprinacorticoesteróides e ciclosporina, permitem a diminuição da dose necessária de reposição insulínica porém são poucos efetivos a longo prazo e ao suspender o uso dos imunossupressores além de causarem efeitos colaterais.[71]
Cientistas da Universidade de Maryland descobriram uma proteína, chamada de zonulina, que é produzida em grandes quantidades nas pessoas com doenças autoimunes. Esta superprodução leva numa cadeia de reações à destruição das células beta. Os pesquisadores testaram em ratos uma substância que inibe a ação da zonulina, evitando a progressão das lesões nas células beta pancreáticas. Este inibidor, denominado experimentalmente de AT-1001 agora está sendo testado em humanos.[72]

Prevenção das complicações[editar | editar código-fonte]

Quanto melhor o controle, menor será o risco de complicações. Desta maneira, a educação do paciente, compreensão e participação é vital. Os profissionais da saúde que tratam diabetes também tentam conscientizar o paciente a se livrar certos hábitos que sejam prejudiciais à diabetes. Estes incluem roncoapneia do sonotabagismo,colesterol elevado (controle ou redução da dieta, exercícios e medicações), obesidade (mesmo uma perda modesta de peso pode ser benéfica), pressão sanguínea alta(exercício e medicações, se necessário) e sedentarismo.
Recomenda-se manter um peso saudável, e ter no mínimo 3 horas de exercício por semana, não ingerir muita gordura, e comer uma boa quantidade de fibras e grãos. Embora os médicos não recomendem o consumo de álcool, um estudo indica que o consumo moderado de álcool pode reduzir o risco.[carece de fontes]

História[editar | editar código-fonte]

diabetes mellitus já era conhecida antes da era cristã. No papiro de Ebers descoberto no Egito, correspondente ao século XV antes de Cristo, já se descrevem sintomas que parecem corresponder à diabetes.
Foi Areteu da Capadócia quem, no século II, deu a esta doença o nome de "diabetes", que em grego significa "sifão", referindo-se ao seu sintoma mais chamativo que é a eliminação exagerada de água pelos rins, expressando que a água entrava e saía do organismo do diabético sem fixar-se nele (polidipsia e poliúria, características da doença e por ele avaliadas por esta ordem). Ainda no século II, Galeno, contemporâneo de Areteu, também se referiu à diabetes, atribuindo-a à incapacidade dos rins em reter água como deveriam.[73]
Nos séculos posteriores não se encontram nos escritos médicos referências a esta enfermidade até que, no século XIAvicena refere com precisão esta afecção em seu famoso Cânon da Medicina.[74]
Após um longo intervalo, Thomas Willis fez, em 1679, uma magistral descrição da diabetes para a época, ficando desde então reconhecida por sua sintomatologia como entidade clínica. Foi ele quem, referindo-se ao sabor doce da urina, lhe deu o nome de diabetes mellitus (sabor de mel), apesar de esse fato já ter sido registrado cerca de mil anos antes na Índia, por volta do ano 500.
Em 1775, Dopson identificou a presença de glicose na urina. Frank, por essa altura também, classificou a diabetes em duas formas: diabetes mellitus (ou vera), e insípida, esta sem apresentar urina doce. A primeira observação feita através de uma necropsia em um diabético foi realizada por Cawley e publicada no London Medical Journal em1788. Quase na mesma época o inglês John Rollo, atribuindo à doença uma causa gástrica, conseguiu melhorias notáveis com um regime rico em proteínas e gorduras e limitado em hidratos de carbono.
Os primeiros trabalhos experimentais relacionados com o metabolismo dos glicídios foram realizados por Claude Bernard, o qual descobriu, em 1848, o glicogênio hepático e provocou a aparição de glicose na urina excitando os centros bulbares. Ainda na metade do século XIX, o grande clínico francês Bouchardat assinalou a importância daobesidade e da vida sedentária na origem da diabetes e traçou as normas para o tratamento dietético, baseando-a na restrição dos glicídios e no baixo valor calórico da dieta. Os trabalhos clínicos e anatômico-patológicos adquiriram grande importância em fins do século XIX, nas mãos de FrerichsCantaniNaunynLanceraux etc., tendo culminado em experiências de pancreatectomia em cães, realizadas por Mering y Mikowski em 1889.
A busca do suposto hormônio produzido pelas ilhotas de Langerhans, células do pâncreas descritas em 1869 por Paul Langerhans, iniciou-se de imediato. HedonGley,Laguessee Sabolev estiveram muito próximos do almejado triunfo, o qual foi conseguido pelos jovens canadenses Banting e Charles Best, que conseguiram, em 1921, isolar a insulina e demonstrar seu efeito hipoglicêmico. Esta descoberta significou uma das maiores conquistas médicas do século XX, porque transformou as expectativas e a vida dos diabéticos e ampliou horizontes no campo experimental e biológico para o estudo da diabetes e do metabolismo dos glicídios.[75]
Posteriormente, o transplante de pâncreas passou a ser considerado uma alternativa viável à insulina para o tratamento da diabetes mellitus do tipo 1. O primeiro transplante de pâncreas com essa finalidade foi realizado em 1966, na universidade de Manitoba.
Uma linha mais recente de pesquisa na Medicina tem buscado fazer o transplante apenas das ilhotas de Langerhans. O procedimento é simples, tem poucas complicações e exige uma hospitalização de curta duração. O grande problema é a obtenção das células, que são originárias de cadáveres. São necessários em média três doadores para se conseguir um número razoável de células.

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