Salmonelose é uma doença infecciosa provocada por um grupo de bactérias do gêneroSalmonella, que pertencem à família Enterobacteriaceae, existindo muitos tipos diferentes desses germes. A Salmonella é conhecida há mais de 100 anos e o termo é uma referência ao cientista americano chamado Salmon, que descreveu a doença associada à bactéria pela primeira vez.
Como se adquire
A Salmonella é transmitida ao homem através da ingestão de alimentos contaminados com fezes animais. Os alimentos contaminados apresentam aparência e cheiro normais e a maioria deles é de origem animal, como carne de gado, galinha, ovos e leite. Entretanto, todos os alimentos, inclusive vegetais, podem tornar-se contaminados. É muito freqüente a contaminação de alimentos crus de origem animal.
O cozimento de qualquer destes alimentos contaminados mata a Salmonella.
A manipulação de alimentos por pessoas contaminadas que não lavam as mãos com sabonete, pode causar sua contaminação.
Fezes de animais de estimação, especialmente os que apresentam diarréia, podem conterSalmonella, e as pessoas em contato com estes animais podem ser contaminadas e contaminar a outras se não adotarem medidas rígidas de higiene (lavar as mãos com sabonete). Répteis são hospedeiros em potencial para a Salmonella e as pessoas devem lavar as suas mãos imediatamente após manusear estes animais, mesmo que o réptil seja saudável.
O que se sente
A maior parte das pessoas infectadas com Salmonella apresenta diarréia, dor abdominal (dor de barriga) e febre. Estas manifestações iniciam de 12 a 72 horas após a infecção. A doença dura de 4 a 7 dias e a maioria das pessoas se recupera sem tratamento. Em algumas pessoas infectadas, a diarréia pode ser severa a ponto de ser necessária a hospitalização devido à desidratação. Os idosos, crianças e aqueles com as defesas diminuídas (diminuição da resposta imune) são os grupos mais prováveis de ter a forma mais severa da doença. Uma das complicações mais graves é a difusão da infecção para o sangue e daí para outros tecidos, o que pode causar a morte caso a pessoa não seja rapidamente tratada.
Como se faz o diagnóstico
Muitas doenças podem causar as mesmas manifestações que a salmonelose, sendo o diagnóstico, na maior parte das vezes, associado à história alimentar recente. A comprovação de que as manifestações clinicas são causadas pela Salmonella só pode ser feita pela identificação do germe nas fezes da pessoa infectada e é útil somente nos casos mais graves, em que a administração de antibiótico se faz necessária. Este teste usualmente não é realizado em um exame comum de fezes, sendo necessário uma instrução específica ao laboratório para a procura do germe nas fezes. Uma vez identificado pode ser realizada a cultura das fezes para a determinação do tipo específico e qual antibiótico deve ser utilizado para o tratamento.
Como se trata
A infecção por Salmonella usualmente dura de 5 a 7 dias e freqüentemente não é necessário tratamento, sendo suficiente as medidas de suporte e conforto ao paciente. Após este período, a pessoa fica recuperada, podendo permanecer ainda por algum tempo um hábito intestinal irregular. Caso o paciente se torne severamente desidratado ou a infecção se difunda do intestino para outras regiões do organismo, medidas terapêuticas devem ser tomadas, incluindo a hospitalização. Pessoas com diarréia severa devem ser reidratadas através da administração endovenosa de soro. Os casos graves, em que a infecção se difunde, devem ser tratados com antibióticos.
Como se previne
Sendo os alimentos de origem animal uma das principais fontes de contaminação porSalmonella, ovos, carne e galinha não devem ser ingeridos crus, mal-passados ou não completamente cozidos. | |
Atenção especial deve ser dada aos ovos crus que aparecem sem serem percebidos em um grande número de pratos, como maionese caseira, molho holandês, tiramisu, sorvete caseiro. Estes pratos devem ser evitados. | |
Carnes em geral, incluindo hambúrgueres e frango, devem ser bem cozidas (não devem estar avermelhadas no centro). Leite não pasteurizado deve ser evitado. | |
Todos os produtos devem ser bem lavados antes de sua preparação e consumo. | |
Contaminação entre alimentos deve ser evitada: carnes cruas devem ficar separadas de alimentos que estão sendo preparados, de alimentos já cozidos e de alimentos prontos para serem servidos. | |
Todos os utensílios de cozinha (tábuas, facas, etc.) devem sempre ser lavados após sua utilização em alimentos crus. | |
As mãos devem ser lavadas antes do manuseio de qualquer alimento e entre o manuseio de diferentes itens alimentares. | |
Já que os répteis são portadores em potencial da Salmonella, qualquer pessoa deve lavar as mãos imediatamente após o contato com estes animais. | |
Répteis, incluindo as tartarugas, não são apropriados como animais de estimação de crianças e não deveriam habitar o mesmo ambiente.
Salmonella é um gênero de bactérias, vulgarmente chamadas salmonelas, pertencente à família Enterobacteriaceae, sendo conhecida há mais de um século. Tem, em seu nome, uma referência ao cientista estadunidense chamado Daniel Elmer Salmon, que associou a doença à bactéria pela primeira vez. As enfermidades causadas por Salmonela e transmitidas por alimentos são consideradas um dos mais alarmantes problemas de Saúde Pública em todo mundo.
São bactérias Gram-negativas, em forma de bacilo, na sua maioria móveis (com flagelos peritríquios), não esporulado, não capsulado, sendo que a maioria não fermenta a lactose. As salmonelas são um gênero extremamente heterogêneo, composto por três espécies, Salmonella subterranea, Salmonella bongori e Salmonella enterica, esta última possuindo, atualmente, 2610 sorotipos [1] . A classificação em serogrupos depende do antigénio O, enquanto que a classificação em serótipos depende do antigénio H.
O trato intestinal do homem e dos animais é o principal reservatório natural deste patogeno, sendo os alimentos de origem aviaria importantes vias de transmissão.
Dentre as de maior importância para a saúde humana, destacam-se a Salmonella typhi (Salmonella enterica enterica sorovar Typhi), que causa infecções sistêmicas e febre tifóide – doença endêmica em muitos países em desenvolvimento – e a Salmonella Typhimurium (Salmonella enterica enterica sorovar Typhimurium), um dos agentes causadores das gastroenterites.
Índice [esconder]
1 Factores de virulência 2 Patogênese 3 Epidemiologia 4 Factores de risco 5 Doença e Sintomas 6 Transmissão 7 Prevenção 7.1 Vacinação 8 Diagnóstico laboratorial 9 Tratamento 10 Referências 11 Bibliografia sobre nomenclatura de Salmonella 12 Ligações externas Factores de virulência[editar | editar código-fonte] Endotoxina, LPS - o lipídeo A do lipopolissacarídeo libertado quando da lise bacteriana é responsável pela sintomatologia característica; Catalase, superóxido dismutase e gene ATR - em particular o gene ATR (gene de resposta de tolerância ao ácido) protege a bactéria da acção corrosiva do ácido, quer gástrico, quer fagossómico; Sobrevivência no interior de macrófagos; Sistema de secreção do tipo III, utilizado para injectar factores de virulência no interior de células eucarióticas. Ao segregarem essas proteínas efectoras (Sips ou Ssps) mão injectadas pelo SPI 1 no interior das células M presentes nas placas de Peyer do íleo. O SPI 2 é responsável pela doença sistémica subsequente. Antígenos: somático - antígeno O, flagelar (proteico)- antígeno H; capsular (polissacarídeo) - antígeno Vi Patogênese[editar | editar código-fonte] A salmonela, após ser ingerida pelo hospedeiro, passa pelo estômago ,se multiplicam, aderindo-se e penetrando nas células epiteliais da região ileocecal. Migram para a lâmina própria levando à resposta inflamatória mediada por liberação de prostaglandinas, que estimulam o AMP cíclico produzindo secreção ativa de fluidos, o que resulta em diarreia , ligando-se por meio de fímbrias específicas da espécie às células M. A bactéria introduz Sips ou SSps que levam a um rearranjo do citosqueleto da célula M. Deste modo, a bactéria é envolvida por um fagossoma, induzindo a morte da célula hospedeira, e se dissemina para os tecidos adjacentes, explicando assim, a infecção do tracto gastrointestinal.
Epidemiologia[editar | editar código-fonte]
Salmonella spp. pode colonizar todos os animais enquanto que na Salmonella Typhi, o Homem é o único reservatório. A salmonelose febre tifóide é endémica nos países subdesenvolvidos. Embora tenham sido encontradas resistências via plasmídeos ao cloranfenicol, ampicilina, a Salmonella Typhi têm baixa dose infecciosa (ao contrário de outros serótipos de Salmonella).
Boa parte dos répteis são também parasitados por salmonelas e o contato com suas fezes ou vestígios fecais pode ocasionar a contaminação [2] . Portanto, é importante o cuidado higiênico pessoal e limpeza do ambiente no manuseio de répteis de estimação [3] como jabutis, tartarugas de aquário, iguanas e serpentes.
Factores de risco[editar | editar código-fonte]
Idade; Imunossupressão; AIDS Leucemia; Anemia Menor acidez gástrica. Febre alta Doença e Sintomas[editar | editar código-fonte] Patologias como gastroenterite, septicémia, febre entérica causam os sintomas da salmonelose.
Gastroenterite: salmonelose mais frequente, a sua sintomatologia surge 6 a 48h após ingestão de alimentos ou água contaminados; os sintomas mais comuns são: diarreia não sanguinolenta, náuseas, dores abdominais tipo cólica e cefaleias. É autolimitada, durando de 2 dias até 1 semana.
Septicemia: Todas as espécies de Salmonella podem causar bacteriémia, mas em particular os sorovares, Salmonella Choleraesuis, Salmonella Paratyphi e Salmonella Typhi; como grupos de risco, encontram-se crianças, idosos, e indivíduos soropositivos; Febre entérica, vulgarmente conhecida por febre tifóide (diferente do tifo), infecção sistémica febril caracterizada por febre gradual constante 10 a 14 dias após a infecção. Resulta especialmente de Salmonella Typhi, boa produtora de antígeno Vi. Agentes bacterianos: Salmonella Typhi, Salmonella Paratyphi. . Os sintomas incluem cólicas abdominais, náuseas, vômitos, diarreia, calafrios, febre e cefaleia. A colonização crônica por Salmonella Typhi por um período superior a 1 ano após a doença sintomática pode ser assintomática, sendo a vesícula biliar o reservatório bacteriano preferencial.
Transmissão[editar | editar código-fonte]
Ingestão de alimentos contaminados tais como o ovo e alimentos crus Ingestão de água contaminada Disseminação fecal-oral; Contacto com pessoas doentes ou portadores assintomáticos. Prevenção[editar | editar código-fonte] Lavar frequentemente as mãos; Evitar alimentos crus ou mal cozidos (ex. ovos, frutas, peixes, palmitos); Correta pasteurização do leite e cocção de outros produtos como azeitonas, palmitos, etc. Controle de pragas urbanas, especialmente ratos, baratas e formigas, uma vez que frequentam esgotos e podem veicular mecanicamente sorotipos de Salmonella para os alimentos. Vacinação[editar | editar código-fonte] Apenas em populações com alto risco. A vacina é baseada no antígeno do polissacarídeo VIi.
Apenas em alguns paises a vacinação é obrigatoria.
Diagnóstico laboratorial[editar | editar código-fonte]
Para identificação do micro-organismo, realizam-se hemoculturas, que na primeira semana da doença, dão resultado positivo. Podem também fazer-se cropoculturas, mas só após a terceira semana da doença dão resultado positivo. Outros métodos incluem a reacção de Widal, que fazem a pesquisa de anticorpos anti-O, anti-H e anti-Vi da Salmonella. Esta reacção não é específica: se o título anti-O for elevado, é sugestivo de Salmonella Typhi, mas não específico, porque existem outras salmonelas que partilham este antígeno. Se o título anti.H for elevado, podem existir reacções cruzadas, o que leva a difícil interpretação. O título anti-Vi elevado ocorre apenas 3 a 4 semanas da doença, sendo de pouca utilidade no diagnóstico precoce. O hemograma em 26% dos pacientes revela leucopenia e neutropenia. O isolamento do micro-organismo é o diagnóstico definitivo.
Tratamento[editar | editar código-fonte]
Star of life caution.svg Advertência: A Wikipédia não é consultório médico nem farmácia. Se necessita de ajuda, consulte um profissional de saúde. As informações aqui contidas não têm caráter de aconselhamento. Como antibiótico de primeira linha, actualmente é usada a ciprofloxacina, mas para gestantes e crianças, é usada a ceftriaxona. No passado, o antibiótico de primeira linha era o cloranfenicol, mas, devido aos seus efeitos adversos (anemias aplásticas e Trombocitopenia irreversíveis), foi excluído da terapêutica.
Referências
Ir para cima ↑ http://www.icb.ufmg.br/big/vacinas/Salmonella.htm Ir para cima ↑ Zalmir Cubas (tradução). Saúde animal - Répteis domésticos e o risco de salmonelose. Visitado em 23 de abril de 2010. Ir para cima ↑ André Grespan (abril/setembro de 2001). Anclivepa-SP - Salmonelose Humana causada por Répteis. Visitado em 23 de abril de 2010. Bibliografia sobre nomenclatura de Salmonella[editar | editar código-fonte] Salmonella nomenclature. http://www.bacterio.cict.fr/salmonellanom.html. Acessado em 4 de agosto de 2009. ((em inglês)) Global biodiversity information facility. Classification of genus: Salmonella.http://data.gbif.org/species/browse/taxon/13238740. Acessado em 4 de agosto de 2009. ((em inglês)) NCBI: Taxonomy browser (Salmonella).http://www.ncbi.nlm.nih.gov/Taxonomy/Browser/wwwtax.cgi…. Acessado em 4 de agosto de 2009. Ligações externas[editar | editar código-fonte] Artigo do ABC da Saúde Cuidados com a alimentação.Intoxicação por Salmonella pode causar graves danos a saúde Qualidade de Alimentos - Salmonella Categorias: EnterobacteriaceaeGêneros de bactérias |
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