quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

SEDA

seda é uma fibra proteica usada na indústria têxtil. Obtém-se a partir dos casulos do bicho-da-seda.
A fibra de seda natural é um filamento contínuo de proteína, produzido pelas lagartas de certos tipos de mariposas, sendo uma das matérias-primas mais caras. As lagartas expelem através das glândulas o líquido da seda (a fibroína) envolvido por uma goma (a sericina), os quais se solidificam imediatamente quando em contato com o ar.
A seda é utilizada para se produzir tecidos leves, brilhantes e macios. Os tecidos são usados em camisas, vestidos, blusas, gravatas, xales, luvas etc. A seda tem uma aparência cintilante, devido à estrutura triangular da fibra, parecida com um prisma, que refrata a luz.
Acredita-se que os chineses começaram a produzir seda por volta do ano 2700 a.C.. Reza a lenda que a imperatriz Si Ling Chi descobriu a seda quando um casulo de bicho-da-seda caiu de uma amoreira dentro de sua xícara de chá. Depois de experimentar algumas vezes, ela, finalmente, conseguiu tecer o filamento da seda em um pedaço de tecido.
A seda era considerada a mais valiosa mercadoria da China e gerou a famosa rota da Seda, a mais importante rota comercial da época. A manufatura da seda era um segredo de estado, muito bem guardado até o ano 300, quando se tornou conhecida na Índia. Ou seja: 3 000 anos após sua descoberta pelos chineses.

Obtenção[editar | editar código-fonte]

O bicho-da-seda é criado aos milhões. Após trinta dias se alimentando apenas de folhas de amoreira, o bicho-da-seda tece o seu casulo e, dentro dele, se transforma emcrisálida.
O processo de tecelagem da seda continua o mesmo nos dias de hoje. Na sericicultura, os casulos são mergulhados em água quente para libertar os filamentos da substância chamada sericina da seda, matando a larva do bicho-da- seda. A substância, ao ser retirada dos fios, deixa estes com a cor brilhante característica da seda. Os filamentos são combinados para formar fios, que são enrolados e finalmente secos. Cada casulo pode render de 458 a mil metros de seda, sendo cada casulo composto por apenas um longo fio. Cerca de cinco quilogramas de casulos são necessários para produzir um quilograma de seda em bruto.

Vale da Seda[editar | editar código-fonte]

Paraná participa com 92% da produção brasileira de casulos de bicho-da-seda, uma atividade desenvolvida em pequenas propriedades rurais, com área média de 2,5 ha e predominância do trabalho familiar, representando uma alternativa importante para a melhoria da renda dessas famílias. A sericicultura contribui significadamente a redução do êxodo rural, pois gera um emprego para cada hectare plantado com amoreira, cujas folhas são o único alimento do bicho-da-seda. São necessários trezentos hectares de soja para gerar um único emprego no campo.
A sericicultura paranaense é desenvolvida em 219 municípios. Dados da safra de 2009 informam que o Paraná conta com 4 524 famílias de sericicultores, que cultivam uma área de 11 464 hectares de amoreiras. As 4 456 toneladas de casulos produzidos na safra de 2009 geraram um valor bruto do produto (VBP) de 29 599 540 reais, segundo a EMATER-PR.
Apenas como referência, caso somente dez por cento dessa produção fosse destinada à produção de lenços e cachecóis de seda, comercializados na região sob a etiqueta do Vale da Seda, o VBP destes dois artigos seria superior a 71 000 000 de reais, ou o equivalente a mais do dobro da receita gerada por toda a venda de casulos de bicho-da-seda in natura.
No Paraná, nenhuma outra região produz mais casulo de bicho-da-seda do que a região delimitada pela bacia hidrográfica do Rio Pirapó, que envolve 29 municípios no noroeste do Paraná e que constitui o Vale da Seda, região que mais produz casulo de bicho-da-seda em todo o Ocidente. No Vale da Seda, os municípios apresentam uma área média plantada com amoreiras que é o dobro da área média observada nas demais regiões do Paraná. Os municípios que formam o Vale da Seda são: Apucarana, Arapongas, Astorga, Atalaia, Cambira, Colorado, Cruzeiro do Sul, Flórida, Guaraci, Iguaraçú, Itaguajé, Jaguapitã, Jandaia do Sul, Jardim Olinda, Lobato Mandaguaçu, Mandaguari, Marialva, Maringá, Munhoz de Melo, Nossa Senhora das Graças, Nova Esperança, Paranacity, Paranapoema, Presidente Castelo Branco, Rolândia, Sabáudia, Santa Fé e Uniflor.
Para dar suporte ao adensamento da cadeia produtiva da seda no Paraná, o projeto Vale da Seda visa a estabelecer a identidade de procedência Vale da Seda para os artigos de seda produzidos na região.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]



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  • Ricci, G et al. "Clinical Effectiveness of a Silk Fabric in the Treatment of Atopic Dermatitis", British Journal of Dermatology (2004) Issue 150. Pages 127 - 131A seda é uma fibra obtida a partir dos casulos do bicho-da-seda. Trata-se de um filamento contínuo de proteína, que ao ser processado em uma trama, dá origem a um tecido de bastante resistência, maciez e alta qualidade. Acredita-se que o cultivo do bicho-da-seda foi iniciado na China por volta do século IX a.C. As plantações de amoreira, pequena árvore em cujas folhas a lagarta responsável pela seda se desenvolve, consistiam um elemento essencial na produção do tecido. Quando já adulto, o inseto abandona seu casulo, pois precisa de um suprimento de folhas tenras para se alimentar.
    Foto: Kjpargeter / Shutterstock.com
    Foto: Kjpargeter / Shutterstock.com
    A seda produzida de casulos cultivados, ao contrário da conseguida a partir de casulos nativos apresenta maior uniformidade e textura mais fina. Isso ocorre porque, no primeiro caso, o filamento é desenrolado do casulo em unidades longas e contínuas, enquanto a lagarta ainda está viva. A seda não cultivada tem os filamentos removidos em pequenos pedaços após o voo da borboleta, que precisam ser emendados para formar os fios.
    O processamento da seda foi acompanhado pela invenção e aperfeiçoamento de diversos equipamentos para tecer. Por volta do século V a.C., a produção das fazendas de seda do império chinês já era suficiente para permitir ao imperador presentear com peças de tecido os chefes das pouco amistosas tribos mongóis. No entanto, apesar de ser muito superior aos tecidos de lã, algodão ou linho, a seda lisa foi rapidamente superada quando os tecelões chineses conseguiram produzir peças tecidas com diferentes padrões.
    Para a execução desses produtos de alta qualidade, diferentes grupos fios precisavam ser levantados e abaixados durante a tecelagem, o que não se podia fazer com os teares utilizados até então. Muitos tecelões resolveram o problema colocando uma série de barras, chamadas comumente de lançadeiras, através dos fios da urdidura. Contudo, as barras precisavam ser levantadas com a mão, o que tornava o trabalho bastante lento.
    Pouco antes do ano 200 a.C., uma nova máquina, o tear de tração, trouxe maior rapidez à produção da seda. Sua principal inovação era um sistema de cordões amarrados às lançadeiras. Esses cordões passavam por cima de roldanas e desciam, prendendo-se apedais, deixando ambas as mãos do tecelão livres para empurrar a bobina da trama. Esse aperfeiçoamento aumentou consideravelmente tanto a quantidade como a qualidade da seda.
    A demanda de seda espalhou-se rapidamente para além das fronteiras chinesas, atingindo a Pérsia e depois todo o Mediterrâneo. Por volta do ano 100 a.C., o imperador já havia organizado um sistema de caravanas para levar os produtos ao Oriente Médio e à Europa, na época sob domínio romano. Mais tarde, tal rota ficaria conhecida como Rota da Seda.

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