"A tonga da mironga do kabuletê" é uma canção escrita pelo poeta Vinícius de Moraes e pelo músico Toquinho.

A expressão[editar | editar código-fonte]

Na composição, os autores informam, que a expressão seria uma espécie de xingamento no idioma nagô. Uma forma de protesto político, afrontar os militares sem que eles tivessem consciência. Na época o Brasil era governado por uma ditadura e essa era a oportunidade de protestar sem que os militares compreendessem[1] . Essa supostamente significaria "o pêlo do ânus da mãe" [2] .
De acordo com o Novo Dicionário Banto do Brasil, de Nei Lopes, estas palavras significam o seguinte: (1) tonga (do Quicongo), "força, poder"; (2) mironga (do Quimbundo), "mistério, segredo" (Houaiss acrescenta: "feitiço"); (3) cabuletê (de origem incerta), "indivíduo desprezível, vagabundo" (também empregado para designar um pequeno tambor que vai preso em um cabo, usado na percussão brasileira).
  • "Tonga", segundo o Dicionário Aurélio, pode ser uma palavra angolana para "terra a ser lavrada" ou "lavoura". É, ainda samtomensismo depreciativo, a designar descendentes de lusos, ou de serviçais, nascidos nas ilhas.
  • "Mironga" é, em candomblé e na macumba, "feitiço, sortilégio, bruxedo".
  • "Cabuleté", no mesmo léxico, é "indivíduo reles, desprezível, vagabundo".
A despeito do significado literal, a expressão foi escolhida pelo poeta Vinícius de Moraes pela sua sonoridade, sem valor semântico, mas com alto valor sugestivo. É uma inovação linguística que se instalou na cultura popular brasileira.

Sucesso[editar | editar código-fonte]

Lançada nos anos 1970 pela dupla, foi um de seus maiores sucessos, cantada ainda pelo sambista Monsueto, sendo, durante aqueles anos, uma expressão de uso bastante popular, à qual não se emprestava nenhum significado particular.

Contexto[editar | editar código-fonte]

Dizem os versos:
Você que ouve e não fala,
Você que olha e não vê,
Eu vou lhe dar uma pala,
Você vai ter que aprender:
A tonga da mironga do kabuletê.
Depois, a canção diz que o ouvinte deve "viver na tonga da mironga", para encerrar mandando-o para a "tonga da mironga"…

Curiosidades[editar | editar código-fonte]

Na versão de Toquinho sobre a expressão "a tonga da mironga do kabuletê", o compositor alega ter ouvido a expressão, pela primeira vez, quando estava na casa de Vinícius de Moraes em Salvador, na Bahia. A então esposa do poetinha, a baiana Gesse Gessy, havia acabado de chegar do Mercado Modelo, onde a expressão teria sido ouvida pela primeira vez, dita por alguém.
As falas indecifráveis, no início, no meio e no final da versão original da música, são de autoria do sambista Monsueto, que sugerem ser ditas em nagô (Língua iorubá).
Em 2004 a canção foi regravada por Daniela Mercury em Carnaval Eletrônico, seu sétimo álbum de estúdio.

Referências

  1. Ir para cima [1] BORGES, A. E. Vinícius de Moraes: Cultura e História (1930-1970). 2011. 162 f. Dissertação (Mestrado em História). Faculdade de História, Universidade Federal de Goiás, Goiás. 2011.
  2. Ir para cima [2] BRITO, J. D. Curiosidades: o que significa a "Tonga da Mironga do Cabuletê"?. Disponível em: <www.tirodeletra.com.br/curiosidades/NatongadaMirongadoKaburete.htm>. Acesso em 06 jan 2016.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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