Uma das regiões mais antigas da América Portuguesa, Pernambuco foi a mais rica capitania do Brasil Colônia, graças à indústria exportadora de açúcar.[9] O estado teve ativa participação em diversos episódios da história brasileira: foi palco das Batalhas dos Guararapes, combates decisivos na Insurreição Pernambucana e considerados a origem do Exército Brasileiro; e serviu de berço a movimentos de caráter nativista ou de ideais libertários, como a Guerra dos Mascates, a Revolução Pernambucana, a Confederação do Equador e a Revolução Praieira.[10] Conhecido por sua ativa e rica cultura popular, o estado é berço de várias manifestações tradicionais, como o frevo e o maracatu, bem como detentor de um vasto patrimônio histórico, artístico e arquitetônico, sobretudo no que se refere ao período colonial. Na década de 1990, surgiu em Pernambuco o manguebeat, amálgama do rock, do pop, do rap e do funk com os ritmos locais cujo maior expoente foi Chico Science.
Pernambuco deu origem a personalidades de renome internacional: físicos e matemáticos como Mário Schenberg, José Leite Lopes, Leopoldo Nachbin e Paulo Ribenboim; escritores como Paulo Freire, João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira e Nelson Rodrigues; polímatas como Gilberto Freyre, Joaquim Nabuco, Josué de Castro e Joaquim Cardoso; músicos como Luiz Gonzaga, Bezerra da Silva, Alceu Valença e Naná Vasconcelos; profissionais da televisão como Chacrinha, Marco Nanini, Guel Arraes e Aguinaldo Silva; artistas plásticos e designers como Romero Britto, Francisco Brennand, Andree Guittcis e Aloísio Magalhães; industriais como José Ermírio de Moraes, Norberto Odebrecht, Antônio de Queiroz Galvão e Edson Mororó Moura; personagens históricos como Frei Caneca, Araújo Lima, Correia Picanço e Cardeal Arcoverde; dentre diversos outros nomes.
Pernambuco é o sétimo estado mais populoso do Brasil. Sua capital, Recife, é sede da concentração urbana mais populosa do Norte-Nordeste e quarta mais populosa do país. No interior do estado, as cidades mais importantes são Caruaru e Petrolina.[11] [12] O estado possui o décimo maior PIB do país, e Recife é a região metropolitana mais rica do Norte-Nordeste.[3] Pernambuco possui a alcunha de "Leão do Norte", expressão que se origina na figura de armas do antigo capitão-donatário da Capitania de Pernambuco Duarte Coelho, em alusão à coragem e ao espírito combativo do povo pernambucano.[13] O termo é atualmente simbolizado tanto no brasão do estado quanto na bandeira da cidade do Recife, e também foi inspiração para a canção de mesmo nome do compositor pernambucano Lenine.[14]
Índice [esconder]
1 Etimologia
2 História
2.1 Pré-história
2.2 Período colonial
2.2.1 Invasão holandesa (1630-1654)
2.2.1.1 Insurreição Pernambucana (1645-1654)
2.2.2 Quilombo dos Palmares
2.3 Movimentos nativistas e separatistas
3 Geografia
3.1 Geologia e relevo
3.2 Clima
3.3 Vegetação
3.4 Hidrografia
3.5 Ecologia
4 Demografia
4.1 Etnias
4.2 Religião
5 Governo e política
5.1 Divisão político-administrativa
6 Economia
6.1 Setor primário
6.2 Setor secundário
6.3 Setor terciário
6.4 Turismo
7 Infraestrutura
7.1 Saúde
7.2 Educação
7.3 Transportes
7.4 Mídia
7.5 Ciência e tecnologia
8 Cultura
8.1 Literatura
8.2 Música e dança
8.3 Teatro e televisão
8.4 Artes visuais
8.5 Espaços culturais
8.6 Festividades
8.7 Culinária
8.8 Esportes
8.9 Feriados
9 Ver também
10 Referências
10.1 Bibliografia
11 Ligações externas
Etimologia[editar | editar código-fonte]
Para alguns estudiosos, a origem do nome "Pernambuco" está relacionada ao Canal de Santa Cruz, que cerca a Ilha de Itamaracá (foto).[15]
A origem do nome Pernambuco é controversa. Alguns estudiosos afirmam que vem do nome tupi: pa'ra'nã = "mar" mais buka = "furo de mar", referência dada aos índios no canal de Santa Cruz que cerca a toda a Ilha de Itamaracá.[15] Segundo outros afirmam, era a denominação nas línguas indígenas locais da época do descobrimento para o pau-brasil. Pode se originar, ainda, da palavra tupi paranãbuku, que significa "mar comprido", através da junção dos termos paranã ("mar") e puku ("comprido, alto").[16]
Bento Teixeira, em seu poema Prosopopeia publicado em 1601, escreveu uma estrofe no qual conta o significado da palavra Pernambuco:
"Em o meio desta obra alpestre, e dura,
Uma bôca rompeu o Mar inchado,
Que na língua dos bárbaros escura,
Paranambuco, de todos é chamado.
De Parana que é Mar, Puca - rotura,
Feita com fúria dêsse Mar salgado,
Que sem no derivar, cometer míngua,
Cova do Mar se chama em nossa língua."[17]
Os habitantes naturais do estado do Pernambuco são denominados pernambucanos.[18]
História[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: História de Pernambuco
Pré-história[editar | editar código-fonte]
Pinturas Rupestres no Vale do Catimbau, onde estão sítios arqueológicos e registros rupestres datados de pelo menos 6.000 anos.
O Nordeste brasileiro concentra alguns dos mais antigos sítios arqueológicos conhecidos do país, com datação superior a 40 000 anos antes do presente.[19] Na região que hoje corresponde ao estado de Pernambuco, foram identificados vestígios seguros de ocupação humana superiores a 11 000 anos, nas regiões de Chã do Caboclo, em Bom Jardim, e Furna do Estrago, em Brejo da Madre de Deus. Nesta última região, foi descoberta uma importante necrópole pré-histórica, com 125 metros quadrados de área coberta, de onde foram resgatados 83 esqueletos humanos em bom estado de conservação.[20] [21] [22]
Dentre os grupos indígenas que habitaram o estado, identificou-se a tradição cultural Itaparica, responsável pela confecção de artefatos líticos lascados há mais de 6 000 anos.[23] No Agreste pernambucano, conservam-se pinturas rupestres com data aproximada de 2 000 anos antes do presente, atribuídas à subtradição denominada Cariris velhos.[24] Na época da colonização portuguesa, habitavam o litoral pernambucano os Tabajaras e os Caetés, já desaparecidos. Nos brejos interioranos do estado ainda é possível encontrar grupos indígenas remanescentes das antigas tradições, como os Pankararu (em Tacaratu) e os Atikum (em Floresta).[25]
Descobrimento pré-cabralino do Brasil
Cabo de Santo Agostinho, litoral sul de Pernambuco, possível local do descobrimento pré-cabralino do Brasil por Vicente Yáñez Pinzón no dia 26 de janeiro de 1500.[26]
Há algumas teorias sobre quem foi o primeiro europeu a chegar nas terras que hoje formam o Brasil. A mais aceita defende que foi o espanhol Vicente Yáñez Pinzón no dia 26 de janeiro de 1500, possivelmente no Cabo de Santo Agostinho, litoral sul de Pernambuco.[26]
O local avistado por Pinzón sempre foi cercado de controvérsias. Para alguns pesquisadores portugueses, como Duarte Leite, os espanhóis teriam desembarcado ao norte do Cabo Orange, na atual Guiana Francesa. Mas para seus rivais castelhanos - que se basearam no depoimento do próprio Pinzón -, o desembarque se deu no Cabo de Santo Agostinho, 86 dias antes da chegada de Pedro Álvares Cabral a Porto Seguro. Uma polêmica judicial se seguiu à viagem de Pinzón, chamada Probanzas del Fiscal - um pleito movido por Diego Colombo, filho de Cristóvão Colombo, contra a Coroa de Castela para assegurar os direitos do pai. Todos os navegadores que participaram da primeira viagem de Colombo foram ouvidos em audiências que se realizaram entre 1512 e 1515 na Ilha de São Domingos e em Sevilha. No seu depoimento, Pinzón afirmou ter aportado no Cabo de Santo Agostinho, mas para Eduardo Bueno (2006), ele "provavelmente se equivocou, ou mentiu". Bueno acompanha a tese do capitão-de-mar-e-guerra Max Justo Guedes, que defendeu, no artigo "As Primeiras Expedições de Reconhecimento da Costa Brasileira" (1975), que o local seria a atual Ponta do Mucuripe, 10 km ao sul da cidade brasileira de Fortaleza, apoiando-se também no importante mapa de Juan de la Cosa, de 1501.[27]
Período colonial[editar | editar código-fonte]
Olinda, mais antiga entre as cidades brasileiras declaradas Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, foi a primeira capital administrativa de Pernambuco.[28]
Convento de São Francisco, convento franciscano mais antigo do Brasil, localizado em Olinda.[29]
Igreja dos Santos Cosme e Damião de Igarassu, igreja mais antiga do Brasil.[30]
Em 1501, ano seguinte ao da chegada dos portugueses ao Brasil, o território de Pernambuco, definido pelo Tratado de Tordesilhas como região pertencente à América portuguesa, é explorado pela expedição de Gaspar de Lemos, que teria criado feitorias ao longo da costa da colônia, inclusive, possivelmente, na atual localidade de Igarassu, cuja defesa seria futuramente confiada a Cristóvão Jacques.[10]
O povoamento efetivo de Pernambuco, entretanto, inicia-se em 1534, quando a colônia portuguesa é dividida em capitanias hereditárias. O território do atual estado de Pernambuco equivale a parte da Capitania de Pernambuco, doada a Duarte Coelho, e parte da Capitania de Itamaracá, doada a Pero Lopes de Sousa. Estendia-se por 60 léguas entre o rio Igaraçu e o rio São Francisco.[10]
Em 1535, Duarte Coelho tomou posse da capitania, a princípio batizada de "Nova Lusitânia", mas que pouco tempo depois recebeu a denominação que mantém até hoje. Em 1537, os povoados de Igarassu e Olinda, estabelecidos em 1535, junto com chegada do donatário, foram elevados a vila. Olinda recebeu o status de capital administrativa e seu porto, habitado por pescadores, daria origem à cidade do Recife.[10] [31]
As vilas de Igarassu e Olinda, entre os primeiros núcleos de povoamento do Brasil, serviram de ponto de partida de expedições desbravadoras do interior da capitania. Uma dessas expedições, chefiada pelo filho do donatário, Jorge de Albuquerque, penetrou o sertão até o rio São Francisco, assegurando o domínio e expansão do interior do território e combatendo os índios hostis.[10] [32]
Duarte Coelho, por sua vez, tratou de instalar em Pernambuco os primeiros engenhos de açúcar da colônia, incentivando também o plantio do algodão. Em pouco tempo, a Capitania de Pernambuco se tornou a principal produtora de açúcar da colônia portuguesa. Consequentemente, era também a mais próspera e influente das capitanias hereditárias.[9]
Surge em Pernambuco o protótipo da sociedade açucareira dos grandes latifundiários da cana-de-açúcar, que perdurará de forma majoritária nos dois séculos seguintes. O cultivo da cana-de-açúcar adaptou-se facilmente ao clima pernambucano e ao solo massapê. A maior proximidade geográfica de Portugal, barateando o custo do transporte, a abundância do pau-brasil, o cultivo do algodão e os grandes investimentos feitos pelo donatário na fundação de vilas e na pacificação dos índios são outros fatores que ajudam a explicar o progresso da capitania. Tal prosperidade, entretanto, transformou a capitania em um ponto cobiçado por piratas europeus. Já em 1595, o corsário inglês James Lancaster tomou de assalto o porto de Recife e passou a saquear as riquezas transportadas do interior. Partiu um mês depois, levando as pilhagens em quinze embarcações.[33]
Nos anos finais do século XVI foi escrito "Prosopopeia", considerado o primeiro poema da literatura brasileira. O autor foi Bento Teixeira e conta em estilo épico, inspirado em Camões, as façanhas da família Albuquerque, tendo sido dedicado ao então governador de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho. A obra foi publicada em Lisboa, em 1601.[17] No início do século XVII, a Capitania de Pernambuco atingiu o posto de maior e mais rica área de produção de açúcar do mundo.[9]
Invasão holandesa (1630-1654)[editar | editar código-fonte]
Gravura neerlandesa mostrando o cerco a Olinda em 1630. Os holandeses saquearam e queimaram diversas construções em Olinda, inclusive as igrejas.[34]
Recife foi a mais cosmopolita cidade da América durante o governo do conde alemão (a serviço da coroa holandesa) Maurício de Nassau.[35]
Ver artigo principal: Invasões holandesas do Brasil
Em 1630, a capitania foi invadida pela Companhia das Índias Ocidentais. Por ocasião da União Ibérica (1580 a 1640) a então chamada República Holandesa, antes dominados pela Espanha tendo depois conseguido sua independência através da força, veem em Pernambuco a oportunidade para impor um duro golpe na Espanha, ao mesmo tempo em que tirariam o prejuízo do fracasso na Bahia, uma vez que Pernambuco era o principal centro produtivo da colônia.[36]
Em 26 de dezembro de 1629 partia de São Vicente, Cabo Verde, uma esquadra com 66 embarcações e 7.280 homens em direção a Pernambuco. Os holandeses, desembarcando na praia de Pau Amarelo, conquistam a capitania de Pernambuco em fevereiro de 1630 e estabelecem a colônia Nova Holanda. À frágil resistência portuguesa na passagem do Rio Doce, invadiu sem grandes contratempos Olinda e derrotou a pequena, porém aguerrida, guarnição do forte (que depois passaria a ser chamado de Brum), porta de entrada para o Recife através do istmo que ligava as duas cidades.[37]
O conde Maurício de Nassau desembarcou na Nieuw Holland, a Nova Holanda, em 1637, acompanhado por uma equipe de arquitetos e engenheiros. Nesse ponto começa a construção de Mauritsstad (atual Recife), que foi dotada de pontes, diques e canais para vencer as condições geográficas locais. O arquiteto Pieter Post foi o responsável pelo traçado da nova cidade e de edifícios como o palácio de Freeburg, sede do poder de Nassau na Nova Holanda, e do prédio do observatório astronômico, tido como o primeiro do Novo Mundo. Em 28 de fevereiro de 1644 o Recife (atualmente o Bairro do Recife) foi ligado à Cidade Maurícia com a construção da primeira ponte da América Latina. Durante o governo de Nassau, Recife foi considerada a mais cosmopolita cidade das Américas, e tinha a maior comunidade judaica de todo o continente, que construiu, à época, a primeira sinagoga do Novo Mundo, a Kahal Zur Israel, bem como a segunda, a Maguen Abraham.[38] [39] No Palácio de Friburgo, sede do poder de Nassau na Nova Holanda, foi construído o primeiro observatório astronômico do Continente Americano.[40]
Por diversos motivos, sendo um dos mais importantes a exoneração de Maurício de Nassau do governo da capitania pela Companhia Holandesa das Índias Ocidentais, o povo de Pernambuco se rebelou contra o governo, juntando-se à fraca resistência ainda existente, num movimento denominado Insurreição Pernambucana.[35]
Insurreição Pernambucana (1645-1654)[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Insurreição Pernambucana
As Batalhas dos Guararapes, episódios decisivos na Insurreição Pernambucana, são consideradas a origem do Exército Brasileiro.[41]
Em 15 de maio de 1645, reunidos no Engenho de São João, 18 líderes insurretos pernambucanos assinaram compromisso para lutar contra o domínio holandês na capitania. Com o acordo assinado, começa o contra-ataque à invasão holandesa. A primeira vitória importante dos insurretos se deu no Monte das Tabocas, (hoje localizada no município de Vitória de Santo Antão) onde 1200 insurretos mazombos armados de armas de fogo, foices, paus e flechas derrotaram numa emboscada 1900 holandeses bem armados e bem treinados.[42]
O sucesso deu ao líder Antônio Dias Cardoso o apelido de Mestre das Emboscadas. Os holandeses que sobreviveram seguiram para Casa Forte, sendo novamente derrotado pela aliança dos mazombos, índios nativos e escravos negros. Recuaram novamente para as casas-forte em Cabo de Santo Agostinho, Pontal de Nazaré, Sirinhaém, Rio Formoso, Porto Calvo e Forte Maurício, sendo sucessivamente derrotados pelos insurretos.[42]
O Palácio de Friburgo (1642), local de residência e de despachos de Maurício de Nassau, foi demolido no século XVIII devido aos danos causados durante a Insurreição Pernambucana.[40]
Cercados e isolados pelos rebeldes numa faixa que ficou conhecida como Nova Holanda, indo do Recife a Itamaracá, os invasores começaram a sofrer com a falta de alimentos, o que os levou a atacar plantações de mandioca nas vilas de São Lourenço, Catuma e Tejucupapo. Em 24 de abril de 1646, ocorreu a famosa Batalha de Tejucupapo, onde mulheres camponesas armadas de utensílios agrícolas e armas leves expulsaram os invasores holandeses, humilhando-os definitivamente. Esse fato histórico consolidou-se como a primeira importante participação militar da mulher na defesa do território brasileiro.[42]
Com a chegada gradativa de reforços portugueses, os holandeses por fim foram expulsos em 1654, na segunda Batalha dos Guararapes. A data da primeira das Batalhas dos Guararapes é considerada o dia da origem do Exército brasileiro.[41]
Tomada a colônia holandesa, os judeus receberam um prazo de três meses para partir ou se converter ao catolicismo. Com medo da fogueira da Inquisição, quase todos venderam o que tinham e deixaram o Recife em 16 navios. Parte da comunidade judaica expulsa de Pernambuco fugiu para Amsterdã, e outra parte se estabeleceu em Nova York. Através deste último grupo a Ilha de Manhattan, atual centro financeiro dos Estados Unidos, conheceu grande desenvolvimento econômico; e descendentes de judeus egressos do Recife tiveram participação ativa na história estadunidense: Gershom Mendes Seixas, aliado de George Washington na Guerra de Independência dos Estados Unidos; seu filho Benjamin Mendes Seixas, fundador da Bolsa de Valores de Nova York; Benjamin Cardozo, juiz da Suprema Corte dos Estados Unidos ligado a Franklin Roosevelt; entre outros.[43] [44] [45]
Devido a Primeira Guerra Anglo-Neerlandesa, a República Holandesa não pôde auxiliar os holandeses no Brasil. Com o fim da guerra contra os ingleses, a República Holandesa exige a devolução da colônia em maio de 1654. Sob ameaça de uma nova invasão do Nordeste brasileiro, Portugal cede à exigência dos holandeses que Portugal pague 4 milhões cruzados para República Holandesa entre um período de 16 anos. Porém, em 6 de agosto de 1661 a República Holandesa cede formalmente o Nordeste brasileiro a Portugal através da Paz de Haia.[42]
Pátio do Carmo, no Recife, local onde a cabeça de Zumbi dos Palmares ficou exposta até total decomposição.[46]
Quilombo dos Palmares[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Quilombo dos Palmares
O Quilombo dos Palmares foi um quilombo da era colonial brasileira. Localizava-se na então Capitania de Pernambuco, na serra da Barriga, região hoje pertencente ao município alagoano de União dos Palmares.[47]
Palmares foi o maior dos quilombos do período colonial. Em 1602, já há relatos de sua existência e de envio de expedições pelo governador-geral da Capitania de Pernambuco para pôr fim ao aldeamento. Chegou a abranger uma área de 150 quilômetros de comprimento e 50 quilômetros de largura, situada na Capitania de Pernambuco, entre os atuais estados de Alagoas e Pernambuco, numa região de palmeiras (daí o seu nome).[48]
Sua população teria alcançado um número estimado entre 6 mil e 20 mil pessoas. Tanto pelas proporções como pela resistência prolongada, tornou-se o símbolo da resistência escrava. O movimento de fuga dos escravos para a mata vinha de longe, mas a invasão holandesa em Pernambuco constituiu para eles a grande oportunidade. Por quase 70 anos os negros fugitivos viveram com tranqüilidade, podendo instalar em Palmares um tipo de estado africano, baseado na pequena propriedade e na policultura. Com o fim do domínio holandês em Pernambuco, o quilombo passou a sofrer ataques dos fazendeiros e das autoridades, que viam nele uma ameaça. Enquanto existiu, Palmares atraiu os escravos para a fuga. A resistência dos negros durou muitos anos e a existência do quilombo prolongou-se por quase um século, tendo-se destacado entre seus líderes o rei Ganga Zumba e seu sucessor, Zumbi.[48]
Movimentos nativistas e separatistas[editar | editar código-fonte]
Ver artigos principais: Conjuração de "Nosso Pai", Guerra dos Mascates, Conspiração dos Suaçunas, Revolução Pernambucana, Confederação do Equador e Revolução Praieira
Pernambuco foi a mais rica capitania do Brasil Colônia.[9] Em 1709 (mapa), o território pernambucano se estendia do atual estado do Ceará até o atual Oeste da Bahia.
Revolução Pernambucana, único movimento separatista colonial que ultrapassou a fase conspiratória.[49]
Quadro que retrata Frei Caneca, líder e mártir da Confederação do Equador.
Conjuração de "Nosso Pai"
A Capitania de Pernambuco lutava por reconstruir suas duas principais cidades - Recife e Olinda - destruídas com as lutas contra os invasores holandeses. Os senhores de engenho, radicados em Olinda e com reservas quanto ao porto do Recife, acreditavam merecer maiores reconhecimentos da Coroa Portuguesa, pelo contributo na expulsão dos neerlandeses. Portugal, entretanto, mandou para governar a Capitania Jerônimo de Mendonça Furtado, um estranho, contrariando assim os interesses de muitos pernambucanos, que se julgavam merecedores de ocupar a função, e não um estrangeiro. Mendonça Furtado era apelidado pejorativamente de Xumberga (ou, nalgumas outras versões, Xumbregas) - referência ao Marechal de campo Armand Friedrich Von Schomberg, contratado pelo Conde de Soure como mercenário e que lutara na Guerra da Restauração[50] , por ter um bigode semelhante ao dele. O estopim do movimento, que culminou com a prisão e deposição do governador, foi a estada, no porto do Recife, de uma esquadra francesa, que por ordem da Corte, foram bem tratados. Os insurgentes fizeram divulgar a notícia de que o governador estaria a serviço dos estrangeiros, que preparavam um ataque à província, e seu consequente saque.[51]
Guerra dos Mascates
Após a invasão holandesa, muitos comerciantes vindos de Portugal - chamados pejorativamente de "mascates" - estabelecem-se no Recife, trazendo prosperidade à vila. O desenvolvimento do Recife foi visto com desconfiança pelos olindenses, em grande parte formada por senhores de engenho em dificuldades econômicas. O conflito de interesses políticos e econômicos entre a nobreza açucareira pernambucana e os novos burgueses deu origem à Guerra dos Mascates, durante a qual o Recife foi palco de combates e cercos. A Guerra dos Mascates é considerada como um movimento nativista, precursor da Independência do Brasil, pela historiografia em história do Brasil.[52]
Conspiração dos Suaçunas
A Conspiração dos Suaçunas, também conhecida por sua grafia arcaica – Conspiração dos Suassunas[53] –, foi um projeto de revolta que se registrou em Olinda no alvorecer do século XIX. Influenciada pelas ideias do Iluminismo e pela Revolução Francesa (1789), algumas pessoas, entre as quais Manuel Arruda Câmara - membro da Sociedade Literária do Rio de Janeiro -, em 1796, fundaram a primeira loja maçônica do Brasil, Areópago de Itambé, localizada no município pernambucano de Itambé, da qual não participavam europeus. As mesmas ideias também eram discutidas por padres e alunos do Seminário de Olinda, fundado pelo bispo dom José Joaquim da Cunha Azeredo Coutinho em 16 de fevereiro de 1800. Esta instituição teve, entre os seus membros, o padre Miguel Joaquim de Almeida Castro (padre Miguelinho), um dos futuros implicados na revolução pernambucana de 1817.[54]
Revolução Pernambucana
A chamada Revolução Pernambucana, também conhecida como "Revolução dos Padres", foi um movimento separatista que eclodiu em 6 de março de 1817 na então Capitania de Pernambuco. Dentre as suas causas, destacam-se a influência das ideias Iluministas propagadas pelas sociedades maçônicas (sociedades secretas), a crise econômica regional, o absolutismo monárquico português e os enormes gastos da Família Real e seu séquito recém-chegados ao Brasil — o Governo de Pernambuco era obrigado a enviar para o Rio de Janeiro grandes somas de dinheiro para custear salários, comidas, roupas e festas da Corte, o que ocasionava o atraso no pagamento dos soldados, gerando grande descontentamento do povo brasileiro.[49] [55] Tendo os revoltosos conseguido dominar o Governo Provincial, se apossaram do tesouro da província, instalaram um governo provisório e proclamaram a República. A repercussão da Revolução Pernambucana contribuiu para facilitar o processo de emancipação de Alagoas, que logrou obter autonomia pelo Decreto de 16 de setembro de 1817. O desmembramento da Comarca de Alagoas da jurisdição de Pernambuco foi sancionado por D. João VI.[49]
Confederação do Equador
Exército do Império do Brasil ataca as forças confederadas no Recife, em 1824, no contexto da Confederação do Equador.
A Confederação do Equador foi um movimento revolucionário, de caráter emancipacionista (ou autonomista) e republicano ocorrido em Pernambuco. Representou a principal reação contra a tendência absolutista e a política centralizadora do governo de D. Pedro I (1822-1831), esboçada na Carta Outorgada de 1824, a primeira Constituição do país. O conflito possui raízes em movimentos anteriores na região: a Guerra dos Mascates e a Revolução Pernambucana, esta última de caráter republicano. O centro irradiador e a liderança da revolta couberam à província de Pernambuco, que já se rebelara em 1817 e enfrentava dificuldades econômicas. Além da crise, a província se ressentia ao pagar elevadas taxas para o Império, que as justificava como necessárias para levar adiante as guerras provinciais pós-independência (algumas províncias resistiam à separação de Portugal). Pernambuco esperava que a primeira Constituição do Império seria do tipo federalista, e daria autonomia para as províncias resolverem suas questões. Como punição a Pernambuco, D. Pedro I determinou, através de decreto de 7 de julho de 1825, o desligamento do extenso território da Comarca do Rio de São Francisco (atual Oeste Baiano), passando-o, inicialmente, para Minas Gerais e, depois, para a Bahia.[56] [57]
Revolução Praieira
A Revolução Praieira, também denominada como "Insurreição Praieira", "Revolta Praieira" ou simplesmente "Praieira", foi um movimento de caráter liberal e separatista que eclodiu, durante o Segundo Reinado, na província de Pernambuco, entre 1848 e 1850. A Última das revoltas provinciais está ligada às lutas político-partidárias que marcaram o Período Regencial e o início do Segundo Reinado. Sua derrota representou uma demonstração de força do governo de D. Pedro II (1840-1889).[58]
Geografia[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Geografia de Pernambuco
Mapa topográfico do território pernambucano.
Pernambuco é um dos menores estados do país. Apesar disso, possui paisagens variadas: serras, planaltos, brejos, semi-aridez no sertão e diversificadas praias na costa. O estado tem altitude crescente do litoral ao sertão. As planícies litorâneas têm altitude de até 200 metros, apresentando relevo peneplano (mamelonar), e alguns pontos do planalto da Borborema ultrapassam os 1.000 m de altitude. Na margem oeste da mesorregião Agreste, há a Depressão Sertaneja, uma depressão relativa com altitude média de 400 m que se estende até a margem oriental da Chapada do Araripe. Faz divisa com Paraíba e Ceará ao norte, Alagoas e Bahia ao sul, Piauí ao oeste e o oceano Atlântico ao leste. Tem 187 km de costa, excluindo a costa do arquipélago de Fernando de Noronha. Mais da metade do estado é localizado no Sertão, exclusivamente no oeste e região central do estado.[7]
É um lugar onde há escassez de chuvas, e o clima é semi-desértico (semi-árido), devido à retenção de parte das precipitações pluviais no Planalto da Borborema e correntes de ar seco provenientes do sul da África. Está no domínio da caatinga, com período chuvoso restrito a cerca de quatro meses do ano, sendo que em anos periódicos as chuvas podem ficar abaixo da média ou até mesmo acima da média.[7]
As médias de precipitações pluviométricas variam entre 600 mm e 800 mm sendo que em trechos da região, podem ser menor que 500 mm, mas também podem se aproximar de 1.000 mm, como em áreas do alto pajeú e chapada do arapipe. No Agreste as precipitações são entre 600 mm e 900 mm, principalmente em áreas consideradas como Brejos de Altitude. A Zona da Mata do estado tem precipitações médias entre 1.500 e 2.000 mm anuais.[7]
Geologia e relevo[editar | editar código-fonte]
Praia dos Carneiros, eleita uma das 15 melhores praias do mundo pelos usuários do TripAdvisor.[59]
Gravatá, cidade localizada no Planalto da Borborema.
Vista parcial da serra que deu origem ao nome da cidade sertaneja de Serra Talhada.
Porção pernambucana da Chapada do Araripe.
O relevo é moderado: 76% do território estão abaixo dos 600 m. É formado basicamente por três unidades geoambientais: Baixada litorânea, Planalto da Borborema e Depressão Sertaneja. O litoral é uma grande planície sedimentar, quase que em sua totalidade ao nível do mar, tendo alguns pontos abaixo do nível do mar. Nessas planícies estão as principais cidades do estado, como Recife e Jaboatão dos Guararapes.[60]
A altitude aumenta à medida que se afasta do litoral. O Planalto da Borborema, principal formação geológica na faixa de transição da Zona da Mata para o Agreste, é conhecido popularmente como Serra das Russas, e tem altitude média de 400 m, podendo ultrapassar os 1.000 m nos pontos mais elevados.[61]
No Sertão os níveis de altitude decrescem em direção ao Rio São Francisco, formando, em relação ao Planalto da Borborema, uma área de depressão relativa. No município sertanejo de Triunfo localiza-se o Pico do Papagaio, com 1.260 m, ponto culminante do Estado de Pernambuco.[61]
Baixada Litorânea
Distinguem-se, de leste para oeste: praias protegidas pelos recifes; uma faixa de tabuleiros areníticos, com 40 a 60 m de altura; e a faixa de terrenos cristalinos talhados em colinas, que se alteiam suavemente para oeste até alcançarem 200 m no sopé da escarpa da Borborema.[7]
Tanto a faixa de tabuleiros como a de colinas são cortadas transversalmente por vales largos onde se abrigam amplas várzeas (planícies aluviais). Fortes contrastes observam-se entre os solos pobres dos tabuleiros e os solos mais ricos das colinas e várzeas. Nos dois últimos repousa a aptidão do litoral pernambucano para o cultivo da cana-de-açúcar, base de sua economia agrícola.[7]
Planalto da Borborema e depressão sertaneja
Ver artigo principal: Planalto da Borborema
Seu rebordo oriental, escarpado, domina a baixada litorânea com um desnível de 300 m, o que lhe confere ao topo uma altitude de 500 m. Para o interior, o planalto ainda se alteia mais e alcança média de 800 m em seu centro, donde passa a baixar até atingir 600 m junto ao rebordo ocidental.[7]
Diferem consideravelmente as topografias da porção oriental e da porção ocidental. A leste, erguem-se sobre a superfície do planalto cristas de leste para oeste, separadas por vales, que configuram parcos relevos de 300 m. Aproximadamente no centro-sul do planalto eleva-se o maciço dômico de Garanhuns, que supera a altitude de 1.000 m.[62]
No Sertão as cotas altimétricas decrescem em direção ao Rio São Francisco, formando, em relação ao Planalto da Borborema, uma área de depressão relativa. As formações geomorfológicas predominantes são os inselbergues, serras e chapadas, estas últimas aparecendo em áreas sedimentares. A Chapada do Araripe tem altitude média de 800 m.[7]
Ilhas oceânicas
O arquipélago de Fernando de Noronha é constituído por rochas vulcânicas, e seu relevo envolve desde áreas planas de baixa altitude até morros com encostas íngremes e picos isolados como o Morro do Pico (323 metros sobre o nível do mar). Já o arquipélago de São Pedro e São Paulo, cujas rochas expostas são peridotitos serpentinizados de um megamullion tectonizado — única exposição mundial do manto abissal acima do nível do mar —, se eleva apenas até 23 metros de altitude.[63] [64]
Clima[editar | editar código-fonte]
Garanhuns, no Agreste de Pernambuco, tem temperatura amena por estar situada num maciço dômico cujo ponto culminante atinge 1.030 metros de altitude.[62]
Petrolina, no Sertão de Pernambuco, foi a sétima cidade mais quente do Brasil no verão 2012/2013.[65]
O estado de Pernambuco é caracterizado por dois tipos de clima: o tropical úmido (predominante no litoral) e o semiárido (predominante no interior), respectivamente As' e BSh na classificação climática de Köppen-Geiger. Ressalte-se, porém, que há variações destes dois tipos climáticos em algumas regiões: no centro-leste de Pernambuco é comum o clima tropical de altitude (Cwa), especialmente no Planalto da Borborema e em outras regiões serranas com ocorrência de microclimas, áreas onde as temperaturas são mais amenas, podendo atingir mínimas de 10 °C; e no centro-oeste do estado há regiões que apresentam climas como o semiárido muito quente (BSs'h'), áreas onde as temperaturas são mais elevadas, com máximas que podem ultrapassar os 40 °C.[7] [8]
O clima tropical úmido é encontrado na Região Metropolitana do Recife e em parte da Zona da Mata. Este clima tem como características as altas temperaturas — com médias mensais sempre superiores a 18 °C e média anual de 25 °C —, baixas amplitudes térmicas, alta umidade relativa do ar e precipitações médias anuais anuais entre 1.500 mm e 2.500 mm. Entre os meses de abril e julho, um fenômeno chamado Onda de Leste leva pesados aguaceiros para o litoral.[7] [66] [67]
O clima semiárido (semidesértico) está presente no Sertão e em parte do Agreste do estado. Apresenta baixos índices pluviométricos, com longos períodos secos e chuvas escassas e concentradas em poucos meses do ano, e altas temperaturas, com média anual de 25 °C. A pluviosidade média mantém-se sempre abaixo de 600 mm anuais, e as chuvas ocorrem no verão, porém com uma acentuada irregularidade, com anos em que a estação chuvosa não se produz ou se faz escassa e tardia.[7]
Vegetação[editar | editar código-fonte]
Ver também: Lista de rios de Pernambuco
Pernambuco, à época do Brasil Colônia, era o local de maior incidência de pau-brasil, árvore também conhecida como "pau-pernambuco".[68]
A cobertura vegetal do estado é composta por vegetação litorânea, floresta tropical, caatinga e cerrado. A vegetação litorânea predomina nas terras baixas e planícies do litoral, constituída por variados tipos de vegetação. Por ocorrer em áreas alagadiças e salobras, apresenta manguezais, gramíneas e plantas rasteiras.[carece de fontes]
A floresta tropical, originalmente conhecida como Mata Atlântica, é encontrada apenas na faixa leste do estado, cujas espécies se misturam com a caatinga nas denominadas áreas de tensão ecológica (contatos entre tipos de vegetação), na faixa de transição entre a zona da mata e o agreste. Na Floresta Atlântica, as matas registram a presença de árvores altas, sempre verdes, como a peroba e a sucupira.[carece de fontes]
A caatinga, vegetação típica do Sertão, o Agreste apresenta uma vegetação de transição e suas características se misturam com a da Mata Atlântica, na parte mais oriental e com a da Caatinga, na parte mais ocidental. A caatinga pode ser do tipo arbóreo, com espécies como a (baraúna), ou arbustivo representado, entre outras espécies pelo (xique-xique) e o (mandacaru).[carece de fontes]
O cerrado caracterizam-se por uma vegetação formada por árvores tortuosas, esparsas, intercaladas por um manto inferior de gramíneas. Em Pernambuco, os cerrados surgiram sobre as áreas arenosas dos Tabuleiros do Município de Goiana (hoje praticamente substituído pela cana-de-açúcar) e na Chapada do Araripe. As espécies mais encontradas nos cerrados são o cajueiro, o cajueiro brabo, o murici-do-tabuleiro, o pequizeiro, a mangabeira, entre outras.[carece de fontes]
É característica do litoral norte suas formações geográficas mais variadas - ilhas fluviais como Itamaracá, diversos rios e suas desembocaduras, bancos de areia, entre outros. A fauna é variada, destacando-se as aves migratórias que periodicamente chegam à ilha Coroa do Avião e Fernando de Noronha. Ambas as ilhas têm estações de pesquisa ambiental.[carece de fontes]
Hidrografia[editar | editar código-fonte]
Ver também: Lista de rios de Pernambuco
As grandes bacias hidrográficas de Pernambuco possuem duas vertentes: Faz parte da bacia do Atlântico Nordeste Oriental e da Bacia do rio São Francisco. Os rios que escoam para o rio São Francisco formam os chamados rios interiores, cujo todos os rios nascem em municípios limítrofes na divisa de estados da Região nordeste, os rios que escoam para o Oceano Atlântico, constituem os chamados rios litorâneos, fazem parte da bacia hidrográfica do Atlântico Nordeste Oriental, cujo quase todos nascem noplanalto da borborema.[carece de fontes]
Os três maiores reservatórios de água de Pernambuco são: Reservatório Eng. Francisco Sabóia em Ibimirim no sertão, na bacia hidrográfica do rio Moxotó, o Reservatório de Jucazinho, localizado na mesorregião Agreste, próximo ao município de Surubim, na bacia do rio capibaribe, e a represa de Itaparica, inserida sobre o rio São Francisco, mediante o represamento das águas do Rio São Francisco, com vistas ao aproveitamento hidroelétrico do rio através da Usina Hidrelétrica de Itaparica, sendo uma das maiores usinas hidrelétricas do Brasil, além desses, existe um conjunto de reservatórios distribuídos por todo o estado. [carece de fontes]
Na Região Metropolitana do Recife há poucos lagos e reservatórios, destaque para os reservatórios de Tapacurá e Pirapama. Na periferia do município do Recife encontram-se dois belos cartões postais do município, a Lagoa do Araçá de Apipucos e a da Prata, sendo o último pertencente ao Parque Dois Irmãos.[carece de fontes]
Os manguezais são abundantes em todo o litoral, porém foram praticamente extintos na RMR devido à urbanização (com a exceção do maior mangue urbano do Brasil, cercado por bairros da zona sul do município do Recife, como Boa Viagem). Porém, nos anos 90, houve um programa de re-implantação do mangue nas margens do Rio Capibaribe, desenvolvido pela prefeitura do Recife, trazendo de volta a vegetação ao rio por todo o município.[carece de fontes]Rio São Francisco, Capibaribe, Ipojuca, Una,Pajeú e Jaboatão são os rios principais. O São Francisco é de importância vital para o interior do estado, principalmente para distribuição de umidade através de irrigação.[carece de fontes]
Ecologia[editar | editar código-fonte]
A Lei Estadual 13.787/09, de 8 de junho de 2009, instituiu o Sistema Estadual de Unidades de Conservação da Natureza (SEUC). Em 2015, Pernambuco possuía 80 Unidades de Conservação Estaduais: 40 de Proteção Integral (31 Refúgios da Vida Silvestre — RVS; 5 Parques Estaduais — PE; 3 Estações Ecológicas — ESEC; e 1 Monumento Natural — MONA) e 40 de Uso Sustentável (18 Áreas de Proteção Ambiental — APA; 13 Reservas Particulares do Patrimônio Natural — RPPN; 8 Reservas de Floresta Urbana — FURB; e 1 Área de Relevante Interesse Ecológico — ARIE).[69]
Em Pernambuco, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade administra 11 unidades de conservação: dois parques nacionais, uma estação ecológica, umafloresta nacional, três áreas de proteção ambiental, uma reserva extrativista e três reservas biológicas. As unidades de conservação administradas pelo governo brasileiro em Pernambuco são o Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha (em Fernando de Noronha), o Parque Nacional do Catimbau (em Buíque, Ibimirim, Sertânia eTupanatinga), a Área de Proteção Ambiental de Fernando de Noronha (em Fernando de Noronha), a Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (em Barreiros, Rio Formoso, São José da Coroa Grande e Tamandaré), a Área de Proteção Ambiental Chapada do Araripe (em Araripina, Bodocó, Cedro, Exu, Ipubi, Serrita, Moreilândia eTrindade), a Reserva Extrativista Acaú-Goiana (em Goiana), a Floresta Nacional de Negreiros (em Serrita), a Estação Ecológica do Tapacurá (em São Lourenço da Mata), aReserva Biológica da Serra Negra (em Floresta, Inajá e Tacaratu), a Reserva Biológica de Pedra Talhada (em Lagoa do Ouro) e a Reserva Biológica de Saltinho (em Rio Formoso e Tamandaré).[70]
Demografia[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Demografia de Pernambuco
Crescimento populacional | |||
---|---|---|---|
Censo | Pop. | %± | |
1872 | 841 539 | ||
1890 | 1 030 224 | 22,4% | |
1900 | 1 178 150 | 14,4% | |
1920 | 2 154 835 | 82,9% | |
1940 | 2 688 240 | 24,8% | |
1950 | 3 395 185 | 26,3% | |
1960 | 4 138 289 | 21,9% | |
1970 | 5 253 901 | 27,0% | |
1980 | 6 173 753 | 17,5% | |
1991 | 7 127 855 | 15,5% | |
2000 | 7 911 397 | 11,0% | |
2010 | 8 796 448 | 11,2% | |
Segundo o censo demográfico de 2010 realizado pelo IBGE (última contagem oficial), a população de Pernambuco era de 8 796 448 habitantes, sendo o sétimo estado mais populoso do Brasil, representando 4,7% da população brasileira.[72] Destes, 4 230 681 habitantes eram homens e 4 565 767 habitantes eram mulheres.[72] Ainda segundo o mesmo censo, 7 052 210 habitantes viviam na zona urbana e 1 744 238 na zona rural.[72] O maior aglomerado urbano do estado é a Região Metropolitana do Recife, que além da capital possui mais 13 municípios, e, com 3 688 428 habitantes recenseados, era em 2010 a sexta mais populosa região metropolitana/RIDE do Brasil, e a mais populosa do Norte-Nordeste.[73]
A densidade demográfica de Pernambuco era de 89,47 hab./km² em 2010, a sexta maior do Brasil. Esse indicador, entretanto, apresentava contrastes pronunciados de acordo com a região analisada, variando de 1 342,86 hab./km² na Região Metropolitana do Recife, até o valor mínimo de 23,2 hab./km² na Região do São Francisco Pernambucano.[74]
Segundo dados do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH-M) do estado, considerado médio, era de 0,673 em 2010.[6] O município com o maior IDH era Fernando de Noronha (na verdade um distrito estadual), com um valor de 0,788; enquantoManari, situado no extremo Sertão do Moxotó, tinha o menor valor, 0,487. Recife, a capital, possuía um IDH de 0,772.[75]
O nível de desenvolvimento social pernambucano é superior ao dos países menos avançados, mas ainda está abaixo da média brasileira. Não obstante, Pernambuco detém o melhor serviço de coleta de esgoto do Norte, Nordeste e Sul brasileiro e o quinto maior número de médicos por grupo de mil habitantes do Brasil, além de apresentar a menor taxa de mortalidade infantil, a melhor prevalência de segurança alimentar e a maior renda per capita do Nordeste do país.[76] [77] [4] [78] [79]
(estimativa 2015 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística)[2] |
Municípios mais populosos de Pernambuco|||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
Recife Jaboatão dos Guararapes | |||||||||||
Posição | Localidade | Pop. | Posição | Localidade | Pop. | Olinda Caruaru | |||||
1 | Recife | 1 617 183 | 11 | Igarassu | 112 463 | ||||||
2 | Jaboatão dos Guararapes | 686 122 | 12 | São Lourenço da Mata | 110 264 | ||||||
3 | Olinda | 389 494 | 13 | Santa Cruz do Capibaribe | 101 485 | ||||||
4 | Caruaru | 347 088 | 14 | Abreu e Lima | 98 602 | ||||||
5 | Petrolina | 331 951 | 15 | Ipojuca | 91 341 | ||||||
6 | Paulista | 322 730 | 16 | Serra Talhada | 84 352 | ||||||
7 | Cabo de Santo Agostinho | 200 546 | 17 | Araripina | 82 800 | ||||||
8 | Camaragibe | 154 054 | 18 | Gravatá | 81 893 | ||||||
9 | Garanhuns | 136 949 | 19 | Carpina | 81 054 | ||||||
10 | Vitória de Santo Antão | 135 805 | 20 | Goiana | 78 618 |
Etnias[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Imigração em Pernambuco
Cor/Raça | Porcentagem[80] |
---|---|
Brancos | 36,6 |
Negros | 5,4 |
Pardos | 57,6 |
Amarelos e Indígenas | 0,3 |
Segundo dados publicados pelo IBGE, relativos ao ano de 2009, a população de Pernambuco está composta por: Pardos (57,6%); Brancos (36,6%); Pretos (5,4%); eAmarelos e Indígenas (0,3%).[80] De acordo com um estudo genético de 2013, a composição genética da população de Pernambuco é 56,8% europeia, 27,9% africana e 15,3% ameríndia.[81]
- Nativos e africanos
Indígenas: A presença de indígenas em Pernambuco data de mais 10 mil anos. Pinturas rupestres são encontradas em várias áreas do sertão e agreste do estado, sendo as mais conhecidas as do Vale do Catimbau no município de Buíque, agreste pernambucano. Segundo dados da FUNAI, Pernambuco possui cerca de 40 mil índios nos dias atuais.[82]
Negros: O estado contou com a presença do negro desde o século XVI. Naquele período, os portugueses introduziram a cultura da cana-de-açúcar na região, utilizando-se da mão de obra escrava de origem indígena e africana. Os engenhos multiplicaram-se rapidamente e a produção de açúcar tornou-se a principal atividade econômica da colônia. O número de cativos de origem africana também cresceu bastante em Pernambuco. Em 1584, 15 mil escravos labutavam em pelo menos 50 engenhos. Este número subiu para 20 mil escravos em 1600. Já na metade do século XVII a população escrava somava entre 33 e 50 mil pessoas.[85]
Pernambuco foi uma das regiões que mais receberam escravos africanos no Brasil. Durante o tráfico negreiro, 824.312 africanos, 17% de todos os escravos trazidos ao Brasil, entraram por Pernambuco.[86] Dos africanos no estado, 79% eram provenientes do Centro-Oeste africano. Atualmente, situam-se nessa região os países de Angola,República do Congo e República Democrática do Congo.[86]
- Europeus
Portugueses: Além do legado genético, arquitetônico, musical e dialectual, Portugal se faz presente, em Pernambuco, com o Clube Português do Recife, o Real Hospital Português de Beneficência, o Gabinete Português de Leitura e o Consulado de Portugal. O surgimento do tradicional hóquei sobre patins em Pernambuco, na década de 1950, por exemplo, é conseqüência da imigração portuguesa.[87] Os portugueses também participaram da povoação das regiões do São Francisco e do Sertão Pernambucano, adquirindo terras para a criação extensiva de gado.[88]
Espanhóis: Nos primórdios da colonização, junto aos portugueses, os espanhóis se fizeram presentes. Entre as últimas décadas do século XIX e o início do século XX, Recife também recebeu imigrantes oriundos da Espanha.[89] No final de 2012, 685 espanhóis tinham registro no Consulado Honorário da Espanha no Recife como radicados na capital pernambucana.[90]
Italianos: A imigração italiana para Pernambuco entre o final do século XIX e início do século XX foi pequena e concentrada ao longo do litoral ou na capital, com italianos provenientes principalmente das províncias de Cosenza, Salerno e Potenza.[91] Atualmente há um número significativo de descendentes de italianos no estado: cerca de 200 mil.[92]
Alemães: Os primeiros registros de alemães datam do século XVII, com a chegada da corte holandesa no Estado, que trouxe alguns alemães. As duas guerras mundiaistambém impulsionaram a colônia alemã no Recife, que chegou a contar com mais de 1,2 mil imigrantes.[93] Esta presença alemã pode ser observada no Deutscher Klub Pernambuco, fundado em 1920, e que antes era restrito apenas à colônia alemã e seus descendentes.
Holandeses: Os holandeses, apesar de terem quase majoritariamente partido do Estado, deixaram algumas famílias na capital. Na época da invasão holandesa — embora a miscigenação não tenha sido oficialmente estimulada — há relatos de muitas uniões interraciais. A ausência de mulheres holandesas estimulou a união e mesmo o casamento de oficiais e colonos holandeses com filhas de abastados senhores de engenho luso-brasileiros e, mais informalmente, destes com índias, negras, caboclas e mulatas locais.[94]
Ingleses: No começo do século XIX, quando o príncipe regente D. João abriu os portos do país, os ingleses começaram a chegar ao Brasil - em especial, para Recife, São Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. Naquela época, a cidade do Recife possuía aproximadamente 200.000 habitantes, e a colônia inglesa já se apresentava de forma bastante expressiva.[95]
- Árabes e judeus
Árabes: No Recife, uma das marcas dos imigrantes é o Clube Líbano Brasileiro, erguido pela colônia libanesa no bairro do Pina. O primeiro contato árabe com o Estado, entretanto, se fez com missionários católicos sírios que chegaram a Pernambuco nas caravanas portuguesas.[96] O estado de Pernambuco também abriga a segunda maior comunidade palestina do Brasil, concentrada na cidade do Recife, que começou a receber os primeiros imigrantes em 1903. Hoje a comunidade tem cerca de 5 mil pessoas.[97]
Judeus: O judaísmo em Pernambuco está presente desde o século XVI, quando os judeus convertidos ao cristianismo eram considerados cristãos-novos, sendo muitos deles senhores de engenho. Porém, existia a suspeita de prática escondida da religião judaica. Obtiveram liberdade de professar a religião nos tempos de Maurício de Nassau, que logo foi combatida quando os portugueses voltaram ao domínio da economia açucareira.[98] No Recife há hoje uma comunidade de 1,6 mil judeus.[99]
Religião[editar | editar código-fonte]
A religião verificável no estado varia entre católicos e evangélicos ao lado de minorias como espíritas, judeus, umbandistas, testemunhas de Jeová e santos dos últimos dias. A maior religião do estado é a católica de acordo com dados do Censo Demográfico de 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Dos 8.796.032 habitantes que residiam no estado naquele ano, 66,3% declararam-se católicos (5,8 milhões), 20,3% declararam-se evangélicos (1,7 milhão), e 1,4% declararam-se espíritas (123 mil).[100]
- Igreja Católica Romana
Os colégios tradicionais pernambucanos são em sua maioria católicos, como o Colégio Damas da Instrução Cristã, o Colégio Marista São Luís e o Liceu Nóbrega de Artes e Ofícios.
Os templos maiores, mais antigos, mais conhecidos e mais visitados pelos turistas são da Igreja Católica, como a Igreja Matriz do Santíssimo Sacramento de Santo Antônio, aConcatedral São Pedro dos Clérigos, a Capela Dourada e o Convento e Igreja de Santo Antônio, a Basílica do Carmo, a Igreja da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, a Igreja Madre de Deus, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição dos Militares, a Igreja de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, a Igreja de Nossa Senhora do Livramento dos Homens Pardos, a Basílica da Penha, entre outras, o que se trata de um sinal de que o catolicismo romano é a religião mais professada entre os pernambucanos.[100]
A Igreja Católica em Pernambuco divide-se administrativamente em uma arquidiocese e nove dioceses: a arquidiocese de Olinda e Recife, comandada atualmente pelo arcebispo Dom Antônio Fernando Saburido, e as dioceses de Afogados da Ingazeira, Caruaru, Floresta, Garanhuns, Nazaré, Palmares, Pesqueira, Petrolina e Salgueiro.[101]
- Evangélicos
Pernambuco é a unidade federativa da Região Nordeste com a maior concentração de evangélicos, tanto em números absolutos quanto em termos proporcionais. 20,3% da população do estado, o que corresponde a mais de 1,7 milhão de pernambucanos, se declara protestante de acordo com o Censo 2010 do IBGE, percentual muito superior aos percentuais encontrados nos demais estados nordestinos.[100]
Pernambuco possui as mais diversas denominações protestantes, como a Assembleia de Deus, igreja protestante com maior quantidade de fiéis e templos no estado.[100]Outras denominações pentecostais e neopentecostais presentes em Pernambuco são, dentre muitas: Congregação Cristã no Brasil, Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Apostólica Renascer em Cristo, Igreja Mundial do Poder de Deus, Igreja Internacional da Graça de Deus, Igreja do Evangelho Quadrangular, Igreja Episcopal Carismática eIgreja do Nazareno.
Entre as denominações evangélicas tradicionais, possuem templos no estado as igrejas de orientação batista, a Igreja Adventista do Sétimo Dia, a Igreja Presbiteriana, aLuterana, a Anglicana, a Metodista e a Congregacional.
- Outras religiões
Entre os cristãos não católicos e não protestantes, destacam-se os Espíritas, os Santos dos Últimos Dias e as Testemunhas de Jeová. O templo afro-brasileiro mais conhecido é o Terreiro do Pai Adão, no Recife.[102]
Os judeus também estão presentes. Algumas das personalidades judias que moraram na capital pernambucana foram a escritora Clarice Lispector, o filósofo Luiz Felipe Pondé, o engenheiro Mário Schenberg, o paisagista Roberto Burle Marx, entre outros.[103] Os budistas, hinduístas e muçulmanos não possuem revelância na população do estado.
Governo e política[editar | editar código-fonte]
Ver também: Eleições estaduais em Pernambuco em 2010
Ver também: Lista de governadores de Pernambuco
O estado de Pernambuco é governado por três poderes: o executivo, representado pelo Governador do Estado; o legislativo, representado pela Assembleia Legislativa de Pernambuco; e o judiciário, representado pelo Tribunal de Justiça do Estado de Pernambuco. Também é permitida a participação popular nas decisões do governo através de referendos e plebiscitos.[104] A atual constituição do estado de Pernambuco foi promulgada em 5 de outubro de 1989, acrescida das alterações resultantes de posterioresemendas constitucionais.[105]
O Poder Executivo pernambucano está centralizado no Governador do Estado, que é eleito em sufrágio universal e voto direto e secreto, pela população, para mandato de quatro anos de duração, podendo ser reeleito para mais um mandato por igual período. Sua sede é o Palácio do Campo das Princesas, construído em 1841 pelo engenheiroMorais Âncora a mando do então governador Francisco do Rego Barros. Várias pessoas já passaram pelo Governo de Pernambuco, sendo o mais recente deles Paulo Henrique Saraiva Câmara, economista recifense formado pela Universidade Federal de Pernambuco, eleito no primeiro turno das eleições de 2014.[106] Além do governador, há ainda no estado a função de vice-governador, atualmente exercida por Raul Jean Louis Henry Júnior.[106]
O Poder Legislativo pernambucano é unicameral, constituído pela Assembleia Legislativa de Pernambuco, localizado no bairro de Boa Vista, na cidade do Recife. Ela é constituída por 49 deputados, que são eleitos a cada quatro anos. No Congresso Nacional, a representação pernambucana é de três senadores e 25 deputados federais.[105]
O Poder Judiciário é exercido pelos juízes e possui a capacidade e a prerrogativa de julgar, de acordo com as regras constitucionais e leis criadas pelo poder legislativo. Atualmente a presidência do Tribunal de Justiça de Pernambuco é exercida pelo desembargador Frederico Neves.[107] Representações deste poder estão espalhadas por todo o estado por meio de comarcas.[108]
Divisão político-administrativa[editar | editar código-fonte]
Ver também: Lista de mesorregiões de Pernambuco, Lista de microrregiões de Pernambuco, Lista de municípios de Pernambuco e Lista de municípios de Pernambuco por população
Pernambuco está separado em subdivisões geográficas denominadas mesorregiões e microrregiões, e em subdivisões administrativas denominadas municípios.
As mesorregiões compreendem as grandes regiões do estado, que congregam diversos municípios de uma área geográfica. Criado pelo IBGE, esse sistema de divisão tem aplicações importantes na elaboração de políticas públicas e no subsídio ao sistema de decisões quanto à localização de atividades socioeconômicas. Oficialmente, as cinco mesorregiões do estado são: Agreste Pernambucano, Metropolitana do Recife,São Francisco Pernambucano, Sertão Pernambucano e Zona da Mata Pernambucana. Essas mesorregiões estão, por sua vez, subdivididas em microrregiões.
Pernambuco possui dezenove microrregiões: Alto Capibaribe, Araripina, Brejo Pernambucano, Garanhuns, Fernando de Noronha, Itamaracá, Itaparica, Mata Meridional, Mata Setentrional, Médio Capibaribe,Petrolina, Recife, Salgueiro, Sertão do Moxotó, Suape, Vale do Ipanema, Vale do Ipojuca, Vale do Pajeú e Vitória de Santo Antão.[109]
Por último, existem os municípios, que são circunscrições territoriais que possuem relativa autonomia e concentram um poder político local, cujo sistema funciona com dois poderes, sendo o executivo a Prefeitura, o legislativo a Câmara de Vereadores. Ao total, Pernambuco é dividido 185 municípios, tornando a décima primeira unidade da federação com o maior número de municípios. Alguns destes municípios formam umaconurbação. Oficialmente existem em Pernambuco uma região metropolitana, a do Recife, e uma região integrada de desenvolvimento econômico, o Polo Petrolina e Juazeiro.
Economia[editar | editar código-fonte]
Ver artigo principal: Economia de Pernambuco
À época do Brasil Colônia, Pernambuco era a mais rica das capitanias, e responsável por mais da metade das exportações brasileiras de açúcar. Sua riqueza foi alvo do interesse de outras nações e, no século XVII, os holandeses se estabelecem no estado.[9] A cana-de-açúcar continua sendo o principal produto agrícola da Zona da Mata pernambucana, embora o estado não mais seja o maior produtor do país.[111] [112] Apesar do declínio do açúcar, Pernambuco se manteve entre as cinco maiores economias estaduais do país até meados da década de 1940: em 1907, o estado tinha a quarta maior produção industrial do Brasil, após Rio de Janeiro, São Paulo e Rio Grande do Sul e à frente de estados como Minas Gerais e Paraná; e em 1939, Pernambuco era ainda a quinta maior economia entre os estados brasileiros, após São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul.[113]
Após ter ficado estagnado durante a chamada "década perdida" (1985 a 1995), o estado assiste a uma importante mudança em seu perfil econômico, com investimentos nos setores naval, automobilístico, petroquímico, biotecnológico, farmacêutico e de informática, que estão dando novo impulso à sua economia, que vem crescendo acima da média nacional.[114] [115] [116] [117] [118]
Em 2013, Pernambuco registrou PIB nominal de 140,728 bilhões de reais, o décimo maior do país, com participação de 2,6% no PIB brasileiro. No mesmo ano, registrou PIB nominal per capita de 15.282,28 reais,superior à média do Norte-Nordeste brasileiro.[3]
Setor primário[editar | editar código-fonte]
Entre os principais produtos agrícolas cultivados em Pernambuco encontram-se a cana-de-açúcar, o algodão, a banana, o feijão, a cebola, a mandioca, o milho, o tomate, agraviola, o caju, a goiaba, o melão, a melancia, a acerola, a manga e a uva. Na pecuária destacam-se as criações de bovinos, suínos, caprinos e galináceos. Merece destaque a expansão que vem tendo a partir dos anos 1970 da agricultura irrigada no Sertão do São Francisco, com projetos de irrigação hortifrutícolas implantados com o apoio da CODEVASF e produção voltada para o mercado externo.[111] [120]
Pernambuco é atualmente o maior produtor de acerola e goiaba, o segundo maior produtor de uva, o terceiro maior produtor de manga e coco, o terceiro maior polofloricultor e o sétimo maior produtor de cana-de-açúcar do Brasil. Pernambuco é ainda o quarto maior produtor nacional de ovos, o sexto de frangos de corte e a oitava maiorbacia leiteira do país.[112] [119] [121] [122] [123] [124] [125] [111] [126]
A cana-de-açúcar é o principal produto agrícola da Zona da Mata pernambucana. Também estão presentes nesta mesorregião culturas de subsistência, além de fruticultura ehortaliças. No Agreste, cidades como Garanhuns, Gravatá, Chã Grande e Bonito passaram a se dedicar à floricultura, produzindo flores tropicais e tradicionais. Além do cultivo de flores, vêm crescendo no agreste pernambucano as lavouras de café e as plantações de seringueiras.[112] [124] [125] [127] [128] Aumenta também a criação de cavalos, de gados de leite e de corte, de ovos e de frangos de corte.[111] [126] [129] No Sertão, a fruticultura irrigada produz toneladas de frutas tropicais por ano, e o principal polo de produção fica em Petrolina, no vale do rio São Francisco.[111]
Setor secundário[editar | editar código-fonte]
A produção industrial pernambucana está entre as maiores do Norte-Nordeste. Se destacam as indústrias naval, automobilística, química, metalúrgica, de vidros planos,eletroeletrônica, de minerais não-metálicos, têxtil e alimentícia.[111] [115] [116] [117] [131] [133]
Em 7 de novembro de 1978, uma lei estadual criou o Complexo Industrial e Portuário de Suape na região do porto homônimo, entre os municípios de Ipojuca e Cabo de Santo Agostinho, na Região Metropolitana do Recife. Atualmente, Suape é o principal complexo industrial do estado.[134]
Recentemente Pernambuco foi escolhido para a implantação dos seguintes empreendimentos: montadoras Jeep (automóveis - município de Goiana) e Shineray (motocicletas - município de Ipojuca), Refinaria Abreu e Lima, Estaleiro Atlântico Sul, Polo Farmacoquímico e de Biotecnologia, Hemobrás, Novartis, Bunge, CSN, Gerdau, Mossi & Ghisolfi,Pepsico, Amanco, central logística da General Motors além do terminal da Ferrovia Transnordestina, entre outros investimentos. Somente o Complexo Industrial e Portuário de Suape tem o poder de duplicar a renda de Pernambuco até 2020 e triplicar o PIB até 2030.[131] [132]
A matriz da multinacional pernambucana Baterias Moura, que fornece baterias para a metade dos carros fabricados no Brasil, está localizada na cidade de Belo Jardim, no agreste do estado.[135] O conglomerado pernambucano Queiroz Galvão reúne mais de 50 empresas nos segmentos de Construção, Desenvolvimento Imobiliário, Alimentos, Participações e Concessões, Óleo e Gás, Siderurgia e Engenharia Ambiental, com presença em todos os estados brasileiros assim como em países da América Latina e daÁfrica, exportando seus produtos para Estados Unidos, Canadá e Europa.[136] Também se destacam entre as empresas industriais oriundas de Pernambuco os grupos João Santos, Cornélio Brennand, Ricardo Brennand, Delta, Petra Energia, Raymundo da Fonte, EBBA S.A., Indústrias ASA, dentre outros.[137] [138]
A mineração é um setor de pouca expressão na economia pernambucana, com produção de baixo valor intrínseco. Os principais produtos minerais do estado são a brita, agipsita, a água mineral, o calcário, a areia, a ilmenita, a argila e as rochas ornamentais. A Microrregião de Araripina destaca-se na extração da gipsita, fornecendo 95% do gesso consumido no Brasil.[139]
Nenhum comentário:
Postar um comentário