sábado, 4 de fevereiro de 2017

DEUS SEGUNDA PARTE

Teólogos e filósofos atribuíram um número de atributos para Deus, incluindo onisciênciaonipotênciaonipresençaamor perfeito, simplicidade, e eternidade e de existência necessária. Deus tem sido descrito como incorpóreo, um ser com personalidade, a fonte de todos as obrigações morais, e concebido como o melhor ser existente.[2] Estes atributos foram todos atribuídos em diferentes graus por acadêmicos judeuscristãos e muçulmanos desde épocas anteriores, incluindo Santo Agostinho,[3] Al-Ghazali[4] e Maimônides.[3]
Muitos argumentos desenvolvidos por filósofos medievais para a existência de Deus[4] buscaram compreender as implicações precisas dos atributos divinos. Conciliar alguns desses atributos gerou problemas filosóficos e debates importantes. A exemplo, a onisciência de Deus implica que Deus sabe como agentes livres irão escolher para agir. Se Deus sabe isso, a aparente vontade deles pode ser ilusória, ou o conhecimento não implica predestinação, e se Deus não sabe, então não é onisciente.[11]
Nos últimos séculos, tem-se visto, na filosofia, vigorosas perguntas acerca dos argumentos para a existência de Deus, propostas por filósofos tais como Immanuel KantDavid Hume e Antony Flew. Mesmo Kant, embora considerasse que o argumento de moralidade era válido, fez várias críticas aos usuais argumentos empregados.
A resposta teísta tem sido, usualmente, fundada em argumentos como os de Alvin Plantinga, que afirmam que a fé é "adequadamente básica", ou em argumentos, como Richard Swinburne, fundados na posição evidencialista.[12] Alguns teístas concordam que nenhum dos argumentos para a existência de Deus são vinculativos, mas alegam que a  não é um produto da razão, mas exige risco. Não haveria risco, dizem, se os argumentos para a existência de Deus fossem tão sólidos quanto as leis da lógica, uma posição assumida por Pascal bem ao estilo: "O coração tem razões que a razão não conhece."[13]
A maior parte das grandes religiões considera Deus não como uma metáfora, mas um ser que influencia a existência de cada um no dia a dia. Muitos fiéis acreditam na existência de outros seres espirituais, e dão-lhes nomes como anjossantosdjinnidemônios, e devas.

Teísmo e deísmo

teísmo sustenta que Deus existe realmente, objetivamente, e independentemente do pensamento humano, sustenta que Deus criou tudo; que é onipotente e eterno, e é pessoal, interessado, e responde às orações. Afirma que Deus é tanto imanente e transcendente, portanto, Deus é infinito e de alguma forma, presente em todos os acontecimentos do mundo.
A teologia católica sustenta que Deus é infinitamente simples, e não está sujeito involuntariamente ao tempo. A maioria dos teístas asseguram que Deus é onipotente, onisciente e benevolente, embora esta crença levante questões acerca da responsabilidade de Deus para com o mal e sofrimento no mundo. Alguns teístas atribuem a Deus uma autoconsciência ou uma proposital limitação da onipotência, onisciência, ou benevolência.
teísmo aberto, pelo contrário, afirma que, devido à natureza do tempo, a onisciência de Deus não significa que a divindade pode prever o futuro. O "Teísmo" é por vezes utilizado para se referir, em geral, para qualquer crença em um Deus ou deuses, ou seja, politeísmo ou monoteísmo.[14][15]
deísmo afirma que Deus é totalmente transcendente: Deus existe, mas não intervém no mundo para além do que era necessário para criá-lo. Em vista desta situação, Deus não é antropomórfico, e não responde literalmente às orações ou faz milagres acontecerem. É comum no deísmo a crença de que Deus não tem qualquer interesse na humanidade e pode nem sequer ter conhecimento dela.
pandeísmo e o panendeísmo, respectivamente, combinam as crenças do deísmo com o panteísmo ou panenteísmo.

Posições científicas e críticas a respeito da ideia de Deus

Stephen Jay Gould propôs uma abordagem dividindo o mundo da filosofia no que ele chamou de "magistérios não sobrepostos". Nessa visão, as questões do sobrenatural, tais como as relacionadas com a existência e a natureza de Deus, são não-empíricas e estão no domínio próprio da teologia. Os métodos da ciência devem ser utilizadas para responder a qualquer questão empírica sobre o mundo natural, e a teologia deve ser usada para responder perguntas sobre o propósito e o valor moral.
Nessa visão, a percepção de falta de qualquer passo empírico do magistério do sobrenatural para eventos naturais faz da ciência o único ator no mundo natural.[16]
Outro ponto de vista, exposto por Richard Dawkins, é que a existência de Deus é uma questão empírica, com o fundamento de que "um universo com um deus seria um tipo completamente diferente de um universo sem deus, e poderia ser uma diferença científica ".[17]
Carl Sagan argumentou que a doutrina de um Criador do Universo era difícil de provar ou rejeitar e que a única descoberta científica concebível que poderia trazer desafio seria um universo infinitamente antigo.[18]
Stephen Hawking argumenta que, em vista das recentes descobertas e avanços da ciência, sobretudo na área da cosmologia, a existência de um deus responsável pela existência e pelos eventos do universo mostra-se não apenas desnecessária mas também altamente improvável, para não dizer incompatível.

Antropomorfismo

Ver artigo principal: Antropomorfismo
Pascal Boyer argumenta que, embora exista uma grande variedade de conceitos sobrenaturais encontrados ao redor do mundo, em geral seres sobrenaturais tendem a se comportar tanto como as pessoas. A construção de deuses e espíritos como as pessoas é um dos melhores traços conhecidos da religião. Ele cita exemplos de mitologia grega, que é, na sua opinião, mais como uma novela moderna do que outros sistemas religiosos.[19] Bertrand du Castel e Timothy Jurgensen demonstram através de formalização que o modelo explicativo de Boyer corresponde ao que a epistemologia física faz ao trabalhar com entidades não diretamente observáveis como intermediários.[20]
antropólogo Stewart Guthrie afirma que as pessoas projetam características humanas sobre os aspectos não-humanos do mundo porque isso os torna mais familiares e por tal "compreensíveis". Sigmund Freud também sugeriu que os conceitos de Deus são projeções de um pai.[21]
Da mesma forma, Émile Durkheim foi um dos primeiros a sugerir que os deuses representam uma extensão da vida social humana para incluir os seres sobrenaturais. Em linha com esse raciocínio, o psicólogo Matt Rossano afirma que quando os humanos começaram a viver em grupos maiores, eles podem ter criado os deuses como um meio de garantir a moralidade. Em pequenos grupos, a moralidade pode ser executada por forças sociais, como a fofoca ou a reputação. No entanto, é muito mais difícil impor a moral usando as forças sociais em grupos muito maiores. Ele indica que, ao incluir sempre deuses e espíritos atentos, os humanos descobriram uma estratégia eficaz para a contenção do egoísmo e a construção de grupos mais cooperativos.[22]
anarquista Mikhail Bakunin faz uma crítica à ideia de Deus, posicionando-O como sendo uma ideia criada pelas elites - reis, senhores de escravossenhores feudaissacerdotescapitalistas etc. - que busca justificar a sociedade autoritária, projetando, ideologicamente, as relações de dominação para o universo como um todo: Deus como senhor ou rei, e o universo como escravo ou súdito. A ideia de Deus serviria, segundo ele, como um mero instrumento de dominação cuja função seria fazer os dominados aceitarem sua exploração como se fosse um fato natural, cósmico e eterno, ou seja, um fato do qual não podem fugir, restando-lhes, apenas, a opção de resignarem-se.[23]

Referências

  1. Ir para cima Para outras perspectivas, há nesta mesma enciclopédia diversos artigos específicos. Uma lista com as principais religiões pode ser encontrada sob título "Anexo:Lista de religiões e tradições espirituais"; e uma lista de divindades encontra-se sob título "Anexo:Lista de divindades".
  2. ↑ Ir para:a b Swinburne, R.G. "God" in Honderich, Ted. (ed)The Oxford Companion to PhilosophyOxford University Press, 1995.
  3. ↑ Ir para:a b c d Edwards, Paul. "Deus e os filósofos" em Honderich, Ted. (ed)The Oxford Companion to PhilosophyOxford University Press, 1995.
  4. ↑ Ir para:a b c d Plantinga, Alvin. "Deus, Argumentos para a sua Existência," Enciclopédia Routledge de Filosofia, Routledge, 2000. Erro de citação: Código <ref> inválido; o nome "Plantinga" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes
  5. Ir para cima A etimologia ulterior é disputada. À parte a hipótese improvável de adoção de uma língua estrangeira, o OTeut. "ghuba" implica como seu tipo pretérito também "*ghodho-m" ou "*ghodto-m". O anterior não parece admitir explicação; mas o posterior representaria o neutro "pple" da raiz "gheu-". Existem duas raízes arianas da forma requerida ("*g,heu-" with palatal aspirate) uma significando 'invocar' (Skr. "hu") a outra "a derramar, para oferecer sacrifícios" (Skr "hu", Gr. χεηi;ν, OE "geotàn" Yete v). OED Compact Edition, G, p. 267
  6. Ir para cima «Michaelis Deus - sm (lat Deus)»1 O Ser supremo; o espírito infinito e eterno, criador e preservador do Universo. 2 Teol Ente tríplice e uno, infinitamente perfeito, livre e inteligente, criador e regulador do Universo. 3 Cada uma das pessoas da Santíssima Trindade. 4 Indivíduo ou personagem que, por qualidades extraordinárias, se impõe à adoração ou ao amor dos homens. 5 Objeto de um culto, ou de um desejo ardente que se antepõe a todos os outros desejos ou afetos. 6 Cada uma das divindades masculinas do politeísmo. Pl: deuses. Fem: Deusa. Deus-dará: na locução adverbial ao deus-dará: à toa, descuidadamente, a esmo, ao acaso. Nem à mão de Deus Padre: por forma nenhuma, apesar de todas as contradições.
  7. Ir para cima Barton, G. A.. A Sketch of Semitic Origins: Social and Religious. [S.l.]: Kessinger Publishing, 2006. ISBN 142861575X
  8. Ir para cima Hastings 2003, p. 540.
  9. Ir para cima R. Cudworth, 1678.
  10. Ir para cima «DOES GOD MATTER? A Social-Science Critique»by Paul Froese and Christopher Bader. Consultado em 28 de maio de 2007
  11. Ir para cima Wierenga, Edward R. "Divino conhecimento", em Audi, RobertThe Cambridge Companion to PhilosophyCambridge University Press, 2001.
  12. Ir para cima Beaty, Michael. (1991). "God Among the Philosophers". The Christian Century. Visitado em 2007-02-20.
  13. Ir para cima Pascal, Blaise. Pensées, 1669.
  14. Ir para cima «Philosophy of Religion.info - Glossary - Theism, Atheism, and Agonisticism». Philosophy of Religion.info. Consultado em 16 de julho de 2008
  15. Ir para cima «Theism - definiton of thesim by the Free Online Dictionary, Thesaurus and Encyclopedia»TheFreeDictionary. Consultado em 16 de julho de 2008
  16. Ir para cima Dawkins, RichardThe God Delusion. Great Britain: Bantam Press, 2006. ISBN 0-618-68000-4
  17. Ir para cima Dawkins, Richard«Why There Almost Certainly Is No God». The Huffington Post. Consultado em 10 de janeiro de 2007
  18. Ir para cima Sagan, CarlThe Demon Haunted World p.278. New York: Ballantine Books, 1996. ISBN 0-345-40946-9
  19. Ir para cima Boyer, PascalReligion Explained,. New York: Basic Books, 2001. 142–243 p. ISBN 0-465-00696-5
  20. Ir para cima du Castel, BertrandComputer Theology,. Austin, Texas: Midori Press, 2008. 221–222 p. ISBN 0-9801821-1-5
  21. Ir para cima Barrett, Justin. (1996). "Conceptualizing a Nonnatural Entity: Anthropomorphism in God Concepts".
  22. Ir para cima Rossano, Matt. (2007). "Supernaturalizing Social Life: Religion and the Evolution of Human Cooperation". Visitado em 2009-06-25.
  23. Ir para cima Mikhail Bakunin, Deus e o Estado (1882)

Ver também

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