Teólogos e filósofos atribuíram um número de atributos para Deus, incluindo onisciência, onipotência, onipresença, amor perfeito, simplicidade, e eternidade e de existência necessária. Deus tem sido descrito como incorpóreo, um ser com personalidade, a fonte de todos as obrigações morais, e concebido como o melhor ser existente.[2] Estes atributos foram todos atribuídos em diferentes graus por acadêmicos judeus, cristãos e muçulmanos desde épocas anteriores, incluindo Santo Agostinho,[3] Al-Ghazali[4] e Maimônides.[3]
Muitos argumentos desenvolvidos por filósofos medievais para a existência de Deus[4] buscaram compreender as implicações precisas dos atributos divinos. Conciliar alguns desses atributos gerou problemas filosóficos e debates importantes. A exemplo, a onisciência de Deus implica que Deus sabe como agentes livres irão escolher para agir. Se Deus sabe isso, a aparente vontade deles pode ser ilusória, ou o conhecimento não implica predestinação, e se Deus não sabe, então não é onisciente.[11]
Nos últimos séculos, tem-se visto, na filosofia, vigorosas perguntas acerca dos argumentos para a existência de Deus, propostas por filósofos tais como Immanuel Kant, David Hume e Antony Flew. Mesmo Kant, embora considerasse que o argumento de moralidade era válido, fez várias críticas aos usuais argumentos empregados.
A resposta teísta tem sido, usualmente, fundada em argumentos como os de Alvin Plantinga, que afirmam que a fé é "adequadamente básica", ou em argumentos, como Richard Swinburne, fundados na posição evidencialista.[12] Alguns teístas concordam que nenhum dos argumentos para a existência de Deus são vinculativos, mas alegam que a fé não é um produto da razão, mas exige risco. Não haveria risco, dizem, se os argumentos para a existência de Deus fossem tão sólidos quanto as leis da lógica, uma posição assumida por Pascal bem ao estilo: "O coração tem razões que a razão não conhece."[13]
A maior parte das grandes religiões considera Deus não como uma metáfora, mas um ser que influencia a existência de cada um no dia a dia. Muitos fiéis acreditam na existência de outros seres espirituais, e dão-lhes nomes como anjos, santos, djinni, demônios, e devas.
Teísmo e deísmo
O teísmo sustenta que Deus existe realmente, objetivamente, e independentemente do pensamento humano, sustenta que Deus criou tudo; que é onipotente e eterno, e é pessoal, interessado, e responde às orações. Afirma que Deus é tanto imanente e transcendente, portanto, Deus é infinito e de alguma forma, presente em todos os acontecimentos do mundo.
A teologia católica sustenta que Deus é infinitamente simples, e não está sujeito involuntariamente ao tempo. A maioria dos teístas asseguram que Deus é onipotente, onisciente e benevolente, embora esta crença levante questões acerca da responsabilidade de Deus para com o mal e sofrimento no mundo. Alguns teístas atribuem a Deus uma autoconsciência ou uma proposital limitação da onipotência, onisciência, ou benevolência.
O teísmo aberto, pelo contrário, afirma que, devido à natureza do tempo, a onisciência de Deus não significa que a divindade pode prever o futuro. O "Teísmo" é por vezes utilizado para se referir, em geral, para qualquer crença em um Deus ou deuses, ou seja, politeísmo ou monoteísmo.[14][15]
O deísmo afirma que Deus é totalmente transcendente: Deus existe, mas não intervém no mundo para além do que era necessário para criá-lo. Em vista desta situação, Deus não é antropomórfico, e não responde literalmente às orações ou faz milagres acontecerem. É comum no deísmo a crença de que Deus não tem qualquer interesse na humanidade e pode nem sequer ter conhecimento dela.
O pandeísmo e o panendeísmo, respectivamente, combinam as crenças do deísmo com o panteísmo ou panenteísmo.
Posições científicas e críticas a respeito da ideia de Deus
Stephen Jay Gould propôs uma abordagem dividindo o mundo da filosofia no que ele chamou de "magistérios não sobrepostos". Nessa visão, as questões do sobrenatural, tais como as relacionadas com a existência e a natureza de Deus, são não-empíricas e estão no domínio próprio da teologia. Os métodos da ciência devem ser utilizadas para responder a qualquer questão empírica sobre o mundo natural, e a teologia deve ser usada para responder perguntas sobre o propósito e o valor moral.
Nessa visão, a percepção de falta de qualquer passo empírico do magistério do sobrenatural para eventos naturais faz da ciência o único ator no mundo natural.[16]
Outro ponto de vista, exposto por Richard Dawkins, é que a existência de Deus é uma questão empírica, com o fundamento de que "um universo com um deus seria um tipo completamente diferente de um universo sem deus, e poderia ser uma diferença científica ".[17]
Carl Sagan argumentou que a doutrina de um Criador do Universo era difícil de provar ou rejeitar e que a única descoberta científica concebível que poderia trazer desafio seria um universo infinitamente antigo.[18]
Stephen Hawking argumenta que, em vista das recentes descobertas e avanços da ciência, sobretudo na área da cosmologia, a existência de um deus responsável pela existência e pelos eventos do universo mostra-se não apenas desnecessária mas também altamente improvável, para não dizer incompatível.
Antropomorfismo
Ver artigo principal: Antropomorfismo
Pascal Boyer argumenta que, embora exista uma grande variedade de conceitos sobrenaturais encontrados ao redor do mundo, em geral seres sobrenaturais tendem a se comportar tanto como as pessoas. A construção de deuses e espíritos como as pessoas é um dos melhores traços conhecidos da religião. Ele cita exemplos de mitologia grega, que é, na sua opinião, mais como uma novela moderna do que outros sistemas religiosos.[19] Bertrand du Castel e Timothy Jurgensen demonstram através de formalização que o modelo explicativo de Boyer corresponde ao que a epistemologia física faz ao trabalhar com entidades não diretamente observáveis como intermediários.[20]
O antropólogo Stewart Guthrie afirma que as pessoas projetam características humanas sobre os aspectos não-humanos do mundo porque isso os torna mais familiares e por tal "compreensíveis". Sigmund Freud também sugeriu que os conceitos de Deus são projeções de um pai.[21]
Da mesma forma, Émile Durkheim foi um dos primeiros a sugerir que os deuses representam uma extensão da vida social humana para incluir os seres sobrenaturais. Em linha com esse raciocínio, o psicólogo Matt Rossano afirma que quando os humanos começaram a viver em grupos maiores, eles podem ter criado os deuses como um meio de garantir a moralidade. Em pequenos grupos, a moralidade pode ser executada por forças sociais, como a fofoca ou a reputação. No entanto, é muito mais difícil impor a moral usando as forças sociais em grupos muito maiores. Ele indica que, ao incluir sempre deuses e espíritos atentos, os humanos descobriram uma estratégia eficaz para a contenção do egoísmo e a construção de grupos mais cooperativos.[22]
O anarquista Mikhail Bakunin faz uma crítica à ideia de Deus, posicionando-O como sendo uma ideia criada pelas elites - reis, senhores de escravos, senhores feudais, sacerdotes, capitalistas etc. - que busca justificar a sociedade autoritária, projetando, ideologicamente, as relações de dominação para o universo como um todo: Deus como senhor ou rei, e o universo como escravo ou súdito. A ideia de Deus serviria, segundo ele, como um mero instrumento de dominação cuja função seria fazer os dominados aceitarem sua exploração como se fosse um fato natural, cósmico e eterno, ou seja, um fato do qual não podem fugir, restando-lhes, apenas, a opção de resignarem-se.[23]
Referências
- ↑ Para outras perspectivas, há nesta mesma enciclopédia diversos artigos específicos. Uma lista com as principais religiões pode ser encontrada sob título "Anexo:Lista de religiões e tradições espirituais"; e uma lista de divindades encontra-se sob título "Anexo:Lista de divindades".
- ↑ ab Swinburne, R.G. "God" in Honderich, Ted. (ed)The Oxford Companion to Philosophy, Oxford University Press, 1995.
- ↑ ab c d Edwards, Paul. "Deus e os filósofos" em Honderich, Ted. (ed)The Oxford Companion to Philosophy, Oxford University Press, 1995.
- ↑ ab c d Plantinga, Alvin. "Deus, Argumentos para a sua Existência," Enciclopédia Routledge de Filosofia, Routledge, 2000. Erro de citação: Código
<ref>
inválido; o nome "Plantinga" é definido mais de uma vez com conteúdos diferentes - ↑ A etimologia ulterior é disputada. À parte a hipótese improvável de adoção de uma língua estrangeira, o OTeut. "ghuba" implica como seu tipo pretérito também "*ghodho-m" ou "*ghodto-m". O anterior não parece admitir explicação; mas o posterior representaria o neutro "pple" da raiz "gheu-". Existem duas raízes arianas da forma requerida ("*g,heu-" with palatal aspirate) uma significando 'invocar' (Skr. "hu") a outra "a derramar, para oferecer sacrifícios" (Skr "hu", Gr. χεηi;ν, OE "geotàn" Yete v). OED Compact Edition, G, p. 267
- ↑ «Michaelis Deus - sm (lat Deus)».
1 O Ser supremo; o espírito infinito e eterno, criador e preservador do Universo. 2 Teol Ente tríplice e uno, infinitamente perfeito, livre e inteligente, criador e regulador do Universo. 3 Cada uma das pessoas da Santíssima Trindade. 4 Indivíduo ou personagem que, por qualidades extraordinárias, se impõe à adoração ou ao amor dos homens. 5 Objeto de um culto, ou de um desejo ardente que se antepõe a todos os outros desejos ou afetos. 6 Cada uma das divindades masculinas do politeísmo. Pl: deuses. Fem: Deusa. Deus-dará: na locução adverbial ao deus-dará: à toa, descuidadamente, a esmo, ao acaso. Nem à mão de Deus Padre: por forma nenhuma, apesar de todas as contradições.
- ↑ Barton, G. A.. A Sketch of Semitic Origins: Social and Religious. [S.l.]: Kessinger Publishing, 2006. ISBN 142861575X
- ↑ Hastings 2003, p. 540.
- ↑ R. Cudworth, 1678.
- ↑ «DOES GOD MATTER? A Social-Science Critique». by Paul Froese and Christopher Bader. Consultado em 28 de maio de 2007
- ↑ Wierenga, Edward R. "Divino conhecimento", em Audi, Robert. The Cambridge Companion to Philosophy. Cambridge University Press, 2001.
- ↑ Beaty, Michael. (1991). "God Among the Philosophers". The Christian Century. Visitado em 2007-02-20.
- ↑ Pascal, Blaise. Pensées, 1669.
- ↑ «Philosophy of Religion.info - Glossary - Theism, Atheism, and Agonisticism». Philosophy of Religion.info. Consultado em 16 de julho de 2008
- ↑ «Theism - definiton of thesim by the Free Online Dictionary, Thesaurus and Encyclopedia». TheFreeDictionary. Consultado em 16 de julho de 2008
- ↑ Dawkins, Richard. The God Delusion. Great Britain: Bantam Press, 2006. ISBN 0-618-68000-4
- ↑ Dawkins, Richard. «Why There Almost Certainly Is No God». The Huffington Post. Consultado em 10 de janeiro de 2007
- ↑ Sagan, Carl. The Demon Haunted World p.278. New York: Ballantine Books, 1996. ISBN 0-345-40946-9
- ↑ Boyer, Pascal. Religion Explained,. New York: Basic Books, 2001. 142–243 p. ISBN 0-465-00696-5
- ↑ du Castel, Bertrand. Computer Theology,. Austin, Texas: Midori Press, 2008. 221–222 p. ISBN 0-9801821-1-5
- ↑ Barrett, Justin. (1996). "Conceptualizing a Nonnatural Entity: Anthropomorphism in God Concepts".
- ↑ Rossano, Matt. (2007). "Supernaturalizing Social Life: Religion and the Evolution of Human Cooperation". Visitado em 2009-06-25.
- ↑ Mikhail Bakunin, Deus e o Estado (1882)
Nenhum comentário:
Postar um comentário