Descolamento de retina é uma enfermidade oftálmica onde ocorre a separação da retina da parede do fundo do olho.[1] Os indivíduos acometidos apresentam como sintomas um aumento no número dos grumos denominados "moscas volantes", flashes de luz e sombras em parte do campo de visão (devido a deterioração da visão periférica).[2][1] Essa condição pode ocorrer bilateralmente em cerca de 7% dos casos.[3] Sem tratamento, normalmente o quadro evolui para a perda permanente da visão.[4]
A causa mais comum do descolamento é a ruptura da retina, que permite que o humor vítreo extravase e a pressione para a frente. A ruptura pode ocorrer a partir do descolamento do vítreo posterior, traumatismo, glaucoma, em pacientes com cirurgia prévia de catarata, miopia, complicações do diabetes mellitus ou inflamações graves.[1][5] Mais raramente, o descolamento de retina pode ser provocado por tumores de coloide.[6] O diagnóstico é feito por exames de fundo de olho ou de ultrassonografia.[1][4]
Em pacientes com ruptura da retina, utiliza-se a crioterapia ou a fotocoagulação a laser para evitar seu descolamento. Quando o descolamento já ocorreu, o tratamento deve ser feito imediatamente. A terapia de escolha pode incluir introflexão escleral, onde uma esponja de silicone é suturada na esclera, retinopexia pneumática, onde é injetado gás para dentro do olho, ou vitrectomia, onde o vítreo é parcialmente removido e substituído por gás ou óleo.[1][7][8][9]
Descolamentos de retina afetam anualmente entre 0,6 e 1,8 em cada 10.000 pessoas, sendo mais comum em homens entre os 60 e os 70 anos de idade.[1][3] Estima-se que aproximadamente 0,3% da população será afetada por essa patologia em algum momento da vida.[10] Os resultados a longo prazo dependerão do tempo do descolamento e se este atingiu a mácula.[1] Se tratado antes desse evento, o prognóstico é geralmente bom.[4][10]
Sintomas[editar | editar código-fonte]
Acompanhada de vários sintomas como flashes de luzes, manchas escuras se movendo,conhecidas como moscas volantes, e perda parcial de visão. Sua percepção não determina o descolamento de retina, mas sim pelo aumento desenfreado seguido do surgimento de pequenas manchas, em tom roxo, nas regiões periféricas da visão.
Tratamento[editar | editar código-fonte]
Se não tratada imediatamente geralmente leva a perda total de visão.
Um oftalmologista deve ser consultado o mais rápido possível. O tratamento pode incluir a utilização de laser, e várias técnicas cirúrgicas específicas
Laser: Nos casos muito iniciais pode-se realizar apenas o bloqueio periférico pelo laser. O laser funciona como uma solda orgânica, provocando queimaduras na retina e nos tecidos adjacentes que, quando cicatrizam, aderem-se uns aos outros.
Pneumo-retinopexia:
Os descolamentos em fase inicial podem ser tratados injetando-se uma bolha de gás que expulsa o líquido sub-retiniano e reaplica a retina. O tratamento é complementado com aplicações de laser ou tratamento com o crio cautério.
Retinopexia (cirurgia convencional)
A técnica mais comum de operar o descolamento da retina é chamada de retinopexia com introflexão escleral. Fixa-se ao redor do olho, sob os músculos, uma estrutura de apoio (chamada cientificamente de órtese), feita de silicone sólido (semelhante a um penu) para calçar a retina, seguida de uma forte adesão usando o crio cautério.
Vitrectomia
As cirurgias de vitrectomia estão reservadas para os casos mais difíceis. Fazem-se três pequenas incisões no olho para trabalhar dentro dele com micro-instrumentos.
Quando realiza-se a vitrectomia , pode-se precisar da ajuda de um líquido pesado para expulsar o líquido sub-retiniano, o perfluoroctano. Às vezes é necessário preencher o olho com óleo de silicone ou gases de longa permanência (SF6 ou C3F8) para manter a retina colada. O gás intra-ocular - e também o óleo de silicone - tendem a flutuar dentro do olho. Se usa essa característica física dos elementos para empurrar a retina para o seu lugar. Após a cirurgia o médico indicará qual a melhor posição de cabeça para obtermos o maior contato das bolhas de gás, ou óleo, com os defeitos da retina. Os gases são absorvidos naturalmente. O óleo de silicone poderá exigir a sua remoção cirúrgica.
Prognóstico
Com as modernas técnicas de cirurgia consegue-se reaplicar a retina em quase 90% dos casos. Às vezes são necessárias várias cirurgias. Os primeiros 40 dias são cruciais. Siga rigorosamente a orientação do seu médico. O repouso e manutenção das posições de cabeça indicada fazem parte do tratamento. Mesmo com o pronto tratamento e retorno da retina a sua posição, costuma haver perda, ao menos parcial, da visão do olho afetado. Em alguns casos, infelizmente, o paciente evolui com cegueira ou visão subnormal. É importante lembrar que o pronto atendimento favorece a melhor recuperação.
Anestesia
A anestesia é local. O paciente é levemente sedado para que fique tranquilo e colabore durante o procedimento.
Referências
- ↑ ab c d e f g Fraser, Steel 2009.
- ↑ «Facts About Retinal Detachment». National Eye Institute. U.S. Department of Health and Human Services - National Institutes of Health. 2009. Consultado em 19 de Agosto de 2016
- ↑ ab Mitry et al 2010, p. 678-684.
- ↑ ab c Gelston 2013, p. 515-519.
- ↑ Viebahn et al 2016, p. 629-632.
- ↑ Adegbehingbe 2008, p. 50-53.
- ↑ Takasaka et al 2012, p. 377-379.
- ↑ Rosa et al 2006, p. 101-105.
- ↑ Escarião et al 2013, p. 253-256.
- ↑ ab Gariano, Chang-Hee 2004, p. 1691-1699.
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Adegbehingbe, B.O. (2008). «Blindness from bilateral bullous retinal detachment: tragedy of a Nigerian family». African Health Sciences. 8 (1): 50-53. ISSN 1680-6905. Consultado em 21 de agosto de 2016
- Escarião, P.; Luchsinger, P.; Araújo, E.H. (2013). «Fotocoagulação a laser em pacientes portadores de descolamento de retina regmatogênico periférico» (PDF). Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. 72 (4): 253-256. ISSN 1678-2925. Consultado em 21 de agosto de 2016
- Fraser, S.; Steel, D. (2009). «Retinal detachment» (PDF). BMJ Clinical Evidence (2009:0710). ISSN 1752-8526. Consultado em 19 de agosto de 2016
- Gariano, F.R.; Chang-Hee, K. (2004). «Evaluation and management of suspected retinal detachment». American Family Physician. 69 (7): 1691-1699. ISSN 1532-0650. Consultado em 21 de agosto de 2016
- Gelston, C.D. (2013). «Common eye emergencies» (PDF). American Family Physician. 88 (8): 515-519. ISSN 1532-0650. Consultado em 19 de agosto de 2016
- Mitry, D.; Charteris, D.G.; Fleck, B.W.; Campbell, H.; Singh, J. (2010). «The epidemiology of rhegmatogenous retinal detachment: geographical variation and clinical associations». British Journal of Ophthalmology. 94 (6): 678-684. ISSN 1468-2079. Consultado em 19 de agosto de 2016
- Rosa, A.A.M.; Primiano Jr, H.P.; Nakashima, Y. (2006). «Retinopexia pneumática e fotocooagulação a laser para tratamento de descolamento secundário à fosseta de disco óptico: relato de caso» (PDF). Arquivos Brasileiros de Oftalmologia. 69 (1): 101-105. ISSN 1678-2925. Consultado em 21 de agosto de 2016
- Takasaka, I.; Chaves, F.R.P.; Panetta, H.; Torigoe, A.M.S.; Silva, V.B.; Lira, R.P.C. (2012). «Scleral buckle is good option for treatment of uncomplicated retinal detachment» (PDF). Revista Brasileira de Oftalmologia. 71 (6): 377-379. ISSN 1982-8551. Consultado em 21 de agosto de 2016
- Viebahn, M.; Barricks, M.E.; Osterloh, M.D. (1991). «Synergism between diabetic and radiation retinopathy: case report and review» (PDF). British Journal of Ophthalmology. 75 (10): 629-632. ISSN 1468-2079. Consultado em 21 de agosto de 2016
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