quarta-feira, 23 de setembro de 2015

BOTIJÃO DE GAZ

Botijãobujão de gás ou garrafa de gás (também chamado em algumas regiões de botija ou bilha de gás) é o nome que se dá aos recipientes utilizados para a distribuição de GLP, também conhecido como gás de cozinhagás engarrafado ou ainda gás envasado (menos comum).

No Brasil[editar | editar código-fonte]

História do GLP engarrafado[editar | editar código-fonte]

Os primeiros fogões a gás instalados no Brasil funcionavam com gás de carvão. As tubulações de gás, no entanto, eram restritas aos bairros mais centrais das grandes cidades. Para a população que ficava fora desses núcleos, as opções para cozinhar ou esquentar a água eram, em geral, lenha, carvão ou querosene.
Em 30 de agosto de 1937, Ernesto Igel, imigrante austríaco radicado no Brasil, criou, no Rio de Janeiro, a Empresa Brasileira de Gás a Domicilio Ltda., que passou a vender gás engarrafado. O suprimento inicial utilizado por Igel era o propano, gás utilizado para acionar os motores de dirigíveis e que ficou estocado no país após o trágico acidente que pôs fim à era dos zeppelins.
As dificuldades iniciais foram muitas, principalmente relacionadas à desconfiança do consumidor diante de um produto tão inovador e à garantia do suprimento de gás, que passou a ser importado pela empresa. Ernesto investiu em uma infra-estrutura para armazenar e engarrafar o gás e fez parcerias com indústrias brasileiras dispostas a produzir os reguladores de gás, botijões e fogões.
Em 26 de setembro de 1938, o capital da empresa foi aberto e surgiu a Ultragaz S/A, que logo deixaria de ser uma empresa regional para atuar em todo o país. A grande expansão se deu depois do final da Segunda Guerra Mundial. Além de conquistar grande número de consumidores, a empresa investiu na ampliação das bases operacionais e na criação de inúmeras lojas para comercializar os fogões e botijões. Em 1956, essas lojas deram origem à rede Ultralar, pioneira no setor de grandes magazines.

Comércio de GLP engarrafado[editar | editar código-fonte]

Botijões de gás
Iniciado no Brasil pela família Scarin, o botijão de gás é trocado a cada compra, o consumidor entrega seu cilindro vazio e recebe outro cilindro igual cheio de gás e lacrado, os cilindros vazios são recolhidos pelas distribuidoras de GLP que fazem uma inspeção no cilindro, após isso ele é novamente enchido com GLP e posto a venda, os cilindros que não passam na inspeção são retirados de circulação para serem requalificados ou descartados como sucata.

Centros de troca[editar | editar código-fonte]

A distribuidora de GLP é responsável por qualquer problema no cilindro com sua marca, por isso os cilindros de uma distribuidora só podem ser cheios, inspecionados e revendidos por ela mesma ou por outra empresa autorizada por ela, porém a distribuidora não pode se negar a receber cilindros vazios de outras marcas em troca de cilindros cheios, por isso os cilindros recebidos com marca de outras distribuidoras são enviados a Centros de troca onde são retirados por suas respectivas distribuidoras.
Os Centros de troca são mantidos pelas próprias distribuidoras.
O GLP é um produto derivado do refino do petróleo. Sua sigla significa gás liquefeito de petróleo. No Brasil ele é conhecido como “gás de cozinha”, pois essa foi a sua aplicação inicial.
O petróleo é constituído, basicamente, por hidrocarbonetos, que são compostos químicos formados por átomos de carbono e hidrogênio. O GLP é uma mistura de dois hibrocarbonetos específicos, o propano e o butano.

Tipos, usos e capacidades[editar | editar código-fonte]

A capacidade do botijão de GLP é expressa em quilos, existem botijões com várias capacidades, atualmente esses são os modelos mais comuns:
CódigoVolume líquidoPeso líquidoUso mais comumNorma da Válvula
P-25,5 litros2 kgFogareiros, lampiões e maçaricosNBR 8614
P-512,0 litros5 kgUso doméstico para cozimento de alimentos e maçaricosNBR 8614
P-1331,5 litros13 kgUso doméstico para cozimento de alimentosNBR 8614
P-2048,0 litros20 kgExclusivo em empilhadeiras a GLPNBR 14536
P-45108,0 litros45 kgDoméstico e industrial (cozimento de alimentos, aquecimento, fundição, soldas, etc.)NBR 13794
P-90216,0 litros90 kgIndustrial (em desuso)NBR 13794
  • O botijão P-90 está em desuso e sendo substituído por cilindros estacionários da mesma capacidade ou superior que são abastecidos no local por caminhões (venda a granel).
  • No Brasil o uso de GLP é proibido para uso em veículos automotores com exceção de empilhadeiras movidas a GLP onde são utilizados botijões tipo P-20, este botijão é o único que se utiliza na horizontal.

Capacidade de vaporização[editar | editar código-fonte]

Um botijão com sua capacidade completa contém em seu interior cerca de 85% de GLP em estado liquefeito e 15% em estado vapor. O gás liquefeito se vaporiza à medida que o botijão se esvazia.
Para passar do estado líquido ao estado de vapor o gás precisa 'ganhar calor' do ambiente, por isso se um botijão fornece mais gás que sua capacidade de vaporização ele tende a esfriar, podendo chegar à formação de gelo no corpo do cilindro.
À medida que o botijão se torna mais frio, sua capacidade de fornecer GLP em fase vapor diminui, causando problemas aos usuários, por isso as centrais de GLP devem ser planejadas levando-se em conta a necessidade de gás em estado vapor da instalação e a temperatura media do ambiente onde está instalada a central para garantir a evaporação adequada do gás.
Uma outra opção é instalar vaporizadores, que são equipamentos que 'adicionam calor' ao GLP em estado liquido para facilitar sua gaseificação, mas isto raramente é usado no Brasil.
A tabela abaixo mostra a capacidade de vaporização natural de alguns tipos de botijão a uma temperatura ambiente de 20 °C.
CódigoCapacidadeCapacidade de vaporização a 20 °C
P-22 kg0,2 kg de gás por hora
P-55 kg0,4 kg de gás por hora
P-1313 kg0,6 kg de gás por hora
P-4545 kg1,0 kg de gás por hora
P-9090 kg2,0 kg de gás por hora
P-190190 kg3,5 kg de gás por hora
  • P-190 é um cilindro estacionário abastecido no local (sistema a granel), está disponível na tabela apenas para comparação.
  • Os botijões podem ser associados em baterias colocando-se dois ou mais botijões ligados a um tubo coletor para fornecer uma quantidade de gás em fase vapor maior do que apenas um botijão poderia fornecer.
  • Por norma, apenas podem ser associados em baterias os cilindros P-45 ou acima, mas é possível encontrar baterias de P-13, especialmente em pequenas instalações.

Válvulas e mecanismos de segurança do botijão[editar | editar código-fonte]

P-2: A válvula do botijão P-2 (NBR 8614) é do tipo automática, ou seja, quando o engate é rosqueado ele empurra um pino que libera a saída do gás, esta válvula possui uma rosca especifica para ser acoplada a dispositivos como lampiões, fogareiros e maçaricos em alta pressão, este botijão não deve ser utilizado com regulador e não conta com válvula de segurança para sobrepressão ou aquecimento.
P-5 e P13: A válvula destes botijões (NBR 8614) também é do tipo automática e é própria para que seja encaixado um regulador de pressão doméstico, estes botijões possuem um 'parafuso fusível' que se derrete se a temperatura do botijão chegar perto de 70 °C liberando o gás e evitando que o botijão exploda em caso de incêndio.
P-45 e P-90: A válvula destes botijões (NBR 13794) é um registro com abertura manual e é própria para ser ligada a uma mangueira (rabicho) que irá interligar o botijão a um tubo coletor, no corpo do registro existe um dispositivo de segurança que libera o gás se a pressão dentro do botijão ultrapassar um certo limite evitando assim que o botijão exploda em caso de incêndio.

Pressão de utilização[editar | editar código-fonte]

O GLP distribuído em botijões deve ter sua pressão diminuída para que seja utilizado na maioria dos aparelhos (fogõesaquecedores, etc.), porém no caso do P-2, P-5 e P-13 é admitida sua utilização em alta pressão (sem regulador) em alguns aparelhos fabricados para uso em alta pressão como maçaricos, fogareiros, lampiões e alguns fogões industriais.
A pressão de utilização do GLP nos aparelhos de baixa pressão deve ser de 280 mmca (milímetros de coluna de água) ou 2,74 kPa (kilopascal).
A diminuição da pressão do GLP na saída do botijão para a pressão de utilização dos aparelhos é feita por um dispositivo chamado regulador de pressão.

O regulador de pressão para GLP no Brasil[editar | editar código-fonte]

O regulador de GLP para uso doméstico costuma ser vendido na forma de um kit contendo um regulador para 1 kg/h e 1,25 metros de uma mangueira específica a ser utilizada para ligação da saída do regulador a entrada do fogão ou outro aparelho e ainda duas braçadeiras para fixação das extremidades da mangueira.
Também podem ser encontrados reguladores de maior capacidade, para instalações comerciais, industriais e residenciais de maior porte onde o regulador é fixado a uma tubulação que ira distribuir o gás para os vários aparelhos de utilização, nestes casos é comum encontrar o regulador acoplado a válvulas de segurança OPSO (bloqueio por sobrepressão, mais comum) e ainda UPSO (bloqueio por supressão).
A norma NBR 13932 (Instalações internas de gás liquefeito de petróleo) considera indispensável o uso de válvula de segurança OPSO em instalações onde o GLP é canalizado.

Corte e solda[editar | editar código-fonte]

O botijão P-45 também pode ser utilizado em conjunto com um cilindro de oxigênio para corte e solda (sistema Oxi-GLP), neste caso é utilizado um regulador especifico para esta função.

Mecanismos de segurança[editar | editar código-fonte]

Os seguintes mecanismos de segurança costumam ser utilizados em instalações internas de GLP em conjunto com o regulador de pressão.
Válvula OPSO - Over Pressure Shut Off (Bloqueio por sobrepressão) Este mecanismo de segurança é posto após o regulador e corta o fluxo do gás quando a pressão na saída do mesmo ultrapassa um certo limite, isto pode acontecer por falha mecânica, pelo rompimento do diafragma do dispositivo ou entrada de sujeira no regulador.
Válvula UPSO - Under Pressure Shut Off (Bloqueio por subpressão) Bloqueia a tubulação a jusante da válvula UPSO quando a pressão neste trecho se torna muito baixa ou nula, isto pode acontecer por rompimento da tubulação, falta de gás ou ainda defeito em algum aparelho de utilização.
Filtro de Tela - Um filtro com uma fina tela de aço que costuma ser posto antes do regulador para evitar que alguma sujeira da tubulação ou dos reservatórios (limalhas, restos de vedante, poeira, etc.) entrem no mesmo e causem o seu mal-funcionamento.
Dicas úteis - Sempre que possível o botijão de gás deve ser instalado em local arejado e distante de fontes de calor. Se você está em fase de projeto de sua residência ou conhece alguém nesta situação, importante elaborar local específico para o botijão, se possível com ligação através de canos de cobre até o local de consumo (geralmente a cozinha). Outra grande fonte de riscos é manter a mangueira de gás que liga o botijão enclausurada sob calor excessivo. Não deve-se nunca utilizar ferramentas metálicas para fazer qualquer ajuste na boca do botijão, pois tal atitude pode gerar faiscas e, consequentemente, explosão. Se ocorrer vazamento, se possível, remova o botijão para um local aberto e arejado. Se não for possível a remoção, não acenda as luzes do local nem opere qualquer equipamento elétrico/eletrônico, abra as janelas e, se possível, desligue os disjuntores do local.

Normas aplicáveis[editar | editar código-fonte]

As seguintes normas são aplicáveis à distribuição de GLP em botijões.
Observe que a lista ainda está incompleta.
NormaAssuntoAno
NBR 15526Redes de distribuição interna para gases combustíveis em instalações residenciais e comerciais - Projeto e execução 2009
NBR 8473Regulador de baixa pressão para GLP com capacidade até 4 kg/H2001
NBR 8613Mangueiras de PVC para instalações domesticas de GLP1999
NBR 8614Válvulas automáticas para recipientes transportáveis para 2 kg, 5 kg e 13 kg de GLP1999
NBR 14536Registros para recipientes transportáveis para 20 kg de GLP2000
NBR 13794Registro para recipientes transportáveis para 45 kg e 90 kg de GLP1997

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Commons possui uma categoriacontendo imagens e outros ficheiros sobre Botijão de gás

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Tipos de Botijões
Os recipientes da Liquigás passam por um rigoroso controle de segurança e são testados, aprovados e lacrados para receber a garantia de peso certo. Para atender às mais diferentes necessidades de consumo para uso doméstico, a Liquigás possui recipientes de 5kg, 8kg, 13 kg, 20 kg, 45 kg e 90 kg.
Veja abaixo tabela comparativa dos botijões. Para saber mais, clique no nome do recipiente desejado.



   
 

 
       
Nome
P5

Kg
5
8
13
20

45
90
Diâmetro (mm)
 272
300
360
310

376,5
556
Altura (mm)
 341
464
476
878

1299
1203,5
Aplicação
 Fogões domésticos
Fogões domésticos
Fogões domésticos
Empilhadeiras e balonismo.

Condomínios, indústrias, hospitais, bares, restaurantes, farmácias, balonismo entre outras.
Condomínios, indústrias, hospitais, bares, restaurantes, farmácias, balonismo entre outras.
Material
 Aço carbono de 2,5 a 3,0 mm de espessura
Aço carbono de 2,5 a 3,0 mm de espessura
Aço carbono de 2,5 a 3,0 mm de espessura
Aço carbono de 2,5 a 3,0 mm de espessura

Aço carbono de 2,5 a 3,0 mm de espessura
Aço carbono de 2,5 a 3,0 mm de espessura
Principal região Consumidora 
 Rio Grande do Sul, Mato Grosso de Sul, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pará, Maranhão, Piaui, Ceará, Bahia, Pernanbuco.
São Paulo, Mato Grosso, Rio de Janeiro, Piauí, Maranhão, Sergipe e Rondônia
Todas as regiões do Brasil
Todas as regiões do Brasil

Todas as regiões do Brasil
Todas as regiões do Brasil
Pressão interna
 2 a 7 Kg/cm²
2 a 7 Kg/cm²
 2 a 7 Kg/cm²
 2 a 7 Kg/cm²

 2 a 7 Kg/cm²
 2 a 7 Kg/cm²
Dispositivo de Segurança
Plugue fusível
 Plugue fusível
 Plugue fusível
 Válvula sobre pressão

 Válvula sobre pressão
 Válvula sobre pressão
Padrão da Válvula
 Norma ABNT NBR 8614
 Norma ABNT NBR 8614
 Norma ABNT NBR 8614
 Norma ABNT NBR 8614 (consumo)

 Norma ABNT NBR 8614 (consumo)
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