quinta-feira, 3 de setembro de 2015

DEMAGOJIA

Demagogia é um termo de origem grega que significa "arte ou poder de conduzir o povo". É uma forma de atuação política na qual existe um claro interesse em manipular ou agradar a massa popular, incluindo promessas que muito provavelmente não serão realizadas, visando apenas a conquista do poder político.
Um discurso demagógico é, por exemplo, proferido em uma campanha eleitoral com recurso a poderosas técnicas de oratória que irão sensibilizar e aliciar o eleitorado para dar o seu voto. Demagogo é a denominação daqueles que praticam demagogia.
Quando a expressão surgiu, ela não tinha nenhum sentido pejorativo, e os demagogos eram defensores da democracia, como Sólon e Demóstenes. No entanto, a expressão evoluiu na sua forma semântica depois da morte de Péricles, quando novos líderes surgiram e foram fortemente criticados pela sua forma de fazer política.
No sentido figurado, demagogia é uma prática daqueles que aparentam humildade ou honestidade com o intuito de obter favores pouco claros. Outra forma de demagogia é um indivíduo engrandecer a si próprio para atrair o reconhecimento ou admiração dos outros.

Demagogia Aristóteles

No livro "A Política", Aristóteles aponta a demagogia como a corrupção da democracia assim como a tirania correspondia à corrupção da monarquia. Mesmo um bom rei poderia se transformar em um tirano, se a bajulação dos seus servos o fizesse pensar só em si mesmo e não pensar no seu povo.

Os elogios excessivos dos cortesãos poderiam fazer com que o rei pensasse que só o seu bem-estar é importante. Desta forma, o rei era corrompido mas não só: era manipulado para o benefício dos servos bajuladores. De igual forma, nos dias de hoje a democracia é corrompida graças à demagogia quando alguns elementos da classe política (comparáveis aos cortesãos de antigamente) - que deveriam servir a soberania do povo - utilizam estratégias para enganá-lo, fazendo promessas que nunca serão cumpridas, tudo para o seu próprio benefício.Demagogia é uma palavra que vem do Grego, formada pela junção do radicaldemo que significa “povo” e gogia que tem como significado conduzir. Assim, originalmente demagogia pode ser compreendida como a arte ou poder de conduzir o povo. Contudo, infelizmente graças a forma de atuação de políticos ao longo da história a palavra demagogia foi perdendo o seu sentido original e hoje é sinônimo de enganar o povo.
Na Grécia Antiga, a demagogia era algo valorizado, debatido e estudado, estava ligada a democracia e a importante figuras históricas que a defendiam, como o orador e político Demóstenes e o jurista e legislador Sólon. Porém, a partir da morte do famoso político grego Péricles em 429 a.C, a demagogia passou a ser uma prática para enganar o povo, um conjunto de técnicas utilizadas por aqueles que buscam o poder pelo poder.
O filósofo grego Aristóteles, em seu livro A Política, analisa a situação do poder na Grécia depois da morte de Péricles e chega a clássica conclusão na história do pensamento político de que a demagogia é uma corrupção da democracia, forma de governo que teria como valor principal a liberdade, assim como a tirania é uma corrupção da monarquia e a oligarquia é uma corrupção da aristocracia.
Políticos fazem promessas, agem de forma simpática, demonstram gostar do povo, fazem discursos emocionais e veementes, mas não agem realmente em prol do povo, de acordo com o que prometeram e com o tipo de pessoa que aparentaram ser. Esse tipo de cultura política é o que chamamos hoje de demagogia.
Os demagogos, aqueles que adotam a demagogia como prática na vida política, usam técnicas de oratória, de psicologia, de marketing e propaganda para vender ideias de honestidade, sinceridade, comprometimento, determinação, renovação e etc. Entretanto, sua falsidade se revela depois das eleições, quanto o povo é esquecido, e só interesses particulares são levados em conta, as promessas não são cumpridas e a situação de quem mais precisa permanece sempre do mesmo jeito que está.
O termo que tem origem na política também ganhou acepções fora dela. Qualquer pessoa que tenha um discurso e comportamento que crie de si a imagem de um certo caráter mas que no fundo é uma pessoa diferente da ideia que tenta “vender”, é uma pessoa que pratica demagogia. Uma pessoa falsa, que costuma mentir para conseguir favores, atenção ou o quer que seja, uma pessoa assim é uma demagoga.Demagogia é um termo de origem grega que significa "arte ou poder de conduzir o povo". É uma forma de atuação política na qual existe um claro interesse em manipular ou agradar a massa popular, incluindo promessas que muito provavelmente não serão realizadas, visando apenas a conquista do poder político[1] ou outras vantagens correlacionadas.
É a estratégia de condução político-ideológica, valendo-se da utilização de argumentos apelativos, emocionais ou irracionais, em vez de argumentos racionais[2] para proveito próprio.
Em geral, a demagogia está relacionada à negativa da deliberação racional, fazendo uso de uma das falhas da democracia, qual seja, manipular a maioria pelo uso de aparentes argumentos de senso comumentremeados com disjunções falaciosas, prática esta que remonta já à Grécia antiga, muito embora sem conotação negativa a princípio.[3]

História[editar | editar código-fonte]

Origina-se do termo grego δημαγωγία (/ˈdeməˌgäjē, -ˌgōjē/), que, por sua vez, compõe-se de dēmos (povo, população) + agōgos (liderar, liderança), que, na Grécia e Roma antigas referiam-se ao orador que falava em nome da população menos afortunada.[4]
De fato, os demagogos gregos defendiam as classes mais pobres, em geral fazendo uso de violência e outros artifícios apelativos, sem restrições de ordem comum, alegando o benefício de suas próprias ações na defesa de direitos da maioria, justificando-se como tal uma oposição à aristocracia conjuntural.[5]
No livro "A Política", Aristóteles aponta a demagogia como a corrupção da democracia assim como a tirania correspondia à corrupção da monarquia[6] .
Posteriormente, na Idade Média e Renascentismo, o conceito vai adquirindo outras conotações, à medida que o Estado vai sendo consolidado, não raro fazendo uso dessas estratégias como forma de manipulação de massas. Maquiavel discute que o Estado é a única organização cuja ação mobiliza todos, visto que dispõe de todos os meios e bens materiais de gestão e coação. O Estado é um meio de cooptação e coerçãoque age sobre a sociedade e os indivíduos. Desta forma, instrumentalizar-se-ia o ato de manipulação de massas que serviriam a um propósito.[7]
O ateniense Cleon ficou conhecido como notório demagogo por causa de três eventos descritos por Aristófanes e Tucídides.[8] [9]
Primeiramente, após a fracassada revolta em Mitilene, Cleon persuadiu os atenienses para realizar o abate de todos os homens da cidade, não apenas dos prisioneiros, assim como a realizar a venda das esposas e filhos como escravos. No dia seguinte, porém, os atenienses revogaram esse ato. Em segundo lugar, depois de Atenas ter derrotado completamente a frota do Peloponeso, Esparta apenas poderia pedir a paz em quaisquer termos que fossem. Cleon, porém, persuadiu os atenienses a rejeitar a oferta de paz. Em terceiro, Cleon lançou provocações aos generais atenienses, chamando-os de covardes e alegando poder levar a efeito a guerra contra a Esfactéria mesmo sem conhecimento militar.[10] [11]
Alcibíades é outro exemplo de demagogo. Ele convenceu o povo de Atenas para tentar conquistar a Sicília durante a Guerra do Peloponeso, com resultados desastrosos. Liderou a assembléia ateniense, utilizando-se de artifícios que lhe permitiram tornar-se comandante.[12]
Nos tempos atuais, refere-se à demagogia de determinadas correntes políticas, [13] quase sempre como ofensiva de caráter pessoal. Porém, se bem seja possível caracterizar o populismo direitista ou até mesmo o esquerdismo como correntes de cunho demagógico, esta é uma prática que está afeita ao ato político atual, sendo, praticamente, inerente ao ato político ocidental.[14] [15] [16]
Alguns autores de ciências políticas chegam a citar novos conceitos, como demagogia digital, indo além do puro significado conotativo do termo. PONS refere também que é importante não confundir o conceito deretóricafalácia e demagogia.[17]

Visão aristotélica[editar | editar código-fonte]

Para Aristóteles, o que hoje denominamos demagogia, ele chamava democracia, pois tinha para si a profunda corrupção do governo popular no tempo que escreveu. E o que denominamos democracia, ele designava como politia. À monarquia denominava realeza e à tirania, chamava despotia.[18]
Ele aponta que a demagogia seria para a democracia o que a tirania seria para a monarquia, explicando como possível dismorfia do ato altruísta da política para uma posição centrada em interesses pessoais ou grupais de forma isolada e não em conjunto, fazendo uso da lisonja e da oratória torcida e falaciosa. Porém, mesmo neste contexto, não se aponta como necessariamente negativa ou enganosa.[19]
De fato, é comum na população em geral, discutir-se esse tipo de temática com o uso de conceitos de senso comum, mas, no contexto da obra de Aristóteles, que inspirou toda a produção posterior, a política seria "intimamente unida à moral, sendo fim último do Estado a virtude, isto é, a formação moral dos cidadãos e o conjunto dos meios necessários para isso". O Estado seria, portanto, "um organismo moral, condição e complemento da atividade moral individual e fundamento primeiro da suprema atividade contemplativa". A Política, contudo, seria "distinta da Moral, porquanto esta teria como objetivo o indivíduo, aquela acoletividade. A ética é a doutrina de moral individual, a política é a doutrina da moral social. Desta ciência trata Aristóteles precisamente na Política. O estado, então, é superior ao indivíduo, porquanto a coletividade é superior ao indivíduo, o bem comum superior ao bem particular. Unicamente no estado efetua-se a satisfação de todas as necessidades, pois o homem, sendo naturalmente animal social, político, não pode realizar a sua perfeição sem a sociedade do estado."
Quanto à forma exterior do estado, Aristóteles distingue três principais:
  • monarquia, que é o governo de um só, cujo caráter e valor estão na unidade, e cuja degeneração é a tirania;
  • aristocracia, que é o governo de poucos, cujo caráter e valor estão na qualidade, e cuja degeneração é a oligarquia;
  • democracia, que é o governo de muitos, cujo caráter e valor estão na liberdade, e cuja degeneração é a demagogia.
As preferências de Aristóteles vão para uma forma de república democrático-intelectual, a forma de governo clássica da Grécia, particularmente de Atenas.[20]

Referências

  1. Ir para cima Significado de Demagogia, Significados.com.br
  2. Ir para cima Oxford Dictionaires. Demagogue. Visitado em 22 de janeiro de 2014.
  3. Ir para cima OSTWALD, Martin.. From Popular Sovereignty to the Sovereignty of Law.. San Francisco: University of California Press, 1986. p. 201. ISBN 0520067983
  4. Ir para cima Oxford Dictionaires. Demagogue. Visitado em 22 de janeiro de 2014.
  5. Ir para cima SIGNER, M.. "Defining the Demagogue". Demagogue: The Fight to Save Democracy from Its Worst Enemies.. [S.l.]: Macmillan, 2009. p. 32-38. ISBN 0230606245
  6. Ir para cima Significado de Demagogia, Significados.com.br
  7. Ir para cima MAQUIAVEL, N.. "O Príncipe": Com comentários de Napoleão Bonaparte. 7ª ed. [S.l.]: Elsevier Editora Ltd., 2003. p. 33-92. ISBN 8535213023
  8. Ir para cima GRANT, M.. Ancient Historians. [S.l.]: Barnes & Noble Publishing, 1994. 110-111 p. p. 98. ISBN 1-56619-599-3
  9. Ir para cima ARISTOPHANES. The knights. [S.l.]: Sparklesoup LLC, 1902. p. 5-6. ISBN 1597486973
  10. Ir para cima GRANT, M.. Ancient Historians. [S.l.]: Barnes & Noble Publishing, 1994. 110-111 p. p. 98. ISBN 1-56619-599-3
  11. Ir para cima ARISTOPHANES. The knights. [S.l.]: Sparklesoup LLC, 1902. p. 5-6. ISBN 1597486973
  12. Ir para cima VERDEGEM. Plutarch's Life of Alcibiades: Story, Text and Moralism. Plutarchea Hypomnemata Series.. [S.l.]: Leuven University Press, 2010. 220-290 p. ISBN 9058677605
  13. Ir para cima Michael Grant, Ancient Historians, p. 98, pp. 110–111. Barnes & Noble Publishing (1994). ISBN 1-56619-599-3
  14. Ir para cima BARRET. Plutarch's Life of Alcibiades: Story, Text and Moralism. Plutarchea Hypomnemata Series.. [S.l.]: SUNY Press, 1991. 107-108 p. ISBN 0791404838
  15. Ir para cima FARHAT. Dicionário Parlamentar e Político:O processo político e legislativo no Brasil.. [S.l.]: Fundação Petrópolis - Companhia Melhoramentos, 1996. p. 238. ISBN 8506022959
  16. Ir para cima BORON et al. Teoria e Filosofia Política: A Recuperação dos Clássicos no Debate Latino-Americano. [S.l.]: EdUSP, 2004. 150-178 p. ISBN 853140813X
  17. Ir para cima PONS, M.. Teoria Politica - Nuova Serie - Annali III Bovero Ed.. Visitado em 23 de janeiro de 2014.
  18. Ir para cima AZAMBUJA. Introdução à Ciência Política. [S.l.]: Globo Livros, 1973. p. 234. ISBN 8525045748
  19. Ir para cima ARISTÓTELES. "A Política". [S.l.]: Hemus, 2008. p. 12-72. ISBN 8528905659
  20. Ir para cima PUC. Aristóteles - Política Tese de Pós-Graduação/Não publicada. Visitado em 22 de janeiro de 2014.

Ver também[editar | editar código-fonte]

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