Em cálculo vetorial, o operador divergência[nota 1] é um operador que mede a magnitude de "fonte" ou "poço/sorvedouro" de um campo vetorial em um dado ponto, isto é, ele pode ser entendido como um escalar que mede a dispersão ou divergência dos vetores do campo num determinado ponto.
Por exemplo, considere o volume de ar de uma sala sendo aquecido ou resfriado. O campo vetorial, neste caso, é a velocidade do ar se movendo. Se o ar é aquecido em uma determinada região, ele irá se expandir em todas as direções, então a divergência do campo de velocidade nesta região será positivo pois, se observarmos um pequeno volume nessa região, teremos mais ar saindo do que entrando nesse volume; uma outra maneira de expressar esta condição é dizendo que neste caso temos "fontes" no sistema/ponto. Se o ar resfria e se contrai, o divergência é negativo pois há, na região, uma convergência de ar: teremos mais ar entrando do que saindo neste pequeno volume. Podemos também expressar este caso dizendo que temos "sumidouros".
Outro caso que pode ocorrer é o divergente ser zero. Neste caso dizemos que o sistema está em regime estacionário; ou seja, a energia não varia com o tempo. Não há ,portanto, acúmulo nem sumidouro de energia. No contexto da Mecânica dos fluidos, temos a incompressíbilidade de fluídos ( neste caso os líquidos especificadamente) uma vez que a densidade de líquidos é praticamente uma constante em regime estacionário. [2]
Os exemplos acima explicados utilizaram-se conceitos de transporte de massa, mas o divergente está associado a variações de outras grandezas como o calor na Lei de Fourier e o transporte de carga na Lei de Ohm.
Índice
[esconder]Definição[editar | editar código-fonte]
O operador divergência é definido como a variação do fluxo líquido do campo vetorial através de uma superfície de um volume em uma região.
Onde V é o volume de uma região arbitrária em R3 que inclui um ponto P, S(V) é a superfície da região, a integral é a integral de superfície e n o vetor normal a área.
O resultado é uma função : da localização do ponto P. Esta função pode ser vista como um campo escalar e em cada ponto tem-se o valor da divergência.
[2] A divergência de um campo vetorial, indica a existência de fontes ou sumidouros associados a esse campo. Se a divergência em um ponto é nula, o fluxo total que entra é o mesmo que sai em um volume arbitrariamente pequeno circundando o ponto considerado, indicando assim uma certa conservação das linhas de campo naquele ponto. Se a divergência é positiva, existe um fluxo liquido para o exterior do volume diferencial ao redor do ponto considerado, indicando a presença de uma fonte capaz de produzir essas linhas de campo. Finalmente, quando a divergência é negativa, existe um fluxo líquido convergindo para o interior do volume diferencial, indicativo da existência de um sumidouro de linhas de campo no ponto sob consideração.
Aplicação ao sistema de coordenadas[editar | editar código-fonte]
Seja x, y, z um sistema de coordenadas cartesianas em um espaço euclidiano tridimensional, e seja i, j, k as bases dos vetores unitários.
A divergência de um campo vetorial continuamente diferenciável F = Fx i + Fy j + Fz k é definido como o:
Embora expresso em termos de coordenadas, o resultado é invariante sob transformações ortogonais.
Notamos, portanto que o divergente de um campo vetorial é um campo escalar.
A notação comum para a divergência ∇·F é um conveniente mnemônico, onde o ponto denota o produto interno (não se trata do gradiente em si).
Generalizações[editar | editar código-fonte]
A divergência de um vetor pode ser definido como um número qualquer de dimensões. Se
então
A noção de divergência pode ser estendida ainda para um sistema de coordenadas curvilíneas ortogonal, de dimensão 3, como [3]
onde
- é a i-ésima coordenada
- é o fator de escala associada i-ésima coordenada
Propriedades:[editar | editar código-fonte]
- Sendo F e G vetores e a e b números reais valem as propriedades abaixo:
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Notas
- ↑ Também referenciado como operador divergente, ou simplesmente divergente em diversos livros-textos. Apesar disso, o uso dessas expressões não é recomendada.[1]
Referências
- ↑ LEMOS, Nivaldo. A Intrigante Epidemia do “Divergente”, Revista Brasileira de Ensino de Física. São Paulo: Sociedade Brasileira de Física. vol. 25 nº.4, 2003.
- ↑ Calculo um novo horizonte - Howard Anton
- ↑ Martins, E. R. e Capelas de Oliveira, E. (2006). Equações diferenciais, método de separação de variáveis e os sistemas de Stäckel. [S.l.]: Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica Parâmetro desconhecido
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