quarta-feira, 30 de agosto de 2017
FINACIAMENTO DA EDUCAÇAO ( 6 )
Unidade III – Gestão financeira
descentralizada: planejamento, aplicação
e acompanhamento de recursos
O objetivo desta unidade é analisar, juntamente com os diferentes segmentos
que compõem a unidade escolar e a comunidade local, especialmente com
os membros do Conselho Escolar, sobre a importância do planejamento e da
gestão financeira, democrática e transparente dos recursos que chegam à unidade
escolar. Nesse sentido, serão tratadas questões referentes ao planejamento
participativo e prestação de contas, o PDDE, outros programas e projetos e
fontes alternativas de financiamento da escola.
3.1 Recursos financeiros da escola e o Conselho Escolar:
planejamento participativo e estabelecimento de prioridades
A escola é instituição social criada pelos homens tendo como objetivo a formação
humana, a socialização dos saberes construídos historicamente, como
também a construção de novos saberes. Para atingir os objetivos para os quais
foi criada, a escola precisa, por meio dos atores nela envolvidos, planejar suas
ações e estabelecer prioridades para que possa desenvolver as ações planejadas
e cumprir a finalidade para qual foi criada.
A educação, se entendida como a apropriação da cultura, historicamente
produzida pelo homem, e a escola, enquanto locus privilegiado de produção
sistematizada do saber, precisam ser organizadas no sentido de que suas ações,
que devem ser eminentemente educativas, atinjam os objetivos da instituição
de formar sujeitos concretos, ou seja, sujeitos que tenham condições de participar
crítica e criativamente da sociedade em que estão inseridos. Assim, a
escola, enquanto instituição dotada de especificidades que tem como principal
objetivo a formação de sujeitos, deve ter a sua gestão pautada nessa especifi-
cidade, não devendo perder de vista que a sua administração é dotada de um
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Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil
Para atingir os objetivos para os quais
foi criada, a escola precisa, por meio
dos atores nela envolvidos, planejar
suas ações e estabelecer prioridades.
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Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil
caráter eminentemente político-pedagógico.
Se o princípio básico da administração ou gestão é a coerência entre
meios e fins, a forma de gestão da instituição escolar não deve divergir das
finalidades estabelecidas. Isso significa que se a escola é o espaço privilegiado
de formação humana e socialização do saber sistematizado e que a
construção desse saber pressupõe a participação de todos os sujeitos envolvidos
no processo educativo, como condição básica para que a formação
se concretize, a gestão dessa instituição precisa ser transparente, contando
com a participação de todos.
Para que esse processo seja consolidado, é fundamental que sejam criados
mecanismos de participação tornando a gestão mais democrática, que
as prioridades sejam estabelecidas pelo conjunto daqueles que participam
direta e indiretamente da comunidade local e escolar e que as ações sejam
planejadas coletivamente. Isso quer dizer que o coletivo da escola deve
participar da definição das prioridades, dos objetivos e de como eles serão
atingidos, quais os recursos disponíveis para se alcançar esses objetivos,
como e onde as verbas recebidas pela escola serão aplicadas e o que pode
ser feito para alocação de novas verbas. Nessa perspectiva, o planejamento
“é o processo mediante o qual procura-se definir claramente o que fazer e
como fazer, visando à utilização racional dos recursos disponíveis para que,
com eficiência, eficácia, efetividade e humanização, os objetivos pretendidos
possam ser atingidos” (Pólo, 2000, p. 444).
Para que esse processo se efetive, é necessário que o estabelecimento das
prioridades e o planejamento das ações contem com a participação do público
interessado nos seus resultados. No caso da escola, esse público é formado por
professores e demais servidores administrativos, equipe gestora, estudantes,
pais e comunidade em geral. O planejamento participativo visa não só democratizar
as decisões, mas, fundamentalmente, estabelecer o que é prioritário para
os atores envolvidos e constitui-se um ato de cidadania, na medida em que
esse processo possibilita a definição da concepção de homem, de educação e
de mundo com os quais a escola deve trabalhar.
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Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil
Uma das possibilidades de implementação
do planejamento participativo
na escola é a existência do Conselho
Escolar e seu funcionamento efetivo, tendo
em vista que este deve ser um órgão colegiado
e como tal deve contar com a participação
de representantes de todos os segmentos da
comunidade local e escolar, possibilitando,
assim, uma melhor aplicação dos recursos fi-
nanceiros da escola, como também uma gestão
mais transparente e democrática.
Após destacarmos a importância do planejamento
participativo, envolvendo os diferentes
segmentos da comunidade local e escolar
Como implementar
o planejamento
participativo na escola e
melhorar a aplicação de
recursos financeiros?
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Conselho Escolar e o financiamento da educação no Brasil
que têm representação no Conselho Escolar, vamos apresentar, a seguir, alguns
programas federais que direcionam recursos para a escola. Esses programas
devem ser gerenciados com ampla participação da comunidade, envolvendo
a equipe gestora da escola, o Conselho Escolar, o grêmio estudantil e outros.
Destacamos, especialmente, a importância do Conselho Escolar na otimização
desses programas nas unidades escolares.
3.1.1 Programas federais e recursos para a escola
Um conjunto de programas, projetos e ações desenvolvidos, pelo Ministério
da Educação, por meio das suas secretarias e do Fundo Nacional de Desenvolvimento
da Educação – FNDE visam não só apoiar a oferta da educação, direito
de todos e dever do Estado, mas também a melhoria da qualidade educacional,
em regime de colaboração com as redes de ensino em âmbito estadual e
municipal. Esses projetos abrangem diversas áreas e aspectos que contribuem
direta e indiretamente para a formação dos alunos e dos professores em todos os
níveis e modalidades e devem ser gerenciados direta ou indiretamente pela
secretaria de educação ou pela escola a partir de normas e procedimentos a
serem seguidos.
Programa Nacional de Transporte Escolar
Considerando que o Brasil é um país de dimensões continentais, que apresenta
disparidades em todos os aspectos, é fácil depreender que no campo
educacional isso não seria diferente. Sabemos que as nossas escolas, sobretudo
nas séries finais do ensino fundamental e no ensino médio apresentam carências.
Sabemos, ainda, que muitos municípios sofrem com a falta de escolas
em algumas localidades, o que obriga os alunos residentes nessas áreas a se
deslocarem para escolas no meio urbano. Para contribuir com os municípios
na locomoção desses alunos, existem, no Brasil, dois programas voltados para
o transporte dos estudantes, quais sejam, o Programa Nacional de Transporte
Escolar (PNTE) e o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar
(Pnate).
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O Programa Nacional de Transporte Escolar (PNTE) contribui financeiramente
com os municípios e organizações não-governamentais para
a aquisição de veículos automotores destinados ao transporte diário dos
alunos da rede pública de ensino fundamental residentes na área rural e
das escolas de ensino fundamental que atendam a alunos com necessidades
educacionais especiais.
Já o Programa Nacional de Apoio ao Transporte do Escolar (Pnate), criado
em junho de 2004, tem como objetivo garantir o acesso e a permanência nos
estabelecimentos escolares dos alunos do ensino fundamental público residentes
em área rural que utilizem transporte escolar.
O programa consiste na oferta de assistência financeira da União, em caráter
suplementar, aos estados, Distrito Federal e municípios, com a transferência
automática de recursos financeiros, sem necessidade de convênio ou outro
instrumento congênere, para custear despesas com a manutenção de veículos
escolares pertencentes às esferas municipal ou estadual e para a contratação
de serviços terceirizados de transporte, tendo como base o quantitativo de
alunos transportados e informados no Censo Escolar realizado pelo Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC)
relativo ao ano anterior ao do atendimento.
Programa Nacional de Saúde do Escolar – PNSE
O PNSE foi criado em 1984 e, na sua atual concepção, concede aos municípios
apoio financeiro, em caráter suplementar, para a realização de consultas
o�almológicas, aquisição e distribuição de óculos para os alunos com
problemas visuais matriculados na 1ª série do ensino fundamental público das
redes municipais e estaduais.
Seu objetivo é a identificação e a correção precoce de problemas visuais que
possam comprometer o processo de aprendizagem, visando à diminuição dos
índices de repetência e evasão escolar. Segundo dados da Organização Mundial
de Saúde, 10% dos alunos da 1ª série do ensino fundamental público apresentam
deficiências visuais, necessitando de medidas corretivas. O programa
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